Mercados | Ella Lei pede explicações para as mais de 200 bancas vazias

Desde Outubro do ano passado, mais de duas centenas de bancas nos mercados públicos estão desocupadas, sem vislumbre de abertura de concursos para as ocupar. Enquanto o Governo tenta modernizar os mercados de Macau, Ella Lei pede que os espaços sejam usados para atrair turistas, com produtos gourmet e indústrias criativas

 

Desde que entrou em vigor a lei de gestão dos mercados públicos, há cerca de um ano e meio, o Governo tem procurado revitalizar e modernizar estes espaços, com destaque para o encerramento para obras do Mercado Vermelho (que arrancaram em Maio do ano passado) e do Mercado da Horta da Mitra (que começaram em Março deste ano).

Com o novo enquadramento legal e a vontade reformista, o comércio acabou por sofrer danos colaterais e acabou por ser o foco de uma interpelação escrita de Ella Lei, divulgada ontem.

Depois de reconhecer a intenção de melhorar as infra-estruturas dos mercados e o seu ambiente, a deputada dos Operários indica que parece não haver uma direcção e conceito claros sobre o uso adequado a dar a estes espaços comerciais. Situação que é comprovada com os muitos espaços vazios.

“Actualmente, existem muitas bancas e espaços vazios nos nove mercados públicos de Macau, algumas destas bancas não abriram para concurso e os vendedores foram desistindo, à medida que a clientela também desaparece gradualmente, tornando mais difícil o negócio para as bancas que se mantém abertas”, argumenta Ella Lei.

A deputada cita dados oficiais que apontam para existência de mais de 200 bancas vazias, desde Outubro do ano passado, com mais de uma centena destas bancas submetidas a obras de ou arranjos de optimização de espaço. “Destas bancas vazias, 142 estão prontas para concurso de arrendamento, mas as autoridades não explicam porque não avançam com os concursos, nem que condições serão exigidas aos comerciantes”, aponta a deputada.

Turismo omnipresente

Ella Lei afirma também que tem conhecimento de residentes interessados em operar bancas em mercados públicos, apesar de as autoridades terem vincado a necessidade de reavaliar a gestão das estruturas, em especial os mercados que têm espaços muito exíguos entre bancas, e de ajustar a disposição das bancas para melhorar o ambiente.

Quando a lei de gestão dos mercados foi discutida, o Governo adiantou o objectivo de introduzir novos produtos e negócios virados para as necessidades do dia-a-dia. Ella Lei considera que se deve aproveitar o turismo para revitalizar os mercados. Como tal, a deputada sugere que nos mercados perto de zonas com maior fluxo de turistas, Coloane, São Domingos e Taipa (perto da Taipa Velha), as bancas vazias sejam aproveitadas para vender produtos culturais e criativos, assim como iguarias gastronómicas gourmet.

17 Ago 2023

Banca | Actividade internacional caiu no 2.º trimestre

A proporção da actividade internacional do sector bancário de Macau diminuiu no segundo trimestre deste ano, indicou ontem a Autoridade Monetária de Macau (AMCM). De acordo com os dados oficiais, “a quota das aplicações financeiras nos mercados internacionais, no activo total do sistema bancário, decresceu de 85,6 por cento, taxa registada no final de Março para 84,7 por cento no final de Junho”.

Relativamente às responsabilidades internacionais no passivo total do sistema bancário de Macau, a AMCM registou uma descida de 83,4 por cento para 82,6 por cento, entre o final de Março e o final de Junho.

Em relação às moedas usadas em transacções bancárias internacionais, o segundo trimestre do ano fechou com o dólar dos Estados Unidos a ser a moeda prevalente, usada em 42,9 por cento das transações, seguido pelo dólar de Hong Kong (32,4 por cento) e renminbi (20,4 por cento), no cômputo do activo internacional.

A AMCM acrescenta que, no fim de Junho, o total dos activos internacionais do sector bancário de Macau decresceu 6,4 por cento relativamente ao trimestre anterior, para um total superior a 2,1 biliões de patacas.

16 Ago 2023

JP Morgan | Jogo com subida de receitas na segunda semana do mês

As receitas brutas diárias dos casinos aumentaram cerca de 40 milhões de patacas na segunda semana de Agosto face às semanas anteriores, segundo a estimativa de analistas da JP Morgan. Nos primeiros 13 dias de Agosto, a indústria do jogo facturou cerca de 7,2 mil milhões de patacas, dando passos firmes rumo à recuperação total do sector

 

Durante os primeiros 13 dias de Agosto, os casinos de Macau apuraram cerca de 7,2 mil milhões de patacas em receitas brutas, segundo as estimativas dos analistas da JP Morgan Securities, valor que representa um encaixe diário de receitas na ordem dos 553 milhões de patacas. Face ao resultado previsto, os analistas do banco de investimento realçam o aumento das receitas diárias de cerca de 7 por cento entre a primeira e a segunda semana de Agosto, com os casinos a facturarem 570 milhões de patacas por dia, mais 40 milhões de patacas diárias do que nas semanas anteriores.

Raios de sol

Os especialistas da JP Morgan justificam a melhoria dos resultados com os efeitos da sazonalidade e acalmia recente depois do mau tempo que se abateu sobre Macau e a região desde a segunda metade de Julho. Porém, “mais importante, esta tendência sugere que as receitas brutas do segmento de massas estão a registar níveis entre 90 e 95 por cento dos verificados antes da pandemia de covid-19”, concluem os analistas, sublinhando a estimativa da completa recuperação do sector chegar em Outubro.

A evolução da performance da indústria de jogo na segunda semana de Agosto tem como contexto recente os resultados de Julho, que foi o melhor mês desde Janeiro de 2020, quando os casinos do território amealharam 16,66 mil milhões de patacas. Aliás, durante os primeiros sete meses de 2023, as receitas brutas do jogo quase quadruplicaram face ao registo do ano passado.

16 Ago 2023

Grades na AL | DSSCU trata obrigação de consulta a arquitecto como cortesia

O caso das grades colocadas nas saídas de emergência na Assembleia Legislativa conheceu mais um inusitado episódio. Depois de a DSSOPT ter pedido um parecer, que deveria por lei ser prévio, ao arquitecto que desenhou o edifício para modificação do projecto, o Governo refere que o fez por “respeito”. Mário Duarte Duque vê vestígios da cultura herdada de Jaime Carion e Li Canfeng na actuação da nova DSSCU

 

A obrigação legal de consultar o autor de um projecto antes de o alterar, sob pena de indemnização, tem estado no centro de um diferendo entre o arquitecto responsável pelo projecto da Assembleia Legislativa e a Administração. Depois de terem solicitado o parecer ao autor, já depois de concluídas as obras, a Administração vem agora indicar que não estaria a cumprir a obrigação legal de solicitar o parecer o autor, mas meramente a informá-lo por uma questão de respeito.

No final de 2021, o HM dava conta de que a Direcção dos Serviços de Solos Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) anunciava a conclusão da instalação de grades nas janelas do rés-do-chão da Assembleia Legislativa (AL), bloqueando duas saídas de emergência do edifício. A obra vinha designada no website da DSSOPT como “Obras de Melhoramento AGO 2021”, com a intervenção a arrancar em Setembro de 2021.

Cerca de dois meses depois do início das obras, a mesma direcção de serviços enviou um pedido de parecer prévio ao arquitecto responsável pelo projecto, Mário Duarte Duque. A lei do direito de autor e direitos conexos estabelece que o “dono de obra construída ou executada segundo projecto da autoria de outrem é livre de, quer durante a construção ou execução, quer após a sua conclusão, introduzir nela as alterações que desejar, mas deve consultar previamente o autor do projecto, sob pena de indemnização por perdas e danos”. Situação que não se verificou.

Sensibilidade e bom-senso

No final de Julho deste ano, o caso conheceu um novo desenvolvimento, com a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU) afirmou que “as referidas obras destinam-se apenas a melhorar a utilização do edifício e não são obras de modificação, pelo que não houve necessidade de consulta prévia”, afirmam os serviços numa missiva enviada a Mário Duarte Duque. A DSSCU acrescenta que o pedido de parecer, que a DSSOPT justificou ao abrigo da exigência legal de ouvir previamente o autor do projecto, foi emitido “como forma de respeito pelo projectista”.

Além disso, a DSSCU indicou que as grades “não bloqueiam qualquer saída de emergência”. Conclusão negada pelo autor do projecto, que afirma que as saídas de emergência estão bem identificadas tanto no projecto de arquitectura do edifício da AL, como no projecto de instalação eléctrica.

Aliás, as saídas de emergências são definidas depois de avaliadas pelo Corpo de Bombeiros, antes de serem definidos os controlos das fechaduras e as sinalizações de emergência para encaminhar as pessoas para o exterior. Todos estes passos, consultas e pareceres são aprovados definitivamente pelas próprias Obras Públicas. Ora, segundo o arquitecto, os serviços têm nos seus arquivos desenhos do projecto onde as janelas em questão estão claramente identificadas como saídas de emergência.

Confrontado com o volte-face, Mário Duarte Duque encontra nos serviços actuais traços de direcções anteriores. “O Sr. Eng. Lai Weng Leong [director da DSSCU que assina a missiva dirigida ao arquitecto] não representa que a forma de respeito pelos projectistas acreditados naquela DSSCU passa por revestir de seriedade, rigor e boa-fé os procedimentos em que envolve esses projectistas, que é exactamente o contrário do que aqui se retrata”.

Além disso, “ocorre que o Sr. Eng.º Lai Weng Leong tenha herdado a cultura funcional da DSSOPT sob as direcções do Srs. Eng.º Jaime Carion, Li Canfeng e Chan Pou Ha, ou esteja motivado a dar-lhes continuidade”, conclui Mário Duarte Duque.

16 Ago 2023

Música | Corinne Bailey Rae junta-se ao cartaz do KoolTai Macao Fest

O KoolTai Macao Fest anunciou mais um punhado de bandas para o festival marcado para Novembro, com a cantora britânica Corinne Bailey Rae em lugar de destaque. Na segunda fornada de artistas anunciados constam ainda os locais Lavy, a artista malaia Zee Avi e a cantora japonesa Koresawa, que se juntam aos Suede, Joanna Wang e Lisa Ono

A organização do KoolTai Macao Fest anunciou mais uma leva de artistas que vão compor o cartaz do festival marcado para os dias 11 e 12 de Novembro. Depois de arrancar com estrondo ao anunciar a vinda dos Suede a Macau, o KoolTai Macao Fest acrescenta ao cartaz outra artista britânica, Corinne Bailey Rae, que conquistou o mundo com a sua interpretação das sonoridades R&B e a reinvenção da música soul.

Corinne Bailey Rae faz parte de uma rara categoria de cantoras que conquistou o número um de vendas no Reino Unido logo ao primeiro disco, em 2006 quando lançou o álbum “Corinne Bailey Rae”. Ainda nesse ano, na sua primeira tourné internacional, acompanhando John Legend, a cantora britânica actuou no Parque da Bela Vista em Lisboa, no Rock in Rio.

Depois do início de carreira fulgurante, conquistando Grammys, Brit Awards e outros reconhecimentos, a britânica foi cimentando a sua reputação enquanto artista que vai além do sucesso inicial.

O segundo registo, “The Sea” confirmou a trajectória que a artista iria seguir, transparecendo as influências musicais com que cresceu. Na edição japonesa de “The Sea”, Corinne Bailey Rae prendou os fãs com um EP de versões, onde despontam os clássicos “Is This Love” de Bob Marley e “Little Wing” de Jimi Hendrix.

No próximo mês está previsto o lançamento do seu quarto registo discográfico, “Black Rainbows”, disco que deverá ser suportado pela digressão que trará a artista britânica a Macau.

O mundo no Cotai

A malaia Zee Avi é outro dos destaques nas novidades do KoolTai Macao Fest, uma cantora e compositora que começou a carreira em pequenas bandas de rock em Kuala Lumpur ainda com tenra idade. A música passou para segundo plano, quando Zee Avi se mudou para Londres para estudar design de moda. Em 2007, a artista começou a publicar músicas e actuações intimistas no YouTube, acabando chamar a atenção de Ian Montone, manager de bandas como The White Stripes, The Shins, The Raconteurs e M.I.A.

E assim começava a carreira de Zee Avi, que conta entre as influências musicais Cat Power, Regina Spektor, Leonard Cohen, Tom Waits, Jolie Holland, Daniel Johnston, Velvet Underground e Led Zeppelin.

A cantora japonesa Koresawa foi outro nome avançado pela organização do KoolTai Macao Fest, uma misteriosa artista com raras aparições públicas, fazendo-se representar por um personagem de Anime.

O cartaz é completo pela incontornável banda local de rock Lavy e dois artistas de Hong Kong, Jason Kui e winifai.

Mistério local

Ainda sem um anúncio sobre o local onde se irá realizar o KoolTai Macao Fest, a organização acrescenta o alinhamento do festival ainda não está encerrado e, para já, continua a não haver informação sobre o local onde o evento se vai realizar e sobre o preço dos bilhetes.

Recorde-se que o cartaz do festival inclui bandas como Suede, a cantora e compositora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, o duo de pop-rock Per Se e a banda de Macau Scamper.

14 Ago 2023

Desemprego | Taxa de residentes desce para 3,5% em Junho

A taxa de desemprego geral no trimestre entre Abril e Junho deste ano situou-se em 2,8 por cento, enquanto a taxa de desemprego de residentes de Macau desceu 0,1 por cento para 3,5 por cento, em relação ao trimestre anterior (de Março a Maio). Segundo dados revelados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a taxa de subemprego manteve-se inalterada em 1,8 por cento.
No final da primeira metade de 2023, a taxa de actividade na RAEM foi 67,7 por cento, com cerca de 371.800 pessoas. Deste universo, cerca de 361.400 estavam empregados, com o número de residentes em actividade a subir para 282.600 com a entrada de 1.400 residentes no mercado de trabalho.
A DSEC indica que Junho fechou com menos 100 pessoas desempregadas, para um total de 10.400. Entre os que procuram um novo emprego, a maioria são provenientes dos sectores da construção, jogo e actividades de promoção de jogo (junkets).   
Em relação aos que procuram o primeiro emprego, a DSEC dá conta de uma subida de 2,7 por cento, com as pessoas que procuram entrar no mercado de trabalho a representar 7,3 por cento da população desempregada.
No final do segundo trimestre deste ano, a mediana do rendimento mensal do emprego da população empregada cifrou-se em 17.000 patacas e a dos residentes empregados fixou-se em 20.000 patacas, sendo ambas idênticas às do primeiro trimestre de 2023.

14 Ago 2023

Sands China | Lucros de 1,37 mil milhões no primeiro semestre

A operadora de jogo Sands China, com cinco casinos em Macau, anunciou um lucro de 1,37 mil milhões de dólares de Hong Kong (HKD) no primeiro semestre. Um resultado que contrasta com o prejuízo de 5,96 mil milhões de HKD registado na primeira metade de 2022.
A empresa indicou ainda na sexta-feira que as receitas líquidas totais do grupo atingiram 22,69 mil milhões de HKD na primeira metade deste ano, montante que representa um aumento de 216,4 por cento comparado com os 7,18 mil milhões de HKD registados no primeiro semestre de 2022.
No relatório que apresentou os resultados da concessionária à Bolsa de Valores de Hong Kong, não é referida distribuição de dividendos a accionistas.
A Sands China indicou também que as propriedades do grupo registaram nos primeiros seis meses de 2023 lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, em inglês) de 7,36 mil milhões de HKD, reforçando a tendência de crescimento face às perdas ajustadas de EBITDA de 942 milhões de HKD na primeira metade de 2022.
“Desde 2020 até ao início de 2023, as nossas operações sofreram o impacto negativo da redução do turismo e da implementação de restrições de viagens devido à pandemia da covid-19. O Governo de Macau eliminou estas restrições entre o fim de Dezembro do ano passado e Janeiro de 2023 e, desde então, o número de visitantes que chegam aos nossos resorts integrados e as nossas operações melhoraram”, refere o comunicado do grupo.
No cômputo geral dos vários casinos operados pela Sands China no território, o The Venetian facturou as receitas líquidas mais elevadas, com 969 milhões de dólares norte-americanos, quase quadruplicando os resultados da primeira metade do ano passado. O The Londoner e The Parisian ocuparam os dois restantes lugares no pódio das receitas líquidas com 479 milhões de dólares e 311 milhões, respectivamente.

Teoria da evolução
O grupo liderado por Robert Goldstein destaca ainda dados do Governo da RAEM que apontam para o crescimento de 141 por cento no primeiro semestre do ano do número de turistas vindos do Interior da China face ao ano anterior. O registo da primeira metade do ano em termos do volume de turistas chineses representou, ainda assim, uma descida de 47,3 por cento face ao primeiro semestre de 2019.
A evolução das receitas brutas dos casinos do território seguiu uma trajectória similar à da entrada de visitantes, com o aumento de 205,1 por cento face à primeira metade do ano passado, mas uma descida de 46,4 por cento em relação ao mesmo período de 2019.
Importa referir que os impostos sobre o jogo continuam a constituir a principal fonte de receita do Governo representando mais de metade do Produto Interno Bruto (PIB) do território em 2019, com a indústria a dar trabalho a quase 68 mil pessoas no final de 2022, ou seja, a quase 20 por cento da população empregada.

14 Ago 2023

Tecnologia | Biden inclui Macau nas restrições de investimentos americanos

Joe Biden assinou na quarta-feira uma ordem executiva que limita o investimento de empresas norte-americanas em tecnologias críticas em Macau, Hong Kong e Interior da China. As tecnologias consideradas críticas para a segurança nacional incluem semicondutores, computação quântica e inteligência artificial

 

A intenção da Administração de Joe Biden de restringir investimentos de empresas norte-americanas na China em tecnologias críticas foi cumprida ontem, com a assinatura de uma ordem executiva que inclui Macau e Hong Kong.

A agência Bloomberg avançou a 31 de Julho a intenção da Casa Branca de impor as limitações que foram ontem estabelecidas.

A ordem executiva assinada pelo Presidente norte-americano incide sobre semicondutores, inteligência artificial e computação quântica, e não vai afectar nenhum investimento existente, com o seu campo de acção a limitar-se à proibição de certas transacções. Como tal, novos investimentos nesta área terão de ser aprovados por Washington.

“Hoje, o Presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva (…) que autoriza a secretaria do Tesouro a regular certos investimentos norte-americanos em países problemáticos em actividades que envolvem tecnologias sensíveis e críticas para a segurança nacional em três sectores: semicondutores, computação quântica e inteligência artificial. No anexo à ordem executiva, o Presidente identificou a República Popular da China e as regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau como país problemático”, é estipulado num comunicado que acompanha a ordem executiva.

A Casa Branca sublinha o “empenho em tomar medidas específicas para proteger a segurança nacional, mantendo ao mesmo tempo o compromisso de longa data para com o investimento aberto. Este programa procurará impedir que países estrangeiros que suscitam preocupações explorem o investimento norte-americano neste conjunto restrito de tecnologias que são essenciais para apoiar o seu desenvolvimento de capacidades militares, de informação, de vigilância e cibernéticas que põem em risco a segurança nacional dos Estados Unidos”.

A resposta

Pequim reagiu rapidamente, enviando a Washington um protesto através dos canais diplomáticos. “A China está extremamente descontente e opõe-se firmemente à insistência dos Estados Unidos em introduzir restrições ao investimento na China”, declarou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês num comunicado, acrescentando que o país está “muito preocupado com esta situação e reserva o direito de tomar medidas”.

Numa declaração separada, um porta-voz do Ministério do Comércio chinês também disse que o decreto “desvia-se seriamente dos princípios da economia de mercado e da concorrência leal que os Estados Unidos sempre promoveram, e afecta as decisões comerciais normais, prejudica a ordem do comércio internacional e perturba seriamente a segurança das cadeias industriais e de abastecimento globais”. Com Lusa

11 Ago 2023

Segurança | Leong Sun Iok propõe criação de polícias auxiliares

O deputado da FAOM sugere colmatar as insuficiências de pessoal das forças de segurança com a criação do regime da polícia auxiliar, cujo recrutamento é feito entre a população e Função Pública. Além disso, Leong Sun Iok propõe o reforço da aposta na tecnologia e policiamento inteligente

 

A sobrecarga e a escassez de mão-de-obra que afecta as forças de segurança de Macau poderiam ser atenuadas com a criação do “polícia auxiliar”, pelo menos de acordo com a sugestão do deputado Leong Sun Iok, divulgada ontem em interpelação escrita.

O Governo deveria “considerar a possibilidade de introduzir um sistema de polícia auxiliar, que permita a quem está interessado participar no trabalho de policiamento durante os tempos livres, após um período de formação e avaliação com exames”, recomendou o deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FOAM).

Na visão do legislador, estes polícias auxiliares não teriam poderes de autoridade, mas poderes para complementar as tarefas das forças de segurança, assumindo um papel de retaguarda e reserva em relação às polícias regulares.

Além de aliviar o trabalho da polícia, que assim se focar no combate ao crime, o deputado entende que a criação desta figura poderia criar mais oportunidades de emprego.

Em termos práticos, e seguindo os exemplos do Interior da China, Hong Kong e Taiwan, Leong Sun Iok propõe que estes policias auxiliares sejam destacados para manutenção da ordem pública em zonas de grande fluxo de turistas, em especial durante eventos de grande envergadura e no geral durante os feridos nacionais. As suas tarefas poderiam também incluir o controlo de multidões, patrulha de zonas de maior afluência de pessoas, agir como elementos dissuasores da criminalidade, responder a emergências, controlar o trânsito nas horas de ponta.

O que falta

Além da mão-de-obra adicional, Leong Sun Iok defende que o Governo deveria reforçar a aposta na tecnologia e no policiamento inteligente.

Recordando que nas últimas Linhas de Acção Governativas da área da Segurança, a secretaria dirigida por Wong Sio Chak não discordou da ideia de criar do polícia auxiliar, Leong Sun Iok perguntou se os entraves enumerados à altura poderiam agora ser contornados.

A secretaria para a Segurança indicou ao deputado que estava limitada por questões de orçamento, falta de legislação e falta de pessoal para formar e gerir a força auxiliar. Leong Sun Iok afirma que esses “obstáculos não são difíceis de resolver actualmente”. Assim sendo, “pergunta às autoridades se podem iniciar um estudo e criar condições para a criação de uma polícia auxiliar de forma ordenada”.

Apesar de sublinhar que o Governo adoptou uma política de limitação do número de funcionários públicos, por questões orçamentais, Leong Sun Iok realça a extrema carga laboral a que as forças de segurança têm sido submetidas nos últimos anos, e “a necessidade de melhorar continuamente a ordem pública”.

9 Ago 2023

Arroz | Fornecedores tranquilos face à diminuição da oferta

Os fornecedores de Macau não estão preocupados com o decréscimo de arroz para importação, na sequência da interrupção das exportações de arroz indiano e do incentivo à redução produtiva na Tailândia. Importadores confiam na estabilidade de abastecimento, mas alertam para o possível aumento dos preços

 

Enquanto um pouco por todo o mundo se assiste com alguma apreensão às limitações à produção e exportação dos dois maiores países produtores de arroz, Índia e Tailândia, em Macau os fornecedores estão tranquilos com possíveis convulsões nas medidas anunciadas pelos governos indiano e tailandês.

A situação não tira o sono a Ip Sio Man, presidente da Associação da União dos Fornecedores de Macau, que está confiante que o mercado local não será afectado.

“Macau importa principalmente arroz aromático da Tailândia, Vietname e Camboja e o abastecimento é mais que suficiente. Porém, a interrupção de exportações de arroz indiano irá pressionar o mercado do arroz aromático, o que pode levar a um aumento dos preços a rondar os 10 por cento”, indicou o responsável, citado pelo jornal Ou Mun.

O dirigente associativo vincou ainda que os residentes de Macau estão habituados a comer arroz aromático tailandês e que nos últimos anos foram introduzidos no mercado local arroz de vietnamita e cambojano. Porém, apesar de o arroz branco representar apenas 10 por cento do arroz consumido em Macau, sempre que a sua oferta é limitada acaba por afectar o preço de todas as variedades do produto. Até a própria oferta de arroz produzido no Interior da China encontra-se limitada, indicou Ip Sio Man, frisando que este produto tem um sabor diferente e que normalmente não é o preferido dos residentes de Macau.

Ficar em casa

O presidente da Associação da União dos Fornecedores de Macau não teve em conta o facto de a Tailândia ter emitido directrizes a encorajar agricultores a plantar menos arroz, numa tentativa de poupar água. A medida apresentada pelo Governo tailandês é a resposta à pouca precipitação que tem caído no país durante a época de chuvas deste ano.

Num esforço para conservar a água para consumo, o Gabinete Nacional dos Recursos Hídricos apelou aos agricultores do país para que passem a “plantar culturas que utilizem menos água e possam ser colhidas rapidamente”.

“A precipitação acumulada é cerca de 40 por cento inferior ao normal, o que representa um risco elevado de escassez de água”, afirmou o secretário-geral do Gabinete Nacional dos Recursos Hídricos, Surasri Kidtimonton, num comunicado divulgado pela Administração Nacional da Água da Tailândia.

A medida do Governo tailandês veio agravar a instabilidade nos mercados desde que o Governo indiano anunciou, a 20 de Julho, que iria interromper a exportação de arroz branco não-basmati. A suspensão foi justificada com a necessidade de contrariar os baixos preços do arroz e para assegurar o fornecimento no mercado doméstico indiano.

9 Ago 2023

Jogo | Primeiros dias de Agosto mantêm níveis de Julho

As receitas apuradas pelos casinos nos primeiros seis dias deste mês confirmam o nível registado de Julho. Em menos de uma semana, a indústria do jogo de Macau facturou um valor estimado de 3,2 mil milhões de patacas de receitas brutas, cerca de 533 milhões de patacas por dia

 

Em meia dúzia de dias, os casinos de Macau facturaram em Agosto perto de 3,2 mil milhões de patacas, pelo menos, de acordo com as estimativas dos analistas da JP Morgan Securities (Asia Pacific). Durante os primeiros seis dias deste mês, a indústria do jogo pode ter registado receitas brutas diárias a rondar os 533 milhões de patacas, resultado que, de acordo com os analistas, pode aparentar estagnação face a Julho, quando as receitas brutas diárias médias atingiram 537 milhões de patacas.

“Apesar de ser complicado traçar uma tendência reveladora a partir dos dados que recolhemos relativos a seis dias, os resultados parecem apontar para receitas brutas do segmento de massas a atingir cerca de 90 por cento dos níveis verificados antes da pandemia. Portanto, continuamos a prever que a recuperação total seja atingida em Outubro”, referem os analistas DS Kim e Mufan Shi, citados pelo portal GGR Asia.

A equipa de analistas da JP Morgan Securities indicou que, de acordo com as suas estimativas, durante o mês passado, o segmento de massas premium já deve ter recuperado totalmente para níveis de receitas do período pré-pandémico.

Evolução mensal

Agosto arrancou com um antecedente de receitas do jogo recordista, depois de Julho ter sido o melhor mês, desde a pandemia, para os cofres dos casinos do território, que amealharam cerca de 16,66 mil milhões de patacas em receitas brutas, de acordo com dados oficiais divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

A performance da indústria ultrapassou o registo de Maio, que detinha o recorde de maior volume de receitas desde o início da pandemia, quando os casinos amealharam 15,56 mil milhões de patacas.

Em termos anuais, a JP Morgan prevê que a indústria do jogo feche o ano de 2023 com receitas brutas globais superiores a 184 mil milhões de patacas, deste montante total, mais de 158 mil milhões de patacas serão gerados pelo segmento de massas, ou seja, mais de 85 por cento.

9 Ago 2023

Turismo | Entradas diárias de Agosto podem ultrapassar as de Julho

A média diária de 89 mil turistas registada no mês de Julho pode ser ultrapassada este mês. Nos primeiros três dias de Agosto, entraram em Macau mais de 93 mil turistas por dia. Entretanto, o volume de passageiros que passaram pelo Aeroporto de Macau aumentou mais de um quarto no mês passado

 

Os primeiros três dias de Agosto parecem indicar que o volume de turistas que entram em Macau vai continuar a aumentar. O vice-presidente dos Serviços de Turismo (DST), Cheng Wai Tong, revelou que nos primeiros dias deste mês a média diária de turistas ultrapassou os 93.000, volume que indica uma tendência de crescimento face a Julho, quando a média diária de visitantes se fixou em 89.000. Importa referir que ainda não foram divulgados os dados oficiais do número de turistas durante o mês de Julho.

Porém, de acordo com dados preliminares citados pelo responsável da DST, a larga maioria dos visitantes que têm alavancado a recuperação do sector continua a vir do Interior da China e de Hong Kong, com os mercados exteriores a registar fracas performances.

Para contornar a inércia da recuperação dos mercados estrangeiros, Cheng Wai Tong garantiu que o Governo irá continua a apostar na promoção do destino Macau no exterior.

Em termos comparativos, recorde-se que em Julho de 2019, antes do início da pandemia, visitaram Macau quase 140.000 turistas.

Pontes aéreas

No passado mês de Julho, passaram pelo Aeroporto Internacional de Macau mais de 550.000 passageiros com o número de voos a ultrapassar os 4.000, o que representa aumentos de 28 e 10 por cento, respectivamente, em relação ao mês anterior. Segundo um comunicado emitido ontem pela empresa que gere as operações do aeroporto, a estimativa para o presente mês de Agosto é de continuação do aumento do tráfego aéreo e do volume de passageiros.

A média diária de chegadas e partidas de passageiros em Julho foi de 17.000, com 129 movimentos diários (aterragens e descolagens). Apesar da recuperação mensal e anual, face a Julho de 2019, a recuperação do número de voos situou-se em 58 por cento dos níveis de 2019, enquanto o volume de passageiros atingiu 60 por cento.

7 Ago 2023

Finanças públicas | Au Kam San critica falta de transparência e supervisão

Au Kam San entende que poucos progressos foram conseguidos na supervisão das finanças públicas desde a criação da RAEM. A falta de transparência impossibilita o cumprimento das funções da Assembleia Legislativa, defende. O ex-deputado deu como exemplos da falta de supervisão o aumento do orçamento para construir o Campo de Aventuras de Hac Sá e os empréstimos à Viva Macau

 

Mais de duas décadas depois do nascimento da RAEM, foram escassos os progressos na fiscalização da forma como o Governo gasta os dinheiros públicos, na óptica da Au Kam San. O ex-deputado publicou na noite de domingo um texto em que reflecte sobre a falta de supervisão das finanças públicas.

Com mais de 20 anos de experiência como deputado, Au Kam San defendeu que a Assembleia Legislativa (AL) não consegue exercer com eficácia o seu papel de fiscalização da acção governativa devido à falta de transparência na gestão dos cofres públicos. Neste capítulo, um dos principais problemas é a falta de informação fornecida pelo Executivo aos deputados. A ausência de detalhes e o parcelamento das despesas em trimestres e anos, em obras que se estendem ao longo de vários anos, impossibilitam a supervisão das finanças públicas.

“Se nos perguntarmos se os mecanismos de supervisão das finanças públicas melhoraram muito nestes mais de 20 anos desde o retorno de Macau à pátria, creio que melhoraram um pouco. O Governo tem apresentado nos últimos 10 anos dados sobre a execução orçamental todos os trimestres e permitem que os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas solicitem informações adicionais. Porém, os dados trimestrais apenas conseguem transmitir um panorama geral, difícil de compreender num contexto alargado”, afirmou numa publicação de Facebook.

Na prática

O Campo de Aventuras Juvenis da Praia de Hac Sá foi um dos exemplos dados por Au Kam San para demonstrar a falta de supervisão que permite derrapagens orçamentais. Recorde-se que o projecto que tinha inicialmente um orçamento de cerca de 230 milhões de patacas sofreu várias alterações até atingir 1,4 mil milhões de patacas.

“Muitos departamentos da máquina da Administração têm autonomia financeira e administrativa, como o Instituto para os Assuntos Municipais”, que acabam por financiar projectos como o Campo de Aventuras, “tornando impossível aos deputados e à comissão de acompanhamento supervisionar os seus gastos”, indicou.

O ex-deputado argumenta que a supervisão acaba por só acontecer, muitas vezes, depois da consumação dos factos, com os dinheiros do erário público já atribuídos e que a falta de transparência impossibilita os deputados de pediram explicações informadas ao Governo. Neste domínio, Au Kam San recorda que o Governo concedeu vários empréstimos consecutivos à companhia aérea Viva Macau através do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, sem que tenha havido qualquer reembolso. Quando tomou conhecimento do caso, já tinham sido aprovados empréstimos, antes que tivesse oportunidade para escrever a primeira interpelação a pedir explicações.

Au Kam San recordou ainda palavras da ex-presidente da AL Susana Chou, que no fim do seu último mandato pediu o reforço da supervisão às contas públicas. “Predominância do Executivo não significa arbitrariedade, ou que o Governo pode evitar a supervisão do órgão legislativo, muito pelo contrário. Quanto maior foi a liderança do Executivo maior deverá ser a supervisão, ou corremos o risco de o exercício do poder ser desequilibrado e caótico”, citou Au Kam San.

7 Ago 2023

Ambiente | Projecto para tratamento de resíduos suspenso

O Governo suspendeu o plano de tratamento prévio de resíduos, que implicava a concessão de um terreno para o efeito. O projecto, que fez parte dos planos do Executivo desde 2019, teria como objectivo tratar materiais de construção

 

No final de 2018, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, anunciava nas Linhas de Acção Governativa para 2019 a reserva de uma parcela de terreno de 15.000 metros quadrados onde seria instalada uma estrutura para fazer o tratamento prévio de resíduos de materiais de construção, antes da exportação.

Na sexta-feira, o Governo revelou que este projecto foi suspenso. A novidade foi dada pelo director substituito dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Ip Kuong Lam, em resposta a uma interpelação escrita de Ron Lam.

Quando o plano foi anunciado, o Executivo de Chui Sai On indicou que seria lançado um concurso público para concessionar a gestão e operação durante um prazo inicial de 13 anos, para fazer o tratamento prévio de três materiais de reciclagem (papel, plástico e metal) produzidos por construções.

O responsável da DSPA revelou também que “o Aterro para Resíduos de Materiais de Construção (ARMC) já atingiu o seu limite” e que é “necessário, em primeiro lugar, rever novamente a configuração do ARMC para que seja libertado o maior espaço possível para efectuar o tratamento dos resíduos de materiais de construção, portanto, o respectivo projecto de concessão do terreno já se encontra suspenso”.

Em actualização

Por outro lado, o Governo anunciou que o projecto das instalações de selecção móveis para materiais inertes de demolição e construção está “em fase de conclusão”, e que estará para breve a entrada em funcionamento a título experimental. Também a 3.ª fase de expansão da Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau e do Centro de Recuperação de Resíduos Orgânicos está a ser ultimada.

Além disso, Ip Kuong Lam defende que as instalações de esmagamento de garrafas de vidro e as instalações de pré-tratamento de equipamentos electrónicos e eléctricos têm sido sucessivamente construídas e aperfeiçoadas.

Feito o tratamento prévio de material reciclado, a fase seguinte é a reciclagem, passo para o qual o Governo da RAEM garante que “irá continuar a negociar com as entidades competentes do Interior da China” para permitir “que os materiais recicláveis de Macau que preencham os respectivos requisitos sejam transportados para reciclagem no Interior da China”.

A matéria em questão

A resposta da DSPA tem o contexto numérico apresentado por Ron Lam, baseado nas conclusões do Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2022, que salientou que em 2022 foram descartadas 436.828 toneladas de resíduos sólidos urbanos, cuja composição consistiu principalmente em matéria orgânica, papel/cartão e plástico. Neste aspecto, o deputado sublinha que em 2022 a “quantidade de resíduos sólidos urbanos descartados per capita foi de 1,77 kg/pessoa/dia, registando-se uma diminuição em comparação com o ano anterior, mas ainda assim superior à de Singapura, Hong Kong, Pequim, Cantão e Xangai.

6 Ago 2023

Tamagnini Barbosa | Quase 190 inspecções no Bairro Social

O Instituto de Habitação (IH) realizou 188 inspecções aos edifícios do Bairro Social Tamagnini Barbosa desde o início do ano até metade do mês passado, indicou a presidente substituta do organismo Kuoc Vai Han. A revelação do IH foi dada em resposta a interpelação escrita de Nick Lei, na sequência dos problemas estruturais registadas nos edifícios de habitação social no Bairro do Toi San.

Recorde-se que no final do ano passado, as paredes exteriores dos três edifícios de habitação social do Bairro Social de Tamagnini Barbosa foram pintadas e todas as janelas de alumínio substituídas. Porém, de acordo com queixas de moradores, mais de três dezenas de apartamentos continuam a revelar debilidades face aos elementos, realidade reforçada pelas chuvadas que recentemente têm assolado Macau, alagando apartamentos e danificando mobílias e equipamentos.

O IH sublinhou que, “com o intuito de melhorar o ambiente habitacional dos moradores do Bairro Social de Tamagnini Barbosa, nos últimos anos, tem vindo a realizar várias obras de reparação e manutenção, de grande envergadura”. Além disso, o organismo liderado por Arnaldo Santos afirma atribuir “grande importância ao presente caso de infiltração”, que motivou o envio de pessoal ao local e indicação ao “empreiteiro para proceder à inspecção integral e à execução das obras de reparação”.

O IH afirmou ainda que irá, em conjunto com o empreiteiro, “continuar a prestar atenção às infiltrações de água nas janelas de alumínio após a respectiva reparação, especialmente durante a passagem de tufões, e a proceder ao devido acompanhamento”.

6 Ago 2023

Covid-19 | Cientistas da MUST usam IA para prever variantes patogénicas

Uma equipa internacional liderada por investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês) desenvolveu um modelo de inteligência artificial (IA) capaz de prever as variantes patogénicas da covid-19.

O modelo, denominado UniBind, pode prever quais as variantes da covid-19 que podem aumentar a infecciosidade do vírus ou ajudá-lo a desenvolver resistência a anticorpos ou vacinas, através da análise de mais de 6 milhões de dados de sequências virais gerados a partir da monitorização global, segundo a equipa. O estudo foi publicado na última edição da Nature Medicine.

Zhang Kang, professor de medicina da MUST que liderou a pesquisa, disse que o modelo pode integrar e analisar dados de diferentes fontes e modalidades experimentais, ao contrário da maioria dos métodos de IA existentes que só podem fazer previsões analisando um determinado tipo de dados experimentais.

Os resultados também mostraram que o modelo pode prever com exactidão a afinidade de diferentes vírus e as suas mutações para diferentes espécies, factor determinante para descobrir os hospedeiros intermédios das epidemias e prever vias de transmissão dos vírus entre espécies.

3 Ago 2023

Trânsito | Conselheiros sugerem retorno de plataformas como Uber

A questão das plataformas online de táxis, como a Uber e a DiDi, voltou a ser discutida no Conselho Consultivo de Serviços Comunitários, com membros a pedir o seu regresso para colmatar a falta de táxis em Macau. Além do aumento da oferta de transportes, a conveniência foi outra vantagem enumerada pelos conselheiros

 

O retorno das plataformas online de táxis, como a Uber e DiDi, voltou a estar em destaque na reunião de quarta-feira do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Norte.

Cinco anos depois do fim da licença concedida pelo Governo que permitia a estas plataformas operar em Macau, após um historial cheio de avanços e recuos ao longo dos anos, o vogal Au Weng Hei argumentou pela legalização destes serviços online de táxis.

O responsável afirmou que as dificuldades em apanhar um táxi em Macau tornaram-se insuportáveis, em especial durante feriados e fins-de-semana, com longas filas a formarem-se nos pontos para apanhar táxis, nos vários postos fronteiriços e nos locais de maior fluxo de turistas.

“As plataformas online para reservar e chamar táxis são legais há muito tempo no estrangeiro e no Interior da China, gozando de grande popularidade. Em Macau, uma reputada plataforma online de táxis foi lançada há uns anos, mas as autoridades ilegalizaram as suas operações e baniram o serviço. Recomendo que o Governo promova a legalização das plataformas online de táxi para resolver as dificuldades em apanhar um táxi”, afirmou Au Weng Hei.

Ponto de encontro

Por sua vez, o membro do conselho Lei Chong In sugeriu que seja o Governo a desenvolver uma aplicação para telemóvel para gerir serviços de táxis. O responsável gostaria de ver disponível em Macau uma aplicação que reunisse informação sobre o número de táxis livres em circulação e a sua localização.

A aplicação também poderia servir para os passageiros chamarem táxis, poupando tempo e combustível aos motoristas que conduzem aleatoriamente pelas ruas à procura de clientes, assim como a incerteza dos passageiros que esperam fora de paragens por um táxi.

No Verão de 2016, a Uber deixou Macau, após ter acumulado o equivalente a mais de 8,8 milhões de patacas em multas desde que começou a operar no território em Outubro de 2015. A decisão do Governo levou a uma batalha legal nos tribunais e à reivindicação social.

Após a recusa do Governo em atribuir licenças de táxis à empresa, os tribunais da RAEM rejeitaram um pedido de suspensão de quase mil multas, cujo valor total pode atingir mais de 23 milhões de patacas.

A saída da Uber de Macau, depois de ter alegadamente contratado mais de 2.000 condutores a tempo inteiro e parcial, chegou a motivar uma manifestação de protestos na praça do Tap Seac que reuniu entre duas a três centenas de pessoas no dia 4 de Setembro de 2016. Além disso, foi criada uma petição online contra a saída da empresa do mercado de Macau.

3 Ago 2023

Concerto | Suede ao vivo em Macau em Novembro

A banda britânica Suede será cabeça de cartaz do KoolTai Macao Music Fest, que está programado para os dias 11 e 12 de Novembro. Ainda com pouca informação disponível, como preço de bilhetes e local, a primeira levada de artistas inclui a cantora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, os Per Se de Hong Kong e a banda local Scamper

 

Na terça-feira, os Suede confirmaram na sua página oficial de Facebook, e contas de várias redes sociais, que vão dar um concerto em Macau em Novembro. “Os Suede têm o prazer de anunciar que vão estar no Kooltai Macao Music Festival, que acontecerá em Macao Cotai, China, nos dias 11 e 12 de Novembro de 2023”, pouco mais se sabe do enigmático festival, além de um site oficial e contas no Facebook e Instagram. Aí, não é indicado o local onde se realizará o festival, nem os preços dos bilhetes, mas são anunciados mais bandas e a promessa de que mais artistas se seguirão.

Para já, além da banda britânica, o cartaz inclui a cantora e compositora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, o duo de pop-rock Per Se e a banda de Macau Scamper.

Apesar das incertezas que ainda pairam sobre o evento, a vinda de Suede a Macau marcará o retorno de um grande nome da música pop mundial das últimas décadas ao cartaz cultural da cidade, há muito quase exclusivamente composto por artistas e bandas chinesas e asiáticas.

Formados em 1989, em Londres, a banda de Brett Anderson e companhia acabaria por lançar em 1993 o disco de estreia “Suede” que lhes valeu logo um público leal e aclamação crítica, de onde saíram singles como “Animal Nitrate”, “So Young” e “The Drowners”.

Porém, foi três anos depois que os Suede, com o álbum “Coming Up”, atingiriam o estrelato, com singles como “Beautiful Ones”, “Lazy”, “Filmstar” e “Trash”. “Coming Up” acabaria de não só tornar a banda britânica num sucesso à escala mundial como orientar o som e estilo dos Suede para áreas mais glam rock, a evocar imagens e conceitos sonoros de Roxy Music, T-Rex e David Bowie.

Com o primeiro disco a celebrar 30 anos do seu lançamento, os Suede chegam a Macau pela primeira vez depois de várias passagens por Hong Kong. Na bagagem trazem nove discos, o último lançado no ano passado (Autofiction) marcando mais uma viragem na evolução dos Suede para sonoridades mais orquestrais e cinematográficas.

Brasil japonês

Lisa Ono é outro dos destaques na primeira leva de artistas do KoolTai Macao Music Fest. A cantora, compositora e violinista brasileira, nascida em São Paulo numa família de origem japonesa, acabou por se tornar numa espécie de embaixatriz não oficial da bossa nova e música popular brasileira no Japão.

Apesar de só ter vivido no Brasil até aos 10 anos de idade, Lisa Ono tem uma longa carreira discográfica, em que a larga maioria dos discos são cantados em português.

Joanna Wang é o nome que se segue na lista de artistas apresentados pela empresa que organiza o festival. A cantora e compositora taiwanesa, que actuou em Macau há 10 anos no Rota das Letras, é conhecida pela sua poderosa presença de palco, dona de uma voz descontraída e cavernosa.

Nascida em Taipé, Joanna Wang cresceu em Los Angeles e aos 16 anos abandonou os estudos para mergulhar a fundo no mundo da música, rumo natural para quem sempre esteve a vida toda rodeada por discos e artistas, uma vez que o seu pai é produtor musical.

Joanna Wang teve um baptismo de fogo em termos discográficos, lançando em 2008 um álbum duplo, “Start from Here”, que lhe iria imprimir um rótulo inicial de cantora de jazz, valendo-lhe comparações a outras vozes como Astrud Gilberto e Diana Krall. O disco de estreia, cantado em inglês e mandarim foi um sucesso asiático, vendendo mais de 200 mil exemplares.

Apesar da curta carreira, Joanna Wang tem uma discografia vasta para uma artista de 35 anos, contando já com 11 discos.

Música local

Finalmente, o cartaz do KoolTai Macao Music Fest apresenta um duo de Hong Kong e uma banda de Macau. Os Per Se, oriundos da região vizinha, são constituídos por Stephen Mok na guitarra e Sandy Ip nos teclados. A banda descreve a sua sonoridade como “pop poético”, com músicas cantadas em cantonês e inglês. Antes de formarem os Per Se, Stephen Mok e Sandy Ip estudaram música clássica e tocaram numa banda de punk rock, até descobrirem um formato de composição que começa com um tema, uma ideia, antes de haver som.

Finalmente, os Scamper são uma banda de pop-punk de Macau que tem feito parte de várias edições do festival Hush e chegaram a fazer a primeira parte do concerto de Linking Park quando a banda norte-americana actuou em Macau, em 2009.

O HM contactou a organização do festival para tentar perceber em que local se irá realizar o evento, mas até ao fecho desta edição não recebeu resposta.

3 Ago 2023

Justiça | Condenado por denunciar partilha de vídeo “íntimo” de crianças

Um ex-professor da Escola Xin Hua foi condenado a um ano de prisão, com pena suspensa, e a pagar 80 mil patacas de multa depois de ter sido considerado culpado pelo crime de publicidade e calúnia. No final de Março do ano passado, o homem revelou que mais de 20 professores da Escola Xin Hua teriam difundido vídeos de alunos sem roupa

 

Na segunda-feira, um ex-professor da Escola Secundária Xin Hua, de apelido Kuok, foi condenado no Tribunal Judicial de Base a pena de um ano de prisão, suspensa por dois anos, e ao pagamento de uma indemnização no valor de 80 mil patacas ao estabelecimento de ensino. As penas foram aplicadas depois de o juiz ter considerado Kuok culpado do crime de publicidade e calúnia, na sequência da denúncia que fez no final de Março do ano passado.

Tudo começou quando Kuok divulgou no Facebook que mais de 20 professores da Escola Xin Hua teriam partilhado e difundido entre si, imagens de comportamentos desviantes de alunos do ensino primário do estabelecimento, onde são facilmente identificáveis e aparecem sem roupa.

A publicação tornou-se viral e ganhou dimensões que levaram à investigação por suspeitas da prática do crime de pornografia infantil, depois de o ex-docente ter enviado uma carta ao Ministério Público, e levou também a reacções do Governo.

Segundo o jornal All About Macau, um dos argumentos usados para a condenação foi o juiz duvidar das razões que levaram Kuok a denunciar o caso um ano depois de os factos se terem revelado. Além disso, o tribunal decidiu que o docente agiu com intenção de prejudicar intencionalmente a reputação da escola.

Factos e conceitos

Um dos pontos basilares que levaram à condenação de Kuok foi o facto de o juiz não ter considerado que a denúncia correspondia ao que realmente se passou. Um dos exemplos dados pelo magistrado foi a afirmação do ex-docente de que o vídeo partilhado mostraria seis crianças a mostrar as partes íntimas. Tese que difere da realidade considerada pelo tribunal, que corrige a versão de Kuok firmando que o vídeo mostrava dez alunos da escola a brincar ao “pedra, papel e tesoura”, com as regras do jogo a determinarem que os derrotados teriam de mostrar os genitais, situação que apenas se verificou uma vez, com um aluno. Este desfasamento foi usado pelo tribunal para concluir que a descrição de Kuok não foi factual.

Além disso, durante o julgamento houve uma troca de argumentos sobre a definição de pornografia, com o juiz a afirmar que o vídeo não era pornográfico por não haver toque ou apalpação de órgãos genitais, ou beijos e intimidade. O magistrado afirmou ainda que é necessário ter em conta o cenário em que o vídeo é filmado e se existem movimentos corporais que transmitam pensamentos sexuais. Como tal, mais uma vez, as alegações de que o vídeo teria cariz sexual foram negadas.

Também a partilha do vídeo num grupo de conversação entre docentes não foi encarada negativamente pelo tribunal, que considerou o acto natural num contexto de trabalho e para decidir que rumo disciplinar a escola deveria seguir para punir os alunos. O All About Macau indicou que o ex-docente irá recorrer da sentença.

2 Ago 2023

Jogo | Julho volta a bater recorde de receitas

As receitas do jogo em Macau atingiram 16,66 mil milhões de patacas em Julho, o valor mais alto desde Janeiro de 2020. Desde o início do ano até ao final de Julho, as receitas brutas apuradas pelos casinos do território quase quadruplicaram o registo do ano passado

 

Julho voltou a ser o melhor mês para os cofres dos casinos do território, que amealharam cerca de 16,66 mil milhões de patacas em receitas brutas, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

A performance da indústria conseguiu ultrapassar o registo de Maio, que detinha o recorde de maior volume de receitas desde o início da pandemia, quando os casinos amealharam 15,56 mil milhões de patacas.

Em termos anuais, o mês passado trouxe receitas mais de 40 vezes superiores (+4082.9 por cento) às verificadas em Julho de 2022 quando a indústria do jogo teve receitas de abaixo dos 400 milhões de patacas.

Importa contextualizar que o mês de Julho do ano passado foi marcado pela total paralisia da cidade, depois do surto de covid-19 descoberto a 18 de Julho, com as fronteiras e ligações à China e ao mundo encerradas. Como consequência, registou-se o pior mês para a indústria, que contabilizou as mais baixas receitas desde, pelo menos, 2003.

Face a este cenário comparativo, e apesar da recuperação, a performance dos casinos do território durante o mês passado foi cerca de 31 por cento inferior aos montantes contabilizados antes da pandemia de covid-19.

Panorama geral

Tendo em conta o período entre Janeiro e o final de Julho, as receitas da indústria do jogo cresceram 263 por cento, em comparação com igual período de 2022, alcançando quase 96,8 mil milhões de patacas, segundo os dados avançados ontem pela DICJ. Porém, em comparação com os tempos antes da pandemia, as receitas foram quase metade quando comparadas com os 174 mil milhões de patacas arrecadados em igual período de 2019.

Feitas as contas às receitas apuradas até ao momento, o sector do jogo já cumpriu quase 74,5 por cento da meta estimada pelo Governo para 2023.

A indústria do jogo, a principal fonte de receita via impostos do Governo, representava mais de metade do produto interno bruto (PIB) de Macau em 2019 e dava trabalho a quase 68 mil pessoas no final de 2022, ou seja, a quase 20 por cento da população empregada. Com Lusa

2 Ago 2023

Função Pública | Coutinho pede horas extra para trabalho durante pandemia

O deputado Pereira Coutinho sublinhou que o trabalho dos funcionários públicos, que cumpriram “cabalmente as suas funções de modo para que nada faltasse à população”, durante os três anos de pandemia nunca foi reconhecido pelo Governo.

“O nosso Gabinete de Atendimento aos Cidadãos tem recebido queixas de muitos trabalhadores da função pública, principalmente queixas provenientes de trabalhadores de serviços públicos que tiveram intervenção directa no combate à covid-19 alegando de que até a presente data não foram pagas as respectivas horas extraordinárias pelo trabalho exercido no período da pandemia”, refere Coutinho.

Em interpelação escrita, o deputado afirma que muitos trabalhadores indicaram aos seus superiores hierárquicos que era uma injustiça não serem remunerados, sem obterem resposta.

Além disso, Pereira Coutinho insistiu na necessidade de actualizar os salários dos funcionários públicos, em especial os trabalhadores da linha de frente, “de acordo com o custo de vida face à subida vertiginosa dos preços dos principais bens essenciais”.

31 Jul 2023

Sugerida inovação a comerciantes de bairros comunitários

O presidente da Associação Económica de Macau recomenda aos pequenos comerciantes dos bairros comunitários, onde faltam atracções turísticas, que inovem na abordagem ao cliente e criem características próprias que os diferenciem. As recomendações são apontadas como um remédio para a sangria de residentes que saem de Macau ao fim-de-semana

 

Seguindo a sede infinita pela “viralidade” e hashtags potenciadores de negócios, que tem preenchido o léxico do Governo, deputados e associações com expressões como “lojas com características próprias”, o presidente da Associação Económica de Macau, Lau Pun Lap, aponta à inovação como o caminho para o pequeno comércio dos bairros comunitários.

O ex-coordenador do Gabinete de Estudo das Políticas argumenta que as lojas e negócios, que estão fora do alcance das multidões dos circuitos turísticos, devem diferenciar-se em antecipação das férias de Verão e como forma de equilibrar a perda de negócio gerada pela saída do território de residentes, em particular durante os fins-de-semana.

Novos produtos e mentalidade fresca para atrair novos clientes, características inovadoras e originais podem ser trunfos para os negócios que estão a sofrer, em particular desde que foi implementada a política de circulação de veículos de Macau na província vizinha de Guangdong.

Em declarações ao jornal Ou Mun, Lau Pun Lap considera que a perda de procura doméstica pode também ser mitigada por elementos inovadores proporcionados pela iniciativa do Governo, com actividades organizadas nos bairros comunitários para injectar vitalidade comercial fora dos locais de turismo.

Conjugação de factores

O facto de estas serem as primeiras férias de Verão desde o fim das restrições fronteiriças e do pânico da covid-19 é um factor que pode potenciar a saída das famílias de Macau para fora. Nesse contexto, e como a economia local ainda não recuperou totalmente, o Interior da China é um destino barato, mais aliciante desde a depreciação do yuan, e conveniente desde que começou a política de circulação de veículos de Macau em Guangdong.

Além disso, o consumo transfronteiriço online tornou-se ainda mais popular durante a pandemia, factor que já desviava para norte muitos consumidores locais. O especialista considera que as pequenas e médias empresas têm de encarar a realidade de que parte do consumo doméstico mudou para norte, mas continuam a entrar muitos turistas no território.

O mercado de turistas de Hong Kong é destacado pelo dirigente associativo pelo grande potencial para as pequenas e médias empresas fora dos mais populares circuitos turísticos, pela abertura para experimentar novos produtos e sabores. Outra via, é a promoção online e a optimização das operações através de meios tecnológicos, reduzindo custos e chegando a um leque mais alargado de clientela.

25 Jul 2023

Artes | Bienal arranca na quinta-feira com explicações do curador

A Bienal Internacional de Arte de Macau 2023 será inaugurada na sexta-feira, mas no dia anterior o curador irá explicar o conceito central desta edição, na primeira de três palestras. Qiu Zhijie, vice-director da Academia Central de Belas-Artes, volta a assumir o leme da curadoria da Arte Macau, com um tema centrado no conflito entre ciência e religião

 

Com a cerimónia de inauguração da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023” marcada para próxima sexta-feira no Museu de Arte de Macau, o Instituto Cultural (IC) irá servir uns aperitivos introdutórios ao “mega-evento cultural e artístico internacional da cidade”.

Assim sendo, a começar na quinta-feira e com extensão para duas sessões no sábado, Qiu Zhijie, “artista de renome e vice-director da Academia Central de Belas-Artes”, que voltou a ser convidado para o cargo de curador principal desta edição do evento Arte Macau 2023, irá apresentar três palestras no Auditório do Museu, sito no 1.º piso do MAM.

Além do convite à reflexão sobre o tema central da edição deste ano da Bienal Internacional de Macau, as palestras têm como “intuito de apresentar aos visitantes, de forma profunda, a lógica da curadoria, bem como as novas tendências do panorama artístico internacional”.

A partir do tema “A Estatística da Fortuna”, o curador propõe através da criação artística uma cuidada análise “às expectativas e preocupações derivadas do desenvolvimento da ciência e tecnologia”, e exploração “dos embates e interacções entre ciência e religião”. Esta dicotomia entre dois aspectos centrais à existência humana e à procura de conhecimento e do divino estará no epicentro da palestra “Religião e Ciência – A Curadoria da Bienal Internacional de Arte de Macau”, que se realiza na próxima quinta-feira, às 19h, no Auditório do Museu, no MAM.

Nesta sessão, Qiu Zhijie “irá partilhar com o público a lógica subjacente à curadoria desta edição da “Arte Macau”, realçando várias obras de arte que exploram as tradições religiosas a partir de novos pontos de vista e que examinam a história da tecnologia a partir de perspectivas culturais profundas, explorando assim a correlação e a contradição entre ciência e religião”. O IC indicou ontem que a palestra será realizada em mandarim, sem tradução.

Interpenetração cultural

No sábado, Qiu Zhijie irá presidir a duas tertúlias intituladas “Conversas com Artistas”, com as sessões marcadas para as 14h e as 16h, no Auditório do Museu, no MAM. Para estas conversas foram convidados artistas locais, artistas portugueses e artistas do Sudeste Asiático, para abordar a relação entre a arte contemporânea e a cultura.

A primeira Conversa tem como tema “Encontro entre Macau e Portugal — A Direcção Criativa da Interpenetração Cultural Chinesa e Portuguesa”, contando com a participação de vários artistas, nomeadamente, Carlos Marreiros e Konstantin Bessmertny, de Macau, e Fábio Colaço, Catarina Mil-Homens, Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos, de Portugal.

Enquanto a segunda Conversa, intitulada “Um Sonho Tropical – Debate sobre Arte Contemporânea do Sudeste Asiático”, conta com a presença de artistas, como Ming Wong, da Singapura, Heri Dono, da Indonésia, e Khvay Samnang, do Camboja. Estas sessões serão realizadas em inglês, com interpretação simultânea em mandarim.

As inscrições para as palestras encerraram ontem, o mesmo dia em que a informação foi divulgada em português e inglês.

Criar a sorte

A Arte Macau 2023 divide-se em oito secções. 30 exposições de arte serão apresentadas por toda a cidade para exibir obras-primas modernas e contemporâneas da autoria de mais de 200 artistas entusiásticos e representativos de mais de 20 países e regiões.

O fim condutor da grande oferta cultural será a intersecção entre ciência e espiritualidade, ponto fulcral o tema “A Estatística da Fortuna”.

Qiu Zhijie começa por explicar que a dicotomia entre ciência e religião em Macau teve um marco essencial no final do século XVI, quando o missionário jesuíta italiano Matteo Ricci chegou a Macau em 1582, constituindo um marco na história das trocas culturais entre a China e o Ocidente.

Na China, Ricci colaborou com Li Zhizao e outros para desenhar o Kunyu wanguo quantu (Mapa Geográfico Completo de Dez Mil Países) e dedicou-o ao Imperador Wanli, da Dinastia Ming. Também colaborou com Xu Guangqi para traduzir parte dos Elementos de Geometria, de Euclides, iniciando assim o processo de disseminação do conhecimento científico ocidental moderno na China imperial. E sendo Matteo Ricci um missionário jesuíta, sabe-se que a ciência veio junto com a religião, destacou o curador-principal da Bienal Internacional de Arte de Macau.

Tendo em conta este contexto histórico, Qiu Zhijie destaca a singular posição geográfica de Macau que colocou o território “na vanguarda dos intercâmbios globais de conhecimentos, crenças religiosas e costumes, onde se misturam budismo, taoísmo, crença em A-Má e catolicismo europeu.

25 Jul 2023

DSAT | Governo vai lançar concurso público para táxis normais

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego anunciou que estará para breve a abertura de um concurso público para atribuir mais licenças para táxis normais. Além disso, o Governo irá organizar quatro cursos de formação para motoristas de táxis em Agosto

 

Para responder à perda de validade de centenas de licenças para operar táxis que se verificou nos últimos anos, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou no domingo à noite que está a ultimar os detalhes para lançar um concurso público para atribuir licenças para táxis, com a maior brevidade possível. Este será o primeiro concurso público para atribuir licenças desde 2018.

Há cerca de três anos, circulavam no território perto de 1800 táxis, frota que foi reduzida em mais de 400 veículos até hoje, o que representa uma diminuição de quase 30 por cento, mesmo com a procura a aumentar consideravelmente desde que regressou a normalidade nas travessias de fronteiras. A diminuição da frota estará ligada às licenças que foram expirando ao longo dos últimos anos.

“Face às notícias que indicaram que o número de táxis diminuiu devido à expiração de licenças, a DSAT informa que está a fazer as preparações devidas para lançar um concurso público para atribuir licenças de táxis normais, com vista a corresponder às necessidades dos serviços de táxis por residentes e turistas e aumentar a qualidade dos serviços de táxis,” lê-se o comunicado da DSAT.

Sempre a aprender

A DSAT indicou ainda que no passado dia 17 de Julho, existiam em Macau 1.602 táxis licenciados, 1.302 deles normais (que se podem apanhar na rua, sem reserva) e 300 especiais.

Recorde-se que nos últimos tempos, representantes do sector dos táxis têm feito repetidos pedidos para lançamento de novas licenças de táxi, com particular incidência a partir do segundo trimestre deste ano na sequência do aumento de turistas que visitam Macau.

Um dos representantes mais interventivos nesta matéria é o presidente da Associação de Taxistas, Tony Kuok, que recentemente se queixou da redução de cerca de 30 por cento da frota de táxis, mas que cerca de uma centena de licenças irá expirar no próximo ano.

O dirigente associativo tem reivindicado também o aumento das tarifas para fazer face à escalada de preços dos combustíveis e custos operacionais.

A DSAT anunciou ontem que vai realizar cursos obrigatórios de formação de taxistas, com a duração de dois dias, divididos em quatro turmas ao longo do mês de Agosto. As inscrições arrancaram ontem e existem 160 vagas disponíveis. Quem completar o curso com aproveitamento, fica habilitado a fazer o exame para obter a carteira profissional de taxista, requisito essencial para exercer a profissão.

A DSAT destacou que desde 2022 até agora, organizou cursos de formação para um total de 1880 vagas para os candidatos a taxistas.

25 Jul 2023