Equipa norte-coreana na Suécia para discutir com EUA

[dropcap]U[/dropcap]ma equipa de negociadores da Coreia do Norte está a caminho da Suécia para retomar as negociações com os Estados Unidos sobre a questão nuclear, segundo a agência sul-coreana Yohnap.

Depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado para breve uma nova cimeira com o seu homólogo norte-coreano, Kim Jong-un, os governos dos dois países concordaram em retomar negociações esta sexta-feira e sábado, para discutir a desnuclearização da península coreana.

O principal negociador por parte da Coreia do Norte, Kim Myong Gil, partiu ontem em direção a Estocolmo, na Suécia, acompanhado de mais três funcionários do Governo, para se encontrar com a delegação norte-americana, segundo a agência Yonhap.

“Como os Estados Unidos deram um novo sinal, vou com grandes e optimistas expectativas sobre a reunião e sobre os resultados”, afirmou Kim Myong Gil, referindo que o objectivo final é desbloquear o impasse negocial.

Em gelo

As negociações entre Washington e Pyongyang ficaram congeladas desde a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un, em Fevereiro passado, apesar de os dois líderes terem feito um esforço para avançar no processo, num novo encontro em Junho, na fronteira entre as duas coreias.

Pyongyang tem pedido a Washington um alívio das sanções impostas por retaliação a testes com armas nucleares por parte do Governo norte-coreano, mas Donald Trump já disse que qualquer alteração de posição deverá ser antecedida por medidas de desarmamento nuclear.

Nos últimos dias, a diplomacia norte-coreana tem elogiado a postura de Donald Trump, considerando-a “corajosa” e “sábia” e tem insistido na necessidade de os Estados Unidos aliviarem as sanções económicas, para que haja avanços nas negociações.

4 Out 2019

UE | Diálogo é o “único caminho” para solucionar crise em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] União Europeia (UE) manifestou quarta-feira profunda preocupação pela escalada de violência e a contínua turbulência em Hong Kong, e considerou que o diálogo é o “único caminho” para solucionar a crise.

“A escalada da violência e a contínua turbulência em Hong Kong, incluindo o uso de munições reais, que provocaram ferimentos críticos em pelo menos uma pessoa, são muito perturbantes”, refere uma declaração do gabinete de Federica Mogherini, a Alta Representante para a Política Externa e de Segurança da UE.

“A União Europeia mantém a sua posição de que a contenção, a redução da escalada e o diálogo constituem o único caminho. Actualmente, são cada vez mais necessários que nunca, e garantem a única base para uma solução duradoura”.

O comunicado sublinha que as liberdades fundamentais, incluindo o direito de reunião dos cidadãos de Hong Kong, devem ser mantidas, e assegurada a possibilidade de promoveram manifestações pacíficas.

“Estes direitos devem ser exercidos pacificamente. Qualquer violência é inaceitável, e qualquer acção das autoridades responsáveis pela segurança deve manter-se de forma estritamente proporcional”, prossegue o texto.

“Existe uma óbvia necessidade de recuperar a confiança entre o Governo e a população. O processo de diálogo iniciado recentemente pelas autoridades é um primeiro passo nesse sentido e é bem-vindo”.

A declaração recorda ainda as “estreitas relações [da UE] com Hong Kong baseadas no princípio ‘um país, dois sistemas’”, um “forte contributo” para uma contínua estabilidade e prosperidade.

4 Out 2019

UE | Diálogo é o “único caminho” para solucionar crise em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] União Europeia (UE) manifestou quarta-feira profunda preocupação pela escalada de violência e a contínua turbulência em Hong Kong, e considerou que o diálogo é o “único caminho” para solucionar a crise.
“A escalada da violência e a contínua turbulência em Hong Kong, incluindo o uso de munições reais, que provocaram ferimentos críticos em pelo menos uma pessoa, são muito perturbantes”, refere uma declaração do gabinete de Federica Mogherini, a Alta Representante para a Política Externa e de Segurança da UE.
“A União Europeia mantém a sua posição de que a contenção, a redução da escalada e o diálogo constituem o único caminho. Actualmente, são cada vez mais necessários que nunca, e garantem a única base para uma solução duradoura”.
O comunicado sublinha que as liberdades fundamentais, incluindo o direito de reunião dos cidadãos de Hong Kong, devem ser mantidas, e assegurada a possibilidade de promoveram manifestações pacíficas.
“Estes direitos devem ser exercidos pacificamente. Qualquer violência é inaceitável, e qualquer acção das autoridades responsáveis pela segurança deve manter-se de forma estritamente proporcional”, prossegue o texto.
“Existe uma óbvia necessidade de recuperar a confiança entre o Governo e a população. O processo de diálogo iniciado recentemente pelas autoridades é um primeiro passo nesse sentido e é bem-vindo”.
A declaração recorda ainda as “estreitas relações [da UE] com Hong Kong baseadas no princípio ‘um país, dois sistemas’”, um “forte contributo” para uma contínua estabilidade e prosperidade.

4 Out 2019

Hong Kong | Governo vai proibir uso de máscaras nos protestos

As autoridades invocam uma situação de emergência para recorrem a uma lei que data da época colonial. A organização que lidera os protestos já reagiu e manifestou a sua indignação dizendo tratar-se de uma clara violação das liberdades individuais

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong vai avançar para a proibição do uso de máscaras, uma notícia que está a ser avançada pelos ‘media’ locais e que já motivou uma reação de indignação por parte do movimento que tem liderado os protestos.

Num comunicado enviado à agência Lusa, a Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH) adverte que a intenção de proibir o uso de máscaras em manifestações representa a “abertura de um precedente” perigoso e uma violação das liberdades individuais.

O jornal South China Morning Post noticiou ontem que o Governo de Carrie Lam deverá anunciar esta sexta-feira a proibição de máscaras em protestos, através da aplicação de uma lei de emergência que remonta à época colonial.

Num comunicado enviado à Lusa, a FCDH, que lidera há quatro meses os maiores protestos na região, disse temer a “abertura de um precedente” que desafia o princípio de autonomia no território administrado pela China.

Para a FCDH, a proibição do uso de máscaras “viola a segurança pessoal e a liberdade de expressão” por parte das pessoas que as têm usado para se protegerem nos protestos.

Na opinião dos activistas, que continuam a exigir a resposta a quatro das cinco reivindicações, o objectivo do Governo passa por “dissuadir os manifestantes da linha da frente”.

“A arrogância do Governo terá definitivamente um pesado preço político”, advertem.
Na mesma nota, os activistas recorrem a episódios recentes do “abuso repetido das forças policiais” para sustentar a ideia de que é a polícia a única que deve ser “desmascarada”.

Violência à solta

Terça-feira, o dia em que se assinalaram os 70 anos da fundação da República Popular da China, foi um dos dias mais violentos desde o início das manifestações, há quase quatro meses, durante as quais a polícia tem sido acusada de usar excessiva força contra os manifestantes.

Nesse dia, um estudante de 18 anos foi alvejado com balas reais. Dois dias antes, uma jornalista indonésia foi alvejada com uma bala de borracha no olho.

Para acalmar a tempestade em Hong Kong, a organização apela ao Governo para que ouça a opinião pública e responda às exigências dos manifestantes.

4 Out 2019

Hong Kong | Governo vai proibir uso de máscaras nos protestos

As autoridades invocam uma situação de emergência para recorrem a uma lei que data da época colonial. A organização que lidera os protestos já reagiu e manifestou a sua indignação dizendo tratar-se de uma clara violação das liberdades individuais

 
[dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong vai avançar para a proibição do uso de máscaras, uma notícia que está a ser avançada pelos ‘media’ locais e que já motivou uma reação de indignação por parte do movimento que tem liderado os protestos.
Num comunicado enviado à agência Lusa, a Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH) adverte que a intenção de proibir o uso de máscaras em manifestações representa a “abertura de um precedente” perigoso e uma violação das liberdades individuais.
O jornal South China Morning Post noticiou ontem que o Governo de Carrie Lam deverá anunciar esta sexta-feira a proibição de máscaras em protestos, através da aplicação de uma lei de emergência que remonta à época colonial.
Num comunicado enviado à Lusa, a FCDH, que lidera há quatro meses os maiores protestos na região, disse temer a “abertura de um precedente” que desafia o princípio de autonomia no território administrado pela China.
Para a FCDH, a proibição do uso de máscaras “viola a segurança pessoal e a liberdade de expressão” por parte das pessoas que as têm usado para se protegerem nos protestos.
Na opinião dos activistas, que continuam a exigir a resposta a quatro das cinco reivindicações, o objectivo do Governo passa por “dissuadir os manifestantes da linha da frente”.
“A arrogância do Governo terá definitivamente um pesado preço político”, advertem.
Na mesma nota, os activistas recorrem a episódios recentes do “abuso repetido das forças policiais” para sustentar a ideia de que é a polícia a única que deve ser “desmascarada”.

Violência à solta

Terça-feira, o dia em que se assinalaram os 70 anos da fundação da República Popular da China, foi um dos dias mais violentos desde o início das manifestações, há quase quatro meses, durante as quais a polícia tem sido acusada de usar excessiva força contra os manifestantes.
Nesse dia, um estudante de 18 anos foi alvejado com balas reais. Dois dias antes, uma jornalista indonésia foi alvejada com uma bala de borracha no olho.
Para acalmar a tempestade em Hong Kong, a organização apela ao Governo para que ouça a opinião pública e responda às exigências dos manifestantes.

4 Out 2019

Jovem alvejado nos protestos de Hong Kong vai ser acusado criminalmente

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong informou hoje que serão apresentadas acusações criminais contra o estudante de 18 anos que foi alvejado pelas forças de segurança na tarde de terça-feira, durante os protestos pró-democracia.

1 de Outubro, o dia em que se assinalaram os 70 anos da fundação da República Popular da China, foi um dos dias mais violento das manifestações que duram há quase quatro meses, durante as quais a polícia tem sido acusada de usar excessiva força contra os manifestantes.

O polícia disparou quando o adolescente, Tsang Chi-kin, o atingiu com objecto de metal. O Governo indicou que, após cirurgia, Tsang encontra-se num estado considerado estável. Em comunicado, as forças de segurança disseram que o jovem será acusado de duas acusações de agressão a agentes da autoridade.

Hoje um grupo de cidadãos de Hong Kong promoveu uma conferência de imprensa na qual anunciou o envio de uma carta subscrita por 4.500 pessoas, à chefe do Governo na qual se exige uma investigação “ao abuso de direitos humanos básicos das crianças” durante os protestos pró-democracia.

Caso Carrie Lam não responda à missiva, datada de sábado e subscrita por mais de 4.500 cidadãos em apenas cinco dias, os autores da carta ameaçam recorrer ao Comité dos Direitos da Crianças da ONU, pode ler-se no documento ao qual a Lusa teve hoje acesso.

“Condenamos veementemente o abuso de poder por parte do governo e da polícia. Estamos profundamente preocupados com a situação e a segurança das crianças detidas”, acrescentaram.

Dos quase 1.800 detidos desde Junho, mais de meio milhar são estudantes, precisaram, lembrando que a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança define a criança como qualquer ser humano com menos de 18 anos.

Meio milhar de estudantes manifestou-se na quarta-feira para condenar a violência da polícia e o uso de munição real contra os manifestantes. Na origem da contestação, que se vive no território desde o início de Junho, está uma polémica proposta de emendas à lei da extradição, já retirada formalmente pelo Governo de Hong Kong.

3 Out 2019

70 anos | Xi Jinping destaca “alicerces fortes” em demonstração de capacidade militar

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, destacou terça-feira a unidade, desenvolvimento e força da China, no 70.º aniversário da República Popular, que culminou numa parada militar destinada a mostrar a ascensão do país como potência mundial.

“Não há força que possa abalar os alicerces desta grande nação”, afirmou Xi Jinping, no topo da Praça Tiananmen, onde há precisamente setenta anos Mao Zedong proclamou a fundação da República Popular da China.

Perante milhares de chineses, seleccionados a partir de empresas estatais, universidades ou órgãos governamentais, e que aplaudiram enquanto agitavam bandeiras do país, Xi declarou: “Hoje, uma China socialista ergue-se de frente para o mundo”.

O discurso do também secretário-geral do Partido Comunista seguiu a narrativa oficial do regime, que se autoproclama responsável por erguer a China do “século de humilhação”, durante a dinastia Qing, face à invasão por potências coloniais como o Reino Unido e o Japão.
Xi seguiu depois numa limusine com capota aberta, passando revista às tropas e a dezenas de mísseis, veículos blindados e outros equipamentos militares.

Soldados envergando capacete e equipamento de combate gritavam em uníssono “Viva, líder” e “Servir o povo”. Xi respondia com a saudação “Olá, camaradas”.

Poder de fogo

O exército da China, o maior do mundo, com dois milhões de homens e mulheres nas suas unidades de combate, está a desenvolver aviões de combate, o primeiro porta-aviões construído na China e uma nova geração de submarinos movidos a energia nuclear.

Uma das armas mais observadas terça-feira por analistas foi o Dongfeng-17, o primeiro míssil capaz de transportar um veículo hipersónico, que pode ser equipado com armas convencionais ou nucleares, sendo capaz de ultrapassar sistemas antimísseis.

O míssil balístico intercontinental Dongfeng-41 tem um alcance de até 15.000 quilómetros, segundo analistas, o que o torna o míssil com maior alcance no mundo. Analistas dizem que é capaz de carregar até 10 ogivas e atingir alvos separados.

A ênfase de Pequim em desenvolver mísseis e outras armas de longo alcance reflectem o seu desejo de destronar os Estados Unidos como força dominante na Ásia Oriental, e pressionar Taiwan no sentido da reunificação.

A China tem o segundo maior orçamento militar do mundo, estimado em 250 mil milhões de dólares, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo.

Os Estados Unidos, com um exército de 1,3 milhões de pessoas, têm o maior orçamento militar do mundo – 650 mil milhões de dólares.

Outras conquistas

A parada militar incluiu ainda exibições e carros alegóricos que destacaram a enorme transformação da China, desde uma nação pobre e devastada pela ocupação japonesa e subsequente guerra civil, até se converter na segunda maior economia do mundo.

Desastres ocorridos durante a governação de Mao Zedong, como a campanha de colectivização dos meios de produção e industrialização o “Grande Salto em Frente”, que causou cerca de trinta milhões de mortes, ou a Revolução Cultural, que mergulhou o país no caos e isolamento, foram omitidos.

Para o final ficaram as referências à “nova era”, anunciada por Xi, e que visa o “grande rejuvenescimento da nação chinesa”, um termo com significado económico e territorial.

Segundo os objectivos traçados por Xi, em meados deste século, a China será um país “totalmente desenvolvido”, superando os EUA como a principal economia do mundo.

Territorialmente, terá completado o processo de reunificação com Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo Governo nacionalista e que actua como uma entidade política soberana, apesar das ameaças de Pequim.

3 Out 2019

70 anos | Xi Jinping destaca “alicerces fortes” em demonstração de capacidade militar

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, destacou terça-feira a unidade, desenvolvimento e força da China, no 70.º aniversário da República Popular, que culminou numa parada militar destinada a mostrar a ascensão do país como potência mundial.
“Não há força que possa abalar os alicerces desta grande nação”, afirmou Xi Jinping, no topo da Praça Tiananmen, onde há precisamente setenta anos Mao Zedong proclamou a fundação da República Popular da China.
Perante milhares de chineses, seleccionados a partir de empresas estatais, universidades ou órgãos governamentais, e que aplaudiram enquanto agitavam bandeiras do país, Xi declarou: “Hoje, uma China socialista ergue-se de frente para o mundo”.
O discurso do também secretário-geral do Partido Comunista seguiu a narrativa oficial do regime, que se autoproclama responsável por erguer a China do “século de humilhação”, durante a dinastia Qing, face à invasão por potências coloniais como o Reino Unido e o Japão.
Xi seguiu depois numa limusine com capota aberta, passando revista às tropas e a dezenas de mísseis, veículos blindados e outros equipamentos militares.
Soldados envergando capacete e equipamento de combate gritavam em uníssono “Viva, líder” e “Servir o povo”. Xi respondia com a saudação “Olá, camaradas”.

Poder de fogo

O exército da China, o maior do mundo, com dois milhões de homens e mulheres nas suas unidades de combate, está a desenvolver aviões de combate, o primeiro porta-aviões construído na China e uma nova geração de submarinos movidos a energia nuclear.
Uma das armas mais observadas terça-feira por analistas foi o Dongfeng-17, o primeiro míssil capaz de transportar um veículo hipersónico, que pode ser equipado com armas convencionais ou nucleares, sendo capaz de ultrapassar sistemas antimísseis.
O míssil balístico intercontinental Dongfeng-41 tem um alcance de até 15.000 quilómetros, segundo analistas, o que o torna o míssil com maior alcance no mundo. Analistas dizem que é capaz de carregar até 10 ogivas e atingir alvos separados.
A ênfase de Pequim em desenvolver mísseis e outras armas de longo alcance reflectem o seu desejo de destronar os Estados Unidos como força dominante na Ásia Oriental, e pressionar Taiwan no sentido da reunificação.
A China tem o segundo maior orçamento militar do mundo, estimado em 250 mil milhões de dólares, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo.
Os Estados Unidos, com um exército de 1,3 milhões de pessoas, têm o maior orçamento militar do mundo – 650 mil milhões de dólares.

Outras conquistas

A parada militar incluiu ainda exibições e carros alegóricos que destacaram a enorme transformação da China, desde uma nação pobre e devastada pela ocupação japonesa e subsequente guerra civil, até se converter na segunda maior economia do mundo.
Desastres ocorridos durante a governação de Mao Zedong, como a campanha de colectivização dos meios de produção e industrialização o “Grande Salto em Frente”, que causou cerca de trinta milhões de mortes, ou a Revolução Cultural, que mergulhou o país no caos e isolamento, foram omitidos.
Para o final ficaram as referências à “nova era”, anunciada por Xi, e que visa o “grande rejuvenescimento da nação chinesa”, um termo com significado económico e territorial.
Segundo os objectivos traçados por Xi, em meados deste século, a China será um país “totalmente desenvolvido”, superando os EUA como a principal economia do mundo.
Territorialmente, terá completado o processo de reunificação com Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo Governo nacionalista e que actua como uma entidade política soberana, apesar das ameaças de Pequim.

3 Out 2019

Hong Kong | Denise Ho triste com a proibição de vigília no Leal Senado

A activista e cantora Denise Ho ficou triste por as autoridades de Macau terem travado a manifestação contra a violência policial em Hong Kong. Em entrevista à Lusa, a pró-democrata confessa que todos os dias enfrenta o pesadelo de ser presa devido à posição política que assumiu

 

[dropcap]A[/dropcap] activista pró-democracia Denise Ho disse, em entrevista à agência Lusa, que “é muito triste” que as autoridades de Macau tenham travado uma manifestação sobre os protestos em Hong Kong. “Sei que algumas pessoas em Macau quiseram fazer uma manifestação ou uma marcha, mas foram travadas”, o que “é muito triste”, afirmou a cantora que, nos últimos três meses, discursou na ONU e no Congresso norte-americano, em defesa do movimento pró-democracia.

Em entrevista à Lusa, na véspera da celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China que se assinalaram terça-feira, defendeu que “as pessoas têm de acreditar no poder da solidariedade” e que “muitas coisas podem ser feitas de uma forma relativamente segura”.

Contudo, ressalvou, “isso exige que as pessoas usem a sua criatividade e imaginação como a população de Hong Kong mostrou ao mundo”, para insistir numa prioridade: “a segurança está em primeiro lugar”.

A 3 de Setembro, o Governo negou qualquer acção de censura política no território a acções de apoio aos protestos em Hong Kong, garantindo que se mantém salvaguardado o direito à manifestação e liberdade de expressão. “Não é censura política”, a actuação da polícia “baseou-se sempre em factos objectivos”, defendeu então o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak.

Em causa estão pelo menos três episódios, em Agosto. Primeiro, a proibição de uma manifestação e posterior actuação policial no dia e no local para onde estava convocada o protesto contra a brutalidade em Hong Kong.

Depois, a deslocação da polícia ao Instituto de Formação Turística (IFT) porque dois estudantes empunhavam cartazes de apoio às reivindicações pró-democracia na região vizinha. Outro, no mesmo contexto dos protestos de Hong Kong, diz respeito a quatro pessoas que foram abordadas pela polícia porque se encontravam a fazer colagens no espaço público, sem que tenham ficado detidos, afiançou o secretário para a Segurança.

Problema de mensagem

O caso mais mediático ocorreu em 19 de Agosto, já depois do Corpo da Polícia de Segurança Pública ter proibido naquele dia um protesto pacífico silencioso, no centro de Macau, contra o uso excessivo de força por parte das forças de segurança de Hong Kong sobre os manifestantes pró-democracia.

Em 15 de Agosto, a polícia alegou que não podia autorizar uma iniciativa de apoio ao que considerou serem “actos ilegais” cometidos pelos manifestantes em Hong Kong e que tal “poderia enviar uma mensagem errada à sociedade de Macau”.

Quatro dias depois, montou uma operação no local durante a qual 600 pessoas foram abordadas para identificação, sete das quais foram levadas para interrogatório, com as forças de segurança a sublinharem que não houve lugar a qualquer detenção.

Tormento diário

A cantora e activista disse ainda que pensa “quase todas as semanas, se não todos os dias” que pode ser a próxima a ser detida por apoiar os protestos em Hong Kong.

“É uma ameaça que existe desde o início de Junho [quando a contestação começou], mas tento que isso não seja algo que me trave”, afirmou no dia em que vários outros activistas foram detidos pela polícia.

“Estamos numa situação cada vez mais difícil”, com “quase duas mil detenções” durante estas 17 semanas consecutivas de protesto, lamentou a cantora.

A artista, cujo activismo político a deixou fora do gigantesco circuito comercial chinês, mas conseguiu transformá-la numa das vozes mais importantes ligadas aos protestos pró-democracia sustentou que “as autoridades estão a utilizar este tipo de tácticas para oprimir e intimidar as pessoas. [E isso demonstra] que o Governo de Pequim tem medo das pessoas (…) e do movimento”.

No domingo foi alvo de um ataque por dois homens em Taiwan quando se preparava para participar numa acção de apoio aos protestos em Hong Kong, tendo sido atingida com tinta vermelha na cabeça. Um acto cometido por dois membros de um partido pró-Pequim, acusou, e que já foram identificados, assinalou.

Denise Ho disse que tem sido alvo de “ameaças indirectas junto de amigos, (…) pela máquina de propaganda [comunista] e de ataques verbais ‘online’”. “É uma ameaça muito real. E por ter falado nas Nações Unidas e (…) no Congresso dos EUA estou ciente de estar no topo das pessoas que são um alvo”, mas “como figura pública (…) tenho uma responsabilidade”, frisou.

3 Out 2019

Hong Kong | Denise Ho triste com a proibição de vigília no Leal Senado

A activista e cantora Denise Ho ficou triste por as autoridades de Macau terem travado a manifestação contra a violência policial em Hong Kong. Em entrevista à Lusa, a pró-democrata confessa que todos os dias enfrenta o pesadelo de ser presa devido à posição política que assumiu

 
[dropcap]A[/dropcap] activista pró-democracia Denise Ho disse, em entrevista à agência Lusa, que “é muito triste” que as autoridades de Macau tenham travado uma manifestação sobre os protestos em Hong Kong. “Sei que algumas pessoas em Macau quiseram fazer uma manifestação ou uma marcha, mas foram travadas”, o que “é muito triste”, afirmou a cantora que, nos últimos três meses, discursou na ONU e no Congresso norte-americano, em defesa do movimento pró-democracia.
Em entrevista à Lusa, na véspera da celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China que se assinalaram terça-feira, defendeu que “as pessoas têm de acreditar no poder da solidariedade” e que “muitas coisas podem ser feitas de uma forma relativamente segura”.
Contudo, ressalvou, “isso exige que as pessoas usem a sua criatividade e imaginação como a população de Hong Kong mostrou ao mundo”, para insistir numa prioridade: “a segurança está em primeiro lugar”.
A 3 de Setembro, o Governo negou qualquer acção de censura política no território a acções de apoio aos protestos em Hong Kong, garantindo que se mantém salvaguardado o direito à manifestação e liberdade de expressão. “Não é censura política”, a actuação da polícia “baseou-se sempre em factos objectivos”, defendeu então o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak.
Em causa estão pelo menos três episódios, em Agosto. Primeiro, a proibição de uma manifestação e posterior actuação policial no dia e no local para onde estava convocada o protesto contra a brutalidade em Hong Kong.
Depois, a deslocação da polícia ao Instituto de Formação Turística (IFT) porque dois estudantes empunhavam cartazes de apoio às reivindicações pró-democracia na região vizinha. Outro, no mesmo contexto dos protestos de Hong Kong, diz respeito a quatro pessoas que foram abordadas pela polícia porque se encontravam a fazer colagens no espaço público, sem que tenham ficado detidos, afiançou o secretário para a Segurança.

Problema de mensagem

O caso mais mediático ocorreu em 19 de Agosto, já depois do Corpo da Polícia de Segurança Pública ter proibido naquele dia um protesto pacífico silencioso, no centro de Macau, contra o uso excessivo de força por parte das forças de segurança de Hong Kong sobre os manifestantes pró-democracia.
Em 15 de Agosto, a polícia alegou que não podia autorizar uma iniciativa de apoio ao que considerou serem “actos ilegais” cometidos pelos manifestantes em Hong Kong e que tal “poderia enviar uma mensagem errada à sociedade de Macau”.
Quatro dias depois, montou uma operação no local durante a qual 600 pessoas foram abordadas para identificação, sete das quais foram levadas para interrogatório, com as forças de segurança a sublinharem que não houve lugar a qualquer detenção.

Tormento diário

A cantora e activista disse ainda que pensa “quase todas as semanas, se não todos os dias” que pode ser a próxima a ser detida por apoiar os protestos em Hong Kong.
“É uma ameaça que existe desde o início de Junho [quando a contestação começou], mas tento que isso não seja algo que me trave”, afirmou no dia em que vários outros activistas foram detidos pela polícia.
“Estamos numa situação cada vez mais difícil”, com “quase duas mil detenções” durante estas 17 semanas consecutivas de protesto, lamentou a cantora.
A artista, cujo activismo político a deixou fora do gigantesco circuito comercial chinês, mas conseguiu transformá-la numa das vozes mais importantes ligadas aos protestos pró-democracia sustentou que “as autoridades estão a utilizar este tipo de tácticas para oprimir e intimidar as pessoas. [E isso demonstra] que o Governo de Pequim tem medo das pessoas (…) e do movimento”.
No domingo foi alvo de um ataque por dois homens em Taiwan quando se preparava para participar numa acção de apoio aos protestos em Hong Kong, tendo sido atingida com tinta vermelha na cabeça. Um acto cometido por dois membros de um partido pró-Pequim, acusou, e que já foram identificados, assinalou.
Denise Ho disse que tem sido alvo de “ameaças indirectas junto de amigos, (…) pela máquina de propaganda [comunista] e de ataques verbais ‘online’”. “É uma ameaça muito real. E por ter falado nas Nações Unidas e (…) no Congresso dos EUA estou ciente de estar no topo das pessoas que são um alvo”, mas “como figura pública (…) tenho uma responsabilidade”, frisou.

3 Out 2019

Hong Kong | Jovem alvejado “está estável”, centenas de estudantes em greve

O jovem manifestante alvejado na terça-feira pela polícia de Hong Kong, durante mais um dia de violência, “está estável” após cirurgia. As autoridades da região vizinha declaram que a actuação da polícia foi justificada e legal. Como forma de condenar a violência policial, estudantes entram em greve e uma manifestação paralisou o centro da ilha de Hong Kong ontem à tarde

 

Com agências 

[dropcap]N[/dropcap]a semana passada, Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, disse que era “notável” que em três meses de protestos violentos ninguém perdeu a vida. Em pleno dia de celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China, um jovem de 18 anos quase foi morto depois de ter sido alvejado por um polícia em Tsuen Wan. Ontem ficou-se a saber também que uma jornalista indonésia ficou cega de um olho depois de ser alvejada na cara com uma bala borracha disparada pela polícia no passado domingo.

Entretanto, centenas de estudantes entraram em greve para condenar a violência da polícia e o primeiro disparo de uma munição real contra os manifestantes em quase quatro meses de protestos na região administrativa especial chinesa, de acordo com a agência de notícias Associated Press.

No dia em que se assinalavam os 70 anos da fundação da República Popular da China, Hong Kong foi palco de uma tarde de caos e violência que culminou em meia centena de feridos e mais de 100 detidos.

A polícia, com mais de seis mil efectivos nas ruas, reagiu com gás lacrimogéneo e canhões de água, formando linhas defensivas em diversos bairros. Pela primeira vez desde o início da contestação, as forças de segurança dispararam balas reais contra os manifestantes, tendo atingido um jovem no peito.

Responsáveis da polícia de Hong Kong, citados pelo jornal South China Morning Post, afirmaram que o uso de balas reais foi proporcional ao nível de agressão registado em várias ruas da cidade e aconteceu em autodefesa.

A agência estatal Xinhua segue a mesma linha, em defesa da actuação das autoridades que considera “totalmente legal e apropriada”. “O ‘terror negro’, que dura há mais de três meses, é uma loucura. Para parar a violência e conter a desordem, é preciso sublinhar o poder para impor a lei, cortar o tumor da violência e julgar os amotinados, o mais depressa possível, de acordo com a lei”, refere a agência.

Batalha campal

As autoridades de Hong Kong reconheceram estar perante um nível de violência muito elevado por parte dos manifestantes, para justificar a sua reacção de força, usando balas reais, segundo a Imprensa.

Ao longo do dia, os manifestantes antigovernamentais bloquearam estradas, incendiaram veículos, vandalizaram lojas, destruíram escritórios governamentais e arremessaram bombas de fogo e pedras contra a polícia, que reagiu com uma atitude de firmeza, em confrontos que provocaram dezenas de feridos e centenas de detenções.

“A resposta da polícia foi proporcional ao nível de agressão usado pelos manifestantes”, disse uma fonte policial citada pelo jornal South China Morning Post. A mesma fonte disse que os polícias apenas recorreram a balas reais, quando a integridade física das autoridades ou dos cidadãos estava em risco.

Segundo o jornal, a superintendente Yolanda Yu Hoi-kwan usou a sua conta pessoal da rede social Facebook para explicar que a polícia apenas usou violência por razões de segurança. “Por volta das 16h, um grande grupo de manifestantes atacou polícias perto da estrada Tai Ho e prosseguiram com o ataque até as autoridades os avisarem para parar. Como um dos polícias sentiu que a sua vida estava sob séria ameaça, ele disparou contra o agressor para salvar a sua própria vida e a vida dos seus colegas”, disse a superintendente, numa declaração citada pelo jornal.

A última vez que as manifestações tinham atingido um grau semelhante de violência foi em 5 de Agosto, quando as autoridades reconheceram ter utilizado gás lacrimogéneo e balas de borracha, anunciando, no final, a detenção de 149 pessoas.

Ontem, para protestar contra o tiro que atingiu um adolescente no peito, várias centenas de pessoas marcharam a partir de Chater Garden, em Central, entoando slogans como “A polícia de Hong Kong comete homicídio intencionalmente” e “Dissolução das forças policiais, já!” Partes da Connaught Road foram brevemente ocupadas por manifestantes, muitos deles vestidos com fatos, aparentando terem saído de escritórios para demonstrar desagrado perante a actuação das autoridades.

Por volta das 15h, alguns manifestantes juntaram-se em Tamar Park, perto dos edifícios do Governo, enquanto outros se ficaram pela Millenium Plaza em Sheung Wan, a cinco minutos a pé do terminal dos ferries. Registaram-se também protestos num centro comercial e Sha Tin e em Kowloon Tong.

Visto de fora

O Governo britânico considera “desproporcionado” o uso de balas reais pela polícia de Hong Kong, pedindo restrição a ambas as partes.

“Embora não haja desculpa para a violência, o uso de munições reais é desproporcional e apenas pode agravar a situação”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, num comunicado, reagindo aos acontecimentos.

O chefe da diplomacia do Reino Unido pediu “diálogo construtivo” e “contenção” quer da parte dos manifestantes quer da parte das autoridades da antiga colónia britânica.

A União Europeia também reagiu ao episódio apelando à contenção e à inversão da escalada de violência. “À luz da violência e da turbulência que se vive em Hong Kong, a União Europeia continua a vincar que o diálogo, contenção e inversão da escalada de violência apontam o caminho a seguir”, comentou a porta-voz da União Europeia, Maja Kocijancic.

Apesar dos “passos positivos que indicam o início do diálogo entre o público e vários sectores da sociedade, são necessários mais esforços para restaurar a confiança”, acrescentou. Maja Kocijancic destacou ainda que “passados mais de três meses do início dos protestos, o direito de assembleia e de protestar pacificamente devem continuar a ser salvaguardados, de acordo com a Lei Básica de Hong Kong e os compromissos internacionais assumidos”.

Repórteres de guerra

Pelo menos quatro jornalistas ficaram feridos nos últimos dias de protestos em Hong Kong, um cenário que levou a emissora pública RTHK a retirar todos os repórteres que estavam a fazer a cobertura no terreno.

A decisão da Rádio Televisão Hong Kong foi tomada após um dos seus jornalistas ter ficado ferido num olho num dos confrontos entre manifestantes e a polícia em Sham Shui Po. Contudo, a ordem para os jornalistas regressarem às redacções teve em conta outro caso em que dois jornalistas de uma televisão foram atingidos por um líquido corrosivo nas mãos e na cara.

A primeira informação surgiu através da polícia, que acusou os manifestantes de usarem líquido corrosivo que queimou a pele de agentes e jornalistas, com as forças de segurança a apresentarem várias imagens do corpo dos agentes, nas quais é possível ver queimaduras de pele e uniformes que foram atingidos.

Outro episódio, no sábado, envolveu uma jornalista indonésia que, à semelhança do da RTHK foi atingida num dos olhos.

Na véspera dos protestos de terça-feira, a Associação de Jornalistas de Hong Kong lamentou “o uso e a ameaça de violência contra jornalistas que cobrem eventos” no território. Além dos jornalistas, vários elementos da polícia ficaram também feridos, com os casos mais mediáticos até agora a serem ligados ao arremesso do tal líquido corrosivo.

Apesar da proibição policial de se realizarem manifestações no dia nacional da China, os apelos para que a população de Hong Kong saísse de novo à rua para exigir reformas democráticas no território multiplicaram-se.

O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de Junho.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da Chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo.

3 Out 2019

Hong Kong | Jovem alvejado "está estável", centenas de estudantes em greve

O jovem manifestante alvejado na terça-feira pela polícia de Hong Kong, durante mais um dia de violência, “está estável” após cirurgia. As autoridades da região vizinha declaram que a actuação da polícia foi justificada e legal. Como forma de condenar a violência policial, estudantes entram em greve e uma manifestação paralisou o centro da ilha de Hong Kong ontem à tarde

 
Com agências 
[dropcap]N[/dropcap]a semana passada, Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, disse que era “notável” que em três meses de protestos violentos ninguém perdeu a vida. Em pleno dia de celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China, um jovem de 18 anos quase foi morto depois de ter sido alvejado por um polícia em Tsuen Wan. Ontem ficou-se a saber também que uma jornalista indonésia ficou cega de um olho depois de ser alvejada na cara com uma bala borracha disparada pela polícia no passado domingo.
Entretanto, centenas de estudantes entraram em greve para condenar a violência da polícia e o primeiro disparo de uma munição real contra os manifestantes em quase quatro meses de protestos na região administrativa especial chinesa, de acordo com a agência de notícias Associated Press.
No dia em que se assinalavam os 70 anos da fundação da República Popular da China, Hong Kong foi palco de uma tarde de caos e violência que culminou em meia centena de feridos e mais de 100 detidos.
A polícia, com mais de seis mil efectivos nas ruas, reagiu com gás lacrimogéneo e canhões de água, formando linhas defensivas em diversos bairros. Pela primeira vez desde o início da contestação, as forças de segurança dispararam balas reais contra os manifestantes, tendo atingido um jovem no peito.
Responsáveis da polícia de Hong Kong, citados pelo jornal South China Morning Post, afirmaram que o uso de balas reais foi proporcional ao nível de agressão registado em várias ruas da cidade e aconteceu em autodefesa.
A agência estatal Xinhua segue a mesma linha, em defesa da actuação das autoridades que considera “totalmente legal e apropriada”. “O ‘terror negro’, que dura há mais de três meses, é uma loucura. Para parar a violência e conter a desordem, é preciso sublinhar o poder para impor a lei, cortar o tumor da violência e julgar os amotinados, o mais depressa possível, de acordo com a lei”, refere a agência.

Batalha campal

As autoridades de Hong Kong reconheceram estar perante um nível de violência muito elevado por parte dos manifestantes, para justificar a sua reacção de força, usando balas reais, segundo a Imprensa.
Ao longo do dia, os manifestantes antigovernamentais bloquearam estradas, incendiaram veículos, vandalizaram lojas, destruíram escritórios governamentais e arremessaram bombas de fogo e pedras contra a polícia, que reagiu com uma atitude de firmeza, em confrontos que provocaram dezenas de feridos e centenas de detenções.
“A resposta da polícia foi proporcional ao nível de agressão usado pelos manifestantes”, disse uma fonte policial citada pelo jornal South China Morning Post. A mesma fonte disse que os polícias apenas recorreram a balas reais, quando a integridade física das autoridades ou dos cidadãos estava em risco.
Segundo o jornal, a superintendente Yolanda Yu Hoi-kwan usou a sua conta pessoal da rede social Facebook para explicar que a polícia apenas usou violência por razões de segurança. “Por volta das 16h, um grande grupo de manifestantes atacou polícias perto da estrada Tai Ho e prosseguiram com o ataque até as autoridades os avisarem para parar. Como um dos polícias sentiu que a sua vida estava sob séria ameaça, ele disparou contra o agressor para salvar a sua própria vida e a vida dos seus colegas”, disse a superintendente, numa declaração citada pelo jornal.
A última vez que as manifestações tinham atingido um grau semelhante de violência foi em 5 de Agosto, quando as autoridades reconheceram ter utilizado gás lacrimogéneo e balas de borracha, anunciando, no final, a detenção de 149 pessoas.
Ontem, para protestar contra o tiro que atingiu um adolescente no peito, várias centenas de pessoas marcharam a partir de Chater Garden, em Central, entoando slogans como “A polícia de Hong Kong comete homicídio intencionalmente” e “Dissolução das forças policiais, já!” Partes da Connaught Road foram brevemente ocupadas por manifestantes, muitos deles vestidos com fatos, aparentando terem saído de escritórios para demonstrar desagrado perante a actuação das autoridades.
Por volta das 15h, alguns manifestantes juntaram-se em Tamar Park, perto dos edifícios do Governo, enquanto outros se ficaram pela Millenium Plaza em Sheung Wan, a cinco minutos a pé do terminal dos ferries. Registaram-se também protestos num centro comercial e Sha Tin e em Kowloon Tong.

Visto de fora

O Governo britânico considera “desproporcionado” o uso de balas reais pela polícia de Hong Kong, pedindo restrição a ambas as partes.
“Embora não haja desculpa para a violência, o uso de munições reais é desproporcional e apenas pode agravar a situação”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, num comunicado, reagindo aos acontecimentos.
O chefe da diplomacia do Reino Unido pediu “diálogo construtivo” e “contenção” quer da parte dos manifestantes quer da parte das autoridades da antiga colónia britânica.
A União Europeia também reagiu ao episódio apelando à contenção e à inversão da escalada de violência. “À luz da violência e da turbulência que se vive em Hong Kong, a União Europeia continua a vincar que o diálogo, contenção e inversão da escalada de violência apontam o caminho a seguir”, comentou a porta-voz da União Europeia, Maja Kocijancic.
Apesar dos “passos positivos que indicam o início do diálogo entre o público e vários sectores da sociedade, são necessários mais esforços para restaurar a confiança”, acrescentou. Maja Kocijancic destacou ainda que “passados mais de três meses do início dos protestos, o direito de assembleia e de protestar pacificamente devem continuar a ser salvaguardados, de acordo com a Lei Básica de Hong Kong e os compromissos internacionais assumidos”.

Repórteres de guerra

Pelo menos quatro jornalistas ficaram feridos nos últimos dias de protestos em Hong Kong, um cenário que levou a emissora pública RTHK a retirar todos os repórteres que estavam a fazer a cobertura no terreno.
A decisão da Rádio Televisão Hong Kong foi tomada após um dos seus jornalistas ter ficado ferido num olho num dos confrontos entre manifestantes e a polícia em Sham Shui Po. Contudo, a ordem para os jornalistas regressarem às redacções teve em conta outro caso em que dois jornalistas de uma televisão foram atingidos por um líquido corrosivo nas mãos e na cara.
A primeira informação surgiu através da polícia, que acusou os manifestantes de usarem líquido corrosivo que queimou a pele de agentes e jornalistas, com as forças de segurança a apresentarem várias imagens do corpo dos agentes, nas quais é possível ver queimaduras de pele e uniformes que foram atingidos.
Outro episódio, no sábado, envolveu uma jornalista indonésia que, à semelhança do da RTHK foi atingida num dos olhos.
Na véspera dos protestos de terça-feira, a Associação de Jornalistas de Hong Kong lamentou “o uso e a ameaça de violência contra jornalistas que cobrem eventos” no território. Além dos jornalistas, vários elementos da polícia ficaram também feridos, com os casos mais mediáticos até agora a serem ligados ao arremesso do tal líquido corrosivo.
Apesar da proibição policial de se realizarem manifestações no dia nacional da China, os apelos para que a população de Hong Kong saísse de novo à rua para exigir reformas democráticas no território multiplicaram-se.
O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de Junho.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da Chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo.

3 Out 2019

Hong Kong | Tiros e líquidos corrosivos em dia de protesto

[dropcap]O[/dropcap] jornal South China Morning Post (SCMP) avançou hoje que um manifestante terá ficado ferido na zona do pescoço depois de ser alvejado pela polícia. A informação está a ser avançada depois de ter sido divulgado um vídeo nas redes sociais, onde o manifestante ferido diz “tenho dores na zona do pescoço, por favor leve-me para o hospital”. O jovem, de 18 anos, está em estado grave no hospital.

As autoridades policiais dispararam tiros de aviso para o ar nas zonas de Yau Ma Tei e Tsuen Wan, escreve o SCMP, mas, de acordo com a página oficial da polícia de Hong Kong, os agentes também ficaram feridos no protesto de hoje. “Os manifestantes usaram um fluído corrosivo na zona de Tuen Mun, ferindo agentes policiais e jornalistas. A polícia condena firmemente os actos violentos e apela à população que estejam atentos à sua segurança pessoal”, lê-se. Nas imagens publicadas na rede social Facebook, surgem imagens com roupas parcialmente corroídas pelo liquido, bem como feridas generalizadas nos corpos dos agentes.

Vários meios de comunicação social da região vizinha tem vindo a reportar o lançamento de gás lacrimogéneo em várias zonas de Hong Kong por parte das autoridades policiais para dispersar manifestantes. Em Sha Tin foi também utilizado gás lacrimogéneo e em Tsuen Wan o cenário é o mesmo, com confrontos abertos com a polícia ou com os manifestantes a erguerem barricadas. A maior parte das estações de metro encontram-se encerradas.

O centro da ilha de Hong Kong foi policiado durante toda a tarde, com um helicóptero a seguir o maior protesto e a polícia a posicionar-se ao longo do trajecto dos manifestantes, junto das estações encerradas ou estrategicamente nas passagens aéreas.

1 Out 2019

Hong Kong | Tiros e líquidos corrosivos em dia de protesto

[dropcap]O[/dropcap] jornal South China Morning Post (SCMP) avançou hoje que um manifestante terá ficado ferido na zona do pescoço depois de ser alvejado pela polícia. A informação está a ser avançada depois de ter sido divulgado um vídeo nas redes sociais, onde o manifestante ferido diz “tenho dores na zona do pescoço, por favor leve-me para o hospital”. O jovem, de 18 anos, está em estado grave no hospital.
As autoridades policiais dispararam tiros de aviso para o ar nas zonas de Yau Ma Tei e Tsuen Wan, escreve o SCMP, mas, de acordo com a página oficial da polícia de Hong Kong, os agentes também ficaram feridos no protesto de hoje. “Os manifestantes usaram um fluído corrosivo na zona de Tuen Mun, ferindo agentes policiais e jornalistas. A polícia condena firmemente os actos violentos e apela à população que estejam atentos à sua segurança pessoal”, lê-se. Nas imagens publicadas na rede social Facebook, surgem imagens com roupas parcialmente corroídas pelo liquido, bem como feridas generalizadas nos corpos dos agentes.
Vários meios de comunicação social da região vizinha tem vindo a reportar o lançamento de gás lacrimogéneo em várias zonas de Hong Kong por parte das autoridades policiais para dispersar manifestantes. Em Sha Tin foi também utilizado gás lacrimogéneo e em Tsuen Wan o cenário é o mesmo, com confrontos abertos com a polícia ou com os manifestantes a erguerem barricadas. A maior parte das estações de metro encontram-se encerradas.
O centro da ilha de Hong Kong foi policiado durante toda a tarde, com um helicóptero a seguir o maior protesto e a polícia a posicionar-se ao longo do trajecto dos manifestantes, junto das estações encerradas ou estrategicamente nas passagens aéreas.

1 Out 2019

Protesto de ‘luto democrático’ em Hong Kong desafia proibição policial

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de pessoas, vestidas de preto, em ‘luto’ pela erosão das liberdades em Hong Kong, saíram hoje às ruas apesar da proibição policial, de estradas bloqueadas e de estações de metropolitano fechadas, dificultando o acesso ao centro da cidade.

O grande protesto agendado para hoje, no dia nacional da China, tinha sido proibido pelas autoridades, mas tal como sucedeu no fim de semana anterior, em que se assinalou o quinto aniversário do movimento de desobediência civil ‘Occupy Central’, a mobilização foi maciça.

Nas ruas, entre bandeiras chinesas, boa parte da população de Hong Kong fazia questão de pisar fotografias do Presidente chinês, Xi Jinping, e da chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, que tinham sido estrategicamente coladas ao longo da estrada.

Ao som do hino ‘Glory to Hong Kong’, as milhares de pessoas que se concentraram em Causeway Bay seguem agora em direcção a Admiralty, já na zona central da cidade, com algumas paragens para alguns discursos improvisados de quem encabeça o protesto.

A última paragem do multidão, que empunha dezenas de bandeiras, incluindo a de Portugal, foi na estação de metro de Wan Chai, uma das 11 encerradas esta manhã e fortemente guardada pela polícia anti-motim.

Apesar da proibição policial de se realizarem manifestações no dia nacional da China, os apelos para que a população de Hong Kong saia de novo à rua para exigir reformas democráticas no território multiplicaram-se.

“Uma situação muito perigosa”, avisou a polícia na véspera, afirmando que “os manifestantes radicais estão a aumentar o nível de violência (…) e estão cada vez mais envolvidos em actos de terrorismo”.

Uma análise de risco que levou, de resto, a empresa que gere o metro em Hong Kong a anunciar esta manhã o encerramento de 11 estações, que têm sido vandalizadas ao longo destes quase quatro meses de protestos.

O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de Junho.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

“Território irreconhecível”, diz Governo

O líder interino de Hong Kong afirmou hoje, durante as comemorações dos 70 anos da China, que o território está irreconhecível devido aos violentos protestos de que é palco há cerca de quatro meses.

O secretário para a Administração de Hong Kong, Matthew Cheung, falava em representação da chefe do Executivo da região administrativa especial chinesa, Carrie Lam, que se deslocou a Pequim para participar nas comemorações do 70.º aniversário da fundação da República Popular da China.

Altos funcionários do Governo de Hong Kong e cerca de 12 mil convidados assistiram, a partir do Centro de Convenções e Exposições, à cerimónia do hastear da bandeira do país, que decorreu na praça da Bauhinia Dourada, junto ao Centro.

Ao mesmo tempo, nas proximidades, a polícia usava gás pimenta para separar um grupo pró-democrata e outro pró-Pequim. O “número dois” do Governo destacou o compromisso do Executivo em apaziguar a crise, dias depois da estreia de uma série de debates com a sociedade civil, e prometeu uma nova abordagem para resolver as questões sociais, que estão na base da contestação social.

De acordo com uma estimativa da própria associação, a FCDH foi responsável pelas manifestações que levaram à rua um milhão de pessoas a 9 de Junho, dois milhões a 16 de Junho e 1,7 milhões a 18 de Agosto, sendo que esta última havia também sido proibida pela polícia.

“Estimamos que a situação amanhã [hoje] será muito, muito perigosa”, disse o principal responsável da polícia, John Tse. Em antecipação, o Governo já reforçou a segurança em toda a cidade, onde cartazes de protestos pedem que o dia 1 de Outubro seja marcado como “Um dia de luto”.

1 Out 2019

Protesto de 'luto democrático' em Hong Kong desafia proibição policial

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de pessoas, vestidas de preto, em ‘luto’ pela erosão das liberdades em Hong Kong, saíram hoje às ruas apesar da proibição policial, de estradas bloqueadas e de estações de metropolitano fechadas, dificultando o acesso ao centro da cidade.
O grande protesto agendado para hoje, no dia nacional da China, tinha sido proibido pelas autoridades, mas tal como sucedeu no fim de semana anterior, em que se assinalou o quinto aniversário do movimento de desobediência civil ‘Occupy Central’, a mobilização foi maciça.
Nas ruas, entre bandeiras chinesas, boa parte da população de Hong Kong fazia questão de pisar fotografias do Presidente chinês, Xi Jinping, e da chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, que tinham sido estrategicamente coladas ao longo da estrada.
Ao som do hino ‘Glory to Hong Kong’, as milhares de pessoas que se concentraram em Causeway Bay seguem agora em direcção a Admiralty, já na zona central da cidade, com algumas paragens para alguns discursos improvisados de quem encabeça o protesto.
A última paragem do multidão, que empunha dezenas de bandeiras, incluindo a de Portugal, foi na estação de metro de Wan Chai, uma das 11 encerradas esta manhã e fortemente guardada pela polícia anti-motim.
Apesar da proibição policial de se realizarem manifestações no dia nacional da China, os apelos para que a população de Hong Kong saia de novo à rua para exigir reformas democráticas no território multiplicaram-se.
“Uma situação muito perigosa”, avisou a polícia na véspera, afirmando que “os manifestantes radicais estão a aumentar o nível de violência (…) e estão cada vez mais envolvidos em actos de terrorismo”.
Uma análise de risco que levou, de resto, a empresa que gere o metro em Hong Kong a anunciar esta manhã o encerramento de 11 estações, que têm sido vandalizadas ao longo destes quase quatro meses de protestos.
O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de Junho.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

“Território irreconhecível”, diz Governo

O líder interino de Hong Kong afirmou hoje, durante as comemorações dos 70 anos da China, que o território está irreconhecível devido aos violentos protestos de que é palco há cerca de quatro meses.
O secretário para a Administração de Hong Kong, Matthew Cheung, falava em representação da chefe do Executivo da região administrativa especial chinesa, Carrie Lam, que se deslocou a Pequim para participar nas comemorações do 70.º aniversário da fundação da República Popular da China.
Altos funcionários do Governo de Hong Kong e cerca de 12 mil convidados assistiram, a partir do Centro de Convenções e Exposições, à cerimónia do hastear da bandeira do país, que decorreu na praça da Bauhinia Dourada, junto ao Centro.
Ao mesmo tempo, nas proximidades, a polícia usava gás pimenta para separar um grupo pró-democrata e outro pró-Pequim. O “número dois” do Governo destacou o compromisso do Executivo em apaziguar a crise, dias depois da estreia de uma série de debates com a sociedade civil, e prometeu uma nova abordagem para resolver as questões sociais, que estão na base da contestação social.
De acordo com uma estimativa da própria associação, a FCDH foi responsável pelas manifestações que levaram à rua um milhão de pessoas a 9 de Junho, dois milhões a 16 de Junho e 1,7 milhões a 18 de Agosto, sendo que esta última havia também sido proibida pela polícia.
“Estimamos que a situação amanhã [hoje] será muito, muito perigosa”, disse o principal responsável da polícia, John Tse. Em antecipação, o Governo já reforçou a segurança em toda a cidade, onde cartazes de protestos pedem que o dia 1 de Outubro seja marcado como “Um dia de luto”.

1 Out 2019

Suspeito do homicídio que motivou emendas à lei de extradição em Hong Kong vai ser libertado

[dropcap]O[/dropcap] suspeito do homicídio que levou o Governo de Hong Kong a propor alterações à lei de extradição, na base da contestação social desde o início de Junho, vai sair em liberdade em 23 de Outubro.

Chan Tong-kai é procurado pelas autoridades de Taiwan pelo alegado envolvimento no assassínio da namorada grávida, Poon Hiu-wing, de 20 anos, em Fevereiro de 2018, quando ambos se encontravam de férias na ilha Formosa.

O suspeito regressou sozinho a Hong Kong, onde está preso desde Abril do ano passado, depois de ter ficado provado que roubou mais de 20 mil dólares de Hong Kong de Poon Hiu-wing.

Apesar de ter sido condenado a 29 meses de prisão, uma fonte anónima citada pelo jornal South China Morning Post garantiu que Chan sairá em liberdade já no próximo mês.

Na ausência de um acordo de extradição entre Hong Kong e Taiwan, a antiga colónia britânica não dispõe de meios legais para transferir o suspeito para a ilha Formosa.

O caso conduziu a uma proposta de lei que permitiria a extradição de suspeitos para jurisdições sem acordo prévio, como Macau, Taiwan ou a China continental.

No entanto, também abriu portas a julgamentos em solo chinês, com um sistema judicial sem garantias, o que desencadeou o alarme entre a população.

O Governo de Hong Kong já anunciou a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição, contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

30 Set 2019

Hong Kong | Joshua Wong concorre ao conselho distrital em Novembro

[dropcap]O[/dropcap] activista pró-democracia de Hong Kong Joshua Wong anunciou ontem que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em Novembro e avisou que qualquer tentativa de desqualificá-lo apenas estimulará mais apoio aos protestos pró-democracia.

O anúncio aconteceu antes da manifestação marcada para ontem, para assinalar o quinto aniversário do ‘movimento dos chapéus-de-chuvas amarelos’, quando várias ruas da cidade foram ocupadas por 79 dias pelos manifestantes que exigiam eleições livres, onde o activista alcançou fama como líder da juventude.

Joshua Wong, de 22 anos, disse que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em Novembro e que a votação é crucial para enviar uma mensagem a Pequim de que o povo está mais determinado do que nunca para vencer a batalha por mais direitos.

“Há cinco anos dissemos que voltávamos e agora estamos de volta com uma determinação ainda mais forte”, disse em conferência de imprensa, adiantando que “a batalha a travar é a batalha pela nossa casa e pela nossa pátria”

O activista, que tem sido repetidamente preso por causa da organização de manifestações consideradas ilegais, adiantou estar ciente de que pode ser desqualificado, até porque membros do partido Demosisto, que co-fundou em 2016, foram desqualificados no passado na corrida a cargos porque, segundo o activista, defendiam a autodeterminação.

“Se eles me desqualificarem, isso gerará cada vez mais força … eles pagarão o preço”, ameaçou o activista que saiu da prisão no início deste mês depois de pagar a fiança.

30 Set 2019

Hong Kong | Joshua Wong concorre ao conselho distrital em Novembro

[dropcap]O[/dropcap] activista pró-democracia de Hong Kong Joshua Wong anunciou ontem que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em Novembro e avisou que qualquer tentativa de desqualificá-lo apenas estimulará mais apoio aos protestos pró-democracia.
O anúncio aconteceu antes da manifestação marcada para ontem, para assinalar o quinto aniversário do ‘movimento dos chapéus-de-chuvas amarelos’, quando várias ruas da cidade foram ocupadas por 79 dias pelos manifestantes que exigiam eleições livres, onde o activista alcançou fama como líder da juventude.
Joshua Wong, de 22 anos, disse que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em Novembro e que a votação é crucial para enviar uma mensagem a Pequim de que o povo está mais determinado do que nunca para vencer a batalha por mais direitos.
“Há cinco anos dissemos que voltávamos e agora estamos de volta com uma determinação ainda mais forte”, disse em conferência de imprensa, adiantando que “a batalha a travar é a batalha pela nossa casa e pela nossa pátria”
O activista, que tem sido repetidamente preso por causa da organização de manifestações consideradas ilegais, adiantou estar ciente de que pode ser desqualificado, até porque membros do partido Demosisto, que co-fundou em 2016, foram desqualificados no passado na corrida a cargos porque, segundo o activista, defendiam a autodeterminação.
“Se eles me desqualificarem, isso gerará cada vez mais força … eles pagarão o preço”, ameaçou o activista que saiu da prisão no início deste mês depois de pagar a fiança.

30 Set 2019

Hong Kong | Manifestações não autorizadas reúnem dezenas de milhares

Mais um fim-de-semana, mais um dia de confrontos nas ruas da antiga colónia britânica. De um lado, manifestantes armados com coktails molotov vandalizaram a estação de metro de Wan Chai e destruíram cartazes alusivos ao aniversário da RPC. Do outro, a polícia dispersou a multidão com canhões de água azul, gás lacrimogéneo e spray pimenta. Os distúrbios prometem regressar dentro de momentos…

 

[dropcap]D[/dropcap]ezenas de milhares de pessoas participaram ontem, pelo segundo dia consecutivo, em manifestações não autorizadas em Hong Kong, marcadas por confrontos com a polícia, que utilizou canhões de água azul para identificar os manifestantes, gás lacrimogéneo, cargas e detenções.

A polícia foi obrigada a dispersar uma manifestação não autorizada pelas autoridades, recorrendo a gás lacrimogéneo, canhões com água colorida de azul para identificar os manifestantes, spray de pimenta, cargas e detenções, para além de balas de borracha, com os manifestantes a responderem com ‘cocktails molotov’, queima de barreiras e arremesso de tijolos.

De acordo com o South China Morning Post, quatro polícias tiveram de disparar munições reais para o ar para afastar os manifestantes que os tentavam atacar, em confrontos que acontecem pelo 17.º domingo consecutivo e a dois dias da comemoração do Dia Nacional da China, que assinala os 70 anos da República Popular da China.

Às 20:30 havia ainda centenas de pessoas nas ruas e foi emitido um novo aviso de utilização de gás lacrimogéneo para quem não saísse da zona de Hennessy Road, havendo um esquadrão de intervenção e veículos policiais a cerca de 100 metros, e foi exibido um cartaz vermelho onde se lê ‘Parem de avançar ou usaremos a força’.

Por todo o lado

A manifestação de ontem, que não foi autorizada pelas autoridades, tinha como mote assinalar o ‘Dia Mundial contra a Tirania’, e começou às 14:30, registando dezenas de milhares de participantes que saíram à rua vestidos de negro, a cor tradicional que tem pautado os protestos que se intensificaram há cerca de três meses em oposição à lei da extradição.

Durante o dia, foram convocadas manifestações em cerca de 60 cidades mundiais, entre as quais Taipé, para mostrar solidariedade com as reivindicações dos habitantes de Hong Kong.

Durante o dia, a polícia fechou uma igreja na zona de Wan Chai que servia de refúgio para os manifestantes, e a maioria das lojas de Causeway Bay, uma das zonas mais turísticas e movimentadas de Hong Kong, mantinha as portas fechadas e as persianas corridas, antecipando violência nas ruas.

Alguns manifestantes violentos vandalizaram várias estações de metro, chegando a lançar ‘cocktails molotov’ para dentro da estação central de Wan Chai e destruíram vários cartazes que assinalavam a celebração dos 70 anos da República Popular da China.

Lista de exigências

Hong Kong enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com acções e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas, como eleições livres, e um inquérito independente à alegada violência policial.

O Governo de Hong Kong anunciou a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

30 Set 2019

Hong Kong | Manifestações não autorizadas reúnem dezenas de milhares

Mais um fim-de-semana, mais um dia de confrontos nas ruas da antiga colónia britânica. De um lado, manifestantes armados com coktails molotov vandalizaram a estação de metro de Wan Chai e destruíram cartazes alusivos ao aniversário da RPC. Do outro, a polícia dispersou a multidão com canhões de água azul, gás lacrimogéneo e spray pimenta. Os distúrbios prometem regressar dentro de momentos…

 
[dropcap]D[/dropcap]ezenas de milhares de pessoas participaram ontem, pelo segundo dia consecutivo, em manifestações não autorizadas em Hong Kong, marcadas por confrontos com a polícia, que utilizou canhões de água azul para identificar os manifestantes, gás lacrimogéneo, cargas e detenções.
A polícia foi obrigada a dispersar uma manifestação não autorizada pelas autoridades, recorrendo a gás lacrimogéneo, canhões com água colorida de azul para identificar os manifestantes, spray de pimenta, cargas e detenções, para além de balas de borracha, com os manifestantes a responderem com ‘cocktails molotov’, queima de barreiras e arremesso de tijolos.
De acordo com o South China Morning Post, quatro polícias tiveram de disparar munições reais para o ar para afastar os manifestantes que os tentavam atacar, em confrontos que acontecem pelo 17.º domingo consecutivo e a dois dias da comemoração do Dia Nacional da China, que assinala os 70 anos da República Popular da China.
Às 20:30 havia ainda centenas de pessoas nas ruas e foi emitido um novo aviso de utilização de gás lacrimogéneo para quem não saísse da zona de Hennessy Road, havendo um esquadrão de intervenção e veículos policiais a cerca de 100 metros, e foi exibido um cartaz vermelho onde se lê ‘Parem de avançar ou usaremos a força’.

Por todo o lado

A manifestação de ontem, que não foi autorizada pelas autoridades, tinha como mote assinalar o ‘Dia Mundial contra a Tirania’, e começou às 14:30, registando dezenas de milhares de participantes que saíram à rua vestidos de negro, a cor tradicional que tem pautado os protestos que se intensificaram há cerca de três meses em oposição à lei da extradição.
Durante o dia, foram convocadas manifestações em cerca de 60 cidades mundiais, entre as quais Taipé, para mostrar solidariedade com as reivindicações dos habitantes de Hong Kong.
Durante o dia, a polícia fechou uma igreja na zona de Wan Chai que servia de refúgio para os manifestantes, e a maioria das lojas de Causeway Bay, uma das zonas mais turísticas e movimentadas de Hong Kong, mantinha as portas fechadas e as persianas corridas, antecipando violência nas ruas.
Alguns manifestantes violentos vandalizaram várias estações de metro, chegando a lançar ‘cocktails molotov’ para dentro da estação central de Wan Chai e destruíram vários cartazes que assinalavam a celebração dos 70 anos da República Popular da China.

Lista de exigências

Hong Kong enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com acções e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas, como eleições livres, e um inquérito independente à alegada violência policial.
O Governo de Hong Kong anunciou a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

30 Set 2019

RPC, 70 anos | Economia, o sinuoso caminho da prosperidade

[dropcap]Q[/dropcap]uando se celebram sete décadas desde a fundação da República Popular da China, o Partido Comunista está a dobrar esforços para garantir que o desenvolvimento económico, principal fonte da sua legitimidade, alcança todo o país.

No remoto noroeste da China, longe das prósperas províncias do litoral, o chinês Xinwang anda há cinco anos a construir estradas, caminhos-de-ferro, pontes e túneis em regiões montanhosas, personificando os esforços de Pequim para erradicar a pobreza no país. A nova estação de comboios de Xining, capital da província de Qinghai, foi a primeira obra em que trabalhou.

Com uma população composta sobretudo por minorias étnicas, incluindo tibetanos, Qinghai é das províncias mais pobres e com menor densidade populacional da China, mas novas linhas ferroviárias de alta velocidade conectam agora a região às províncias vizinhas de Sichuan e Gansu.

“Desde então, fiquei por aqui”, conta Xinwang, 31 anos, à agência Lusa, enumerando as obras em que trabalhou a seguir: a linha ferroviária de alta velocidade entre as regiões de Gansu e Xinjiang ou uma autoestrada de 900 quilómetros que atravessa Qinghai de norte a sul.

Algumas destas obras de conectividade contrariam regras económicas básicas das ligações ferroviárias de alta velocidade, inventadas para percorrer distâncias relativamente curtas e por corredores densamente povoados.

Receitas não cobrem desenvolvimento

A receita anual da ligação entre Gansu e Xinjiang, que tem quase 1.800 quilómetros de extensão, por exemplo, nem sequer cobre os custos com eletricidade, segundo estimativas chinesas. Mas o Partido Comunista quer garantir que erradica a pobreza do país, quando se celebram sete décadas da sua governação, cuja promessa original foi garantir prosperidade para todos.

Segundo dados oficiais, nos últimos seis anos, o país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes, retirou da pobreza 82,39 milhões de pessoas, reduzindo para 1,7% a população a viver com menos de 2.300 yuan anuais – a linha de pobreza estabelecida pelo Governo chinês.

Longe do espectacular desenvolvimento económico que formou no litoral da China mega metrópoles, arranha-céus e uma classe média superior a 500 milhões de pessoas, o oeste da China permanece sobretudo pobre e vulnerável ao separatismo, sobretudo nas regiões do Tibete e Xinjiang.

O investimento massivo em infraestruturas tirou do isolamento várias comunidades, enquanto o projecto internacional lançado por Pequim “Uma Faixa, Uma Rota” tem reforçado as vias comerciais do oeste do país, com ligações ferroviárias e rodoviárias à Europa e Oceano Índico, cruzando Rússia e Ásia Central.

No entanto, o terreno montanhoso, clima inóspito e diferenças culturais tornam difícil erradicar e manter as comunidades fora da pobreza.

Da civilização

Para chegar a casa da família dos Chou, na povoação de Angsai, prefeitura autónoma tibetana de Yushu, é preciso percorrer quase 100 quilómetros por estreitas estradas de terra batida, entre curvas e contracurvas, e com os pneus a roçar desfiladeiros. A habitação, que consiste num aglomerado de três contentores, surge inclinada, face ao terreno acidentado, dando uma sensação inicial de desequilíbrio. A vida decorre ali como há cem anos.

As famílias passam o dia em tendas semelhantes aos ‘yurts’ mongóis: as mulheres, à volta do fogão, preparam refeições e chá de manteiga; os homens fumam e conversam durante horas a fio. Não há saneamento básico ou rede móvel.

Dong, o filho mais novo dos Chou, lembra à Lusa quando Angsai era uma terra “sem lei nem ordem”: discussões ou disputas por terrenos acabavam frequentemente “à facada”. Nos últimos anos, uma campanha contra o crime tornou a comunidade mais segura, conta.

Um projecto de ecoturismo permite agora às famílias locais hospedarem turistas, atraídos pela vida selvagem e singular paisagem do planalto Qinghai – Tibete. A quatro mil metros de altitude, largas planícies pontuadas por lagos encerram-se entre montanhas. Na natureza intacta, observam-se leopardos das neves, ursos pardos asiáticos, lobos ou linces.

Mas a fé budista dos tibetanos, num país oficialmente ateísta e cujo pragmatismo e devoção ao dinheiro configuraram grande parte da sociedade, parece disputar a visão de “progresso” promovida por Pequim.

A família dos Chou, por exemplo, tem quarenta iaques – os bovinos típicos da região dos Himalaias – mas grande parte dos lucros da criação dos animais remete para os matadouros e retalhistas. “A nossa fé não permite que matemos o animal”, explica uma tibetana. “Muitas famílias criam iaques, mas vendem-nos por pouco dinheiro, para que outros os matem”, diz.

João Pimenta, agência Lusa

30 Set 2019

RPC, 70 anos | Economia, o sinuoso caminho da prosperidade

[dropcap]Q[/dropcap]uando se celebram sete décadas desde a fundação da República Popular da China, o Partido Comunista está a dobrar esforços para garantir que o desenvolvimento económico, principal fonte da sua legitimidade, alcança todo o país.
No remoto noroeste da China, longe das prósperas províncias do litoral, o chinês Xinwang anda há cinco anos a construir estradas, caminhos-de-ferro, pontes e túneis em regiões montanhosas, personificando os esforços de Pequim para erradicar a pobreza no país. A nova estação de comboios de Xining, capital da província de Qinghai, foi a primeira obra em que trabalhou.
Com uma população composta sobretudo por minorias étnicas, incluindo tibetanos, Qinghai é das províncias mais pobres e com menor densidade populacional da China, mas novas linhas ferroviárias de alta velocidade conectam agora a região às províncias vizinhas de Sichuan e Gansu.
“Desde então, fiquei por aqui”, conta Xinwang, 31 anos, à agência Lusa, enumerando as obras em que trabalhou a seguir: a linha ferroviária de alta velocidade entre as regiões de Gansu e Xinjiang ou uma autoestrada de 900 quilómetros que atravessa Qinghai de norte a sul.
Algumas destas obras de conectividade contrariam regras económicas básicas das ligações ferroviárias de alta velocidade, inventadas para percorrer distâncias relativamente curtas e por corredores densamente povoados.

Receitas não cobrem desenvolvimento

A receita anual da ligação entre Gansu e Xinjiang, que tem quase 1.800 quilómetros de extensão, por exemplo, nem sequer cobre os custos com eletricidade, segundo estimativas chinesas. Mas o Partido Comunista quer garantir que erradica a pobreza do país, quando se celebram sete décadas da sua governação, cuja promessa original foi garantir prosperidade para todos.
Segundo dados oficiais, nos últimos seis anos, o país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes, retirou da pobreza 82,39 milhões de pessoas, reduzindo para 1,7% a população a viver com menos de 2.300 yuan anuais – a linha de pobreza estabelecida pelo Governo chinês.
Longe do espectacular desenvolvimento económico que formou no litoral da China mega metrópoles, arranha-céus e uma classe média superior a 500 milhões de pessoas, o oeste da China permanece sobretudo pobre e vulnerável ao separatismo, sobretudo nas regiões do Tibete e Xinjiang.
O investimento massivo em infraestruturas tirou do isolamento várias comunidades, enquanto o projecto internacional lançado por Pequim “Uma Faixa, Uma Rota” tem reforçado as vias comerciais do oeste do país, com ligações ferroviárias e rodoviárias à Europa e Oceano Índico, cruzando Rússia e Ásia Central.
No entanto, o terreno montanhoso, clima inóspito e diferenças culturais tornam difícil erradicar e manter as comunidades fora da pobreza.

Da civilização

Para chegar a casa da família dos Chou, na povoação de Angsai, prefeitura autónoma tibetana de Yushu, é preciso percorrer quase 100 quilómetros por estreitas estradas de terra batida, entre curvas e contracurvas, e com os pneus a roçar desfiladeiros. A habitação, que consiste num aglomerado de três contentores, surge inclinada, face ao terreno acidentado, dando uma sensação inicial de desequilíbrio. A vida decorre ali como há cem anos.
As famílias passam o dia em tendas semelhantes aos ‘yurts’ mongóis: as mulheres, à volta do fogão, preparam refeições e chá de manteiga; os homens fumam e conversam durante horas a fio. Não há saneamento básico ou rede móvel.
Dong, o filho mais novo dos Chou, lembra à Lusa quando Angsai era uma terra “sem lei nem ordem”: discussões ou disputas por terrenos acabavam frequentemente “à facada”. Nos últimos anos, uma campanha contra o crime tornou a comunidade mais segura, conta.
Um projecto de ecoturismo permite agora às famílias locais hospedarem turistas, atraídos pela vida selvagem e singular paisagem do planalto Qinghai – Tibete. A quatro mil metros de altitude, largas planícies pontuadas por lagos encerram-se entre montanhas. Na natureza intacta, observam-se leopardos das neves, ursos pardos asiáticos, lobos ou linces.
Mas a fé budista dos tibetanos, num país oficialmente ateísta e cujo pragmatismo e devoção ao dinheiro configuraram grande parte da sociedade, parece disputar a visão de “progresso” promovida por Pequim.
A família dos Chou, por exemplo, tem quarenta iaques – os bovinos típicos da região dos Himalaias – mas grande parte dos lucros da criação dos animais remete para os matadouros e retalhistas. “A nossa fé não permite que matemos o animal”, explica uma tibetana. “Muitas famílias criam iaques, mas vendem-nos por pouco dinheiro, para que outros os matem”, diz.
João Pimenta, agência Lusa

30 Set 2019

RPC, 70 anos | Partido Comunista Chinês exibe confiança no seu modelo

[dropcap]Q[/dropcap]uando celebra sete décadas de governação, o Partido Comunista Chinês (PCC) continua a abdicar de reformas políticas e defende agora o seu “modelo” como solução para países em desenvolvimento, mas fragilidades persistem sob a capa autoritária, defendem analistas.

O rápido desenvolvimento económico das últimas décadas e a forma como contornou a crise financeira global de 2008 injectaram redobrada confiança em Pequim de que o seu modelo constitui uma alternativa à democracia liberal. “A China oferece uma nova opção para países que desejam acelerar o seu desenvolvimento enquanto preservam a sua independência”, defendeu o Presidente chinês, Xi Jinping, em 2017.

Só nos últimos 20 anos, a riqueza per capita da China quadruplicou, num “milagre” sem precedentes na História moderna. Num esforço liderado pelo Estado, a China ameaça destronar os Estados Unidos da posição que mantêm há 70 anos como líderes em inovação científica e tecnológica.

No entanto, o reforço do carácter totalitário do regime, sob a presidência de Xi, abriu um “precedente muito perigoso para o futuro”, descreveu o sinólogo norte-americano David Shambaugh.

Deng Xiaoping, o arquitecto-chefe das reformas económicas que abriram a China ao mundo, procurou basear a tomada de decisão num processo de consultas, separar o Partido do Governo e descentralizar a autoridade pelas províncias e localidades, visando evitar os excessos maoistas que quase destruíram o país. Xi reverteu aquelas normas.

Assombrado pela primavera árabe, que derrubou governos aparentemente invencíveis, e, sobretudo, pela implosão da decrépita União Soviética, em 1991, o Partido Comunista, sob a sua direcção, voltou nos últimos anos a penetrar na vida política, social e económica da China.

“Proporcionalmente, o Partido Comunista Soviético tinha mais membros do que nós, mas ninguém foi homem o suficiente para se levantar e resistir”, alertou Xi Jinping, nas vésperas de ascender ao poder.

Desde então, o aparelho de segurança do regime passou a contar com cerca de 200 milhões de câmaras de vigilância, instaladas nas principais cidades do país, segundo dados oficiais, muitas dotadas de reconhecimento facial.

Uma campanha contra dissidentes resultou já na detenção de 250 advogados ou activistas dos direitos humanos, segundo organizações não governamentais. O Partido estabeleceu também comités em 70% das empresas privadas e ‘joint ventures’.

Dentro do PCC, Xi lançou a mais ampla campanha anticorrupção na história da China comunista, resultando, até à data, na punição de mais de 1,5 milhão de funcionários, incluindo centenas de altos quadros e altas patentes do exército, segundo o próprio partido.
A campanha anticorrupção antecedeu uma concentração de poder sem paralelo nas últimas décadas.

O “calcanhar de Aquiles”

Em 2017, Xi Jinping aboliu o limite de mandatos para o seu cargo, criou um organismo com poder equivalente ao Executivo e Judicial – a Comissão Nacional de Supervisão -, para supervisionar a aplicação das suas políticas, e promoveu aliados a posições chave do regime.

David Shambaugh não tem dúvidas: “Xi é um líder genuinamente duro, que exala convicção e confiança, mas essa firmeza esconde um sistema político e partidário extremamente frágil por dentro”, argumenta.

Para o sinólogo, o crescente carácter repressivo do regime e a emigração das elites económicas ilustram as fraquezas do sistema de partido único, corroído por clientelismo, corrupção e ausência de primado da lei. “Apesar das aparências, o sistema político da China está gravemente fracturado e ninguém o sabe melhor do que o próprio Partido Comunista”, argumenta.

“Xi Jinping espera que a repressão contra dissidentes e o combate à corrupção reforcem o domínio do Partido (…), mas o seu despotismo está a pressionar fortemente o sistema e a sociedade chinesa – e aproximá-la do ponto de ruptura”, aponta.

A visão do poder de Xi como um mecanismo opressivo foi, segundo o próprio, forjada durante a adolescência, passada no árido e pobre noroeste chinês, seguindo um fluxo de jovens urbanos para as aldeias do interior para “aprenderem com os camponeses”, parte de uma radical campanha de massas lançada por Mao Zedong.

“As pessoas que têm pouca experiência com o poder, aqueles que estão longe dele, tendem a considerá-lo algo de misterioso e nobre”, disse numa entrevista, publicada em 2000, quando era governador da província de Fujian. “Mas eu vejo além das coisas superficiais: o poder, as flores, a glória e os aplausos. Eu vejo centros de detenção e a volatilidade da natureza humana. Isso deu-me uma compreensão da política a um nível mais profundo”, realçou.

Mas será também esta desconfiança na afirmação e liberdade do indivíduo que continuará a levantar incógnitas sobre o futuro da República Popular da China, no ano em que ultrapassa em longevidade a antiga União Soviética. “Quando a empatia humana começar a sobrepor-se à autoridade ossificada, o fim do comunismo chinês terá realmente começado”, conclui Shambaugh.

João Pimenta, da agência Lusa

30 Set 2019