Hoje Macau PolíticaSAFP | Ng Wai Han mais um ano como directora A comissão de serviços de Ng Wai Han para liderar os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) foi renovada pelo período de um ano. A decisão foi publicada ontem no Boletim Oficial, através de um despacho assinado Lam Chi Long, chefe do Gabinete do secretário para a Administração e Justiça. A decisão foi justificada com o facto de se considerar que Ng tem “experiência e capacidade profissionais adequadas para o exercício” das funções. A directora dos SAFP chegou ao topo da hierarquia do organismo em Agosto do ano passado, depois de ter sido nomeada subdirectora em Junho de 2020, em plena pandemia. O percurso de Ng Wai Han esteve principalmente ligado à Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), onde ingressou em 1999 e se manteve até 2020, exercendo diferentes posições, como técnica superior na área jurídica, chefe de várias divisões e departamentos. Antes de ser escolhida para integrar os SAFP, em 2020, Ng atingiu a posição de subdirectora na DSAL. Em termos de currículo académico, a directora dos SAFP conta com uma licenciatura em Direito e um mestrado em Direito Penal, ambos concluídos na Universidade de Sun Yat-Sen, em Guangzhou.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Dmytro Kuleba para falar de solução para guerra na Ucrânia O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, chegou ontem à China para uma visita sem precedentes em que discutirá uma solução pacífica para a guerra entre Kiev e Moscovo. Apesar dos estreitos laços económicos, diplomáticos e militares com Moscovo, Pequim pretende desempenhar o papel de mediador no conflito. A visita de Dmytro Kuleba, que deverá prolongar-se até sexta-feira, é a sua primeira à China desde o início da invasão russa. Surge também após as fortes críticas da NATO à ajuda económica de Pequim a Moscovo. Mas, acima de tudo, surge uma semana depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter aberto pela primeira vez a porta a conversações com a Rússia, ao afirmar ser favorável à participação de Moscovo numa futura cimeira de paz. “O principal tema de discussão vai ser a procura de formas de travar a agressão russa e o papel da China na obtenção de uma paz duradoura e justa”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, em comunicado. O país asiático apelou, no ano passado, numa proposta de paz, ao respeito pela integridade territorial de todos os Estados – incluindo a Ucrânia. A China pretende apresentar-se como um parceiro comedido em comparação com o Ocidente, que acusa de “deitar lenha para a fogueira”, ao fornecer armas à Ucrânia. No início de Julho, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou à comunidade internacional para “criar as condições” para um “diálogo directo” entre Kiev e Moscovo, durante um encontro, em Pequim, com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban. O enviado de Pequim para a questão ucraniana, o experiente diplomata Li Hui, antigo embaixador em Moscovo, fez várias viagens a Bruxelas, Rússia, Ucrânia, Médio Oriente e Turquia. A China estabeleceu as condições para a sua participação: uma cimeira deve, na sua opinião, “permitir a participação igual de todas as partes” e uma “discussão justa de todos os planos de paz” – incluindo a posição russa.
Hoje Macau China / ÁsiaBangladesh | Pelo menos 173 mortos e mais de 1.100 detidos Pelo menos 173 pessoas morreram e mais de 1.100 foram detidas no Bangladesh, nos últimos dias, na sequência dos protestos contra as quotas para o recrutamento de funcionários públicos, noticiou ontem a agência France-Presse. O movimento estudantil na origem das manifestações suspendeu os protestos na segunda-feira por 48 horas, com o líder a declarar que não quer reformas “à custa de tanto derramamento de sangue”. As autoridades impuseram o recolher obrigatório e os soldados estão a patrulhar as cidades do país do sul da Ásia, o oitavo mais populoso do mundo, de acordo com a France-Presse (AFP). O exército anunciou que a ordem tinha sido restabelecida na segunda-feira à noite. Pelo menos 200 pessoas foram detidas nas regiões de Narayanganj e Narsingdi, no centro do país, disseram à AFP chefes da polícia local. Além disso, pelo menos 80 pessoas encontram-se detidas em Bogra, 75 na cidade de Rangpur (ambas no norte do país), 168 na cidade industrial de Gazipur, perto da capital, e 60 em Barisal (sul), acrescentaram responsáveis da polícia. Estes números vêm juntar-se a um total de 532 detenções em Daca, anunciadas já na segunda-feira. Uma forte presença militar era visível esta manhã na capital, acrescentou a AFP. As manifestações quase diárias, convocadas no início de Julho principalmente por estudantes, destinam-se a obter o fim das quotas de admissão na função pública, com os manifestantes a acusarem que favorecem as elites próximas do poder. Os protestos subiram de tom nos últimos dias e representam o maior desafio para a primeira-ministra, Sheikh Hasina, desde que conquistou o quarto mandato consecutivo, em Janeiro, num acto eleitoral boicotado pelos principais grupos de oposição. Apelos internacionais Entretanto, a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) lançou um apelo à comunidade internacional para pedir às autoridades do país “para que ponham termo ao uso excessivo da força contra os manifestantes e responsabilizem as tropas pelas violações dos direitos humanos”. “O Bangladesh tem sido perturbado há muito tempo devido a abusos ilimitados das forças de segurança contra qualquer pessoa que se oponha ao Governo de Sheikh Hasina, e estamos a testemunhar o mesmo manual novamente, desta vez para atacar manifestantes estudantis desarmados”, disse o vice-diretor da HRW para a Ásia, em comunicado. “Chegou o momento de governos influentes pressionarem Sheikh Hasina para que as suas forças parem de brutalizar estudantes e outros manifestantes”, notou Meenakshi Ganguly. Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou na segunda-feira o Governo do Bangladesh a respeitar “o direito à livre expressão e reunião pacífica” e pediu “uma investigação rápida e transparente dos atos de violência”.
Hoje Macau China / ÁsiaAssédio sexual | Universidade de Renmin despede docente Uma universidade chinesa despediu na segunda-feira um professor acusado de assédio sexual nas redes sociais por uma estudante de doutoramento, com gravações de áudio como prova. A mulher, que se identificou como Wang Di, disse que está a estudar num programa de doutoramento na Faculdade de Artes da Universidade Renmin da China. No domingo, publicou um vídeo de 59 minutos na rede social Weibo no qual afirma que o professor, ex-vice-reitor e antigo representante do Partido Comunista na escola, abusou dela física e verbalmente. Disse ainda que, durante mais de dois anos, depois de o ter rejeitado, ele lhe atribuiu muitas tarefas não pagas, repreendeu-a e ameaçou impedir a sua formação. A acusação incluiu excertos de áudio que, segundo ela, constituem prova do assédio. Num deles, pode ouvir-se um homem a tentar beijar uma mulher, que não parava de dizer: “Não, não, professor”. “Neste momento, não aguento mais e não tenho como escapar, por isso estou a falar”, escreveu. A denunciante exigiu que o professor fosse punido e que lhe fosse nomeado um novo supervisor. A sua publicação teve 2,2 milhões de gostos até à noite de segunda-feira, com muitos utilizadores a deixarem comentários de apoio à estudante. A Universidade Renmin concluiu que as queixas contra o professor eram verdadeiras após uma investigação. Para além de o ter despedido, também lhe retirou a filiação partidária e comunicou o incidente às autoridades, em conformidade com a lei, segundo um comunicado publicado no Weibo.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim | Facções palestinianas assinam acordo de “unidade nacional” Hamas e Fatah puseram as divergências de lado e assinaram na capital chinesa um acordo em que se comprometem a reforçar a unidade, com vista à criação de um governo de “reconciliação” Musa Abu Marzouk, membro do gabinete político do Hamas, anunciou ontem que o seu movimento assinou um acordo de “unidade nacional” com outras facções palestinianas, incluindo a rival Fatah, após uma reunião na China. “Estamos empenhados e apelamos à unidade nacional”, afirmou Marzouk, após a assinatura do acordo, em Pequim, comprometendo-se a acabar com a divisão e reforçar a unidade, visando a criação de um governo de “reconciliação”. Segundo a agência de notícias oficial Xinhua, as facções palestinianas estão reunidas na capital chinesa desde domingo, para discutir o futuro da Faixa de Gaza após a guerra. O Hamas não deu mais pormenores sobre o acordo, anunciado após um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, sugerindo uma mediação por parte da China. “Os dois grupos palestinianos rivais, juntamente com 12 outras facções políticas, reuniram-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, concluindo as conversações que tiveram início no domingo”, lê-se numa nota difundida pela televisão estatal CCTV. Os dois grupos assinaram a Declaração de Pequim sobre “o fim da divisão e o reforço da unidade palestiniana”, segundo a CCTV. Embora o Hamas e a Fatah tenham dito várias vezes que iam trabalhar em conjunto, sem sucesso, a assinatura da declaração coincide com o facto de o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter dito que um cessar-fogo entre Israel e o Hamas parece estar à vista. O Hamas e a Autoridade Palestiniana tiveram várias rondas de conversações sobre a unidade desde que o Hamas expulsou as forças da Fatah de Gaza, numa violenta tomada do território em 2007. Mas os esforços de unidade foram destruídos pela rivalidade entre facções e pela recusa do Ocidente em aceitar qualquer governo que inclua o Hamas, a menos que este reconheça expressamente Israel. Nação neutralizadora Pequim tem reclamado um papel maior para a China na resolução de questões internacionais. No ano passado, a diplomacia chinesa mediu também as negociações que culminaram num acordo entre Arábia Saudita e Irão para o restabelecimento das relações diplomáticas. De acordo com o Presidente chinês, Xi Jinping, a China deve “participar activamente na reforma e construção do sistema de governação global” e promover “iniciativas de segurança global”. A China avançou também com um plano para a paz na Ucrânia, que os países ocidentais desvalorizaram, por pôr “agressor e vítima” ao mesmo nível. Em particular, a China defende a noção de “comunidade com um futuro partilhado”, que visa contrariar a arquitectura de segurança erguida pelo Ocidente depois da Segunda Guerra Mundial. Pequim acusa a doutrina ocidental de estimular o confronto entre blocos e minar a estabilidade em diferentes partes do mundo.
Hoje Macau China / ÁsiaPCC defende aumento “voluntário” e “flexível” da idade da reforma A China adoptou uma resolução para aumentar a idade da reforma, actualmente entre os 50 e os 60 anos, com base nos princípios da “voluntariedade” e da “flexibilidade”, informou ontem a imprensa local. A decisão, aprovada durante a terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), que se realizou entre os dias 15 e 18 de Julho, visa atenuar o “desemprego estrutural” de um país cada vez mais envelhecido. Estimativas da ONU prevêem que, em meados deste século, 31 por cento dos chineses terão 65 anos ou mais. Em 2100, essa percentagem será de 46 por cento, aproximando-se de metade da população. O PCC incluiu a “voluntariedade” e a “flexibilidade” como princípios básicos para aumentar a idade da reforma pela “primeira vez”, o que vai “abordar activamente” o envelhecimento da população e promover o desenvolvimento das indústrias de pensões e de cuidados a idosos, de acordo com especialistas citados pelo Global Times. A medida abre porta para aqueles que desejam continuar a trabalhar depois de atingirem a idade legal da reforma, referiu o jornal oficial do Partido Comunista. “Após a terceira sessão plenária, a China vai trabalhar para estabelecer uma idade legal de reforma com base na esperança média de vida nacional e nos dados macroeconómicos”, disse Yang Yansui, professor de Segurança Social na Universidade de Tsinghua, citado pelo Global Times. Um sistema de reforma gradual e flexível “ajuda a força de trabalho a passar de empregos na economia digital para funções de prestação de cuidados”: alguns profissionais mais velhos, que ainda estão ansiosos por trabalhar, poderiam mudar para empregos de prestação de cuidados a idosos, por exemplo, afirmou. Resposta rápida A idade legal de reforma na China é relativamente baixa, com as mulheres a reformarem-se entre os 50 e os 55 anos e os homens aos 60, o que gerou um amplo debate social nos últimos anos devido ao aumento da esperança de vida (actualmente 78,2 anos) e ao consequente envelhecimento da população. Por esta razão, o Comité Central do PCC sublinhou na sua terceira sessão plenária que iria melhorar os mecanismos de desenvolvimento de programas e indústrias de cuidados aos idosos, a fim de responder activamente a estes desafios.
Hoje Macau SociedadeJustiça | TUI responsabiliza criança de oito anos por atropelamento O Tribunal de Última Instância (TUI) considerou que uma criança de oito ano que atravessou a passadeira com sinal vermelho foi a principal responsável de um atropelamento em 2016. A decisão faz parte de um caso em que tanto o condutor do veículo como os representantes da criança discutiam a percentagem da culpa de cada um no sinistro, de forma a calcular o pagamento da compensação. O caso remonta a Abril de 2016, quando a criança atravessou a passadeira com sinal vermelho, ao mesmo tempo que dois carros circulavam na estrada. Como consequência, a criança demorou um mês a recuperar das lesões sofridas. Na primeira instância, o condutor tinha sido condenado a pagar uma indemnização civil de 602,7 mil patacas, acrescida de juros legais, bem como a eventual indemnização por perdas em despesas médicas, medicamentosas e de transporte resultantes do acidente de viação. Este montante foi fixado com base na decisão de que o condutor tinha tido uma responsabilidade de 75 por cento do acidente, por não ter reduzido a velocidade quando se aproximou da passadeira. A responsabilidade da criança era assim de 25 por cento. Todavia, na segunda instância, a responsabilidade do condutor foi agravada para 90 por cento e a da criança reduzida para 10 por cento. Agora, numa decisão contrária à dos tribunais inferiores, o TUI veio considerar que a principal responsabilidade deve ser antes atribuída à criança. Segundo o TUI, as crianças com oito anos “já têm o senso comum de só poder atravessar a passagem para peões quando a sinalização luminosa apresenta luz verde”. O colectivo e juízes também entendeu que o atropelado “é culpado pela ocorrência do acidente de viação em causa, uma vez que na altura do acidente, correu para atravessar a passagem para peões quando o semáforo apresentava luz vermelha”.
Hoje Macau PolíticaPCC | Mulheres querem jovens a contribuir para a “modernização” A Associação Geral das Mulheres apelou aos jovens para que contribuam para a “modernização com características chinesas” do país. Foi desta forma que uma das principais associações do território, através da presidente Loi I Weng reagiu às conclusões da terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do Partido Comunista da China. Num comunicado, Loi I Weng defendeu que os jovens de Macau devem aproveitar a oportunidade do aprofundamento das reformas no Interior, participando activamente no desenvolvimento nacional e da RAEM. A associação considerou igualmente que a reunião política vai ter impacto na “promoção plena da construção de um país forte e na revitalização da nação chinesa, através a modernização de estilo chinês”. Para que estes objectivos sejam alcançados, a associação prometeu “continuar a lançar formações e actividades diversificadas” para aumentar a qualificação dos jovens. Com as formações, a associação espera igualmente que os jovens se tornem “mais qualificados” e “tenham uma visão mais abrangente para contribuírem no processo da modernização com características chinesas”. Por seu turno, o deputado da associação, Ma Io Fong, apontou que do espírito da terceira sessão plenária emergiram orientações importantes sobre a direcção do desenvolvimento de Macau, pelo que a sociedade vai formar os quadros qualificados necessários para o país, de forma a acelerar a integração de Macau no desenvolvimento nacional.
Hoje Macau PolíticaEmprego | Ella Lei pede protecção para trabalhadores forçados a aceitar layoffs A deputada Ella Lei defende a necessidade de ser criado um mecanismo de supervisão dos layoffs, ou seja, dos períodos em que os trabalhadores são mandados para casa, sem receberem, por falta de trabalho ou dinheiro dos empregadores. O assunto foi abordado ontem, em declarações ao jornal Exmoo. Na perspectiva da deputada, apesar da lei definir que a suspensão temporária do contrato de trabalho deve ser acordada entre o empregado e o empregador, na prática o patrão consegue forçar sempre o trabalhador a aceitar o layoff. Face a esta realidade, a deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) considera que se adopte para os layoffs um mecanismo semelhante ao da redução do ordenado, em que o mesmo só pode vigorar depois de ser enviada uma declaração do trabalhador à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). Ao mesmo tempo, Ella Lei apelou a uma maior fiscalização das empresas que recorrem a layoffs. No entender da deputada, este procedimento não deve ser admissível contra residentes, se a empresa continuar a operar com trabalhadores não residentes. Para a deputada, esta é uma forma de assegurar o acesso prioritários dos residentes ao emprego.
Hoje Macau PolíticaObras | Zheng Anting pede atenção para instalações pedonais O deputado Zheng Anting defende que o Governo deve avançar com obras de renovação de várias escadas rolantes, elevadores e passagens aéreas públicas, por considerar que estão demasiado delapidadas. Num artigo publicado no jornal Exmoo, o deputado próximo da comunidade de Jiangmen revela que tem recebido cada vez mais queixas de cidadãos relativas ao estado das instalações pedonais. Na visão do legislador, grande parte destes equipamentos começa a acumular muitos anos de utilização, o que se reflecte na frequência com que é necessário realizar obras de manutenção. Zheng indica que há passadeiras rolantes em que é necessário intervir pelo menos duas a três vezes por mês. Estes trabalhos, indica, afectam a deslocação de residentes e turistas. O deputado apela assim às autoridades para seguirem de perto o assunto e avançarem com as obras, para tornarem os passeios e vias pedonais mais acessíveis. Em relação às escadas rolantes, o deputado criticou o actual horário de funcionamento de alguns dos acessos mais populares. Actualmente, várias escadas rolantes apenas funcionam entre as 07h e a meia-noite. Contudo, Zheng Anting considera o horário demasiado reduzido. “Muitos residentes em Macau trabalham por turnos e precisam frequentemente de se deslocar durante a madrugada. Também há grupos de idosos, grávidas e crianças com necessidades que podem ter de se deslocar à noite”, alertou. O deputado pede que funcionem durante mais tempo, com recurso a sensores, para se gastar menos energia.
Hoje Macau China / ÁsiaUE | Pequim avalia se prolonga taxas sobre produtos siderúrgicos O Ministério do Comércio da China anunciou ontem que vai rever o fim das taxas punitivas que impôs em meados de 2019 sobre certos produtos de aço inoxidável importados da União Europeia (UE), Japão, Coreia do Sul e Indonésia. Em comunicado, o ministério disse que vai investigar as importações de tarugos de aço inoxidável e produtos laminados de aço inoxidável importados dos países mencionados, durante o prazo de um ano. O objectivo é determinar se o prejuízo causado pelo ‘dumping’ (venda abaixo do custo de produção) pode continuar ou repetir-se, no caso de esses direitos serem finalmente retirados, após o período de cinco anos inicialmente previsto. Em 2019, Pequim impôs taxas alfandegárias de até 103,1 por cento sobre algumas empresas sul-coreanas que importam esses produtos. No caso da UE e do Reino Unido estas taxas são de 43 por cento. Os tarugos de aço inoxidável e o aço inoxidável laminado a quente são utilizados principalmente como matéria-prima para fabricar produtos de aço inoxidável laminados a frio ou são utilizados na construção naval, nos contentores, nos caminhos-de-ferro, na energia e noutras indústrias. Nos últimos anos, a UE e alguns países apelaram para que Pequim reestruturasse o seu sector siderúrgico, que se encontra saturado – a China é de longe o maior produtor mundial de aço – e impedisse a comercialização de produtos siderúrgicos a preços inferiores aos custos.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Chefe da diplomacia ucraniana em Pequim O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, vai visitar a China, o principal parceiro económico e diplomático da Rússia, entre terça a quinta feira, para discutir uma solução para a guerra. “O principal tema de discussão vai ser a procura de formas de travar a agressão russa e o papel da China na obtenção de uma paz duradoura e justa”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, em comunicado. A China afirma ser neutra no conflito, mas nunca condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de Fevereiro de 2022 e recebeu várias vezes o Presidente russo, Vladimir Putin, no seu território desde o início da guerra. Pequim apela regularmente ao respeito pela integridade territorial de todos os países, o que implicitamente diz respeito à Ucrânia, mas também apela à consideração das preocupações de segurança da Rússia. Os líderes europeus têm apelado repetidamente à China para que utilize as suas boas relações e a sua influência sobre Moscovo para pôr termo à guerra, um pedido que Pequim considera que deve ser feito às partes envolvidas. Mao Ning, porta-voz da diplomacia chinesa, revelou que Dmytro Kouleba vai reunir-se com o homólogo chinês, Wang Yi, mas não deu pormenores da agenda do ministro ucraniano. Wang Yi considerou na semana passada que a questão mais urgente e o objectivo mais realista neste momento é desanuviar as tensões o mais rapidamente possível. Acordo pendente Em Junho, as autoridades chinesas não participaram numa cimeira sobre a paz, organizada por Kiev na Suíça, para protestar contra a ausência da Rússia, que não foi convidada. As autoridades ucranianas querem agora elaborar um plano para uma paz “justa” e tencionam convidar Moscovo a participar numa segunda cimeira. Moscovo pede de facto a capitulação da Ucrânia para pôr fim à guerra, exigindo que Kiev renuncie à sua aliança com o Ocidente e aceite entregar as cinco regiões que a Rússia ocupa total ou parcialmente.
Hoje Macau EventosEspectáculos do MICAF incluem marionetas e ópera para jovens Arrancou oficialmente no domingo a primeira edição do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau, um novo festival de artes performativas destinado aos mais jovens, e que é promovido pelo Instituto Cultural (IC). Depois da actuação, na sexta-feira e sábado, dos portugueses “WeTumTum”, espera-se um calendário com espectáculos de marionetas e ópera cantonense para adolescentes, por exemplo. Este fim-de-semana, entre sexta-feira e domingo, decorre o espectáculo “Tic-Tac: O Herói do Tempo”, protagonizado pelo Teatro de Marionetas Multimédia da Argentina. Destaque também para “A Lanterna de Lótus Mágica”, agendado para o dia 3 de Agosto, levado a cabo por um grupo local de ópera cantonense. O público não deve esquecer também a apresentação de “Annie, O Musical” e também a peça de teatro para bebés “O Bosque dos Sonhos”, apresentado ao público entre os dias 7 e 11 de Agosto. Também este domingo foi inaugurada a exposição “Mundo Fantástico da Arte do Centre Pompidou”. Novo formato Na cerimónia de apresentação do festival, a presidente do IC, Leong Wai Man referiu que este evento “não só pretende alargar os horizontes culturais das crianças e jovens locais, criando momentos artísticos para pais e filhos, como também proporcionará aos turistas neste Verão um programa de actividades apelativas para toda a família e uma experiência de turismo cultural totalmente nova”. Tal vai permitir que “mais pessoas possam experienciar plenamente o apelo de Macau como ‘Cidade de Espectáculos’, onde as culturas chinesa e ocidental convergem, e partilhar o júbilo das comemorações do duplo aniversário de Macau este ano”, nomeadamente os 25 anos da transferência de administração portuguesa de Macau para a China e o aniversário da fundação da República Popular da China. O MICAF divide-se em nove secções, apresentando um total de 45 espectáculos e actividades em mais de 1.000 sessões, incluindo artes performativas de nível mundial, um musical da Broadway, uma exposição de arte, um festival de cinema, que decorre na Cinemateca Paixão, e instalações de grande escala ao ar livre. Não faltam também acampamentos de arte, campo de música, workshops e uma feira de artes, que decorrem no Centro Cultural de Macau e zonas envolventes. O programa de encerramento, o “Dia de Diversão MICAF – Artes em Festa” será apresentado nos dois fins-de-semana de 23 a 25 de Agosto e de 30 de Agosto a 1 de Setembro, incluindo espectáculos dedicados aos temas “diversão aquática” e “bolhas” e várias actuações, tais como dança urbana, palhaçadas e teatro de marionetas. Além disso, haverá projecções de filmes ao ar livre e demonstrações dos resultados da aprendizagem de alguns dos participantes nos workshops realizados.
Hoje Macau EventosFRC | Pinturas de Zheng Xiaojun apresentadas hoje ao público Chama-se “Ela.Reino” e é a nova exposição de pintura patente na galeria da Fundação Rui Cunha que pode ser visitada a partir de hoje. Da autoria de Zheng Xiaojun, artista e docente de jornalismo, a mostra revela ao público de Macau figuras de mulheres e crianças que espelham ideais de beleza e do universo feminino É hoje inaugurada, a partir das 18h30, uma nova exposição na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) para os amantes da pintura. Chama-se “Ela.Reino” e é da autoria da artista e professora universitária Zheng Xiaojun. A mostra é co-organizada com a Associação de Arte Juvenil de Macau e inclui 35 pinturas de mulheres e crianças, revelando o traço típico de Zheng Xiaojun onde “a sensibilidade e o pensamento linear exploram a essência e o significado da vida”, segundo um comunicado da FRC. Com “Ela.Reino”, a arte “é um reino magnífico que entrelaça a realidade e a fantasia”, sendo que as obras de Zheng Xiaojun “servem de espelho para o seu mundo interior, captando momentos da vida e reflectindo as suas perspectivas e pensamentos puros”. “Nesta era cada vez mais distante e ansiosa, (…) as suas obras são uma exploração lírica da linguagem artística, um hino à vida e uma visão da natureza humana. As personagens que ela retrata transcendem o clamor da obra e encarnam, não só a delicada percepção da vida individual da artista, mas também um olhar profundo e uma terna compreensão (…), recriando um mundo de bondade e beleza, trazendo uma rara paz e relaxamento aos espectadores», adianta ainda a proposta expositiva. Entre a arte e o jornalismo Zheng Xiaojun é docente na Escola de Jornalismo e Comunicação da Universidade de Jinan, além de ser directora do Centro de Investigação de Inteligência Artificial e Novas Artes dos Media da Universidade de Jinan, cidade na província de Shandong, no Sudeste da China. A arte e Macau fazem parte da vida desta professora, uma vez que Zheng Xiaojun é membro da Associação dos Artistas de Belas-Artes de Macau. Os seus trabalhos foram seleccionados para integrar mais de 30 importantes exposições e concursos, incluindo a Bienal Internacional de Pequim, a Exposição Nacional de Pintura Chinesa, a Exposição Mundial de Arte e a Exposição Italiana de Design de Arte. A artista foi ainda enviada por um projecto estatal para cultivar talentos artísticos na Academia de Belas Artes de Roma, Itália, tendo feito diversos intercâmbios culturais também em Taiwan, África do Sul e Japão. As suas obras foram coleccionadas por entidades profissionais e instituições académicas, como o Museu Nacional de Arte da China, a Associação de Artistas Chineses, a Universidade de Rhodes, na África do Sul, a Universidade de Florença, em Itália e a Universidade de Chiba, Japão. É autora de “Twenty Mirrors Looking at the World – Interpretation of Contemporary Art Forms and Concepts” e outras monografias, tendo publicado recensões em importantes revistas a nível nacional e provincial. As obras vão estar expostas na FRC até ao dia 3 de Agosto.
Hoje Macau China / ÁsiaBanco central | Redução de taxa dos acordos de recompra O banco central da China anunciou ontem uma redução de 10 pontos base, de 1,8 por cento para 1,7 por cento, nas taxas aplicadas a um dos seus principais instrumentos de injecção de liquidez, os acordos de recompra a sete dias (“repos”). A instituição indicou que esta iniciativa – a última alteração a esta taxa foi em Agosto de 2023 – tem como objectivo “reforçar a regulação contracíclica e aumentar o apoio financeiro à economia real”. Na sequência, o Banco Popular da China injectou 58,2 mil milhões de yuan no sistema financeiro chinês através destes acordos de recompra a 7 dias a 1,7 por cento. Segundo Louise Loo, analista da Oxford Economics, esta decisão surge “um pouco mais cedo do que o previsto”: de acordo com as suas previsões, Pequim iria avançar com este corte no último trimestre do ano, na sequência do ciclo de reduções de taxas previsto pela Reserva Federal norte-americana (Fed). Numa declaração separada, o banco central chinês indicou também que vai reduzir as garantias que exige aos bancos e às instituições financeiras para os empréstimos no âmbito do Mecanismo de Empréstimo a Médio Prazo (MLF). Os MLF são um instrumento criado em 2014 para financiar os bancos comerciais e orientar as taxas de juro de referência. Quando estas são reduzidas, isso significa que o custo do dinheiro emprestado aos bancos é reduzido. A partir deste mês, segundo o BPC, as instituições participantes nos MLF que planeiam vender obrigações de médio ou longo prazo vão poder solicitar a redução gradual ou a dispensa dessas garantias.
Hoje Macau China / ÁsiaNanjing | Sobrevivente do massacre morre aos 99 anos Zhou Zhilin, um dos últimos sobreviventes chineses do Massacre de Nanjing, morreu a 20 de Julho, aos 99 anos de idade, informou ontem a instituição que preserva a memória do massacre. O Centro de Memória das Vítimas do Massacre de Nanjing afirmou, em comunicado, que a morte de Zhou fixa em 32 o número de sobreviventes do massacre, cometido pelas tropas japonesas no final de 1937. Zhou Zhilin, nascido em 1925, tinha 12 anos na altura do ataque e, segundo o seu testemunho, conseguiu esconder-se junto a um lago com o tio, que acabou por ser executado pelos soldados japoneses com uma baioneta. O então jovem Zhilin salvou-se fingindo-se de morto. Os relatos destas vítimas foram incluídos em 2015 no Registo da Memória do Mundo da Unesco. A 13 de Dezembro de 1937, o Exército japonês invadiu Nanjing e, nas seis semanas seguintes, as suas forças queimaram e pilharam, violaram em massa dezenas de milhares de mulheres e mataram entre 150.000 e 340.000 pessoas, de acordo com diferentes fontes históricas. Todos os anos, nesta data, a China comemora o seu próprio “holocausto” no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial com uma cerimónia no Memorial às Vítimas do Massacre de Nanjing perpetrado pelos invasores japoneses.
Hoje Macau China / ÁsiaMar do Sul | Pequim confirma “acordo provisório” com Manila O Governo chinês confirmou ontem que chegou a um “acordo provisório” com as Filipinas para “desanuviar” as tensões em torno de um atol no mar do Sul da China, reivindicado por ambos os países. Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, as duas partes concordaram em “gerir conjuntamente as diferenças em matéria de questões marítimas e trabalhar no sentido de desanuviar as tensões” na região, depois de terem chegado a um entendimento sobre o “reabastecimento humanitário de material de apoio” ao contingente filipino no Atol de Segundo Thomas. O acordo foi alcançado na sequência de uma reunião entre representantes dos dois países a 2 de Julho, que conduziu a novas consultas e ao estabelecimento de uma linha directa de comunicação entre o Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., e o Presidente Xi Jinping. Um dos principais pontos de discórdia entre as duas partes diz respeito ao antigo navio filipino Sierra Madre, que se encontra encalhado com uma guarnição militar no Segundo Thomas desde 1999 para reclamar a soberania sobre o atol. “Continuamos a exigir que as Filipinas reboquem o navio (Sierra Madre) e devolva a Ren’ai Jiao (Segundo Thomas) o estatuto de não albergar pessoal e instalações”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês no comunicado divulgado ontem. Se as Filipinas necessitarem de enviar material de salvamento para o pessoal do navio, a China está disposta a autorizá-lo num “espírito humanitário”, desde que Manila informe Pequim com antecedência e depois de ter sido efectuada uma “verificação no local”, de acordo com o texto oficial. Se as Filipinas enviarem “uma grande quantidade” de materiais de construção para o navio de guerra ou tentarem construir instalações fixas ou um posto avançado permanente, “a China não o vai aceitar de forma alguma e vai impedi-lo resolutamente, em conformidade com a lei”, sublinhou a diplomacia chinesa. “A China tem soberania sobre Ren’ai Jiao e o resto das Nansha Qundao (ilhas Spratly), bem como sobre as suas águas adjacentes”, lê-se na mesma nota. Conflitos crescentes Filipinas e China mantêm uma disputa crescente no Mar do Sul da China, onde os confrontos entre navios dos dois países se multiplicaram nos últimos meses. Além do Atol Segundo Thomas, Manila e Pequim disputam a soberania do recife de Scarborough, perto da ilha filipina de Luzón, e de várias ilhas do arquipélago de Spratly. As tensões entre China e Filipinas aumentaram desde que Marcos Jr. chegou ao poder em 2022. O líder filipino reforçou a aliança militar com os Estados Unidos e alargou o acesso das tropas norte-americanas às suas bases.
Hoje Macau Via do MeioApresentando Yu Xuanji, poeta chinesa da dinastia Tang Por Ricardo Primo Portugal Traduzimos a obra completa da poeta chinesa, da Dinastia Tang, Yu Xuanji, nascida em 844 e falecida, provavelmente, em 869. São 50 poemas, mais 5 fragmentos que restaram de uma obra que terá sido mais extensa. A produção poética da Dinastia Tang (618-915), considerada o ápice da poesia clássica chinesa, surpreende pela quantidade e qualidade, com formas fixas altamente codificadas. A popular antologia Poemas completos da Dinastia Tang, compilada posteriormente, no século XVII (Dinastia Qing), por ordem imperial, contém aproximadamente 50 mil poemas, escritos por 2200 autores. Terá havido mais escritores importantes e muitos textos se perderam. Há 190 mulheres entre esses autores, dentre as quais Yu Xuanji é um dos nomes de proeminência. Seus poemas foram publicados em vida em uma coleção chamada Fragmentos de uma Terra de Sonhos ao Norte, que se perdeu. Os 50 poemas que sobreviveram para nossa época foram recompilados na Dinastia Song (960-1279). Há uma extensa linhagem de poetas mulheres na China, a qual percorre as diferentes fases de uma literatura milenar quase sempre como corrente paralela ou específica em relação ao tronco principal. Na Dinastia Tang, período histórico de intensa vida urbana culta, a situação da mulher era bastante mais favorável que em outros momentos da história da China. A elas era atribuída uma posição social mais livre e igualitária em relação aos homens. Ainda que excluídas do sistema dos exames imperiais que selecionavam a elite dominante e impedidas de exercerem funções relevantes, muitas filhas de famílias abastadas podiam adquirir educação e conhecimento literário. As cortesãs e as monjas taoístas, como Yu Xuanji, formavam grupos sociais intercambiáveis (cortesãs tornavam-se monjas e vice-versa), com uma inserção particular nessa sociedade. As mais talentosas eram versadas nas artes clássicas (música, poesia, caligrafia, pintura) e eram tratadas como iguais em discussões e concursos de poesia. A vida, a obra e a lenda Yu Xuanji é uma das poetas mulheres chinesas mais afamadas, inclusive por sua biografia, não obstante pouco se conheça de fidedigno de sua história pessoal, além da obra considerada emblemática de uma consciência feminista precursora em relação à modernidade. De grande beleza, culta e dotada de uma inteligência viva, casou-se como concubina aos 16 anos, com Li Yi – jovem funcionário provincial e, como ocorria aos membros da elite confuciana selecionada pelos exames públicos, também poeta, a quem dedica diversos poemas pelo nome Li Zi’An, com quem teve uma relação intensa, alternando momentos de relativa separação e união. Separou-se definitivamente ou foi abandonada pelo marido, por exigência da “primeira esposa” três anos mais tarde, convertendo-se em monja taoísta e cortesã. A propósito, Yu Xuanji é seu nome de monja, tomado no mosteiro; “Xuanji” significa “mistério profundo”. Seu nome original era Youwei; “Yu” (Peixe) é o sobrenome, que, em chinês, precede o nome atribuído. Desde criança, era conhecida como talento poético precoce em Chang’An (hoje Xi’An), então a capital imperial. Aos 12 anos, foi tomada como discípula por Wen Tingyun (a quem chamava Feiqing), um dos mais importantes poetas da Dinastia Tang, de quem, em algum momento, poderá ter sido também amante. A ele dirigiu e dedicou vários de seus poemas. Morreu cedo, entre os 26 e os 28 anos de idade, executada por assassinato, em um caso polêmico e duvidoso. Ficou não apenas uma obra notável, mas também a lenda de uma mulher rebelde, irridenta, de vida livre para os padrões de sua sociedade e crítica da condição feminina. Por sua história de vida, Yu Xuanji acabou sendo assimilada à literatura, também, como personagem em obras de outros autores chineses e estrangeiros, em romances, contos, teatro e cinema; porém, nem sempre com apreciação valorativa. De fato, a lenda acompanhou os séculos seguintes, através de períodos, muitas vezes, mais conservadores da sociedade chinesa. Dos episódios que se contam de sua vida, há fabricações moralistas e difamatórias, retratando-a, amiúde, como personagem libertina, mesmo em produções mais recentes por exemplo, nos anos 80, foi lançado em Hong Kong um filme sobre sua vida; não o vimos, mas os comentários são de que se trata de um filme erótico ruim. Também há quem a apresente como uma “típica poetisa” da China, que, como todas, falariam sobretudo do amor e da solidão, temas então considerados “femininos por excelência”. Essa visão quanto ao que possa ser uma característica voz feminina na literatura não procede quanto a Yu Xuanji, nem às tantas outras poetas mulheres chinesas ou brasileiras. A leitura de sua obra completa apresenta uma poeta elegante, mas capaz de ousadias e provocações; corajosa e desafiadora das convenções sociais, na afirmação franca da sensualidade e do desejo; que demonstrava consciência da tradição e do público a que dirigia sua poesia; bastante crítica da condição feminina. É certamente uma voz feminina, e fala também, sim, da solidão, do amor e do desejo de um ponto de vista de mulher (como se os homens não falassem também disso). Mas gostaríamos de ressaltar em sua obra, mais simplesmente ou antes de qualquer consideração de gênero, a poeta refinada, que dominava os recursos e modelos requeridos à poesia clássica chinesa, nada devendo a outros poetas de seu tempo em técnica, domínio formal e diálogo com a tradição literária. Yu Xuanji, monja-poeta taoísta Quanto à inserção na tradição, um aspecto importante que ressalta em muitos de seus poemas é a referência à filosofia taoísta. A monja Yu Xuanji tinha, como modelo, os filósofos e poetas dessa confissão religiosa, como Li Bai (Li Tai-Po). Não é nosso objetivo aqui tentar apresentar a filosofia e o modo de vida dos mestres taoístas, nem descrever a enorme influência que exerce no imaginário dos chineses esta que é uma das correntes fundamentais de pensamento daquela civilização e que, na época em que vivia a poeta, era a religião oficial do Estado. Em linhas gerais, assinalemos, apenas para situar uma importante referência da obra da poeta correndo o risco de uma boa dose de simplismo que os mestres taoístas atribuíam ao vinho a inspiração para o exercício da poesia e dedicavam-se a uma vida não necessariamente de reclusão, mas, sobretudo, de meditação, contemplação da natureza e dissolução na experiência do “Tao”, na vivência de uma espiritualidade intensa, panteísta, que se colocava em busca da imortalidade. Relativa a esse objetivo de transcendência, há a busca do “elixir da imortalidade”, em certas histórias associado com o vinho. Na poesia de Yu Xuanji, há, entre outros temas taoístas, a exaltação do vinho e da festa; a ideia recorrente de que “tudo na vida acontece como sucessão de pares opostos” alegria e tristeza, prazer e dor…; a referência à imortalidade. Uma comparação – pouco acurada, mas não desprovida de pertinência – da opção de vida daqueles mestres com a tradição ocidental estaria, por exemplo, na proposta da “dissolução de todos os sentidos para fazer-se vidente”, de Rimbaud, ou na entrega a experiências com drogas, jazz, viagens e uma relação inconvencional com a sociedade “instituída”, da geração beatnik. O monge taoísta fazia uma espécie de “drop-out” à chinesa (a comparação é aproximativa, adequada só até certo ponto: o monge é um “marginal- instituído”; seu lugar social é reconhecido). Há boas traduções do Dao De Jing, de Lao Zi, em português, além de muitos livros sobre a filosofia taoísta em línguas ocidentais. Sobre a relação entre taoísmo, confucionismo, budismo e poesia, vale a leitura do mestre franco-chinês François Cheng.
Hoje Macau SociedadeBurla | Alegado criminoso encontrado por vítima em casino A Polícia Judiciária (PJ) deteve um residente oriundo do interior da China por suspeita de burlar uma mulher oriunda da China em três milhões de renminbis. Segundo o jornal Ou Mun, o homem terá conseguido extrair o dinheiro afirmando que o ia investir numa sala VIP de um casino. A mulher acabou por encontrá-lo num casino no Cotai, este domingo, tendo os dois começado a discutir, obrigando os seguranças que se encontravam no local a chamar a polícia. A PJ explicou depois que a mulher conheceu o alegado burlão em Outubro de 2019 nas redes sociais, tendo este prometido um retorno anual de 24 por cento pelo montante investido, caso o fizesse no segmento VIP de um casino. O suspeito, juntamente com outro homem ainda em fuga, convenceu a mulher a ver as salas de jogo pessoalmente, tendo esta transferido, entre 2019 e 2020, três milhões de renminbis, ainda que não tenha assinado nenhum documento comprovativo da transferência nem tivesse conhecimento dos dados da sala VIP onde estava a investir. Em 2020, a mulher ainda não tinha recebido qualquer retorno do dinheiro investido, tendo o homem assinado um documento que comprovava o empréstimo feito para investimento, mas ficou incontactável depois disso. O caso já foi encaminhado para o Ministério Público, podendo estar em causa a prática do crime de burla de valor consideravelmente elevado. A PJ continua ainda à procura do suspeito em fuga, além de estar a tentar recuperar o dinheiro perdido pela vítima.
Hoje Macau SociedadeSaúde | Mais de 220 camas de hospital para reabilitação Actualmente, estão disponíveis “mais de 220 camas hospitalares que prestam serviços de reabilitação aos doentes com necessidade”, relevou o director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, em resposta a uma interpelação escrita de Ho Ion Sang. O representante do Governo salienta que os SS têm subsidiado “instituições sem fins lucrativos para a prestação de serviços de reabilitação, com a intenção de prolongar a eficácia da reabilitação dos doentes durante o período de internamento hospitalar”. O deputado ligado à União Geral das Associações dos Moradores de Macau perguntou também ao Governo se pretende alargar os cuidados de saúde de proximidade e os serviços de consulta externa à distância aos lares de reabilitação. Neste ponto, Alvis Lo indicou que os SS avaliam a eficácia dos serviços em questão, de forma a aperfeiçoar procedimento, que irão “planear também a extensão progressiva dos mesmos serviços a outros lares ou instituições”. Hoje em dia, o programa de proximidade de serviços médicos abrange 14 lares de idosos e dois centros de reabilitação, subsidiados pelo Governo, prestando cuidados de clínica geral e especialidade a idosos com mobilidade reduzida. Em relação às consultas à distância, o programa lançado em Julho do ano passado começou por facultar o serviço a dois lares na fase inicial, alargando gradualmente para 13 lares de idosos e um centro de reabilitação.
Hoje Macau PolíticaIPIM | 40 empresários de Macau e China em Angola e Moçambique Entre amanhã e sexta-feira, uma delegação de 40 empresários de Macau, Hengqin e do Interior da China participam numa visita a Angola, a convite do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM). Segundo um comunicado divulgado ontem pelo IPIM, a delegação é composta por membros de associações comerciais e empresários dos sectores das finanças modernas, big health, tecnologia de ponta, comércio a retalho, novas energias e infra-estruturas. Um dos pontos altos da visita será a participação na Feira Internacional de Luanda (FILDA), “a maior e mais prestigiante exposição geral do Sudoeste Africano” e no Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa – Luanda. Na próxima segunda-feira, a agenda da comitiva é marcada pela Conferência de Promoção de Investimento de Macau-Hengqin 2024, que acontecerá em Moçambique. Ao longo das 14 edições do Encontro de Empresários, que se realiza desde 2005, foram organizadas mais de 3.600 sessões de bolsas de contactos e assinados mais de 100 protocolos, contando com a participação de mais de 5.800 empresários. Esta é a terceira vez que o encontro se realiza em Luanda.
Hoje Macau China / ÁsiaEmpresas estrangeiras na China elogiam políticas de mercado “mais justo” Grupos empresariais estrangeiros na China enalteceram na sexta-feira os objectivos traçados pelo Partido Comunista para gerar um ambiente de mercado “mais justo”, mas ressalvaram que vão aguardar para perceber se serão introduzidas alterações significativas na política económica do país. “Embora o comunicado não ofereça pormenores suficientes para determinar se serão introduzidas alterações significativas nas políticas, é positivo que os dirigentes chineses tenham reconhecido mais uma vez muitos dos ventos contrários com que se defronta a economia do país e tenham assinalado a sua intenção de aprofundar as reformas para criar um ambiente de mercado mais justo e mais dinâmico”, escreveu a Câmara de Comércio da União Europeia na China. Observando que “não parece haver qualquer desvio da prioridade imediata [do Governo chinês], que é equilibrar a sua recuperação económica com as preocupações de segurança nacional, mantendo simultaneamente a estabilidade social”, o grupo empresarial disse que “acompanhará de perto todas as medidas adoptadas”. Já a Câmara de Comércio Alemã na China disse que as associadas “esperavam mais orientações e esclarecimentos sobre as medidas de estímulo económico e as reformas. Em vez disso, parece que temos de nos preparar para uma política marcada pela cautela e pela continuidade”, vincou. Um comunicado divulgado no final da terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do PCC apontou que a ordem de trabalhos se centrou em estratégias para um crescimento económico autossuficiente e de “alta qualidade”. “O desenvolvimento de alta qualidade é a principal tarefa da construção de um país socialista moderno de forma abrangente”, lê-se no documento divulgado logo após a reunião. As tarefas deverão estar concluídas até 2029, ano do 80.º aniversário da fundação da República Popular da China. “A segurança nacional é uma base importante para o desenvolvimento estável e a longo prazo da modernização ao estilo chinês”, vincou o comunicado, observando que a “liderança do partido é a garantia fundamental” para alcançar esse objectivo. Braços abertos Na visão de Xi Jinping, o líder chinês mais forte das últimas décadas, a China deve alcançar um crescimento “genuíno” e converter-se numa potência industrial e tecnológica de nível mundial, com uma economia assente na produção de bens com valor acrescentado e alocação eficiente de recursos. Para as empresas estrangeiras, os sinais mais positivos são as passagens relacionadas com a abertura, que o comunicado considerou uma “característica definidora” da modernização chinesa. “Vamos alargar a abertura institucional, aprofundar a reforma estrutural do comércio externo [e] continuar a reformar os sistemas de gestão do investimento interno e externo”, lê-se no documento.
Hoje Macau China / ÁsiaShaanxi | Pelo menos 11 mortos em desmoronamento de ponte Pelo menos 11 pessoas morreram no desmoronamento de uma ponte no norte da China, noticiou no sábado a agência oficial chinesa Xinhua, numa altura em que parte do país regista chuvas torrenciais. Um balanço inicial aponta para mais de 30 desaparecidos, de acordo com a televisão estatal chinesa CCTV, que transmitiu imagens da ponte parcialmente desmoronada. A ponte de uma autoestrada desmoronou-se na sexta-feira à noite “devido a um forte aguaceiro e inundações repentinas” em Shangluo, na província de Shaanxi, acrescentou. Shangluo fica a cerca de 900 quilómetros a sudoeste de Pequim. A televisão estatal chinesa CCTV difundiu imagens da ponte parcialmente desmoronada, parte da qual se encontra no rio. Cinco veículos caíram ao rio e as operações de socorro prosseguiam durante a manhã de sábado, indicou a Xinhua, citando as autoridades locais. Desde terça-feira passada, vastas áreas do norte e centro da China têm sido atingidas por chuvas torrenciais, causando inundações e danos materiais consideráveis. Também na província de Shaanxi, as fortes chuvas causaram cinco mortos e oito desaparecidos em Baoji, onde vivem cerca de 3,2 milhões de pessoas, disse na sexta-feira a Xinhua. A China está a registar condições meteorológicas extremas este Verão, com temperaturas recorde em alguns locais, particularmente no norte do país, enquanto o sul está a sofrer com chuvas e inundações. As alterações climáticas, agravadas, de acordo com os cientistas, pelas emissões de gases com efeito de estufa, estão a tornar este tipo de condições meteorológicas extremas mais frequentes e mais intensas. Em Maio, 48 pessoas morreram no desmoronamento de uma autoestrada no sul da China, na sequência de chuvas torrenciais.
Hoje Macau China / ÁsiaMar do Sul | Manila e Pequim chegam a acordo sobre fronteiras A China e as Filipinas chegaram a um acordo que deverá pôr fim aos confrontos numa zona disputada do Mar do Sul da China, anunciaram ontem autoridades de Manila. As Filipinas ocupam o banco de areia “Second Thomas Shoal”, mas a China também o reivindica e na zona já se verificaram acções de intimidação das forças armadas dos dois países. O acordo crucial foi alcançado ontem, após uma série de reuniões entre diplomatas filipinos e chineses em Manila e trocas de notas diplomáticas com o objectivo de estabelecer um acordo mutuamente aceitável no banco de areia, sem conceder as reivindicações territoriais de qualquer das partes. Funcionários filipinos confirmaram o acordo à Associated Press, sob condição de anonimato, antes do anúncio público. A China tem disputas com vários governos sobre as fronteiras terrestres e marítimas, muitas das quais no Mar do Sul da China, e o acordo com as Filipinas pode suscitar a esperança de que Pequim possa forjar acordos semelhantes com outros países rivais para evitar confrontos. A guarda costeira chinesa e outras forças utilizaram canhões de água potentes e manobras de bloqueio perigosas para impedir que alimentos e outros abastecimentos chegassem ao pessoal da marinha filipina no posto avançado de Manila naquele banco de areia. O impasse territorial que se arrasta há anos tem-se tornado mais intenso desde o ano passado quando navios da guarda costeira chinesa bloquearam o acesso à zona.