João Luz Manchete SociedadeDSSOPT | CCAC volta a ligar Jaime Carion a suspeitas de corrupção O ex-director das Obras Públicas, Jaime Carion, volta a ser protagonista de uma investigação do Comissariado contra a Corrupção com o anúncio de mais um caso suspeito de corrupção passiva e branqueamento de capitais. O caso foi reencaminhado para o Ministério Público Jaime Carion volta ao radar do Comissariado contra a Corrupção, dois anos e meio depois de lhe terem sido apreendidas cerca de 40 propriedades, entre apartamentos, lugares de estacionamento e lojas. O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) anunciou ontem que mais um ex-dirigente da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) é suspeito de corrupção e branqueamento de capitais e que o caso foi reencaminhado para o Ministério Público. O comunicado do CCAC não indica o apelido do dirigente em questão, mas foi confirmado aos média tratar-se de Jaime Carion, que saiu da direcção da DSSOPT em 2014. No final de 2017, um anúncio do Tribunal Administrativo afirmava que o ex-dirigente estava em parte incerta. Segundo o organismo liderado pelo comissário Chan Tsz King, o caso em que Carion é suspeito surgiu na sequência da investigação que levou à detenção de Li Canfeng. O CCAC refere que Jaime Carion terá recebido vantagens, nomeadamente quantias avultadas e bens imóveis, e abusado do poder durante o exercício das suas funções. As suspeitas de que é alvo incluem também a “prática de actos ilícitos no processo de apreciação e aprovação dos projectos de construção apresentados pelos empresários envolvidos”. O CCAC alega que os projectos em questão eram, por vezes, aprovados mesmo sabendo que violavam “instruções administrativas ou procedimentos da DSSOPT”. O abuso de poder inclui a introdução de grandes alterações às plantas de alinhamento originais, emissão de novas plantas de alinhamento, emissão a título excepcional de licenças de obras e autorizações para alterar o conteúdo de obras com encargos especiais para que os “promotores obtivessem o máximo proveito no âmbito dos respectivos projectos de construção”. As contrapartidas Depois de anos de silêncio, o CCAC adiantou ontem que Jaime Carion terá recebido “através de familiares e amigos seus, por meios sinuosos, vantagens, nomeadamente avultadas quantias e bens imóveis, dos empresários”. Como tal, é suspeito da prática dos crimes de corrupção passiva para acto ilícito e de branqueamento de capitais. Os empresários e os indivíduos envolvidos terão praticado os crimes de corrupção activa e de branqueamento de capitais, respectivamente. Além disso, o comissariado refere que “para fugir à investigação, o ex-dirigente e os seus familiares ter-se-ão refugiado no exterior há já muito tempo, não tendo ainda regressado a Macau até à presente data”, acrescentando que foram apreendidos no passado vários bens imóveis do ex-dirigente e familiares.
João Luz Manchete ReportagemAno Novo Lunar | Possibilidade de novo surto aflige comerciantes Com um novo surto no horizonte, o HM tomou o pulso a comerciantes, turistas e residentes. Um turista não pode regressar a casa, em Zhongshan, onde foi ontem confirmado um caso positivo. Os comerciantes protestam contra a “pontaria” dos surtos, que acontecem sempre em alturas de feriados, e os residentes temem o fecho de fronteiras e serviços Três meses depois do último surto de covid-19 que paralisou Macau, a apreensão voltou a sentir-se nas ruas depois de a possibilidade de novos casos locais ter voltado ao subconsciente de residentes, turistas e comerciantes. Enquanto se anunciavam quarentenas obrigatórias devido a casos de proximidade e redução da validade dos testes de ácido nucleico, o HM foi ouvir transeuntes e trabalhadores de uma das zonas mais turísticas da cidade, à volta das Ruínas de São Paulo, até à Rua dos Mercadores. Num sítio digno de postal, a escadaria que sobe até às ruínas, encontrámos Wen, um jovem de 23 anos, que veio a Macau com a namorada captar momentos fotográficos para publicar nas redes sociais. O regresso a casa era uma incógnita, que parecia não o afligir, porque mora em Zhongshan, a cidade que foi ontem isolada e esteve no epicentro do aperto de medidas que alastrou pela região. “A minha casa fica numa zona que foi fechada, em Zhongshan. Por isso, amanhã [hoje] vamos para Zhuhai e ficamos lá uns dias. Ainda não fizemos muitos planos, mas, para já, não estamos a contar com o encerramento das fronteiras”, contou ao HM, em frente às Ruínas de São Paulo. Perto da Rua dos Mercadores, Chen, uma turista de 38 anos, continuava o dia de férias sem grandes preocupações. “Não tenho receio da possibilidade de surtos ou medidas que sejam impostas. Vim de Dongguan e não passei por Zhongshan. Portanto, o caso positivo que foi noticiado não afecta o itinerário que tenho planeado. Regresso hoje [ontem] a casa e duvido muito que as autoridades fechem as fronteiras”, contou ao HM. Lojistas e funcionários A disposição dos comerciantes e trabalhadores de lojas com que o HM falou é bem diferente da descontração verificada nos turistas. Lei encarou as notícias de ontem com outros olhos. O responsável pela Macau Speciaty Store, uma loja que vende uma ampla variedade de biscoitos e carnes secas, destaca a “pontaria” do surgimento de casos positivos de covid-19 antes dos feriados e das épocas altas. “Quando a situação parece estar a melhorar, lá vem mais um surto, as fronteiras fecham outra vez e ficamos sem visitantes, como aconteceu na semana dourada”, afirmou nitidamente agastado face à possibilidade de a covid-19 estragar os negócios do Ano Novo Chinês. Algo resignado, o gestor da loja espera apenas que o Governo consiga controlar a pandemia e que esta não afecte muito Macau. Do ponto de vista prático, Lei está mais descansado porque os não residentes que trabalham na Macau Speciaty Store moram no território, ou seja, o eventual fecho das fronteiras não afectaria as operações da loja. O negócio, esse, já será afectado com a redução da validade dos testes de ácido nucleico para passar a fronteira. “Desde que começou a pandemia, dependemos muito da época alta e dos feriados. Fora dessas alturas, o negócio é fraco. Mas hoje, já notei apreensão dos turistas. Se o prazo de 48 horas de validade do teste se mantiver durante o Ano Novo Chinês o negócio vai sofrer”, revelou, deixando ainda a esperança de que as autoridades consigam evitar o surgimento de casos. Li está numa situação diferente. Apesar de dar conta de um relativo retorno dos negócios desde o início de 2022, a trabalhadora não-residente do restaurante Tam Kah Shark’s Fin Trading, está em licença sem vencimento alguns dias do mês. A falta de clientela na casa perto da Travessa da Paixão será agravada pela redução da validade dos testes exigidos para atravessar fronteiras, prevê. A TNR ontem não teve a trabalhar a seu lado um colega, que mora em Tanzhou na cidade de Zhongshan, por estar confinado na zona de alto risco onde foi descoberta uma infecção. A quebra de visitantes nesta altura é particularmente penalizadora para o comércio, por ser uma época tradicional de compra de iguarias gastronómicas para oferecer aos familiares nas festas de Ano Novo Lunar. A época festiva que se avizinha aflige de maneira diferente Sou, um funcionário público de 33 anos. “Tenho receio que haja muitos casos positivos. Nesta altura, as pessoas viajam, muitos atravessam a fronteira e isso pode resultar em surtos. Acho que o fecho das fronteiras é inevitável.” O funcionário público não tem de se preocupar com as consequências laborais da pandemia. Porém, a possível suspensão das aulas e cenário hipotético de não ter quem tome conta da filha de 4 anos, enquanto Sou e a mulher trabalham, deixam o residente ansioso. Os próximos dias serão determinantes para os diferentes cenários do futuro das pessoas ouvidas ontem pelo HM. Com ou sem surto de covid-19.
João Luz Manchete SociedadeCovid-19 | Um novo surto em Macau pode estar iminente O coordenador do plano de vacinação acha que um novo surto é uma realidade mais que provável, devido à forma como a variante ómicron se propaga, que resultará no encerramento das fronteiras com a China. Entretanto, as autoridades de saúde estão a negociar com a Pfizer BioNTech a compra de vacinas concebidas para crianças entre os 5 e 11 anos Um novo surto pandémico pode ser uma realidade incontornável num futuro próximo. É o que pensa Tai Wa Hou, o médico que coordena o plano de vacinação contra o covid-19 na RAEM. Em declarações prestadas ontem no programa Fórum Macau, do canal chinês de rádio da TDM, o responsável atribuiu esta realidade à forma como a variante ómicron se está a propagar no mundo inteiro, sem esquecer os casos registados em Hong Kong e no Interior da China. “A investigação epidemiológica indica que estes surtos estão sempre relacionados com aglomerados de pessoas. Macau registou vários casos importados da variante ómicron e, apesar de ainda não termos nenhum surto na comunidade, essa realidade é iminente”, vaticinou o médico. Lançando um apelo à população para se vacinar, Tai Wa Hou lembrou as consequências práticas do próximo surto. “Preciso destacar mais uma vez que, se Macau registar um certo número de casos, isso implicará a interrupção das passagens fronteiriças com o Interior. O surto terá um impacto profundo na economia de Macau e na segurança da população”, afirmou. Outra arma das autoridades para mitigar os efeitos de um eventual surto, é o reforço dos esforços para recolher informação sobre os percursos de pessoas infectados ou de contacto próximo. Assim sendo, a partir de sábado hotéis, restaurantes e locais de entretenimento precisam de ter à entrada um painel com o código QR que liga à app que regista a hora de entrada do utilizador nos locais. O uso da aplicação de telemóvel ainda não é obrigatório, apesar de as autoridades pedirem aos residentes que façam o download e a utilizem. Quanto à app, Tai Wa Hou indicou que o ideal seria ter o seu pleno funcionamento duas semanas antes da descoberta de um surto e que a resposta mais eficaz continua a ser a vacinação. O responsável pelo plano de inoculação revelou que até ontem foram administradas perto de um milhão de doses. Picas na pequenada No mesmo programa, a coordenadora do núcleo de prevenção de doenças infecciosas, Leong Iek Hou, adiantou que as autoridades de saúde da RAEM estão a negociar com a Pfizer a compra de lotes de vacinas mRNA especialmente concebidas para crianças entre 5 e 11 anos. O fármaco tem sido aprovado por autoridades de supervisão farmacêutica um pouco por todo o mundo e tornou-se incontornável devido ao impacto da nova variante nas crianças. Leong Iek Hou afirmou que dados recolhidos globalmente indicam que a variante ómicron levou ao aumento de internamentos hospitalar de crianças. “Pedimos aos pais para vacinarem os seus filhos, o mais depressa possível”, apelou a médica. Quanto à administração da terceira dose, Leong Iek Hou referiu que existe consenso científico quanto à segurança de a dose de reforço não ser a mesma das primeiras duas inoculações.
João Luz Manchete SociedadeDiplomacia | Cônsul não considera observações de Santos Silva como críticas O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que Macau irá ter um novo Cônsul-Geral este ano e que irá escolher “alguém que corresponda a todas as dimensões da actividade consular, que não é apenas de passar papéis”. Paulo Cunha Alves não encara as observações de Augusto Santos Silva como críticas, mas como requisitos do cargo de cônsul-geral “No que respeita às considerações do Senhor Ministro sobre o perfil ideal para o Cônsul-Geral em Macau, não posso senão com elas concordar na íntegra, uma vez que estiveram na base do que me foi solicitado quando para aqui vim em 2018. Não são, de modo algum, críticas, mas sim o ‘caderno de encargos’ do trabalho a realizar em Macau, e que tenho desenvolvido, com o apoio da minha equipa, desde que aqui assumi funções”, afirmou ao HM o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves. As declarações do diplomata surgem na sequência de uma palestra online, promovida pela secção de Macau do Partido Socialista, em que Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, participou na qualidade de candidato à Assembleia Legislativa pelo círculo fora da Europa. Na conversa com dirigentes de associações de cariz portuguesa em Macau e outras personalidades, Santos Silva afirmou que se for nomeado para mais um mandato à frente do Ministério dos Negócios Estrangeiros, depois das eleições legislativas de 30 de Janeiro, irá substituir o Cônsul-Geral de Macau e Hong Kong. “Vamos fazer uma avaliação e em 2022 vai mudar o cônsul. O compromisso que tomo é nomear alguém que corresponda a todas as dimensões da actividade consular, que não é apenas de passar papéis, mas que compreende também a dimensão económica, empresarial, relação com as associações, a dimensão do apoio à escola portuguesa. Todas estas dimensões são muito importantes para o cônsul português em Macau e a nomeação que farei terá de ter em conta a avaliação em todas estas dimensões”, afirmou o ministro. Teoria da rotatividade No próximo mês de Setembro, Paulo Cunha Alves cumpre quatro anos à frente da missão diplomática de Portugal na RAEM. “Este é o período normal para as nossas missões no quadro externo do Ministério dos Negócios Estrangeiros. No âmbito da rotação anual de Chefes de Missão, aguardo, assim, instruções do Senhor Ministro a respeito do meu próximo posto”, revelou Paulo Cunha Alves. Em declarações ao HM, o diplomata frisou que, além da vertente de protecção consular e do tratamento de documentos de identidade e de viagem, o trabalho que desempenhou teve por base precisamente as dimensões económica, empresarial, de apoio ao movimento associativo e da cultura e do ensino da língua portuguesa. Como tal, Paulo Cunha Alves não encara as declarações de Augusto Santos Silva como depreciativas em relação ao trabalho que tem feito no território. “Não considero as observações do Senhor Ministro, meu superior hierárquico de quem nunca recebi qualquer comentário menos abonatório a respeito do meu trabalho, como críticas. São antes considerações sobre a avaliação que o Senhor Ministro levará a cabo no processo de selecção do meu substituto”, apontou o diplomata. Augusto Santos Silva participou num painel online intitulado “Ouvir as Comunidades”, que contou com a presença de personalidades como Amélia António (presidente da Casa de Portugal), Jorge Fão (Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau), Miguel de Senna Fernandes (Associação de Promoção da Instrução dos Macaenses), José Sales Marques e Manuel Machado (a representar a Escola Portuguesa de Macau), Ana Soares (advogada e candidata do PS pelo Círculo de Fora da Europa) e José Rocha Diniz (administrador do Jornal Tribuna de Macau). Numa conversa em que foram contados alguns dos problemas típicos do associativismo de cariz português em Macau, Amélia António tocou na “ferida” do financiamento. “Estamos aqui altamente dependentes do Governo local, isso cria-nos uma situação muito incómoda. Ao fim destes anos todos, começamos a precisar de funcionar com alguma participação do Governo português e de outras entidades portuguesas”, considerou a presidente da Casa de Portugal.
João Luz Grande Plano MancheteCovid-19 | Tianjin testa 15 milhões e aperta restrições a três semanas das olimpíadas A três semanas do início dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, Tianjin vê-se a braços com uma luta para conter um surto de covid-19. A metrópole que fica a pouco mais de 100 quilómetros da capital testou 15 milhões de habitantes, restringiu saídas da cidade e cortou ligações com Pequim Com agências A megametrópole portuária de Tianjin, a pouco mais de 100 quilómetros de Pequim, trava uma batalha intensa para conter a pandemia e a disseminação da variante ómicron. As autoridades municipais começaram no domingo testar os cerca de 15 milhões de habitantes, e ontem a Comissão Nacional de Saúde revelou que os casos positivos locais passaram de 3 para 21, com infecções sintomáticas. Destes casos, pelo menos dois correspondem à nova variante ómicron. As autoridades de saúde nacionais e locais não têm dúvidas em definir Tianjin como o primeiro verdadeiro campo de batalha contra a nova variante da covid-19 na China, além de fazer soar alarmes na capital. O Global Times adianta que o surto criou um ambiente de incerteza em Pequim, elevando probabilidades de alastramento. Para já, os esforços focam-se em assegurar respostas prontas, nomeadamente através de rastreios rápidos para interromper o desenvolvimento de cadeias virais antes das celebrações do Ano Novo Chinês e dos Jogos Olímpicos de Pequim, que arrancam no dia 4 de Fevereiro. Todas as infecções foram encontradas nos distritos de Jinnan e Nankai e os pacientes enviados para isolamento hospitalar. Até ontem, ainda não era claro quantos dos casos correspondiam à variante ómicron. Os dois casos identificados com a variante que está a alastrar no mundo inteiro foram detectados no sábado em testes voluntários. De acordo com o Global Times, os restantes 18 casos foram encontrados em testes de rastreio a grupos de risco devido à proximidade, sem ligação a um caso importado que foi notícia no mês passado. Entre as cerca de duas dezenas de infectados, 15 são crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 13 anos. Uma das maiores preocupações das autoridades prende-se com o facto de os dois indivíduos infectados com ómicron não terem viajado recentemente para fora de Tianjin. Esforços de campanha Para já, as autoridades impuseram barreiras que isolaram zonas e edifícios consoante as classificações de risco de transmissão. Um prédio num complexo residencial em Jinnan foi isolado devido ao alto nível de risco, enquanto três outros edifícios residenciais no mesmo complexo e dois edifícios num outro bloco de apartamentos foram classificados como de risco médio. Além das residências e percursos de casos positivos, a determinação do risco por zonas foi feita também recorrendo a testes ambientais. Segundo o Global Times, entre os 70 testes ambientais, 14 acusaram positivo, enquanto nos testes realizados em áreas comuns de edifícios e elevadores foram encontrados dois locais infectados. Na noite de domingo, as autoridades de Tianjin fecharam a cidade, impedindo que os habitantes saíssem, excepto em situações estritamente necessárias e devidamente autorizadas. À luz verde das autoridades, ou aprovação dos empregadores para a saída, soma-se a necessidade de apresentar resultado negativo no teste de ácido nucleico válido em 48 horas e código de saúde verde. Além dos testes em massa, que estavam previstos terminar ontem à noite, desde sábado à noite e até ao início de segunda-feira, as autoridades tinham colocado em quarentena 75.680 pessoas. Outra medida preventiva está no telemóvel, com o código de saúde dos residentes que não receberem o resultado do teste de ácido nucleico dentro de 24 horas a mudar para cor de laranja, o que os impede de entrar em locais públicos, incluindo transportes como o metro ou os autocarros. Os habitantes vacinados nas últimas 48 horas estão isentos de efectuar o teste de ácido nucleico. Cavar um fosso Uma reunião de emergência do centro de comando da luta contra a pandemia, que incluiu o líder da cidade do Partido Comunista da China, Li Hongzhong, e presidente do município, Liao Guoxun, foi definida a resposta rápida “para cumprir a responsabilidade de Tianjin ser como um ‘fosso’ de castelo para proteger Pequim”, cita o jornal oficial. Uma das frentes para cavar o fosso entre Tianjin e a capital é o controlo da intensa rede de transportes que liga as duas cidades. Além da proibição de viagens para e de Pequim, as autoridades estabeleceram postos de controlo e canais especiais nas auto-estradas e estações de transportes. Desde domingo, que duas linhas da rede de metropolitano foram encerradas, enquanto no Aeroporto Internacional de Tianjin Binhai foram cancelados 144 voos. Face ao iminente encerramento da cidade, a população acorreu em massa aos mercados e lojas para comprar mantimentos. Em declarações ao Global Times, um cidadão de apelido Liu contou que o supermercado perto de sua casa estava completamente lotado às 7 da manhã de domingo, com uma fila de espera a alongar-se por mais de 200 metros. Os media locais deram conta também de casos de ruptura de stock de legumes e outros alimentos e da suspensão de serviços de entregas de mercearias. Para apaziguar as preocupações da população, o gabinete de comércio de Tianjin emitiu um comunicado a referir que os dois distritos mais afectados pelas restrições vão ser auxiliados com um plano de emergência para assegurar o abastecimento de bens essenciais. Foi também garantido que as reservas de vegetais são suficientes para alimentar a metrópole durante três ou quatro dias, enquanto as reservas de arroz, farinha e óleo podem durar 30 dias. A raiz do mal Imunologistas e responsáveis das autoridades de saúde apontam em uníssono que Tianjin é o epicentro da primeira grande batalha em solo chinês contra a variante ómicron. Apesar de a origem do surto ser desconhecida, as possibilidades são várias. Um imunologista, que não se identificou, ouvido pelo Global Times, afirmou que o surto em Tianjin pode facilmente chegar à centena de casos e que bens importados são uma forte possibilidade quanto à fonte da infecção. Recorde-se que Tianjin é uma cidade portuária com um avolumado tráfego de mercadorias e que passou a ser uma espécie de capital não oficial do Governo Central, em especial para assuntos internacionais. Por exemplo, no ano passado foi cidade anfitriã de várias delegações diplomáticas estrangeiras para reuniões de alto nível, incluindo norte-americanas. Além do papel institucional, a cidade concentra também importantes terminais de petróleo e gás natural, tem uma grande base fabril de construção de aviões da Airbus e centros de armazenamentos de dados de empresas tecnológicas chinesas, como a Tencent. Uma das principais preocupações das autoridades face à provável paralisia da cidade é o facto da CanSino Biologics, fabricante de vacinas contra a covid-19, estar baseada em Tianjin. Os meios de comunicação locais citam fontes da companhia que garantem que a produção e as operações não foram, por enquanto, afectadas pelo surto e que só serão tomadas decisões nesses aspectos quando forem apurados os resultados dos testes de ácido nucleico em toda a cidade. O fabricante de vacinas, que está cotado nas bolsas de valores de Xangai e Hong Kong, não prestou informações quanto à possibilidade de interromper as operações. Independentemente das repercussões empresariais, a grande preocupação é Pequim, a escassas semanas da inauguração dos Jogos Olímpicos de Inverno. O director adjunto do departamento de biologia patogénica da Universidade de Wuhan, Yan Zhanqiu, afirmou que o facto de estarmos no Inverno potencia a disseminação das infecções, mas que a resposta capaz e eficiente pode contornar a situação e limitar os danos do surto. “Faltam apenas três semanas para o Ano Novo Chinês. Se conseguirmos identificar a fonte da infecção e tomar as medidas adequadas, o surto em Tianjin será extinto a tempo”, disse Yang ao Global Times. Capital de risco Os viajantes diários entre Tianjin e Pequim, estimados em cerca de 100.000 em 2020, são encorajados a trabalhar a partir de casa. Qualquer pessoa em Pequim que tenha visitado os distritos de Jinnan e Nankai em Tianjin desde 23 de Dezembro de 2021 será sujeita a quarentena domiciliária e testada. A outras pessoas que tinham viajado para Tianjin desde a data acima mencionada foi pedido que se apresentassem imediatamente aos funcionários da comunidade local, empregadores e hotéis. Os postos de controlo de entrada de Tianjin a Pequim implementaram protocolos de inspecção epidémica reforçados. Muitos veículos e pessoas foram persuadidos a regressar. Alguns residentes que regressaram de Tianjin a Pequim nos últimos dias foram convidados a permanecer em quarentena em casa. Mais 157 casos nas últimas 24 horas A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou ontem a detecção de 157 casos positivos de covid-19, nas últimas 24 horas, 97 dos quais por contágio local. Entre os casos locais, 60 foram diagnosticados na província de Henan (centro). O município de Tianjin detetou 21 casos, a província de Shaanxi (centro) 15 e a província de Guangdong (sudeste) um. Entre os 60 casos “importados”, 26 foram detectados no município de Xangai (leste). As autoridades de saúde também informaram sobre a detecção de 42 casos assintomáticos, todos oriundos do estrangeiro, embora Pequim não os contabilize como casos confirmados, a menos que manifestem sintomas. O número total de pacientes activos na China continental é de 3.404, entre os quais 27 encontram-se em estado grave. Desde o início da pandemia, 103.776 pessoas foram infectadas no país e 4.636 morreram.
João Luz Manchete SociedadeDelegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa ajuda a fazer provas de vida A Delegação Económica e Comercial de Macau, em Lisboa, chefiada por Alexis Tam, vai ajudar idosos com mobilidade reduzida e residentes na área da Grande Lisboa a tratar da prova de vida através de um serviço ao domicílio. Os pedidos de emissão das provas de vida, obrigatórios para receber benefícios sociais da RAEM, podem ser submetidos através do e-mail ou telefone da delegação, “diminuindo os procedimentos administrativos”. A partir destes contactos é depois destacado pessoal para se deslocar ao domicílio dos residentes. A emissão da prova de vida é essencial para receber “subsídios dados pelo Governo, como pensões de velhice, aposentações entre outros”, afirma a delegação chefiada pelo antigo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Todos os anos são emitidas centenas de provas de vida de residente de Macau em Portugal, que depois são enviadas paras os serviços competentes, incluindo o Instituto para os Assunto Municipais, o Fundo de Segurança Social e o Fundo de Pensões. A entidade adianta também que tem ajudado os residentes da RAEM a viver em Lisboa a utilizar a aplicação móvel “conta única de acesso comum aos serviços públicos da RAEM”, dos Serviços de Administração e Função Pública. A aplicação também pode ser usada para pedir a emissão de prova de vida. Porém, face à situação pandémica em Portugal, a delegação vai realizar este mês as sessões de esclarecimentos sobre a aplicação usando meios digitais. A luz e a sombra A delegação acrescenta que Portugal está a sofrer um agravamento da pandemia, resultado da “intensa mobilidade e concentração de pessoas” durante o Natal e o Ano Novo e a rápida transmissão da variante ómicron, responsável por 90 por cento das cerca de 20 mil infecções detectadas diariamente em Portugal. A entidade chefiada por Alexis Tam deu ontem nota da inauguração de uma exposição de fotografia, organizada pelas delegações de Lisboa, da União Europeia e Organização Mundial de Comércio, com a Associação de Intercâmbio Cultural da Juventude Europeia de Macau. “A Luz e a Sombra em Campus” foi o nome escolhido para a mostra que celebra também o 22º aniversário da implementação da RAEM.
João Luz Manchete SociedadeSuncity | Dívida milionária coloca credores como accionistas maioritários Uma nota da Suncity Group Holdings Ltd à bolsa de valores de Hong Kong indica que devido à falta de pagamento de uma dívida de 313,6 milhões de dólares de Hong Kong o controlo accionista da empresa pode mudar. Os credores afirmaram “não ter alternativa” a não ser aceitar três quartos do capital social do grupo fundado por Alvin Chau Na semana passada, a Suncity Group Holdings Ltd dava conhecimento à bolsa de valores de Hong Kong de uma dívida de 313,6 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) e da notificação apresentada pelos credores do prazo de cinco dias úteis para a liquidação. Como o HM noticiou, o prazo começou a contar no dia 8 de Dezembro e terminou no final da semana passada, levando a nova comunicação do grupo fundado por Alvin Chau à bolsa da região vizinha. A Suncity Group Holdings Ltd dá conta da iminente troca de controlo accionista, citando os representantes legais dos credores que afirmam “não terem alternativa” para recuperar o crédito. Como tal, a Suncity Group Holdings afirma que este panorama “pode levar à mudança do controlo da empresa”, se a Wooco Secretarial Services Ltd, enquanto agente que representa os interesses dos credores, exercer essa opção. Três quartos Segundo o acordo firmado entre os credores e o grupo Suncity, uma das garantias do empréstimo foram acções que representam 74,85 por cento do capital social. “À data deste anúncio, a Suncity Group Holdings Ltd não foi informada da forma como os credores vão executar o acordo”, acrescenta a empresa que chegou a representar perto de um quarto de todas as receitas da indústria do jogo de Macau. O valores da participação social que poderá passar para o controlo dos credores, desconhecidos até ao momento, eram detidos em partes iguais por Alvin Chau, através da empresa Fame Select Ltd, e Cheng Ting Kong, empresário de Hong Kong próximo de Chau, investigado pelas autoridades australianas por suspeitas de operar um esquema de lavagem de dinheiro. Na semana passada, o Grupo Suncity Holdings chegou a acordo para vender um jacto particular por 10 milhões de dólares americanos, o equivalente a cerca de 77 milhões de dólares de Hong Kong.
João Luz Manchete SociedadeEmpregada doméstica detida por agressão a criança Foi partilhado um vídeo nas redes sociais que mostra uma empregada doméstica a agredir uma menina, que aparenta ter idade de escola primária. A suspeita foi detida e encaminhada ao Ministério Público. A DSEDJ providenciou acompanhamento à criança e aos pais Uma empregada doméstica, de nacionalidade indonésia, foi detida por suspeitas de ter agredido uma menina e levada ontem ao Ministério Público. O caso foi revelado através de um vídeo partilhado nas redes sociais, onde se vê a criança no limiar da porta, com ar amedrontado, e a suspeita a gritar ordens imperceptíveis na entrada do apartamento. Quando a criança se dirige para a porta, a suspeita puxa-a pelos cabelos e atira-a ao chão, no exterior da casa e fora do ângulo de visão da câmara. Enquanto a mulher fecha a porta, a câmara de CCTV instalada no apartamento capta o som da menina a chorar. O vídeo provocou a ira dos internautas e chegou ao conhecimento da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) e das autoridades policiais. “Tomámos conhecimento de que foi partilhado nas redes sociais o vídeo de uma empregada doméstica suspeita a tratar violentamente uma menina. Imediatamente, comunicámos a situação à polícia e entrámos em contacto com a escola”, escreveu o organismo liderado por Lou Pak Sang, na noite de segunda-feira apenas em língua chinesa. A DSEJD adianta ter destacado uma equipa de assistentes sociais para avaliar e acompanhar a situação psicológica da menina e da sua família, garantindo seguir com atenção as possíveis sequelas sofridas. Prevenir e remediar “A DSEJD reitera não tolerar qualquer tipo de violência contra crianças, condena este tipo de comportamento, ao mesmo tempo que encoraja os pais a prestarem mais atenção à vida dos filhos”, afirmou o organismo, acrescentando que encoraja os estudantes a terem consciência de auto-protecção e a procurarem ajuda quando precisarem. O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) emitiu também um comunicado ontem, a afirmar que contactou os pais da criança, que apresentaram queixa contra a empregada doméstica. Após a investigação, as autoridades detiveram a suspeita, que foi levada às instalações do CPSP para interrogatório. A mulher, de nacionalidade indonésia, que celebrava 37 anos no dia em que foi detida, é suspeita do crime de maus tratos ou sobrecarga de menores e incapazes, que pode resultar em pena de prisão de 1 a 5 anos. Caso a justiça entenda que a conduta da suspeita resultou em ofensa grave à integridade física, pode se punida com pena de prisão de 2 a 8 anos. As autoridades acrescentaram que o blue card da mulher foi cancelado e que está a decorrer o processo de repatriamento para a Indonésia.
João Luz Manchete SociedadeDSAL | Abre hoje balcão exclusivo para funcionários da Suncity Na sequência do anúncio do fim das actividades da empresa de promoção de jogo do Suncity Group, o Governo declarou que vai abrir hoje um balcão exclusivo para os trabalhadores afectados. Entretanto, uma empresa de Alvin Chau foi notificada do vencimento de um empréstimo de mais de 300 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) que pode mudar o destino do grupo Abre hoje, às 09h, um balcão exclusivo de apoio “aos trabalhadores influenciados pelo incidente do Suncity Group” no “Centro de Formação Profissional (Istmo de Ferreira do Amaral, n.os 101 a 105A, Edifício Industrial Tai Peng, 1.ª Fase, rés-do-chão)”, informou a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). Num comunicado conjunto com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), a DSAL afirmou ontem que o balcão pretende “disponibilizar serviços de apoio sobre consulta dos direitos e interesses laborais e de registo aos trabalhadores em causa”, além do auxílio à “procura de emprego e de prestação de informações sobre formação profissional”. Com funcionamento entre as 09h e as 18h30, os serviços requerem o registo dos trabalhadores, que precisam entregar “original e cópia do bilhete de identidade e cópias dos eventuais contratos, recibos de vencimento ou demais documentos relevantes”. É também possível fazer o registo on-line, através da leitura de um código QR. Quem queira apresentar queixa pode fazê-lo na sede da DSAL. Ambas as direcções sublinharam que “têm mantido contacto estreito com os responsáveis do Suncity, tomaram conhecimento sobre os pormenores do caso e procederam ao acompanhamento da situação”. Céu nublado Na sexta-feira, o Suncity Group Holdings Ltd enviou um comunicado à bolsa de valores de Hong Kong a afirmar ter recebido uma carta a alegar o vencimento de um empréstimo e o pagamento integral de 313,6 milhões de dólares de Hong Kong (HKD). O empréstimo terá sido contraído pela Star Soul, empresa detida por Alvin Chau, à Wooco Secretarial Services Ltd, uma empresa sediada em Hong Kong que executa dívidas. A identidade dos credores não foi, contudo, revelada. A nota enviada à bolsa de Hong Kong identifica Manuel Assis da Silva como um dos directores executivos da Suncity Group Holdings Limited, depois de ter sido responsável pelo departamento de inspecção da DICJ entre 2003 e 2016. O alegado credor deu cinco dias úteis à Suncity, a contar da passada quarta-feira, para saldar a dúvida, o que pode levar à transacção de acções do grupo para os credores, alterando o controlo do grupo fundado por Alvin Chau. Entretanto, a Sun City Gaming Promotion Company Limited, a empresa de promoção de jogo registada em Macau, encerrou oficialmente as suas operações. A notícia foi avançada em comunicado da empresa divulgado na sexta-feira, dirigido aos funcionários: “Depois de sermos notificados da suspensão de colaborações com concessionárias, e com o processo judicial a decorrer, a empresa não consegue operar. Devido a estes factores de força maior, lamentamos declarar que, a partir de hoje, damos por terminados os negócios da empresa.”
João Luz Manchete PolíticaComissão Segurança do Estado | Aprovada entrada do Gabinete de Ligação A entrada de quatro membros do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau na Comissão de Defesa da Segurança do Estado foi oficializada com a alteração do regulamento do organismo. André Cheong justificou a medida com mudanças na conjuntura internacional e regional e ameaças não especificadas O director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Fu Ziying, vai supervisionar, orientar e coordenar os trabalhos do Executivo na área da segurança nacional enquanto assessor da Comissão de Defesa da Segurança do Estado. As mudanças à composição do organismo criado em 2018, foram efectivadas com a revisão do regulamento administrativo da comissão, que deverá entrar em vigor esta semana, depois de ter sido concluída a discussão no Conselho Executivo. Além de Fu Ziying para a estrutura, mais três membros do Gabinete de Ligação entram na Comissão de Defesa da Segurança do Estado na qualidade de assessores técnicos. As mudanças no organismo passaram pela entrega de uma proposta ao Governo Central. “À medida que a conjuntura da defesa da segurança do Estado se torna cada vez mais complexa, a RAEM necessita aperfeiçoar os respectivos regimes jurídicos e mecanismos de execução. O Chefe do Executivo apresentou um relatório ao Governo Popular Central propondo a criação, pelo mesmo, dos lugares de assessor para os assuntos de segurança nacional e de assessores técnicos para os assuntos de segurança nacional na Comissão de Defesa da Segurança do Estado da RAEM, tendo obtido recentemente a resposta oficial de consentimento”, afirmou o Conselho Executivo em comunicado na sexta-feira. Perigos difusos Na conferência de imprensa de apresentação das alterações à Comissão de Defesa da Segurança do Estado, o porta-voz do Conselho Executivo e secretário para Administração e Justiça, André Cheong, justificou a medida com as alterações ao enquadramento internacional e regional. Apesar de admitir que “a conjuntura geral relativa à defesa da segurança do Estado é boa”, questionado sobre o tipo de ameaças à defesa nacional o secretário respondeu de forma vaga. “Devido à complexidade da defesa da segurança do Estado, à mudança do enquadramento internacional, entre outras situações que estão a mudar nas regiões vizinhas, bem como o desenvolvimento socioeconómico de Macau, precisamos aperfeiçoar este mecanismo de defesa da segurança do Estado”, afirmou, citado pelo Canal Macau da TDM. Além das mexidas na comissão, o secretário reiterou que a própria lei de salvaguarda da segurança do Estado será revista em 2022.
João Luz SociedadeBurlada em quase meio milhão em esquema de venda de telemóveis A oportunidade de comprar telemóveis a preço de saldo para revender no Interior foi o “isco” que resultou numa burla de 452 mil patacas. Na quarta-feira, as autoridades detiveram um residente de Macau, com 31 anos, quando tentava atravessar o posto fronteiriço de Qingmao por suspeita de ter burlado uma mulher oriunda do Interior da China num esquema de revenda de telemóveis. Depois de se fazer passar por empresário do ramo das importações e exportações, o homem enviou uma mensagem de WeChat à vítima a propor um negócio bom demais para ser verdade. Graças à amizade com o dono de uma loja de produtos electrónicos, o suspeito afirmou ter acesso a telemóveis a preço especial, conseguindo descontos de 500 patacas por cada aparelho, mais uma “tarifa de transporte” de 300 yuan por telemóvel para atravessar a fronteira. A fase seguinte do engodo foi referir à vítima que o preço especial só seria possível se esta comprasse, pelo menos, 300 telemóveis, um investimento que ao preço prometido pelo suspeito chegaria a um montante superior a 2,7 milhões de patacas. Como a burlada não tinha dinheiro para o negócio, e após alguma insistência do residente de Macau, a proposta baixou para a compra de 50 telemóveis, mantendo o suposto desconto. A mulher aceitou e transferiu 384 mil yuan, equivalente a 452 mil patacas, para a conta do suspeito. Apreensão fantasma Com todos os detalhes acertados, a vítima esperava pela entrega dos aparelhos. Em vez de telemóveis topo de gama, recebeu no dia 23 de Agosto uma mensagem de WeChat com a fotografia de uma nota de apreensão a indicar que alfândega de Macau havia apreendido todos os telemóveis. Depois disso, o suspeito ficou incontactável, segundo o relato da vítima reproduzido ontem pela Polícia Judiciária (PJ). Mais de quatro meses depois, no sábado passado, a mulher apresentou queixa na PJ, que levou a detenção do suspeito. Já sob custódia das autoridades, o indivíduo confessou não ter acesso a telemóveis a preço especial. Além disso, o dinheiro depositado pela vítima foi todo gasto, entre jogo e pagamento de dívidas de jogo. Quanto à nota de apreensão, as autoridades revelaram que o homem havia feito download de uma fotografia partilhada num grupo de WeChat dedicado a contrabando. Através de edição de imagem, o suspeito alterou os dados simulando uma nota de apreensão de 50 telemóveis, segundo a PJ. O indivíduo nega a tese das autoridades e a prática de falsificação de documento. O caso vai ser entregue ao Ministério Público.
João Luz Manchete SociedadeSuncity | Empregada de sala VIP desmente comunicado da DSAL Depois de a DSAL ter negado queixas de funcionários de salas VIP, uma trabalhadora do Grupo Suncity afirmou ter visitado as instalações dos serviços laborais, acompanhada por 40 colegas no dia anterior. Angela Leong afirmou que a SJM não irá, para já, fechar salas VIP “Não percebo como é que a DSAL pode dizer que não recebeu queixas, depois de lá termos ido pedir ajuda. A forma como falaram pintaram um cenário de um mar de rosas”, afirmou ontem uma funcionária do Suncity Group, ao jornal All About Macau. A trabalhadora contou que se dirigiu às instalações da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) na manhã de terça-feira, acompanhada por cerca de 40 colegas que trabalham em salas VIP nos casinos StarWorld, Galaxy, MGM, City of Dreams e Studio City. Na noite de quarta-feira, a DSAL emitiu um comunicado, em resposta aos insistentes pedidos da comunicação social sobre a situação laboral dos trabalhadores das salas VIP: “Até ao momento, a DSAL não recebeu qualquer pedido de assistência por parte de trabalhadores daquelas entidades. A DSAL continuará atenta à situação laboral dos residentes locais. Caso um trabalhador do sector do jogo entenda que os seus interesses foram lesados, pode apresentar a questão à DSAL, que acompanhará o caso nos termos da lei, salvaguardando os direitos laborais legítimos dos trabalhadores”. O comunicado deixou a funcionária incrédula. “Como é óbvio, nós queixámo-nos no dia anterior, mas, segundo a DSAL, parece que está tudo bem.” O motivo que levou quatro dezenas de empregados do Grupo Suncity às instalações da DSAL prendeu-se com o facto de não terem recebido o salário de Novembro e por desconhecerem se estão numa situação de licença sem vencimento ou, efectivamente, despedidos. Em resposta ao All About Macau sobre o desfasamento factual, a DSAL declarou que os “trabalhadores daquelas entidades”, a que se referiu no comunicado em que negou a existência de queixas, “não incluíam trabalhadores do Grupo Suncity”, sem acrescentar mais esclarecimentos. Esperar para ver A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) não vai, para já, não vai fazer alterações aos negócios das salas VIP que operam nos casinos da operadora. “Para já, não acordámos com nenhum grupo de junkets que opera salas VIP para terminar colaborações, as relações contratuais que temos ainda não expiraram”, afirmou ontem Angela Leong, directora executiva da SJM, citada pelo canal chinês de televisão da TDM. Porém, a empresária e deputada acrescentou que quando os contratos com junkets terminarem a colaboração será discutida, sem especificar quando terminam os contratos. Angela Leong recordou ainda que nos últimos anos o mercado do jogo VIP mudou muito, com o segmento a diminuir no volume de receitas geral da indústria, perdendo lugar para o jogo de massas. Sobre o caso de Alvin Chau, a deputada negou qualquer ligação entre o empresário detido e os negócios da SJM Resorts, e qualquer relação pessoal ou de trabalho.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Fecho de todas as salas VIP pode estar num horizonte próximo Seguindo a derrocada do Grupo Suncity, outros junkets estão a abandonar salas de jogo VIP. O Tak Chun Group informou que algumas concessionárias de jogo suspenderam as operações das salas VIP e que os seus funcionários serão despedidos. O Governo ainda não confirmou os encerramentos O Tak Chun Group vai suspender operações em salas VIP de algumas concessionárias. O grupo liderado por Levo Chan anunciou aos funcionários, através de um comunicado interno, ter recebido “notificações de concessionárias individuais a referir que as relações de cooperação vão ser suspensas”, sem especificar os casinos em questão. “Os funcionários afectados [empregados das salas VIP encerradas] vão ser demitidos e o seu último dia de trabalho será quando o espaço fechar”. Segundo o HM apurou, a sala do Tak Chun Group no Venetian deverá encerrar amanhã, desferindo mais um golpe na empresa que já havia sido notificada pela Melco para terminar as operações nas salas VIP do City of Dreams e no Studio City (onde a Tak Chun gere duas salas), de acordo com o jornal Allin Media. Os funcionários do segundo maior junket do mercado VIP de Macau vão receber “indemnizações superiores às garantidas pelas leis laborais”, assegurou a empresa no comunicado interno, incluindo mais um mês de salário, compensação de acordo com a antiguidade, contribuições para a previdência e remuneração por dias de férias não gozadas. DICJ em silêncio Entretanto, o Governo, até à hora do fecho desta edição, mantinha o silêncio quanto ao encerramento de operações de promotores de jogo. Na terça-feira, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) afirmava não ter recebido qualquer informação das concessionárias de jogo relativa ao fecho de salas VIP. Porém, de acordo com a consultora Bernstein, a DICJ terá ordenado aos junkets que parassem de disponibilizar o acesso ao crédito a jogadores, uma das principais fontes de receitas dos promotores de jogo, aceitando apenas dinheiro vivo. A medida está prevista no regime jurídico da concessão de crédito para jogo ou para aposta em casino, que estabelece que o Executivo pode suspender ou cessar o exercício de crédito ou impor condições “sempre que o concedente de crédito viole de forma grave as normas legais e regulamentares aplicáveis”. Esta é a excepção à regra que estipula que estão “habilitados a exercer a actividade de concessão de crédito os promotores de jogos de fortuna ou azar em casino, mediante contrato a celebrar com uma concessionária ou subconcessionária”.
João Luz Manchete SociedadeGrande Baía | Especialista chinês aponta caminho para normalidade face à pandemia Na Cimeira da Grande Baía, dedicada à vacinação, o pneumologista chinês que lidera o grupo de resposta à pandemia afirmou que a variante Ómicron não é motivo para alarme e que o caminho para a normalidade passa pela redução da taxa de mortalidade e da capacidade reprodutiva do vírus. As apostas na vacinação e na política de zero casos também são imperativas O caminho para a normalidade no contexto pandémico chinês tornou-se um pouco mais nítido: a queda da taxa de mortalidade para cerca de 0,1 por cento e do rácio de reprodução (infecção). As metas foram apontadas pelo pneumologista Zhong Nanshan, que dirige a task-force de luta contra a covid-19, este fim-de-semana em Shenzhen na 2.ª Cimeira da Grande Baía sobre Vacinação. Em dois artigos amplamente destacados no jornal oficial Global Times, o reputado especialista, que presidiu à Associação Médica Chinesa, referiu que apesar do elevado grau de contágio da nova variante Ómicron, não há nada a temer. “Não temos medo da Ómicron, vamos aplicar uma política dinâmica de zero casos, observando rigorosamente medidas precisas de prevenção e controlo estabelecidas”, afirmou, citado pelo Global Times. Com a taxa de mortalidade global ainda longe da meta desejável, a situar-se nos 1,9 por cento, Zhong indicou que a China precisa de vacinar totalmente a população rumo à imunidade de grupo, não afrouxar os mecanismos de prevenção e controlo e apostar na investigação científica e no desenvolvimento de medicamentos eficazes. Lições globais O especialista enalteceu as medidas nacionais de combate à pandemia, nomeadamente a política de zero casos, em que a China se mantém firme como um dos últimos redutos mundiais, principalmente face ao surgimento de uma nova variante altamente contagiosa. Seguindo a lógica “equipa que ganha não muda”, Zhong Nanshan declarou que, desde Março de 2020, a China tem o novo tipo de coronavírus controlado, através do “forte controlo, a política do caso zero”. “Nos últimos 20 meses, temos sido os melhores em muitos aspectos, incluindo a recuperação económica e o retorno ao trabalho e à escola”, afirmou o pneumologista, acrescentado que alguns países podiam aprender com a estratégia chinesa. De acordo com a Comissão Nacional de Saúde, actualmente cerca de 1.125 milhões de pessoas estão totalmente vacinadas na China, representando 79,76 por cento da população. “A taxa de mortalidade dos surtos da variante Delta este ano em Guangzhou e Nanjing foi zero, algo que tem muito a ver com a elevada taxa de vacinação nessas cidades”, disse Zhong Nanshan, apontando como meta imediata elevar a taxa de vacinação entre a população mais idosa, especialmente quem tem mais de 70 anos de idade.
João Luz SociedadePlataforma “Easy Transfer” lançada em fase experimental A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) apresentou ontem a plataforma “Easy Transfer” que permite transferências bancárias, em tempo real, entre 31 bancos de Macau. Apesar do suporte técnico da AMCM, os serviços são da responsabilidade dos bancos aderentes, onde estão incluídos o Banco Nacional Ultramarino, a sucursal de Macau do Banco da China e o Banco Tai Fung, que vão colocar ao dispor dos clientes aplicações para telemóvel para o efeito. Numa primeira fase, 11 bancos permitem transferência em tempo real (todos os mencionados acima), 24 horas por dia, sete dias por semana, em patacas. Os limites máximos diários são 10 mil patacas (5 mil patacas por cada transferência), que podem cair na conta do destinatário em 30 segundos, sem qualquer cobrança de taxas. Durante a apresentação do serviço, o presidente da AMCM, Chan Sau San, revelou que este é um projecto prioritário, “em benefício da população”, que permite “uma experiência rápida e conveniente”. O responsável acrescentou que já é possível fazer o registo na plataforma, basta para tal que a pessoa ou empresa tenha uma conta bancárias em patacas aberta num banco de Macau, mediante a apresentação do número de telefone ou requerendo uma conta. O registo das transações vai estar a cargo das instituições bancárias e os utentes podem aceder ao historial dos movimentos, um pouco como os bancos online e mesmo o MPay. Com base no Sistema de Pagamento Rápido, os bancos podem providenciar serviços de transferência interbancária rápida local de fundos de pequenos valores, através de canais de serviços, tais como banco online, e-banking e balcões de banco. Várias modalidades Uma das modalidades destacadas ontem por Chan Sau San foi a transferência em massa, que permite o pagamento de salários recorrendo apenas ao telemóvel e que “empresas e trabalhadores tenham liberdade de escolher o banco em que lhes mais convém o pagamento ou a recepção do salário”. Para este tipo de transação, “transferência em massa” a AMCM estabeleceu um limite máximo diário de 50 mil patacas de cada empresa para a mesma conta receptora. O sistema ainda está em fase experimental, mas aponta à Grande Baía, foi o que indicou Lau Kei Fong da AMCM ao referir que está em estudo a possibilidade de permitir transferências entre sistemas que usam pataca e renminbi e entre pataca e dólar de Hong Kong. Também está a ser equacionado o alargamento da plataforma a serviços como o MPay.
João Luz Manchete SociedadeHong Kong | Circulação sem quarentena pode estar para breve Pequim autorizou a passagem fronteiriça entre o Interior da China e Hong Kong. A medida deve arrancar depois das eleições na região vizinha para o Conselho Legislativo e exige uma aplicação móvel compatível com o código de saúde chinês. A directora da DSAMA garante que os ferries podem voltar a operar menos de uma semana depois do início da bolha de viagens A circulação entre Hong Kong, o Interior da China e Macau pode estar prestes a regressar um pouco à normalidade. No final da semana passada, o South China Morning Post noticiou que Pequim deu a aprovação final à bolha de viagens entre Hong Kong e a província de Guangdong sem obrigatoriedade de cumprir quarentena. A medida deverá ser implementada após as eleições para o Conselho Executivo da RAEHK, marcadas para o dia 19 de Dezembro. Entretanto, o Governo de Carrie Lam revelou detalhes sobre a nova aplicação para telemóveis que irá gerar o código de saúde para entrar na China e os requisitos para fazer a travessia fronteiriça, que também incluem Macau. Assim sendo, os residentes de Hong Kong têm de instalar a aplicação “Leave Home Safe” durante, pelo menos, três semanas, e os dados recolhidos durante esse tempo serão disponibilizados às autoridades chineses, caso a pessoa seja infectada ou considerada um contacto próximo. A aplicação será compatível com a tecnologia usada no Interior e fica operacional a partir da próxima sexta-feira. Aliás, a obrigatoriedade do seu uso foi uma das exigências das autoridades chinesas nas negociações que decorreram em Shenzhen no mês passado com o Executivo de Carrie Lam. Além disso, o cenário do combate à covid-19 no território vizinho foi avaliado por especialistas chineses. “A delegação do Interior da China visitou recentemente Hong Kong, reviu a situação e concluiu que estão garantidos os requisitos mínimos para a reabertura das fronteiras. Vamos prosseguir com a implementação de transferência de tecnologia, a todo o vapor, para a reabertura das fronteiras”, afirmou Alfred Sit, secretário Inovação e Tecnologia de Hong Kong, citado pela TDM – Canal Macau. Ferries aplicados A app lançada na próxima sexta-feira é semelhante às usadas em Macau e na China, gera um código QR e agrega informações como o nome completo, morada e historial de vacinação. Para já, nenhuma das partes referiu o número de travessias fronteiriças diárias que serão permitidas, ou se haverá prioridades. Antecipando o retorno a alguma normalidade de movimentos, Susana Wong, directora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), afirmou ontem que assim que for autorizada a travessia fronteiriça entre Macau e Hong Kong, sem quarentena obrigatória em nenhum dos sentidos, os serviços de transporte marítimo vão estar prontos a operar num espaço temporal entre três a sete dias. À margem de um evento para promover o consumo racional de água, a dirigente referiu que o Governo está em contacto com as empresas dos transportes de ferries, que mantiveram pessoal a trabalhar na manutenção e reparação das embarcações.
João Luz EventosFrancisco José Viegas e Stacey Kent juntam-se à lista de convidados do Rota das Letras O elenco da 10.ª edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras foi alargado com três nomes de peso: o escritor português Francisco José Viegas, o realizador norte-americano Tony Shyu e a cantora norte-americana de jazz Stacey Kent. Ainda com a pandemia a empurrar para o online parte do cartaz, o festival decorre entre sexta-feira e domingo, mas hoje oferece já dois aperitivos performativos aos amantes das artes de Macau. O primeiro é uma performance de teatro físico, sem texto, intitulada “Por Confirmar”, marcada para as 17h30, na residência do cônsul-geral de Portugal na RAEM, no edifício do antigo Hotel Bela Vista, e repetida à mesma hora amanhã e no sábado. O espectáculo é baseado na escrita de Olga Tokarczuk, que ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 2018, com interpretação e coreografia da autoria do grupo Cai Fora, composto por Lou Chong-neng e Hsueh Mei-hua. Palavras são substituídas pelo corpo na actuação que foca um olhar distanciado sobre a azáfama do quotidiano, cheio de correrias, suor e cansaço, com almas que se desprendem de pessoas que as deixam para trás. A outra entrada do Rota das Letras deste ano é a performance “Não Querer Saber de Nunca Saber por Onde Ir”, apresentada hoje e amanhã às 22h no edifício Art Garden, sede da associação Art For All. O espectáculo, que une performance musical e monólogo, é da responsabilidade de Isaac Pereira e François Girouard. Assim arranca o cartaz que reúne quase seis dezenas de autores convidados, onze sessões de apresentação de livros e debate dos mais diversos temas; quatro performances com um total de onze representações, uma das quais um concerto e duas exposições de fotografia. Artes com todos Com epicentro na Casa Garden, sede da Fundação Oriente, o festival literário arranca com uma palestra para estudantes sobre os 200 anos do Cemitério Protestante de Macau, ainda antes da cerimónia de inauguração. A partir das 14h de amanhã, numa sessão reservada a estudantes, Stephen Morgan e Andrew Leong conduzem uma visita guiada ao cemitério protestante, com a obra e vida de Robert Morrison como fio condutor. De seguida, é apresentada uma palestra para o público geral sobre os 200 anos da tradução da Bíblia e do Cemitério Protestante. Stephen Morgan, Andrew Leong e Tereza Sena serão os oradores. Depois, haverá uma segunda visita ao cemitério, desta feita para o público em geral, guiada por André Lui, João Guedes e Paul B. Spooner, que irão contar em chinês, português e inglês as muitas histórias que o espaço encerra. Estas actividades, repetem-se no sábado, às 14h30. A acção passa para o espaço ao lado, a Casa Garden, com a cerimónia de abertura do festival marcada para as 17h de amanhã, seguida da inauguração de duas exposições de fotografia. “A Estranha Familiaridade”, promovida pela revista Macau Closer, e “Visto com os Pés, Escrito com os Olhos”, mostra nascida da parceria criativa de Carlos Morais José e Rosa Coutinho Cabral. Em relação às novidades anunciadas ontem, no sábado às 15h30, a Casa Garden transmite online uma entrevista em directo à cantora de jazz norte-americana Stacey Kent sobre o seu novo tema “Tango em Macau”, música com letra de Kazuo Ishiguro, Prémio Nobel em 2017. Num painel de novidades editorais, marcado para as 14h30 de domingo na Casa Garden, o realizador norte-americano Tony Shyu irá fazer online a apresentação do argumento do filme “Macau Omen”. Na mesma tarde, às 18h15, Francisco José Viegas participa na palestra “Narrativas da Escrita e da Fotografia”, em conjunto com Nuno Veloso, Sara Augusto, João Palla Martins, Shihan de Silva Jayasuriya, João Miguel Barros (online), António Júlio Duarte, Rusty Fox, Chan Hin Io e Leo Fan.
João Luz SociedadeServiços de Saúde dirigem campanha contra a SIDA à comunidade gay As autoridades de saúde de Macau afirmaram ontem que devido à “preponderância de HIV em contactos sexuais entre pessoas do mesmo sexo” foi acentuada a “prevenção, controlo e teste a homossexuais do sexo masculino”. Assim sendo, e para fazer face ao crescimento da doença, os Serviços de Saúde (SSM) têm publicado “anúncios sobre testes periódicos em páginas electrónicas e aplicações para telemóveis destinadas a homossexuais em Macau”, assim como “disponibilizado preservativos e lubrificantes em locais nocturnos onde é conhecida a frequência de homossexuais”. As autoridades afirmam que também organizaram actividades online de proximidade e apoiaram organizações não governamentais, esforços desenvolvidos com o intuito de oferecer “serviços de prevenção e controlo necessários e adequados à homossexualidade em Macau”, escrevem os SSM. Com o objectivo de fazer diagnósticos e tratamentos precoces, assim como facilitar testes rápidos e encaminhamento médico, as autoridades lançaram em Março de 2021 um programa de autoteste para detectar o vírus do HIV. “Para aceder a este programa os interessados só precisam de completar o registo online, pagar o teste de forma electrónica e levantar o kit de testes em armários inteligentes”, indicam os SSM. Até agora, 260 pessoas compraram os auto-detectores e foi encontrado um caso positivo, “o que revela a eficácia do programa”, é concluído. Números do ano O comunicado dos Serviços de Saúde, emitido no âmbito do Dia Mundial de Luta Contra a SIDA assinalado ontem, indica que entre Janeiro e Outubro de 2021, foram registados 50 casos de infecção pelo vírus da SIDA, 35 destes referentes a residentes locais. Neste universo, as infecções por contacto homossexual ou transsexual representam a maioria dos novos casos, um total de 27, seguido pelo contacto heterossexual, 8 casos. Além disso, as autoridades destacam que desde 2015, os residentes de Macau que contraem a doença por via sexual entre homossexuais e transsexuais “têm vindo a aumentar”.
João Luz EventosFRC | Mostra de Artes da ARTM exibe obras de 25 pacientes a partir de hoje A Galeria da Fundação Rui Cunha acolhe a partir de hoje, até 9 de Dezembro, “Dare to Feel from Inside Out”, a Mostra Anual de Artes da ARTM – Associação de Reabilitação de Dependências de Macau, que reúne trabalhos de mais de 25 pacientes em tratamento. Além das obras expostas, a mostra junta fragmentos, episódios, na jornada a caminho da recuperação De dentro para fora, colocando na tela, na peça de olaria, na escultura, medos e fragilidades, o coração, aquilo que custa a sair em palavras. O resultado emocional da criação artística é o núcleo da exposição “Dare to Feel from Inside Out”, a Mostra Anual de Artes da ARTM – Associação de Reabilitação de Dependências de Macau (ARTM), que é inaugurada hoje, às 18h30, na Galeria da Fundação Rui Cunha. A mostra, patente até 9 de Dezembro, reúne um conjunto diverso de peças de pintura e artesanato criadas nos últimos 12 meses por mais 25 pacientes, em processo de recuperação na comunidade terapêutica da ARTM. A expressão artística tem sido uma das vertentes da abordagem terapêutica a problemas de adição desde que a associação existe. “Praticamente desde o início da ARTM, no ano 2000, que usamos a terapia de arte como uma componente para o autoconhecimento e desenvolvimento das capacidades das pessoas”, conta Augusto Nogueira, que preside à associação. A criação permite a busca do sentido de identidade, por vezes perdido entre consumos e vidas duras, a transmissão de sentimentos através da arte, auto-reflexão e a procura de paz interior. A exposição, patente na Galeria da Fundação Rui Cunha, é um testemunho de um processo que Augusto Nogueira assistiu muitas vezes durante os workshops de terapia da arte. “Vemos a evolução da pessoa, desde a passagem da introversão à extroversão, à capacidade para enfrentar medos, para se soltar”, conta o presidente da ARTM. Aliado, obviamente, a outras vertentes do processo terapêutico, são trabalhadas valências de comunicação, “musculação” da autoconfiança que atingem o zénite no momento em que as obras são exibidas. “Os pacientes quando vêem os seus trabalhos expostos, com pessoas a gostarem, têm um reforço do ego. Todo este processo resulta em alterações que podemos ver no dia-a-dia”, relata Augusto Nogueira. Coisas do quotidiano Os trabalhos manuais e o artesanato aparecem como uma componente importante na vida diária da comunidade da ARTM, como treino vocacional que usa a criatividade. “A recuperação é uma jornada onde sentimentos e emoções são reconquistados juntamente com a vida de cada um. É o resgate de uma mistura de sentimentos que por vezes é preciso abordar bem devagar. Para muitas pessoas são sentimentos protegidos, muito bem escondidos pela história de cada um. Entender a raiva. Enfrentar o medo. Sentir a culpa. Aliviar a dor. Conhecer a sensação de segurança e pertença. Descobrir o significado do amor próprio faz parte desta jornada de recuperação. É uma experiência única, feita por cada um que tenha a coragem de reaver a própria vida, ousando sentir”, sublinha a associação no seu projecto de intenções. Na relação com o poder público, Augusto Nogueira afirma que sempre teve apoio para realizar a componente de terapia de arte no processo de reabilitação. “Foi uma área em que sempre nos apoiaram e motivaram a continuar, também através de apoios financeiros para termos equipamento e materiais, como, por exemplo, rodas de oleiro e o forno para trabalhos de cerâmica”, conta o dirigente da ARTM. A Associação de Reabilitação de Dependências de Macau é uma organização local sem fins lucrativos, que oferece programas terapêuticos para a recuperação da toxicodependência e outras dependências, como o jogo e o álcool.
João Luz Manchete SociedadeSuncity | Chau em prisão preventiva, Ho Iat Seng foi avisado antes da detenção Depois de mais de 14 horas de interrogatório, Alvin Chau foi enviado para o Estabelecimento Prisional de Coloane onde está em prisão preventiva. Antes da detenção, Ho Iat Seng foi avisado por Wong Sio Chak. O secretário para a Segurança considera não ser “estranho” a detenção do empresário ter ocorrido no dia seguinte à polícia de Wenzhou ter emitido um mandado de captura Tudo de acordo com a lei. A frase foi repetida ontem por Wong Sio Chak em comentário à detenção do presidente do grupo Suncity, Alvin Chau. Em declarações à margem da apresentação das Linhas de Acção Governativa da sua tutela, o secretário para a Segurança revelou ter avisado o Chefe do Executivo antes de Alvin Chau ser detido. “Agimos sempre de acordo com a lei. Claro que face a crimes comuns não precisamos avisar ou dizer ao Chefe do Executivo. Mas, neste caso específico falámos com o Chefe do Executivo. Claro que não posso divulgar o teor da nossa conversa e não posso comentar mais”, afirmou Wong Sio Chak. Questionado sobre a coincidência temporal entre o mandado de captura da polícia de Wenzhou, província de Zhejiang, e a detenção em Macau (no dia seguinte), o secretário para a Segurança repetiu a fórmula. “Não, não acho estranho. Após uma investigação que durou mais de um ano, a Polícia Judiciária levou o tempo necessário e decidiu fazer a detenção.” Quanto à possibilidade de extraditar ou acusar alguém por crimes praticados no Interior da China, o governante seguiu a linha de argumentação habitual. “Cumprimos a lei em vigor, só executamos a lei. Fizemos a detenção, de acordo com a lei”, afirmou sem responder à possibilidade de entregar o empresário às autoridades chinesas. Entretanto, Alvin Chau está no Estabelecimento Prisional de Coloane em prisão preventiva, decretada ontem pelo Juiz de Instrução Criminal, depois de um interrogatório que se alongou por mais de 14 horas, avançou a TDM – Rádio Macau. Choques na bolsa Após a notícia da detenção, o conselho de administração do grupo Suncity emitiu um comunicado no domingo a afirmar que os negócios iriam continuar. “Queremos enfatizar que as notícias que vieram a público dizem respeito à vida pessoal do Sr. Chau. O conselho de administração entende que este caso não tem impacto material na posição financeira, nos negócios e operações do grupo”. O comunicado acrescentava que os investidores e accionistas iriam ser actualizados em relação a qualquer desenvolvimento. Esse desenvolvimento chegou ontem, com o anúncio de que as empresas do grupo suspenderam as negociações na bolsa de valores de Hong Kong. Entretanto, as acções das operadoras de jogo de Macau reagiram mal ao caso e seguiram uma tendência de queda no mercado bolsista de Hong Kong, com destaque para a desvalorização dos títulos da MGM China em 11 por cento, Wynn Macau caiu 9 por cento, a Galaxy Entertainment Group 8,8% e a Sands China 6 por cento. Sobre a possibilidade de contágio sistémico na principal indústria do território, o consultor de jogo Carlos Lobo afirmou à agência Reuters que “o impacto na indústria do jogo é enorme … Mas (a Suncity) já não é demasiado grande para falhar, o sistema não entrará em colapso”. Porém, alertou para dimensão do grupo na economia local, que representa mais de metade do mercado junket de Macau, “cerca de 50 por cento das receitas de jogo, ou seja, a Suncity é responsável por aproximadamente 25 por cento das receitas do sector”. Trabalhadores da empresa muito preocupados com o futuro Os trabalhadores do Grupo Suncity temem pelos empregos depois da detenção de Alvin Chau e face às perspectivas de colapso da empresa. É esta situação descrita por vários empregados, que pediram para permanecer anónimos, numa reportagem publicada ontem no jornal Ou Mun. Segundo um funcionário, que trabalha numa das salas VIP do grupo, ainda não se sente um forte impacto da detenção, porque as pessoas estão a trabalhar dentro da normalidade. Porém, as conversas reflectem um pessimismo e o receio de despedimentos, numa altura em que o mercado de trabalho é encarado como estando numa situação “muito preocupante” pela falta de oportunidades. À publicação, um outro empregado explicou que o impacto em termos do volume de negócio não tem sido significativo, porque a pandemia já tinha desviado muitos clientes das salas de jogo. Este explicou que há cerca de seis meses houve uma grande reestruturação interna, com a empresa a oferecer a possibilidade de os trabalhadores se demitirem em condições favoráveis ou serem demitidos. Contudo, apesar da proposta de despedimento, a situação agora é vista de uma forma diferente, muito mais preocupante, porque se acredita que o resultado do caso para a imagem do grupo é real e mais difícil de ultrapassar. Arrependimentos Houve também quem se tivesse mostrando arrependido de não ter aceite o programa de despedimentos com condições vantajosas. Foi o caso de um funcionário que explicou que há cerca de seis meses preferiu optar por permanecer com a empresa “nos tempos difíceis”, em vez de se demitir. Segundo este trabalhador, na altura não quis abandonar o grupo quando este estava em baixo e por acreditar que depois da pandemia a situação iria normalizar-se. Agora, teme ter cometido um grande erro: “Se perder o meu emprego, acho que não vou conseguir regressar ao mercado do trabalho tão depressa, o que vai colocar a minha família a uma situação financeira muito complicada. Estou numa situação que me deixa muito stressado”, admitiu. Por outro lado, o Ou Mun adianta que há muitos trabalhadores disponíveis para mudarem de emprego. O problema, consideram, é a crise económica que não lhes deixa alternativas. “As pessoas querem mudar de emprego, só que não há alternativas”, explicou o funcionário. Horas extra Wong Sio Chak ao comentar ontem de forma indirecta a detenção de Alvin Chau afirmou que o caso levou a um acréscimo dos trabalhos para os agentes da Polícia Judiciária. “Nestes últimos dias com aquele caso tão importante, houve muita gente que trabalhou muitas horas”, reconheceu. “Mas, as horas extra que trabalham por semana nunca vão chegar a 80 ou 90 horas”, sublinhou. O tema foi trazido para o debate após José Pereira Coutinho ter pedido um mecanismo mais justo do pagamento das horas extraordinárias para os agentes da polícia.
João Luz Manchete PolíticaEducação | Marcelo e Ho aplaudem cooperação no ensino superior Ho Iat Seng e Marcelo Rebelo de Sousa participaram na abertura da Conferência do Fórum de Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa. Os governantes destacaram o papel da cooperação das instituições de ensino superior na divulgação da língua portuguesa, na formação de quadros qualificados e na preparação para os desafios da era pós-pandémica O Instituto Politécnico de Macau e o Instituto Politécnico de Setúbal recebem até sexta-feira a 11.ª Conferência do Fórum de Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa (FORGES), transmitida simultaneamente na internet para países e regiões de língua portuguesa, para o Interior da China e para Macau. O evento tem como objectivo “aproximar toda a comunidade académica, em especial decisores da política educativa, membros dos órgãos de gestão das instituições de ensino superior, administradores, docentes e investigadores”, com o intuito de reflectir sobre os principais temas estruturantes do ensino superior, assumindo-se como espaço de cooperação, partilha, aprendizagem e investigação de referência”. Ao longo desta semana, até sexta-feira, o evento vai reunir investigadores e instituições de ensino superior de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor. No discurso de abertura, o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, começou por afirmar que o formato da conferência online se “enquadra perfeitamente no tema ‘A Cooperação no Ensino Superior dos Países e Regiões de Língua Portuguesa Perante os Desafios Globais’”. O Chefe de Estado agradeceu a hospitalidade do Instituto Politécnico de Setúbal e o “empenho particular do Instituto Politécnico de Macau”, e afirmou que o Ensino Superior tem de estar à altura dos desafios que o Mundo tem pela frente. O Presidente português destacou o desempenho das instituições académicas durante as fases mais difíceis da pandemia, principalmente em termos de resposta científica, pedagógica e de apoio social aos estudantes e o serviço à comunidade. Mas também minimizando o impacto da pandemia, contribuindo com conhecimento importante para a testagem, criação de equipamentos e sensibilização para a vacinação. “Como académico que sempre fui e serei, a dimensão mais importante da minha vida, mas também como Presidente da República Portuguesa, quero testemunhar-vos a solidariedade, em torno dos valores que são os nossos e são os vossos”, afirmou realçando o empenho das instituições, “no sentido de recomeçar e ressurgir neste período, quase, quase, quase pós-pandémico”. O papel que lhe cabe Por seu lado, Ho Iat Seng garantiu que Macau assumirá o papel de servir de “plataforma sino-lusófona, aprofundando os intercâmbios e a cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. O Chefe do Executivo assinalou que o Governo da RAEM apoia a cooperação profunda com os Países de Língua Portuguesa no ensino superior e na formação de quadros qualificados. Assim sendo, o governante garantiu que serão dadas condições para o “intercâmbio de professores e alunos, de organização conjunta de cursos conferentes de grau académico e de construção conjunta de laboratórios de investigação e a formação de mais quadros bilingues em chinês e português”. O evento junta mais de 500 participantes, vindos de mais de 60 instituições de ensino superior e instituições dos países e regiões de língua portuguesa.
João Luz Manchete SociedadeSegurança | Criminalidade violenta subiu quase 20% até Setembro Durante os primeiros nove meses de 2021, a criminalidade violenta em Macau aumentou 19,5 por cento, incluindo homicídios, rapto e ofensas corporais graves. Os crimes informáticos, burlas e infracções de taxistas foram os delitos que mais aumentaram Ao longo dos primeiros noves meses de 2021, a Polícia de Macau instaurou 8.802 inquéritos criminais, mais 24,1 por cento em relação ao período homólogo do ano passado, de acordo com o balanço da criminalidade divulgado ontem. No resumo das estatísticas do crime, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, evidenciou “a manutenção da casuística do crime cibernético”, e a subida de crimes relacionados com a troca ilegal de moeda. O responsável justifica as tendências com o “aumento do número de turistas entre Agosto e Setembro, período anterior ao registo de casos epidémicos e, bem assim, da frequência do uso e do tempo que as pessoas despendem nas redes sociais”. Entre os delitos com maior impacto social, destaque para a subida da criminalidade violenta, com o registo de 202 delitos violentos entre Janeiro e Setembro de 2021, face a 169 no mesmo período do ano passado, representando um aumento de 19,5 por cento. Neste capítulo, as autoridades realçam os pontos em comum dos três homicídios cometidos no período em análise. Todos estiveram relacionados com troca ilegal de moeda e tanto as vítimas como os suspeitos são oriundos do Interior da China. Todas as vítimas são mulheres “que exerciam a actividade de troca ilegal de moeda, foram mortas em quartos de hotel por indivíduos de sexo masculino que se fizeram passar por “clientes” e que, em seguida, roubaram os pertences da vítima”. Além destes fios condutores, é também mencionado que os três casos foram resolvidos com a ajuda sistema “Olhos no Céu”, apontado como determinante para resolver cerca de 30 por cento de todos os crimes. Como tal, o secretário para a Segurança afirmou que vão ser instaladas mais 300 câmaras, que devem entrar em funcionamento em 2023. Quanto aos crimes de natureza sexual, a tendência mais preocupante verificou-se no número de violações, com o aumento de 18 para 25 casos, uma subida de 38,9 por cento. Mais de metade das violações registadas ocorreram em quartos de hotel e, segundo as autoridades, 70 por cento das vítimas estaria em estado de embriaguez. Wong Sio Chak afirmou a este propósito que foram “reforçadas as inspecções nos locais de entretenimento e arredores destes”, assim como os esforços de sensibilização para a segurança pessoal. Os crimes de abuso sexual de crianças, que foram uma das manchas do ano passado, desceram 16,7 por cento para 15 casos nos primeiros nove meses de 2021, em comparação com o período homólogo de 2020. Património desprotegido Além da retoma ligeira dos crimes de usura, um clássico das estatísticas criminais do território, com o aumento de 5,3 por cento, as burlas dispararam para 987 casos, um crescimento de 47,1 por cento. A mesma tendência foi seguida pela falsificação de documentos que, com um total de 343 crimes registados, aumentou 54,5 por cento e pelas ocorrências de fogo posto, que subiram 47,8 por cento para 34 casos. Até agora, foram resolvidos 24 casos, entre os quais 12 provocados de forma dolosa devido a razões emocionais, vingança e embriaguez, e oito causados por pontas de cigarro. Depois das fortes restrições fronteiriças impostas pelas medidas de combate à pandemia, as rotas de tráfico de drogas foram interrompidas e o crime evoluiu adaptando-se à nova realidade. Nos primeiros nove meses de 2021, as autoridades registaram 64 casos de tráfico de droga, o que representou uma subida de 20,8 por cento. As substâncias apreendidas foram, principalmente cocaína, metanfetamina (Ice), canábis e suas substâncias psicoactivas (THC). Face às referidas restrições fronteiriças, “os grupos de tráfico de droga começaram a recorrer aos pacotes postais para traficar drogas para Macau”, aponta Wong Sio Chak. Maldita internet Até agora, 2021 está a ser marcado pelo crescimento exponencial dos crimes informáticos, com um total de 744 casos nos primeiros três trimestres do ano, representando uma subida de 279,6 por cento. Uma prática que se tornou particularmente frequente foi o furto de dados de cartões de crédito. Wong Sio Chak destaca as operações conjuntas das autoridades das duas regiões autónomas especiais que desmantelaram quatro associações criminosas, com mais de 50 membros interceptados, um montante aproximado de 7 milhões de patacas. Também as burlas online aumentaram, nomeadamente os “namoros” e “investimentos” com casos a aumentarem 50 por cento e 18,8 por cento, respectivamente, causando um prejuízo total de quase 60 milhões de patacas. Outro destaque negativo no período em análise refere-se às infracções cometidas por taxistas, 133 casos, que aumentaram 143 por cento. Entre os delitos as autoridades destacaram a cobrança excessiva, recusa de tomada de passageiros, regateio do preço e comportamentos indevidos, desrespeitosos ou indelicados por parte de taxistas.
João Luz Manchete SociedadeGoverno anuncia taxa de 70%, duas doses estão abaixo de 59% O centro de coordenação anunciou na sexta-feira que Macau atingiu 70% de taxa de vacinação, percentagem que contempla o número de habitantes que tomaram pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19. A percentagem de habitantes com as duas doses tomadas é de 58,96% O centro de coordenação de contingência anunciou na sexta-feira que Macau atingiu uma taxa de vacinação de 70 por cento, e que a “taxa de vacinação do grupo de pessoas alvo” era de 78,8 por cento. “A taxa de vacinação em Macau continua a aumentar e o Centro de Coordenação agradece a toda a população o apoio e a colaboração prestada no Programa de Vacinação”, acrescentou o organismo encarregue de combater a pandemia. Estes eram os números tendo em conta o total de habitantes inoculados com, pelo menos uma dose, às 11h de sexta-feira. O mesmo centro anunciava que às 16h do dia anterior haviam sido “administradas 877.412 doses da vacina, num total de 477.861 pessoas vacinadas, das quais 72.117 com a primeira dose da vacina, 402.310 pessoas e 3.434 pessoas completaram as duas e três doses da vacina respectivamente”. Feitas as contas, a percentagem de habitantes que haviam completado a vacinação fixava-se em 58,96 por cento. Aliás, no mesmo comunicado onde se dá conta da taxa de 70 por cento, é sublinhado que “a taxa de vacinação dos idosos em Macau continua baixa”, com as autoridades a apelarem à imunização, o mais rapidamente possível, deste segmento demográfico, especialmente “as pessoas que tenham idade superior a 60 anos”. É ainda argumentado que a investigação científica demonstra que a “ocorrência de doença grave e até mortal entre os idosos, após a infecção por covid-19 é 100 vezes maior do que o normal”. Grupos de risco Na parcela demográfica de risco mais elevado, o centro de coordenação deu conta que entre as pessoas com idades dos 60 aos 69 anos, cerca de 57,8 por cento tinha levado, pelo menos, uma dose da vacina. As coisas pioram com o avançar da idade. No grupo entre os 70 e 79 anos de idade, apenas 37,1 por cento tinha tomado, pelo menos, uma dose da vacina, enquanto no grupo com 80 anos ou mais, a percentagem era de 12,2 por cento. Neste caso, as autoridades não descriminam a proporção dos que foram vacinados com duas doses da vacina. Na sexta-feira, foi registado um caso adverso dois dias depois da inoculação da segunda dose da vacina mRNA da BioNTech. Por volta das 21h, um homem de 22 anos recorreu ao no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário queixando-se de dores no peito, dores de cabeça e febre. Um electrocardiograma revelou alterações anormais, incluindo níveis de troponina T cardíaca “significativamente elevados”, indiciando lesão miocárdica. O paciente foi diagnosticado com miocardite, foi internado na sexta-feira à noite e, depois de tratado, as dores no peito diminuíram, apresentando condição clínica normal. Desde o início da vacinação em Macau, as autoridades registaram nove casos adversos graves em mais de 877 mil doses administradas.
João Luz Eventos MancheteTeatro | “Projecto d’ Homens” estreia hoje na BlackBox do Antigo Tribunal A companhia d’As Entranhas Macau apresenta hoje e amanhã no Antigo Tribunal a peça “Projecto d’ Homens”. O HM falou com Vera Paz, responsável pela encenação, direcção artística e dramaturgia, sobre os momentos que antecedem as pancadas de Molière, a adaptação de um guião que passou a ser interpretado a três línguas e a desconstrução de estereótipos A horas do último ensaio geral antes da estreia de “Projecto d’ Homens”, Vera Paz confirmava que tudo estava a postos para a première hoje às 20h30 na BlackBox do Antigo Tribunal. Em vez de nervosismo, a actriz que tomou as rédeas dramatúrgicas da adapção da peça apresentada em Portugal em 2017, prefere falar do sentimento de responsabilidade que, “à medida que os anos passam, fica cada vez maior”. “Projecto d’ Homens”, que será apresentado também amanhã no mesmo lugar e hora, tem a duração de uma hora ao longo de um acto único sem interrupção, onde três actores se desdobram enquanto protagonistas, actores secundários e figurinos, numa performance que alia a fisicalidade e monólogos e diálogos em português, inglês e cantonês. Angústias, pensamentos, amores e desamores são elementos emocionais que atravessam a narrativa, exorcizando os demónios das crises de meia idade. Em palco vão estar Jorge Vale, Kelsey Wilhem e Machi Chon. Antes do ensaio geral, a encenadora descreveu ao HM o processo que culmina mais logo em palco. “Gostei muito desta experiência. Eles são muito generosos, não são actores profissionais. Os actores amadores têm a particularidade de se entregarem e amarem, de facto, aquilo que estão a fazer. Para mim, foi uma descoberta com eles, um crescendo de confiança, de segurança de parte a parte e fomos construindo assim”, conta. Na impossibilidade de trazer a Macau o formato original de “Projecto d’ Homens”, devido a todas as complicações originadas pela covid-19, a peça foi adaptada com grande entrega dos actores. “Os monólogos foram escritos pelos actores e adaptados por mim. Não têm uma componente biográfica, mas realidade e ficção tocam-se”, conta. A mulher do leme Desta vez, Vera Paz não estará em palco, assumindo a direcção artística, dramaturgia e encenação. “A minha experiência profissional é principalmente como actriz, mas herdei este projecto do encenador de Portugal. A encenação é totalmente nova e o guião totalmente diferente. Apenas o conceito se mantém (o que é isto de ser homem).” Seguindo o método criativo d’As Entranhas, a improvisação é preponderante num processo sem guião estruturado à partida, mas composto em colaboração com os actores. Além disso, sem tradução simultânea e com três línguas em palco, a peça será um reflexo da cidade. “Macau também é esta realidade que todos conhecemos, este lost in translation, mas onde existe uma identidade própria”, descreve a encenadora, confessando que a confluência de línguas foi uma opção assumida. “Com certeza que haverá algo que irá escapar a quem não domine as três línguas. Mas o espectáculo também tem uma componente plástica e visual bastante forte, muito física. Portanto, acho que isso não será um problema”, explica Vera Paz. No que diz respeito ao guião, à mensagem, cada personagem chega ao palco da Blackbox com viagens diferentes e respectivas crises com variações diversas de revolta e angústia. No rescaldo do movimento #Metoo e num mundo ainda intensamente dividido e desigual, Vera Paz não considera que “Projecto d’ Homens” seja uma afirmação. “Não acho que seja um manifesto, acho até que é mais um anti-manifesto, que pretende mais levantar questões do que dar respostas”, afirmou. Durante uma hora, além de angústias e inquietações masculinas, “Projecto d’ Homens” põe em causa clichés, desconstrói estereótipos, por vezes espelhando-os, expondo as entranhas de um tema eterno e sem resolução.