João Santos Filipe Manchete PolíticaTerrenos | O que acontece caso o CCAC apure responsabilidades da Administração na falta de aproveitamento? A responsabilidade na falta de aproveitamento dentro do prazo é o tema do estudo que o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) está a levar a cabo sobre sete dezenas de terrenos. Mas o que sucede se concluir que a Administração teve culpas no cartório? Não é líquido mas, além da eventual proposta de revisão da Lei de Terras, pode vir a abrir a porta ao pagamento de compensações. Há quem entenda que este cenário é da competência exclusiva dos tribunais [dropcap]R[/dropcap]emediar o mal. Teoricamente esse é o derradeiro objectivo do estudo que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, encomendou sobre os terrenos. O CCAC vai analisar um universo de 73 despachos de declaração de caducidade de concessão, envolvendo uma área equivalente a 60 campos de futebol, para apurar de quem foi a responsabilidade na falta de aproveitamento. Após o exame caso a caso, sem data para terminar, cabe-lhe “apresentar uma proposta” e “recomendações para o aperfeiçoamento da supervisão e gestão da concessão de terrenos”. E depois? O que acontece então se o CCAC concluir que a culpa pela falta de aproveitamento de terrenos é imputável (parcial ou totalmente) à Administração? Não se sabe exactamente. “Se a perda do investimento não se deveu à culpa do investidor, numa perspectiva de justiça, parece-me que há que encontrar uma solução para remediar essa situação anormal. Há várias vias possíveis. É uma opção política, pelo que não me cabe pronunciar, mas a lógica passaria pela alteração da malfadada Lei de Terras”, afirmou Leonel Alves, ao HM. Embora seja uma carta em cima da mesa, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, optou por não se comprometer com eventuais mexidas ‘à priori’. “Acho bem que analise a imputabilidade. Esse foi o tema pelo qual sempre nos batemos, dado que há que apurar concretamente – até porque está em causa interesse público tratando-se de uma concessão – a razão que levou a que durante 25 anos um terreno não tenha sido aproveitado”, observou o advogado. Isto porque os tribunais têm vindo a apreciar a legalidade do acto de declaração da caducidade das concessões provisórias que, ao abrigo da Lei de Terras, expiram ao fim de 25 anos, independentemente de existência ou não de culpa por parte da Administração. “Mesmo que haja culpa total da Administração, justo ou não, é jurisprudência quase assente em Macau de que preenchidos os 25 anos do calendário, custe o que custar, o terreno tem de ser revertido”, realçou. Leonel Alves compara os 73 casos sob análise a doentes, na medida em que “cada um tem as suas especificidades”, devendo a solução ser adaptada: “Há casos em que durante 25 anos a Administração nem sequer emitiu, por uma única vez, a planta de alinhamento e sem ela não é possível ao arquitecto fazer o desenho do projecto; outros em que leva muito tempo para apreciar os relatórios de avaliação de impacto ambiental, enfim, há várias situações”. O advogado deu exemplos concretos, como o do prédio da Calçada do Gaio: “O concessionário estava a construir calmamente quando recebe uma ordem das obras públicas para suspender porque iam analisar a questão do Farol da Guia. Passaram dez anos e, entretanto, a concessão caduca. Quid juris? O que se vai fazer? É justo que o concessionário fique sem qualquer compensação?” Novas oportunidades Neste sentido, a apurar-se responsabilidade da Administração na sequência do estudo, Leonel Alves aponta que “pode abrir a porta a indemnizações e a uma necessidade de revisão da Lei de Terras e a muitas outras coisas”. “Num jogo de futebol se houver uma interrupção de dez minutos por falta de electricidade dever-se-á compensar o tempo – é tão simples quanto isso. Se há imputabilidade da Administração, dos serviços públicos e, por essa razão, durante cinco, seis ou sete anos não foi possível a concretização do aproveitamento considera-se, nesses casos, um prolongamento temporal dos respectivos contratos de concessão”, advogou. Tal implicaria alterar o artigo da Lei de Terras que determina que a concessão provisória é precedida de concurso público, salvo em casos excepcionais. “Ter-se-ia que abrir uma excepção nesses casos – em que não há imputabilidade do concessionário e uma vez terminado o contrato e apurada a responsabilidade da Administração –, o Chefe do Executivo podia conceder de novo o terreno ao visado, atribuindo-lhe o prazo necessário para completar a construção, por exemplo”, afirmou Leonel Alves. Mas poderia uma revisão à lei resolver a imputabilidade em casos dados como encerrados, ou seja, naqueles em que os tribunais confirmaram a caducidade das concessões de terrenos? “Nada é impossível nesta vida, só a morte não tem solução. Para tudo o resto, depende sempre da vontade política e da inteligência das pessoas envolvidas no processo”, respondeu Leonel Alves. E para os casos como o do Pearl Horizon, atendendo a que o terreno em causa vai servir o anunciado projecto de renovação urbana? “Tudo é possível desde que não contrarie a Lei Básica”, insistiu o advogado da promotora do complexo habitacional que não chegou a ver a luz do dia. “Se foi impedido de jogar dez minutos têm que lhe dar dez minutos de compensação. Se foi impedido de construir durante cinco anos, devem devolver-lhe pelo menos quatro”, frisou. Frederico Rato também apoia a análise em curso, mas tem uma série de ressalvas relativamente ao que vai suceder se for comprovada culpa da Administração, considerando que o Governo não se pode substituir aos tribunais. “É bom que a Administração finalmente perceba que pode haver também alguma responsabilidade por parte dela própria, que tenha provocado atrasos que possam ter sido importantes ou muito relevantes relativamente ao decurso do prazo de aproveitamento e do prazo de concessão”, observou, ao HM. “Apesar de o Governo vir agora – tarde e a más horas – pôr a mão na consciência e dizer que talvez possa haver ‘mea culpa’ ou culpa máxima, a imputabilidade e as compensações são questões para os tribunais”, defendeu o advogado, para quem “cabe aos tribunais dizer se houve ou não atrasos, a quem são imputáveis, se causaram ou não prejuízos ao concessionário, se são reparáveis e, se sim, em quanto”. “Se a Administração for imputável, quem vai determinar a indemnização? Não me parece que seja a sede própria porque parece-me que a Administração está a ajuizar em causa própria. E depois? O Estado vai pagar ao concessionário ou é uma indicação para o tribunal? Esta última não pode ser, porque o tribunal é um órgão completamente independente e não pode estar a tomar como boas as avaliações da Administração. O tribunal começa a julgar do zero, portanto, não compreendo bem qual possa ser o desfecho”, porque “a medida de compensação tem de ser enquadrada judicialmente”, insistiu. Relativamente à possibilidade de alterar a Lei de Terras de modo a permitir soluções como uma eventual compensação temporal, Frederico Rato adverte que tem de passar pelo crivo da Assembleia Legislativa (AL) e que, apesar de reconhecido o “peso político” do Governo, a aprovação “não é trigo limpo, farinha amparo”: “Não podemos dizer que a AL vai aprovar porque há muitos deputados com anticorpos quer relativamente a uma revisão da lei, quer a uma alteração que, no fundo, venha a dizer o contrário da que foi aprovada unanimemente”. Competência dos tribunais “A Administração não se pode substituir aos tribunais e antes de fazer a lista inicial já devia ter tido o cuidado de apurar se os atrasos era imputáveis a ela própria e tomar medidas legislativas que conduzissem a uma certa equidade de justiça”, sustentou Frederico Rato. Recorde-se que dois anos antes da alteração à Lei de Terras ser aprovada, as Obras Públicas mapearam os terrenos desaproveitados, concluindo que havia 113 lotes, sendo que em 48 os concessionários tinham culpa. Já em 2015, um ano após a entrada em vigor da lei, o CCAC publica um relatório em que conclui que o não aproveitamento de 16 dos 48 terrenos não lhes era imputável exclusivamente, com o Governo a optar então por não declarar a caducidade da concessão, como sintetizou, no mês passado, numa intervenção antes da ordem do dia na AL, Zheng Anting, deputado que tem vindo a pedir recorrentemente a revisão da Lei de Terras. “Se calhar tinha sido mais louvável, do ponto de vista administrativo e burocrático, o Chefe do Executivo ter [instruído que se apurasse a imputabilidade] quando mandou os serviços elaborarem as listas de terrenos, cuja caducidade da concessão devia ser declarada, porque podia ter sido arranjada uma solução legislativa”, insistiu Frederico Rato. “Não podemos deixar de dizer que os concessionários cujo abstencionismo levou a atrasos no aproveitamento ou da própria concessão, mas também é verdade que alguns atrasos significativos e relevantes são imputáveis à Administração, pelo que isto devia ter sido feito antes e não numa fase tão adiantada em que há prejuízos causados que serão de natureza incalculável ou irreversível”, complementou. Já Ng Kuok Cheong não tem dúvidas de que, “na maioria dos casos, grande parte dos problemas está do lado dos concessionários, pelo que penso que a análise do CCAC não vai abrir a porta a indemnizações”. “Eles construíram para ganhar dinheiro, mas queriam ter apoio ilimitado”, realçou o deputado, para quem, no caso de os concessionários terem razão, eventuais compensações devem ser decididas pelos tribunais. Ora, aos tribunais têm chegado recursos a contestar a declaração de caducidade das concessões de terrenos, pelo que é sobre isso que a justiça se tem pronunciado, confirmando-as uma vez volvido o prazo de 25 anos. Frederico Rato entende, contudo, que é uma questão de tempo até que haja casos de concessionários a seguir para tribunal para exigir serem compensados pelos erros ou omissões da Administração: “Não há [casos] ainda, mas eu tenho conhecimento de que alguns têm essa intenção. Quando acabar a escala dos recursos e assim que houver decisão definitiva transitada em julgado há concessionários que querem introduzir acções de compensação cível”. Quem manifestou precisamente essa intenção foi a Polytex que, em Junho, deu conta, por via do seu advogado, que pretendia exigir pelo menos 60 mil milhões de patacas devido ao caso Pearl Horizon. “Pretendemos a reposição do equilíbrio económico e financeiro do contrato de concessão, na medida em que esse contrato não foi cumprido, não por culpa do particular [Polytex], mas devido aos atrasos muito anormais e significativos produzidos pelos serviços administrativos do Governo”, afirmou, na altura, Leonel Alves. Questionado agora sobre se já tinha avançado com essa acção, o advogado remeteu a divulgação de mais informações para momento oportuno.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSulu Sou deixou mensagem de agradecimento a Cardinal e Taipa [dropcap]“M[/dropcap]uito obrigado por tudo”. Foi desta forma e em português que o deputado Sulu Sou se despediu, ontem, dos juristas Paulo Cardinal e Paulo Taipa na sessão do plenário da Assembleia Legislativa. O pró-democrata elogiou aos portugueses durante a última intervenção antes da ordem do dia (IAOD) deste ano. Paulo Cardinal e Paulo Taipa terminam o contrato de trabalho com a AL no final do ano, mas a Assembleia Legislativa, por opção de Ho Iat Seng, Chui Sai Cheong, Kou Hoi In e Chan Hong, dispensou o serviços dos juristas. Quando a decisão foi tornada pública, o presidente da AL chegou a apontar a existência de uma reestruturação interna, justificação que mais tarde deixou de ser utilizada. Por esta razão, Sulu Sou acusou o hemiciclo de despedimento “de forma dissimulada”. “A decisão tomada pela Assembleia Legislativa, que despede de forma dissimulada os dois assessores, contradiz o objectivo de ver os trabalhos da AL aperfeiçoados, o que deixa muitos deputados, profissionais e até mesmo o público perplexos e preocupados”, acusou. Enquanto o deputado falava, Ho Iat Seng não pareceu prestar atenção devido à atenção que prestou aos que lhe iam sendo entregues pelas secretárias. Leonel Alves citado O deputado mais jovem do hemiciclo deixou também elogios aos esforços de Cardinal e Taipa. “Como é sabido, estes dois assessores dedicaram-se activamente à discussão de leis, participando na AL na promoção de uma interacção pluralista e positiva com diferentes pontos de vista e interpretações jurídicas. Tal como os outros assessores jurídicos, têm utilizado os seus ricos conhecimentos para implementar o espírito e o valor da Lei Básica e da demais legislação”, sublinhou. Para mostrar a incompreensão face à decisão de Ho Iat Seng, Chui Sai Cheong, Kou Hoi In e Chan Hong, o pró-democrata recordou as palavras do antigo deputado e membro do conselho do Executivo, Leonel Alves:“Os dois assessores são e serão elementos indispensáveis para manter a qualidade do trabalho legislativo da Assembleia Legislativa. Ninguém consegue entender qual o interesse público tão relevante que não permite a renovação dos contratos em causa”, citou. Quando Sulu Sou deixou a mensagem, tanto Paulo Cardinal como Paulo Taipa encontravam-se presentes no hemiciclo.
João Santos Filipe SociedadeSaúde | Governo vai lançar aplicação móvel com dados dos utentes A fase inicial do protocolo com a Alibaba chegou ao fim e estão lançadas as bases para a partilha da ficha médica entre hospitais e clínicas. O Governo confirmou ainda a existência de uma app com a informação de cada paciente que vai estar disponível “brevemente” [dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SSM) estão a trabalhar com a Alibaba para lançar “brevemente” uma aplicação móvel que vai permitir aos utentes aceder à informação sobre resultados de análises, exames, marcação de consultas médicas entre outros. A ideia já tinha sido avançada como uma hipótese e acabou confirmada, ontem, pelo Chefe de Departamento de Organização e Informática dos SSM, Leong Kei Hong. “A aplicação móvel vai ter de ser lançada com a coordenação do Governo. Mas acho que vão lançá-la brevemente”, disse Leong, durante uma conferência de imprensa, que serviu para fazer um balanço da primeira fase dos trabalhos de implementação da política de “Medicina Inteligente”. Esta estratégia visa a informatização dos dados médicos e do sistema de saúde local. Porém, Leong prometeu que a aplicação só vai ser disponibilizada aos cidadãos quando for testada e houver garantias da protecção dos dados pessoais: “Antes do lançamento vamos fazer muitos testes porque sabemos a importância da privacidade dos dados e queremos garantir a segurança de toda esta informação”, acrescentou. O Chefe de Departamento de Organização e Informática dos SSM escusou-se assim a avançar com um calendário para a divulgação das informações, postura igualmente adoptada por Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde. Estrutura montada A conferência de imprensa de ontem serviu para fazer um balanço da primeira fase dos trabalhos da Alibaba, que surge no âmbito da política “Cidade Inteligente”. A primeira fase está concluída e decorreu entre Janeiro e Novembro deste ano. O principal foco foi a criação de um padrão para recolha de informação, que depois é trabalhada para a implementação de medidas e melhor gestão dos recursos na saúde. Por exemplo, este tipo de informação permite saber os principais motivos de consultas externas num certo período, conhecer o número de camas ocupadas em tempo real ou ver o tipo de doenças mais comuns numa determinada fase do ano. Com base nesta informação, os administradores dos serviços públicos podem adoptar medidas de antecipação. Foi igualmente criado um padrão para a recolha de informações do paciente, para que no futuro a ficha média possa ser partilhada com instituições privadas. O objectivo é garantir que os médicos têm acesso ao historial de cada paciente para definirem melhor os tratamentos. Nesta fase apenas o Kiang Wu está ligado à rede, mas espera-se que a informação chegue a outras clínicas. Mas, ainda não há um calendário para a implementação desta medida. “Este ano o trabalho não foi muito visível para o público. Mas foi muito importante porque estivemos a criar as infra-estruturas necessárias para a implementação da medicina inteligente”, explicou o Chefe de Departamento de Organização e Informática dos SSM. O projecto tem mais duas fases até estar finalizado, mas não há data para o arranque dos restantes trabalhos.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCanídromo | IACM aplica multa superior a 25 milhões de patacas Cada um dos 509 galgos valeu um multa de 50 mil patacas à Yat Yuen por abandono. A concessionária ainda está a analisar se vai contestar nos tribunais a coima aplicada pelo IACM [dropcap]A[/dropcap] empresa Yat Yuen foi multada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) em 25,450 milhões de patacas devido aos 509 galgos que ainda ocupavam o Canídromo, depois do fim a concessão das corridas. A informação foi revelada pelo presidente do IACM, José Tavares, durante a Marcha por Um Milhão. Segundo o governante, a multa aplicável por cada galgo foi de 50 mil patacas, quando a infracção por cada animal poderia ter atingido as 100 mil patacas. Já o valor mínimo para a infracção em causa era de 20 mil patacas, de acordo com a Lei de Protecção dos Animais em vigor. José Tavares revelou ainda que até ao momento a empresa Yat Yuen já assumiu 4 milhões de patacas em despesas com os cães, depois do fim da concessão, e que foram enviados cerca de 100 galgos para o exterior. Neste momento, restam assim cerca de 415 galgos por adoptar. Questionada sobre o assunto, Angela Leong, directora da empresa, remeteu explicações para a equipa de advogados, liderada por Álvaro Rodrigues, que não quis fazer qualquer comentário sobre o assunto. No entanto, como a empresa já foi oficialmente notificada, terá agora de decidir se avança para os tribunais para contestar a multa ou se aceita a sanção administrativa. A segunda fase Em relação ao embalsamento do urso BoBo, o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais explicou que já terminou a primeira fase do processo. Agora, na segunda fase, José Tavares explicou que é necessário importar dos Estados Unidos uma estrutura semelhante a um esqueleto, que permita que o corpo se aguente em determinada posição para ser colocado no museu. Ao mesmo tempo, José Tavares explicou que o corpo do Bobo vai ser temporariamente guardado no Parque de Seac Pai Van até estarem concluídas as obras do futuro museu. O concurso público da futura morada do corpo do urso negro vai ser realizado no primeiro trimestre do próximo ano. As obras devem estar concluídas no último trimestre do mesmo ano. O projecto da embalsamento do urso Bobo, que vivia no Jardim da Flora, está longe de ser pacífico. Além de uma manifestação contra a intenção do Governo, foi ainda entregue uma petição com 550 assinatura para travar o embalsamamento do urso. Porém, o Governo mostrou-se sempre determinado em seguir em frente com o projecto.
João Santos Filipe PolíticaHo Iat Seng está de baixa, mas recebeu associação de Fujian em dia de LAG [dropcap]A[/dropcap]pesar de estar de baixa, de ter falhado todas as sessões das Linhas de Acção Governativa (LAG), à excepção do dia em que o Chefe do Executivo esteve no hemiciclo, o presidente da Assembleia Legislativa (AL) recebeu na passada segunda-feira a visita de uma comitiva da Associação de Beneficência dos Naturais de Fukien (Fujian). A data do encontro foi revelada ao HM pela própria associação. Segundo a explicação oficial, Ho Iat Seng sofre de uma inflamação aguda no nervo ciático e está de baixa. Contudo, no mesmo dia em que Alexis Tam esteve na AL a apresentar as LAG para a área dos Assuntos Sociais e Cultura, sessão a que Ho Iat Seng não presidiu, o presidente recebeu uma associação de Fujian. A visita foi revelada pelo jornal Ou Mun Iat Pou, que se escusou a revelar o dia da mesma. No artigo de quarta-feira apenas se refere que o evento tinha acontecido “recentemente”. Porém, ao HM, a Associação de Beneficência dos Naturais de Fukien (Fujian) revelou que o encontro aconteceu na passada segunda-feira. O HM tentou igualmente perceber com que tipo de baixa se encontra Ho Iat Seng, mas ontem, até à hora do fecho da edição, não tinha sido recebida qualquer resposta. Já anteriormente, o HM tinha questionado a AL para saber até quando a baixa ia durar, mas sem resposta. Além do nome da patologia que afecta Ho Iat Seng, o que se sabe da condição do presidente de 61 anos foi revelado por Chui Sai Cheong, vice-presidente da AL. Aos meios de comunicação em língua chinesa, o também irmão do Chefe do Executivo revelou que Ho não consegue estar sentado durante longos períodos, pelo que estaria de baixa, cerca de duas semanas. As estimativas apontavam para que o presidente da AL só regressasse na próxima semana. Anteriormente um especialista ouvido pelo HM explicou que uma inflamação aguda no nervo ciático é “uma situação temporária que se pode resolver com cirurgia ou fisioterapia”. O mesmo especialista clarificou ainda que a nível profissional uma pessoa afectada por esta patologia “continua activa” para fazer o que for necessário.
João Santos Filipe China / ÁsiaDiplomacia | Augusto Santos Silva explica gafe em entrevista [dropcap]A[/dropcap]pesar de ter dito República da China, designação utilizada para Taiwan, Augusto Santos Silva defende que se estava a referir à República Popular da China. Segundo uma entrevista concedida à TDM, no domingo à noite, Augusto Santos Silva afirmou o seguinte: “Será uma visita com muitos resultados substantivos. Nós teremos uma declaração conjunta, assinaremos vários memorandos de entendimento e de acordo com a República da China em vários domínios, que vão do domínio científico ao económico”. Em resposta ao HM, a tutela respondeu que o ministro se estava a referir à China. “É evidente que o Ministro dos Negócios Estrangeiros se estava a referir à China, isto é, à República Popular da China”, respondeu a tutela. Face à questão se a gafe do ministro resultaria numa investigação, à imagem do que aconteceu com o diplomata Paulo Chaves, que apelidou os chineses de DDT [Donos Disto Tudo] num comentário privado no Facebook, a tutela não forneceu qualquer resposta. Por outro lado, foram deixadas garantias de que Augusto Santos Silva conhece a diferença entre República Popular da China, criada pelo Governo de Pequim, e a República da China, que denomina Taiwan, vista como uma província rebelde por parte do Governo Central de Pequim. O Ministério dos Negócios Estrangeiros negou que haja intenção de serem reestabelecidas relações diplomáticas com Taiwan. “Não”, foi a breve resposta à pergunta colocada.
João Santos Filipe PolíticaTerrenos | Promessa de concurso público deixada por Raimundo do Rosário [dropcap]O[/dropcap]Governo vai lançar um concurso público brevemente para a atribuição de concessões de terrenos. A novidade foi deixada ontem pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, que não adiantou detalhes. “Tenho uma boa notícia para o deputado Au Kam San. Vou lançar um concurso público para a concessão de terrenos e a informação vai ser publicada brevemente em Boletim Oficial”, afirmou Raimundo do Rosário, numa altura em que contestava as críticas do deputado pró-democrata, que o acusara de “parecer estar a gozar com a população”. Au Kam San criticou o Governo por considerar que não tem trabalhado no sentido de aumentar a oferta de habitações no mercado privado. Foi no âmbito desta conversa que Raimundo do Rosário fez a revelação, deixando a entender que os terrenos vão ser concessionados com esse propósito em vista. Sobre este procedimento não houve mais esclarecimentos, mas a informação ficou prometida para mais tarde. Por outro lado, o secretário contestou as críticas de Au Kam San, defendendo que a equipa que lidera está sempre a trabalhar e pediu ao pró-democrata para não dizer que” parece estar a gozar com a população”. “Se estou a brincar com a população, porque é que os 3330 trabalhadores que estão comigo estão sempre a trabalhar, trabalhar e trabalhar? Não diga que parece que estamos a gozar com a população, não é verdade”, apontou. Ainda em relação às críticas de que foi alvo por parte do pró-democrata, Raimundo do Rosário, numa altura mais bem-disposta do debate, revelou uma história: “Uma pessoa importante, que não vou dizer quem é, disse-me que para eu saber o que precisava só tinha de ler os jornais e ver as críticas, como as do deputado Au Kam San”, disse. Em resposta, o deputado admitiu que o tempo na AL para intervenções é limitado e que por isso tende a apontar os problemas da população e a focar os aspectos negativos. Porém, aproveitou para elogiar a prestação geral de Raimundo do Rosário: “O seu trabalho é bom”, reconheceu.
João Santos Filipe PolíticaTáxis | Secretário recusa gravação de imagens para não “chatear” Chefe do Executivo Após terem sido apresentadas três propostas diferentes para regular o sector dos táxis, Raimundo do Rosário recusa a possibilidade de gravação de imagens no interior dos veículos. O secretário não quer pedir a Chui Sai On que volte a coordenar mais uma proposta para incluir a instalação de câmaras nos táxis [dropcap]D[/dropcap]epois de três propostas sobre a mesma lei de táxis, Raimundo do Rosário explicou que não quer incluir a gravação de imagens dentro dos veículos porque não quer voltar a “chatear” o Chefe do Executivo. A explicação foi dada ao deputado Leong Sun Iok, ligado aos Operários, que questionou o secretário para os Transportes e Obras Públicas sobre o facto de apenas o Governo se opor à instalação de captação de imagens dentro dos táxis para detectar infracções. Em causa está o facto de que cada nova versão que as comissões analisam na especialidade o diploma ter de voltar a passar por vários departamentos, como Direcção de Serviços para os Assuntos Jurídicos, diferentes tutelas do secretários, Conselho do Executivo e pelo Chefe do Executivo. Como este processo já foi repetido três vezes, incluindo a versão inicial, o secretário recusa a hipótese de incluir captação de imagens para não ter de repeti-lo mais uma vez. “Todos os diferentes passos têm de ser assinados pelo Chefe do Executivo. Depois da proposta dos táxis ter sido aprovada na generalidade [1.ª versão], houve 12 reuniões. Depois houve uma nova proposta entregue a 9 de Agosto. A 12 de Outubro houve mais uma nova versão”, justificou Raimundo do Rosário, sobre a discussão do diploma. “Já não vou chatear, entre aspas, de novo o Chefe do Executivo [para apresentar uma nova versão com gravação dentro dos táxis]. Ontem mesmo houve a 15.ª reunião e não entreguei mais nenhuma proposta. Já pedi ao Chefe do Executivo para refazer o processo duas vezes e não quero estar a pedir-lhe tanta vez”, frisou. Actualmente, os deputados da 3.ª Comissão Permanente da AL e o Governo estão num diferendo, principalmente com o secretário devido à captação de imagens dentro dos táxis. Por esta razão, Raimundo do Rosário foi igualmente questionado se Chui Sai On estava ciente do caso. Contudo, o secretário recusou divulgar se comunica com o Chefe do Executivo sobre o assunto: “As nossas conversas são feitas como membros do Governo e o conteúdo é confidencial”, afirmou. No entanto, deixou uma garantia: “O Chefe do Executivo está informado sobre o que se passa dentro das reuniões, através das informações das conferências de imprensa”, revelou. Chuva de elogios Apesar da resposta pouco comum no hemiciclo, o trabalho de Raimundo Rosário mereceu elogios de vários quadrantes. Já em reuniões passadas, o deputado e construtor Mak Soi Kun havia feito comentários muito positivos ao desempenho de Rosário, que na altura agradeceu. Ontem o tom elogioso foi generalizado. Primeiro foi Davis Fong, que enalteceu os trabalhos nas fronteiras, seguindo-lhe o exemplo Chui Sai Peng, Iau Teng Pio, Lan Lon Wai, entre outros.
João Santos Filipe PolíticaMong Há | Decisão do TUI? “Não errámos”, contesta Rosário [dropcap]A[/dropcap]tutela do secretário Raimundo do Rosário foi obrigada a repetir o concurso público do Pavilhão e Habitações Públicas de Mong Há, depois de o Tribunal de Última Instância considerar que a proposta vencedora, por ter um accionista comum a outra proposta, deveria ter sido rejeitada à partida. O concurso vai agora ser repetido, o que acontece pela segunda vez, depois da tutela se ter enganado das contas no concurso das obras do Parque de Materiais e Oficina do Metro Ligeiro. No entanto, Raimundo do Rosário recusou a ideia de ter havido um erro no caso mais recente: “Face ao Parque dos Materiais e Oficina do Metro Ligeiro, sei as minhas responsabilidades. Mas temos de ver que em Mong Há os meus colegas não trabalharam erradamente, acho que não cometeram um erro”, disse Rosário, apesar da decisão contrária do TUI. Ainda em relação ao Parque de Materiais e Oficina, o secretário recusou revelar como vai ser paga a compensação à empresa prejudicada no concurso público, devido a um erro que atribui a vitória à Companhia de Engenharia e de Construção da China. A vencedora, de acordo com o TUI, devia ter sido a China Road Bridge. A pergunta tinha sido colocada pelo deputado e empresário Si Ka Lon. “Creio que o deputado, como empresário, compreende que não podemos dizer como vamos negociar e o que temos para oferecer. Acho que sabe, como empresário, que numa negociação não se informa a outra parte antes de começarem as conversações”, sublinhou o secretário.
João Santos Filipe SociedadeEstacionamento | Passes mensais mais caros [dropcap]O[/dropcap]preço dos passes mensais de estacionamento vai aumentar quando acontecer a actualização do montante pago por hora para a utilização dos parques e lugares públicos. A garantia foi deixada por Raimundo do Rosário, após ter sido questionado pelo deputado Sulu Sou sobre o assunto. “Reconheço que o preço dos passes não acompanha o valor pago pelas horas no estacionamento. Mas vamos tornar os preços mais caros, quando actualizarmos o preço pago por hora nos estacionamentos públicos”, respondeu o secretário para os Transportes e Obras Públicas. Ainda em relação ao trânsito e aos veículos que não cumprem limites de emissão de gases, o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) explicou que desde o início do ano já foram apreendidas 60 viaturas. Quanto ao número de inspecções a veículos pesados de mercadorias e passageiros, foi de sete mil.
João Santos Filipe Manchete PolíticaElla Lei acusa Governo de Edmund Ho de conluio devido a concessão de terreno [dropcap]O[/dropcap]facto do terreno na Taipa junto à Ponte Nobre de Carvalho nunca ter sido utilizado para a construção de um parque de diversões, como foi planeado há 21 anos, e haver um projecto para a construção de residências de luxo, valeu acusações de conluio ao Governo de Edmundo Ho. A incriminação partiu da deputada Ella Lei, que ilibou Raimundo do Rosário de culpas e fez questão de referir que as decisões foram tomadas antes do secretário tomar posse. Segundo a deputada, em causa está o facto de uma companhia ter entrado no capital social da empresa que tinha a concessão, em 2005, o que terá permitido que o projecto fosse alterado para a construção de residências de luxo. “O terreno era para um parque temático, mas já se passaram 21 anos e nada foi construído. Naquela altura, o contrato dizia que em 2008, a concessão do terreno caducava. Mas não foi o que aconteceu”, recordou. “Em 2005 uma empresa de Hong Kong injectou capital na concessionária. Foi só um teatro que se fez naquela altura. A verdade é que o terreno foi avaliado em 4 mil milhões de patacas, na altura, e o projecto acabou alterado para residências de luxo”, apontou. A deputada atacou depois a antiga Lei de Terras: “Era este o problema. As concessionárias vendiam os terrenos e conseguiam prolongamento dos prazos de concessão. Era tudo conluio! O Governo não devia ter autorizado o prolongamento dos prazos. Mesmo agora deve limitar, sem deixar que o propósito inicial dos terrenos seja alterado”, acusou. Ella Lei defendeu ainda que sempre que a finalidade de um terreno concessionado for alterado, o Governo tem a obrigação de divulgar claramente as razões. Outro ponto levantado por Ella Lei foi o facto do Governo ter pedido ao Comissariado Contra Corrupção (CCAC) para analisar os processos de declaração de caducidade dos terrenos já recuperados, apesar de já haver decisões dos tribunais. Na resposta, Raimundo do Rosário limitou-se a dizer que o terreno do parque temático está em processo de recuperação, pelo que não pode disponibilizar mais informações. Em relação à decisão do pedido ao CCAC, a questão foi ignorada pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas.
João Santos Filipe PolíticaRaimundo do Rosário tem 13 meses para renovar ou alterar sete concessões públicas [dropcap]A[/dropcap]té ao final do actual mandato, Raimundo do Rosário vai ter de tratar da renovação de sete contratos de concessão em diferentes áreas. O cenário foi traçado pelo secretário, depois de ter sido questionado sobre a opção de renovar, durante quinze meses, as concessões das empresas de autocarros públicos que terminavam este ano. A opção foi vista como o adiamento da questão. “Em 13 meses vou ter de alterar ou renovar sete contratos de concessão. Desses, dois são das empresas de autocarros. São assuntos que levam tempo e que vamos ter de resolver no próximo ano”, reconheceu.
João Santos Filipe PolíticaTrânsito | Mortalidade preocupa o director da DSAT [dropcap]O[/dropcap]Governo está preocupado com o aumento de mortalidade nas estradas e Lam Hin San, director da Direcção de Serviços para os Assuntos Tráfego, prometeu prestar atenção a este aspecto. “O número de acidentes voltou a níveis de 2014 ou 2012. Entre Janeiro e agora houve nove mortes, o que é mais um do que no ano passado, quando o número de vítimas foi 8”, revelou Lam Hin San. “Vamos ponderar reforçar a fiscalização nas estradas e ver as medidas adequadas para lidar com esta situação”, acrescentou.
João Santos Filipe DesportoGP | Nova geração de carros de Fórmula 3 preocupa organização Associação Geral de Automóvel Macau-China teme que velocidades atingidas pelo novo monolugar na Curva do Lisboa causem acidentes com proporções mais graves [dropcap]A[/dropcap]Associação Geral de Automóvel Macau-China (AAMC) está preocupada ao nível da segurança devido à adopção do novo modelo de Fórmula 3. Em causa está a velocidade com que se prevê que os novos monolugares podem chegar à Curva do Hotel Lisboa, onde a piloto Sophia Flörsch sofreu este ano um aparatoso acidente. A notícia foi avançada, ontem, pelo portal motorsport.com, que cita fontes próximas da AAMC. Enquanto o actual modelo de Fórmula 3 debita 240 cavalos e pode alcançar os 270 km/h, a nova versão do monolugar, que vai ser utilizada na próxima temporada, no novo campeonato de F3, pode chegar aos 300 km/h, uma vez que tem 380 cavalos. Segundo o portal motorsport.com, a AAMC está preocupada com os eventuais riscos. Com carros que atingem velocidades de topo mais elevadas, a organização teme que um acidente semelhante ao que afectou a alemã Flörsch tenha consequências muito mais graves. Na altura em que se trava para a Curva do Lisboa os monolugares atingem a velocidade de ponta, o que quer dizer que em vez de chegar ao local a 270 km/h, a velocidade vai crescer até aos 300 km/h. Ao mesmo tempo, para os novos monolugares correrem em Macau terá de haver ainda alterações no circuito ao nível das exigências FIA, com a pista a precisar de uma homologação de nível 2. Actualmente o nível de homologação é o 3. Quanto mais elevado o nível, mais apertadas são as exigências em determinados critérios, como por exemplo a segurança. A mesma notícia avança que a AAMC está relutante em fazer as alterações ao circuito citadino, para que este possa receber o nível de homologação mais elevado. Apesar de tudo existe ainda uma grande incógnita: o peso dos futuros monolugares, que poderá influenciar a velocidade atingida. O actual carro de Fórmula 3 pesa 580 kg, mas o peso do futuro monolugar ainda não é conhecido. Modelos antigos A solução para o problema poderá assim passar pela manutenção dos actuais modelos. Segundo fontes anónimas citadas no artigo, Bruno Michel, organizador dos futuros campeonatos de F2 e F3, terá mesmo dito às equipas que os campeonatos vão terminar entre 28 e 29 de Setembro em Sochi, na Rússia. Como o Grande Prémio de Macau só se realiza em Novembro, poderá assim haver a hipótese de se disputar como um evento fora do campeonato. Uma das grandes vantagens seria a possibilidade de convidar pilotos para aparições esporádicas. No entanto, é ainda referido no artigo que o Governo de Macau está disponível para colaborar com a Federação Internacional do Automóvel na implementação dos novos carros de Fórmula 3 e mantém-se aberto a negociações.
João Santos Filipe PolíticaTáxis | Raimundo fala de “consenso possível” após fim de discussão sobre proposta de lei [dropcap]”É[/dropcap]o consenso possível” – foi desta forma que o secretário para os Transportes e Obras Públicas, descreveu a versão final da proposta de lei sobre os táxis que está a ser ultimada e que vai subir, em breve, a plenário, para ser votada em sede de especialidade. Raimundo do Rosário respondia aos jornalistas, à saída da reunião da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), após ser questionado se estava satisfeito com o produto final, uma vez finda a discussão na especialidade. Essa última versão do diploma deve ser entregue, a curto trecho, pelo Governo aos deputados, mas o debate propriamente dito chegou ao fim, estando a faltar depois apenas reuniões da assessoria para acertos técnicos e, finalmente, o parecer, como confirmou o presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), Vong Hin Fai. Não obstante, há um ponto que continua a ser contestado: a exclusão de câmaras no interior dos táxis. Isto porque deputados, representantes do sector e sociedade em geral concordam, mas o Governo não, tendo dado como terminada a discussão. “A Comissão chegou a ouvir as opiniões da sociedade e dos representantes do sector e não houve ninguém a opor-se à instalação do aparelho de gravação de imagem”, afirmou. “A maioria mostrou-se a favor desde que não captem a face”, pelo que “houve membros [da Comissão] que voltaram a transmitir essa sugestão”, esperando que o Executivo “venha a reponderar”, realçou Vong Hin Fai, dando conta, porém, de que “o Governo não respondeu”. A proposta de lei prevê apenas a instalação de aparelhos de gravação de áudio.
João Santos Filipe PolíticaJosé Pereira Coutinho e Sulu Sou preocupados com alargamento de poderes da PSP [dropcap]A[/dropcap]3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa terminou a análise da proposta final da lei do Corpo de Polícia de Segurança Pública, mas nem todos os deputado estão de acordo com a última versão apresentada pelo Governo. Em causa está uma das competências do CPSP, definida da seguinte forma: “Observar quaisquer comportamentos susceptíveis de perturbar a tranquilidade e afectar o normal quotidiano”. Anteriormente, este ponto já tinha levado discussão, com o Governo a substituir a expressão “vigiar” por “observar”. Contudo, as alterações não foram suficientes para convencer os deputados José Pereira Coutinho e Sulu Sou. “Disse em várias reuniões da comissão que esta norma é nova e inovadora porque não especifica onde e em que locais são vigiados, como devia ser mencionado. Assim permite que todas as pessoas sejam vigiadas, quer estejam em espaços públicos ou privados”, explicou, no final, Coutinho, ao HM. “A nosso ver, quer o termo vigiar, observar ou mesmo espiar não são condutas respeitadoras da parte final do artigo 30 da Lei Básica, que concede o direito dos cidadãos à reserva da intimidade da vida privada e familiar”, acrescentou. O deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) defendeu ainda que o aumento de poderes não é acompanhado pela correspondente supervisão. “Este aumento substancial de poderes policiais sem necessidade de mandato judicial não é acompanhado de supervisão e controlo por parte da Comissão de Fiscalização de Disciplina das Forças de Segurança de Macau, que aos olhos da população não é mais do que um ‘tigre de papel’, sem mínimos poderes e competências para controlar os abusos policiais”, justificou. Também Vong Hin Fai, presidente da comissão, confirmou que houve dois deputados contra este artigo em questão, mas que a maioria da comissão aceitou as explicações do Governo. “A maioria da comissão aceitou a redacção final apresentada pelo Governo. Só houve dois membros que não concordaram”, disse, no final da manhã de ontem, ao HM. “Um dos membros da comissão diz que este artigo simplesmente não é necessário. O outro tem reservas, porque considera que é redundante. Ainda em relação a estas queixas, Vong Hin Fai disse que a expressão “observar” assenta no pressuposto de existirem indícios de “comportamentos susceptíveis de perturbar a tranquilidade e afectar o normal quotidiano”.
João Santos Filipe PolíticaDeputados esperam aumentos nas pensões já em Janeiro [dropcap]A[/dropcap]1ª Comissão da Assembleia Legislativa está a trabalhar para que o aumento das pensões de aposentação e sobrevivência seja votado o mais depressa possível e entre em vigor já em Janeiro. A situação foi explicada por Ho Ion Sang, ontem, no final de mais uma reunião. O deputado aproveitou para elogiar a medida: “O Governo mostra que toma conta e que tem carinho pelas pessoas que têm necessidades. Com estes aumentos é possível fazer face ao aumento do custo de vida e inflação”, disse Ho. No que diz respeito às pensões de aposentação, passa a haver um valor uniformizado de 7.650 patacas, com os aumentos dos valores actuais a variarem entre 425 e 1.700. Em relação às pensões de sobrevivência, o valor passa a ser de 5.100 para todos os escalões, com os aumentos a variarem entre 425 e 2.125 patacas.
João Santos Filipe PolíticaPensões ilegais | Wong Sio Chak considera diferença de opiniões “normal” De um lado, Sónia Chan e Wong Sio Chak, contra a criminalização de pensões ilegais. Do outro, Alexis Tam, com a tutela que decide sobre o assunto, a favor da alteração. Enquanto o tema divide o Governo, o Chefe do Executivo diz que vão “fazer como fazem sempre”, encomendar mais um estudo [dropcap]O[/dropcap]secretário para os Assuntos Sociais é o responsável pelas políticas que podem combater o fenómeno das pensões sociais, mas Sónia Chan também está contra a criminalização. Foi desta forma que Wong Sio Chak, secretário para a Segurança abordou a “normal” diferença de opiniões sobre o assunto, que surgiu durante as Linhas de Acção Governativa. Desde o início, Wong Sio Chak tem-se mostrado contra a criminalização e ontem, depois de ter considerado como normal a diferença de opiniões dentro do Governo, apontou que a sua posição tem o apoio da tutela da Administração e Justiça. “É normal que os dirigentes das diversas tutelas expressem opiniões diferentes sobre vários temas. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, estando a sua tutela a elaborar políticas de combate às pensões ilegais, tem o direito, poder e dever de impulsionar trabalhos de avaliação da proposta de lei”, começou por dizer o secretário para a Segurança, ontem, na Assembleia Legislativa, à margem dos trabalhos de uma comissão. Wong Sio Chak explicou depois que a sua tutela tem aprofundado o assunto com as áreas de Alexis Tam e Sónia Chan, e que a última tem tido uma posição mais próxima da sua: “As áreas da Administração e Justiça e da Segurança partilham de pontos de vistas semelhantes”, frisou. Por outro lado, Wong Sio Chak reconheceu que caso a posição de Alexis Tam reúna consenso que “a tutela da Segurança vai colaborar integralmente e apresentar as suas opiniões”. Raiz do problema Mesmo assim, o secretário para a Segurança voltou a insistir no argumento de que o principal problema é as autoridades não saberem quem são os responsáveis pelos arrendamentos ilegais. Em causa está o facto de, habitualmente, não existirem registos de contratos de arrendamento. “A principal dificuldade na execução da lei centra-se em encontrar a pessoa que presta o alojamento ilegal”, apontou. “Mesmo que se criminalizem as situações de pensão ilegal, a raiz do problema não será resolvida”, explicou. Wong aponta como solução a criação de um sistema de registo de contratos de arrendamento, que permita às autoridades saberem quem é o responsável pelas pensões ilegais. De acordo com esta ideia, a informação só poderia ser consultada “com aprovação de um juiz”. Ainda em relação à criminalização, o secretário para a Segurança diz que mesmo que seja crime vai ter uma pena leve, mais provavelmente aplicada de forma suspensa, pelo que defende que a multa actual, entre 200 mil e 800 mil patacas é suficiente para combater o fenómeno. Wong Sio Chak entende que a prioridade é facilitar o acesso à informação sobre os arrendatários. Palavra de Chui Também o Chefe do Executivo abordou ontem o diferendo que se instalou no seio do Governo. Antes de partir para Pequim, Chui Sai On disse que vai aplicar a receita do costume para lidar com a situação. “Os dois secretários tiveram opiniões diferentes nas LAG e toda a população está atenta, mas o Governo tem um procedimento administrativo para tratar esse tipo de casos […] vamos fazer como sempre fizemos. Como ainda não temos certeza sobre a medida perfeita, primeiro temos de fazer um estudo e depois divulgamos a medida”, disse quando questionado sobre o tema. Quem se quis manter à margem da polémica foi Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas. “É uma questão que não tem nada a ver comigo. Não é da minha tutela e só tenho opiniões sobre as coisas da minha tutela”, sublinhou.
João Santos Filipe China / ÁsiaAugusto Santos Silva confunde China com Taiwan e diplomata chamou DDT a Xi [dropcap]A[/dropcap]visita do presidente Xi Jinping também ficou marcada por algumas gafes do lado português. O mote foi dado pelo ministro para os Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, ainda antes da visita, numa entrevista à emissora TDM, que foi transmitida no telejornal de domingo. Quando fazia a antevisão da deslocação do presidente chinês a Portugal, Augusto Santos Silva trocou a denominação do Governo do Interior da China com a denominação nacionalista, que vigora em Taiwan. “Será uma visita com muitos resultados substantivos. Nós teremos uma declaração conjunta, nós assinaremos vários memorandos de entendimento e de acordo com a República da China em vários domínios, que vão do domínio científico ao económico”, afirmou Augusto Santos Silva. A República da China foi estabelecida em 1912 com a queda da Dinastia Qing. No entanto, após a guerra civil, o Partido Nacionalista (Kuomintang) foi substituído no poder pelo Partido Comunista, que declarou, em 1949, a criação da República Popular da China. A denominação República da China continua em vigor em Taiwan, que é vista como uma província rebelde pelo Governo Comunista. Todavia, em 1992, as duas partes assinaram um acordo em que se comprometiam a reconhecer que só existia uma única China, apesar da controvérsia e interpretações distintas. O HM contactou o ministro através dos assessores do MNE sobre este assunto, mas até ao fecho da edição de ontem não tinha sido recebido qualquer resposta. Apesar da gafe, Augusto Santos Silva não está a ser investigado, ao contrário de um diplomata português que escreveu no Facebook que Xi Jinping é o novo DDT. A expressão, que significa Dono Disto Tudo, foi utilizada por Paulo Chaves, chefe de divisão de informação e imprensa dos Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), e generalizou-se para definir a influência de Ricardo Salgado na política e negócios portugueses, antes da falência do Banco Espírito Santo. O episódio aconteceu na terça-feira, quando Paulo Chaves postou uma fotografia da aterragem do Presidente chinês e deixou o seguinte o comentário: “O dragão aterrou”, em inglês. Contudo, um internauta fez-lhe a seguinte pergunta: “já estão todos de cócoras e prontos para beijar a barra do casaco?”. Foi na resposta que Paulo Chaves utilizou a expressão DDT. Ao jornal Público, Augusto Santos Silva, Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), prometeu uma investigação ao “episódio lamentável”. O político socialista considerou igualmente que o comentário não é “de todo” adequado, “mesmo que em contexto de conversa privada ou em registo irónico”. Foi igualmente explicado que os diplomatas estão obrigados a regras de conduta e de comportamentos em público.
João Santos Filipe PolíticaTribunais | Chefe do Executivo em vias de ser o único residente sem direito a recurso [dropcap]O[/dropcap] Governo está a equacionar voltar atrás e permitir que os arguidos dos processos que envolvam o Chefe do Executivo possam ser julgado em primeira instância pelo Tribunal Judicial de Base (TJB). Com esta opção, assim que as alterações à Lei de Bases da Organização Judiciária entrarem em vigor, o Chefe do Executivo passa a ser o único cidadão de Macau sem direito de recurso, uma vez que é julgado logo pelo Tribunal de Última Instância (TUI). No caso dos secretários e outros titulares de cargos importantes, que actualmente são julgados directamente pelo TUI, passa a haver a possibilidade de recurso, uma vez que o primeiro julgamento é no Tribunal de Segunda Instância (TSI). Inicialmente, o Governo pretendia que todos os arguidos nos processos em que também se julgasse o líder do Executivo fossem presentes, em simultâneo, perante o colectivo de juízes do TUI. Contudo, ontem, numa reunião com os deputados da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, a secretária para a Administração e Justiça mostrou disponibilidade para rever a proposta, de forma a manter a situação actual. “O Governo disse que vai considerar manter o actual regime, em que os arguidos são julgados pelo Tribunal Judicial de Base em primeira instância”, disse Vong Hin Fai, presidente da 3.ª Comissão Permanente, após uma reunião com o Governo. O pedido para se proceder a esta alteração tinha partido dos próprios deputados: “Achamos que há um conflito em termos de protecção dos direitos e interesses dos co-arguidos em casos que envolvem o Chefe do Executivo”, foi explicado pelo presidente da comissão. Direitos humanos em causa No que diz respeito ao facto do Chefe do Executivo não ter direito a recurso, o Governo nega que tal circunstância represente uma violação de direitos fundamentais. De acordo com a equipa da Sónia Chan, o Protocolo n.º 7 à Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, de 1984, dispensa esse recurso. A equipa legal da secretaria evoca o artigo número dois: “Este direito [de recurso] pode ser objecto de excepções em relação a infracções menores, definidas nos termos da lei, ou quando o interessado tenha sido julgado em primeira instância pela mais alta jurisdição”, pode ler-se no artigo citado pelo Governo. De acordo com Vong Hin Fai, a maioria dos deputados concorda que o Chefe do Executivo não tenha direito de recurso e seja julgado logo no Tribunal de Última Instância. No entanto, uma minoria está contra esta proposta, por considerar que os direitos fundamentais do titular do mais elevado cargo político de Macau vão ser violados.
João Santos Filipe Manchete PolíticaDome vai ser alvo de obras de renovação com custo de 30 milhões Apesar da derrapagem orçamental de 80 por cento, a Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental sempre teve problemas de infiltrações. Um problema que o Governo se propõe agora resolver a tempo de celebrar o 20.º aniversário da RAEM [dropcap]Q[/dropcap]uinze anos depois, a Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, também conhecida como Dome, vai ser alvo de obras de renovação no valor de 30 milhões de patacas. A intervenção visa resolver infiltrações, problemas no pavimento e para a plantação de árvores nas zonas envolventes. A revelação foi feita, ontem, pelo presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, Chan Chak Mo, cujo grupo de trabalho está a analisar o orçamento da RAEM para o próximo ano. O maior aumento está ligado ao Fundo do Desporto que vai crescer para 930 milhões de patacas, um incremento de 118 milhões, quando este ano foi de 812 milhões. Numa resposta enviada ao HM, o Instituto do Desporto (ID) revelou que custo das obras no Dome vai ser de 30 milhões de patacas. “Os trabalhos de manutenção e reparação do Dome e das áreas circundantes incluem a limpeza da superfície, pintura da estátua à entrada do Dome, reparação da estrada circundante, reparação da estrutura de metal do Dome, plantação de árvores e reorganização das cercas”, foi explicado pelo ID. Além destas despesas vai ser igualmente comprado um novo sistema de vigilância, assim como será contratado pessoal técnico, de acordo com os padrões exigidos pela Polícia de Segurança Pública. Segundo o presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, Chan Chak Mo, a realização de obras na estrutura com 14 anos é vista como normal. O Dome foi finalizado em 2005, a tempo dos Jogos da Ásia Oriental, na altura a obra custou 1.259 milhões de patacas. O custo total sofreu uma derrapagem de 79,53 por cento face ao valor inicialmente previsto de 701 milhões, ou seja um aumento de 558 milhões. “A obra é grande e vai ser paga pelo Fundo do Desporto. Tem que ver com o aniversário da transição da soberania porque é necessário organizar vários eventos de celebração e existe a necessidade de fazer obras”, afirmou Chan Chak Mo. “Os Jogos da Ásia Oriental foram há mais de 10 anos, creio que em 2005, por isso há problemas no terreno, no auto-silo, no pavimento têm infiltrações. É necessário fazer obras e para o ano é o aniversário da RAEM”, acrescentou. Relatório e Contas Ontem, o ID, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a Direcção de Serviços Correccionais (DSC), o Instituto Cultural (IC) e a Universidade de Macau (UMAC) ofereceram explicações sobre os aumentos nos respectivos orçamentos para o próximo ano. O ID vai ter um orçamento de 232 milhões, o que representa um aumento de 28 milhões, face ao dinheiro que teve disponível este ano: 204 milhões. No entanto, o maior salto verificou-se na Autoridade Monetária de Macau (AMCM) que vai chegar aos 630 milhões de patacas. Desta forma, o departamento vai ter um orçamento de 3,32 mil milhões, quando este ano tinha sido de 2,69 mil milhões. A diferença foi explicada com o aumento da taxa de juros de referência nos Estados Unidos. Esta mudança acaba por ter um impacto em Macau, uma vez que a pataca está indexada ao dólar de Hong Kong, que por sua vez está indexado ao dólar norte-americano. Como o valor do dinheiro ficou mais caro, quando os bancos depositam as suas reservas na AMCM, a autoridade tem de pagar juros mais elevados. “Quando há sobras nas reservas, os bancos podem depositar o dinheiro na AMCM, que tem de pagar os juros. Isso implica um aumento nas despesas. É uma medida normal para manter a estabilidade do valor da pataca”, afirmou Chan Chak Mo. “Como o dólar de Hong Kong está indexado ao dólar norte-americano, e a pataca está indexada ao dólar de Hong Kong, a AMCM vai ter de pagar mais aos bancos que colocam as reservas financeiras na AMCM. Neste sentido, é esperado um aumento na despesa de 400 milhões, para pagar aos bancos”, explicou. O presidente da Comissão desvalorizou o aumento, uma vez que a AMCM tem conseguido lucrar com a aplicação do dinheiro depositado pelos bancos. Massa mais cara Em relação a outros aumentos patentes no orçamento, a UMAC vai ter mais 399 milhões de patacas para gastar, ou seja um crescimento nas despesas de 17 por cento, o que equivale a um valor de 2.738 milhões de patacas. A instituição vai ter também mais 600 alunos, o que equivale a uma média de 230 mil patacas por ano por estudante. Já os Serviços Correccionais vão ver o orçamento crescer 79 milhões de patacas, ou seja 12,8 por cento, de 617 milhões. Deste montante, 20 milhões de patacas vão para a renovação da frota de veículos e um novo sistema de comunicação. Outros gastos envolvem a contratação de mais pessoal. Quando questionado sobre o facto do Governo estar a aumentar vários orçamentos, Chan Chak Mo acredita que há boa explicações e deixou um desabafo: “Hoje em dia, até comprar um pacote de massa é caro”, admitiu. Museu de Macau e Centro Cultural com obras Até ao final do ano que vem, também o Museu de Macau e o Centro Cultural vão sofrer trabalhos de renovação. Em causa estão as preparações para o 20.º aniversário da criação da RAEM. “No IC vai haver um orçamento de aproximadamente 20 por cento [21,4 por cento], que se deve a gastos com a realização de vários projectos culturais. Também vai haver obras no Museu de Macau e Centro Cultural, que foram construídos há mais de 20 anos e que precisam de uma renovação”, disse Chan Chak Mo. “Para o ano celebra-se o 20.º aniversário da transição e vai exigir um gasto maior para as celebrações”, frisou. O orçamento vai subir para 1.023 milhões de patacas, um aumento de 844 milhões face ao ano passado.
João Santos Filipe SociedadeTUI | Considerada legal revista sem autorização prévia [dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Última Instância (TUI) considerou legal uma revista sem autorização prévia de um juiz de instrução ou consentimento escrito do revistado. A decisão foi tomada a 21 de Novembro e revelada, ontem, pelos tribunais da RAEM. Segundo a defesa, a polícia criminal devia ter invocado que havia “razão para crer que a demora [para obter a validade do juiz de instrução] poderia representar grave perigo para bens jurídicos de valor relevante”, o que não aconteceu. Contudo, o tribunal considerou que “não está excluído que quem aprecie a regularidade da revista o invoque [esse artigo]”, ou seja, no entendimento do TUI mesmo que seja apenas o juiz de instrução a invocar o artigo, tal está dentro da legalidade. Como consequência da revista, foram encontrados estupefacientes no indivíduo, que acabou condenado por um crime de tráfico de droga, com uma pena de seis anos de prisão.
João Santos Filipe SociedadeUnion Gaming diz que Ponte HKZM não está a melhorar resultados Entram em Macau, mas na maior parte dos casos para seguirem para Hong Kong. Banco de investimento acredita que vai levar vários trimestres, ou mesmo anos, para que a nova ponte tenha um “impacto significativo” nas receitas dos casinos [dropcap]A[/dropcap]pesar das grandes expectativas do sector do jogo, a abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau não se está a reflectir nos resultados das operadoras. A conclusão é do banco de investimento Union Gaming, que diz que vai levar anos até que os efeitos sejam visíveis na principal indústria do território. Num relatório divulgado no domingo à noite – depois de ter sido revelado que as receitas do jogo tinham subido 8,5 por cento em Novembro face ao período homólogo para os 25 mil milhões de patacas –, o banco apontou que não há um “impacto material” da ponte nos números apresentados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). “Ponte sem impacto. É importante referir que, e ao contrário do que acreditamos que se esteja a reflectir no número de visitantes, que tem um número mais robusto, não vemos um impacto da abertura da ponte nas receitas brutas do jogo”, pode ler-se na nota assinada pelo analista Grant Govertsen. “Vai levar muitos trimestres, para não dizer anos, para que a ponte tenha um efeito material na indústria de Macau. E acreditamos que o maior impacto vai acontecer ao nível do sector das exposições e convenções”, é acrescentado. O banco de investimento deixa também um aviso para o número de visitantes, que pode conduzir a enganos. Em causa está o facto das pessoas do Interior da China entrarem em Macau apenas para apanharem a ponte com direcção a Hong Kong. “Parece haver uma certa dinâmica nos primeiros dias de funcionamento da ponte, que pode ter resultado num aumento significativo de visitantes vindos do Interior da China. Mas estas pessoas apenas se deslocam a Macau para apanharem a ponte em direcção ao Hong Kong”, é explicado. “Ou melhor, estas pessoas apenas estão em Macau por breves minutos, antes de apanharem outro transporte em direcção a Hong Kong, mas entram nas estatísticas”, é clarificado. Mesmo assim, Grant Govertsen considera que a partir das análises feitas nas áreas do jogo que houve um “crescimento moderado” ao nível do mercado de massas. Crescer três por cento No que diz respeito ao que falta do ano, a Union Gaming está a apostar num crescimento de sete por cento das receitas em Dezembro. “Estamos a apontar para um aumento das receitas brutas do jogo de sete por cento, para as 24,2 mil milhões de patacas. O mês de Dezembro tem um calendário desfavorável [face ao ano passado], porque tem menos uma sexta-feira”, é sublinhado. Em relação ao trimestre de 2019, existem expectativas que o crescimento se fiquei pelos três por cento, que depois deverá acelerar. “Estamos à espera de um começo do ano lento, com o primeiro trimestre a ter um crescimento de três por cento na receitas do jogo, antes de haver um aceleramento para valores intermédios de um digito, no pós-primeiro trimestre”, é previsto. Concurso para áreas comerciais Chui Sai On ordenou ontem a abertura do concurso público para a exploração das áreas comerciais, como restaurantes e lojas, no Edifício do Posto Fronteiriço de Macau na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. A decisão foi comunicada, ontem, através de um despacho em Boletim Oficial. Este era um dos pontos que tinha sido alvo de críticas na estrutura do lado de Macau, uma vez que actualmente além dos balcões de venda de bilhetes e das máquinas automáticas de venda de água, não há outras lojas no espaço.
João Santos Filipe Manchete PolíticaFalar durante a Marcha dos Voluntários pode valer multa Até 10 mil patacas. É este o montante que quem falar ao telefone ou fizer ruídos durante a execução do hino nacional vai ter de pagar. As multas poderão ser passadas pela PSP ou Serviços de Alfândega [dropcap]F[/dropcap]alar com a pessoa do lado durante a execução instrumental e/ou verbal do hino, fazer ruído ou falar ao telemóvel pode valer uma multa entre duas mil patacas até às 10 mil patacas. Nestes casos, o Governo considera que quem não adoptar uma conduta respeitosa nem se comportar com “compostura”, poderá ser sancionado pelos Serviços de Alfândega ou Corpo de Polícia de Segurança Pública. A situação foi explicada, ontem, por Ho Ion Sang, presidente da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. Este grupo de trabalho da AL esteve ontem reunido com o Governo, que se fez representar pela secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, para discutir a nova Lei do Hino. Ontem, os deputados ouviram as respostas do Executivo sobre comportamentos que podem potencialmente ser sancionados. No final, Ho Ion Sang deu alguns exemplos, mas vincou que as situações vão ser analisadas “caso a caso”. “Quando está a tocar o hino, não se pode falar com a pessoa ao lado, berrar ou falar ao telefone. São comportamentos de quem não mantém a compostura”, afirmou o presidente da comissão. A lei exige igualmente que as pessoas se levantem durante o hino. Contudo, no caso de haver dificuldades especiais ou deficiências, as condicionantes vão ser tidas em conta. Ao mesmo tempo, o Governo garantiu as pessoas com deficiências mentais podem ficar isentadas de cumprir com estas exigências. Por outro lado, Ho Ion Sang explicou que as sanções não vão ser aplicadas sempre que toca o hino, mas preferencialmente em ocasiões públicas. “Se as pessoas estão num autocarro e nas televisões começa a tocar o hino, ninguém está á espera que o condutor se levante ou os passageiros”, exemplificou. Também em casa, à hora do jantar, quando o hino toca na televisão, as pessoas poderão ficar sentadas. “Se estou em casa a jantar e toca o hino, posso levantar-me e ficar em pé. Mas depende da escolha das pessoas, como não é uma cerimónia oficial, esta é apenas uma das forma que podem escolher para mostrar o respeito pelo hino”, disse. Mesmo assim, Ho Ion Sang deixou a garantia de que a polícia não vai entrar em casa das pessoas para inspeccionar se elas estão levantadas quando toca o hino. Escolas já cumprem A lei define ainda a obrigação das escolas do ensino primário e secundário de ensinarem os alunos a cantar o hino e promover uma melhor compreensão da “história” e do “espírito” da Marcha dos Voluntários. Porém, segundo Ho Ion Sang, com base nas informações do Governo, 68 escolas da rede escolar já cumprem com os futuros requisitos. Além disso, os órgãos de comunicação social também ficam obrigados a cooperar com o Governo na divulgação de informações sobre o hino. A lei não prevê sanções para quem não cumpra com as exigências, mas poderá haver penalizações indirectas, como consequências na futura negociação dos contratos de concessões, no caso da TDM ou da Rádio Ilha Verde. Vai ainda haver um regulamento a definir os dias de celebrações importantes e dias de festa em que o hino terá que ser tocado e/ou cantado. As ocasiões só vão ser definidas mais tarde, através de regulamento, mas vão incluir a tomada de posse dos altos cargos políticos, como a posição de Chefe do Executivo, tomada de posse do presidente da Assembleia Legislativa, condecorações, eventos desportivos, entre outros.