NATO / Defesa | EUA insistem no aumento de 5% para todos os aliados

Os Estados Unidos insistiram ontem que o compromisso de aumentar para 5% os gastos com Defesa diz respeito a todos os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), reunidos em cimeira em Haia.

“Graças à liderança do Presidente [norte-americano] Donald Trump, a NATO está a caminho de alcançar um compromisso histórico, em que cada aliado se compromete a gastar pelo menos 5 por cento do seu PIB em defesa”, afirmou o embaixador dos Estados Unidos junto da Aliança Atlântica, Matthew Whitaker, frisando que “todos” terão de mostrar “progressos significativos” nos seus orçamentos para o sector.

Sobre os prazos para atingir a meta, Whitaker evitou avançar uma data, embora tenha reiterado que “não há um prazo ilimitado”, pelo que espera um “crescimento significativo e incrível dos aliados e dos seus orçamentos de defesa ano após ano”.

Nesse sentido, acrescentou que isso é determinado pelas ameaças à segurança que o bloco militar enfrenta e não pelas exigências de Trump ou do secretário-geral da NATO, Mark Rutte. “Os nossos adversários não vão esperar que estejamos preparados”, advertiu.

Desta forma, Whitaker reiterou que o Presidente norte-americano pede “um plano claro e credível” para atingir 5 por cento de investimento em defesa para “toda” a NATO. Para Whitaker, a situação de segurança exige que os parceiros europeus dêem passos em frente para reforçar o laço transatlântico, pelo que reiterou que a questão das despesas continuará na agenda de Washington.

“Esperaria que os aliados se mostrassem ainda mais vigilantes na hora de exigir responsabilidades uns aos outros pelos progressos realizados ano após ano”, referiu Whitaker, sem nunca mencionar o acordo alcançado domingo pelo presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, e por Rutte, para dar mais flexibilidade a Madrid na sua trajectória de gastos.

24 Jun 2025

Nobel da Paz | Paquistão critica Trump por atacar Irão

O Paquistão condenou o Presidente norte-americano, Donald Trump, por bombardear o Irão, menos de 24 horas depois de ter dito que merecia o Nobel da Paz por ter resolvido a recente crise com a Índia.

As relações entre os dois países do sul da Ásia agravaram-se após um massacre de turistas na Caxemira indiana, em Abril, com os dois países a atacarem-se até negociações lideradas por Washington terem resultado numa trégua atribuída a Trump.

Foi a “intervenção diplomática decisiva e liderança fulcral” de Trump que o Paquistão elogiou numa mensagem efusiva no sábado à noite, quando anunciou a recomendação formal para que recebesse o Prémio Nobel da Paz,

Menos de 24 horas depois, porém, condenou os Estados Unidos por terem atacado o Irão, afirmando que os ataques “constituíam uma grave violação do direito internacional” e dos estatutos da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, num telefonema no domingo com o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, manifestou a preocupação por os bombardeamentos terem visado instalações que estavam sob a salvaguarda da AIEA.

O Paquistão, que possui armas nucleares tal como a Índia, tem laços estreitos com o Irão e apoia os ataques contra Israel com o argumento de que Teerão tem o direito a defender-se, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).

24 Jun 2025

Israel/Irão | Conflito complica ligações aéreas entre Europa e Ásia

Os voos entre o leste asiático e a Europa estão cada vez mais longos, caros e imprevisíveis, apontam analistas, à medida que o conflito entre Irão e Israel se junta ao encerramento do espaço aéreo russo às companhias europeias.

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro de 2022, as transportadoras aéreas da União Europeia estão proibidas de sobrevoar o território russo, o que levou ao cancelamento de dezenas de rotas e obrigou as companhias a desviarem-se por corredores mais a sul ou pelo Ártico.

No caso das ligações com o leste da Ásia, como China, Japão ou Coreia do Sul, o impacto traduz-se em acréscimos de até quatro horas de voo, consumo extra de combustível e, consequentemente, aumento nos custos operacionais e nos preços dos bilhetes.

Nos últimos dias, a intensificação do conflito entre Israel e o Irão, com apoio militar dos Estados Unidos, agravou a situação, levando à suspensão de voos sobre o Irão, Iraque, Síria e Israel. Várias companhias, incluindo Qatar Airways, Lufthansa e Singapore Airlines, ajustaram as rotas ou cancelaram ligações para a região, citando razões de segurança.

Uma fonte de uma grande companhia aérea europeia citada pelo jornal britânico Financial Times sob anonimato disse que, embora as empresas estivessem acostumadas a lidar com encerramentos periódicos do espaço aéreo, a situação actual é “mais grave”, porque as companhias passaram a ter um “corredor realmente pequeno” para voar.

Com os principais corredores aéreos bloqueados a norte e a sul, os voos entre cidades como Pequim, Xangai, Seul ou Tóquio e destinos na Europa passam agora por vias mais estreitas, sobrevoando países da Ásia Central, Turquia ou a Península Arábica. A dependência desses corredores aumenta a pressão sobre os controlos de tráfego aéreo e torna qualquer perturbação local numa ameaça ao fluxo global.

Ganhos e perdas

Companhias aéreas chinesas, como a Air China e a China Eastern, que continuam autorizadas a utilizar o espaço aéreo russo, ganharam, porém, vantagem competitiva. Os seus voos são mais curtos e baratos, permitindo-lhes oferecer tarifas até 35 por cento inferiores às praticadas por operadores europeus nas mesmas rotas, segundo uma estimativa do Financial Times.

Além do impacto no transporte de passageiros, o setor logístico também regista dificuldades, com atrasos na entrega de mercadorias e aumento dos custos de frete.

O especialista Rosen Röhlig apontou num relatório como “o encerramento do espaço aéreo russo às companhias europeias afecta envios de carga aérea na rota Ásia Europa”, levando a “retrocessos em centros globais e aumento dos custos e atrasos”.

“A tendência geral é de um aperto adicional na capacidade das transportadoras. Como resultado (…), rotações de tripulação mais longas e aumento nos custos de combustível podem levar a tarifas mais elevadas e alterações nos horários”, destacou.

Também um estudo da OCDE demonstrou como “o encerramento do espaço aéreo russo a transportadoras de 36 países provocou aumentos significativos do tempo de viagem para passageiros em cerca de 80 por cento das rotas que ligam a Ásia à Europa”.

A mesma análise sublinhou que os corredores alternativos “não conseguem absorver totalmente estes fluxos”, originando atrasos na entrega de mercadorias e aumento dos custos de frete, com impacto directo nas cadeias de abastecimento globais.

A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), que mantém actualizações regulares sobre zonas de exclusão aérea, alertou que a situação permanece volátil, com o risco de novos encerramentos ou incidentes inesperados.

24 Jun 2025

Médio Oriente | Maioria dos cidadãos chineses saem do Irão

A embaixada chinesa em Teerão indicou ontem que a “grande maioria” dos cidadãos chineses já foi retirada do Irão, face ao agravamento do conflito com Israel, intensificado por ataques israelitas e bombardeamentos norte-americanos contra instalações nucleares.

De acordo com o ministro conselheiro da missão diplomática chinesa, Fu Lihua, a embaixada coordenou a retirada em estreita colaboração com o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês e com as representações diplomáticas da China na Turquia, Arménia, Azerbaijão, Turquemenistão e Iraque.

As operações foram realizadas por via rodoviária desde Teerão e outras áreas de risco até às fronteiras terrestres com países vizinhos, como o Azerbaijão e o Turquemenistão, avançou no domingo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. Nos postos fronteiriços, como Astara ou Bajgiran, foram destacadas equipas de apoio para facilitar os procedimentos de saída e garantir a segurança dos cidadãos chineses, explicou Fu.

Segundo dados oficiais, residem actualmente cerca de 4.000 cidadãos chineses no Irão. A embaixada chinesa precisou que os poucos cidadãos chineses que permanecem no Irão já foram transferidos para zonas consideradas mais seguras.

A China realizou também operações de retirada em Israel, de onde cerca de 300 cidadãos chineses, maioritariamente estudantes, foram transportados por via terrestre através das fronteiras com o Egipto e a Jordânia, face ao risco de agravamento do conflito com o Irão. Pequim instou os cidadãos chineses que ainda permanecem em Israel a registarem-se para futuras operações.

Desde o início da recente escalada entre Israel e o Irão, a China manifestou “profunda preocupação” com a situação e apelou repetidamente ao “cessar imediato das hostilidades”, tendo condenado ainda os recentes ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas, que considera contribuírem para “exacerbar as tensões” no Médio Oriente.

24 Jun 2025

Ásia é destino de 84 por cento do petróleo que passa pelo Estreito de Ormuz

Cerca de 84 por cento do petróleo que atravessa o Estreito de Ormuz destina-se à Ásia, incluindo China, Índia, Coreia do Sul e Japão, economias muito vulneráveis a restrições ao tráfego marítimo em caso de escalada do conflito no Médio Oriente.

Cerca de 14,2 milhões de barris por dia de petróleo bruto e 5,9 milhões de barris por dia de outros produtos petrolíferos, ou seja, cerca de 20 por cento da produção mundial, passaram pelo corredor estratégico do Estreito de Ormuz, ao largo do Irão, no primeiro trimestre, segundo a Agência de Informação sobre Energia dos Estados Unidos (EIA).

É a rota praticamente única de exportação do crude da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, do Iraque, do Kuwait, do Qatar e do Irão.

Eis os principais países asiáticos a que se destina este petróleo:

China

Os peritos estimam que mais de metade do petróleo importado pela Ásia Oriental passa pelo Estreito. É o caso da China: segundo a EIA, no primeiro trimestre importou 5,4 milhões de barris por dia de petróleo bruto através de Ormuz.

A Arábia Saudita foi o seu segundo maior fornecedor de ‘ouro negro’ no ano passado, com 1,6 milhões de barris por dia, ou seja, 15 por cento do total das suas importações, segundo a EIA. O próprio Irão tornou-se uma fonte importante de hidrocarbonetos: em Abril, exportou 1,3 milhões de barris por dia para a China.

A maior parte é comprada por pequenas refinarias chinesas (conhecidas como “teapots”) que operam independentemente das companhias petrolíferas estatais – uma forma de evitar as sanções dos EUA. A China absorve mais de 90 por cento das exportações de petróleo do Irão.

Índia

A Índia importou 2,1 milhões de barris por dia de crude através do Estreito no primeiro trimestre, segundo a EIA.

A Índia está fortemente dependente do Estreito, com o Médio Oriente a fornecer cerca de 53 por cento das suas importações de petróleo no início de 2025, de acordo com a imprensa financeira local, nomeadamente do Iraque e da Arábia Saudita.

Isto é suficiente para deixar Nova Deli nervosa face à escalada das tensões, apesar de o país ter aumentado as suas compras de hidrocarbonetos russos nos últimos três anos. “Tomaremos todas as medidas necessárias para assegurar um abastecimento estável de combustível aos nossos cidadãos”, insistiu o ministro do Petróleo indiano, Hardeep Singh Puri, na X.

“Diversificámos os nossos fornecimentos nos últimos anos (…) Os nossos distribuidores dispõem de reservas para várias semanas e continuam a ser abastecidos através de vários canais”, declarou, sem dar mais pormenores.

Coreia do Sul

De acordo com os dados da indústria petrolífera do país, cerca de 68 por cento das importações de petróleo bruto da Coreia do Sul passam pelo Estreito de Ormuz – um volume de 1,7 milhões de barris por dia, segundo a EIA.

O país é particularmente dependente da Arábia Saudita, que no ano passado foi responsável por um terço das suas importações de petróleo, tornando-se o principal fornecedor do país.

“Até à data, não se registaram perturbações nas importações de petróleo bruto e de GNL (gás natural liquefeito) da Coreia do Sul, mas poderá surgir uma crise de abastecimento em função da evolução da situação”, reconhece o ministério da Energia sul-coreano em comunicado.

“O Governo e os intervenientes da indústria prepararam-se para situações de emergência, mantendo uma reserva estratégica de petróleo equivalente a cerca de 200 dias de abastecimento e reservas suficientes de GNL”, insistiu.

Japão

O Japão importa 1,6 milhões de barris por dia de petróleo bruto através do Estreito de Ormuz, segundo a EIA. E, segundo os dados aduaneiros japoneses, 95 por cento do petróleo bruto importado pelo arquipélago no ano passado veio do Médio Oriente.

As empresas de transporte de energia do país começaram a adaptar-se: “Estamos atualmente a tomar medidas para reduzir ao máximo o tempo de permanência dos nossos navios no Golfo”, declarou à AFP a Mitsui OSK.

O resto da Ásia (dois milhões de barris por dia), nomeadamente a Tailândia e as Filipinas, mas também a Europa (0,5 milhões) e os Estados Unidos (0,4 milhões) foram outros destinos do petróleo bruto que passou pelo Estreito de Ormuz no primeiro trimestre.

Alternativas limitadas

Os países asiáticos poderiam tentar diversificar as suas fontes de abastecimento – nomeadamente reforçando as suas compras de hidrocarbonetos americanos – mas seria impossível substituir os grandes volumes provenientes do Médio Oriente.

A curto prazo, “as elevadas reservas mundiais de petróleo, a capacidade de reserva da OPEP [Organização de Países Exportadores de Petróleo] e a produção de gás de xisto nos Estados Unidos poderão proporcionar uma certa protecção”, consideram especialistas do MUFG citados pela Afp.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos dispõem de infraestruturas que lhes permitem contornar o Estreito de Ormuz, o que poderia atenuar um pouco qualquer perturbação, mas a sua capacidade de trânsito, estimada pela EIA em cerca de 2,6 milhões de barris por dia, continua a ser muito limitada.

E o oleoduto Goreh-Jask, criado pelo Irão para exportar através do Golfo de Omã, que está inactivo desde o ano passado, só tem uma capacidade máxima de 300.000 barris por dia, também segundo a EIA.

24 Jun 2025

Israel/Irão | China pede esforços para evitar fecho de Estreito de Ormuz

O fecho do Estreito de Ormuz pode afectar seriamente não só a economia chinesa, mas todo o comércio internacional

 

A China pediu ontem esforços internacionais para “evitar um impacto no desenvolvimento económico mundial”, após o parlamento do Irão ter proposto o encerramento do Estreito de Ormuz, por onde transita cerca de 20 por cento do petróleo e gás mundial.

“O Golfo Pérsico e as suas águas circundantes são canais importantes para o comércio internacional de bens e energia”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, numa conferência de imprensa em Pequim.

Guo sublinhou que “manter a segurança e a estabilidade na região está no interesse comum da comunidade internacional” e defendeu que “os esforços para promover a distensão dos conflitos devem ser intensificados”.

O porta-voz reagia à proposta apresentada no domingo pelo parlamento iraniano, na sequência do ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irão, para que o Estreito de Ormuz seja encerrado ao tráfego marítimo – uma medida com impacto global no comércio de hidrocarbonetos e que terá ainda de ser aprovada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano.

Guo reiterou que a operação militar de Washington “exacerba as tensões no Médio Oriente” e revelou que a China, juntamente com a Rússia e o Paquistão, apresentou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projecto de resolução que apela a “um cessar-fogo imediato e incondicional” entre Irão, Israel e Estados Unidos.

“Atacar instalações nucleares sob as salvaguardas do Organismo Internacional de Energia Atómica constitui uma violação grave dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional”, declarou o porta-voz, pedindo “a todas as partes” que evitem uma escalada e defendendo o regresso ao “caminho da solução política”.

Sem comentários

Guo não comentou directamente as declarações do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que exortou a China a interceder junto do Irão para evitar o encerramento do estreito.

“Apelo ao Governo chinês, em Pequim, para que contacte Teerão sobre esta matéria, pois dependem fortemente do Estreito de Ormuz para o fornecimento de petróleo”, afirmou Rubio numa entrevista à estação televisiva norte-americana Fox News. O eventual encerramento do Estreito de Ormuz afectaria o comércio global e, em particular, a China – o maior importador de petróleo iraniano e parceiro estratégico de Teerão.

24 Jun 2025

MNE iraniano diz que primeiro israelitas e agora EUA “fizeram explodir a diplomacia”

O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros reagiu aos apelos da União Europeia e Londres para voltar ao diálogo afirmando que os Estados Unidos e Israel “decidiram fazer explodir” a diplomacia ao bombardearem o Irão.

“Estávamos a negociar (sobre o programa nuclear iraniano) com os Estados Unidos quando Israel decidiu fazer explodir essa diplomacia”, afirmou Abbas Araghchi, através da plataforma X e depois em declarações em Istambul, acrescentando que, depois, quando estavam em diálogo com países da União Europeia – referindo-se às negociações em Genebra esta semana -, “os Estados Unidos decidiram, por sua vez, reverter esta diplomacia”.

“Que conclusões se podem tirar disto?”, respondeu Araqchi aos apelos feitos ontem pela chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, apelou para que “todas as partes” dêem “um passo atrás”, regressem à mesa de negociações e evitem uma nova escalada”, depois do bombardeamento, na passada madrugada, dos EUA contra as principais instalações nucleares do Irão.

O primeiro-ministro britânico, por seu turno, apelou para que o Irão “regresse à mesa das negociações”, sublinhando que “a estabilidade na região é uma prioridade”. Na resposta dura a estes apelos para voltar à mesa de negociações, o chefe da diplomacia iraniano sustentou ainda: “Como poderia o Irão voltar a algo que nunca abandonou, e muito menos destruiu?”.

Ao ataque

O Presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou na passada madrugada que as forças armadas dos Estados Unidos atacaram três centros nucleares no Irão, incluindo Fordo, juntando-se directamente a Israel para travar o programa nuclear do país.

“Concluímos o nosso bem-sucedido ataque às três instalações nucleares no Irão, incluindo Fordo, Natanz e Esfahan”, disse Trump numa publicação nas redes sociais. A guerra começou na madrugada de dia 13 de Junho, com Israel a lançar uma vasta ofensiva militar contra o país persa, alegadamente para impedir o avanço do programa nuclear iraniano para fins militares.

Os ataques dizimaram infraestruturas militares e nucleares do Irão, que tem respondido com vagas de mísseis sobre as principais cidades israelitas, incluindo Tel Aviv e Jerusalém, assim como várias instalações militares espalhadas pelo país.

23 Jun 2025

Chuvas | Inundações deixam dezenas de milhares de desalojados

As intensas chuvas que assolaram várias regiões do sul e centro da China desde o início da semana passada afectaram pelo menos 300.000 pessoas e obrigaram à retirada de dezenas de milhares de residentes, sobretudo na província de Guangdong.

Na vila de Huaiji, uma das zonas mais afectadas, as chuvas provocaram inundações de até três metros de profundidade, deixando metade das estradas locais intransitáveis.

Imagens divulgadas pela televisão estatal mostram ruas cobertas de lama e vizinhos e voluntários a trabalhar na sua limpeza. A situação também é crítica em outras províncias do centro e leste do país, como Hunan, onde o rio Lishui registou a sua maior cheia desde 1998.

Na vila de Longshan, quatro pessoas continuam desaparecidas depois de ficarem presas numa garagem subterrânea inundada. Na província vizinha de Hubei, as autoridades retiraram centenas de pessoas em municípios como Hefeng e Laifeng.

Neste último, uma creche ficou completamente inundada e foi necessário transportar 500 crianças em jangadas, informou o jornal The Paper. O Ministério dos Recursos Hídricos enviou equipas técnicas para zonas de alto risco e pediu aos governos locais que reforçassem a vigilância e a evacuação preventiva de áreas vulneráveis.

Especialistas locais têm alertado nos últimos anos que as alterações climáticas podem aumentar a frequência de fenómenos meteorológicos extremos no país asiático.

23 Jun 2025

Visita | China e Nova Zelândia apostam na cooperação

Apesar do recente diferendo em torno das Ilhas Cook, os dois países reafirmam o compromisso de aprofundar as históricas relações bilaterais

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro neozelandês, Christopher Luxon, destacaram sexta-feira, em Pequim, a solidez das relações bilaterais e apostaram no aprofundamento da cooperação, apesar das divergências em relação à aproximação entre Pequim e as Ilhas Cook.

Durante o encontro, realizado no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen, Xi destacou que a China e a Nova Zelândia “avançam de mãos dadas” há meio século, numa relação que “esteve na vanguarda” dos laços de Pequim com os países desenvolvidos.

O líder chinês afirmou que ambas as partes devem “aprofundar a cooperação económica e comercial”, explorar novos espaços em áreas como a inovação tecnológica e a luta contra as alterações climáticas, e “gerir adequadamente as diferenças”, preservando o princípio do “respeito mútuo” e a “busca de consensos”.

Xi também observou que as duas nações “não têm conflitos históricos nem interesses fundamentais em disputa”, o que, acrescentou, “deve facilitar uma relação construtiva e estável”.

Segundo a televisão estatal CCTV, Luxon reiterou que o seu país “mantém o compromisso com a política de ‘uma só China’” e expressou a sua intenção de “reforçar o diálogo de alto nível”, ao mesmo tempo que defendeu a ampliação da cooperação em sectores como a agricultura, os laticínios e o turismo.

“O mundo atravessa um período de incerteza, e espera-se que a China desempenhe um papel relevante”, afirmou o primeiro-ministro neozelandês, que se mostrou disposto a colaborar com Pequim na defesa do sistema multilateral de comércio e na preparação da cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) que a China acolherá em 2026.

Pontos de vista

A visita ocorre num contexto de tensões diplomáticas entre a Nova Zelândia e as Ilhas Cook, após a assinatura de um acordo entre o país insular do Pacífico Sul e a China, que levou Wellington a congelar parte da sua ajuda ao desenvolvimento.

Pequim rejeitou as críticas de Wellington e sublinhou que a sua cooperação com as Ilhas Cook “não é dirigida contra terceiros nem deve ser interferida ou restringida por terceiros”.

A China defendeu que os seus acordos com o arquipélago se baseiam na “igualdade e respeito mútuo” e têm como objectivo “impulsionar o desenvolvimento económico e melhorar as condições de vida” nesses territórios do Pacífico.

23 Jun 2025

Rússia | Putin diz que rearmamento da NATO não é uma ameaça

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou ontem que o rearmamento da NATO não representa uma ameaça para o país, assegurando que Moscovo dispõe das “capacidades de defesa” necessárias para fazer frente à aliança transatlântica.

“Não consideramos qualquer rearmamento da NATO como uma ameaça à Federação da Rússia, porque somos auto-suficientes em matéria de segurança”, declarou Putin, durante uma mesa-redonda com representantes de agências de notícias internacionais, à margem do Fórum Económico Internacional de São Petersburgo. O chefe de Estado russo acrescentou que o país está “constantemente a melhorar as suas Forças Armadas e capacidades de defesa”.

Num momento em que a NATO prepara uma nova cimeira, na próxima semana, em Haia (Países Baixos), e incentiva os membros a aumentarem o investimento em defesa, Putin considerou que um eventual reforço orçamental até 5 por cento do PIB, por parte dos aliados, representaria “desafios específicos” para Moscovo, mas disse que esse esforço financeiro “não faz sentido” para os próprios países da aliança.

“Responderemos a todas as ameaças que surjam. Disso não há dúvidas”, assegurou. Putin referiu-se à ofensiva lançada contra a Ucrânia em 2022 como parte de um confronto mais amplo com a NATO, que considera representar uma ameaça “existencial” junto às fronteiras russas.

No quadro de futuras negociações de paz, o líder russo manifestou interesse em discutir a arquitectura de segurança europeia, nomeadamente com o Presidente norte-americano, Donald Trump.

Kiev procura, no entanto, garantias de segurança por parte da NATO como condição para um eventual acordo para pôr fim à guerra. Dois ciclos de negociações entre russos e ucranianos tiveram lugar em Istambul, mas não resultaram em avanços concretos.

Putin afirmou ainda que as forças russas continuam a avançar “todos os dias” na frente de combate, enfrentando um exército ucraniano em inferioridade numérica e em dificuldades operacionais. No terreno, as forças russas mantêm os ataques diários contra cidades e aldeias ucranianas.

20 Jun 2025

Japão | Sismo com magnitude de 6,1 sacode ilha de Hokkaido

Um sismo de magnitude 6,1 atingiu ontem a costa oriental da ilha japonesa de Hokkaido, no norte do arquipélago, sem que tenha sido emitido um alerta de tsunami ou tenham sido registados danos.

O terramoto ocorreu às 8:08 locais com epicentro a uma profundidade não especificada nas águas ao largo da costa da península de Nemuro, segundo a Agência Meteorológica do Japão (JMA).

O terramoto na cidade de Kushiro atingiu o nível 4 na escala sísmica japonesa de 7 níveis, que se centra na medição dos abalos superficiais e do potencial destrutivo do sismo, e foi sentido com menor intensidade noutras zonas de Hokkaido e em partes da ilha principal de Honshu, no nordeste do país.

O JMA alertou para o facto de o terramoto poder causar algumas alterações de maré na zona, mas acrescentou que não há motivo para preocupação quanto a potenciais danos. As autoridades locais não foram informadas de quaisquer incidentes relacionados com o terramoto.

O Japão situa-se no chamado Anel de Fogo, uma das zonas sísmicas mais activas do mundo, e sofre terramotos com relativa frequência, pelo que as suas infraestruturas são especialmente concebidas para resistir aos tremores.

20 Jun 2025

Identificadas mais de 200 vítimas da queda do Boeing 787 na Índia

As autoridades indianas anunciaram esta quarta-feira que identificaram os corpos de mais de 200 vítimas do voo 171 da Air India, que se despenhou a 12 de Junho em Ahmedabad, no noroeste da Índia. Segundo o director clínico do hospital civil da cidade, Rakesh Joshi, até quarta-feira, foram identificadas 208 vítimas do acidente.

A queda do Boeing 787, logo após ter descolado com destino ao aeroporto de Gatwick, em Londres, matou pelo menos 279 pessoas, de acordo com o último balanço oficial, tornando-a o pior desastre aéreo do mundo desde 2014.

O avião, com 242 pessoas a bordo, despenhou-se numa zona residencial de Ahmedabad a 12 de Junho, um minuto após a descolagem, às 13:39. Segundo a Autoridade da Aviação Civil indiana, este avião de longo curso transportava 230 passageiros – 169 indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadiano – e 12 tripulantes.

Só um passageiro, sentado junto a uma saída de emergência na parte da frente do avião, sobreviveu milagrosamente ao acidente. Em terra, pelo menos 38 pessoas morreram, de acordo com o mais recente balanço.

Em investigação

Os investigadores da aviação civil encarregados do inquérito recuperaram as duas caixas negras do avião, que registam as conversas no ‘cockpit’ e os parâmetros técnicos do voo. De acordo com as primeiras conclusões, o piloto emitiu um apelo de emergência (‘Mayday’) logo após a descolagem.

Imagens de vídeo difundidas após a catástrofe mostram o avião sem conseguir ganhar altitude e depois a despenhar-se pesadamente no solo, numa bola de fogo cor de laranja.

A Autoridade da Aviação Civil indiana ordenou uma inspecção dos outros 33 Boeing 787 ao serviço na frota da Air India “por precaução”. Essas inspecções não mostraram “qualquer problema de maior”, declarou a Autoridade da Aviação Civil na terça-feira à noite.

“Os aparelhos e os sistemas de manutenção foram considerados em conformidade com as normas de segurança em vigor”, indicou. A Air India anunciou quarta-feira num comunicado que vai efectuar “controlos de segurança reforçados na frota de Boeing 787” e cancelar alguns voos.

“As tensões geopolíticas no Médio Oriente, o recolher obrigatório nocturno nos espaços aéreos de muitos países europeus e do Leste Asiático, as inspecções de segurança reforçadas em curso, bem como a necessária abordagem cautelosa adoptada pelo pessoal técnico e pelos pilotos da Air India, conduziram ao aumento do número de voos cancelados”, declarou a companhia aérea no comunicado.

20 Jun 2025

Israel | Cidadãos chineses começam a sair do país

A Embaixada da China em Israel começou a registar os cidadãos chineses residentes naquele país que desejem ser retirados para o Egipto, num processo que terá início hoje, anunciou ontem a missão diplomática, em comunicado.

De acordo com a nota, “não se pode descartar” um agravamento da situação, na sequência da escalada de ataques entre Israel e o Irão durante a última semana, razão pela qual a embaixada prestará apoio aos cidadãos que optem por abandonar o território israelita.

A evacuação será feita por via terrestre, através de grupos organizados, transportados em autocarro até ao posto fronteiriço de Taba, na fronteira entre Israel e o Egipto.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China Guo Jiakun revelou na quarta-feira que alguns cidadãos chineses já “foram transferidos com sucesso desde Israel”, sem avançar mais pormenores. Segundo dados oficiais, residem actualmente cerca de 1.200 cidadãos chineses em Israel.

Em paralelo, a China iniciou também a retirada dos seus nacionais no Irão, onde a comunidade chinesa ronda as 4.000 pessoas. Até quarta-feira, 791 cidadãos chineses tinham já sido transferidos para zonas seguras em países vizinhos, como o Azerbaijão e o Turquemenistão, e mais de mil encontravam-se “em processo de evacuação”, indicou Guo.

Pequim manifestou esta semana a sua “profunda preocupação” com o agravamento do conflito entre Teerão e Telavive, apelando para a adoção de “medidas imediatas para acalmar as tensões”, ao mesmo tempo que reiterou que “a força não pode trazer uma paz duradoura”.

20 Jun 2025

Direito Internacional | Wang Yi condena Israel em conversa com Egipto e Omã

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, condenou ontem Israel por “ignorar o Direito Internacional” e provocar “uma escalada abrupta das tensões no Médio Oriente”, durante uma conversa por telefone com os homólogos do Egipto e de Omã.

Em conversa com o chefe da diplomacia egípcia, Badr Abdelatty, Wang apelou a um consenso e a ações conjuntas por parte da comunidade internacional, “em especial entre os países da região”, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O ministro chinês reiterou o apelo a um cessar-fogo e à redução das tensões entre Israel e o Irão, e afirmou que a China está disposta a trabalhar com o Egpto para melhorar a comunicação e a coordenação com os organismos multilaterais – como as Nações Unidas – e a envidar os esforços necessários para promover conversações de paz e reconciliação.

Num tom semelhante, Wang Yi disse ao homólogo de Omã, Sayyid Badr bin Hamad bin Hamood Albusaidi, que Israel violou “a soberania e segurança do Irão”.

O chefe da diplomacia chinesa manifestou ainda o apoio de Pequim à declaração conjunta emitida por 21 países árabes, incluindo Omã, e expressou confiança em que essas nações se mantenham unidas e persistam nos esforços para levar as partes envolvidas ao diálogo.

Pequim, parceiro próximo de Teerão, reiterou que “a força não pode trazer uma paz duradoura” e assegurou que “continuará a manter comunicação com as partes relevantes, promovendo a paz e o diálogo”.

20 Jun 2025

Médio-Oriente | China adverte para “risco de descontrolo”

Pequim continua a apelar ao fim das hostilidades entre Israel e o Irão, enquanto os Estados Unidos hesitam se devem, ou não, intervir directamente no conflito

 

A China advertiu ontem que “a situação no Médio Oriente é tensa e delicada, e corre o risco de se descontrolar”, pedindo “atitude responsável” aos Estados Unidos, numa altura de fortes tensões entre Irão e Israel.

“O conflito já dura há uma semana, causou grandes prejuízos aos povos de ambos os países e afectou gravemente a paz e a estabilidade da região e do mundo”, afirmou Guo Jiakun, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, numa conferência de imprensa em Pequim.

Guo sublinhou que o agravamento do conflito “não trará vencedores” e reiterou a oposição da China a “qualquer violação dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e a qualquer atentado contra a soberania, segurança e integridade territorial de outros países”, bem como “ao uso ou ameaça de uso da força nas relações internacionais”.

Num recado velado a Washington, o porta-voz afirmou que “a comunidade internacional, especialmente os grandes países influentes, deve manter uma posição justa e uma atitude responsável, de forma a criar condições favoráveis a um cessar-fogo e ao regresso ao diálogo e às negociações”, para evitar que “a situação regional caia num abismo e se produzam desastres ainda maiores”.

Ao sabor do vento

Na quarta-feira, Trump deixou em aberto a possibilidade de uma intervenção militar norte-americana contra o Irão. “Pode ser que o faça. Pode ser que não o faça. Quero dizer, ninguém sabe o que eu vou fazer”, disse o republicano.

Trump acrescentou que Teerão ainda quer negociar um acordo nuclear com os Estados Unidos e que, segundo afirmou, o Irão terá mesmo proposto enviar uma delegação à Casa Branca para retomar as conversações — algo que o Governo iraniano negou.

O Presidente norte-americano sugeriu ainda que o início dos ataques israelitas contra instalações nucleares e militares do Irão ocorreu depois de expirado o prazo imposto por Washington a Teerão para concluir um novo pacto nuclear.

20 Jun 2025

Japão | Empresas pedem à China que acelere licenças de exportação de terras raras

A Câmara de Comércio e Indústria do Japão na China pediu ontem às autoridades chinesas que reduzam as restrições à exportação de terras raras e acelerem a emissão de licenças, após meses de atrasos que afectaram a produção.

Durante uma conferência de imprensa realizada em Pequim, o presidente do grupo empresarial, Tetsuro Homma, afirmou que as restrições impostas pela China desde Abril sobre sete tipos de minerais estratégicos estão a afectar tanto a produção como as exportações das empresas japonesas sediadas no país.

Homma indicou que, após uma reunião com o Ministério do Comércio chinês, em 28 de Maio, algumas licenças começaram a ser aprovadas, embora em número ainda limitado. A Câmara alertou que os controlos “podem prejudicar as cadeias de abastecimento de bens de consumo” e apelou a que sejam aplicados apenas quando “realmente necessários por razões de segurança”.

A China detém mais de 70 por cento da produção mundial de terras raras, componentes essenciais no fabrico de produtos como telemóveis, computadores e veículos eléctricos. As restrições fazem parte de um conjunto de medidas adoptadas por Pequim desde 2023, no contexto das tensões comerciais com os Estados Unidos.

Pequim e Washington alcançaram recentemente um princípio de acordo para reduzir essas tensões, no qual a China se comprometeu a aliviar algumas barreiras não tarifárias, incluindo os controlos sobre materiais estratégicos.

19 Jun 2025

Médio-Oriente | China já retirou cerca de 800 cidadãos do Irão

A China já retirou cerca de 800 dos seus cidadãos do Irão, desde o início na semana passada da ofensiva militar de Israel contra aquele país, que provocou várias centenas de mortos.

Desde 13 de Junho, as Forças Armadas israelitas têm conduzido ataques aéreos de grande intensidade sobre território iraniano, justificando a operação com o objectivo de impedir Teerão de desenvolver armas nucleares. Em resposta, o Irão prometeu manter os bombardeamentos sobre Israel até ao fim dos ataques.

“O total de 791 cidadãos chineses já foi transferido do Irão para zonas seguras, e mais de 1.000 pessoas estão em processo de retirada”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China Guo Jiakun, durante uma conferência de imprensa em Pequim.

Segundo o mesmo responsável, cidadãos chineses também foram retirados em segurança de Israel. “A China expressa a sua gratidão aos países envolvidos pelo apoio e assistência prestados”, declarou Guo Jiakun.

Israel voltou a atacar o Irão na noite de quarta-feira, pela sexta vez consecutiva, num contexto de crescente tensão, agravado pelas declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que exigiu a “capitulação incondicional” de Teerão.

Aliado de Israel, Trump escreveu na rede Truth Social que os Estados Unidos “sabem exactamente onde se esconde o chamado ‘guia supremo’” do Irão, o aiatola Ali Khamenei, mas garantiu que não têm, “pelo menos para já”, intenção de o “eliminar (matar!)”. Confrontado com estas declarações, o porta-voz chinês afirmou que “uma nova escalada de tensões no Médio Oriente não serve os interesses de nenhuma das partes”.

“Os países que exercem influência particular sobre Israel devem demonstrar objectividade e justiça, assumir as suas responsabilidades e desempenhar um papel positivo e construtivo para travar a escalada”, afirmou Guo Jiakun, numa referência implícita aos Estados Unidos.

19 Jun 2025

Xangai | Lançado centro internacional para o yuan digital

O banco central da China anunciou ontem a criação de um centro internacional de operações para o yuan digital, em Xangai, no âmbito de novas medidas destinadas a reforçar o papel da cidade como centro financeiro global.

O anúncio teve lugar durante a abertura do Fórum de Lujiazui, um evento anual focado nas reformas do sistema financeiro chinês, onde o governador do Banco Popular da China (banco central), Pan Gongsheng, revelou ainda outras iniciativas, como a criação de um repositório de dados para transações nos mercados interbancários e novas ferramentas estruturais de política monetária.

As medidas visam melhorar a supervisão financeira e promover a inovação em áreas como o comércio internacional e as finanças digitais, incluindo também a criação de uma agência de informação de crédito e o incentivo à utilização da moeda chinesa em contratos de futuros cambiais.

Pan afirmou que o centro para o yuan digital, designado e-RMB, tem como objetivo “facilitar o desenvolvimento de serviços relacionados com a moeda digital em mercados internacionais”.

O responsável destacou ainda que a transformação do quadro de política monetária é “um processo gradual e contínuo”, acrescentando que o banco central continuará a avaliar e ajustar os seus instrumentos para sustentar a estabilidade financeira.

A iniciativa surge numa altura em que Pequim procura reforçar o papel global do yuan, num contexto de tensões comerciais com os Estados Unidos e na sequência das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia. Em 2024, a utilização da moeda chinesa em transações transfronteiriças atingiu níveis recorde, impulsionada pelas trocas entre a China e a Rússia.

O crescimento do comércio liquidado em yuan foi também impulsionado pelas linhas de câmbio que Pequim abriu com a Arábia Saudita, Argentina e Mongólia. Novos bancos de compensação para o yuan foram ainda estabelecidos no Laos, Cazaquistão, Paquistão, Brasil e Sérvia.

19 Jun 2025

Tecnologia | China consegue comunicação laser com satélite cinco vezes mais rápida que a da Starlink

Uma equipa de cientistas chineses afirma ter conseguido transmitir dados de um satélite geoestacionário para a Terra a uma velocidade de 1 gigabit por segundo (Gbps) utilizando um laser de apenas 2 watts de potência. O avanço, segundo a equipa de cientistas chineses, traduz-se numa ligação cinco vezes mais veloz do que a oferecida pelo sistema Starlink, da SpaceX, do empresário Elon Musk.

A experiência foi realizada com um satélite a uma altitude de 36.000 quilómetros e um telescópio terrestre de 1,8 metros localizado na província de Yunnan, no sudoeste do país, noticiou ontem o diário South China Morning Post, com sede em Hong Kong. A tecnologia foi capaz de reduzir significativamente as distorções causadas pela turbulência atmosférica, um dos principais obstáculos a este tipo de comunicação.

De acordo com o estudo, publicado por investigadores da Universidade de Correios e Telecomunicações de Pequim e da Academia Chinesa de Ciências, a equipa combinou duas técnicas bem conhecidas – óptica adaptativa e receção de diversidade modal – para melhorar a fiabilidade do sinal. Com este método, a taxa de sinal útil aumentou de 72 por cento para 91,1 por cento.

Os cientistas afirmam que a tecnologia permitirá transferências rápidas de dados sensíveis ou de grande volume, mesmo a partir de órbitas elevadas, embora a identidade do satélite utilizado não tenha sido especificada.

Nos últimos anos, a China intensificou o desenvolvimento de tecnologias de comunicação a laser baseadas no espaço. Em 2020, o satélite chinês Shijian-20 atingiu um recorde mundial de transmissão a 10 Gbps, embora os pormenores técnicos permaneçam confidenciais.

Pequim identificou a integração das redes espaciais e terrestres como uma prioridade estratégica para as futuras gerações de comunicação, como a 6G.

19 Jun 2025

Ásia Central | Xi anuncia mais investimento no desenvolvimento da região

A Cimeira China-Ásia Central, que contou com a participação de seis países da região, terminou com a assinatura de vários acordos e o reforço substancial do investimento chinês em projectos de desenvolvimento

 

A China anunciou, na terça-feira, que vai investir este ano 1,5 mil milhões de yuan na Ásia Central, em projectos de subsistência e desenvolvimento na região, de crescente importância geoestratégica. Os seis países participantes na Cimeira China-Ásia Central também assinaram um pacto de “amizade permanente”.

“A China está disposta a fornecer 1,5 mil milhões de yuan em assistência financeira aos países da Ásia Central este ano para apoiar projectos de subsistência e desenvolvimento de interesse comum para cada país”, disse o Presidente chinês, Xi Jinping, na cimeira realizada em Astana.

Xi saudou a assinatura do Tratado de Boa Vizinhança e Cooperação Amigável Permanente como um marco nas relações entre as seis nações. O acordo representa “um esforço inovador na diplomacia de vizinhança da China – uma contribuição para o nosso tempo que beneficia as gerações futuras”, descreveu.

A China tem tratados semelhantes com a Rússia e o Paquistão. Xi também enfatizou a necessidade de cooperação num mundo que está a “entrar num novo período de turbulência e transformação”.

“Não haverá vencedores na guerra tarifária e comercial. Os defensores do proteccionismo e do hegemonismo prejudicarão tanto os outros como a si próprios”, afirmou Xi, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.

Xi anunciou ainda a criação de três centros de cooperação no âmbito do quadro de cooperação China-Ásia Central, com foco na redução da pobreza, intercâmbios educacionais e combate à desertificação, juntamente com uma plataforma de facilitação do comércio.

Esta é apenas a segunda vez que a cimeira é realizada, sendo que a primeira edição ocorreu na cidade chinesa de Xian, em 2023. Os esforços reflectem o envolvimento cada vez maior da China com a Ásia Central, que no passado se concentrou em áreas como infraestruturas, incluindo oleodutos, ligações ferroviárias e projetos de mineração.

A Ásia Central ocupa um lugar de destaque na iniciativa chinesa Faixa e Rota – um gigantesco plano de investimentos em infraestruturas que engloba 65 países, compreendendo aproximadamente 62 por cento da população do planeta e 30 por cento do Produto Interno Bruto global.

Segurança na agenda

“Os dois países devem reforçar ainda mais a cooperação em matéria de aplicação da lei, segurança e defesa, combater conjuntamente as ‘três forças’ [terrorismo, separatismo e extremismo] e melhorar a colaboração em matéria de cibersegurança”, afirmou Xi, referindo-se a uma conversa mantida com o Presidente do Turquemenistão, Serdar Berdimuhamedov.

A presença de Pequim na segurança da região está a aumentar gradualmente, através de exercícios conjuntos de contraterrorismo e programas de formação e ajuda militar.

É o caso do Tajiquistão, país com uma longa fronteira com o Afeganistão, que a China teme que possa facilitar a incursão de terroristas da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur na região chinesa de Xinjiang para realizarem operações.

Nas conversações com o Presidente tajique, Emomali Rahmon, Xi apelou a uma cooperação mais profunda em matéria de aplicação da lei e segurança para combater as “três forças”. Rahmon comprometeu-se a “reforçar a coordenação com Pequim, para que a Organização de Cooperação de Xangai (SCO) desempenhe um papel mais importante”.

A SCO tem sido o principal fórum multilateral de interação entre a China e toda a região. O agrupamento político, económico e de segurança foi fundado em 2001 pela China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão, sublinhando um compromisso com a “neutralidade permanente”.

Xi também manteve conversações separadas com o Presidente quirguiz, Sadyr Japarov, na terça-feira, e descreveu a relação entre os dois países como “a melhor de sempre”. O chefe de Estado chinês afirmou que a construção da ferrovia China–Quirguistão-Uzbequistão é uma prioridade máxima.

Xi instou o homólogo cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, a acelerar os projectos ferroviários transfronteiriços e as melhorias na infraestrutura portuária. “Pequim e Astana devem agir como um forte apoio mútuo em tempos turbulentos”, reforçou.

19 Jun 2025

Taiwan | China critica “adulação” de Taipé aos EUA

O Governo chinês acusou ontem as autoridades de Taiwan de adularem Washington, após Taipé ter incluído duas empresas chinesas numa lista negra de entidades estrangeiras com as quais não se podem realizar transacções comerciais sem autorização expressa.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun afirmou que “a China opõe-se firmemente à politização da ciência, da tecnologia e dos assuntos económicos e comerciais por parte dos Estados Unidos”.

As declarações surgem depois de, segundo Pequim, sob pressão de Washington, Taiwan ter adicionado à sua lista de entidades a tecnológica Huawei e a principal fabricante de semicondutores da China, a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC).

Guo criticou o que classificou como “generalização do conceito de segurança nacional”, “abuso dos controlos de exportação e da jurisdição extraterritorial” e a “repressão maliciosa contra a China”. “O comportamento das autoridades taiwanesas apenas prejudicará e destruirá Taiwan”, acrescentou o porta-voz.

Na mais recente atualização da lista de entidades da Administração de Comércio Internacional de Taiwan, publicada no fim de semana, figuram agora a Huawei, a SMIC e várias subsidiárias destas empresas, tanto chinesas como estrangeiras.

As novas regras obrigam as empresas taiwanesas a obterem autorização expressa de Taipé antes de poderem vender produtos ou tecnologia a essas companhias.

De acordo com a agência Bloomberg, as restrições vão limitar, pelo menos parcialmente, o acesso da Huawei e da SMIC a materiais e tecnologia taiwaneses relacionados com a produção de semicondutores para inteligência artificial (IA) e com a construção de fábricas do sector.

Taiwan alberga a TSMC, líder global na produção de semicondutores, uma tecnologia considerada crítica para a estratégia de auto-suficiência tecnológica da China, que ainda depende de terceiros para aceder às tecnologias mais avançadas.

18 Jun 2025

Israel/Irão | Pequim insta cidadãos chineses a abandonarem Israel “o mais rapidamente possível”

A Embaixada da China em Israel instou ontem os seus cidadãos a abandonarem o país o mais rapidamente possível através das passagens fronteiriças terrestres com a Jordânia e o Egipto, face à escalada do conflito com o Irão.

A missão diplomática recomendou “priorizar” a rota para a Jordânia e indicou que muitos cidadãos chineses entraram em contacto com a embaixada para perguntar sobre a reabertura dos aeroportos ou a retoma dos voos, segundo um comunicado.

As autoridades israelitas mantêm o espaço aéreo fechado e prorrogaram o estado de emergência nacional até 30 de Junho, acrescenta o texto.

A missão diplomática forneceu informações detalhadas sobre os requisitos, horários e taxas dos principais postos fronteiriços e comprometeu-se a garantir a continuidade dos serviços consulares para facilitar a saída dos cidadãos chineses.

A medida surge num contexto de forte escalada da guerra no Médio Oriente, após mais de uma semana de confrontos directos entre o Irão e Israel, que causaram centenas de mortos e aumentaram o risco de um conflito regional em grande escala.

A China expressou na segunda-feira a sua “profunda preocupação” com os ataques israelitas contra o Irão e pediu a todas as partes que “criassem as condições” para a retoma do diálogo, após confrontos que já causaram mais de 240 mortos entre os dois países.

Pequim já havia alertado os seus cidadãos em Israel e no Irão para que tomassem precauções extremas e evitassem zonas sensíveis.

Na segunda-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instou a que “toda a gente saia de Teerão imediatamente”, lamentando que o Irão não tenha assinado um pacto nuclear com Washington e sublinhando que o país persa “não pode ter uma arma nuclear”.

18 Jun 2025

Crime | Alerta para sofisticados golpes ‘online’ que afectam vítimas de todas as idades

As autoridades chinesas alertaram ontem para o crescente uso de plataformas digitais para cometer fraudes, num Livro Branco sobre crimes ‘online’ que indica que a idade média das vítimas no país é de 40 anos.

O documento, elaborado pelo órgão fiscal máximo do país, detalha que, em 2024, as autoridades processaram mais de 3.000 pessoas por crimes cometidos na Internet contra menores, o que representa um aumento homólogo de 14,1 por cento.

O relatório alerta que esses crimes já representam 7,3 por cento de todos os crimes cometidos por adultos contra menores, uma proporção superior aos 6,9 por cento registados no ano anterior. Paralelamente, uma campanha nacional de sensibilização contra fraudes por telecomunicações e redes sociais foi lançada este mês com a mensagem “A luta contra a fraude é uma matéria obrigatória”.

De acordo com dados divulgados pela televisão estatal CCTV, o valor mais alto defraudado num único caso ascendeu a 117 milhões de yuan (, embora a maior parte do dinheiro tenha sido recuperado pela polícia.

Entre as vítimas mais notáveis, estão pessoas de até 93 anos e crianças de apenas nove anos, e foram relatados casos em que a mesma pessoa foi vítima de três fraudes diferentes em apenas cinco dias.

As autoridades alertam que os criminosos adaptam constantemente os seus métodos a temas actuais, como auxílios estatais, inteligência artificial ou processos de admissão à universidade, e personalizam os golpes de acordo com o perfil de cada vítima.

O Livro Branco também sublinha a necessidade de reforçar o ambiente digital para os menores e exige maior responsabilidade por parte das plataformas ‘online’.

18 Jun 2025

Astana | Xi reafirma influência da China na Ásia Central

Xi Jinping está na capital do Cazaquistão para participar na Cimeira Ásia Central – China que conta com a presença dos líderes das antigas repúblicas soviéticas da região

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se ontem, no Cazaquistão, com os líderes das cinco ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, onde Pequim se quer afirmar como a principal potência, em detrimento da Rússia e da sua influência histórica.

A cimeira Ásia Central – China, que decorre na capital cazaque, Astana, acontece dois anos após a primeira, realizada na China, e reúne Xi Jinping – que chegou na segunda-feira ao país – com os líderes do Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Turquemenistão.

Um “tratado de boa vizinhança, amizade e cooperação eternas” deve ser assinado, de acordo com a diplomacia cazaque. “Os líderes dos diferentes países traçarão juntos um novo roteiro para a cooperação futura”, disse Guo Jiakun, porta-voz da diplomacia chinesa.

Sob influência russa entre meados do século XIX e a queda da União Soviética em 1991, a Ásia Central, cuja localização geográfica entre a Ásia e a Europa é estratégica e rica em recursos naturais, é cobiçada pelas grandes potências que tentam competir com Moscovo. Embora os líderes da Ásia Central mantenham fortes laços com a Rússia, o declínio da influência deste país acentuou-se desde a guerra na Ucrânia.

As cinco antigas repúblicas soviéticas da região estão a aproveitar este interesse externo crescente e a coordenar as respectivas diplomacias, como demonstra a multiplicação das cimeiras “5+1”. Os países têm reunido neste formato com a China e a Rússia, mas também com a União Europeia (UE), os Estados Unidos e até mesmo a Turquia e outros países ocidentais.

“Os países da Ásia Central oscilam entre diferentes centros de poder, desejando proteger-se de uma dependência excessiva em relação a um único parceiro”, observou Narguiza Mouratalieva, uma analista da política externa da região, citada pela agência France Presse.

Posição russa

Na segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, garantiu “não temer” esta aproximação entre a China, um “parceiro estratégico privilegiado”, e os países da Ásia Central, “parceiros históricos naturais”.

Símbolo dessa concorrência, o Cazaquistão anunciou no sábado que os russos construirão a primeira central nuclear do país e os chineses provavelmente uma segunda. A China é o maior parceiro comercial da Ásia Central, com trocas comerciais avaliadas em 95 mil milhões de dólares em 2024, de acordo com as alfândegas chinesas, muito à frente da União Europeia e da Rússia.

A Ásia Central ocupa, por outro lado, um lugar de destaque na iniciativa chinesa Faixa e Rota – um gigantesco plano de investimentos em infraestruturas que engloba 65 países, compreendendo aproximadamente 62 por cento da população do planeta e 30 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) global.

“Nem a Rússia nem as instituições ocidentais são capazes de alocar recursos financeiros para infraestruturas tão rapidamente e em tal escala, por vezes contornando procedimentos transparentes”, explicou Narguiza Mouratalieva. As empresas chinesas estão também a multiplicar os acordos no domínio energético, procurando, por exemplo, gás no Turquemenistão, urânio no Cazaquistão e terras raras no Tajiquistão.

“A Ásia Central é rica em recursos naturais de que a economia chinesa, em pleno crescimento, necessita. Para Pequim, garantir um abastecimento ininterrupto desses recursos, contornando as rotas marítimas instáveis, é um objectivo importante”, sublinha a politóloga quirguiz.

Ao lado do poder

A China também se apresenta como apoiante dos regimes da Ásia Central, na sua maioria autoritários. Na cimeira de 2023, Xi Jinping apelou à “resistência às ingerências externas”, susceptíveis de provocar “revoluções” que derrubem os poderes instituídos.

“A Ásia Central faz fronteira com a região autónoma uigur de Xinjiang (e) Pequim considera a estabilidade dos Estados da Ásia Central como uma garantia da segurança das fronteiras no oeste” chinês, explicou Mouratalieva.

18 Jun 2025