João Santos Filipe Manchete PolíticaAL | Mak Soi Kun e Zheng Anting exigem subsídio extra de 10 mil patacas Os deputados da comunidade de Jiangmen defendem que o Governo tem de fazer mais pelos desempregados e recém-licenciados, assim como pelas Pequenas e Médias Empresas que dizem ser responsáveis por 80 por cento do emprego Os deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting, ligados à comunidade de Jiangmen, exigiram ao Governo que reforce as medidas de apoio à população e que distribua mais apoios, inclusive um apoio para os residentes de 10 mil patacas. As declarações foram feitas na terça-feira, numa conferência de imprensa de balanço dos trabalhos legislativos desde 2017. Segundo o relato do jornal Cidadão, Zheng Anting começou por apontar que a pandemia está a afectar a economia de Macau há dois anos, e que muitos residentes estão em situação de desemprego ou licença sem vencimento. Além disso, o deputado destacou que a taxa de desemprego entre os locais foi de 3,9 por cento, o que reflecte a dificuldade que os recém-formados encontram para entrar no mercado do trabalho. Apesar de reconhecer que o Governo melhorou a formação subsidiada, que agora chega a mais gente, Zheng Anting e Mak Soi Kun afirmaram que é preciso fazer mais para apoiar a população e apelaram à distribuição de um apoio de 10 mil patacas por residente. Em relação à actividade empresarial, Zheng Anting sublinhou que as Pequenas e Médias Empresas (PME) constituem 90 por cento do tecido empresarial local e oferecem 80 por cento dos empregos. Apesar da importância destas empresas, Zheng considerou que o Governo tem a obrigação de fazer mais e sugeriu a criação de um subsídio de água e luz e um empréstimo sem juros até ao valor máximo de 1 milhão de patacas. Ataque a democratas A não ser que seja nomeado para a próxima legislatura, Mak Soi Kun está de saída do hemiciclo. No entanto, segundo o jornal All About Macau, o deputado considerou que os democratas não são patriotas e mereceram ser proibidos de participar nas eleições. “Não são patriotas, não têm sentimento do Amor a Macau, como nos podem governar?” perguntou, dizendo depois que concorda com a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa. Quanto à actividade extra parlamentar dos escritórios dos deputados, Mak Soi Kun e Zheng Anting revelaram que entre 2017 e 2021 receberam 7.779 pedidos de ajuda, com os assuntos de habitação e saúde a ocuparem 40 por cento dos pedidos. Um dos outros assuntos mais abordados foi a questão do trânsito. Na mesma ocasião, os deputados afirmaram que entre Outubro de 2017 e Agosto deste ano foram responsáveis por 355 interpelações escritas, 37 interpelações orais e 122 intervenções antes da ordem do dia. Lee Sio Kuan desconhece motivos da desistência de candidato O mandatário da lista Ou Mun Kong I, Lee Sio Kuan apontou desconhecer as razões da desistência do cabeça-de-lista, Ho Ion Kong. O anúncio sobre a retirada de Ho tinha sido feito na terça-feira pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa. Segundo o jornal digital All About Macau, Lee Sio Kuan explicou que a desistência foi uma decisão individual, e o mandatário destacou que Ho tem liberdade para se candidatar e desistir, que não necessita de apresentar justificações. Apesar de a lista só ficar com três candidatos, Lee Sio Kuan confirmou que a desistência não vai ter impacto e que os outros membros vão ao sufrágio. Chui Sai Peng quer subsídios para trabalhadores e empresas O deputado Chui Sai Peng defende que há necessidade de atribuir subsídios aos comerciantes que são obrigados a suspender os negócios, por se encontrarem nas zonas afectadas pela pandemia, ou seja aquelas com código vermelho. Para o legislador esta é uma forma de ajudar as pessoas a contribuírem para o esforço de prevenção, e aliviar o impacto da suspensão forçada aos comerciantes. Ao mesmo tempo, Chui Sai Peng considera ainda que as pessoas forçadas a faltar ao trabalho devem ser apoiadas com subsídios, para que não fiquem numa situação em que têm de escolher entre dizer a verdade sobre eventuais sintomas ou zonas onde circularem e o ordenado que precisam para fazer face às despesas quotidianas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCarlos Marreiros e Costa Antunes deixam conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo O arquitecto Carlos Marreiros e o engenheiro João Costa Antunes deixaram de integrar o Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo. A informação foi revelada ontem em Boletim Oficial, com Carlos Marreiros a ser substituído pela arquitecta Joy Choi Tin Tin e Costa Antunes, que representava a administração pública e se reformou, pelo engenheiro Ip Chong Wa. Ao HM, Carlos Marreiros confirmou a saída do órgão, que justificou com compromissos pessoais e a necessidade de dar oportunidade às gerações mais novas, e afirmou ter aprendido muito ao longo dos seis anos em que desempenhou estas funções. “Aprendi muito nestes seis anos. Os primeiros dois anos foram muito intensos porque tínhamos um regime de acreditação inexistente. Desde os anos 90 que lutávamos por um processo de acreditação profissional de arquitectos, engenheiro, urbanistas e outros técnicos que laboram na arquitectura, construção civil, urbanismo, entre outros, e isso foi conseguido”, realçou. “Tivemos de analisar as qualificações dos profissionais do sector, e foi um processo inédito, difícil, moroso, que fez com que todos tivéssemos aprendido”, acrescentou. Carlos Marreiros confessou ainda que já tinha ponderado sair em 2017, no final do segundo mandato, mas voltou atrás. “Depois do segundo mandato pedi escusa, só por razões estritamente pessoais, por falta de tempo, por não conseguir por tudo isso na agenda diária. Na altura, o secretário disse-me que a carga seria menos intensa, porque muito do trabalho estava feito, e continuei no terceiro mandato”, admitiu. Passar a pasta O Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo é composto por representantes da administração pública e membros do sector privado. Na despedida, Carlos Marreiros diz ter sido sempre muito bem tratado, admite contribuir para o Conselho sempre que for necessário, e elogia a escolha pelo Chefe do Executivo de Joy Choi Tin Tin. “Só tenho de aplaudir porque precisamos muito também da sensibilidade e saber feminino nesta área”, apontou. “Senti que era altura de dar o meu lugar a uma geração mais nova e forte”, sublinhou. O HM contactou igualmente o engenheiro João Costa Antunes, que optou por não fazer comentários. Segundo a informação disponibilizada no Boletim Oficial, Rui Martins, que representa a administração pública, vai continuar como presidente. Por sua vez, Eddie Wong, do sector privado, mantém-se como vice-presidente.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEleições | Mais desistências e Ou Mun Kong I vai a jogo com três membros Além da Ou Mun Kong I, a lista Aliança Para a Promoção da Lei Básica de Macau viu os seus membros reduzidos para quatro. Ontem, a CAEAL admitiu ainda haver um plano B para adiar as eleições, no caso de surgir um novo surto da RAEM A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) revelou que houve mais dois candidatos a desistirem das eleições de 12 de Setembro. Os demissionários são Ho Ion Kong, cabeça-de-lista da Ou Mun Kong I, e Wong Tit Kuan, da lista Aliança Para a Promoção da Lei Básica de Macau. O anúncio foi feito ontem, depois de mais uma reunião da comissão que coordena as eleições para escolher os futuros deputados. A lista Ou Mun Kong I era inicialmente liderada por Lee Sio Kuan, que prometeu implementar a campanha eleitoral do “cão louco”. Contudo, Lee foi um dos candidatos vetado pela CAEAL. Agora, com a desistência do novo cabeça-de-lista, a candidatura fica reduzida a apenas três elementos. Caso a Ou Mun Kong I não tivesse sido previamente aprovada, o número fazia com que fosse obrigada a desistir, mas como foi aceite, mesmo que o número de candidatos seja inferior a quatro, pode participar no acto eleitoral. “Só um candidato é que desistiu, não foi a lista. De acordo com a lei, após a publicação da lista e da confirmação, mesmo que haja uma redução do número de candidatos, a lista não fica prejudicada [e pode participar nas eleições]”, afirmou Tong Hio Fong, juiz e presidente da CAEAL. Por sua vez, a lista Aliança para a Promoção da Lei Básica de Macau fica reduzida a quatro membros com a saída de Wong, a segunda candidata. Plano B Com as eleições a decorrerem em ambiente de pandemia, a CAEAL admitiu que foram estipulados vários planos e não é afastado o cenário de adiar o acto eleitoral. Segundo Tong, caso se verifique um surto que obrigue a tomar medidas mais drásticas, as eleições podem ser adiadas por um período de 30 dias. Porém, se a situação não se alterar de forma substancial, as eleições vão ser realizadas no dia 12 de Setembro e todos poderão votar, mesmo quem apresentar um código de saúde de cor vermelha. Os pormenores ainda não foram revelados, mas o presidente da CAEAL afirmou que há uma solução pensada. Por outro lado, a CAEAL apelou à população para não se concentrar no dia das eleições nos locais de voto. Nesse sentido, vai existir informação com o número de pessoas à espera de votar nos diferentes postos. Campanha limitada Mas, mesmo sem surto, já há uma grande alteração face a 2017 confirmada: deixa de haver cerimónia de lançamento da campanha eleitoral, que normalmente juntava todas as listas. Segundo Tong, a medida foi tomada para evitar aglomerações. Contudo, o juiz recusou que haja uma redução do orçamento de 50,8 milhões de patacas, uma vez que os fundos vão ser canalizados para aplicar as restrições pandémicas. Quanto às campanhas das diferentes listas nos locais públicos, vão ser limitadas no número de pessoas. Segundo a CAEAL, os SSM definiram um limite para os participantes que terá de ser cumprido para evitar aglomerações. Alterações a programas No final da reunião de ontem foi ainda confirmado pela CAEAL que todas as listas entregaram as bases do programa político dentro do prazo legal. Os documentos vão estar posteriormente disponíveis para consulta, inclusive através do portal da comissão. Contudo, Tong Hio Fong admitiu que foi pedido a algumas listas que alterassem os conteúdos apresentados: “Quanto à base do programa político, se mencionaram os sucessos, trabalhos ou contribuições anteriores, isso pode causar uma desigualdade para as outras listas e sugerimos o cancelamento dessas menções”, justificou. “Foram duas ou três listas que tiveram de cortar essa parte”, revelou. O encontro com os jornalistas serviu ainda para divulgar que há 8.016 eleitores qualificados para votarem “em representação de pessoas colectivas”, ou seja no sufrágio indirecto.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCensos | Deputados sublinham importância e apelam à cooperação da população Os legisladores destacam a importância de preencher correctamente os formulários e de fornecer informações que serão utilizadas pelo Governo na definição das políticas para os próximos 10 anos Os deputados Ma Chi Seng, nomeado pelo Chefe do Executivo, e Wong Kit Cheng, eleita pela via directa, apelaram ontem à participação dos residentes no Censos 2021, que se encontra a decorrer desde 7 de Agosto. Ao jornal Ou Mun, os legisladores do campo tradicional apontaram que a recolha de informação é essencial para definir as políticas para os próximos 10 anos. Para Ma Chi Seng, líder do think thank Grande Pensamento (Grand Thought, em inglês), a recolha de informação vai permitir ao Executivo orientar as políticas de habitação, transportes, serviços sociais e saúde, para ir ao encontro das aspirações dos residentes. Segundo o deputado da família tradicional Ma, a pandemia trouxe novos desafios para todos e os censos ganham especial importância por permitirem pensar melhor nas soluções políticas e económicas. Como forma de incentivar a população a preencher os censos através da internet, o Governo está a sortear 200 patacas em carregamentos da plataforma MPay ou de cupões de compras de supermercado para quem optar por esta forma. No total, vão ser atribuídas 20 mil patacas, ou seja 200 prémios por dia. Esta medida recebeu elogios do deputado Ma, que considera ser uma maneira de levar as pessoas a participarem mais activamente e a cumprirem as suas responsabilidades cívicas. Esforço colectivo À mesma publicação, também a deputada Wong Kit Cheng sublinhou a necessidade de os cidadãos participarem activamente e de forma honesta no preenchimento dos censos. Contudo, a mensagem de Wong focou principalmente o Executivo, a quem pediu que utilize da forma mais eficaz os dados que vão ser recolhidos, principalmente para contrariar a quebra na natalidade. “Recomenda-se que o Governo faça uma boa utilização dos dados para formular medidas que encorajem a fertilidade a curto, médio e longo prazo e que implemente medidas de apoio às famílias”, vincou. Na visão da deputada apoiada pela Associação Geral das Mulheres, o Governo tem ainda de trabalhar mais afincadamente para resolver o “problema das famílias que não estão dispostas a ter filhos”. Finalmente, Wong Kit Cheng destacou a responsabilidade que o Executivo enfrenta para formular políticas correctas de habitação, construção urbana e definição de zonas com espaços para as diferentes necessidades da população. Segundo Wong Kit Cheng, o Governo não se pode esquecer que tem como missão criar um ambiente em que a população possa trabalhar “em paz” e ter acesso a habitação própria. Os Censos 2021 estão a decorrer desde o dia 7 de Agosto e prolongam-se até 21 de Agosto. As pessoas podem optar pelo preenchimento através dos agentes da Direcção de Serviços de Estatística e Censos, pelo telefone ou através da internet e plataformas móveis. Versão portuguesa com inconsistências Os cidadãos podem preencher os censos online em chinês tradicional, simplificado, português ou inglês. No entanto, no que diz respeito à Língua de Camões existem algumas inconsistências na linguagem. Por exemplo, na pergunta quatro do formulário é perguntado quantos visitantes/familiares passaram a noite em casa do agregado. Contudo, as opções de resposta são sim e não. Só depois surge um campo que permite quantificar o número de visitantes.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCotai Galaxy | Queda de altura de cinco andares faz mais um morto Um trabalhador da construção civil morreu ontem de manhã no estaleiro da obra de expansão do Cotai Galaxy Resort, depois de cair de uma altura equivalente a um 5.º andar. Na sequência do acidente, a DSAL enviou uma equipa para o local e suspendeu os trabalhos a mais de dois metros de altura Um trabalhador não-residente morreu ontem depois de ter caído de uma altura equivalente a um 5.º andar no estaleiro das obras da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort. Por volta das 09h10 de ontem, o Corpo de Bombeiros recebeu uma chamada a reportar a queda de um operário que estaria a trabalhar num local com altura equivalente a um quinto andar. Segundo noticiado nos meios de comunicação social em língua chinesa, o homem de 31 anos, oriundo do Interior da China, estaria a usar um cinto de segurança reforçado com arnês, estando ainda por apurar a causa do acidente, de acordo com informação prestada pela Polícia Judiciária. As autoridades informaram ainda que, segundo o empreiteiro, não haveria trabalhos de construção no tecto da estrutura e que o falecido estava incumbido de realizar tarefas ao nível do chão, e não lhe foi pedido para fazer instalação eléctrica no primeiro andar. A polícia adiantou ainda que não ficou claro porque razão o trabalhador estaria no local de onde caiu. A mesma fonte reportou que o trabalhador, portador de blue card, apresentava um quadro clínico onde constava uma severa hemorragia nas costas, múltiplas fracturas e não tinha pulso quando os bombeiros o socorreram. O homem foi transportado de ambulância para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, onde foi declarado o óbito. DSAL no local Uma equipa da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) deslocou-se ao estaleiro para apurar as circunstâncias em que ocorreu o acidente e para dar início à investigação, ordenando à construtora que interrompesse de imediato todos os trabalhos realizados a uma altura de dois metros do solo. Em comunicado, a DSAL reiterou que “a vida e segurança dos trabalhadores é preciosa” e que, “de acordo com o Regulamento de Higiene no Trabalho da Construção Civil de Macau, as empresas construtoras estão obrigadas a conduzir avaliações de segurança dos locais de trabalho, a formular procedimentos de segurança e a supervisionar os trabalhadores” para assegurar que as medidas de segurança são postas em prática. Além de expressar “grande preocupação” com o acidente, a DSAL apresentou “as suas mais profundas condolências à família do falecido” e prontificou-se a prestar assistência no acompanhamento de um eventual pedido de indemnização por acidente de trabalho. Este não é o primeiro acidente fatal no estaleiro da Galaxy. Em Março do ano passado, três pessoas morreram esmagadas pela queda de uma plataforma, nas obras de construção da terceira fase de expansão do Cotai Galaxy Resort. Outras quatro pessoas ficaram feridas e foram socorridas no local pelos bombeiros e transportadas para um hospital. Os falecidos eram também trabalhadores não-residentes, com 19, 40 e 52 anos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaDSAL | Governo encontrou emprego para 414 pessoas com mais de 55 anos A DSAL ajudou mais de quatro centenas de pessoas com mais de 55 anos a encontrar emprego nos primeiros cinco meses do ano. Por outro lado, o IAS negociou com empresas de cariz social o preenchimento de 22 vagas com trabalhadores do mesmo segmento demográfico Entre Janeiro e Maio deste ano, a Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) encontrou emprego para 414 pessoas com mais de 55 anos. Os dados foram revelados em resposta a interpelação escrita de Lei Chan U, legislador ligado aos Operários de Macau. “Entre Janeiro e Maio de 2021, foram contactados 2.112 indivíduos com idade igual ou superior a 55 anos, tendo 1.094 pessoas estado presentes na entrevista das quais 414 obtiveram emprego com sucesso”, respondeu Hon Wai, presidente do Instituto de Acção Social, com base nos dados da DSAL. O Governo diz ainda estar comprometido em arranjar colocação no mercado de trabalho para os idosos com “capacidade de trabalho e que pretendam encontrar emprego”. Para responder às solicitações laborais deste sector da sociedade, o IAS lançou também o Programa de Apoio Financeiro para a Promoção do Emprego dos Idosos através da Empresas Sociais. O programa tem como objectivo “incentivar as organizações não governamentais a criarem postos de trabalho adequados à população sénior”. Para já, foram gerados 16 postos de trabalho a tempo inteiro e seis a tempo parcial, num total de 22 postos de trabalho. Os 22 empregos estão “apalavrados”, mas os 16 postos a tempo interior só começam a ser ocupados durante o trimestre em curso. No caso dos seis trabalhores a tempo parcial, segundo a resposta de Hon Wai, as vagas ficam disponíveis a partir de Outubro. Outro incentivos Além do regime de empregos, a DSAL diz que passou a disponibilizar um balcão para atender a população com mais idade que procura de emprego e que este estrato da população tem prioridade no atendimento. “Foi designado pessoal para proporcionar, de forma personalizada e grátis, apoio ao emprego aos idosos, incluindo a realização da conjugação de emprego, a prestação de informações sobre trabalho, a orientação profissional, entre outros”, foi explicado. Na resposta ao deputado dos Operários, o presidente do IAS explicou ainda que a DSAL criou subsídios para apoiar a contratação de desempregados de difícil colocação, que são definidos com base na idade ou na falta de qualificações profissionais. Numa altura em os efeitos económicos da pandemia persistem e que parte dos negócios locais foram obrigados a fechar nas últimas semanas, a DSAL e o Fundo de Segurança Social estão ainda a trabalhar num grupo para propor alterações ao “Regulamento dos Incentivos e Formação aos Desempregados”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTNR | Associações querem limitar trocas de emprego e falam em “especulação” Os salários de empregadas domésticas subiram de 4 mil para 7 mil patacas com restrição de entrada de estrangeiros. A associação de agências de emprego e Wong Kit Cheng querem que o Governo tome medidas para impedir que o mercado se torne caótico A troca de emprego e os consequentes aumentos salariais dos trabalhadores não-residentes (TNR) em tempos de pandemia estão a causar insatisfação. De acordo com um artigo publicado no jornal Ou Mun, nas associações tradicionais há quem acuse os trabalhadores de “especulação” e de trazerem “o caos para o mercado”. Antes da pandemia, o Governo e a Assembleia Legislativa fizeram uma lei que impede que os TNR procurem emprego em Macau, se estiverem no território com visto de turista. Com a proibição da entrada de estrangeiros em Macau, devido às medidas de controlo da pandemia, a falta de mão-de-obra generalizou-se. Ao mesmo tempo, os TNR que perderam o emprego ficaram impedidos de encontrar novos trabalhos, porque a lei exige que saiam da RAEM antes de mudarem de posição. As alterações legislativas e a pandemia levaram a que os salários de empregados domésticas subissem para montantes perto das 7 mil patacas, quando antes se ficavam por 4 mil patacas. No entanto, como posteriormente o Interior da China passou a permitir a entrada de estrangeiros vacinados, os TNR começaram a aceitar novos empregos. Circunstância que motiva queixas das forças tradicionais, que entendem que os TNR estão a aproveitar a medida para aceitarem empregos com salários mais elevados. Impedir a especulação Ao jornal Ou Mun, Ao Ieong Kuong Kao, presidente da Associação de Agências de Emprego para Trabalhadores Estrangeiros de Macau, considerou que a autorização para os TNR entrarem na China é positiva, porque permite lidar com a falta de mão-de-obra. Contudo, o também vice-presidente da Aliança do Povo de Instituição de Macau acusou vários TNR de fazerem tudo para não terem o contrato de trabalho renovado, para poderem mudar de emprego, rumando ao Interior, em busca de salários mais elevados. Ao Ieong Kuong Kao afirmou ainda que os TNR estão a abusar do sistema, para poderem especular, e que as famílias não têm capacidade para pagar a subida dos salários de 4 mil patacas para 7 mil patacas. O responsável defende assim que as autoridades de Macau e do Interior se devem coordenar para impedir as entradas e saída frequentes dos TNR e limitar trocas de emprego. O vice-presidente da associação ligada à comunidade de Fujian defendeu ainda que o Governo deve impedir que findo os contratos, os TNR sejam impedidos de mudar de emprego, sem o cumprimento de um “período de nojo”. A medida seria implementada para impedir que os trabalhadores possam ter aumentos. Também a deputada Wong Kit Cheng, da Associação Geral das Mulheres, pediu ao Governo que encontre um sistema para identificar o que definiu como os “chefes das especulações”, ou seja, os trabalhadores que mais vezes esperam pelo fim do contrato para mudarem de posição e terem aumentos salariais. Controlar os part-times Wong Kit Cheng mostrou-se ainda preocupada com as famílias que contratam empregadas domésticas em regime de tempo parcial, uma vez que legalmente os TNR estão impedidos de fazer qualquer outro tipo de trabalho. A deputada e candidata às próximas eleições pede assim ao Governo que promova uma campanha entre os TNR para saberem que incorrem numa ilegalidade, alertando para as consequências das suas acções. Por sua vez, também Ao Ieong Kuong Kao revelou estar preocupado com a nova tendência e apontou que os TNR estão desprotegidos, porque não têm seguros para o efeito. Ao indicou que a tendência de fazer limpezas em part-time é comum entre empregadas filipinas e vietnamitas, mas que estas estão a correr riscos desnecessários.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Espaços de entretenimento reabrem esta quarta-feira A variante Delta chegou a Macau, mas o Governo não pondera, para já, reduzir a quarentena para quem vem do estrangeiro, porque lá fora o risco de contaminação é “muito maior”. Ontem, foram também apresentadas novas orientações para quem apresenta sintomas A partir das 00:00 de amanhã os espaços de entretenimento voltam a poder abrir portas. O levantamento das restrições impostas a 5 de Agosto, e que implicaram o encerramento de bares, discotecas ou salas de dança foi anunciado através de um despacho do Chefe do Executivo, publicado em Boletim Oficial. O anúncio foi depois comentado na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia: “Amanhã atingimos 14 dias sem casos novos e as pessoas que estão na zona vermelha e nas observações médicas nos hotéis, depois de serem testadas mais uma vez e apresentarem resultados negativos, passam a ter um código verde”, afirmou Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. “Os 14 dias significam que não houve mais casos positivos e que não há a situação de uma transmissão na comunidade, o que vai resultar num levantamento das medidas de controlo”, acrescentou. O levantamento das medidas não significa que todas as pessoas em quarentena possam sair já dos hotéis e outros espaços designados. Os 14 dias são contados a partir do momento em que se acredita que houve o contacto próximo com os casos infectados ou com as amostras ambientais. Macau registou quatro infecções de covid-19 da variante Delta, o que levou à imposição de quarentenas de 21 dias, além de uma autogestão, ou seja, quando a pessoa volta à comunidade, de sete dias. No entanto, neste capítulo, para quem vem do estrangeiro, zona considerada de alto risco, não se esperam grandes mudanças, mesmo que o critério de incubação para as infecções locais com a variante Delta seja de apenas 14 dias. “Em Macau conseguimos dominar o risco de contaminação. Logo após os casos da variante Delta fizemos muitos trabalhos, como uma testagem maciça e as quarentenas para os contactos próximos”, começou por justificar Leong Iek Hou, sobre a dualidade de critérios. “No estrangeiro a propagação na comunidade nunca parou e o risco de contaminação é muito mais elevado do que as pessoas nas zonas amarelas e vermelhas em Macau. No estrangeiro há muitos casos, e o risco é muito maior”, considerou. Novos critérios Também ontem, o Governo anunciou novas orientações para lidar com quem apresenta potenciais sintomas de infecção. De acordo com Tai Wa Hou, médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), dependendo dos sintomas, as pessoas passam a ser classificadas em três níveis baixo, médio e alto. Se uma pessoa apresentar sintomas ligeiros, como apenas tosse ou dor de garganta, então deve fazer a marcação de um teste dentro de 24 horas. O exame pode ser feito nos postos comunitários, ou nos hospitais Conde São Januário, MUST e Kiang Wu, e os resultados aguardam-se em casa. No nível médio, ficam aqueles que apresentam sintomas ao mesmo tempo que contactos próximos ou depois de terem estado em contacto com pessoas com sintomas. Neste nível, ficam também os que têm contacto com pessoas de risco elevado e trabalham em posições de atendimento à população. Nestas duas situações, é necessário fazer um teste rápido, sem ter de ficar na fila. O nível mais elevado é classificado de alto risco e aplica-se a trabalhadores das fronteiras que tiveram contacto com pessoas infectadas ou que apresentaram sintomas graves. O tempo de contacto tido em conta é de 28 dias. Nesta situação, é pedido às pessoas que se dirijam urgentemente aos hospitais e que aguardem pelos resultados. Quem relatar sintomas passa a apresentar um código de saúde amarelo, que só é convertido em verde depois de um teste com resultado negativo.
João Santos Filipe SociedadeNúmero de trabalhadores não-residentes regista nova quebra Entre o primeiro e o segundo trimestre, Macau perdeu 852 trabalhadores não-residentes, de acordo com os dados publicados ontem pela Direcção de Serviços e Estatística e Censos (DSEC). No segundo trimestre a população total manteve-se estável, 682,5 mil habitantes, o mesmo número declarado no final de Março. Em relação aos trabalhadores não-residentes (TNR), 14.431 tiveram a autorização de trabalho cancelada pelas autoridades, ao mesmo tempo que 13.579 viram os pedidos de trabalho aceites. A diferença entre os dois números faz com que o saldo de TNR seja negativo em 852, para os 172,3 mil TNR. Como habitual, a maioria dos TNR é proveniente do Interior da China, registando uma proporção de 65,6 por cento deste segmento demográfico. Os filipinos surgem em segundo lugar com uma proporção de 19,3 por cento, seguidos por vietnamitas, que têm uma proporção de 6,5 por cento. Se por um lado a população se manteve estável entre o primeiro trimestre do ano e o segundo, o mesmo não se pode dizer quando a comparação é feita com o período homólogo. No final de Junho de 2020, Macau tinha uma população de 685,4 mil habitantes e agora totaliza 682,5 mil, o que representa uma diferença de aproximadamente 2.500 pessoas. Apesar da redução, o número de habitantes está ainda acima dos níveis pré-pandémicos, uma vez que no final de Dezembro de 2019, o último trimestre sem impactos da covid-19, havia 679,6 mil pessoas a viver na RAEM. Celebração da vida No trimestre entre Abril e Junho deste ano, nasceram em Macau 1.299 bebés, contra 554 óbitos, o que traduz um saldo positivo de 745. Entre as mortes, os tumores foram a principal causa de mortalidade, responsáveis por 211 falecimentos. Em segundo lugar surgem as doenças do aparelho circulatório e doenças do aparelho respiratório, com 120 e 83 mortes, respectivamente. No que concerne a casamentos, durante o período em apreço 809 casais darem o nó, o que representa uma redução de 16,9 por cento face ao primeiro trimestre. Entre os 809 casais, 643 homens e 660 mulheres casaram pela primeira vez.
João Santos Filipe Manchete PolíticaDemografia | 78 portugueses perderam o estatuto de residente desde 2018 Entre 2018 e o passado mês de Junho, 291 portugueses obtiveram o estatuto de residência de Macau, enquanto 78 ficaram sem BIR. O “saldo positivo” que se verificava inverteu-se ligeiramente nos primeiros seis meses deste ano Desde 2018 até Junho deste ano, um total de 78 portugueses ficaram sem o estatuto de residente de Macau. A informação foi disponibilizada ao HM pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). De acordo com as autoridades, o principal motivo que levou à perda do estatuto de residente prendeu-se com a caducidade, ou seja, foi considerado que os requisitos que tinham servido de fundamentação para autorização da residência já não estavam a ser cumpridos. Este tipo de situações inclui, por exemplo, residentes não-permanentes que ficaram sem emprego e que não conseguiram encontrar uma alternativa laboral, situação que obrigou a que tivessem de sair da RAEM. O primeiro ano da pandemia, 2020, foi quando mais portugueses perderam o estatuto de residente por caducidade desde 2018, num total de 20 pessoas. No corrente ano, e considerando apenas os primeiros seis meses, nove portugueses ficaram sem residência. A pandemia parece ter aumentado o número de situações de caducidades da residência face a 2019, quando foram 13 os portugueses a perder o estatuto. Contudo, em 2018, o número subiu outra vez para os níveis mais recentes, quando 19 portugueses foram afectados pela perda do estatuto. Além da caducidade, segundo a explicação das autoridades, houve ainda portugueses a perder a residência por se considerar que “as finalidades pretendidas com a residência na RAEM e respectiva viabilidade” estavam em causa. Neste capítulo estão inseridas as pessoas com residência não-permanente que não passaram o número de dias exigidos por ano em Macau, uma das exigências para a renovação. A viabilidade foi assim evocada oito vezes em 2020, duas vezes em 2019 e sete vezes em 2017, como motivo para revogação do estatuto. No entanto, os dados do CPSP, mostram que este ano ainda não houve qualquer processo do género. Saldo positivo Também desde 2018, segundo os dados da Direcção dos Serviços de Imigração, 291 cidadãos portugueses obtiveram residência, o que significa que em três anos e meio Macau passou a contar com mais 213 portugueses com estatuto de residente. No entanto, a encerramento das fronteiras e as medidas que restringiram a circulação afectaram a contagem demográfica de forma significativa. Antes da pandemia, nomeadamente nos anos de 2018 e 2019, registaram-se sempre subidas de 100 portugueses a tornarem-se residentes. Em 2018 foram 108 e no ano seguinte 109. Em 2020, depois do surgimento da pandemia, os processos aprovados baixaram para 68, o que representa uma redução de 37,7 por cento, face ao ano anterior. Porém, o maior impacto fez-se sentir durante o corrente ano, quando apenas 6 processos foram aprovados na primeira metade do ano. Se a tendência dos primeiros meses do ano se mantiver, um total de 12 portugueses vão obter autorização de residência, o que representa uma redução de 89 por cento face a 2019. Porém, esta é a primeira vez, desde 2018, que o número de portugueses que perderam o estatuto de residente é superior aos que obtiveram BIR, registando um saldo negativo de três pessoas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaIntegração | Criado portal com informações para viver na Grande Baía O Executivo vai criar um portal online que irá agregar toda a informação necessária para quem queira ir viver para a área da Grande Baía. Além disso, está a ser estudada a possibilidade de subsidiar quem for trabalhar para as cidades abrangidas pelo projecto de integração O Governo está a trabalhar num portal online com informações indispensáveis para residentes que queiram mudar-se para a área da Grande Baía. O projecto do Executivo foi revelado por Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), em resposta a interpelação escrita da deputada Song Pek Kei. Segundo Wong, o portal sobre a Grande Baía vai disponibilizar informação essencial para preparar os residentes para a mudança, como anúncios de emprego, situação das habitações e informações sobre o trânsito. Wong Chi Hong defendeu a acção do Executivo, apontado que desde 2018 foram organizadas várias actividades de intercâmbio, no sentido de levar os residentes a encontrarem oportunidades profissionais, em outros sectores menos implementados em Macau. Além disso, Wong indicou que a DSAL tem organizado várias feiras de emprego e oportunidades de estágio, nomeadamente na empresa ByteDance, responsável pela plataforma TikTok. As oportunidades de estágio foram criadas em Fevereiro deste ano. Na interpelação, Song Pek Kei queria ainda saber se o Executivo estava disponível para subsidiar empregos dos residentes de Macau em empresas sediadas na Grande Baía. Wong não se comprometeu com uma posição, mas afirmou que o Executivo vai estudar o assunto. Drones à noite Além das questões relacionadas com a Grande Baía, Song Pek Kei pretendeu também saber os planos do Governo para promover o mercado do turismo. O director da DSAL respondeu sublinhando a importância para o Executivo das actividades nocturnas, que considera importante chamariz para ajudar a prolongar a estadia dos turistas. Neste domínio, Wong revelou que está a ser equacionada a realização, até ao final do ano, de um espectáculo com drones iluminados. Por outro lado, para promover os produtos locais, e numa altura em que a pandemia da covid-19 impõe várias restrições, o director da DSAL diz que o Governo tem apostado nas plataformas móveis e aconselha as empresas a fazer o mesmo. Wong deu o exemplo da Feira Internacional de Macau (MIF), que contou com várias transmissões em directo de influencers a promoverem marcas e produtos locais. Além disso, vários influencers convidados vieram à RAEM promover Macau, como destino turístico.
João Santos Filipe Manchete SociedadeQuarentena | Solidão, insónias e stress pós-traumático são consequências Um estudo académico analisou o impacto das quarentenas de 21 dias feitas em Hong Kong, destacando vários efeitos negativos. Falta de sustentação científica é um dos pontos mais criticados por quem passou pela experiência, com alguns inquiridos a revelarem mais receio da “observação médica” do que do novo coronavírus Uma parte significativa das pessoas que fizeram quarentena em Hong Kong vivenciou um profundo sentimento de isolamento, solidão, confinamento, preocupações financeiras e, em alguns casos, stress pós-traumático. Os efeitos da quarentena foram estudados pela académica Judith Blaine e publicados no estudo “Explorando as Consequências Psicossociais da Quarentena Obrigatória durante a Pandemia da Covid-19 em Hong Kong”, da revista Psicologia e Ciências Comportamentais. Segundo as conclusões do estudo com base em 130 inquéritos, os efeitos da quarentena não foram apenas físicos, mas principalmente psicológicos. “O mais comum foram os efeitos duradouros de medo, ansiedade, raiva, exaustão, falta de energia e dificuldade na reintegração social”, é indicado. No que diz respeito a efeitos psicológicos, um dos inquiridos que cumpriu o período de “observação médica” no hospital admitiu o medo de ter de repetir o procedimento: “Na altura em que saí do hospital, estava tão psicologicamente afectado e assustado, que não queria ir a lado nenhum. Não queria ir a nenhum lugar onde pudesse haver alguém que me levasse de novo para quarentena”, é relatado. A nível dos efeitos físicos, alguns participantes queixaram-se da falta de espaço no quarto para fazer exercício e de ar da rua, o que causou problemas nas costas, dores musculares e até confusão mental. Um dos participantes confessou mesmo que “não se lembra de nada” dos primeiros 14 dias de quarentena no hotel. Quarentena punitiva Outro dos problemas relacionado com a quarentena apontados pelos participantes foi a frustração provocada pela falta de justificação científica para adoptar um período de 21 dias. Por exemplo, um dos inquiridos afirmou acreditar que a quarentena “foi desenhada para dissuadir as pessoas de viajar e castigá-las por fazê-lo”. Neste aspecto, uma das queixas frequentes dos inquiridos foi a ausência de base científica, que as autoridades da RAEHK não conseguiram apresentar. Neste grupo de participantes descontentes com a duração, contam-se também pessoas que não se mostraram contra a quarentena em si por considerarem ser necessária para proteger a comunidade. Porém, todos os entrevistados foram “unânimes” na duração excessiva e “sem qualquer racionalidade”. “Não me importo de fazer quarentena para proteger a cidade, e até acho que é uma medida eficaz, mas a terceira semana é apenas cruel e desnecessária”, respondeu um dos inquiridos. “Prendem as pessoas durante 21 dias sem qualquer fundamentação científica. É odioso e provavelmente uma violação da Lei Básica”, afirmou outro inquirido. Mais medo da quarenta Entre os 130 inquiridos, alguns confessarem que estavam com mais medo da quarentena do que ser contaminados com a covid-19. “Para muitos, o medo de fazer quarentena de 21 dias num hotel ou ser enviado para instalações do Governo ultrapassa o medo de ser contaminado com covid-19”, aponta o estudo. Depois, é citado um dos inquiridos: “Pessoalmente, estou menos preocupado com a doença do que com as consequências, se for infectado todos aqueles com que tive contacto têm de ser postos de quarentena, que é uma espécie de prisão”, foi respondido. Se para muitos ser enviado para a quarentena é uma prisão e um castigo, houve quem aproveitasse o momento para ter “tempo para si”. Contudo, praticamente todos os inquiridos admitiram que as novas tecnologias fizeram com que os 21 dias fossem menos penosos. “Considero que temos muita sorte por atravessarmos esta pandemia numa altura em que a tecnologia nos permite manter o contacto com outras pessoas”, opinou um entrevistado. O adeus ao humanismo A académica Judith Blaine entende que os resultados do estudo demonstram que quem passou pela quarentena obrigatória considerou a experiência como um processo desprovido de humanismo. “O principal sentimento de todos os inquiridos é que a abordagem das autoridades para proteger a população não foi humanista”, afirmou a académica ao jornal South China Morning Post. “Muitas pessoas dizem que a quarentena não é humana, que não tem ética. Se for abordada de um ponto de vista meramente científico, a verdade é que não existe um lado emocional”, sustentou a investigadora. “Somos criaturas sociais […] Se formos privados durante 21 dias da parte social isso contraria a natureza humana”, sublinhou. Face às conclusões do estudo, a autora defendeu a necessidade de maior transparência e justificação das medidas, não só por levar as pessoas a serem mais favoráveis ao procedimento, mas também porque tem efeitos benéficos na componente psicológica. “Se as pessoas compreenderem a razão das medidas de quarentena e aceitarem totalmente o conceito da quarentena, as consequências psicossociais são mitigadas”, indicou. Finalmente, a investigadora defendeu ainda a necessidade de o processo de quarentena ser acompanhado de uma linha telefónica de apoio psicológico.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Recolhidas oito amostras ambientais positivas, depois de desinfecção Na inspecção a 100 objectos e superfícies em risco de contaminação, ligados aos quatro casos de covid-19, oito deram positivas, mesmo depois de terem sido desinfectadas. As amostras contaminadas tiveram origem no carro e na merenda do pai da família de quatro infectados O Governo confirmou ter recolhido oito amostras ambientais positivas, num total de 100 locais testados. O anúncio foi feito ontem à tarde e as amostras positivas foram detectadas nos locais de trabalho do pai da família infectada, o Centro de Saúde de Seac Pai Van, nomeadamente no carro e no frigorífico, onde o homem guardava a merenda. “Foram recolhidas mais de 100 amostras e apenas 8 foram positivas. São amostras dos locais que a família frequentava, recolhidas em locais e horas diferentes”, explicou Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19. “As amostras positivas foram recolhidas dentro do carro conduzido pelo pai e também num frigorífico no local de trabalho, onde ele colocava a merenda para comer” acrescentou. Algumas amostras positivas foram recolhidas em locais que já tinham sido desinfectados, pelo que os casos vão ser investigados. “Nos locais em que houve amostras positivas, a desinfecção tinha sido feita de forma muito rigorosa. Mas, claro que podem haver locais e cantos de alguns objectos em que o vírus resistiu”, afirmou o médico. “A desinfecção foi feita de forma rigorosa, mas apesar disso foram encontrados resultados positivos. Talvez esteja relacionado com a variante delta, que pode ser mais forte. Vamos investigar e se for preciso actualizar os critérios para exigir duas ou três desinfecções antes de abrir os espaços”, admitiu. Apesar das amostras, o Governo informou também que além das equipas de desinfecção e das pessoas já isoladas, mais ninguém entrou em contacto com os objectos infectados. 55 recusaram testes O Governo anunciou também que 55 pessoas recusaram ser testadas. Caso não mudem de atitude até hoje, o Executivo vai pedir à polícia que as encaminhe para testes ou para quarentena. “55 pessoas recusaram fazer o teste. Se até hoje [ontem] não fizerem o teste, a polícia vai contactá-los para os levar ao hospital. Se não fizerem o teste, então vão para quarentena de 14 dias”, disse o médico. “Estas são pessoas que conseguimos contactar e que só depois percebemos que não queriam fazer o teste. Alguns disseram-nos que o teste não era útil e outros que achavam que o teste devia ser voluntário e que não concordavam que fosse obrigatório”, indicou. “Falámos com eles, tentámos convencê-los e mesmo assim recusaram. É por isso que podemos ter de tomar outras medidas”, adicionou. Sobre as cerca de 4 mil pessoas que há dois dias ficaram com o código de saúde amarelo por falha dos SSM, ou por não terem feito efectivamente o teste, foi ontem revelado que as autoridades tentaram contactar todos os indivíduos. No entanto, Tai Wa Hou disse que não foi possível entrar em contacto com, pelo menos, metade das pessoas. SSM contactos por 149 pessoas de autocarros No domingo à noite os Serviços de Saúde lançaram o alerta para quem tenha viajado nos autocarros n.º 17 e n.º 19 contactasse as autoridades, devido ao risco de contaminação. Estes autocarros foram utilizados por um dos infectados e as autoridades publicaram mesmo uma lista com o número dos cartões Macau Pass das pessoas. Tai Wa Hou explicou ainda que o contacto foi facilitado nos casos em que os passageiros utilizaram Mpay ou MacauPass com identificação, ou seja que permite saber automaticamente quem são os proprietários. SSM identificaram a maioria de contactos próximos De acordo com Alvis Lo, os Serviços de Saúde contactaram com sucesso a maior parte dos contactos próximos da família de quatro pessoas infectada com covid-19. As declarações foram prestadas ontem no programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau. Segundo as informações avançadas, 1.253 pessoas estão em isolamento por serem contactos próximos, mas o director dos SSM acredita que o número vai continuar a subir nos próximos dias. Sobre a possibilidade de qualquer pessoa ser contaminada, Alvis Lo afirmou que os SSM preferem submeter todos a quarentena do que arriscar a que uma fuga e surto na comunidade. Por outro lado, o responsável apelou aos residentes para que não facilitem, apesar de todos os testes terem apresentado resultados negativos. Segundo Alvis Lo, os próximos sete a oito dias vão ser cruciais e a população deve utilizar sempre máscara, lavar as mãos e evitar ajuntamentos no dia-a-dia. SSM | Alvis Lo atira responsabilidade para mais tarde O Director dos Serviços de Saúde considera que as responsabilidades sobre o surto que surgiu em Macau devem ser “apuradas mais tarde”. Foi desta forma que o médico reagiu às questões sobre a prestação de falsas declarações de saúde por parte da aluna escola Hou Kong, aquando da deslocação ao Interior. A escola viajou para Xian em Julho, depois de ter sido alertada pela Direcção de Educação e Desenvolvimento de Juventude para que todas as viagens não essenciais fossem adiadas ou canceladas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTaipa | Engenheiro detido por filmar debaixo de saias em supermercado Um residente de Macau foi detido por tirar fotografias por baixo da saia de uma mulher de 30 anos num supermercado na Taipa. No telemóvel do suspeito, a polícia encontrou vídeos do mesmo teor captados noutras ocasiões. Noutro caso, uma residente de Macau foi desfalcada em 277.000 HKD por um homem por quem se apaixonou online O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) deteve na passada sexta-feira um residente de Macau com 40 anos por suspeitas da prática do crime de devassa da vida privada. Em causa, está o facto de o homem, engenheiro de profissão, ter captado imagens de forma clandestina por baixo da saia de uma mulher com 30 anos, no interior de um supermercado localizado na Rua de Nam Keng, na Taipa. De acordo com informações facultadas ontem em conferência de imprensa, o caso veio a lume às 12h30 de sexta-feira, altura em que a CPSP apresentou queixa a relatar o sucedido. Segundo a mulher, enquanto percorria os corredores do supermercado começou a sentir que algo estava em contacto com as suas pernas. Voltando-se de imediato, a mulher deu de caras com um homem agachado por baixo da sua saia e com um telemóvel em riste. Logo, a vítima perguntou ao homem se tinha utilizado o dispositivo para filmar ou tirar fotografias às suas partes íntimas, pedindo-lhe igualmente para ver a galeria de imagens do telemóvel. Acedendo ao pedido, o engenheiro abriu a galeria e mostrou imagens lá alojadas a grande velocidade, não permitindo à vítima ver os conteúdos com atenção. Perante o sucedido, a mulher, também residente de Macau, disse que ia chamar a polícia. A ameaça levou o homem a iniciar uma fuga que só terminou na Rua de Bragança, local até onde se deslocou no seu próprio veículo. Após consultar as imagens captadas pelas câmaras de videovigilância, a CPSP conseguiu identificar e interceptar o homem nessa mesma rua. Durante o interrogatório, o engenheiro admitiu ter filmado por baixo das saias da vítima durante a visita ao supermercado. No entanto, ao verificar o dispositivo do suspeito, essas imagens tinham já sido removidas. Ao analisar a galeria de imagens detalhadamente, a CPSP descobriu, contudo, a existência de vídeos do mesmo teor captados noutras ocasiões. O caso seguiu no sábado para o Ministério Público (MP), onde o suspeito vai responder pela prática do crime de devassa da vida privada. A confirmar-se a acusação, o engenheiro pode ser punido com pena de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias. Amor dispendioso Noutro caso, a Polícia Judiciária (PJ) revelou que uma residente de Macau de 30 anos foi desfalcada em 277 mil dólares de Hong Kong (HKD), após ter conhecido um homem por quem se apaixonou numa rede social e que lhe pediu dinheiro para pagar o empréstimo da casa. Segundo a PJ, desde o dia 24 de Junho que, a pedido do homem que afirmou ser natural de Taiwan, que a mulher transferiu em três ocasiões, 84.500 HKD, 97.000 HKD e 92.000 HKD. Quando deixou de conseguir contactar o suspeito, a mulher apresentou queixa à polícia.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAcidente com carro descontrolado causa pânico na Travessa dos Bombeiros Uma colisão entre dois veículos na Travessa dos Bombeiros causou momentos de pânico, por volta da 13h, quando um dos carros perdeu o controlo e embateu violentamente num portão. Segundo o jornal Ou Mun, o sinistro levou a que uma mulher que seguia no veículo cinzento, o que sofreu o embate mais violento, tivesse de ser transportada para o hospital, com ferimentos ligeiros. As imagens do acidente circularam pelas redes sociais e mostram que o primeiro embate foi causado no cruzamento entre a Rua Xavier Pereira e a Travessa dos Bombeiros. Na origem, terá estado o facto de um dos condutores não ter respeitado a prioridade. A colisão fez com que os dois carros saíssem disparados contra a montra de uma clínica e que uma mulher, que caminhava no passeio naquela altura, tivesse de fugir, de forma a evitar ser atingida pelo Toyota cinzento. Contudo, quando o acidente parecia terminado, deu-se a parte mais violenta e perigosa do embate. Sem que nada o fizesse prever, o Toyota cinzento perde o controlo, começa a andar de marcha atrás uns 30 metros em aceleração e embate contra uma loja, que na altura estava fechada e selada com as grades metais de protecção. Mesmo depois do segundo embate, o carro continuou a fazer marcha-atrás até finalmente se imobilizar. No hospital O segundo embate feriu uma mulher, uma das passageiras do Toyota cinzento, que teve de ser encaminhada para o hospital. A residente de 70 anos foi transportada para o Hospital Kiang Wu, com queixas na anca. Quando as autoridades chegaram ao local, fizeram o teste de despistagem do álcool ao condutor do carro descontrolado, que não acusou o consumo de substâncias alcoólicas. O condutor do carro preto também não tinha bebido à hora do acidente. Além dos danos causados nas lojas, várias barreiras de protecção dos passeios foram derrubadas. Contudo, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) notificou o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) para que a substituição seja efectuada o mais rapidamente possível.
João Santos Filipe Manchete PolíticaMau tempo | Escolas têm de arranjar actividades em caso de chuva intensa Na resposta a uma interpelação de Agnes Lam, o Governo apontou que, apesar de as aulas serem suspensas com avisos de chuva, as escolas continuam a ter de assumir a responsabilidade de receber os alunos As escolas têm a obrigação de se manter abertas e receber os alunos, mesmo no caso de serem emitidos os alertas de chuva intensa ou preto. O esclarecimento foi dado à deputada Agnes Lam pelo Governo, através de Leong Weng Kun, director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG). Segundo as queixas da deputada, é normal que os sinais de chuva intensa vermelho ou preto, que obrigam à suspensão das aulas, sejam emitidos a breves minutos do começo das aulas. Como o aviso é emitido muito em cima do começo das aulas, a deputada diz que há pais que já vão a caminho da escola ou que inclusive já deixaram os filhos nas instituições de ensino e têm de voltar para trás. A suspensão das aulas cria o desafio dos encarregados de educação terem de arranjar uma pessoa para tomar conta das crianças, enquanto se trabalha. No entanto, o Governo garante que as escolas têm instruções para aceitarem as crianças e arranjarem actividades educativas, mesmo quando as aulas estão suspensas. “Quando for emitido o sinal de chuva intensa vermelho ou preto e as aulas tiverem que ser suspensas, as escolas devem manter-se abertas durante o período normal de funcionamento, não devendo ser exigido aos estudantes que tenham chegado à escola regressar a casa ou e os que tenham permanecido no estabelecimento de ensino não devem ser aconselhados a retirar-se das instalações”, escreveu Leong Weng Kun. De acordo com a resposta, as escolas têm de “dispor de pessoal para prestar cuidados necessários e organizar actividades educativas adequadas para os estudantes”. Previsões instáveis Na interpelação ao Governo, Agnes Lam pretendia também saber a razão de haver previsões com dias de antecedência para os tufões, mas o mesmo não ser possível para as chuvas intensas. Em relação a esta questão, os SMG explicam que os tufões são fenómenos de grande escala que com um desenvolvimento e variação estáveis, num ciclo de vida de 3 a 10 dias. Porém, as chuvas intensas são fenómenos de pequena e média escala, que evoluem “rapidamente e com grande aleatoriedade”. Devido à diferente natureza dos fenómenos, os SMG reconhecem que “não é cientificamente operacional a emissão de informações de chuva intensa com algumas horas de antecedência”. A última questão de Agnes Lam visava os atrasos dos funcionários públicos devido ao mau tempo. No entanto, o Governo mostrou-se inflexível na questão e diz que já existem instruções, pelo que não sente necessidade de alterar a forma de funcionamento para permitir atrasos.
João Santos Filipe Grande Plano MancheteJogos Olímpicos | O sonho de Macau, que se vai tornando impossível A medalha de ouro de Edgar Cheung Ka Leong entusiasmou a população de Macau, mas vincou o contraste entre as duas regiões administrativas especiais. Enquanto os atletas de Hong Kong sobem ao pódio nos Jogos Olímpicos de Tóquio, os de Macau têm de se contentar em assistir pela televisão. O cenário de desânimo dos dias de hoje contrasta com os anos em que o território alimentou o sonho olímpico A conquista de medalha de ouro em esgrima por parte de Edgar Cheung Ka Leong, a primeira de Hong Kong desde a transição de 1997, causou uma onda de entusiasmo em Macau. Ao contrário da RAEHK, a RAEM não faz parte do Comité Olímpico Internacional (COI), e por isso está vedado aos seus atletas locais o sonho com os Jogos Olímpicos. Porém, a questão permanece no espírito de muitos. Será que um dia Macau vai concretizar o sonho, que pareceu real na década 1980, e participar na mais celebrada competição desportiva mundial? Segundo o secretário-geral do Comité Olímpico e Desportivo de Macau (CODM), o deputado Chan Chak Mo, a questão já não se deve colocar e está completamente afastada. O legislador diz que os Estatutos do COI tornaram a adesão impossível, com as alterações estatutárias de 1996. “Os Estatutos do Comité Olímpico Internacional mudaram nos anos 90 e impedem a inscrição de membros que não sejam soberanos. Como Macau é China não se pode candidatar, foi o que nos explicou o COI”, contou Chan Chak Mo, ao HM. O secretário-geral considerou ainda que a questão foi deixada pendente durante a Administração portuguesa e que agora já não pode ser resolvida. “Hong Kong fez a candidatura antes da transferência da soberania, numa altura em que os estatutos ainda não tinham sido alterados. Foi por isso que foram aceites”, indicou. “Ao contrário, Macau não completou a candidatura antes da transferência e agora já não pode fazer nada”, acrescentou. “O processo de entrada tinha de ficar concluído nos anos 90, antes da transferência”, vincou. Para o presidente da Comissão de Juventude do Comité Olímpico e Desportivo de Macau (CODM), Ma Chi Seng, o cenário apresenta-se muito difícil, devido aos mesmos motivos estatuários. Apesar disso, o também deputado sublinha que a candidatura de Macau não recebeu uma resposta negativa categórica. “O meu desejo é que o COI reavalie a candidatura de Macau, porque acho que nos temos preparado para fazer parte do COI e temos mostrado ao mundo que Macau é uma região muito apaixonada pelo desporto”, indicou. “A RAEM teve medalhas com muito significado nos Jogos da Ásia Oriental em modalidades como wushu, taekwondo, karaté e triatlo”, argumentou. A história da “maior desilusão” O Comité Olímpico e Desportivo de Macau foi fundado em 1987, então com a designação de Comité Olímpico de Macau. Na altura, ainda na Administração portuguesa, o objectivo era fazer com que Macau participasse nos Jogos Olímpicos. Até hoje, o feito nunca foi alcançado e Manuel Silvério, histórico presidente do Instituto do Desporto, e uma das pessoas mais envolvidas na candidatura, admite que é a sua maior mágoa profissional. “Foi a maior desilusão não ter conseguido alcançar esse objectivo. Acho que as pessoas sabem o esforço que foi feito e a forma como nos dedicámos, ao longo de 20 anos, para que o desfecho fosse diferente. Mas, claro, é um desgosto muito grande não termos entrado”, reconheceu Silvério, em declarações ao HM. Ao contrário da entrada no Conselho Olímpico da Ásia que foi concluída em 1989 com sucesso e permitiu a participação em várias edições dos defuntos Jogos da Ásia Oriental, a entrada para o COI ficou por concluir. “Infelizmente, o processo no COI foi muito complicado. A situação de Macau era menos conhecida. Tivemos o cuidado de disponibilizar muita informação e explicar a situação política e económica do território. Só que naquela altura, Macau começou praticamente a viver a fase de transição e a preparar a transferência de soberania para a China”, apontou como uma das dificuldades. Por outro lado, a mudança dos estatutos complicou o processo. “Depois da nossa candidatura os estatutos foram alterados e deixaram de permitir membros que não fossem soberanos. Foi algo que jogou contra nós, mas o COI está sujeito às leis internacionais e como a nossa candidatura foi feita antes da alteração dos estatutos não devia ter havido problema”, atirou Manuel Silvério. Incompreensão portuguesa Além dos desafios naturais do processo e da situação de Macau, contra o território jogou também a posição política do Governo de Lisboa. Em Portugal, eram muitos os anticorpos contra a participação autónoma de Macau, ao contrário do que acontecia em Hong Kong. “Talvez por falta de informação sobre Macau, o poder desportivo em Portugal não concordava que o território tivesse um comité olímpico próprio. Mesmo depois do 25 de Abril, quando a população tinha visto reconhecido o direito de manifestação, continuavam a ser contra”, recordou. “Mais tarde, entrámos na fase de transição e Portugal até concordou com a entrada no COI. Só que depois, a situação em Macau já se tinha alterado… Os próprios estatutos do COI tinham mudado”, lamentou o ex-presidente do Instituto do Desporto. Apesar dos resultados desanimadores, o CODM não parou de se esforçar, mesmo depois da transferência, e Macau recebeu visitas de Juan Samarach e Jacques Rogge, ex-presidentes do COI. O empenho esteve em vias de dar frutos a tempo dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, mas um retrocesso de última hora acabou com as esperanças. “Devo dizer que em 2007 o nosso processo esteve para ser concluído com sucesso. Estivemos perto. No entanto, devido a outras circunstâncias que desconheço e que também não quero comentar, houve um grande retrocesso”, admitiu Manuel Silvério. Sem esperança Actualmente, Manuel Silvério não acredita que Macau entre para o Comité Olímpico Internacional, porque “já não faltam muitos anos até 2049”, altura em que legalmente expira a Lei Básica e com ela a RAEM. Contudo, o ex-dirigente do Instituto do Desporto recusa que estatutariamente seja impossível, porque a candidatura foi feita antes dos estatutos serem mudados e porque existe o precedente de Hong Kong: “É verdade que houve contratempos, mas julgo que é possível, desde que haja vontade da parte do COI e também da República Popular da China. Seria sempre possível negociar uma filiação com um prazo até 2049”, sustentou. Silvério considera igualmente que a participação dos atletas com as cores de Macau seria um acto de “justiça” para a população e para a Macau, que “nos últimos anos tem apostado e investido tanto no desporto”. O ex-membro do Governo destaca ainda o contributo para o espírito olímpico da RAEM através da organização dos Jogos da Ásia Oriental, em 2005, e dos Jogos da Lusofonia, em 2006. O ex-dirigente também não tem dúvidas que a participação nos Jogos Olímpicos seria um factor extra de motivação e desenvolvimento para o desporto e atletas locais. “A possibilidade de entrarmos directamente ia fazer com que mais pessoas se focassem nesse objectivo, mas também criar condições para trazer elementos especializados de fora, como treinadores e pessoal técnico, que iam impulsionar a formação de atletas locais”, aponta. Que atleta local? A opinião de que a participação nos Jogos Olímpicos seria um factor de motivação para os atletas locais é partilhada por Paula Carion, ex-karateca que ganhou a medalha de ouro nos Jogos da Ásia Oriental, em Macau, e três medalhas de bronze, em três edições dos Jogos Asiáticos. Carion vai mais longe e vinca que Macau tem mesmo cada vez mais condições para os atletas singrarem, a nível de instalações, como o Centro de Formação e Estágio, inaugurado em 2019. Porém, avisa que é preciso mudar de mentalidade. “Em Macau há atletas com potencial e acredito que alguns teriam capacidade para chegar ao nível olímpico, claro que não são todos”, disse a ex-atleta, ao HM, apontado o exemplo da triatleta Hoi Long. “Só que muitas vezes as limitações começam logo em casa. As famílias não alimentam os sonhos desportivos e são as primeiras a colocarem travões nas carreiras dos jovens, porque não acreditam que um atleta tenha futuro, a nível de uma carreira profissional”, indicou. Paula Carion indicou ainda que o Instituto do Desporto e a Direcção de Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude continuam a falhar na criação de um estatuto de alta competição, para que os melhores atletas possam conciliar estudos e treinos: “É irreal pensar que os jovens vão começar a treinar aos 16 anos, quando têm mais tempo para se dedicar, e vão chegar ao topo. Para conseguir atletas de nível mundial é preciso tempo, preparação, e isso passa por facilidades na escola”, justificou. Por sua vez, Chan Chak Mo, deputado que representa o sector desportivo na Assembleia Legislativa, aponta um caminho diferente: “Actualmente, para se desenvolverem e competirem a nível próximo dos atletas do Interior, os desportistas têm de ir treinar para o Interior. E isso já acontece com as equipas de pingue-pongue e wushu”, apontou. Olimpíadas é “adeus” a Macau Para os jovens de Macau o sonho de participação nos Jogos Olímpicos não é impossível. A presença tem de ser feita com as cores da República Popular da China, o que implica que nunca mais voltem a vestir as cores da RAEM. A situação foi explicada ao HM por Manuel Silvério. “Os atletas de Macau podem ir aos JO com a comitiva da China. Mas, para isso têm de se desfiliar das associações de Macau e filiar nas federações do Interior, o que implica que não podem voltar a competir por Macau e que vão ter de participar nas competições das federações do Interior”, explicou. “É sempre um processo que leva muito tempo”, acrescentou. Chan Chak Mo confirmou esta versão: “Tenho a certeza que os atletas de Macau podem ser integrados nos programas nacionais. Agora, se forem para o Interior com a intenção de participarem nos Jogos Olímpicos, tenho a certeza que não podem voltar a representar Macau”, acrescentou. Visita dificultada Tradicionalmente, após os Jogos Olímpicos, os atletas da China visitam Macau e Hong Kong. Porém, este ano, segundo o Instituto do Desporto (ID) o cenário é mais complicado. O convite foi feito no ano passado, ainda antes do adiamento, mas as circunstâncias actuais dificultam a visita: “Devido ao adiamento relacionado com a pandemia dos Jogos Olímpicos, e uma vez que a seguir vão ser realizados os Jogos Nacionais da China, ainda existem muitas limitações e incertezas que podem afectar o trabalho dos atletas e os calendários. Por isso, os planos futuros da comitiva ainda estão a ser alvo de equação”, afirmou o ID, ao HM. Apesar da situação pandémica, deputados e membros do Comité Olímpico e Desportivo de Macau (CODM), Ma Chi Seng e Chan Chak Mo, deixaram o desejo que a visita se volte a realizar, pelos efeitos positivos que consideram ter na RAEM.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAL | Au Kam San despede-se com apologia da legitimidade da vigília do 4 de Junho O democrata está de saída do hemiciclo e aproveitou para defender a vigília do 4 de Junho que organizou durante os últimos 30 anos. A intervenção foi alvo de protesto de vários deputados e de uma repreensão do presidente da AL Au Kam San aproveitou a sua última intervenção antes da ordem do dia para defender a vigília do 4 de Junho, e acusar a Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) de utilizar fundamentos errados na exclusão do campo democrata das eleições. Deputado desde 2001, o organizador da vigília está de saída da AL, por não se recandidatar, mas antes negou qualquer natureza subversiva. “As vigílias do 4 de Junho que se realizaram ao longo destes anos visavam principalmente um tema, isto é ‘reabilitar o movimento cívico de 1989 e construir uma China democrática’”, começou por explicar Au. “Veja-se o exemplo da vigília para a comemoração do 30.º aniversário do incidente de 4 de Junho de 1989, realizada em 2019. O organizador exibia cartazes com as seguintes afirmações: ‘não se esqueça o 4 de Junho’, ‘o espírito do movimento cívico de 1989 sempre permaneceu, e os mártires da democracia também’, e ‘uma injustiça por reabilitar durante 30 anos’, etc. Tudo isto era claro e não continha as afirmações citadas pela Polícia”, acrescentou. Segundo as forças de segurança comandadas por Wong Sio Chak, cujo entendimento foi utilizado pela CAEAL para excluir os candidatos às eleições, as vigílias são ilegais por haver mensagens como ‘terror branco sob a governação do partido comunista’, ‘não se esqueçam do 4 de Junho, e persistam nessa guerra’, ‘a ditadura do partido comunista teme o jasmim’, ‘fim da ditadura monopartidária!’”. Ontem, Au indicou que foi a própria polícia a reconhecer que as mensagens exibidas em 2011 não tinham partido do organizadores, e apontou que foram plantadas com segundas intenções: “Estas afirmações foram ‘transplantadas’ à força nas vigílias de 4 de Junho, para tecer crimes e imputá-los a essas vigílias”, acusou, sem indicar os responsáveis. O organizador frisou ainda que objectivo da vigília foi sempre “dar resposta ao movimento democrático da China e promover o desenvolvimento democrático de Macau” e que “nunca teve qualquer relação subordinada a organizações externas”. Protestos patriotas No final da intervenção, Au Kam San disse ser “absolutamente inaceitável” que “uma vigília organizada com consciência e paz” seja considerada “ilegal” e deixou um desejo: “A participação na vigília do 4 de Junho passou a ser entendida, através de extensão, como a ‘prova do crime’ de não se defender a Lei Básica e de não se ser fiel à RAEM, o que é um grande absurdo”, considerou. “O falecido presidente Liu Shaoqi disse: ‘ainda bem que a História é escrita pelo povo’. Nós acreditamos que a História vai conter uma avaliação do público sobre isso!”, concluiu. A intervenção gerou protestos de Vong Hin Fai e José Chui Sai Peng, com o último a mencionar a decisão do Tribunal de Última Instância (TUI), que excluiu 21 candidatos. Chui e afirmou ainda que Macau é China e apelou ao presidente da AL, Kou Hoi In, para intervir. Por sua vez, Kou considerou que o discurso de Au Kam San violou uma decisão do Governo Central sobre o 4 de Junho e defendeu a decisão da CAEAL e do TUI. “Claro que pode ter um entendimento diferente e não concordar, mas no discurso criticou a CAEAL e a decisão. Espero que corrija a intervenção”, reprimiu Kou. O presidente da AL reconheceu ainda ter avisado o deputado no dia anterior sobre o conteúdo da intervenção. No entanto, quando Au Kam San voltou a pedir a palavra, Kou disse-lhe que não valia a pena dizer mais nada. O deputado calou-se e a sessão prosseguiu com uma intervenção de Iau Teng Pio. O deputado nomeado pelo Executivo condenou prontamente Au e a sessão continuou. Nomeados defendem acesso único de patriotas à administração pública Os deputados nomeados pelo Chefe do Executivo consideram que a administração pública só deve ter patriotas”. “Tal como a maioria dos amigos que Amam a Pátria e Macau, o princípio ‘Macau governado por Patriotas’ é uma garantia fundamental para a plena e rigorosa implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, afirmou Davis Fong, em nome também de Ma Chi Seng. “Assim, os indivíduos que entrem na estrutura administrativa da RAEM devem ser aqueles que amam a Pátria e Macau, e que contribuam verdadeiramente para o bem-estar da população”, acrescentou. Davis Fong, especialista na área do jogo, afirmou ainda que os dois nomeados dão o “firme apoio” à decisão da CAEAL de proibir 21 deputados de se candidatarem às eleições, uma decisão que foi posteriormente validada pelos tribunais. “Trata-se de uma acção em estreito cumprimento do princípio ‘Um País, dois Sistemas’ e da Lei Básica, assim como de uma prática correcta que garante a concretização do princípio ‘Macau governado por patriotas’, às quais temos de manifestar o nosso apoio”, vincou. Autonomia relativizada A opinião de apoio da exclusão dos deputados e de outras pessoas da estrutura da função pública teve o apoio dos deputados nomeados Iau Teng Pio, Lao Chi Ngai, Chan Wa Keong e Pang Chuan, numa intervenção concertada. Iau, advogado, foi um pouco mais longe, numa intervenção também em nome de Lao Chi Ngai, e pareceu defender a redução da autonomia de Macau face ao Interior: “A prática demonstra que só com plena administração do Governo Central sobre a Região Autónoma Especial pode ser efectivamente implementado o princípio ‘Macau governado por patriotas’; a ordem constitucional só pode ser efectivamente defendida com ‘Macau Governado por patriotas’”, afirmou Iao. “Só assim é que a RAEM pode alcançar a estabilidade a prosperidade”, adicionou. Iau falou ainda que a RAEM está numa luta constante para que os patriotas ocupem todos os cargos de gestão e para que a opinião dos patriotas seja sempre a principal no seio da sociedade. Neste capítulo o advogado diz que é preciso formar os jovens para conhecerem a versão correcta da história e saberem a diferença entre a verdade e a mentira. Por último, Chan Wa Keong frisou que desde a transição que Macau voltou ao sistema de governação do País e que as pessoas têm de escolher entre a estabilidade e a prosperidade dos patriotas que foi defendida pelo TUI, e o outro cenário, de caos. Eleições | Sulu Sou pediu desculpa por falhar na defesa de direitos O deputado Sulu Sou foi excluído das próximas eleições por ser considerado “infiel” à RAEM. Ontem, na última intervenção antes da ordem do dia, pediu desculpa à população: “Pedimos desculpa por não termos conseguido, através da via política, defender o nosso direito à eleição e o direito de voto dos nossos apoiantes!”, afirmou. Segundo o democrata, os direitos de eleger e ser eleito foram abalados e “a saída e a manutenção dos deputados eleitos pela população deixaram assim de estar dependentes dos eleitores, não havendo mais deputados totalmente eleitos pela população”. Para o legislador, esta é uma nova realidade que faz com que o regime seja “não democrático”. Sulu Sou indicou ainda que o papel do campo democrata passou sempre por “ser oposição e apresentar alertas e críticas”, mas lamentou a decisão do TUI, de confirmar a exclusão das eleições, que disse deixar a justiça para o coração dos cidadãos. “Muitas pessoas estão com o coração pesado, esqueceram-se de persistir no caminho e no rumo, e sentem-se às vezes sufocadas”, afirmou Sou. “Contudo, perante o resultado de 31 de Julho, acreditamos que a justiça se faz no coração das pessoas, e pela história”, indicou. “Apagou-se a luz, numa sala já escura, mas há sempre luz onde há pessoas”, acrescentou. Migração | Lei aprovada com críticas à mistura Foi ontem aprovada a nova lei de controlo de migração e autorizações de permanência de residência. O diploma teve, no entanto, em vários pontos, votos contra do campo democrata e de José Pereira Coutinho. A primeira questão prendeu-se com a recolha de dados biométricos ao nível da retina e íris de quem entra em Macau. Esta é uma prática que só se aplica em Singapura e na Índia, e levantou dúvidas a Sulu Sou, Agnes Lam, Au Kam San e José Pereira Coutinho. Os democratas votaram contra. Antes, na resposta, Wong Sio Chak considerou que a medida é adoptada a pensar no futuro e permite uma passagem das fronteiras mais rápida. Sobre a adopção de tecnologia recente e pouco utilizada, Wong Sio Chak defendeu-se com o exemplo dos Estados Unidos, que de acordo com o secretário, foi o primeiro país a adoptar o controlo fronteiriço com recurso a impressões digitais, na sequência dos ataques do 11 de Setembro. As questões dos colegas valeram uma “bicada” do deputado Pang Chuan, nomeado pelo Chefe do Executivo, que apontou que na comissão da especialidade não tinha havido perguntas sobre o assunto, ao contrário do que se via no plenário. Au Kam San ainda tentou perceber os critérios adoptados para definir que os não-residentes são uma “ameaça à segurança interna”. O deputado acabou por colocar várias vezes a questão, e até pediu ao secretário que não se limitasse a repetir que os outros países tinham sistemas semelhantes. Wong Sio Chak repetiu que os outros países também têm poderes semelhantes e que é preciso ver “caso a caso”, sem nunca ter apontado os critérios utilizados. Os artigos neste ponto tiveram votos contra de Au Kam San, Sulu Sou, Ng Kuok Cheong e José Pereira Coutinho. Também ontem foi aprovado o Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios e Recintos, por unanimidade. Plenário | Entradas só para testados… ou não Horas antes do plenário de ontem, os serviços da AL avisaram algumas redacções que só seria admitida a entrada dos jornalistas que já tivessem sido testados. No entanto, todos os profissionais da comunicação social com um código de saúde verde acabaram por poder entrar, desde que permanecessem numa zona mais afastada. Posteriormente, Kou Hoi In foi questionado pela imprensa da razão das restrições, mas “fugiu” para o elevador, sem responder. A política afectou igualmente os trabalhadores da AL, que terão sido avisados que só poderiam trabalhar depois de serem testados. Contudo, os serviços da AL arranjaram um sistema de testes, que também abrangeu os deputados, que desta forma, e ao contrário da população, evitaram as longas filas de espera. Hemiciclo | Chan Hong faltou à chamada Alvo de várias críticas e pedidos de exclusão da Assembleia Legislativa nas redes sociais, a deputada Chan Hong faltou ontem à sessão do Plenário. Chan está debaixo de fogo pelo facto de ser vice-directora da escola Hou Kong, instituição responsável pelo surto que está a abalar Macau. Segundo o jornal Exmoo, Chan Hong já tinha abandonado o plenário mais cedo na terça-feira, para evitar os jornalistas. Debate | Wong Sio Chak deixou Sulu Sou a falar sozinho O debate sobre o impacto da nova lei da migração foi um dos mais participados. Sulu Sou usou os 30 minutos a que teve direito, mas não sem antes dizer “não se preocupem que daqui a uns tempos já ninguém faz estas intervenções”. Porém, por volta das 20h00, o secretário Wong Sio Chak levantou-se e foi embora, para admiração dos deputados. “O senhor secretário saiu, mas vou continuar”, disse Sulu Sou. Minutos depois, Wong Sio Chak regressou ao lugar. No entanto, nessa altura a sessão foi para intervalo. Só depois da interrupção e da intervenção de outros legisladores é que Wong teve oportunidade de se explicar: “Tive de me ausentar para satisfazer as minhas necessidades, tenho de pedir desculpa”, justificou.
João Santos Filipe SociedadeAutoridades afirmam ter testado 50 mil pessoas em seis horas O director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, afirmou ontem que nas primeiras horas do programa de testagem, ou seja, entre as 09h e as 16h, foram testadas 49.905 pessoas. O número está abaixo da média do Governo, mas o cenário não foi considerado preocupante para alcançar a meta de testar toda a população em três dias. “Com uma melhor comunicação vamos melhorar o processo. De acordo com as nossas previsões conseguimos fazer 10 mil testes por hora”, disse o director dos Serviços de Saúde. Alvis Lo garantiu também que até às 16h todos os testes tinham apresentado resultados negativos. A previsão do Executivo aponta assim para que por dia sejam testadas 240 mil pessoas. Contudo, nas primeiras horas a média foi de 8.318, o que significa que se o ritmo se mantiver vão ser testadas 199.632 pessoas por dia. Tendo em conta que em Junho a população de Macau era de 684.500 habitantes, segundo os números dos Serviços de Estatística e Censos, e que quem vive no outro lado da fronteira vai precisar de fazer um teste a cada 12 horas para poder passar a fronteira, o ritmo pode não ser suficiente para testar todos durante os três dias. No entanto, as autoridades afirmaram acreditar que os testes vão ser concluídos dentro do prazo definido. “Sabemos que algumas filas são longas e que as pessoas vão ter de esperar. Mas os postos funcionam 24 horas por dias e vamos concluir tudo [nos três dias]. Temos confiança”, garantiu Tai Wa Hou, médico responsável pelo programa de vacinação. Adeus azul Ainda de acordo com as informações disponibilizadas, até às 16h de ontem tinham sido feitas 286 mil marcações, com a maioria da população a pretender fazer o teste longo no primeiro dia do programa. Além disso, as autoridades reconheceram que, ao contrário do anunciado na madrugada anterior, não vai haver códigos de saúde com a cor azul. Inicialmente, o Governo fez materiais a divulgar que quem não tivesse sido testado teria um código de saúde azul. Só depois do teste, e dependendo do resultado, é que o código regressaria ao verde. Porém, a ideia acabou por ser abandonada por dificuldades técnicas. “Queríamos que o teste ficasse azul e depois fosse convertido em verde. Mas como sabem devido às mudanças e ao programa de testes houve falhas, e uma das soluções adoptadas pelo grupo de técnicos foi manter o sistema actual”, explicou Alvis Lo. “Devido à estabilidade do código de saúde não vai haver código azul”, frisou. No cenário actual, quem tiver código verde tem três dias para ser testado. Ao fim dos três dias, o código fica com a cor amarela, até que se faça um teste. Na madrugada de ontem, as autoridades tinham dito que a testagem da população só avançava se houve mais casos positivos. Porém, tudo mudou e Alvis Lo explicou o recuo: “Achámos que medidas rápidas e firmes podem ter uma melhor eficácia para obter zero casos”, apontou. “As filas de espera podem incomodar e causar problemas aso cidadãos, mas achamos que vale a pena”, defendeu.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Centros de testes sem capacidade para lidar com afluência Sistemas informáticos em baixo, concentrações e filas intermináveis nos centros de testagem e pessoas impedidas de entrar em hospitais e mercados por não serem capazes de completar a declaração de saúde. Foi este o cenário vivido no primeiro dia de testagem maciça O anúncio da obrigatoriedade de testar toda a população em três dias causou ontem o caos em Macau. De madrugada já circulavam imagens de pessoas que vivem do outro lado da fronteira a dormir nas ruas e estações de autocarros, por não terem teste de ácido nucleico válido para regressarem a casa. De manhã o cenário piorou. Segundo as instruções do Governo, era possível marcar o teste através do Código de Saúde. Todavia, o sistema começou a falhar logo pela manhã, às 8h40, ainda antes de os centros de testes abrirem, o que devia ter acontecido às 09h, ao mesmo tempo que nos 41 locais se concentravam pessoas, formando longas filas. No Centro de Actividades no Edifício do Bairro da Ilha Verde as coisas correram ainda pior e o espaço não começou a testar antes das 10h, de acordo com o jornal Ou Mun. À publicação, uma residente de apelido Cheang, que foi para o início da fila às 06h, queixou-se da falta de informação relativamente à prioridade de quem fez a marcação prévia. Cheang foi um dos muitos exemplos de residentes apanhados nos cenários de caos que caracterizaram os postos de testagem. Situação semelhante foi relatada por Lo, uma residente da terceira idade. Ao Ou Mun, afirmou ter chegado ao centro do Bairro da Ilha Verde entre as 07h e as 08h, munida de marcação. Porém, apesar da marcação teve de esperar porque a fila “era muito longa”. As queixas foram repetindo-se um pouco por todo o lado. Na Escola Secundária Pui Ching, que acumulou filas que chegaram ao Jardim Lou Lim Iok, uma residente mostrou a indignação de estar na mesma fila que pessoas sem marcação, apesar de ter chegado cedo ao local. A residente que não foi identificada pela emissora pública denunciou a “falta de organização”. As esperas de várias horas fizeram com que no Campo dos Operários uma pessoa tivesse de ser transportada para o hospital, segundo o jornal Exmoo, por se sentir mal devido à exposição solar. Na mesma zona, vários trabalhadores não-residentes dormiam nas ruas e paragens de autocarros, enquanto aguardavam pelos resultados dos testes para poderem passar a fronteira. Marcações só em chinês Além dos desafios logísticos e longas filas, quem não fala chinês enfrentou um desafio maior: durante grande parte do dia, o portal para as marcações dos testes apenas apresentava os nomes dos centros em chinês. A questão sobre a “falha” foi colocada durante a conferência com o Chefe do Executivo, que prometeu que o assunto ia ser resolvido o mais depressa possível. Várias horas depois do início dos testes e quando o Governo já apelava às pessoas para não comparecerem nos locais de testagem, surgiram os 41 nomes dos locais, e as respectivas moradas, em português. Contudo, o caos matinal não se ficou apenas pelos centros de testagem. Com os códigos de saúde a falharem, a identificação teve de ser feita mediante a apresentação do bilhete de identidade de residente para entrar em vários espaços, como no mercado do Iao Hon. Situação idêntica aconteceu no Hospital Kiang Wu, de acordo com o jornal Exmoo, onde algumas pessoas foram impedidas de entrar para outros fins que não a testagem. A razão apresentada foi o facto de a declaração de saúde não estar a funcionar. Alvis Lo culpa residentes Segundo o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, a responsabilidade pelas longas filas foi de quem apareceu nos centros de testes sem marcação. “Formaram-se algumas aglomerações porque houve pessoas que não fizeram marcação, o que causou muita insatisfação a quem fez”, afirmou na conferência diária sobre a pandemia. “Mas, agora, a ordem está muito boa”, frisou. Apesar da declaração, Alvis Lo pediu desculpas pelo sucedido: “Esta manhã houve muitas filas e apresento as minhas desculpas pelos inconvenientes causados”, reconheceu. “Acho que há sempre espaço para melhorias [no nosso trabalho]”, acrescentou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCensos | Recolha de informação arranca sábado Governo vai sortear diariamente 200 cupões de consumo em supermercados no valor de 200 patacas. Só as pessoas que preencherem os questionários online podem participar no sorteio, que implica um investimento de 20 mil patacas Os agentes da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) vão começar a visitar domicílios para recolher informação para os censos a partir de sábado e até 21 de Agosto. Os dados da mega operação para conhecer os habitantes de Macau foram apresentados ontem numa conferência de imprensa da DSEC, liderada pelo director Ieong Meng Chao. Durante quinze dias vão estar no terreno cerca de 2.200 agentes, que vão visitar os domicílios em grupos de dois e recolher as informações através de um tablet. Os agentes utilizam uniformes dos Censos 2021, têm um cartão de identificação própria e pastas cinzentas. Em caso de dúvida, os habitantes das fracções pode ainda digitalizar o código QR das cartas/questionários ou ligar para a linha azul dos Censos, através do número 8809 8809. Sobre as visitas domiciliárias, a DSEC apelou “a todos os cidadãos de Macau que prestem apoio e colaborem com os agentes de censos durante a visita domiciliária e que forneçam informação correcta”. Quem quiser evitar o contacto com os agentes pode ainda preencher os dados através da internet, meio disponível entre os dias 7 e 16 de Agosto. Como forma de incentivar as pessoas a adoptarem o preenchimento online, o Governo está vai realizar sorteios diários, que atribuem aos vencedores 200 patacas num carregamento de MPay ou em cupões de compras de supermercados. São sorteados 200 prémios por dia, 2.000 no total, o que implica um investimento das autoridades de 20 mil patacas. Reforço da segurança Ainda em relação aos procedimentos, nomeadamente informáticos, as autoridades prometeram “reforçar a cibersegurança para proteger os dados” recolhidos, bem como “a confidencialidade das informações fornecidas pelos agregados familiares”. “Os resultados dos Censos são muito importantes para o desenvolvimento de Macau. Os dados não só reflectem a evolução da estrutura demográfica e das respectivas características socioeconómicas, como também são referências relevantes no planeamento do futuro por parte do Governo (…) na definição de políticas nas áreas da educação, habitação, transportes, assistência médica e serviços sociais”, exemplificaram as autoridades. “Além disso, os dados são também essenciais para as instituições privadas decidirem sobre negócios e para os académicos realizarem estudos”, acrescentaram.
João Santos Filipe SociedadeVisita | Escola Hou Kong pediu desculpa A Escola Secundária Hou Kong pediu desculpa pelo incómodo e insegurança gerados na sociedade devido à infecção de Covid-19 trazida pela visita de estudo a Xi’an da instituição. Segundo as declarações à Rádio Macau, a escola informou todos os docentes e alunos que tiveram contacto com o grupo de 30 estudantes que devem apresentar-se nos Serviços de Saúde para testagem, bem como cumprir as medidas necessárias de prevenção da pandemia dos SSM. A Hou Kong comprometeu-se ainda a reunir toda a informação sobre os alunos em causa, e entregar todos os contactos ao Governo. Além disso, comprometeu-se a terminar todas as actividades de grupo, cumprindo as orientações da prevenção da pandemia. Ao canal chinês da Rádio Macau, a Escola não explicou o que levou a actuar tão tarde face à situação, mas disse ir “aprender as lições, continuando a divulgar bem a educação da prevenção da pandemia”. Entre os membros da direcção, consta Chan Hong, deputada e vice-directora da Hou Kong. A legisladora esteve ontem no hemiciclo no âmbito das interpelações orais, mas, segundo o Exmoo, assim que foi declarada a situação de emergência e divulgado o nome da escola aproveitou para deixar a AL e não mais regressar.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Detectados quatro casos positivos locais depois de viagem ao Interior Viagem de “intercâmbio” da Escola Hou Kong resultou em infecção de quatro pessoas em Macau, onde estiveram 10 dias, antes de serem diagnosticadas. Ontem, o Governo declarou Estado de Prevenção Imediata, os esforços foram canalizados para a testagem e os infectados apresentam a variante Delta [dropcap]O[/dropcap] Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou ontem a detecção de quatro casos de infecção com a variante Delta da covid-19, que estiveram em contacto com a comunidade durante dez dias. A situação foi revelada ontem às 15h30 e o Chefe do Executivo declarou o Estado de Prevenção Imediata. Os infectados são um casal e os respectivos filhos, que habitam no edifício Mei Lin, na Rua de Coelho do Amaral, o que levou as autoridades a deslocarem-se ao local e a criar uma cerca sanitária, para testar moradores. O caso foi detectado depois de o homem de 51 anos, que é motorista nos Serviços de Saúde, e a mulher, de 43 anos e empregada numa loja de fruta, terem feito testes de ácido nucleico, na segunda-feira, em Zhuhai, cujos resultados confirmaram as infecções. O casal conseguiu regressar a Macau, antes do resultado positivo ser conhecido, porque tinham outros testes de ácido nucleico válidos, em vias de expirar. Contudo, não foram os únicos infectados, uma vez que o filho e a filha foram igualmente identificados como casos confirmados. Após a divulgação do contágio, as equipas de desinfecção deslocaram-se ao local de trabalho da mulher e ao mercado dos Três Candeeiros, que foram isolados. O mesmo aconteceu com o Centro de Saúde de Seac Pai Van e o Posto de Saúde de Coloane, onde o homem trabalha. Visita de estudo As autoridades acreditam que uma visita de estudo da Escola Hou Kong, que se deslocou a Xi’an entre 19 e 24 de Julho, está na origem da infecção de Macau. A visita teve como objectivo realizar actividades de intercâmbio. A filha do casal, assim como um grupo de 30 alunos da escola, viajaram nos voos CZ3761, entre Zhuhai e Xi’an, e regressaram no CZ3762, entre Xi’an e Zhuhai, onde estiveram em contacto com dois casos ligados ao surto de da Nanjing. “A filha passou por uma zona de alto risco, uma vez que a 19 de Junho partiu de Zhuhai para Xi’an para participar em actividades de intercâmbio e verificámos que o percurso coincide com os casos conexos a Nanjing e Zhongshan. A filha esteve no mesmo voo que envolveu as pessoas infectadas que partiram de Nanjing para Zhongshan e Zhuhai”, afirmou Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde. “Esta é a possibilidade de infecção que achamos mais provável”, acrescentou. A médica Leong Iek Hou foi mais assertiva: “Concluímos que a infecção partiu da filha”, vincou. Leong explicou também que a infectada apresentou sintomas logo no dia 22 de Julho, quando estava em Xi’an com os 30 colegas da escola de Macau. “Apresentou sintomas como tosse, perda de paladar, até que a 27 de Julho finalmente apresentou melhorias”, revelou a médica. Foi com sintomas que a aluna da Escola Hou Kong entrou em Macau, a 25 de Julho, e terá levado a infectar o irmão, que teve sintomas como febre e nariz entupido, a 28 de Julho. Finalmente, a 1 de Agosto, o pai apresentou um quadro clínico que incluiu dores de garganta, assim como a mãe, apesar dos casos só terem sido detectados dois dias depois. Perguntas sem resposta A questão de a filha ter entrado em Macau com sintomas de covid-19, levantou questões sobre a declaração de saúde. Além disso, os voos em causa tinham sido anteriormente referidos pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus como um trajecto de risco, por estarem ligados a duas infecções. Apesar destes aspectos, e de nos voos estarem 30 alunos da escola Hou Kong, a situação de risco dos estudantes também não terá sido comunicada às entidades de saúde para monitorização. Neste cenário, a questão da responsabilização foi levantada na conferência de imprensa sobre a pandemia da covid-19. Como a aluna infectada é menor de idade, levanta-se a possibilidade de a escolar ser responsável por um eventual comportamento negligente. A pergunta ficou sem uma resposta concreta: “No dia 22 de Julho começou a ter tosse, mas os sintomas foram muito ligeiros. Nunca teve febre, mas vamos ver o código de saúde que declarou… As pessoas quando entram em Macau e têm sintomas têm de os declarar correctamente”, afirmou Leong. “Quanto à escola, vamos apurar se a aluna falou com os professores e directores. Quando tivermos informações vamos declarar”, acrescentou. Oito dias em comunidade À hora de fecho do HM ainda não era conhecido na totalidade o percurso dos infectados nos dias em que estiveram em Macau antes do diagnóstico e em livre contacto com a comunidade. As informações preliminares da médica Leong Iok Hou indicam que os infectados, além dos locais de trabalho, frequentaram os restaurantes Federal, entre as 13h e as 14h de 25 de Julho, e Nga Kai, a 27 de Julho, entre as 18h e as 19h30. No dia 26 de Julho, o filho esteve ainda entre as 13h e as 15h na Biblioteca do Jardim Luís de Camões. Por sua vez, o pai foi ainda vários vezes a Zhuhai às compras, e passou pelo menos cinco vezes a fronteira, antes de ser identificado como caso confirmado. Ontem, as autoridades não conseguiram confirmar o número de casos de contacto próximo e de contacto próximo secundário, apesar de a prioridade ser “perseguir os contactos próximos”. Todavia, foi anunciado que três colegas da mãe tinham sido levados para o Hospital Conde São Januário para serem testados e isolados. O mesmo aconteceu com as pessoas que trabalham nos centros de saúde com o homem de 51 anos. Também os 30 colegas da aluna iam ser testados, mas à noite as autoridades só tinham identificado 19, sem que houvesse confirmação de infecções. Contudo, uma das pessoas está em quarentena, depois de ter apresentado sintomas de febre. Cidade dividida por zonas Apesar das dúvidas, Alvis Lo, director dos SSM, deu uma certeza: a cidade vai ser dividida por zonas com cercas sanitárias, tal como já tinha sido anunciado anteriormente pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. A primeira zona vermelha foi instalada no edifício Mei Lin e prolongada para dois edifícios vizinhos. Estas pessoas não podem sair de casa e são testadas no local. Na mesma rua foram ainda classificados outros edifícios como zona de código de saúde de cor amarela. Já na Rua da Emenda, e até a Rua Horta e Costa, também foram classificados edifícios na zona amarela. Além disso, a secretária diz que está tudo preparado para a eventualidade de fazer testagem da população em massa, uma medida que ontem às 22h ainda não estava decidida. Nas imediações dos prédios assinalados a vermelho, as autoridades perguntaram sobre o paradeiro de membros do agregado familiar que não estavam em casa, para efeitos de testagem, e disponibilizaram alimentos aos afectados. A secretária deixou ainda um apelo à população para ficar na RAEM. “Esperamos que a população de Macau que tenha estado exposta ou em contacto próximo se dirija imediatamente ao hospital e que as pessoas utilizem sempre máscara”, apelou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEstacionamento | Governo e deputados divididos sobre inundações A responsabilidade por viaturas danificadas por inundações em auto-silos esteve longe de ser unânime. Os deputados querem que as empresas encontrem soluções para evitar os danos. Mak Soi Kun considerou que as inundações são uma punição divina causada pela poluição [dropcap]A[/dropcap]s responsabilidades sobre danos causados por inundações nos autos-silos dividiu ontem a maioria dos deputados e o Governo. Os legisladores consideram que as empresas que gerem os estacionamentos têm de assumir as responsabilidades de, pelo menos, avisar os proprietários, quando há uma inundação. Porém, o secretário para os Transportes e Obras Públicas considera que são os proprietários têm de assumir as responsabilidades. A questão foi levada ao hemiciclo por Angela Leong. Em resposta, Raimundo do Rosário recusou a existência de responsabilidade das empresas gestoras dos parques, porque actualmente já são adoptadas todas as medidas de prevenção possíveis. “Cerca de 20 ou 21 auto-silos estão instalados nas zonas baixas, e pode haver inundações. O estacionamento nos parques públicos é uma responsabilidade dos proprietários dos veículos”, disse Raimundo do Rosário. “Não é que o Governo esteja a esquivar-se das suas responsabilidades. Mas, nas zonas baixas temos comportas nos estacionamentos e adoptámos outras medidas. Os meus colegas do Governo já fizeram o que pode ser feito, assim como as empresas. Só que os auto-silos estão em zonas baixas e há sempre a possibilidade de inundações”, acrescentou. O secretário comparou ainda o estacionamento nos auto-silos ao da rua, com os veículos à mercê das catástrofes naturais. Porém, a comparação valeu os protestos de vários deputados. O primeiro a contestar foi Leong Sun Iok, dos Operários. “Não posso concordar que estacionar na rua ou no auto-silo sejam coisas semelhantes. É verdade que em ambos os casos têm de pagar, mas há instruções da DSAT para as empresas de gestão”, vincou. “Será que no futuro há margem para fazer uma revisão e reforçar as normas e salvaguardar os direitos e interesses dos proprietários dos veículos?”, perguntou. Seguir o luxo José Pereira Coutinho concordou, mas foi mais longe nas questões de segurança. “Se estamos a estacionar no auto-silo é como se houvesse um contrato e eles vão garantir a segurança. É para isso que se paga. Se eu estacionar na rua, a única segurança é a polícia que patrulha. Os carros de luxo normalmente estão nos auto-silos, porque há mais segurança”, argumentou o legislador. Coutinho defendeu ainda um sistema de aviso e sugeriu um mecanismo de alerta em caso de inundações para os proprietários dos veículos, que poderia passar por chamadas um-a-um. Os deputados Agnes Lam, Au Kam San e Sulu Sou alinharam na opinião de pedir mais responsabilidade às empresas gestoras. Contudo, o secretário recusou haver condições para mais responsabilidades: “Não podemos assumir a responsabilidade dos proprietários. Nem é exequível andar a fazer telefonemas proprietário a proprietário, leva muito tempo”, ripostou. “Com os telefonemas surgiria ainda a possibilidade de acontecer como no Hato, quando as pessoas foram tirar os carros dos auto-silos e aconteceram as situações infelizes [mortes]”, acrescentou. Castigo de Deus O deputado Mak Soi Kun expressou opinião semelhante à do Governo. “Concordo com as palavras do secretário [sobre as responsabilidades]. Temos alterações climáticas em todo o Mundo. Basta ver em Henan e na Alemanha, mesmo com 8 mil quilómetros de distância, há um problema grave de inundações. Cada vez mais se verificam condições extremas”, justificou. O deputado deixou depois um alerta à população, referindo que as inundações são castigos pela poluição e forma como o planeta tem sido tratado: “Temos de proteger o ambiente. É Deus que nos está a castigar”, alertou. Esta intervenção levou o presidente da AL a avisar que Mak Soi Kun se estava a afastar do tema. Por outro lado, o deputado recusou também o sistema de aviso, por dizer que pode levar a mais situações de mortes, como aconteceu durante a passagem do Tufão Hato. Mak apelou à sensibilidade dos condutores quando as condições meteorológicas são adversas. “Se está a chover temos de pensar que é melhor estacionar numa zona alta, nem que se leve uma multa. Esta é a minha opinião. Os polícias não vão multar se for uma situação muito extrema”, justificou. As declarações de Mak geraram risos entre os deputados, e até membros do Governo. No entanto, Lam Hin San, director da DSAT, abanou a cabeça, logo depois de o deputado dizer que a polícia não iria passar multas aos veículos mal-estacionados. Lei da classe sanduíche entra na AL no próximo ano Raimundo do Rosário prometeu que a lei que vai regular a habitação para a classe sanduíche entra na Assembleia Legislativa no próximo ano. Este segmento demográfico é composto por pessoas com rendimentos superiores ao limite máximo para comprar habitação económica, mas sem hipótese no mercado privado. A promessa foi deixada ontem pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, em resposta a uma interpelação oral de Leong Sun Iok, deputado dos Operários. A habitação pública esteve ontem em discussão, e o Instituto de Acção Social (IAS) revelou que a exposição de casas para idosos recebeu mais de sete mil visitantes. As habitações vão ter como prioridade os idosos com dificuldades de deslocação, que vivem em prédios sem elevadores. O Governo garantiu ainda que as rendas vão acompanhar o que se pratica no mercado. “A renda vai ter em conta o preço por pé no mercado e a fracção ocupada”, respondeu Choi Sio Un, Chefe do Departamento de Solidariedade Social do IAS. A polémica sobre a habitação surgiu com os preços das fracções económicas (5 mil patacas por pé quadrado). O preço foi considerado elevado por Ella Lei, que defendeu que na altura do proposta da lei da habitação económica os deputados fizeram uma interpretação diferente da feita agora pelo Governo. Recordar os votos Sulu Sou não perdeu a oportunidade para recordar que apesar das queixas de ontem, apenas ele e José Pereira Coutinho votaram contra o artigo que define o valor das habitações económicas. “Com a proposta actual, os privados ficaram muito contentes, porque as pessoas passam a pensar duas vezes antes de comprarem uma habitação económica e acham o preço do privado mais acessível”, afirmou. Raimundo do Rosário defendeu-se afirmando que o preço é definido pela lei com base no prémio do terreno, custo de construção e custos administrativos. “Eu vou trabalhar a seguir esses factores [que estão na lei]”, limitou-se a responder o secretário, face às perguntas. Entre este ano e 2024 o Governo vai iniciar a construção de 20.600 habitações públicas, número reafirmado ontem por Rosário. DSAT | Falta de mão-de-obra afecta inspecção de veículos Os Centros de Inspecção de Macau fiscalizam em média 580 veículos por dia, de acordo com dados apresentados ontem aos deputados por Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Os números foram adiantados, após interpelação oral de Ip Sio Kai, que se mostrou preocupado com os atrasos nos centros, apesar das marcações prévias online. “Por dia e em média, o centro de inspecção fiscaliza 580 veículos. Quanto aos nossos trabalhadores, temos 38 pessoas e sem contar férias e outros direitos, ficamos com uma média de 32 trabalhadores por dia”, revelou Lam Hin San. No entanto, a resolução do problema, apesar da Ponte de Hong Kong-Zhuhai-Macau ter criado mais trabalho, não passa pela contratação de mais funcionários. Raimundo do Rosário afastou ontem a possibilidade de contratar trabalhadores. “Há falta de recursos humanos. Mas, não é possível aumentar o quadro do pessoal. Só podemos utilizar 90 por cento do orçamento, por isso não vale a pena falar de recursos humanos”, apontou Rosário. “Neste momento, não temos dinheiro para contratar pessoal. Fui eu que assumiu a responsabilidade de não contratar”, acrescentou o secretário, depois de criticado por José Pereira Coutinho.