Tailândia | Um morto e 18 feridos em explosão no sul do país

Pelo menos uma pessoa morreu e 18 ficaram feridas numa forte explosão registada ontem à frente de um apartamento da polícia no sul da Tailândia, cenário de conflitos armados com o movimento separatista islâmico, informaram as equipas de emergência.

A explosão, que as autoridades estão a investigar se foi um atentado com um carro armadilhado, ocorreu por volta das 10:10 locais no exterior de um apartamento pertencente à esquadra de polícia de Bannang Sata, na cidade de Yala.

Num vídeo publicado no Facebook pelo Centro de Assistência de Emergência de Yala, pode ver-se uma enorme nuvem de fumo e vários veículos em chamas à frente do edifício residencial, com destroços e escombros espalhados a dezenas de metros da zona.

As autoridades isolaram o local, receando que possam estar escondidos outros engenhos explosivos, uma táctica habitualmente utilizada pela insurreição muçulmana da região, que não costuma reivindicar a autoria dos atentados.

Cerca de 7.600 pessoas foram mortas e mais de 14.100 ficaram feridas no sul da Tailândia desde que o movimento separatista muçulmano retomou a luta armada em 2004, após uma década de letargia, segundo dados do Deep South Watch.

Os ataques com armas ligeiras, os assassínios e os atentados à bomba têm-se repetido regularmente desde então nas províncias meridionais de Pattani, Yala e Narathiwat, de maioria muçulmana e de etnia malaia, apesar do destacamento de cerca de 40.000 membros das forças de segurança e do estado de emergência.

No entanto, nos últimos anos – especialmente desde 2020 – registou-se uma diminuição acentuada do número de incidentes.

Os insurgentes denunciam a discriminação que sofrem por parte da maioria budista do país e exigem a criação de um Estado islâmico que integre estas três províncias, que formavam o antigo sultanato de Pattani, anexado pela Tailândia há um século.

1 Jul 2024

China reforça controlo sobre terras raras vitais para fabrico de chips

A China, que extrai mais de 80 por cento das terras raras do mundo, publicou uma nova lei a reforçar o controlo sobre estes materiais, fundamentais para o fabrico de chips, veículos eléctricos e equipamento militar.

O Conselho de Estado, o executivo chinês, divulgou no sábado os primeiros regulamentos abrangentes do país para reger a mineração, fundição ou circulação deste conjunto de 17 elementos, que entra em vigor a 01 de Outubro.

Esta disposição estabelece que os recursos de terras raras “pertencem ao Estado e nenhuma organização ou indivíduo pode reivindicá-los ou destruí-los” e que Pequim será responsável por “colocar em prática” uma mineração que proteja os depósitos.

O Governo avançou que será feito um “plano unificado” para o desenvolvimento do sector e que irá “controlar a quantidade total de mineração, fundição e separação de terras raras”, estabelecendo um sistema para rastrear os produtos e “gerir rigorosamente” a sua circulação.

Os regulamentos criam multas por infrações, que podem ser 10 vezes superiores aos “lucros ilegais” obtidos em violação da lei, por exemplo através da mineração, fundição, processamento, compra ou venda de terras raras ou produtos derivados fora da China.

Tempos modernos

As terras raras são um conjunto de 17 elementos essenciais para o fabrico de baterias, ímanes para veículos elétcricos, telemóveis ou turbinas para projectos de energia eólica, bem como para as indústrias aeronáutica e de defesa.

Analistas têm alertado para a possibilidade de a China utilizar estes materiais como ferramenta de pressão no quadro da guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos, que está a tentar aumentar o fornecimento de terras raras doméstico e de aliados como a Austrália.

O novo regulamento surge dias antes de entrarem provisoriamente em vigor as tarifas adicionais que a União Europeia (UE) anunciou para as importações de veículos eléctricos chineses.

Nas últimas semanas, Pequim aumentou a pressão com uma investigação sobre a carne de porco europeia e com o avanço das tarifas sobre os veículos de grande cilindrada e de investigações ‘antidumping’ sobre os produtos lácteos.

O termo ‘dumping’ significa a venda abaixo do custo de produção. A China fornece à UE 98 por cento das terras raras utilizadas pelo bloco europeu, criando uma situação de forte dependência.

Em Dezembro, Pequim suspendeu a exportação de tecnologia necessária ao processamento de terras raras, uma indústria que praticamente não existe fora do país asiático.

As autoridades chinesas restringiram também a exportação de gálio e germânio – metais essenciais para o fabrico de semicondutores – e de grafite, por razões de “segurança nacional”, argumento que também consta da nova regulamentação sobre as terras raras.

1 Jul 2024

Chengdu | Brasil inaugurou quinta representação diplomática no país

O Brasil inaugurou na sexta-feira um consulado-geral em Chengdu, visando servir o centro e sudoeste da China, anunciou a embaixada brasileira em Pequim, numa altura em que os dois países celebram 50 anos de relações diplomáticas.

A nova área consular abrange o município de Chongqing e as províncias de Sichuan, Guizhou, Yunnan e Shaanxi. Trata-se da quinta representação diplomática brasileira no país asiático e a primeira fora do litoral chinês, onde estão concentradas as principais e mais prósperas cidades da China.

O objectivo é incrementar a presença brasileira para além do litoral do país, tanto em termos de cooperação económica como de assistência consular, facilitando a emissão de vistos para o Brasil, segundo a diplomacia brasileira.

Com mais de 20 milhões de habitantes, Chengdu é a capital da província de Sichuan. A cidade é particularmente conhecida pelo seu parque natural que alberga mais de 200 pandas, animal que é símbolo da China e habita exclusivamente nesta região.

Cézar Augusto de Souza Lima Amaral assumiu o cargo como cônsul, após ter desempenhado a mesma função em Amesterdão e Frankfurt e ter sido embaixador na Jamaica.

A decisão de reforçar a presença diplomática brasileira na China foi tomada em 2021, durante o anterior executivo de Jair Bolsonaro. A aprovação pelas autoridades chinesas, no entanto, foi feita já na presidência do actual líder brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante os primeiros dois mandatos de Lula da Silva, entre 2003 e 2011, a relação comercial e política entre Brasil e China intensificou-se, marcada, em particular, pela constituição do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul.

1 Jul 2024

Moçambique | Pequim sublinha “importância estratégica” da cooperação militar

O ministro chinês da Defesa, Dong Jun, disse na passada sexta-feira que o aprofundamento da cooperação militar com Moçambique é de “importância estratégica”, durante uma reunião, em Pequim, com o homólogo moçambicano, Cristóvão Chume.

“O aprofundamento da cooperação militar bilateral é de importância estratégica para alcançar o desenvolvimento comum e manter a estabilidade regional”, frisou Dong, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.

A China está disposta a trabalhar com Moçambique para implementar o consenso alcançado pelos dois chefes de Estado, fortalecer a cooperação pragmática em vários campos e elevar as relações militares para um novo nível, acrescentou.

Referindo a amizade duradoura entre os dois exércitos, Cristóvão Chume expressou a esperança de que ambos os lados continuem a fortalecer o intercâmbio amigável e a gerar novos sucessos na cooperação.

China e Moçambique assinaram, em 2016, um Acordo de Parceria e Cooperação Estratégica Global, visando fortalecer os contactos entre o exército, polícia e serviços de informação dos dois países.

Pequim comprometeu-se então a ajudar Maputo a reforçar a capacidade de Defesa nacional, salvaguardar a estabilidade do país e formar pessoal militar.

A China apoiou os guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) na luta contra a administração portuguesa e foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas com Moçambique, logo no próprio dia da independência, 25 de Junho de 1975.

1 Jul 2024

Ásia Central | Presidente chinês em visita oficial em Julho

O Presidente chinês, Xi Jinping, faz visitas oficiais ao Cazaquistão e Tajiquistão no início de Julho, informou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Num comunicado citado pela agência de notícias EFE, o Ministério dos Negócios Estrangeiros refere que Xi Jinping realiza esta visita a convite de seu homólogo cazaque, Kassym-Jomart Tokayev.

A viagem decorre entre os dias 2 e 6 de Julho e conta com a presença do líder chinês na 24.ª Cimeira do conselho de chefes de Estado da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), organismo criado em 2001 e composto por vários países asiáticos para a colaboração na segurança regional e na luta contra o terrorismo separatismo étnico e extremismo religioso.

Como parte integrante desta viagem, o Presidente chinês também realiza uma visita de Estado ao Tajiquistão.

Pequim intensificou recentemente os esforços diplomáticos na Ásia Central, com o Presidente chinês a apelar ao aprofundamento dos laços económicos numa cúpula organizada pela China em Maio do ano passado, com a presença de líderes de vários países da região.

As visitas de Estado são a convite do Presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, e do Presidente tadjique, Emomali Rakhmon, acrescenta o comunicado.

1 Jul 2024

Actividade da indústria transformadora voltou a contrair em Junho

A actividade da indústria transformadora da China voltou a contrair em Junho, pelo segundo mês consecutivo, de acordo com dados oficiais divulgados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatística (NBS) do país asiático.

O índice de gestores de compras, que serve como referência da indústria, situou-se em 49,5 pontos em Junho, valor idêntico ao de Maio e em linha com as previsões dos analistas.

Neste indicador, uma marca acima do limiar dos 50 pontos significa um crescimento da actividade no sector, em relação ao mês anterior, enquanto uma marca abaixo representa uma contracção.

Dos cinco subíndices que compõem o indicador, só o da produção permaneceu na zona de expansão, enquanto os do emprego, prazos de entregas, novas encomendas – chave para a procura – e reservas de matérias-primas permaneceram na zona negativa.

O funcionário estatístico do NBS, Zhao Qinghe, apontou para indústrias com elevado consumo de energia e aquelas dedicadas a bens de consumo entre aquelas que registaram quebras de actividade em Junho, com quedas de encomendas e preços em alguns sectores químicos, mineiros ou energéticos, face a uma situação de fraca procura.

Zhao destacou uma queda nas encomendas de matérias-primas e produtos químicos ou de produtos minerais não metálicos, assim como uma queda nos preços das indústrias de processamento de petróleo, carvão e outros combustíveis ou na fundição, laminação e processamento de metais ferruginosos.

Ainda assim, sublinhou que a actividade em sectores como os produtos metálicos, a ferrovia, os navios ou os equipamentos aeroespaciais permaneceu acima dos 55 pontos.

De mau a pior

O NBS também publicou ontem o índice do sector não transformador, que mede a actividade nos sectores dos serviços e da construção. Este indicador registou uma descida em relação a Maio, de 51,1 para 50,5 pontos, o valor mais baixo até agora este ano e a pior marca desde Dezembro.

O índice esteve ainda abaixo do esperado pelos analistas, que previam uma descida mais modesta, para 51 pontos.

Numa economia atingida por uma crise prolongada na indústria imobiliária, a actividade da construção caiu de 54,4 para 52,3 pontos e o sector dos serviços recuou de 50,5 para 50,2 pontos.

Em Maio, o Fundo Monetário Internacional elevou a previsão para o crescimento da economia da China em 2024 de 4,6 por cento para 5 por cento, mas avisou que deverá abrandar para 3,3 por cento a médio prazo, “devido ao envelhecimento da população e ao abrandamento dos ganhos de produtividade”.

1 Jul 2024

Diplomacia | Xi enfatiza importância da China na construção da paz mundial

Xi Jinping discursou por ocasião do 70.º aniversário dos chamados “Cinco Princípios da Coexistência Pacífica”

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou na passada sexta-feira que, “a cada minuto que o poder da China cresce, aumenta a esperança na paz mundial”, reafirmando o compromisso do país com o “desenvolvimento pacífico”.

O líder chinês afirmou que a China “não seguirá o velho caminho da pilhagem colonial ou o caminho tortuoso da hegemonia quando o país é forte”, mas “seguirá o caminho correcto do desenvolvimento pacífico”.

“Em matéria de paz e segurança, a China tem o melhor historial de todas as grandes potências”, afirmou Xi, acrescentando que o país “tem-se esforçado por explorar as suas próprias vias para resolver questões mais prementes”.

Citando a crise na Ucrânia, o conflito israelo-palestiniano, as questões relacionadas com a península coreana, o Irão, o Myanmar e o Afeganistão, Xi assegurou que a China “tem desempenhado um papel construtivo”.

O Presidente chinês sublinhou o “multilateralismo genuíno”, que consiste na “elaboração e salvaguarda das regras internacionais por todos os países” e defendeu que “os assuntos mundiais devem ser tratados por todos os países através de consultas”, sem permitir que “quem tem o braço mais forte” se imponha.

“A China defende que todos os países, independentemente da sua dimensão, força ou fraqueza, ricos ou pobres, são membros iguais da comunidade internacional; que devem partilhar interesses, direitos e responsabilidades nos assuntos internacionais; e que devem dar as mãos para enfrentar os desafios e alcançar a prosperidade comum”, afirmou o Presidente chinês.

Xi apelou também à “unidade e cooperação internacional para enfrentar os desafios globais” e reiterou “o empenho da China no desenvolvimento pacífico e na cooperação amigável com todas as nações”.

Para tudo e todos

O Presidente chinês fez as declarações durante um discurso em Pequim para assinalar o 70.º aniversário dos chamados “Cinco Princípios da Coexistência Pacífica”, os princípios oficiais da diplomacia chinesa, que incluem o respeito mútuo pela soberania e integridade territorial, a não agressão, a não ingerência nos assuntos internos, a cooperação e a coexistência pacífica.

O objectivo destes princípios é “proteger os interesses e as aspirações dos países pequenos e fracos num ambiente de política de poder”, de acordo com Xi, que acrescentou que são “claramente anti-imperialistas, anti-coloniais e anti-hegemónicos, abandonando a lei da selva do militarismo e da intimidação dos fracos pelos fortes e estabelecendo uma base ideológica importante para a promoção da ordem internacional numa direcção mais justa”.

Desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, Pequim tem mantido uma posição ambígua, apelando ao respeito pelo direito à integridade territorial de todas as partes, em referência à Ucrânia, e às “legítimas preocupações de segurança” de todos os países, em referência à Rússia.

Pequim também reiterou o seu apoio à “solução dos dois Estados” na Palestina e a sua “consternação” pelos ataques israelitas a civis em Gaza. Funcionários chineses realizaram várias reuniões com representantes de países árabes e muçulmanos para reafirmar esta posição ou para tentar fazer avançar as negociações de paz.

1 Jul 2024

“Offshores” | Transferências para Macau de 294 milhões de euros

Foram transferidos, no ano passado, 294 milhões de euros de Portugal para Macau. É o que consta nos dados anuais da Autoridade Tributária e Aduaneira divulgados no último sábado, que mostram ainda que Hong Kong detém a segunda posição do ranking em matéria de transferências, com 1.200 milhões de euros oriundos de Portugal.

A Suíça continua a ser o destino da maior fatia destas transferências, ao concentrar quase metade (3.261 milhões de euros) do valor total de 2023. Os Emiratos Árabes Unidos, com cerca de 635 milhões de euros de transferências, são o terceiro destino. Para Singapura seguiram 497 milhões de euros. Macau surge logo a seguir na tabela.

O dinheiro transferido de Portugal para contas sediadas em offshores, também reconhecidos como “paraísos fiscais”, desceu sete por cento no ano passado para 6,9 mil milhões de euros. Os dados são da Autoridade Tributária e Aduaneira de Portugal e mostram também uma diminuição do número de pessoas e entidades que movimentaram dinheiro através destes territórios.

O montante de 6,9 mil milhões de euros foi transferido para cerca de 70 daqueles países e territórios, um valor que inverte a tendência de subida registada em 2022, quando o montante total que passou por estas praças financeiras ascendeu a 7.409 milhões de euros. Este ranking tem-se mantido estável nos últimos anos.

1 Jul 2024

Violência doméstica | Afastada revisão legal por escassez de casos

O Instituto de Acção Social considera que não há “necessidade premente” em rever a lei de prevenção e combate à violência doméstica, porque o actual mecanismo aplicado para o tratamento da violência doméstica é eficaz e existe uma boa cooperação interdepartamental.

Além disso, os “últimos dois anos, o número de casos suspeitos de violência doméstica manteve-se a um nível relativamente baixo, com uma média mensal de cerca de 3,3 casos.

A conclusão foi apresentada durante uma reunião em que foi avaliada a cooperação dos serviços públicos ao abrigo da lei de prevenção e combate à violência doméstica.

Segundo um comunicado divulgado pelo IAS na sexta-feira, foi referido durante a reunião que na legislação a “atenção foi incidida principalmente sobre a prevenção”.

Como tal, o organismo liderado por Hon Wai concluiu ser aconselhável continuar as acções promocionais “sobre a educação preventiva e da sensibilização comunitária, no sentido de aumentar a consciencialização da população em geral para o conceito de “zero” violência doméstica”.

1 Jul 2024

Desemprego | Taxa continua em 1,9% entre Março e Maio

A taxa de desemprego global manteve-se em 1,9 por cento no período compreendido entre Março e Maio, indicou na sexta-feira a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). A taxa de desemprego de residentes também se manteve idêntica ao período anterior (Fevereiro a Abril), fixando-se em 2,5 por cento.

Apesar da continuidade das taxas, a DSEC destaca a redução do número de desempregados no período em análise, com menos 200 pessoas relativamente ao período transacto, totalizando 7.200 pessoas.

Neste capítulo, é indica que o número de desempregados com idade igual ou superior a 55 anos desceu significativamente e que o número de desempregados com habilitações académicas do ensino superior decresceu em sete períodos consecutivos.

O número de desempregados à procura do primeiro emprego representou 6,2 por cento do total de desempregados, aumentando 0,2 pontos percentuais, face ao período precedente.

Entre Março e Maio, “a população activa que vivia em Macau totalizou 379.300 pessoas e a taxa de actividade atingiu 67,4 por cento. O número de empregados (372.100) e o número de residentes empregados (283.600) desceram 200 e 800, respectivamente, em comparação com o período precedente”, indicou a DSEC.

1 Jul 2024

Opinião | Au Kan Sam abdica de coluna no Son Pou

Au Kam San anunciou que irá deixar de escrever a coluna de opinião que publica há 35 anos no jornal Son Pou por motivos políticos.

Numa publicação no seu Facebook, o ex-deputado lamenta as restrições à liberdade de expressão, que diz se terem aprofundado os últimos anos e que só se vão adensar, recorda que outros colunistas também já não escrevem no Son Pou e que os seus artigos eram “supervisionados” por “um lado”, sem especificar exactamente por quem.

“Este artigo ou aquele parágrafo não podem ser publicados, aquela frase tem de ser omitida. Por vezes, o jornal já estava a ser imprimido na gráfica e o processo tinha de ser interrompido para alterar um artigo. Isto perturbou os responsáveis do jornal e eu sentia-me culpado”, referiu o ex-colunista, que justifica o fim da coluna com as dificuldades que acarretava para o jornal.

1 Jul 2024

Óbito | Manuel Cargaleiro, o mestre ceramista que viveu para dar cor à pintura

O pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, que morreu este domingo, em Lisboa, aos 97 anos, deixa uma vasta obra em Portugal e no estrangeiro, marcada pela inspiração no azulejo português, composições complexas, e uma paixão intensa por jogos de cor e luz.

O mestre Manuel Cargaleiro – para quem a cor e a luz eram “um prazer” – afirmou várias vezes que se sentia ceramista mesmo quando pintava a óleo. Não conseguia imaginar uma coisa sem a outra, uma vez que as duas práticas artísticas se influenciavam mutuamente.

“Quando pinto a óleo penso na cerâmica, e quando faço cerâmica, penso na pintura”, disse o mestre conhecido por dominar desde cedo a técnica do azulejo e cuja colaboração era frequentemente pedida por outros artistas que o admiravam pela perícia e originalidade.

Manuel Alves Cargaleiro nasceu em Chão das Servas, Vila Velha de Ródão, a 16 de março de 1927, e passou a infância numa olaria no Monte da Caparica, no concelho de Almada, para onde os pais se mudaram quando tinha apenas dois anos de idade.

Nessa olaria começou a fazer experiências com vidros e tinta, e adquiriu o gosto pela cerâmica, mas a sua criatividade veio a estender-se também a outros suportes, como a pintura e, além dela, a tapeçaria.

Apesar da paixão precoce pelas artes, estudou durante três anos Ciências Geográficas e Naturais na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, porque era um grande apreciador da natureza, como confessou, e só depois, em 1949, ingressou na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.

“Eu sou o pintor das cores. Eu vivo para as cores, e isso é o resultado de eu olhar muito para a natureza”, afirmava.

As suas primeiras pinturas abstratas, intituladas “Microscopic Compositions”, surgiram mesmo da observação dos tecidos vegetais que o microscópio reproduzia, suscitando uma inspiração direta do mundo natural, ao seu redor.

A primeira exposição

Em 1952 realizou a primeira exposição individual, no Secretariado Nacional de Informação, em Lisboa, e, dois anos depois, quando era professor de cerâmica na Escola Secundária António Arroio, em Lisboa, surgiu a oportunidade de expor as suas peças na Galeria de Março, que funcionou na capital portuguesa entre 1952 e 1954.

No mesmo ano, apresentou as suas pinturas iniciais a óleo no Primeiro Salão de Arte Abstrata, conquistou o Prémio Nacional de Cerâmica e viajou pela primeira vez para Paris, onde conheceu a pintora Maria Helena Vieira da Silva, de quem ficaria amigo, e com quem viria a trabalhar intensamente, cerca de três décadas mais tarde, no processo de instalação dos painéis de azulejo da artista nas estações da Cidade Universitária e do Rato, do Metro de Lisboa, quando concebia os seus próprios painéis para a estação do Colégio Militar.

A sua obra foi fortemente inspirada no azulejo tradicional português, e também influenciada inicialmente pelo pintor e ceramista Lino António, o modernista que concebeu os vitrais da Aula Magna da Universidade de Lisboa e os frescos do átrio da Biblioteca Nacional de Portugal. O racionalismo e a sobriedade da arte francesa, das quais Cargaleiro posteriormente se afastou através do uso e intensa exploração da cor, também marcaram o seu ponto de partida.

Essa ampla pesquisa da cor, com “grande prazer”, como sempre dizia, fez com que alguns especialistas em arte lhe chamassem “o artista feliz”. Até aos 95 anos continuou a trabalhar no ateliê, quase diariamente: “Passo horas nisto, e esqueço-me que estou a trabalhar”, dizia.

Vida em Paris

Em 1955, Manuel Cargaleiro foi agraciado com o diploma de honra da Academia Internacional de Cerâmica, no Festival Internacional de Cerâmica de Cannes, em França.

Foi convidado a conceber os painéis de azulejo para o Jardim Municipal de Almada e para a fachada da Igreja de Moscavide e, até ao final dessa década, receberia duas bolsas de estudo na área da cerâmica, respetivamente em Faenza, Itália, e em Gien, na França.

Entretanto, fixou residência definitiva na capital francesa, onde viria a estabelecer o seu atelier, expandido a sua presença internacional. Até ao final da década de 1970, realizou exposições individuais em Lisboa, Paris, Tóquio, Milão, Lausanne, no Porto, em diferentes cidades do Brasil. Foi também convidado para mostras coletivas em Almada, Genebra, Osaka, Seul.

Colaborou com poetas, nomeadamente Armand Guibert e Victor Ferreira, cujos poemas foram ilustrados pelo artista. Foi convidado pelo ministério francês da Cultura a conceber painéis cerâmicos para três escolas no país que o acolhera. Assim o fez.

Nos anos 1980 começou a explorar a tapeçaria, tendo sido convidado pelo Governo português a conceber uma dessas obras para o novo edifício na Organização Internacional do Trabalho, em Genebra.

A partir da década de 1990, predominariam na sua obra os padrões aglomerados e cromaticamente intensos onde continuaria a ser evocado o azulejo português, que tanto determinou o seu trabalho.

Em Castelo Branco, viria a ser criada a Fundação Manuel Cargaleiro, em 1990, com o objetivo de criar um museu dedicado à sua obra. Assim aconteceu, em 2005, primeiro no edifício histórico Solar dos Cavaleiros, mais tarde expandindo-se para o “edifício contemporâneo”.

Inauguração de oficina

Cerca de uma década mais tarde foi inaugurada no Seixal a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro, num projeto arquitetónico de Álvaro Siza, com objetivo de promover a arte contemporânea, a obra do mestre Manuel Cargaleiro e as coleções da sua fundação, quer através de temporárias, mas sobretudo através da divulgação da arte e do trabalho com jovens artistas, dando corpo à definição implícita na designação de Oficina.

A obtenção do primeiro prémio do concurso internacional “Viaggio attraverso la Ceramica”, e a ligação de Manuel Cargaleiro à localidade de Vietri Sul Mare, em Itália, surgem num contexto de aprofundamento de ligações com o meio artístico italiano.

Em 2004, estas ligações impulsionaram a criação da Fondazione Museo Artistico Industriale Manuel Cargaleiro, um centro de produção e investigação na área da cerâmica, ao qual o artista doou 150 obras.

Prémios e medalhas

Em 2017, no exato dia do seu 90.º aniversário, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou Manuel Cargaleiro com a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique, classificando-o, de “artista completo”. Em fevereiro de 2023 recebeu a Grã-Cruz da Ordem de Camões.

A Câmara de Castelo Branco atribuiu-lhe a medalha de ouro da cidade em 2022, e, nesse ano, o artista recebeu também o doutoramento ‘honoris causa’ pela Universidade da Beira Interior (UBI), sediada na Covilhã, cidade que faz parte da região onde nasceu, um prémio ao qual atribuiu, na altura, um significado “único”.

No mesmo ano, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou-o com a Medalha de Honra da Cidade. Nesse ano, o mestre doou cerca de 1.900 peças de arte em cerâmica, avaliadas em 1,2 milhões de euros, à sua Fundação, sediada em Castelo Branco, e que detém um enorme acervo, reunido pelo mestre ao longo de 70 anos, entre obras suas e de outros artistas.

O ceramista recebeu, em Paris, em 2019, a medalha de Mérito Cultural do Governo português e a Medalha Grand Vermeil, a mais alta condecoração da capital francesa.

Na altura, foi também inaugurada a ampliação da estação de metro de Champs Elysées-Clémenceau, com novas obras de Manuel Cargaleiro, depois de originalmente concebida e totalmente decorada pelo artista português, em 1995, incluindo o painel em azulejo “Paris-Lisbonne”.

No último ano teve patente as exposições “Eu Sou… Cargaleiro”, no Mosteiro de Ancede – Centro Cultural de Baião, no distrito do Porto, uma mostra de pintura na Casa Museu Teixeira Lopes – Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia, intitulada “Cargaleiro, Pintar a Luz Viver a Cor”, e uma exposição de gravura no Fórum Cultural de Ermesinde, em Valongo, de nome “A essência da cor”. Este ano levou obras nunca expostas à sua oficina, no Seixal.

Reuniu-se ainda a Vhils (Alexandre Farto) na criação conjunta da obra “Mensagem”, destinada a exposição no Museu Cargaleiro, em Castelo Branco. No passado mês de abril doou à sua terra natal, Vila Velha de Ródão, uma tela alusiva aos 50 anos do 25 de Abril, a que chamou “Festa da Gratidão”.

Gratidão é também a palavra usada pela sua mulher para descrever a vida do mestre e o seu reconhecimento em Portugal. Em declarações à agência Lusa, Isabel Brito da Mana lembrou hoje o Museu Cargaleiro, em Castelo Branco, e a Oficina de Artes, no Seixal, sublinhando como a vida e a arte de Manuel Cargaleiro se conjugaram e cumpriram. A vida de um dos mais cosmopolitas criadores do arte portuguesa, reconhecido através do mundo inteiro e presente nas principais coleções internacionais, que nunca esqueceu as suas ligações à terra natal, no distrito de Castelo Branco, e à margem Sul do Tejo, onde cresceu.

Em entrevista à agência Lusa, em setembro do ano passado, o mestre disse entender que havia “duas correntes no mundo: uma positiva e outra negativa”.

“Há os artistas que pensam que não há nada a fazer, e descrevem o destrutivo, por exemplo o [pintor anglo-irlandês Francis] Bacon. Tem uma pintura triste, violenta, agressiva. E [o pintor e ceramista francês de origem bielorrussa Marc] Chagall, que tem uma pintura de esperança, de beleza, de mensagem. Eu coloco-me deste lado. Eu gosto de criar algo que dê força, que anime e dê esperança.”

E concluiu: “Eu pego nos pincéis e começo a pintar e não sei o que vai acontecer. Há tanta coisa que eu gostaria de fazer.”

A exposição em Macau

Manuel Cargaleiro chegou a ter obras suas expostas em Macau, nomeadamente em 2015, graças a uma iniciativa na Casa Garden da Fundação Oriente. Um total de 40 obras de pintura do artista plástico foram reveladas ao público de Macau.

“É uma homenagem que lhe queremos prestar em vida. (…) Os quadros são representativos das várias fases da pintura do Manuel Cargaleiro”, disse a delegada da Fundação Oriente em Macau, Ana Paula Cleto, à agência Lusa.

Intitulada “Manuel Cargaleiro – pintura: 1954-2006”, a exposição reúne exclusivamente obras de pintura, selecionadas pelo artista, em conjunto com a direção do Museu do Oriente.

“Manuel Cargaleiro é considerado um dos artistas mais proeminentes da cultura portuguesa da actualidade e a sua obra abrange cerâmica, pintura, gravura, guache, tapeçaria e desenho. Na sua pintura pode distinguir-se um sentido ornamental e decorativo”.

1 Jul 2024

Timor-Leste | Faculdades de direito portuguesas vão formar estudantes

Cinco faculdades de direito portuguesas assinaram com Timor-Leste protocolos de cooperação para formar entre 250 e 300 estudantes naquela área, anunciou ontem o Governo timorense, em comunicado.

Os protocolos de cooperação foram assinados na quarta-feira na embaixada de Timor-Leste, em Lisboa, entre o ministro do Planeamento e Investimento Estratégico, Gastão de Sousa, e as faculdades de direito da Universidade Católica, Universidade do Minho, Universidade de Lisboa, Universidade do Porto e Universidade Nova de Lisboa.

A iniciativa é promovida pelo Grupo de Trabalho para a Reforma do Setor da Justiça, coordenado pela antiga ministra timorense Lúcia Lobato, e prevê enviar anualmente para estudar naquelas faculdades cerca de 50 estudantes de Direito.

O objectivo, segundo o comunicado, é reforçar as magistraturas e a Defensoria Pública timorenses, mas também preparar quadros jurídicos para a administração pública do país.

“O projecto prevê um total de 250 e 300 juristas formados em Portugal e será financiado na sua totalidade por Timor-Leste, num investimento inicial de cerca de 16 milhões de dólares até 2028”, salienta o Governo timorense.

Timor-Leste tinha anunciado em Março a criação de um regime especial de bolsas de estudo para o sector da justiça, financiado pelo Estado, para a obtenção de graus de licenciatura, mestrado e doutoramento, para formação em medicina legal e formação especializada no Centro de Formação Jurídica e Judiciária.

O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, decidiu criar em Agosto passado o Grupo de Trabalho para a Reforma do Sector da Justiça após considerar que o sector enfrenta vários problemas, incluindo escassez e falta de capacitação de recursos humanos e a necessidade de revisão dos quadros legais existentes.

Em declarações à Lusa, em Fevereiro, a coordenadora da reforma, Lúcia Lobato, considerou que é urgente reformar o sistema, por não estar a responder às expectativas.

28 Jun 2024

Irão | Presidenciais mais abertas do que o esperado

Os iranianos vão sexta-feira às urnas para eleger um novo Presidente de entre seis candidatos, incluindo um reformador até agora desconhecido que espera abalar a preponderância dos conservadores.

Esta eleição presidencial, inicialmente prevista para 2025, foi organizada em poucas semanas para substituir o Presidente Ebrahim Raissi, que morreu num acidente de helicóptero a 19 de Maio.

O acto eleitoral realiza-se num contexto delicado para a República Islâmica, que tem de gerir simultaneamente tensões internas e crises geopolíticas, da guerra na Faixa de Gaza à questão nuclear, a cinco meses das eleições presidenciais nos Estados Unidos, seu inimigo declarado.

A campanha, que começou de forma desapaixonada, foi mais competitiva do que a anterior, em 2021, graças à presença do reformista Massoud Pezeshkian, que se impôs como um dos três favoritos.

Os seus dois principais adversários são o conservador presidente do Parlamento, Mohammad-Bagher Ghalibaf, e Saïd Jalili, o ultraconservador ex-negociador nuclear. Esta proximidade de destaque poderá levar a uma segunda volta, o que só aconteceu numa eleição presidencial, em 2005, desde o início da República Islâmica, há 45 anos.

Para ter hipóteses de ganhar, Massoud Pezeshkian deve esperar uma elevada taxa de participação, ao contrário da eleição presidencial de 2021, que foi marcada por uma abstenção recorde de 51 por cento quando nenhum candidato reformista ou moderado foi autorizado a concorrer.

As diferentes escolhas

Na terça-feira, o líder supremo, ayatollah Ali Khamenei, apelou aos iranianos para que “compareçam em grande número”, receando a mais que provável baixa taxa de participação, tendo como pano de fundo os 41 por cento registados nas legislativas de Março passado.

Para Ali Vaez, especialista sobre questões ligadas ao Irão do International Crisis Group (ICG), o futuro Presidente terá de enfrentar “o desafio de evitar alargar o fosso entre o Estado e a sociedade”. Até à data, nenhum dos candidatos “apresentou um plano concreto para resolver estes problemas”, considera.

O reformista Pezeshkian, de 69 anos, viúvo e pai de família, garantiu aos eleitores que era possível “melhorar” alguns dos problemas com que se defrontam os 85 milhões de habitantes do Irão. No entanto, aos olhos de alguns eleitores, este médico que se tornou deputado carece de experiência governativa, tendo sido apenas Ministro da Saúde há cerca de 20 anos.

Em contrapartida, Mohammad-Bagher Ghalibaf é, aos 62 anos, um veterano da política, depois de ter feito carreira na Guarda Revolucionária, o poderoso exército ideológico da República Islâmica.

Por seu lado, Saïd Jalili, 58 anos, que perdeu uma perna durante a guerra Irão-Iraque, nos anos 80, atrai os apoiantes mais fervorosos da República Islâmica, apoiando a firmeza inflexível de Teerão face aos países ocidentais.

No outro extremo do espectro, Massoud Pezeshkian defende uma aproximação nas relações com os Estados Unidos e com a Europa, a fim de levantar as sanções que afectam duramente a economia, e recebeu o apoio do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Javad Zarif, o arquitecto do acordo nuclear alcançado com as grandes potências em 2015.

28 Jun 2024

Xangai | Presidente do Peru destaca enorme potencial do sector mineiro

A Presidente do Peru, Dina Boluarte, destacou ontem o “enorme potencial” do país no sector mineiro, numa conferência de investimento realizada em Xangai, a capital económica da China.

A líder peruana, que está a realizar uma visita oficial ao país asiático, sublinhou que a “elevada diversidade geográfica” proporciona ao Peru “uma importante reserva de minerais”, entre os quais destacou “oito dos 17 minerais críticos: cobre, zinco, molibdénio, prata, ferro, plano, índio e grafite”.

Durante o evento, intitulado ‘Oportunidades de Investimento no Peru’, a dirigente peruana enfatizou o “enorme potencial” do país, uma vez que “as actividades mineiras só foram desenvolvidas em 1,51 por cento” do território.

Dina Boluarte sublinhou também que os investidores “valorizam a solvência fiscal” do Peru e a sua “integração nos mercados mundiais” e destacou a “gestão económica e regulamentar prudente durante os últimos 30 anos” do país.

Entre os atractivos para os investidores estrangeiros, Boluarte referiu que o Peru “registou três décadas consecutivas com uma taxa de inflação de um dígito” e que também oferece uma “série de benefícios” aos investidores estrangeiros, como “protecção contra a inconvertibilidade, expropriação e outros riscos não comerciais através do acesso a acordos multilaterais e bilaterais”.

A chefe de Estado sublinhou também o compromisso do Governo com o desenvolvimento da plataforma logística multimodal na costa central, que inclui o porto de Chancay, construído por um consórcio liderado pela estatal chinesa Cosco Shipping.

28 Jun 2024

China | Lançada campanha de combate ao excesso de peso

A China, onde mais de metade dos adultos tem excesso de peso ou é obesa, anunciou ontem uma campanha de três anos para “reforçar a gestão do peso” e incentivar “estilos de vida saudáveis”.

A Comissão Nacional de Saúde e os ministérios da Educação e dos Assuntos Civis, entre outros departamentos governamentais, delinearam uma série de medidas destinadas a “criar um ambiente favorável à gestão do peso”, “melhorar significativamente a consciência e as técnicas de controlo do peso na sociedade” e encorajar a “adopção de estilos de vida saudáveis”, informou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

A iniciativa surge na mesma semana em que Pequim aprovou a venda no país asiático do medicamento injectável Wegovy, produzido pelo gigante dinamarquês Novo Nordisk e utilizado para a perda de peso.

A iniciativa oficial procura igualmente abordar a questão do peso anormal em certos grupos demográficos e insta os empregadores a “fornecer infra-estruturas e comodidades que promovam a actividade física” entre os seus trabalhadores.

O plano prevê ainda a promoção da construção de cantinas e restaurantes saudáveis nos estabelecimentos de ensino, evitando a venda de alimentos ricos em sal, açúcar e gordura.

A iniciativa irá também implementar um plano de acção para melhorar a aptidão física dos estudantes, garantindo pelo menos uma hora de actividade física diária dentro e fora da escola, informou a agência. A campanha prevê ainda esforços para “transformar as técnicas de processamento dos alimentos, reduzindo razoavelmente o teor de óleo, sal e açúcar nos produtos processados”.

O peso das massas

Os níveis de peso estão intimamente relacionados com a saúde das pessoas, sendo o peso anormal, particularmente o excesso de peso e a obesidade, um importante factor de risco para doenças crónicas como as doenças cardiovasculares, diabetes e certos tipos de cancro, afirmaram as autoridades do país asiático.

Durante a segunda Conferência sobre Obesidade da China, realizada em Agosto, estimou-se que mais de metade da população adulta da China tem excesso de peso ou é obesa, condições que, até 2030, representarão 22 por cento do total das despesas médicas do país.

O fórum também destacou a distribuição geográfica desigual da obesidade no país asiático, com uma maior prevalência de excesso de peso no norte em comparação com o sul, atribuível a factores como a dieta e o clima.

28 Jun 2024

PCC | Sessão plenária sobre política económica em meados de Julho

O encontro, que define linhas de orientação económica para o futuro e que junta mais de 370 membros do Comité Central do PCC, acontece este ano no próximo mês de Julho, ao contrário da habitual realização no Outono

 

O Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou ontem que a terceira sessão plenária do 20.º Comité Central, reunião que tradicionalmente define a orientação da política económica da China, vai decorrer em meados de Julho.

Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, a reunião vai analisar principalmente questões relacionadas com o esforço global para aprofundar a reforma da China e fazer avançar a modernização do país.

Mais de 370 membros do Comité Central do PCC vão participar na cimeira, que é considerada a mais importante das sete realizadas pela organização política durante os cinco anos de mandato do órgão dirigente.

A realização desta sessão plenária tem sido marcada pela incerteza, uma vez que, nas últimas quatro décadas, tem sido habitualmente realizada em Outubro e Novembro. Esta é a primeira vez desde 1984 que não se realizou no ano seguinte ao congresso do PCC, que se realiza a cada cinco anos.

O 20.º Congresso decorreu em 2022, quando o Presidente do país, Xi Jinping, conquistou um terceiro mandato sem precedentes entre os seus mais recentes antecessores.

A 30 de Abril, as autoridades anunciaram que a sessão plenária se realizaria em Julho, sem dar qualquer explicação para o atraso. Os estatutos do PCC prevêem a realização de pelo menos uma reunião deste tipo todos os anos.

Prioridades definidas

Um ano e meio após a China abolir a política ‘zero covid’, que penalizou fortemente a actividade empresarial, a tão esperada recuperação pós-pandemia foi breve e menos robusta do que o previsto. Tem sido prejudicada por um clima económico incerto que está a deprimir as despesas das famílias, enquanto uma crise imobiliária e o elevado desemprego dos jovens estão a pesar sobre o poder de compra.

Em Maio, Xi Jinping apelou a que o desemprego dos jovens passasse a ser uma “prioridade absoluta”. Para além do conteúdo económico, a terceira sessão plenária foi utilizada no passado para dar detalhes sobre investigações a altos quadros do regime afastados.

A atenção está virada para a divulgação de informações sobre Qin Gang e Li Shangfu, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa destituídos, que não são vistos em público desde Junho e Agosto de 2023, respectivamente, e que perderam todos os seus cargos governamentais.

No entanto, ambos continuam a ser membros do Comité Central, uma vez que a expulsão exige uma resolução formal em sessão plenária.

28 Jun 2024

Um olhar poético para Macau que atravessa séculos

Cheong Kin Man * Antropólogo visual e artista de desconstrução etimológica.

Os poemas de Macau, escritos em chinês clássico pelos poetas cantonenses, são pouco conhecidos mesmo entre a comunidade falante do idioma na RAEM. Passados vários meses de procrastinação depois de ouvir palavras de estímulo de Carlos Morais José, peguei aleatoriamente um poema com “versos regulamentados pentassílabos”, isto é, cada verso é composto de cinco caracteres sino-asiáticos.

Trata-se de “Olhar para o Mar em Macau” (澳門覽海) com 24 versos e cada verso tem cinco ideogramas, com pontuação posteriormente adicionada. Neste poema, os versos com números ordinais ímpares terminam com uma vírgula, ao passo que os com números pares acabam com um ponto final.

O poeta em causa é Zhang Mu (Cheong Mok em cantonense, 1607-1683), poeta, grande pintor de cavalos, viajante de toda a China. Traduz-se, ao ler uma biografia sua, certa melancolia menos bem escondida e provocada por uma dinastia morta, pois viveu num período no qual a China de maioria étnica Han foi conquistada pelos Manchus.

Sabemos que o nome cantonense da Guia é Tong Mong Ieong, como também anotava Ana Maria Amaro. O topónimo cantonense significa, literalmente, “Oriente-Olhar-Oceano”. Foi justamente ali que Zhang escreveu esta obra prima.

Ao traduzir – isto é, ler o mais intensamente – não cessei de ficar surpreendido como através da leitura de um tal texto, fico com uma mistura de muitas imagens não apenas da China mais clássica, mas também de uma Macau da grande actualidade. É, enfim, um poema escrito no meio do século XVII!

Aqui apresentamos a minha modestíssima tentativa de transpor o poema pentassílabo num texto poetizado decassílabo, com algumas notas a fim de mais aprofundadamente apreciarmos o original.

Autobiografia como preâmbulo

Nascendo no mar, país possante,

Maduro, encontro na tormenta,

Com nobre aspiração constante,

Ondas quebradas, mui água venta.

Estandarte foi erguida guante,

Navio “ganso-e-grou” ostenta.

Apreciada a maravilha,

As terras findam com a barquilha.

生處在海國,

中歲逢喪亂。

豪懷數十年,

破浪已汗漫。

故人建高纛,

樓船若鵝鸛。

因之慰奇觀,

地方盡海岸。

Natural de Liuzhou na província de Guangxi de hoje, Zhang Mu foi um dos grandes pintores do Lingnan (uma região cultural do sul da China) da era pós-Ming. Aqui o termo bissilábico, ou dois caracteres, “喪亂” (mortes e turbulências, ou “tormenta” na tradução poetizada) indica justamente o doloroso tempo de transição entre duas dinastias chinesas Ming e Qing, no meio do século XVII. Esta autobiografia do artista está concluída nos meros primeiros 20 caracteres chineses do poema.

No quinto verso do texto asiático lê-se o termo “故人”, que está omitida na tradução. Literalmente, a palavra chinesa clássica signfica “gentes do passado” e pode ser igualmente traduzido “amigo/s”. Associando-me à atemporalidade chinesa clássica, tenho impressão que é mais apropriado traduzir literalmente “gentes do passado”: Foram os conhecidos que ergueram o estandarte.

Quanto à formação de batalha “ganso-e-grou”, a expressão, que fica no sexto verso, deriva do antiquíssimo registo no clássico “Comentário de Zuo” (Zuo Zhuan, ou Cho Chün em cantonense) publicado no final do século IV antes da nossa era. O termo “ganso-e-grou” visualiza duas formas de batalhas na origem da palavra.

O género de navio, que está referido no mesmo sexto verso do texto original, é uma embarcação guerreira com uma “torre” de três níveis, quer dizer, uma construção em cima da superfície deste navio militar da China clássica.

Interessante seria uma associação deste poema à cartografia europeia e chinesa dos primeiros tempos da fundação de Macau. Os cartógrafos da época, como sabemos, sem poderem ver as realidades geográficas nos seus próprios olhos e dependendo inteiramente das descrições textuais, podem ter feito os mapas pictóricos de uma Macau sem diferenciar, ou pouco diferenciando as arquitecturas cantonense e europeia.

Assim sendo, já imagino as caracas e outros navios portugueses, inseridos entre os juncos.

Metrópole mundial do século XVII

Bárbaros no este – o sol banha –

Traduzindo, a China exaltam,

Jades e pérolas se apanha,

Feiras destas, luzes se ressaltam.

No sonho, a sagrada montanha,

Palácios de ouro, nuvens saltam,

Céus cortados pelos pagodes,

Cadeia de telhados, as odes.

西夷近咸池,

重譯慕大漢。

寶玉與夜珠,

結市異光燦。

若夢游仙瀛,

金宮赤霞爛。

危樓切高雲,

連甍展屏翰。

Primeira referência directa à presença europeia e à muito próspera cena comercial de Macau neste poema, o “banho do sol” é aqui uma tradução livre substituindo o nome do local mitológico chines, Xian Chi (Ham Chi em cantonense) onde, segundo a mitologia sínica, o sol banha durante o dia. Interpreto que é uma metáfora da chegada dos “bárbaros ocidentais” no “oriente”.

No texto original em chinês, o nome, ou melhor, a expressão 夜珠, “luminosa pérola”, ou da forma mais literal, “pérola da noite” evoca em mim uma associação às luzes da noite de Macau de hoje.

Com a expressão do “Grande Han”, trocada na tradução pela mera palavra China, não sei se o poema seria considerado, na época da sua escrita, politicamente correcto de ser circulado. Pergunto-me mesmo se uma tal simples denominação do país despertando a grandeza dos Han como a maioria étnica não causaria a pena de morte.

Ao ler esta passagem, já estão visualizados, na minha cabeça, templos antigos que serviam igualmente como residências temporárias dos mandarins, mas não só: a arquitectura barroca cuja terminologia técnica a China clássica ainda não inventou. Até mesmo uns “arranha-céus” do século XVII – os altos pagodes que tocam os céus – estão em frente de mim.

Fim da autobiografia, fim do relato

Sobre águas, colinas divinas,

Verdes, acidentadas, ligadas,

Ondas transparentes, cristalinas,

Um só barco, farras agradas.

Volto com lufadas heroínas,

De repente, as almas trocadas,

Ondas raivosas! Sem fim aboio,

Milhas d’rota, gemo sem apoio.

水上多神山,

青削屢續斷。

澄波或如鏡,

一葉亦足玩。

及爾長風迴,

氣色忽已換。

狂瀾渺何窮,

萬里生浩歎。

Esta passagem final, cujos últimos oito versos aqui agrupamos, relata mais uma cena que já não tem nada a ver com a Macau de hoje. Penso nos vários riachos na península de Macau que foram desaparecendo ao longo do tempo e que permanecem apenas nos nomes das ruas antigas. Está visualizado, sobretudo, no meu imaginário, uma China imperial dos grandes literatos, a qual espelha a vida frustrante de Zhang Mu, e concluída por ele próprio com “um longuíssimo suspiro” (traduzido aqui como “gemo sem apoio”), como se constata ao ler o original.

28 Jun 2024

Vhils inaugura novo mural na capital belga

O artista Alexandre Farto, conhecido como Vhils, inaugurou ontem um mural em Bruxelas que é uma compilação de várias revoluções democráticas pela Europa, incluindo a dos Cravos, ocorrida em Portugal a 25 de Abril de 1974, para recordar o que está em causa com o crescimento da extrema-direita.

A Rua Leopoldo, no coração de Bruxelas, ganhou outra vida, com as pessoas que a percorriam a pararem para observar um mural que apareceu em apenas uma semana. Uma mulher e um cravo saltam logo à vista, mas Alexandre Farto explicou que toda a obra é uma mescla revolucionária.

“Toda a obra foi um levantamento das várias revoluções e de várias histórias da Europa, tem vários elementos de padrões, tens o cravo também que tem que ver com a ligação à Revolução dos Cravos”, contou à Lusa, durante a inauguração do mural.

O rosto não é o de uma mulher só, mas “um apanhado de uma série de desenhos” que Vhils fez em Bruxelas: “Quis representar alguém no imaginário do futuro que esteja a olhar o futuro da Europa e a representar também a sua diversidade e maneira como isso nos tornou mais fortes”.

Enaltecer a democracia

No ano de celebração do 50.º aniversário do 25 de Abril, Alexandre Farto quis enaltecer a conquista da democracia portuguesa na cidade que decide os destinos da União Europeia.

Ainda mais quando o crescimento da extrema-direita ameaça os valores europeístas, colocando em causa “todo o Estado social”, o acesso à escola pública, que Vhils frequentou, não só em Portugal, mas noutros países.

“No meu atelier somos 25, há pessoas que têm histórias similares à minha, dos subúrbios de Bucareste [Roménia], da Polónia, de Espanha, de França. O estúdio também tem essa força da Europa. Era impossível fazer o meu trabalho e eu não teria tido as oportunidades que tive se não fossem as conquistas todas dos últimos anos”, sustentou.

Nascido em 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com ‘graffiti’, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins.

Captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional, e que já levou o artista a vários cantos do mundo. Além de várias criações em Portugal, Alexandre Farto tem trabalhos em países e territórios como a Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia e Brasil.

28 Jun 2024

Furto | Antiga funcionária de farmácia detida por desviar dinheiro

Uma antiga funcionária de uma farmácia foi detida por desviar 170 mil patacas e diversos artigos do local. Segundo o jornal Ou Mun, a detenção ocorreu quando a mulher tentava entrar em Macau pelo Posto Fronteiriço das Portas do Cerco.

O caso foi descoberto quando o empregador fazia as contas habituais do negócio. Este queixou-se à mulher de que as contas não batiam certo e que suspeitava de desvio de fundos por parte desta. A funcionária, que esteve apenas três meses na farmácia, confessou ter desviado artigos e dinheiro, prometendo devolver tudo em Março deste ano.

Foi então estabelecido um acordo entre ambos, mas a mulher acabou por devolver apenas 30 mil patacas, ficando depois incontactável. Só depois é que o homem denunciou o caso às autoridades, tendo a suspeita negado cooperar, não apresentando o paradeiro do restante montante e artigos desviados.

Assim sendo, o caso foi encaminhado para o Ministério Público para mais investigações, podendo a mulher incorrer nos crimes de burla de valor consideravelmente elevado e falsificação informática.

28 Jun 2024

Segurança nacional | Ponderadas buscas domiciliárias nocturnas

O Executivo está a estudar a possibilidade de permitir buscas policiais a residências entre as 21h e as 07h em investigações que envolvam crimes sobre a segurança nacional.

A revelação foi feita pelo deputado Chan Chak Mo depois de uma reunião da comissão permanente da Assembleia Legislativa que está a analisar a proposta de lei de combate ao jogo ilegal.

Segundo o Canal Macau da TDM, os deputados sugeriram a possibilidade de alargar as buscas domiciliárias nocturnas, de momento limitadas ao jogo ilegal, a investigações de outros tipos de crimes, como branqueamento de capitais, terrorismo, criminalidade organizada e crimes contra a segurança nacional.

O Governo demonstrou abertura à sugestão, acrescentando a hipótese de alterar o Código de Processo Penal.

28 Jun 2024

Ilhas Salomão reconhecem interesse estratégico de Camberra e de Pequim na região

O primeiro-ministro das Ilhas Salomão reconheceu ontem que Austrália e China “têm interesses estratégicos em matéria de segurança” no Pacífico Sul, observando que a parceria do arquipélago com Pequim centra-se na segurança interna.

“As nossas parcerias de segurança, incluindo com a China, centram-se no plano interno. Estamos a tentar resolver problemas de segurança interna”, afirmou Jeremiah Manele, numa conferência de imprensa com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, em Camberra.

“É claro que reconhecemos e apreciamos o facto de os nossos parceiros – China e Austrália – também terem interesses estratégicos em matéria de segurança”, acrescentou Manele, insistindo que o país vê a segurança “através do prisma do desenvolvimento” e, por conseguinte, procura trabalhar com todos os parceiros.

As Ilhas Salomão tornaram-se um actor-chave na competição estratégica na região do Pacífico em 2022, depois de o anterior governo de Manasseh Sogavare ter assinado um acordo de segurança com a China, que foi negociado de forma opaca e inclui a possibilidade de destacamento de forças de segurança chinesas a pedido de Honiara.

Apesar de o governo das Ilhas Salomão ter afirmado que era “amigo de todos e inimigo de ninguém”, o acordo levou os Estados Unidos e a Austrália a redobrarem a sua cooperação nesta região negligenciada, que há anos clama por uma resposta a exigências relativamente à crise climática que está a afectar fortemente os territórios insulares do Pacífico.

Melhores amigos

Semanas depois de ter tomado posse, no início de Maio, Manele afirmou que a Austrália é o parceiro de eleição das Ilhas Salomão.

O governante disse ontem, em Camberra, que discutiu com Albanese formas de “elevar a actual relação (…) através de uma parceria transformadora”, incluindo o investimento em infra-estruturas, mobilidade laboral ou crise climática.

“Estou empenhado em garantir que a nossa relação com a Austrália seja cada vez mais forte”, afirmou Manele.

“A Austrália e as nações do Pacífico estão bem posicionadas para responder às necessidades de segurança da nossa região”, afirmou Albanese, insistindo que “a segurança é uma tarefa da nossa família do Pacífico”.

As Ilhas Salomão, uma nação com cerca de 700.000 habitantes, são consideradas pela ONU como um dos países mais pobres do Pacífico e dependem fortemente da cooperação internacional, especialmente da Austrália e da China.

A economia das Ilhas Salomão, que registou uma forte contracção entre 2020 e 2022 devido ao impacto da pandemia da covid-19 e, posteriormente, à invasão russa da Ucrânia, cresceu 2,5 por cento em 2023.

27 Jun 2024

Reino Unido | Imperador do Japão em banquete oferecido por rei Charles

O imperador Naruhito e a imperatriz Masako, do Japão, participaram, na terça-feira à noite, num banquete no Palácio de Buckingham como parte da visita oficial ao Reino Unido.

O jantar foi oferecido pelo rei Charles e pela rainha Camilla. O imperador Naruhito usou uma medalha da Ordem de Garter, ou Ordem da Jarreteira, a mais antiga e mais nobre ordem de cavalaria do Reino Unido. A distinção foi recebida pelo imperador japonês no almoço de boas-vindas mais cedo no mesmo dia.

Cerca de 170 pessoas do Japão e do Reino Unido participaram no banquete. O rei Charles inclusive usou algumas frases em japonês ao fazer seu discurso de recepção. “Bem-vindo de volta ao Reino Unido. No âmago de nossa parceria está uma estreita amizade”.

O imperador Naruhito respondeu ao discurso do rei dizendo que espera que a visita ao Reino Unido permita que a amizade que existe entre os dois países seja transmitida aos jovens e às crianças, para que eles a aprofundem ainda mais.

“É meu sincero desejo que tanto o Japão quanto o Reino Unido, como amigos sem igual, continuem a fazer esforços incansáveis para uma verdadeira compreensão mútua através do intercâmbio do nosso povo, construindo assim um relacionamento duradouro baseado em amizade, boa vontade e cooperação”, acrescentou.
Esta é a terceira vez que um imperador e uma imperatriz do Japão realizam uma visita de Estado ao Reino Unido.

26 Jun 2024

Coreias | Balões do Norte interrompem tráfego aéreo no Sul

Pyongyang continua a provocar Seul com o envio de balões carregados de lixo. O tráfego aéreo no principal aeroporto internacional do país esteve interrompido durante cerca de três horas

 

Uma nova vaga de balões com lixo enviados pela Coreia do Norte para o Sul obrigou ontem à interrupção do tráfego aéreo durante cerca de três horas em Incheon, o principal aeroporto internacional do país. As descolagens e aterragens de voos nacionais e internacionais foram afectadas entre a 01:46 e as 04:44, disse o consórcio que opera o aeroporto.

A decisão foi tomada devido ao receio de que os balões pudessem ser sugados pelos motores dos aviões, disseram responsáveis do aeroporto de Incheon, que serve a capital sul-coreana, Seul.

O aeroporto está agora a funcionar normalmente, uma vez que não foram detectados mais balões nos céus sul-coreanos desde o nascer do sol. A Coreia do Norte enviou mais de 250 balões carregados de lixo para o Sul durante a madrugada, no sexto lançamento no espaço de um mês.

A partir do final de Maio, Pyongyang lançou uma série de balões com estrume, pontas de cigarro, trapos, pilhas gastas e vinil sobre várias zonas da Coreia do Sul. Não foram encontrados materiais altamente perigosos. A Coreia do Norte afirmou que a campanha de balões é uma acção de retaliação contra activistas sul-coreanos que lançaram panfletos políticos críticos da liderança norte-coreana.

Aumento de testes

O novo lançamento de balões surge num contexto de aumento das tensões transfronteiriças. A Coreia do Norte disparou um míssil hipersónico em direcção ao mar, adiantou na terça-feira a agência de notícias pública sul-coreana Yonhap, citando os militares de Seul.

O Estado-Maior Conjunto (JCS) da Coreia do Sul disse ter detectado o lançamento, mas não forneceu detalhes, destacando que está em andamento uma investigação.

De acordo com um responsável do JCS, citado pela agência de notícias France-Presse, Pyongyang parece ter testado um míssil hipersónico, embora o disparo tenha falhado depois de um voo de cerca de 250 quilómetros que terminou com uma explosão.

O Japão também confirmou o lançamento e a guarda costeira nipónica referiu que o míssil acabou por cair no mar do Japão. O último lançamento de mísseis da Coreia do Norte tinha acontecido a 30 de Maio, quando Seul acusou Pyongyang de disparar uma salva de cerca de dez mísseis balísticos de curto alcance.

No dia seguinte, a imprensa estatal norte-coreana divulgou imagens do líder Kim Jong-un a participar nos testes de um sistema de lançamento múltiplo de foguetes.

Analistas sugerem que a Coreia do Norte pode estar a aumentar a produção de mísseis para os fornecer à Rússia como parte da guerra na Ucrânia, de acordo com um relatório divulgado no mês passado pelo Departamento de Defesa dos EUA.

26 Jun 2024