Pequim | Preparados para combater por Taiwan

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China está a ficar sem paciência para o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na questão de Taiwan, escreveu ontem a imprensa estatal, afirmando que Pequim está pronta a combater pelo território.

Trump disse na semana passada que poderá reconsiderar o princípio “uma só China”, visto por Pequim como uma garantia de que Taiwan é parte do seu território, e reconhecido por Washington desde 1979.

O Presidente eleito dos EUA quebrou já no mês passado com a tradição diplomática norte-americana, ao aceitar a chamada telefónica da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.

No sábado, depois dos comentários feitos numa entrevista ao jornal Wall Street Journal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês avisou que o princípio “uma só China” é inegociável.

Ontem, o jornal estatal China Daily disse que a questão de Taiwan é “uma caixa de Pandora de potencial letal”.

A China tem dado o benefício da dúvida a Trump, mas se ele “está determinado a fazer este jogo ao assumir funções, será inevitável um período de interacção hostil e nociva, e Pequim não terá outra escolha a não ser preparar-se para combater”.

Donald Trump prometeu uma postura dura face ao que considera ser concorrência desleal por parte da China e sugeriu que a política “uma só China” poderá servir como moeda de troca nas negociações com Pequim.

“Tudo está sob negociação, incluindo o princípio ‘uma só China'”, afirmou.

Pouco espaço

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência.

Já a ilha onde se refugiou o antigo Governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.

Os EUA reconhecem Pequim como o único Governo legítimo de toda a China desde 1979.

O jornal Global Times, visto como próximo do PCC, avisou ainda que Trump tem menos espaço para negociar do que julga.

A China vai “combater impiedosamente quem defender a independência de Taiwan”, afirmou em editorial na segunda-feira.

Se Trump optar por usar a ilha como moeda de troca, talvez “acabe por ser sacrificado devido a essa estratégia desprezível”.

O mesmo jornal escreveu no mês passado que a decisão de São Tomé e Príncipe de cortar relações diplomáticas com Taiwan “não foi acidental”, constituindo, “obviamente, um castigo” para Tsai Ing-wen.

A Presidente de Taiwan fez este mês duas paragens nos EUA, numa viagem com destino à América Central, apesar dos protestos de Pequim.

No regresso, Tsai afirmou que a sua “nova direcção” para a política externa é clara.

“Devemos continuar a trabalhar para que Taiwan seja visto, para que Taiwan dê o seu contributo para o mundo”, disse.

17 Jan 2017

Amiga da Presidente sul-coreana contesta ter obtido benefícios

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hoi Soon-sil, que está no centro de um escândalo de corrupção na Coreia do Sul, negou ontem ter obtido qualquer benefício ou privilégio, durante o seu testemunho no processo que já levou à destituição da Presidente Park Geun-hye.

“Nunca obtive benefícios ou privilégios. Isto resulta de conclusões precipitadas”, disse Choi, de 60 anos, amiga da presidente e conhecida como “Rasputina sul-coreana”, durante a audiência, citada pela agência Yonhap.

Choi, detida desde Novembro, negou perante o Tribunal Constitucional, tal como já tinha feito perante o parlamento e o tribunal penal que investiga o caso, os crimes de que é acusada e incluem abuso de poder, chantagem ou tentativa de fraude.

A declaração aconteceu na quinta sessão do processo para analisar a destituição da Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, aprovada pela Assembleia Nacional no passado dia 9 de Dezembro devido a suspeitas de que cooperou com Choi, sua amiga próxima, para extorquir grandes empresas.

A equipa do Ministério Público encarregue de investigar o caso considera que Choi, com a conivência de Park, extorquiu os principais conglomerados do país para fazer entrar 77.400 milhões de wones (cerca de 61 milhões de euros) em duas fundações que controlava.

À defesa

Choi queixou-se no tribunal dos procedimentos da equipa de investigação do Ministério Público e por momentos levantou a voz para responder ao que disse serem “perguntas tendenciosas”.

Choi defendeu também a inocência da Presidente, apesar de admitir visitá-la com alguma frequência e ajudá-la com “assuntos pessoais”, tendo acesso a rascunhos de discursos de Park – considerados material presidencial confidencial – que modificou para lhes dar mais “emoção”.

O Tribunal Constitucional sul-coreano tem até inícios de Junho para ratificar ou rejeitar a destituição de Park aprovada pelo parlamento.

Caso a destituição seja aprovada, devem realizar-se eleições presidenciais num prazo não superior a 60 dias desde o veredicto.

17 Jan 2017

Nuclear | Espanha avança com obra em Almaraz

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]spanha vai iniciar “nos próximos dias” a construção do armazém de resíduos nucleares na central de Almaraz, disse à Lusa o secretário de Estado para a União Europeia espanhol.

Jorge Toledo reuniu-se esta segunda-feira de manhã com a secretária de Estado dos Assuntos Europeus portuguesa, Margarida Marques, em Lisboa.

Questionada pela Renascença sobre se entende a decisão espanhola como uma provocação, Margarida Marques desvalorizou a intenção de Madrid. “Isso faz parte do processo normal relativamente a este caso. Isso não é novo”, afirma.

“O que o secretário de Estado nos informou é que o que está neste momento em causa é a construção física do edifício e que não houve ainda por parte de Espanha uma decisão sobre a entrada em funcionamento do edifício”, diz.

“O que é importante salientar é que é natural que entre dois países amigos como Portugal e Espanha haja uma diferença de análise da situação e, portanto, nós entendemos que a legislação comunitária não foi respeitada neste sentido relativamente à Comissão Europeia”, acrescenta a secretária de Estado.

Portugal vai enviar “rapidamente” uma queixa para a Comissão Europeia. “Neste momento não lhe sei dizer se a queixa já seguiu ou não, mas será enviada rapidamente para a Comissão Europeia”, confirma Margarida Marques.

Questionada sobre se não considera que Espanha devia aguardar por essa resposta de Bruxelas antes de avançar com a obra física, a governante portuguesa responde: “É evidente que nós preferíamos que o processo tivesse sido diferente e, por isso, face à forma como o processo evoluiu, entendemos que devemos apresentar uma queixa junto da Comissão Europeia”.

À Lusa, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus afirmou que “a obra civil, que vai durar quase um ano, vai começar nos próximos dias, mas é uma obra civil. Ainda não se iniciou o procedimento de autorização da operação, do funcionamento do armazém, que terá, como é normal, todas as garantias, necessitará de um relatório do Conselho de Segurança Nuclear espanhol para que tenha absolutamente todas as garantias”.

O governante espanhol disse ainda que a construção do armazém na central de Almaraz pretende garantir a segurança. “Se não houvesse armazém, estaríamos perante um cenário de insegurança”, disse.

17 Jan 2017

Ho Chio Meng | Antigo chefe de gabinete fala sobre viagem à Europa

O antigo chefe de gabinete do ex-procurador de Macau confirmou que a viagem de Ho Chio Meng à Europa com familiares, cujas despesas foram pagas pelo Ministério Público, teve o aval de Edmund Ho.

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ntónio Lai Kin Ian foi ouvido na passada sexta-feira pelo segundo dia na qualidade de testemunha no Tribunal de Última Instância (TUI) no julgamento de Ho Chio Meng, que responde por mais de 1500 crimes, incluindo burla, abuso de poder, branqueamento de capitais e promoção ou fundação de associação criminosa em autoria ou co-autoria com outros nove arguidos (incluindo o seu antigo chefe de gabinete), os quais vão ser julgados num processo conexo a partir do próximo mês.

Ho Chio Meng, que liderou o Ministério Público (MP) entre 1999 e 2014, deslocou-se a Copenhaga, no Verão de 2005, para participar na Reunião Anual da Associação Internacional de Procuradores. E, segundo a acusação, aproveitou a oportunidade para usar o erário público para levar familiares, nomeadamente a sua mulher, para realizar viagens privadas na Holanda, Alemanha e nos quatro países nórdicos.

“Eu ouvi o conteúdo da conversa. (…) Certas partes, não ouvi tudo”, afirmou António Lai, precisando que foi até ele próprio quem chamou a atenção do seu superior de que era preciso falar com o Chefe do Executivo, Edmund Ho, sobre a viagem à Europa.

“Do meu entendimento, o Chefe [do Executivo] sabia que o procurador ia levar a esposa para a reunião e visita aos países nórdicos”, sublinhou, dando conta de que bastava um telefonema, pois o antigo procurador e o ex-líder do Governo tanto comunicavam verbalmente, como por escrito.

Versões diferentes

O testemunho de António Lai confirma a versão de Ho Chio Meng que anteriormente afirmou ter tido o aval, por telefone, do então Chefe do Executivo.

Ho Chio Meng disse também na altura que o convite que lhe foi endereçado pela Associação Internacional de Procuradores abrangia a mulher e fez questão de sublinhar que foi a única vez que levou a mulher consigo durante o período em que foi procurador.

Contudo, António Lai respondeu afirmativamente quando questionado relativamente à existência de outras deslocações em que Ho se fez acompanhar por familiares, mas não soube especificar quantas vezes tal sucedeu. Sobre quem arcou com esses gastos, o ex-chefe de gabinete afirmou: “Do meu conhecimento, as coisas ligadas a missões oficiais foram pagas pelo MP”.

Um documento exibido em tribunal sobre a referida viagem à Europa incluía cinco nomes: o de Ho Chio Meng, o da sua mulher, Chao Siu Fu, do sobrinho Ieong Chon Kit (que o antigo procurador afirmou ser menor e cujas despesas garantiu ter pagado, pelo menos parcialmente), bem como o de Lee Kin Kei – funcionário do MP e também sobrinho de Ho Chio Meng – e o do seu cunhado Zhou Wen Sheng.

No encontro na Dinamarca participaram outros membros do MP, nomeadamente magistrados, mas que não partiram na mesma data para a Europa e essas viagens não foram organizadas pela mesma empresa, mostrando dois tratamentos para a mesma reunião.

António Lai explicou que “essa situação existia”, revelando que, quando foi criado o grupo de administração geral, Ho Chio Meng deu a “indicação” para que em “tudo o que tivesse que ver com deslocações ao estrangeiro ou missões de serviço [dele] não se identificar os nomes das pessoas”, embora não se recorde quando foi dada a referida instrução. “Acho que era por ser confidencial”, afirmou António Lai.

Por causa das despesas de viagem para indivíduos não pertencentes ao MP, envolvendo mais de 227 mil patacas, o antigo procurador responde por um crime de valor consideravelmente elevado ou um crime de abuso de poder.

O julgamento continua hoje.

16 Jan 2017

Mulher com vírus de gripe das aves afinal não está infectada

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] mulher de 72 anos que na quinta-feira que teve um resultado positivo para H7N9, tornando-se no primeiro caso importado de infecção humana com o vírus da gripe aviária em Macau, já não está infectada.

Segundo os Serviços de Saúde, os resultados dos exames realizados este sábado à paciente, internada sob regime de isolamento, nomeadamente das amostras recolhidas da faringe, sangue e urina, “revelaram-se negativos à presença do vírus de gripe aviária H7N9”.

A mulher é de Macau, mas reside na China, onde cria galinhas e fez compras em mercados de aves. Por ter sido diagnosticada com pneumonia, a idosa ficou em isolamento.

Já na quinta-feira, os Serviços de Saúde indicavam que, apesar de o primeiro resultado do teste ao vírus H7N9 ter sido positivo, o segundo foi negativo. Nesse dia, os Serviços de Saúde deram conta que, no total, desde que entrou em Macau, a idosa teve contacto com 43 pessoas, incluindo 32 profissionais de saúde, quatro doentes, quatro bombeiros e três familiares, dois dos quais residentes na região, em acompanhamento.

Considerava-se que o risco de contágio não era elevado porque “a infecção de aves para humanos é mais alta do que entre humanos no vírus H7N9”, além de que a doente foi transportada imediatamente para o hospital, explicou na altura o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion.

A mulher, que também sofre de diabetes e hipertensão, foi trazida por via terrestre por familiares para Macau na terça-feira, depois de ter sido hospitalizada no interior da China no domingo e de ter tido alta na segunda-feira, explicaram as autoridades de saúde aos jornalistas.

À entrada em Macau, a mulher não apresentava febre, mas foi chamada uma ambulância que a transportou desde o posto fronteiriço das Portas do Cerco, explicaram.

Em Dezembro, um homem de 58 anos residente no local e dono de uma banca de venda de aves por grosso, foi diagnosticado com H7N9, sendo, de acordo com os Serviços de Saúde, o primeiro caso de uma infecção de gripe aviária em humanos em Macau.

Este caso levou ao abate pelas autoridades de Macau de cerca de 10 mil aves de capoeira e à suspensão da sua venda por três dias depois de detectarem o vírus da gripe aviária no mercado abastecedor.

O vírus foi detectado num ‘stock’ de 500 galinhas sedosas, mas por motivos de segurança foram abatidas todas as aves que se encontravam no mercado abastecedor, incluindo 6.730 galinhas normais e cerca de 3.000 pombos, segundo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Esta foi pelo menos a terceira vez em 2016 que o vírus da gripe aviária foi detectado em Macau.

16 Jan 2017

Empresa do Hotel New Century não desiste da licença

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) anunciou o cancelamento da licença do Hotel Palácio Imperial Beijing, antigo New Century, a pedido do detentor da mesma. Contudo, em comunicado, a empresa responsável pelo empreendimento, a Empresa Hoteleira de Macau Limitada, confirma que irá pedir uma nova licença de operação do espaço hoteleiro à DST, assim que todos os problemas forem resolvidos.

“Temos planos para desenvolver, renovar e voltar a pedir a licença de operação do hotel assim que as irregularidades causadas pela antiga direcção da empresa forem rectificadas e assim que tudo esteja em conformidade. A nova direcção da empresa está empenhada em manter uma relação profissional com a DST e todas as entidades reguladoras”, lê-se no comunicado.

O mesmo documento explica todos os problemas que a empresa tem vindo a enfrentar nos últimos meses. “A Macau Hotel Developers Limited, liderada por Ng Man Sun, criou equipas de engenheiros e pediu uma licença de trabalho à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes por forma a permitir a remoção de estruturas ilegais que neste momento estão a sobrecarregar o hotel e também para outros trabalhos de remodelação. Contudo, como resultado de severas e problemáticas irregularidades causadas por e herdadas de Chen Mei Huan e Xu Jiaoji (antigos gestores), as licenças de trabalho estão ainda sob análise e com a aprovação pendente.”

Para além disso, “as autoridades levantaram preocupações quanto à posse da propriedade do terreno do hotel”. “Tendo em conta o iminente fim do prazo do fecho temporário do empreendimento, a 22 de Janeiro, e a inviabilidade dos trabalhos de renovação serem concluídos antes da aprovação das licenças de trabalho, a Macau Hotel Developers Limited vê-se forçada a retirar o pedido de licença junto da DST”, afirma a empresa.

A DST determinou a 22 de Julho o encerramento provisório do hotel de cinco estrelas – um facto que sucedeu pela primeira vez no território – “por graves infracções administrativas, ameaça da segurança pública e da imagem da indústria turística”, uma medida com a duração de seis meses, que previa a possibilidade de reabertura no fim do prazo no caso de corrigidas as irregularidades.

Contudo, na quinta-feira, a DST recebeu uma carta do detentor da licença do hotel – a Empresa Hoteleira de Macau Limitada – a solicitar o cancelamento da mesma, pelo que, no dia seguinte, a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, emitiu um despacho para o cancelamento da licença do hotel, “ficando assim sem efeito os procedimentos de encerramento aplicados ao estabelecimento”.

Desde 2014 até Julho de 2016, foram abertos procedimentos sancionatórios e aplicadas multas com um valor global de 55.570 patacas, segundo indicou Helena Senna Fernandes.

O hotel abriu portas em 1992 sob o nome de New Century, tendo sido alterado, em 2013, para Hotel Palácio Imperial Beijing. O hotel tem estado envolvido numa série de problemas, desde conflitos laborais a outras disputas que chegaram aos tribunais.

16 Jan 2017

Pequim reitera a Trump que política ‘Uma só China’ é inegociável

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês reiterou que a política ‘Uma só China’ é “inegociável”, depois de o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltar a ameaçar que não a respeitará se Pequim não aceitar negociar os laços comerciais bilaterais.

“Instamos os Estados Unidos a darem-se conta da elevada sensibilidade da questão taiwanesa e a respeitarem os compromissos tomados pelos anteriores governos norte-americanos”, assinalou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado citado pela agência oficial Xinhua.

O Governo da China é o único com legitimidade para representar essa nação, algo que é “reconhecido internacionalmente e que ninguém pode mudar”, sublinhou a fonte.

Trump deu a entender, na sexta-feira, numa entrevista ao jornal Wall Street Journal, que não respeitará o princípio de ‘Uma só China’, que implica não reconhecer Taiwan como um Estado, a menos que Pequim altere práticas comerciais e políticas monetárias que considera prejudiciais aos Estados Unidos.

“Tudo está em negociação, incluindo o princípio de ‘Uma só China’”, sublinhou Trump, algo que já tinha dito em Dezembro durante uma entrevista à televisão Fox News, e que também despertou críticas e preocupação de Pequim.

A China obriga todos os países com quem mantém laços diplomáticos a respeitarem esse princípio, segundo o qual o Governo de Taiwan – nascido do exílio da ilha na guerra civil entre comunistas e nacionalistas – não é legítimo e não é possível ter laços diplomáticos oficiais com ele.

Trump, que em Novembro aceitou uma chamada telefónica da Presidente taiwanesa, Tsai Ying-wen, um gesto que também foi condenado pelo regime comunista chinês, tem mostrado, desde a sua vitória eleitoral, que pretende ter uma política dura face à China, tanto em termos políticos como comerciais.

Os meios de comunicação oficiais chineses alertaram na semana passada que os Estados Unidos caminham para um “confronto devastador”, levantando até a hipótese de um conflito bélico, incluindo nuclear, entre as duas maiores economias mundiais, caso as ameaças de Trump se materializarem.

16 Jan 2017

Qi Chen, o pioneiro do investimento chinês no futebol em Portugal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] empresário Qi Chen é o rosto dominante do investimento da China no futebol em Portugal, com ligações a vários clubes nacionais em nome do objectivo de promover o desenvolvimento dos jovens futebolistas chineses. Pinhalnovense e Torreense são desde 2015 pontos de passagem obrigatórios no projecto deste investidor, nos quais figuram vários jogadores oriundos do seu país, entre os 18 e os 21 anos.

Porém, a ligação a Portugal começou a ser trilhada em 2006, quando intermediou a transferência para o Benfica de Yu Dabao, hoje com 28 anos, a jogar no Beijing Guoan. Pelo caminho registou-se ainda a criação, em 2011, do Oriental Dragon FC, um clube só com jovens jogadores chineses entre os 15 e os 18 anos, bem como a Future Stars Football League, uma prova que acolhia este emblema e equipas dos escalões de formação de Vitória de Setúbal e Belenenses, entre outros. Tudo sob o patrocínio da WSports Seven, a empresa de Qi Chen.

Em entrevista à Lusa, Qi Chen explicou que o clube da Margem Sul “foi uma oportunidade que surgiu” para reforçar a sua aposta em Portugal, num investimento que quer juntar a componente desportiva à vertente de “formação dos jogadores chineses”.

“O objectivo para o clube é obter bons resultados. O objectivo para os jogadores chineses é eles poderem dar valor a esta plataforma e às condições que lhes estão a ser proporcionadas, aprendendo mais acerca do futebol em Portugal, da atitude profissional nos jogos e nos treinos, e que possam depois levar melhores ensinamentos para a China”, referiu.

Sem querer quantificar os montantes já investidos desde que iniciou este projecto em Portugal, o empresário asiático assumiu que já gastou “algum dinheiro”, mas que contribuiu também para ajudar “clubes em dificuldades e receptivos a investimento estrangeiro”.

“Aproveitei a oportunidade para poder dar continuidade ao projecto de formação dos nossos jovens. Não tem sido fácil. Tivemos vários obstáculos, como os problemas de comunicação e as diferenças culturais. Tudo isso foi causando contratempos ao longo dos anos. Neste caso, acho que mesmo assim tem valido a pena, porque já conseguimos que alguns jogadores do nosso projecto seguissem para grandes clubes na China”, acrescentou.

A ambição da China de se tornar uma potência do futebol nas próximas décadas está ainda a dar os primeiros passos. Mas, se o recrutamento de grandes jogadores já se verifica, a colocação de futebolistas chineses em clubes europeus de relevo está por materializar. Porém, isso não é ainda uma prioridade, como revelou Qi Chen, quando questionado sobre a carreira destes jovens.

“Tudo depende do jogador e do nível a que consegue chegar aqui em Portugal. Se conseguirem chegar a um patamar superior, a situação ideal seria uma transição para uma equipa da I ou II Liga aqui em Portugal ou para um outro clube europeu. Se chegarem ao limite da idade e não tiverem o nível que é esperado neles, terão de regressar à China e jogar na primeira ou segunda divisão chinesas”, sublinha.

Depois da investida deste empresário no futebol português, já outros compatriotas lhe seguiram as pisadas, sendo disso exemplo o patrocínio da II Liga de futebol pela empresa Ledman. Todavia, Qi Chen acredita que ainda há espaço e oportunidades no futebol em Portugal para mais investimento chineses.

“Desde que comecei a investir aqui em Portugal já atraí muitas atenções de clubes e investidores do futebol chinês e isso é sempre um cartão de boas vindas para outros investidores começarem a apostar no futebol português”, concluiu.

Um jogador e um sonho

A comunicação entre chineses e portugueses é apontada por todos como a maior barreira, mas um dos jovens já deu esse ‘grande salto em frente’. Lingfeng, de 19 anos, passou na época passada pelos escalões de formação do Sporting e, além do talento nos relvados, consegue já expressar-se em língua portuguesa.

“O português é muito diferente do chinês”, começa por dizer o jovem médio, explicando também as profundas diferenças que encontrou dentro das quatro linhas: “É mais difícil jogar aqui em Portugal. Os jogos têm mais intensidade e também temos mais encontros do que na China.

Aqui é tudo muito mais táctico do que aquilo que tínhamos no nosso país”.

Cumprir uma carreira no futebol europeu é o “sonho” de Lingfeng, mas, para que tal se concretize, o jogador espera seguir as instruções de Qi Chen.

“Pediu-nos para ajudar a equipa, para darmos o nosso melhor e que tínhamos de trabalhar muito para jogar. A adaptação não foi muito fácil, mas gosto muito desta equipa. Este clube é grande e tem muita história”, admitiu o médio.


Shiao Wei, o chinês que não quer regressar

O avançado do Leixões Shiao Wei é o futebolista chinês mais utilizado pelos clubes das Ligas profissionais portuguesas e assume o objectivo de prosseguir a carreira na Europa, em detrimento do regresso ao seu país. Shiao Wei, de 21 anos, cresceu a sonhar com as Liga inglesa e espanhola, mas agora quer afirmar-se no Leixões e chegar à I Liga, preferindo a “qualidade do futebol europeu” ao “muito dinheiro” na Liga chinesa.

Wei tem sido um raro caso de sucesso entre os seis jogadores chineses a alinhar nas competições profissionais em Portugal, somando 65% de utilização pelo Leixões na II Liga, Taça da Liga e Taça de Portugal. O avançado chegou ao futebol português em 2013/14, para representar os juniores do Boavista, período que em entrevista à agência Lusa, Wei recordou como tendo sido “muito difícil”. “No primeiro ano, nos juniores, apenas joguei meia época. O futebol português não é diferente do chinês mas foi mais difícil para mim porque era o único jogador chinês e não falava português”, explicou o internacional nos escalões de formação.

Oriundo de um país onde não há campeonatos de formação, Wei encarou a vinda para Portugal como uma ponte “para jogar na Europa” e os esforços de adaptação são visíveis, exprimindo-se com algum desembaraço na língua portuguesa. “Queria jogar aqui, ser melhor jogador. A China tem muito dinheiro, mas eu gosto mais deste futebol”, confessou o avançado que soma 17 jogos pelo Leixões esta época, 12 deles na II Liga.

Wei explicou depois a ambição dos jovens chineses que sonham um dia afirmar-se pela via do futebol, confirmando que também os chineses são bem pagos no seu país. “A nós também pagam muito dinheiro, todos os clubes. Há aqui muitos jogadores jovens que vem para cá aprender e depois voltam para lá, onde é fácil ganhar dinheiro”, disse.

Wei jogou oito anos no Shandong Luneng e reafirma que agora quer é jogar no futebol europeu. “Eu não quero voltar para a China. Fui internacional sub-15, sub-16, sub-21 e sub-23 mas eu quero é jogar na I Liga. Antes de vir para cá queria jogar em Inglaterra ou em Espanha, mas agora tenho 21 anos, já não sou muito novo, e quero jogar no Leixões e depois na I Liga”, garantiu Wei, autor do golo da última vitória do clube de Matosinhos na II Liga, diante do Penafiel (2-1), no minuto 90+3.

Afirmando sentir no futebol nacional “muito melhor do que se estivesse na China”, Wei não escondeu a preferência quando instado a dizer em que posição gosta de jogar. “Sinto-me bem a jogar a ponta de lança, foi assim quando cheguei ao Boavista. Nos seniores também joguei nessa posição ou a extremo, mas gosto é de jogar a ponta de lança”, assegurou.

Com mais um ano e meio de contrato com o Leixões, Wei não hesitou quando convidado a desvendar qual é o seu ídolo, respondendo Cristiano Ronaldo.

16 Jan 2017

Londres | Ser português além de “passar o dia no café”

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]uas jovens portuguesas lançaram um projecto multimédia intitulado “Little Portugal” para promover a comunidade portuguesa em Londres, recolhendo testemunhos em vídeo que disponibilizam numa página de Internet. A equipa inclui uma ‘designer’ portuguesa, um compositor de música romeno e uma operadora de câmara checa, mas a cara do projecto lançado no final do ano passado são as portuguesas Catarina Demony e Ana Có.

“O projecto começou para ser uma celebração do que os portugueses estão a fazer aqui em Londres. Há muitas gerações, há todo o tipo de pessoas da comunidade portuguesa a viver em Londres e temos o objectivo de dar a voz a essa comunidade portuguesa”, disse Ana Có, responsável pelo programa de actividades de uma organização não-governamental em Londres.

Formada em Ciências Política, Ana Có considera que existe mais para além do “estereótipo que passa o dia no café português. Há cada vez mais portugueses com qualificações e com cargos importantes que lideram na comunidade inglesa”.

A ideia surgiu em conversa com a jornalista Catarina Demony, cuja amizade remonta à vida em Portugal e que reataram durante os estudos universitários em Inglaterra. Sendo ambas jovens, possuem uma experiência diferente do que é o Portugal contemporâneo e pretendem mostrar um lado mais moderno do país, que, além de profissionais da limpeza, construção ou restauração, também produziu criativos e empreendedores.

“Quando começámos o projecto não sabíamos muito sobre a comunidade portuguesa”, admitiu Catarina Demony, para quem o primeiro passo foi convencer as pessoas da validade do projecto. Entretanto, já publicaram nove entrevistas, incluindo de políticos, empresários, activistas ou profissionais de várias gerações, incluindo um professor inglês que dá aulas de língua inglesa a portugueses.

“Eu e a Ana já nos conhecemos há muitos anos e temos as duas uma grande paixão por contar histórias”, afirmou. Na sua opinião, “há uma necessidade de, tanto para os britânicos como para os portugueses em Portugal, que a vida de emigrante não é um conto de fadas”, por isso quer mostrar tanto os casos de sucesso como as histórias de dificuldades.

O projecto é independente e, garantem, sobrevive do próprio esforço e financiamento. O envolvimento dos restantes membros da equipa veio por amizade, o que as obriga a explicar o contexto de algumas entrevistas e comportamento dos portugueses, como os encontros para beber café ou para ver futebol. “Ter amigos que não são portugueses a trabalhar neste projecto faz-me sentir que estou a conhecer Portugal um bocadinho mais porque temos de explicar-lhes estes detalhes”, brincou.

16 Jan 2017

Alexis Tam encontra-se em Pequim com dirigentes do Governo Central

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro aconteceu na quarta-feira, mas o comunicado oficial só chegou ontem. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura esteve reunido, na capital, com responsáveis dos ministérios da Educação e da Cultura, bem como da Administração Geral do Desporto da China. Trocaram-se ideias sobre as áreas da tutela de Alexis Tam e foi apresentada a candidatura de Macau como “cidade gastronómica”. Falou-se ainda sobre o desenvolvimento do território como “centro de intercâmbio cultural entre a China e os países de língua portuguesa”, e o desenvolvimento de actividades desportivas.

Na reunião com o vice-ministro da Educação, foram elogiados os resultados de Macau neste sector. Du Zhanyuan congratulou-se com “a importância dada pelo Governo de Macau à igualdade nas condições de ensino, com uma constante melhoria do ambiente de aprendizagem dos adolescentes, nomeadamente mediante medidas como o projecto ‘obra de céu azul’ e o programa de avaliação PISA”.

Já o secretário comentou que “este é o primeiro ano em que aumenta, de forma significativa, o número de estudantes de Macau recomendados para estudarem na China”, tendo-se verificado que a iniciativa “é muito bem acolhida pelas escolas e pelos estudantes” locais.

Alexis Tam referiu ainda que a gastronomia faz parte da cultura chinesa e que Macau está a candidatar-se para entrar na Rede das Cidades Criativas na área da Gastronomia, algo que “beneficiará o desenvolvimento adequado e diversificado da economia local”. Du Zhanyuan “concordou e manifestou total apoio da Comissão Nacional da China para a candidatura de Macau junto da UNESCO”, lê-se no comunicado.

Quanto ao encontro com o ministro da Cultura, teve como objectivo promover a criação do Centro de Intercâmbio Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Luo Shugang prometeu que a estrutura que lidera “vai aproveitar os abundantes recursos culturais do Interior da China para ajudar o Governo da RAEM a criar mecanismos [de cooperação com o espaço lusófono], assim como apoiar a criação do Centro de Intercâmbio Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

Por fim, na reunião com o director da Administração Geral do Desporto da China, Gou Zhongwen prometeu “continuar a apoiar o desenvolvimento do sector desportivo de Macau e a participação da RAEM nos Jogos Olímpicos”.

13 Jan 2017

Negócios| Macau quer mais convenções

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]briu ontem portas a 13.ª edição do Fórum para a Cooperação Internacional da China (CEFCO, na sigla inglesa), que nos próximos três dias terá lugar no Venetian. A abertura do evento contou com a presença do secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, bem como de Yao Jian, vice-director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o fórum contou, pela primeira vez, com representações de países de língua portuguesa, como Angola, Brasil ou Guiné-Bissau.

No seu discurso, Lionel Leong referiu que o evento conta com a participação de 800 representantes, e que vai servir para abordar os desafios da indústria de convenções e exposições a nível global. O secretário adiantou ainda que Macau irá continuar a seguir a estratégia de “prioridade às convenções”, introduzindo mais projectos de convenções de alta qualidade, aproveitando as vantagens únicas do território.

Lionel Leong assinou ainda um protocolo com o presidente do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional, Jiang Zengwei, em relação à promoção do desenvolvimento da indústria de convenções e exposições de Macau.

O evento realiza-se pela primeira vez numa cidade fora da China Continental. A edição anterior foi realizada em Yinchuan, na região autónoma de Ningxia, tendo atraído a participação de mais de 600 organizadores de eventos, quadros superiores, elites e académicos da indústria de convenções e exposições.

13 Jan 2017

Banda larga | CC diz que consumidores informados devem escolher os melhores operadores

O Conselho de Consumidores levou a cabo uma investigação sobre os planos de Internet da fibra óptica, tendo chegado à óbvia conclusão que só um consumidor informado poderá escolher da melhor forma entre os dois operadores no mercado

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]uidado com as promoções. Podem ser aliciantes à primeira vista, mas levar a uma decisão precipitada na altura de escolher um plano de Internet de banda larga em fibra óptica. As óbvias recomendações são do Conselho de Consumidores, que publicaram um relatório onde avaliaram as várias opções oferecidas pelos dois operadores no mercado.

De acordo com o relatório do órgão consultivo, a CTM disponibiliza nove planos mensais que oferecem o uso de Internet ilimitado, enquanto a concorrente, a MTel, oferece cinco planos mensais. O documento publicado pelo Conselho de Consumidores fez uma análise comparativa de dois tarifários de 300M, tendo concluído que o plano da MTel traria ao consumidor uma poupança anual de 884 patacas, em relação à concorrente.

Outra das conclusões do relatório prende-se com a fidelidade dos clientes, que não mudam frequentemente de fornecedor. Nesse sentido, o Conselho de Consumidores alerta para que haja atenção às cláusulas contratuais e à qualidade dos serviços prestados. Por exemplo, no serviço de diagnóstico e reparação, a CTM oferece gratuitamente a primeira visita ao domicílio de um técnico da empresa, sendo que a partir da segunda visita é cobrada uma taxa de 100 patacas durante as horas de expediente. Fora do horário de expediente a taxa duplica para as 200 patacas.

Este serviço na operadora MTel é gratuito, além de não exigir o pagamento prévio de uma mensalidade como depósito, sendo, no entanto, cobrada uma multa no caso da cessação do contrato por parte do consumidor.

Outra diferença substancial é ao nível das taxas de instalação. A CTM cobra 600 patacas para a utilização da rede de fibra óptica existente, sendo que, para uma nova rede, o preço é de 900 patacas. Em contrapartida, a MTel cobra 540 e 810 patacas, respectivamente.

O órgão consultivo aconselha ainda que os potenciais clientes antes de escolherem um plano se aconselhem com familiares e amigos que já adquiriram serviços de Internet, de forma a tomarem uma decisão mais informada.

13 Jan 2017

Hong Kong | Carrie Lam demite-se e deverá candidatar-se a Chefe do Executivo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] número dois do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, demitiu-se ontem, uma medida que é assumida como o primeiro passo para apresentar uma candidatura a chefe do Executivo, noticiou o South China Morning Post.

A secretária-chefe disse numa reunião à porta fechada que Carrie Lam tinha apresentado a sua demissão formalmente durante a manhã de ontem e que iria entrar na corrida eleitoral, informou o jornal em língua inglesa.

Até à data foram apresentadas três candidaturas formais às eleições para chefe do Executivo de Hong Kong, que decorrem no final de Março.

Regina Ip, antiga secretária para a Segurança e membro do Novo Partido Popular (New People’s Party), o juiz na reforma Woo Kwok-hing, e Wu Sai-chuen, um ex-membro da Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong [DAB, na sigla inglesa], são os três candidatos que formalizaram as candidaturas ao cargo.

O impopular líder da cidade, Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, e considerado por muitos dos seus críticos como um “fantoche” de Pequim, disse a 9 de Dezembro que deixaria o cargo em Julho e que não voltaria a concorrer ao lugar de chefe do Executivo.

Na segunda-feira seguinte, 12 de Dezembro, o secretário para as Finanças, John Tsang, pediu a renúncia ao cargo – um procedimento entendido como o primeiro passo para avançar com uma candidatura formal –, mas até à data aguarda que o pedido seja aceite por Pequim.

Bênção do norte

Segundo a imprensa de Hong Kong, Carrie Lam reúne maior apoio entre as forças pró-Pequim, enquanto John Tsang – apelidado de “Sr. Pringles” pelos órgãos de comunicação local por sua semelhança com a mascote da marca – é visto como uma alternativa mais moderada ao actual líder Leung Chun-ying.

Ao abrigo do actual sistema eleitoral, o líder do Governo de Hong Kong é seleccionado por um colégio eleitoral de 1.200 membros representativos dos vários sectores sociais.

Em 2014, Pequim avançou com uma proposta de reforma política que previa a introdução de voto universal para o líder do Governo, mas só depois de os candidatos (dois a três) serem pré-seleccionados por uma comissão de 1.200 membros, vista como próxima de Pequim.

A proposta, que ainda em 2014 esteve na origem do movimento Occupy, que durante 79 dias bloqueou as ruas da cidade, foi rejeitada pelo Conselho Legislativo em Junho de 2015.

O pacote de reforma política proposto por Pequim acabou por ser chumbado pelo voto contra dos democratas.

13 Jan 2017

Secretário de Estado escolhido por Trump critica China

[dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]ex Tillerson, escolhido por Donald Trump para chefiar a diplomacia norte-americana, acusou ontem a China de perseguir, nem sempre respeitar compromissos económicos e comerciais e de não usar toda a sua influência para controlar a Coreia do Norte.

Numa audição de confirmação no cargo no Senado, Tillerson foi especialmente questionado acerca da sua alegada proximidade com a Rússia, acabou por admitir que os EUA e a Rússia podem ser adversários ou parceiros, mas provavelmente nunca serão amigos.

“Não é provável que alguma vez sejamos amigos”, disse. “Os nossos sistemas de valores são completamente diferentes”.

Sobre a China, que durante a campanha ficou agastada por declarações de Donald Trump sobre a necessidade de justificar a política de “uma só China” com concessões políticas, económicas e comerciais de Pequim, Tillerson criticou medidas políticas económicas e comerciais chinesas que prejudicam os Estados Unidos.

“A China tem mostrado uma predisposição para perseguir com determinação os seus objectivos, o que por vezes a tem colocado em conflito com os interesses norte-americanos. Temos de lidar com o que vemos, não com o que esperamos”, disse.

O antigo executivo da petrolífera Exxon criticou igualmente a potência asiática por não ser “um parceiro fiável no uso de toda a sua influência para refrear a Coreia do Norte”, um aliado próximo de Pequim condenado internacionalmente pelas suas actividades nucleares ilegais.

Tillerson frisou no entanto que divergências com a China em determinadas questões não impedem uma “parceria produtiva” noutras áreas.

Ligações perigosas

O empresário, que Trump quer venha a ser o seu secretário de Estado, foi intensamente questionado pelos senadores sobretudo acerca das suas ligações empresariais à Rússia, admitindo que “actividades recentes” de Moscovo contrariam os interesses dos Estados Unidos.

Às insistentes questões do republicano Marc Rubio sobre a alegada interferência informática da Rússia numa tentativa de influenciar as eleições presidenciais norte-americanas, Tillerson respondeu que é “razoável pensar” que o Presidente russo, Vladimir Putin, estava a par de tais manobras.

O provável futuro secretário de Estado frisou no entanto não conhecer os relatórios dos serviços de informações que alegam essa interferência.

Noutro momento da audição, Tillerson criticou o processo de aproximação a Cuba lançado pela administração de Barack Obama, por considerar que, a ser feito, o seu progresso devia ter dependido de “concessões significativas” da parte de Havana em matéria de direitos humanos.

13 Jan 2017

Líder chinês Bo Yibo morreu há dez anos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] histórico líder comunista chinês Bo Yibo morreu faz domingo dez anos. A China pós-maoista que ajudou a delinear, onde o Estado autoritário se manteve apesar da abertura económica, terá contribuído para a queda do filho, Bo Xilai.

Natural da província de Shanxi, noroeste da China, Bo Yibo aderiu ao Partido Comunista Chinês (PCC) em 1925, com apenas 17 anos.

Após a fundação da República Popular da China, em 1949, foi nomeado ministro das Finanças e, mais tarde, ocupou o cargo de vice-primeiro-ministro.

No entanto, durante a Revolução Cultural (1966-1976), uma radical campanha política de massas lançada pelo líder comunista Mao Zedong, foi preso, acusado de “contra-revolucionário”.

Bo, que era um aliado do então Presidente Liu Shaoqi, terá caído em desgraça por apoiar a abertura da China ao comércio com países capitalistas.

A sua mulher morreu sob a custódia dos guardas vermelhos, os jovens radicais que constituíam “a vanguarda” do movimento; os filhos foram enviados para o campo “para aprenderem com os camponeses”.

Após a morte de Mao, em 1976, Bo Yibo tornou-se um dos “Oito Imortais” – os líderes do PCC que, depois de purgados, retomaram a vida política com a ascensão de Deng Xiaoping, o “arquitecto-chefe das reformas económicas”.

Bo Yibo bateu-se então com Deng pela abertura da China à economia de mercado, contra a facção mais ortodoxa do PCC, mas opôs-se sempre a reformas políticas.

Em 1987, apoiou a remoção de Hu Yaobang do cargo de secretário-geral do PCC, acusando-o de promover o “liberalismo burguês”, termo com que se referia à democracia multipartidária.

Apoiou também publicamente a sangrenta repressão militar do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, a 4 de junho de 1989.

O seu último legado foi a ascensão política do filho Bo Xilai, até há poucos anos visto como forte candidato ao Comité Permanente do Politburo.

A queda de um príncipe

Bo Xilai, que na década de 1990 dirigiu Dalian, cidade portuária no nordeste da China, foi mais tarde governador da província de Liaoning, antes de ser promovido a ministro do Comércio, em 2004.

Contudo, o homicídio do empresário britânico Neil Heywood, em Novembro de 2011, num hotel de Chongqing, onde era então líder da organização local do PCC, veio pôr termo à sua ascensão.

A sua mulher, Gu Kailai, seria condenada à morte pelo envenenamento do empresário.

Bo, que tentou encobrir o crime de Gu, foi expulso do PCC em 2012 e condenado no ano seguinte a prisão perpétua por corrupção, desvio de fundos e abuso de poder.

Bo era então um dos políticos mais populares do país: assumia-se publicamente como uma espécie de líder da chamada “nova esquerda”, promovia o revivalismo em torno da Revolução Cultural e criticava as crescentes desigualdades sociais.

O filho mais novo, no entanto, estudava em Harvard, nos Estados Unidos, e a mulher tinha vários negócios fora da China com Heywood.

A sua queda coincidiu com o XVIII Congresso do PCC, que elegeu a nova liderança chinesa, encabeçada pelo Presidente Xi Jinping, considerado hoje o mais forte líder que a China conheceu nas duas últimas décadas.

Em tribunal, Bo Xilai admitiu ter cometido “alguns erros”, mas negou todas as acusações e, numa carta à família difundida na imprensa de Hong Kong, comparou o seu destino ao do pai.

13 Jan 2017

Davos | Xi Jinping “aberto” a reunião com equipa de Trump

Pela primeira vez na história do Fórum Económico mundial de Davos caberá à presidência chinesa a abertura da sessão. O discurso de Xi Jinping deverá centrar-se na defesa da globalização e na rejeição do proteccionismo. Pequim mostra ainda disponibilidade para encontros bilaterais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, está “aberto” a encontrar-se com os representantes da equipa do Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, que participam no Fórum Económico mundial de Davos, na próxima semana, avançou ontem o Governo chinês.

Xi vai participar pela primeira vez em Davos, como parte da sua visita de Estado, que se realiza na Suíça entre os dias 15 e 18 deste mês, e que, segundo avançou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Li Baodong, estará centrada na defesa da globalização e multilateralismo.

“Na medida em que a agenda o permitir, a parte chinesa está aberta a reuniões bilaterais”, disse Li numa conferência de imprensa em Pequim, questionado sobre um possível encontro de enviados de Trump, já que Anthony Scaramucci, membro executivo da equipa de transição, representará o Presidente eleito dos Estados Unidos no encontro suíço.

Li reconheceu que “discussões estão a decorrer” para essa hipotética reunião, mas não a deu como garantida.

Receitas chinesas

O responsável explicou também que a presença de Xi em Davos, onde no próximo dia 17 se tornará o primeiro Presidente chinês a fazer o discurso inaugural, tem como objectivo “demonstrar que a China é uma potência responsável”.

Segundo o vice-ministro, na sua intervenção Xi vai defender a globalização e o sistema vigente de comércio internacional e irá manifestar a sua rejeição ao proteccionismo, apresentará as receitas de Pequim para solucionar os problemas da economia global e explicará o seu plano para construir a Nova Rota da Seda.

Um dia depois, a 18 de Janeiro, o Presidente chinês vai visitar as Nações Unidas em Genebra, onde fará outro discurso centrado na promoção do multilateralismo e do papel da ONU nas relações internacionais.

Xi irá ainda encontrar-se com o novo secretário-geral da ONU, António Guterres, a quem oferecerá o apoio da China.

12 Jan 2017

Seul | Pyongyang tem plutónio para dez bombas nucleares

 

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte tem plutónio suficiente para fazer dez bombas nucleares, informou ontem a Coreia do Sul, uma semana depois de Kim Jong-Un ter dito que estava perto de testar um míssil balístico intercontinental.

A Coreia do Norte, que realizou cinco testes nucleares e vários lançamentos de mísseis, planeia, alegadamente, uma iniciativa nuclear para 2017 e procura desenvolver um sistema de armamento capaz de atingir os Estados Unidos.

Os analistas dividem-se sobre quão perto Pyongyang está de completar totalmente as suas ambições nucleares, mas concordam que o país fez enormes avanços desde que Kim assumiu o poder após a morte do pai, Kim Jong-Il, em 2011.

O Ministério da Defesa de Seul diz que o Norte tinha cerca de 50 quilos de plutónio para armas no final de 2016, o suficiente para fazer cerca de dez armas, mais que os 40 quilos que tinha há oito anos.

O Norte tem também uma capacidade “considerável” de produzir armas com base em urânio altamente enriquecido, segundo o ‘livro branco’ publicado de dois em dois anos, que não faz, no entanto, estimativas de ‘stock’ de urânio para armas, apontando para os segredos impenetráveis do programa de urânio.

O ‘think-tank’ dos Estados Unidos Institute for Science and International Security estimou em Junho que o arsenal nuclear total do Norte era de mais de 21 bombas, acima das 10 a 16 de 2014.

Contra-ataque

O programa nuclear da Coreia do Norte levou o país a sofrer sanções impostas pela ONU que, em 2016, levaram a perdas equivalentes a 7,4% do valor das suas exportações no ano anterior, segundo um estudo do Instituto de Estratégia para a Segurança Nacional, em Seul, ontem publicado.

A percentagem foi calculada estimando que o regime de Pyongyang perdeu, entre Março (quando o primeiro pacote de sanções de 2016 foi aplicado) e Dezembro, 200 milhões de dólares.

O número foi estimado tendo em conta a limitação das exportações norte-coreanas (principalmente para a China, o seu principal parceiro comercial), e também a queda das remessas dos trabalhadores norte-coreanos no exterior (cerca de 50 mil, principalmente na Rússia e na China).

O estudo sublinha que países como a China e o Kuwait se tornaram mais restritos na autorização de entrada de trabalhadores norte-coreanos após as sanções.

No entanto, foi o “encerramento do complexo industrial intercoreano (de Kaesong) que prejudicou em maior medida a entrada de moedas de peso no Norte”, explica o relatório.

12 Jan 2017

AL | Interpelações não são publicadas no website por falta de recursos humanos

 

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s atrasos no site da Assembleia Legislativa (AL) em relação à disponibilização das interpelações escritas dos deputados, bem como das respostas que são dadas pelo Governo, deve-se a um problema de falta de recursos humanos. A informação foi dada pelo vice-presidente do órgão legislativo, Lam Heong Sang, ao jornal Ou Mun. A solução, disse o deputado, passa pela criação de um novo programa para gerir o site da AL.

Lam Heong Sang justifica os atrasos na actualização das respostas no site da AL com a falta de profissionais de tecnologias de informação (TI), sendo que, actualmente, a Assembleia tem apenas um funcionário nesta área. Além de ser o único, “o profissional de TI tem como prioridade dar seguimento ao trabalho de acompanhamento das propostas que seguem para análise nas comissões, para que os deputados tenham os documentos de que necessitam”. Só depois chega a vez das interpelações, o modo como os deputados exercem outra função inerente ao cargo: a fiscalização da acção governativa.

Já está em discussão uma proposta de optimização dos serviços informáticos e a elaboração de um novo programa, referiu ainda o vice-presidente, sem adiantar datas quanto à sua operacionalização ou se poderão ser contratados mais técnicos especializados.

A divulgação das respostas às interpelações à comunicação social tem sido feita pelos próprios deputados. No entanto, a prática não é generalizada, pelo que a população não estará plenamente informada do acompanhamento que é dado pelo Executivo às missivas.

De acordo com o jornal Ou Mun, há ainda interpelações da passada sessão legislativa cujas respostas ainda não são publicamente conhecidas.

Lam Heong Sang referiu que, por vezes, a actualização dos documentos dos deputados é lenta devido à falta de pessoal, sendo que compreende demoras de uma ou duas semanas mas, tratando-se de meses, tal será um exagero.

O vice-presidente da Assembleia afirmou também que, em geral, é possível responder às interpelações num período de 60 dias, consoante a complexidade dos conteúdos. “Por ser uma tarefa que envolve vários serviços, exige tempo”, afirmou.

11 Jan 2017

Pequim espera crescimento de 6,7% em 2016

O “novo normal” manteve-se em 2016 com o consumo a ser determinante para o crescimento económico. Pequim destaca a sua contribuição para o desenvolvimento global mas antevê problemas para 2017

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês disse ontem esperar que o crescimento da sua economia em 2016 chegue aos 6,7%, taxa registada entre Janeiro e Setembro, e antecipou “problemas e contradições” para 2017.

A informação foi avançada pelo Presidente da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento da China – órgão de planificação económica –, Xu Shaoshi, que, numa conferência de imprensa, defendeu que a segunda economia mundial superou no ano passado “um ambiente económico interno e externo muito complexo”.

“O nosso crescimento nos primeiros três trimestres (de 2016) foi de 6,7% e espera-se que no conjunto do ano seja de cerca de 6,7%”, disse Xu, acrescentando que no ano passado foram criados mais de 13 milhões de novos empregos urbanos.

O responsável do departamento de planificação económica chinês explicou que no ano passado manteve-se o “novo normal” – eufemismo usado pelas autoridades para se referirem a uma etapa de menor crescimento – e que o país evoluiu no seu processo de transformação estrutural.

Nesse sentido, Xu assinalou que o consumo contribuiu para 71% do crescimento económico e que o consumo de energia por unidade de produto interno bruto baixou 5%, contribuindo para a progressiva retirada das indústrias mais poluentes.

Xu destacou que, apesar de a taxa de crescimento económico da China ser inferior à de há uns anos, estima-se que o PIB cresceu em cinco biliões de yuan (685.000 milhões de euros) em 2016, o que equivale ao seu tamanho total em 1994 ou a uma expansão de 10% em relação à cinco anos.

Líder mundial

O dirigente chinês acrescentou que a contribuição do gigante asiático para o crescimento económico global “pode alcançar mais de 30%”, pelo que antecipou que se manterá como o maior motor de crescimento mundial.

“Creio que estamos bem posicionados para responder aos riscos e desafios e para manter as fluidas operações da economia chinesa”, disse Xu.

O presidente da comissão apontou o dedo à lenta recuperação da economia mundial após a crise financeira e à crescente incerteza no panorama global, que se juntam às dificuldades internas.

11 Jan 2017

Hong Kong | Dois detidos por agressão a deputado pró-democracia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia em Hong Kong deteve ontem dois homens relacionados com a agressão ao deputado e activista Nathan Law no domingo à chegada ao aeroporto da cidade, informou a Rádio e Televisão Pública local.

Os dois homens, com 53 e 71 anos, foram detidos sob suspeita da agressão, que resultou em ferimentos, e de reunião ilegal.

Na segunda-feira, Nathan Law acusou o Partido Comunista de ter mobilizado os manifestantes.

Nathan Law, de 23 anos – o mais jovem deputado de Hong Kong –, foi atacado por manifestantes pró-Pequim no aeroporto da cidade, no domingo à noite, depois de regressar de um fórum político em Taiwan.

O Fórum sobre a Democracia, Legislação e Movimentos Sociais, organizado pelo Partido Novo Poder (PNP) de Taiwan, foi muito criticado por Pequim, através do Gabinete dos Assuntos de Taiwan, que o qualificou como uma conspiração entre os movimentos de independência de Taiwan e Hong Kong para dividir a China.

A deslocação a Taiwan incluiu o activista Joshua Wong, dirigente estudantil dos protestos pró-democracia de 2014, e os deputados Nathan Law, Edward Yiu e Eddie Chu.

Os deputados e activistas já tinham sido alvo de protestos à partida de Hong Kong e à chegada a Taipé para participar no fórum.

O evento de dois dias tinha como objectivo ligar os movimentos democráticos de Hong Kong e Taiwan.

Nova vaga

Nathan Law faz parte de uma nova vaga de deputados que apoia a ideia de autodeterminação para Hong Kong, uma Região Administrativa Especial da China com elevado grau de autonomia.

A ideia de independência para Hong Kong – um tema em tempos tabu – tem ganho força desde os protestos pró-democracia de 2014, que não conseguiram obter a reforma política desejada.

Ao mesmo tempo, aumenta na cidade o receio de Pequim estar a aumentar o seu controlo.

11 Jan 2017

Recusa de entrada | Polícia não revela números, nem razões

As autoridades de Macau recusam-se a revelar o número de pessoas que proibiram de entrar no território. Também não dizem por que o fizeram ou a procedência de quem bateu com o nariz na porta. O argumento? Essas informações são confidenciais

[dropcap style≠’circle’]“O[/dropcap]s dados estatísticos de ‘recusas de entrada’ são classificados como dados e informações ‘reservados’, pelo que não há lugar para a sua divulgação”, afirmou a Polícia de Segurança Pública (PSP) em resposta escrita enviada à Agência Lusa.

Contudo, nem sempre foi assim. Pelo menos durante o mandato do anterior secretário para a Segurança – que terminou em Dezembro de 2014 –, a PSP chegou a divulgar dados sobre as pessoas proibidas de entrar em Macau a pedido dos jornalistas.

O impedimento de entrada em Macau acontece com alguma regularidade, com a grande maioria dos casos a serem tornados públicos pelos próprios visados, muitos dos quais são políticos ou activistas de Hong Kong. A PSP não tem por hábito apresentar motivos concretos, invocando, com frequência, razões de segurança.

Na mais recente resposta à Lusa, a PSP reitera que “cumpre a inspecção e o controlo de entradas e saídas” da RAEM, em “estrita conformidade” com a lei e “rigorosamente conforme as disposições legais e de acordo como os procedimentos estabelecidos, para examinar as condições de entrada de todas as pessoas e assim decidir autorizar ou recusar a entrada de visitantes”.

Os mais recentes casos de interdição de entrada – pelo menos tornados públicos – ocorreram no último dia de 2016. Dois antigos deputados pró-democracia de Hong Kong, que viajaram separadamente, viram-lhes ser negada entrada sob o argumento de que “constituíam uma ameaça à segurança e estabilidade internas” de Macau, segundo a imprensa da antiga colónia britânica.

Em Outubro, aquando da visita do primeiro-ministro da China, Li Keqiang, foram proibidos de passar a fronteira pelo menos dez residentes de Hong Kong, incluindo activistas, mas também um deputado e um cineasta.

História com barbas

Em 2015, o caso mais notório foi o da deputada e presidente do Partido Democrático de Hong Kong, também impedida de passar a fronteira por motivos de segurança interna. Em declarações à Lusa, Emily Lau mostrou-se então “perplexa” até porque a visita era de lazer e não havia figuras importantes da China a visitar Macau, nem protestos a acontecer.

No final de 2014, um episódio inédito envolvendo um bebé de um ano levou mesmo o chefe do Executivo, Chui Sai On, a pedir desculpa. A criança figurava num grupo de 14 activistas pró-democracia e quatro jornalistas de Hong Kong proibido de entrar em Macau que, por aqueles dias, recebia a visita do Presidente da China, Xi Jinping. Aparentemente, a criança tinha o mesmo nome de uma das pessoas inscritas na “lista negra” de Macau.

Após anos a negar a sua existência, as autoridades de segurança defendem a legalidade dessa “lista negra” que, argumentam, é “elaborada tendo em consideração que essas pessoas podem constituir uma ameaça à segurança em Macau”.

A proibição de entrada sobretudo de políticos de Hong Kong tem sido uma preocupação levantada pela União Europeia e Estados Unidos.

Em Outubro, a Associação Novo Macau adiantou estar a trabalhar na criação de uma base de dados sobre violações dos direitos humanos, dando conta de que informações específicas sobre as proibições de entrada seriam compiladas num ficheiro especial. Os pró-democratas pretendem colocar a base de dados à disposição de organismos da ONU, quando for a altura de rever a ratificação de instrumentos relacionados com a protecção de direitos humanos em Macau.

10 Jan 2017

Estudo detecta contribuições de Hong Kong para maiores protestos em Macau pós-99

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s protestos de 2014 de Macau “não surgiram do nada”, numa cidade que “nasceu da corrupção”, e foram impulsionados pelos media de Hong Kong e redes sociais, conclui um estudo publicado este mês. Entre Maio e Agosto de 2014, Macau assistiu a três frentes de protesto que levaram milhares de pessoas à rua, numa das ocasiões gerando a maior manifestação (cerca de 20 mil pessoas) desde a transferência de Administração em 1999: um movimento contra uma lei que previa regalias para titulares dos principais cargos políticos, um referendo civil sobre a eleição do chefe do Governo (considerado ilegal pelas autoridades) e múltiplos protestos dos trabalhadores do jogo

Estes “foram únicos na história da cidade” desde a transferência, “em termos de escala, meios de participação e parcialmente devido à natureza das próprias exigências”, argumenta Albert Wong no estudo da Universidade de Macau “The Summer 2014 protests in Macau: their contexts and continuities”, publicado este mês na Asian Education and Development Studies.

Wong aponta para uma confluência de factores correntes e históricos numa cidade com “história de corrupção e protestos contra ela”. Macau, diz, “nasceu de corrupção”, indicando que quando os portugueses chegaram à cidade em 1553 “subornaram” um dirigente chinês para que os deixasse secar as mercadorias após uma tempestade, “e eventualmente acabaram por se estabelecer”.

O investigador refere depois as suspeitas de corrupção em torno do governador Carlos Melancia, nos anos 1990, e a condenação do secretário para os Transportes e Obras Públicas Ao Man Long, em 2008.

A este contexto, Wong adiciona o falhanço da reforma política de 2012, que não resultou numa maior voz dos eleitores, e elementos como a instalação de ‘conselhos distritais’ não eleitos.

Assim, “não é difícil perceber porque é que o público sentiu grande desespero e uma acção directa se tornou necessária pela altura dos protestos contra a lei das garantias”, uma proposta apresentada pelo Governo a três meses das eleições para o Chefe do Executivo e que previa elevadas compensações para os titulares dos principais cargos políticos após o fim das funções políticas.

O que o povo diz

Com as “sementes lançadas”, as redes sociais vieram dar um contributo essencial. Além de convocarem os protestos, plataformas como o Facebook foram usadas para pressionar os deputados a rejeitar a proposta de lei. Segundo Wong, alguns tiveram mesmo de encerrar as suas contas perante o influxo de mensagens.

Apesar de o descontentamento não vir expresso nos jornais chineses de Macau, o assunto era debatido “em restaurantes e autocarros, tanto entre a classe média, como na baixa”. Houve ainda outro empurrão fundamental: “Foram os jornais e revistas de Hong Kong, disponíveis nos quiosques e lojas de conveniência de Macau, que disponibilizaram uma fonte imparcial de comentário aos cidadãos de Macau”.

Apesar desta convergência de “precedentes e influências da actividade contemporânea acima do expectável”, o desenvolvimento social e político desde 2014 “não parece prometedor”, com a detenção temporária de alguns activistas, o afastamento de pelo menos dois académicos e a introdução de educação patriótica nas escolas, entre outros factores, remata Wong.

10 Jan 2017

Hong Kong | Deputado pró-democracia atacado no aeroporto

Depois de ter sido confrontado com os protestos de grupos pró-Pequim em Taiwan, Nathan Law  foi agora agredido  no regresso a Hong Kong, por manifestantes anti-independência

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] mais jovem deputado de Hong Kong, Nathan Law, foi atacado por manifestantes anti-independência no aeroporto da cidade, no domingo à noite, depois de regressar de um fórum político em Taiwan.

Law, de 23 anos, foi confrontado com um protesto pró-Pequim na zona das chegadas do aeroporto. O grupo gritava e atirou um líquido à cara do deputado, tentando também bater-lhe, ao mesmo tempo que a polícia tentava retirá-lo do local.

O incidente aconteceu depois de Law e outros activistas pró-democracia de Hong Kong, incluindo Joshua Wong, terem sido recebidos com protestos em Taipé, ao chegarem para o fórum no sábado.

O evento de dois dias tinha como objectivo ligar os movimentos democráticos de Hong Kong e Taiwan.

Law faz parte de uma nova vaga de deputados que apoia a ideia de autodeterminação para Hong Kong, uma Região Administrativa Especial da China com elevado grau de autonomia.

Em acção

Imagens televisivas do ataque mostram Law a tropeçar numas escadas depois de lhe atirarem uma garrafa de água.

Os manifestantes gritaram “tropeça e morre” e um chamou “traidor” a Law.

O grupo empunhava também cartazes com as frases “Sai de Hong Kong” e “Destruir a independência de Hong Kong”.

De acordo com a imprensa local duas pessoas foram detidas, informação que não foi ainda confirmada pela polícia.

O partido de Law, Demosisto, informou que o jovem ficou ferido, mas não deu mais pormenores.

A ideia de independência para Hong Kong – um tema em tempos tabu – tem ganhado força desde os protestos pró-democracia de 2014, que não conseguiram obter a reforma política desejada.

Ao mesmo tempo, aumenta na cidade o receio de Pequim estar a aumentar o seu controlo.

10 Jan 2017

Ho Chio Meng | 9,3 milhões de patacas foram parar a sala VIP

Em mais uma sessão do julgamento do antigo procurador da RAEM, Ho Chio Meng confirmou que transferiu 9,3 milhões de patacas para o irmão, que acabaram por ir parar a uma sala VIP

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]firma não ter estado ligado ao negócio, mas a confirmação foi ontem feita no Tribunal de Última Instância (TUI). Segundo a Rádio Macau, Ho Chio Meng, ex-procurador da RAEM, afirmou ter transferido 9,3 milhões de patacas para o irmão, de nome Ho Chiu Shun, através da compra de participações na Sociedade de Promoção de Jogos Seng Ou Limitada. A transferência foi feita no início de 2015 mas, segundo o arguido, a ideia era que o dinheiro fosse investido na compra de um apartamento na zona da Praia Grande, que estava em nome do irmão desde 2006. O dinheiro terá sido investido ainda em imóveis, um parque de estacionamento e depositado em várias contas poupança em Macau e na China.

De acordo com a emissora, que está a acompanhar o julgamento, Ho Chio Meng alegou não saber que aquele dinheiro seria, meses mais tarde, investido numa sala VIP. Com base na versão do Ministério Público (MP), o arguido cometeu este crime quando já tinha conhecimento da investigação levada a cabo pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC).

Ho Chio Meng recordou perante o juiz uma conversa com o irmão, em que este lhe terá dito que o sector VIP dos casinos representava um negócio “com futuro”, mas disse que a decisão de investir o dinheiro no sector junket partiu exclusivamente de Ho Chiu Shun.

O ex-procurador não conseguiu mostrar provas da compra do apartamento, por, segundo a sua versão, não ter tido tempo de assinar as escrituras, por já estar sob investigação.

Dinheiro lavado?

Na tese do MP, o investimento numa sala VIP faz parte de um esquema de branqueamento de capitais. Ho Chio Meng não conseguiu explicar as transferências de dinheiro feitas entre o seu irmão e os sócios de dez empresas que, durante dez anos, ficaram com os contratos atribuídos pelo MP.

A acusação diz que coube ao antigo procurador a atribuição de instruções a dois sócios destas empresas, também arguidos, para abrirem contas, receberem e movimentarem dinheiro vindo de subornos pagos. Essa ideia parte de conversas telefónicas alegadamente mantidas entre Ho Chio Meng, o irmão, um cunhado e mais dois sócios de duas empresas. Ho recusou e disse ter feito “um jogo” quando leu a sua própria acusação: “adivinhar” qual era a sua voz no meio dos telefonemas.

O ex-procurador reiterou a inocência, alegando que a tese do MP é apenas uma “dedução”. “Para a acusação, é impossível [descrever] factos objectivos. Não há factos que possam apresentar. Apenas dizem: ‘O fulano pediu, o fulano deu instruções’. Isto é uma presunção”, declarou. E insistiu: “Têm de dizer quais os factos, a data, a hora [a que foram cometidos], como dei instruções e qual foi o resultado”.

Na mesma sessão de julgamento, o antigo procurador admitiu ainda ter omitido bens da sua declaração de rendimentos, alegando desconhecimento da lei. Deixou ainda uma frase: “Não fiz de propósito”.

Ho Chio Meng ilibou a sua mulher, Chao Sio Fai, de ter culpas no cartório. “Fui eu quem fez as declarações. A minha mulher não teve conhecimento, nem se meteu no assunto. A responsabilidade cabe a mim.” Chao Sio Fai é também arguida, acusada de prestar falsas declarações, algo que causa “tristeza” ao antigo procurador.

As declarações de rendimentos dizem respeito ao período entre 2010 e 2015. Contas na China e em Macau, 300 mil patacas num cofre de uma das casas do casal, um apartamento e um parque de estacionamento na Areia Preta serão os bens que faltam nessas declarações. Ho Chio Meng disse que comprou esta fracção para o pai.

10 Jan 2017