Fundador da Viva Macau usou dupla nacionalidade para criar off-shore

A China continental não aceita a dupla nacionalidade, mas o fundador da falida Viva Macau utilizou-a para criar duas empresas off-shore, revelam novos documentos do Panamá

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]empresário de Macau Ngan In Leng escondeu ter nacionalidade de Singapura, mesmo sendo membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). A China continental não reconhece a dupla nacionalidade.
A notícia é avançada pelo jornal South China Morning Post com base nos Panama Papers. Ngan In Leng é foi o fundador da falida companhia aérea Viva Macau e usou o cartão de identidade de Singapura, que obteve no final do ano 2000, para proceder ao registo de duas off-shore, que criou com membros da sua família.
Ngan In leng é o segundo membro do CCPPC que se descobre que detém nacionalidade estrangeira. Antes, soube-se também por via dos chamados Papéis do Panamá que o magnata do imobiliário Lee Ka-kit, vice-presidente da Henderson Land Development, havia declarado nacionalidade britânica na hora de constituir firmas off-shore.
Ngan In Leng não revelou a sua identidade de Singapura ao Registo de Empresas de Hong Kong que, ao contrário das plataformas offshore secretas, torna detalhes públicos online. Em vez de utilizar o seu bilhete de identidade de Macau, facultou aos funcionários da Mossack Fonseca fotocópias do seu documento de Singapura, cuja data de emissão é de Dezembro de 2000, apenas um ano depois da transferência do exercício de soberania de Macau de Portugal para a China.
Ngan, que foi promovido de membro da CCPPC para o seu núcleo duro em 2013, é visto como um unificador da comunidade de Fujian em Macau, tendo-se tornado mais discreto depois da falência, em 2010, da Viva Macau, que fundou e presidiu. A Viva Macau, uma companhia de baixo custo, começou a operar em 2006 ao abrigo de um acordo de subconcessão com a Air Macau. Em 2010, contudo, o Governo revogou a sua licença na sequência de cancelamentos de voos devido a problemas financeiros, sendo que a empresa ainda detém muitas dívidas.

5 Mai 2016

Festival de Artes de Macau com ópera, patins, fadas e patuá

O FAM continua em mais uma semana que não esquece a tradição das óperas chinesas, às quais junta o patuá e uma pitada de histórias de (des)encantar com toques de patinagem artística

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]fim-de-semana começa com um dos destaques temáticos da edição deste ano do Festival de Artes de Macau (FAM). O evento começa com a “Lenda do Gancho de Cabelo Púrpura”, a ser apresentada por Chu Chan Wa e Artistas de Macau da Ópera Cantonesa, no próximo sábado e domingo pelas 19h30 no Cinema Alegria. Seguem-se os tradicionais Dóci Papiaçam e uma surpresa em patins do Canadá.
A “Lenda do Gancho de Cabelo Púrpura” é uma história de amor com contornos trágicos e apoiada num gancho de cabelo enquanto amuleto. A peça foi escrita durante a dinastia Ming, por Tang Xianzu, tendo sido posteriormente adaptada para a ópera cantonesa por Tong Dik Sang.
A 12 de Maio no Centro Cultural de Macau, a Trupe de Ópera Yue Zhejiang Xiaobaihua traz a palco “Lu You e Tang Wan”, um clássico de 1989, considerado pela organização como a peça imperdível do estilo Yue. Este é uma abordagem nascida na cidade de Shengzhou, Zhejiang, e conta com mais de um século de existência. É ainda reconhecido como o segundo principal género na China, sendo ainda caracterizado pelas vozes femininas nos papéis principais.
Sete e 8 de Maio são dias de patuá com a peça “Unga Chá di Sonho” (Um chá de sonho) pelo Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, no Centro Cultural de Macau pelas 19h30.
O teatro em Patuá, dialecto integrante da Lista de Património Local Imaterial da RAEM desde 2012, é anualmente convidado a encenar uma peça para este festival, de modo a manter vivas as suas características de humor e sarcasmo. Aqui, são abordadas as questões sociais e humanas actuais que reflectem a vida em Macau e este é um dos preferidos do FAM.
Na dança, é altura de “deslizar” com a companhia canadiana Le Patin Libre. O espectáculo terá lugar no Ringue de Patinagem Future Bright às 13h00 e 20h00 de sábado e domingo. Le Patin Libre é a única companhia de patinagem artística contemporânea do mundo, sendo o espectáculo agora apresentado uma produção feita especialmente para esta sua primeira apresentação na Ásia.
Dentro das apresentações interdisciplinares, o Teatro D. Pedro V é palco de “Contos de Fadas do Mundo do Caos” pela Associação Breakthrough, sexta e sábado às 20h00. São contos que juntam talentos do meio literário, teatral e musical num misto de tristeza e humor negro em que as questões mais sérias da sociedade humana são abordadas num contexto de “encantar”, numa produção a cargo de artistas locais.
Os bilhetes para o FAM têm preços diferentes, havendo ainda espectáculos com entrada livre.

5 Mai 2016

Susana Chou aparece nos “Papéis do Panamá”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou, figura como directora de uma empresa constituída há 30 anos, mencionada no caso dos chamados “Papéis do Panamá”, que expôs um sistema de evasão fiscal. Segundo uma base de dados do jornal Sunday Times, que compilou uma lista de empresas no Panamá montadas pela Mossack Fonseca e os seus associados a partir dos “Papéis do Panamá” e de acordo com o registo de empresas naquele país, Susana Chou aparece como directora da “Katanic Investment S.A.”, uma sociedade anónima, com sede no país e criada em Dezembro de 1985.
Contactada pela agência Lusa, a antiga presidente da AL de Macau afirmou, citada pela sua porta-voz, que a Katanic Investment S.A. é “uma subsidiária como outras que a Novel Secretaries Limited tem em várias partes do mundo. É uma empresa legal”, frisou.
A Katanic Investment S.A. tem na sua estrutura o director e o secretário da Novel Secretaries Limited, empresa criada em 1979 e com sede em Hong Kong, Ma Mang Yin como director e tesoureiro, e Ronald Chao Kee Young também como diretor. A Novel Secretaries Limited é uma subsidiária do grupo Novel, dedicado ao sector têxtil, da família de Susana Chou.
Natural de Xangai, Susana Chou foi a primeira presidente da AL. Radicada em Macau há mais de 40 anos, é ainda representante dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

5 Mai 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? – 11 – A viúva

* José Drummond

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]u sabia que ele não se ia conter. Mas deixemos o vídeo para depois. Estava eu a contar-te sobre aquele meu trabalho. Dizia-te que estava no lobby do hotel e que tinha esta estranha sensação de que tudo poderia correr mal. Apesar disso ali fiquei parada e antes que pudesse abandonar tudo e virar as costas o meu alvo estava a olhar para mim, à minha frente, como se tivesse sido hipnotizado. Havia algo de sinistro naquela cara. Uma cara com uma presença persistente de morte. Uma cara que transmitia uma morte lenta, inescapável e tortuosa. Eu percebi naquele momento que não podia simplesmente fugir. Foram uns longos dez minutos como se, repentinamente, o tempo se recusasse a seguir em frente. Fiquei suspensa no tempo, a tentar controlar a minha respiração. O fantasma de falhar a missão ocupou a minha cabeça e naquele lobby todos os sons jorraram com reverberações ocas. Os passos de pessoas sobre o tapete grosso soaram como almas perdidas, tacteando em direcção para os seus lugares de descanso eterno. O único ruído real a chegar aos meus ouvidos foi o tilintar de um conjunto de chá na bandeja de uma empregada que passou no café ao longe. Mas mesmo esse som continha um som secundário dentro dele. Se eu já estava tensa, naquele preciso momento achei que não iria ser capaz de cumprir a missão quando chegasse a hora. Fechei os olhos e quase por reflexo entoei uma oração inventada no momento. Qualquer coisa que eu pudesse achar que me tinham ensinado a recitar antes de cada refeição. Qualquer coisa que eu pudesse imaginar de um tempo atrás. Tentei iludir-me que toda gente morre mas ninguém está realmente morto.

Ali estava o líder de um subgrupo das tríades que tinha que desaparecer naquela noite e eu tinha sido selecionada para o fazer. Ele soltou umas palavras breves ao ouvido de um dos acólitos virando-se para mim disse-me “convido-a a ficar numa das minhas suítes”. Antes que desse por mim, e sem que pudesse dizer nada, estava a ser dirigida até à porta do elevador, que abriu sem fazer ruído. Com rabo de cavalo o acólito manteve-se a pressionar o botão deixando-me entrar primeiro. Aquele homem não nos seguiu. No elevador tive um ‘blackout’ pois é como se não me lembrasse de nada até que o elevador abriu as portas e o acólito de rabo de cavalo voltou a pressionar no botão para que eu saísse. Logo após ter saído do elevador adiantou-se e passou a liderar o caminho. O corredor amplo e totalmente deserto. Perfeitamente silencioso. Completamente limpo. Existia um cuidado especial em cada detalhe, de uma diferença total com os restantes hotéis na altura. Ao fundo do corredor imensos vasos com flores. Deixei-me inebriar pela sua fragrância. No caminho não vi nenhuma escada e nenhum outro corredor para poder escapar. De repente este homem de rabo de cavalo parou à frente de uma porta e sem esperar abriu-a. Entrou, olhou em volta para se certificar de que não havia nada de errado, e com um breve aceno de cabeça deu-me direcções para entrar. “Estou sozinha”, pensei. “Não me vou conseguir escapar desta”.

Entrei e ele fechou a porta logo de seguida, trancando-a com a corrente. Não havia forma de escapar sem que envolvesse uma série de acções suspeitas. A suíte tinha uma vista deslumbrante de Macau. Alguém bateu à porta. Ele levantou-se, do sofá, onde se tinha sentado de imediato, dirigiu-se para a porta, abriu a corrente, deu a volta à maçaneta, e, sem qualquer outro som, mais dois subalternos entraram. Todos eles eram homens bem constituídos e iria ser muito difícil eu conseguir escapar sem passar por eles. Ele voltou a trancar a porta com a corrente. Dirigiu-se para o quarto e depois de confirmar que tudo estava bem o homem de rabo de cavalo disse-me para me sentar na cama e esperar. Os outros dois homens sentaram-se no sofá e ligaram a televisão. Perguntei se podia ir à casa de banho do quarto para me preparar com roupas mais confortáveis. Ele disse que sim e permaneceu à porta do quarto a controlar os meus movimentos. Fui até à casa de banho e insinuei um andar sexy e descontraído. Mal entrei, e depois de fechar a porta, comecei a inspecionar tudo. Senti que ele talvez se tivesse aproximado da porta da casa de banho. Quase poderia apostar que o fez. Comecei a cantarolar uma canção da Faye Wong enquanto escondia o fio de aço dentro do autoclismo. Enquanto me vestia escondi a pequena pistola por entre as toalhas. Abri a torneira, simulando que lavava as mãos e a cara e espalhei vários itens de maquilhagem no mármore frio. Enquanto continuava os versos do “fragile woman” escondi o pente com a agulha fina por detrás do espelho. Restava-me o batom de defesa e não sabia o que fazer com ele. Tinha a certeza que eles me iriam revistar antes que eu pudesse chegar perto do seu líder. A pistola estava no lugar mais perigoso e visível mas, no caso de tudo correr mal, também poderia ser a minha única defesa. Fechei a torneira e escondi o batom de segurança, que continha uma lâmina suficiente para cortar a carótida de alguém, fechado, num penso higiénico que introduzi na minha vagina. Abri a porta sorridente. Dirigi-me até à porta do quarto e lancei um olhar sedutor ao homem de rabo de cavalo. Perguntei-lhe se ainda tinha que esperar muito dizendo-lhe que queria descer até ao casino para jogar. Não tive qualquer resposta. Apenas um olhar que dizia “cala-te puta”. De seguida puxou-me para a sala da suíte e apalpou-me toda enquanto entregava a minha mala aos outros dois para revistarem. Um só calafrio poderia deitar tudo a perder. O ‘timing’ não poderia ter sido mais perfeito. Não só havia conseguido esconder a pistola, o fio e o pente na casa de banho como a porta da suíte se voltava a abrir com o líder a entrar.

5 Mai 2016

Concurso “Momentos Felizes” arranca dia 17

o Gabinete de Comunicação Social (GCS) voltou a abrir o concurso fotográfico “Momentos Felizes da Vida em Macau”, com o objectivo de registar o desenvolvimento e a vida em Macau para o “Livro do Ano”. O processo de inscrição e apresentação de trabalhos arranca no próximo dia 17 às 00h00 e o prazo de entrega dos trabalhos segue até às 24h00 do dia 7 de Junho. O concurso conta com a colaboração de oito associações de fotografia e cinco de comunicação social. “As Áreas Marítimas da RAEM” também contarão para um prémio temático especial este ano para assinalar a aprovação pelo Governo Central no final da delimitação das áreas marítimas e terrestres sob jurisdição da RAEM. Os prémios incluem uma taça e ainda oito mil, cinco mil e três mil patacas, para os 1º, 2º e 3º classificados respectivamente e o máximo de 50 Certificados de Mérito com louvor e 500 patacas. Existem ainda prémios temáticos especiais que dependem da selecção de fotografias pela Comissão de Redacção do Livro do Ano 2016 do GCS com o prémio de mil patacas. As obras seleccionadas e premiadas serão divulgadas e promovidas, podendo ainda integrar o anuário “Macau 2016” editado pelo GCS. A selecção de trabalhos aceites a concurso decorrerá a 26 de Junho. Os resultados serão divulgados em Julho.

5 Mai 2016

Instituto Ricci muda-se para a Universidade de São José

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto Ricci vai deixar as actuais instalações, localizadas na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, para passar a funcionar no novo campus da Universidade de São José (USJ). Segundo a Rádio Macau, a mudança concretizou-se ontem com a assinatura de um protocolo, que prevê a integração da biblioteca do instituto.
Em declarações à Rádio, Peter Stilwell, reitor da USJ, disse tratar-se de um acordo com uma “dimensão prática”. “Havia a necessidade do Instituto Ricci de encontrar um sítio onde pudesse abrigar a sua biblioteca. Vão ter de sair da sua sede. Nós estamos a constituir a nossa biblioteca universitária, que já é bastante rica, mas que, de modo algum, se pode parecer com a riqueza da biblioteca Ricci, no campo específico das tradições chinesas e da Igreja na China””, referiu.
Luís Sequeira, fundador do Instituto Ricci, considera que o protocolo revela uma evolução para os estudos chineses desenvolvidos pelos jesuítas em Macau. “É um dar e receber mútuo. Nós trazemos uma pequenina especialidade em estudos chineses, o que significa esta interculturalidade, este contexto China, Ocidente e Europa, que a universidade não tinha como tal. Por outro lado, para nós, estar inserido numa universidade é também uma riqueza e uma fortaleza”.
O semanário O Clarim noticiou na passada sexta-feira que o Instituto Ricci terá de sair das instalações junto ao Tap Seac a pedido do Governo, estando prevista a mudança para a Ilha Verde já no próximo ano lectivo. Ainda não é conhecido o destino que será dado ao histórico edifício, arrendado à Direcção dos Serviços de Finanças.
O reitor da USJ garantiu que esta mudança não vai diminuir a presença dos jesuítas em Macau, nem o seu legado histórico. A transferência “dá-lhe projecção porque insere o Instituto no espaço do ensino superior, o que significa que pessoas que queiram fazer doutoramentos ou investigação terão mais facilidade em obter bolsas, se vão trabalhar num espaço de ensino superior que lhes pode dar o diploma do trabalho que estão aqui a realizar”, referiu.

5 Mai 2016

Fundação Oriente | Arte contemporânea em workshop

A Fundação do Oriente vai acolher o workshop “Processo criativo na arte contemporânea”, levado a cabo pelo recém-seleccionado para o Sovereign Asian Art Prize, José Drummond. Dividido em dois módulos sequenciais, é intenção desta formação envolver os participantes no processo criativo bem como a discussão do trabalho de outros artistas contemporâneos, adianta a organização. Partindo do princípio que a arte contemporânea reflecte a sociedade e cultura em que se insere, é objectivo desta iniciativa abordar um leque alargado de materiais, meios e tecnologias associados, bem como promover nos participantes novas ideias capazes de ser exploradas. A formação será dirigida em Inglês todos os sábados entre 7 de Maio e 25 de Junho, das 14h00 às 17h00, sendo que as inscrições terminam na sexta-feira e têm o valor de mil patacas.

5 Mai 2016

FRC com música no feminino

A Galeria da Fundação Rui Cunha acolhe o primeiro concerto do projecto Macau Infinite Trio, numa iniciativa co-organizada com a Associação de Música de Câmara, no sábado pelas 20h00. O Trio iniciou a sua actividade este ano e é formado por três artistas premiados naturais de Macau: Kubi Kou (flauta), Wong Sin I (violino) e Cecilia Long (piano). Segundo a organização o nome “infinite” representa a ambição de criar um número infinito de possibilidades musicais, tendo como objectivo a transmissão de um sentido próprio e feminino na música. O evento conta com entrada livre.

5 Mai 2016

A festa agora é no junco

Já não é preciso ir a Hong Kong para uma festa num junco. A partir de agora é possível alugar destes barcos tradicionais, à vela, e saltar a bordo com amigos ou família para festas e momentos de lazer em Macau. A operação é desenvolvida pela Macau Sailing, que opera um junco com capacidade para um máximo de 40 pessoas. As viagens podem ser de dia inteiro ou de meio dia incluindo passagens pelo porto de Macau e ilhas adjacentes. A bordo existe alimentação sendo mesmo possível incluir um churrasco. Para além das viagens standard, o operador criou também as de “pôr-do-sol” num passeio à volta de Macau. Disponível está também a possibilidade de a viagem ser personalizada de acordo com as possibilidades da embarcação e os desejos dos viajantes. Aprender a velejar e descobrir golfinhos albinos chineses são outras das actividades propostas pelo operador. A embarcação foi construída nos históricos estaleiros de Coloane e recentemente restaurada com materiais originais, sendo um dos mais antigos juncos ainda a vogar pelas águas do Delta do Rio das Pérolas e único no seu género. Mais informações no site da empresa em www.macausailing.com.

5 Mai 2016

Armazém do Boi | Conversa sobre a fotografia de Leong Ka Tai

O Armazém do Boi continua com o ciclo de palestras já no próximo domingo, das 15h00 às 17h00, desta feita com o Leong Ka Tai e a história da sua fotografia. Leong é um dos membros fundadores e presidente do Instituto dos Fotógrafos Profissionais, fazendo também parte da Associação de Cultura Fotográfica, ambas de Hong Kong. Apesar de mestre em Engenharia pela Rice University, em Houston, no Texas, resolveu mudar de carreira e em Paris começa a trabalhar como assistente de fotografia. Em 1976 regressa a Hong Kong onde instala o seu próprio estúdio até 1982, tendo a partir daí dedicado o seu trabalho à fotografia editorial e corporativa. Ao longo dos últimos 30 anos, Leong publicou 22 livros publicados sendo 11 dedicados aos seus projectos pessoais. Para além das inúmeras participações em exposições individuais e colectivas, tem angariado vários prémios ao longo destes 30 anos de carreira. A palestra tem entrada livre e será conduzida em Cantonês.

5 Mai 2016

CCP | Conselheiros reuniram com Partido Socialista

Rita Santos e José Pereira Coutinho estiveram ontem na sede do Partido Socialista, em Lisboa, para uma reunião com a secretária-geral adjunta do partido, Ana Catarina Mendes, e Francisco André, director do departamento de Relações Internacionais. Segundo um comunicado, foram “trocadas opiniões sobre as comunidades portuguesas residentes em Macau e Hong Kong”, tendo Ana Catarina Mendes referido que há um “elevado interesse no estreitamento de laços de amizade entre as comunidades portuguesas do Círculo da Ásia”, existindo “total disponibilidade em apoiar as iniciativas das comunidades portuguesas”.
Pereira Coutinho fez questão de frisar as “óptimas relações de amizade pessoal e profissional com os vários secretários-gerais do partido, antes de 1999”, que “contribuíram para uma suave transição da soberania da Administração portuguesa para a RPC”. Já Rita Santos destacou “o constante estreitamento de relações entre o PS e as comunidades portuguesas de Macau, Hong Kong e interior da China”.
Estão previstos futuros encontros relacionados com a participação associativa, o ensino e divulgação da Língua Portuguesa e ainda sobre as relações económicas entre Portugal e a China, “utilizando Macau como plataforma de serviços”, frisam os conselheiros, que dão como foco importante a experiência no domínio da qualidade de vida e a reabilitação urbana.

4 Mai 2016

Chui Sai On avisa CEM e SAAM

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, manteve ontem, na Sede do Governo, um encontro com representantes da nova direcção da Associação dos Empregados da CEM e SAAM, para “trocar impressões sobre a segurança de abastecimento de água e electricidade, assim como o desenvolvimento técnico e profissional”, refere um comunicado do Governo. Chui sublinhou que “a estabilidade no abastecimento de água e electricidade e manter os preços a um nível racional são muito importantes para a vida da população”, sendo por isso que existe uma “atenção das autoridades ao funcionamento da CEM e da SAAM, bem como ao desenvolvimento dos quadros qualificados do sector.”
A Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM) e a Companhia de Electricidade de Macau (CAM) também manifestaram reconhecimento e apoio ao papel desempenhado pela associação destacando a boa relação de cooperação entre ambos.
Um dos presidentes, Leong Pou U, disse que o nível das habilitações da maioria dos trabalhadores da CEM e na SAAM tem vindo a aumentar, ou seja, a maioria já possui o grau de licenciatura ou superior. O mesmo responsável referiu que têm mantido uma cooperação com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), onde vários membros são docentes em vários cursos de formação, na obtenção de certificados, nas áreas de água e electricidade, e destacou a afluência dos participantes.
O secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, igualmente presente no encontro, manifestou reconhecimento pela boa relação entre a Associação e a CEM e a SAAM, e também pelo modelo de cooperação com o Governo.

4 Mai 2016

DSEJ continua a pagar entrevistas de acesso ao infantil

A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vai continuar a pagar as entrevistas feitas aos alunos e encarregados de educação para acesso ao ensino infantil. O organismo está a estudar uma forma de integrar o pagamento que já faz – de cem patacas por entrevista – no subsídio de escolaridade gratuita atribuído às escolas. Lou Pak Sang, vice-director da DSEJ, disse ao canal chinês da Rádio Macau que já foram feitas mais de 30 mil entrevistas com crianças que pretendem entrar no ensino infantil no ano lectivo de 2016/2017, tendo sido gastas 300 mil patacas. Lou Pak Sang diz que a necessidade de ajudar a pagar estes custos se deve ao facto de serem precisos mais recursos para fazer as entrevistas. O Governo vai ainda “estudar se o valor de cem patacas” é adequado, mas deverá avançar com a ideia.

4 Mai 2016

Galgos | ANIMA critica inacção do Governo

A ANIMA continua sem saber se vai poder debater a situação do Canídromo com a empresa. Sem resposta sobre o assunto, a organização aponta “falta de coragem” da parte do Governo para encerrar o espaço

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais ainda não conseguiu uma resposta por parte do Canídromo sobre a realização de um debate para analisar a situação dos galgos. Albano Martins, presidente da organização, assegurou ontem que a Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau (APAAM) já disse que não estará presente mas “adiantou que estará ao lado da ANIMA nas posições a tomar”.
O debate foi proposto pela ANIMA, para passar na TDM, de forma a que a Yat Yuen – Companhia de Corridas respondesse às acusações de que é alvo de maus tratos aos galgos e morte destes animais. O Canídromo nunca respondeu ao convite da ANIMA.
A gestão do Canídromo, no seu silêncio permanente, “é um sinal de que se acham tão bons que nem precisam de responder”, atirou ontem o responsável, que disse ainda à Rádio Macau que também a inacção do Governo é sinónimo de que o contrato poderá ser renovado em Dezembro deste ano, quando termina depois de ter sido renovado provisoriamente por um ano em 2015.
Albano Martins alerta ainda para a “falta de coragem do Governo da RAEM” na tomada de atitudes concretas nesta questão.

Mortes que valem milhões

A organização relembra ainda os impostos sobre o Jogo que o Canídromo não paga, comparativamente às restantes operadoras. Albano Martins salienta as perdas que o Governo tem registado nos últimos anos por não aplicar a taxa de 40% à qual o jogo é sujeito, estando a Yat Yuen sujeita apenas a 25%. Mas, além das perdas nos impostos, é o comércio milionário em torno da compra e venda de cães que será “escandalosa”, na medida em que é um negócio de milhões sem qualquer imposto.
A título ilustrativo, Albano Martins adianta números: os cães são normalmente comprados por cerca de duas mil a três mil patacas aquando da importação do exterior, podendo ser vendidos a 80 mil patacas nos leilões efectuados no território. Este comércio isento de impostos constitui um lucro fundamental para o Canídromo, diz a ANIMA, sendo que o mesmo – não detentor de nenhum dos animais que alberga e de modo a “perpetuar os lucros” abate os animais quando estes já não servem. Esta medida vai contra todos os pedidos até à data feitos pela ANIMA, que tem em vista o estabelecimento de uma política de adopção para a reforma “atletas de alta competição”.
Albano Martins alerta ainda para a impossibilidade de se poder viver na zona do Canídromo com alguma qualidade, dado o barulho dos cães. Após dar a ouvir aos jornalistas presentes uma gravação realizada nas redondezas das instalações do espaço, o presidente da ANIMA relembrou ainda as cartas já entregues ao Governo com queixas. Ainda no que se refere à comunidade, nesta que é uma das zonas mais densamente populosas do mundo, é “lamentável [os cidadãos] não terem um espaço de lazer por perto”, diz a ANIMA.
“Está na hora do Governo devolver o direito àquele espaço àquelas pessoas.”

Esperança na Irlanda

Desde Dezembro último que a Austrália proibiu a exportação de galgos para Macau e o mesmo processo está agora em curso na Irlanda. A particularidade da Irlanda prende-se ao facto de ter uma lei que não permite a exportação de cães para a China e, de momento, estar a fazê-lo para Macau. Está já em marcha uma aliança global para que a lei volte a estar em vigor na sua totalidade, mas Albano Martins já congratula o facto de nos últimos três meses apenas nove animais terem dado entrada no território provindos daquele país. Já acerca da mesma medida pelo Reino Unido, as esperanças são nulas dadas as particularidades da indústria.

NÚMERO:

298,8 milhões de patacas foi quanto Macau perdeu ao longo de dez anos com o desconto dos impostos a que o Canídromo está sujeito

4 Mai 2016

Filipa Queiroz, realizadora de “Boat People”: “Uma mensagem de esperança, coragem e gratidão”

“Boat People” dá nome ao filme que será exibido a 10 de Maio, pelas 19h30, dentro da programação do Festival Internacional de Cinema e Vídeo. A história dos refugiados vietnamitas que a região acolheu, numa produção de Lina Ferreira, com realização de Filipa Queiroz. Entre histórias mais ou menos escondidas, a realizadora fala do seu percurso entre o jornalismo e o cinema e das vidas que por cá passaram fugazmente por entre guerras e esperanças

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]documentário, no seu caso que também é jornalista, pode ser tido como outra forma de fazer jornalismo?
Na minha vida, apareceu primeiro o documentário. Até fui para o Audiovisual na universidade por causa do documentário e de alguns registos televisivos nomeadamente ligados ao National Geographic ou canais como o “História”. Foi isso que primeiro me atraiu, porque, na verdade ia fazer rádio, que não tinha nada a ver. Por outro lado desde que me conheço que também gosto de jornalismo, mas já era apaixonada pelo género documental. Entretanto comecei a trabalhar no jornalismo, estagiei em televisão e continuei a trabalhar nessa área, mas o documentário sempre esteve na minha mira e continua a estar. Posso dizer até que gostava de acabar a fazer mais documentários do que propriamente jornalismo diário. É uma maneira de aprofundar temas, de fazer o verdadeiro jornalismo, a investigação, descobrir histórias através das próprias histórias, o que é uma coisa que o jornalismo diário não nos permite. Também tem os seus encantos mas não nos permite.

Considera que há um imediatismo no jornalismo que não há no documentário?
O documentário também pode ser construído no imediato, mas ganha toda uma dimensão cinematográfica que é diferente. Pode-se potenciar a questão da imagem, pode-se elaborar, condimentar de outras maneiras. Daí o deslumbre, para mim.

Como surgiu o primeiro trabalho nesta área?
Já tinha feito uma pequena experiência em Portugal. Foi uma pequena curta num festival para amadores em Braga, onde estudei. Depois, aqui, surgiu a oportunidade de fazer “Era uma vez em Ká Ho”. Esse sim, foi efectivamente o primeiro documentário em que participei. Dessa vez tivemos o subsídio do Centro Cultural, o que permitiu que fosse feito de outra forma. Acho que é importante haver este tipo de eventos para puxar pelas pessoas. Se calhar, se isso não tivesse acontecido, não teria pensado tão cedo em fazer um documentário, ainda tão verde. Só tenho dez anos de jornalismo, o que não é nada por aí além. Se não fosse realmente o desafio do Centro Cultural… Acabou por correr bem. O Hélder Beja foi o realizador e eu acabei por fazer de tudo um pouco. Gosto de trabalhar na parte da filmagem, do argumento, da fotografia. Foi uma primeira experiência que correu muito bem. Eu, pelo menos, gosto imenso daquele trabalho. Não que ache que seja genial, mas pela experiência e pelo contacto com aquelas pessoas. FILIPA_QUEIROZ_1_SM

Em Ká Ho falamos da comunidade leprosa em Macau, um tema não muito abordado…
Foi um trabalho com a comunidade de leprosos a viver em Macau, num isolamento total. Foi graças ao nosso interesse por esta história que a viemos a descobrir e até a desenvolver algumas amizades. Continuei a ter contacto com um dos protagonistas, visto o outro já ter falecido. Mas a protagonista que até é a mais visível, no que respeita à doença, viveu cerca de 80 anos ali encarcerada, completamente isolada da família. Voltei a visitá-la com a Stephanie que foi a nossa tradutora (sem ela seria impossível) e ela fica muito contente. Falámos um pouco, levamos uns doces. Só isso já vale a pena. O sucesso com o público, se tiver, tanto melhor. Na altura teve. Para mim foi muito importante ouvir pessoas de Macau, principalmente mais velhas, e não tinha a mínima ideia de que isto existia aqui. Foi um sentimento de missão cumprida. Esta foi a minha primeira experiência realmente. Depois veio a segunda: o desafio de 48h em Macau, promovido pelo Centro Cultural e que foi engraçado tendo valido um pequeno prémio. Estas coisas ajudam-nos a acreditar que, se calhar, fazemos alguma coisa de jeito.

“Boat People” aborda os refugiados do Vietname. Actualmente os refugiados são tema constante. Neste caso, a temática foi coincidência, ou apanhou “boleia” das notícias do ocidente?
Desta vez, tinha realmente uma ideia do que queria fazer. Essa questão é realmente interessante até porque em Macau muitas histórias estão postas debaixo dos buracos, nos recantos empoeirados do Governo, etc. Há muitas histórias que não são contadas. Mas foi uma história gira. Até porque foi o documentário que veio ter comigo e não eu a ir ter com o documentário. A ideia de fazer algo sobre refugiados em Macau já existia e partia da Lina Ferreira, minha colega e produtora deste filme. Ambas gostaríamos de fazer uma história à parte do nosso trabalho na TDM. Ela tinha muito interesse nos refugiados de Xangai. Como tínhamos lido alguns artigos, ela tinha tido conhecimento de um doutoramento sobre isso, [sobre] as pessoas que estiveram em Xangai [sendo que] muitas teriam vindo para Macau e outras até mesmo para Portugal. Andámos atrás disso. Ela perguntou-me se achava que poderia dar alguma coisa e achei que sim. Sou a parte mais visual do documentário. E precisamente por isso disse logo à Lina que isso seria muito complicado porque precisávamos das pessoas e dos locais, o que seria um grande problema. Não só as pessoas como também os locais desapareceram.

Ir buscar histórias que já “morreram” acarretará dificuldades específicas. No vosso caso, quais foram?
Essa ideia estava em banho-maria porque realmente não conseguíamos encontrar ninguém vivo, ou que nos quisesse contar a história ou que nos pudesse acompanhar a Xangai. De repente, por mera coincidência, um rapaz do Canadá contactou-me. Andava à procura e tropeçou no nosso documentário sobre Ká Ho. Gostou imenso e mandou-me um email. Apresentou-se, agradeceu o trabalho, disse que estava uma história muito muito interessante e depois contou a história dele. A história dele é de uma pessoa refugiada de Macau que, mais do que isso, iria regressar a Macau 30 anos depois de ter deixado o território e gostava de conhecer gente de cá. Perguntou-me se eu estaria disponível. É uma “win win situation aqui”: através de mim ele conheceria pessoas daqui e se quisesse registar o momento também eu ficaria a ganhar com isso. Foi quando disse “Lina temos a nossa história”. Mas depois foi tudo em tempo recorde. Ele falou connosco em Setembro e em Outubro já cá estava. Ele e a pessoa que o acompanha, que agora prefiro não revelar porque isso é a parte gira para se descobrir no filme. Essas duas pessoas vieram cá, estivemos com elas durante nove dias, andámos pela cidade. Foi tudo de improviso. Não tinha muitos meios, contei com a ajuda preciosa do Pedro Lemos com a câmara e do meu marido a fazer o som, o Francesco. E trabalhámos nisto de uma forma inicialmente muito rudimentar, mas foi sobretudo uma coisa feita com muito amor e muito interesse e improviso. Uma experiência fantástica que agora já me parece muito distante mas que resultou também numa bela amizade. Ficámos muito próximos.

E como é que, a partir de um só relato, as histórias se foram desenvolvendo?
Tínhamos inicialmente só esta história. Depois percebemos que a história era muito mais interessante do que parecia à superfície. Eram refugiados. O tema está na ordem do dia, sim. Mas de facto não foi o ponto de partida. É impossível fugir a isso e é uma questão à qual somos sensíveis. Até porque somos emigrantes, pessoas que se movem no mundo por impulsos e necessidades diferentes. As outras personagens surgiram para contar melhor a história. Mesmo assim não está totalmente contada. Acho que ficou espaço para muito mais. Nós é que simplesmente tínhamos uma “deadline” e poucos recursos. Queríamos fazer uma coisa completamente independente e não tínhamos apoios. Depois conseguimos ir buscar outras pessoas. Uma que na altura trabalhou na polícia marítima e que assistia à chegada dos vietnamitas a Macau e que na altura trabalhava com o padre Lancelote e o padre Ruiz, que eram as pessoas que recebiam cá os refugiados. Fomos também buscar dois jornalistas que, mais do que historiadores, são pessoas que estiveram no terreno. Fomos à procura de outros elementos para compor o ramalhete. Mas muito fica ainda por dizer.

Enquanto histórias também escondidas, que entraves ou “escavações” tiveram que fazer?
Curiosamente o Governo foi muito acessível. Sabemos que as coisas às vezes não são muito claras, mas neste caso tivemos que contactar o Governo para algumas situações. Foi a Lina que o fez e recordo que ela disse que tinham sido muito prestáveis. Filmámos, por exemplo, dentro dos Serviços de Identificação e tivemos algumas explicações da parte deles. Mas por exemplo no Centro de Formação Juvenil Dom Bosco, que era o antigo campo de refugiados aqui, não nos deixaram entrar. Desconfiaram muito quando só queríamos saber o que tinha acontecido com as pessoas que viveram lá. Ficámos à porta. Essa foi a maior dificuldade. E a barreira cultural que é inevitável porque as pessoas não falam da mesma maneira. Foi por isso também que recorremos a outros entrevistados. As pessoas chinesas não desenvolviam algumas questões. Os protagonistas falavam bastante mas as outras pessoas que tentamos procurar – existe também uma enfermeira que na altura trabalhou no campo – não dão detalhes, não são descritivos, não dão datas ou nomes. Era tudo um bocadinho complicado. Essa barreira existiu e ou se contorna se se tiver mesmo muito tempo para ganhar confiança ou então tenta-se de outras formas. Foram essas essencialmente as nossas barreiras. Entretanto do nosso bolso também conseguimos melhorar o filme. Procurámos a ajuda de técnicos profissionais que em Macau já se encontra muito. Macau já desenvolveu muito pessoal especializado.

Faz cinema em Macau. Como vê a situação da industria na região? Qual o estado do cinema aqui?
Acho que está óptimo. Da parte da comunidade chinesa ainda acho que é um pouco monotemático. Costumo assistir a vários filmes e vou a festivais e anda tudo muito à volta do mesmo tipo de temas – o amor, o drama. Por acaso até é curioso porque isso vai ao encontro da tradição portuguesa que também é muito dramática. O cinema em Macau tem muito de fado. Acho que até é uma herança que nem eles, jovens que estão a fazer cinema, têm noção. Mas o momento actual do cinema em Macau é óptimo, não só por causa dos apoios que o Governo tem, de facto, dado com estas iniciativas e festivais, não só para os filmes serem feitos como na recuperação de espaços. Por exemplo, a Cinemateca Paixão. Acho que o Capitol também deveria ser recuperado. Macau já teve muitos cinemas e tem uma história de cinema incrível, mais como cenário para o cinema e não a ser Macau a fazê-lo. Acho que está no bom caminho. Público também tem. Já vi filas no Cineteatro como nunca vi em Portugal, exceptuando as grandes estreias.

“Boat People” não é uma mensagem de tragédia, é um filme de esperança?
Sim, é uma mensagem de esperança, de coragem e de gratidão. As pessoas que aqui vieram não vieram só visitar Macau, vieram agradecer. Sobretudo gratidão. Senti isso e elas também o disseram. Isto ainda não o tinha dito antes. Mas sim, existe não só a coragem de ter apanhado o barco para vir parar a Macau, ficar aqui uns anos sem saber o que lhes iria acontecer e depois serem enviados para um outro país que não conheciam de lado nenhum e terem uma vida nova outra vez. Uma das personagens lamenta muito o facto de ter saudades de algo que já não existe, as lembranças que tinha de Macau, dos lugares que tinha conhecido, que já não existem. É quase estar a procura de uma memória, de uma identidade que se perdeu. Por exemplo um elemento muito importante na altura e que já faleceu [foi] o padre Lancelote e eles queriam muito estar com ele também. Estiveram através de outras pessoas. Mais uma vez o papel do jornalista vem a tona, no deixar os relatos. Sem isso não há nada.

4 Mai 2016

Shakespeare na China 莎翁的命运

*por Juile O’Yang
“Oh tempos desacertados – Oh, amaldiçoado rancor,
que eu tenha visto a luz do dia p’ra vos acertar outra vez!” Hamlet
“这是一个礼崩乐坏的时代,唉!倒霉的我却要负起重整乾坤的责任.”《哈姆雷特》

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m Abril deste ano um escritor chinês, um tal de Zhang, deu alegadamente entrada na sala de operações de um cirurgião plástico. Quando saiu, parecia-se com… William Shakespeare. Para proceder a este tratamento Zhang gastou as poupanças que tinha feito durante mais de 10 anos, num total de 1,4 milhão de RMB. E reparem que não é uma piada do dia das mentiras!
E mais: os cibernautas chineses acham que, nesta versão “Zhanguiana”, Shakespeare fica ainda “mais bem-parecido” do que no original. Este escritor de “best-sellers” afirmou identificar-se com Shakespeare por ambos terem tido infâncias trágicas e experienciado muitas desilusões e, sendo escritor, sentia-se na obrigação de impressionar os seus leitores, mas de uma “maneira fixe”!!!
O desejo de ser belo é actualmente uma prioridade na China e as selfies abriram caminho a uma epidemia de cirurgias plásticas no País mais populoso do mundo. Segundo um relatório recente, na China, as redes sociais e a obsessão das selfies estão a criar uma nova mania, a vaidade, e também um novo mercado para os cirurgiões plásticos, com facturações que duplicarão para 800 biliões de yuans (122 biliões de USD) em 2019, a partir dos 400 biliões de yuans registados em 2014. “Ter a aparência certa é a chave para uma vida melhor”, deixou de ser uma mania de adolescentes e passou a ser uma filosofia de vida deplorável.
Mas regressemos às Ilhas Britânicas renascentistas, que viram nascer Shaweng莎翁 (Shakespeare em chinês, que significa Senhor Sha) há quatrocentos anos atrás.
As obras de Shakespeare tiveram desde sempre um grande impacto na China. Os chineses ouviram inicialmente falar do dramaturgo britânico em meados do séc. XIX, através de missionários Europeus.
Yan Fu, um filósofo e reformista chinês, referiu-se-lhe pela primeira vez em 1894 e, posteriormente em 1907, o grande escritor modernista Lu Xun escreveu sobre ele, num ensaio traduzido. No entanto, o trabalho de Shakespeare foi apresentado ao público chinês através dos seus sonetos. A antiga Dinastia Qing considerou de alguma forma importante fazer um esforço “imperial” para realçar a tragédia como um género, pelo que as peças de Shakespeare, recheadas de desgostos de amor e de catástrofes de ordem vária, pareciam perfeitas para o efeito. Em 1921 Hamlet foi traduzido para chinês.
Até 1949, ano da fundação da República Popular da China, tinham-se passado quase 30 anos. Cao Yu, um famoso dramaturgo chinês, não conseguiu traduzir as Obras Completas de Shakespeare antes de morrer. Um outro tradutor do mesmo período, Zhu Shenghao, transpôs para chinês 27 peças, em circunstâncias muito difíceis. Apesar de tudo a popularidade de Shakespeare foi sempre crescendo a partir de 1949. As suas peças têm sido estudadas em instituições académicas de todo o País. As suas palavras líricas e expressões românticas não são desconhecidas dos estudantes universitários chineses.
Na realidade, o homem de Stratford-upon-Avon é frequentemente citado em parceria com Guan Hanqing (c. 1241–1320), um célebre poeta e dramaturgo chinês da Dinastia Yuan. O Mercador de Veneza, Romeu e Julieta, Hamlet, O Rei Lear e Otelo tornaram-se peças de referência e são apreciadas por audiências com notáveis níveis de conhecimento da obra de Shakespeare.
Durante uma visita ao Reino Unido em Outubro de 2015, o Presidente Xi Jinping citou A Tempestade, no discurso que proferiu no Parlamento:

凡是過去,皆為序章 – O passado é prólogo.

4 Mai 2016

CCP | Baixos salários no Consulado “dificultam” a vida a funcionários e residentes

O orçamento do Consulado continua a dificultar a vida aos funcionários, que sofrem com baixos salários e alto custo de vida, dizem os conselheiros do CCP

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s conselheiros das Comunidades Portuguesas de Macau voltaram a alertar para os baixos salários dos funcionários do Consulado de Portugal na RAEM em relação ao custo de vida local, considerando que dificultam a contratação de pessoal e prejudicam o atendimento aos emigrantes. Em declarações à agência Lusa à margem da reunião plenária do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), que decorreu esta semana em Lisboa, o conselheiro José Pereira Coutinho referiu que, “dos últimos cinco” funcionários que o Consulado recentemente contratou “quatro já foram embora e o que resta também tem os dias contados”, na medida em que os salários praticados são extremamente baixos.
“Com os salários praticados não se vai de maneira nenhuma criar estabilidade ao nível dos recursos humanos no Consulado de Portugal em Macau, pelo contrário, desestabiliza e obriga à repetição dos procedimentos burocráticos para a admissão de funcionários”, disse.
A situação não é nova e já foi alvo de justificação da parte do Cônsul Vítor Sereno, mas Pereira Coutinho frisa que a manter-se assim, cria instabilidade nos recursos humanos e afecta os serviços consulares.
“As pessoas não têm mãos a medir com o volume de trabalho que têm, principalmente no Registo Civil e na resolução das marcações para renovação do cartão de cidadão e de passaportes”, disse.
Também a conselheira Rita Santos referiu que a falta de pessoal no Consulado dificulta a vida aos emigrantes e deu como exemplo os pedidos de registo de nascimento, que podem demorar “um ou dois anos”.
“Já fomos sensibilizar o Secretário de Estado [das Comunidades] para olhar Macau de outra forma porque temos uma comunidade de 140 mil pessoas em Macau e mais 40 mil em Hong Kong, muitos deles não dominam a Língua Portuguesa e este é um trabalho a dobrar para o Consulado se não houver um número de pessoal adequado”, referiu.

Bilingues precisam-se

Questionado sobre se há muitos portugueses a emigrar para Macau, Pereira Coutinho referiu que “há dificuldades estruturantes porque cada vez mais é necessário o conhecimento das línguas oficiais, o que dificulta a [vinda] de portugueses” para território.
Mas o também deputado deixou no ar uma sugestão: “Macau tem neste momento uma falta gritante de tradutores bilingues em Chinês e Português e seria interessante se Portugal pudesse formar jovens nesta área”, acrescentou.
Rita Santos também destacou a necessidade de formar bilingues e de fomentar a utilização da Língua Portuguesa em Macau.
“É preciso incentivar nas escolas privadas e nas escolas públicas o ensino da Língua Portuguesa a partir da escola primária, porque para falar bem o português é preciso começar desde criança”, disse, referindo que os conselheiros estão a sensibilizar o Governo local nesse sentido.
Pereira Coutinho defendeu ainda que o turismo de chineses para Portugal deve ser potenciado, nomeadamente com a criação de “rotas aéreas directas entre as cidades chinesas e Lisboa, Porto e Faro”.

3 Mai 2016

Centro Produtos Alimentares | IPIM procura fornecedores no Brasil

Uma delegação do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) encontra-se no Brasil numa visita oficial que irá durar até sábado. Segundo um comunicado, um dos objectivos desta viagem é a captação de mais fornecedores para o Centro de Exposição dos Produtos Alimentares de Língua Portuguesa, para “introduzir um maior número de produtos alimentares e bebidas” produzidos no Brasil.

3 Mai 2016

Mais de cem ilegais em três meses

Segundo um relatório divulgado pelo Corpo da Polícia de Segurança Pública foram detectados 106 trabalhadores ilegais no primeiro trimestre deste ano. O resultado é fruto de operações de fiscalização em terrenos de obras de construção civil, residências e estabelecimentos comerciais e industriais, num total de 1175 locais vistoriados.

3 Mai 2016

Quebra no comércio externo

O comércio externo de mercadorias de Macau atingiu 20 mil milhões de patacas nos primeiros três meses deste ano, registando uma queda de 19,7%, em termos anuais homólogos. Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), Macau exportou bens avaliados em 2,70 mil milhões de patacas – menos 0,2% face ao primeiro trimestre de 2015 – e importou mercadorias no valor de 17,30 mil milhões de patacas, menos 22,1% face ao período homólogo do ano passado. Em termos de destino, nos primeiros três meses deste ano aumentaram as exportações para a China, que atingiram os 400 milhões de patacas ou mais 3,5%. Em contrapartida, diminuiu o valor dos bens vendidos para Hong Kong, União Europeia e Estados Unidos, em 0,5%, 23,1% e 48,2%, respectivamente. Já do lado das importações, registaram-se descidas nas compras à China e à União Europeia, cujo valor diminuiu 24,4% e 21,8, respectivamente, face aos primeiros três meses de 2015.

3 Mai 2016

Edifício do Lago sem alojamento ilegal

O Instituto da Habitação (IH) garantiu estar atento ao caso de duas fracções no Edifício do Lago que estariam a ser usadas como alojamento ilegal, mas, segundo a Rádio Macau, os Serviços de Turismo (DST) já descartaram essa possibilidade, tendo referido que “a denúncia não tinha fundamento”, depois de uma investigação feita em conjunto com a Polícia de Segurança Pública (PSP). A denúncia partiu após a existência de um alegado anúncio na plataforma online Airbnb. “Não foram identificados nem os proprietários nem as fracções registadas na página Airbnb”, disse a DST à Rádio Macau. O anúncio foi apagado, inclusivamente no Facebook, tendo sido feita outra investigação. Mas também aqui se comprovou que a suspeita “não tinha fundamento”.

3 Mai 2016

Os homens do meu país

Carlos André

vêm da raiz do tempo
os homens do meu país
já não sabem
já não lembram
a raiz com sua chama

[…………………..]

foram ossos a arder em piras de chamas que chispam ódio
ódio surdo e cego de lei
que manda que se não diz
que nos homens deste povo
há país e há raiz!
mas na cinza desses ossos
nos restos desses brasidos
crepitam olhos e gritos com ecos na voz do vento:
‘ainda não fomos vencidos!’

sentiram correr nos corpos a seiva do pensamento
tiveram nome de antero de martins ou de queirós
e viram que a voz de dentro
só é viva se for voz
deram tiros
conspiraram no segredo das conjuras
e mataram
e gritaram ao seu povo que era sua a praça pública
que viesse
que estivesse
que dissesse que era gente
e que ser dono de um país
seu
era imperioso
e urgente

acreditaram
na força de sua mão
e ao porem pedra por pedra
nessa nova construção
descobriram que um país
com homens feitos raiz
não é vão

rasgaram em barcos novos os sonhos despedaçados
fincaram olhos num gongo ouvido em nambuangongo
estiveram em bissau
em terras desconhecidas
foram alcântara-partidas
e alcântara-chegadas
e partiam
regressavam
e iam
e não voltavam
combateram sem vontade
contra a vontade dos outros
e mataram
e espancaram
incendiaram queimaram ceifaram e deceparam
deitaram fogo a choupanas
sem saber serem humanas
uns foram voz de metralha
voltaram outros mortalha

ficava a terra viúva
dos homens que ia perdendo
dos homens que iam partindo
rumo ao norte
em busca doutras paragens
outro vento
outras aragens
com a sorte a soprar mais forte
saíram em austerlitz
povoaram champigny
construíram com suor
o futuro de morrer aqui

também ficaram
apodreceram aos poucos nos poços doutras masmorras
perderam o sono
e o sangue
no sol que nunca viam
mas mantiveram de pé a certeza da vontade
doutro sol que acreditavam
com nome de liberdade

uns foram nomes pra sempre
outros pra sempre sem nome
nome de sérgio
de bento
de humberto
de catarina
nas balas doutra metralha
mandada ser assassina
usaram armas
e redes
e martelos
pás
enxadas
terras crestadas de sedes que esperam ver saciadas
e de novo guitarras
e violas
e vozes que valem balas
e esfarrapam as mordaças com que as querem caladas
voz de zeca
voz de graça
de zé gomes
de adriano
palavras que a gente ouvia
sentia
repetia
que a vontade de ser dia
não pode chamar-se engano

foram alvoradas novas
nas ruas
nas avenidas
nos canos das espingardas
empunhadas
por esperanças reacendidas
e floridas

acreditaram possível uma nova construção
e em volta da liberdade
com vontade de querer
apertaram mão com mão

sem estar certos do caminho estão certos de caminhar
e nas veias misturadas
no sangue que ferve fundo
a esperança
a vontade
a certeza
de ser gente
de ser mundo

vêm da raiz do tempo os homens do meu país
sem que saibam
sem que lembrem
têm bem fundo de si a raiz e sua chama

2 Mai 2016

Lei reguladora das ONG estrangeiras aprovada

A Assembleia Nacional Popular aprovou ontem a lei que regula o trabalho das Organizações Não Governamentais (ONG) estrangeiras a actuar no país, e que poderá pôr em causa a sua manutenção no continente.
Apesar das duras críticas da União Europeia e dos Estados Unidos da América, foi aprovada com 147 votos a favor e um contra.
O texto ainda não foi publicado, mas a proposta de lei, avançada pela agência oficial Xinhua no início desta semana, previa que o trabalho das ONG passe a estar dependente da aprovação da polícia.
Englobadas neste regime estão as instituições de caridade, associações empresariais, instituições académicas e outras organizações estrangeiras a actuar na China que serão obrigadas a trabalhar em parceria com agências controladas pelo Governo chinês.
O projecto de lei outorgava poderes à polícia para interrogar o director ou representante de uma ONG a “qualquer momento” e estipulava que as autoridades possam interromper qualquer actividade que coloque em perigo a segurança nacional.
Segundo a Xinhua, o mesmo documento apontava a criação de uma “lista negra” das ONG que “incitem à subversão” ou “separatismo”, prevendo a proibição de operarem no país.

Ligações perigosas

Segundo dados oficiais, existem cerca de 7.000 ONG estrangeiras a operar no país, em áreas tão diversas como o meio ambiente, ciências, educações ou cultura.
Nos últimos anos, a imprensa estatal chinesa tem acusado as ONG estrangeiras de ameaçar a segurança nacional ou tentar desencadear uma “revolução colorida” contra o Partido Comunista Chinês.
Em Janeiro passado, as autoridades chinesas detiveram e deportaram um activista sueco, co-fundador da ONG China Action, que oferecia assistência jurídica a advogados que recorriam ao sistema judicial chinês para tentar punir abusos das autoridades.
Desde que o actual Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, no final de 2012, o número de presos políticos na China quase triplicou, enquanto o controlo sobre a sociedade civil tornou-se ainda mais apertado

2 Mai 2016

Pequim “não permitirá deterioração da segurança na península coreana”

O Presidente chinês não quer ver a península coreana transformar-se num cenário de guerra e pede calma às partes. Mantém-se firme na implementação das sanções da ONU, quer ver a península desnuclearizada mas desconfia dos mísseis americanos. E volta a garantir que o Mar do Sul… é da China

O Presidente chinês, Xi Jinping, assegurou ontem que o seu país “não permitirá a deterioração da segurança na península coreana”, após as últimas provocações de Pyongyang, e instou todas as partes “a manter a calma”.
Xi, que falava durante a inauguração em Pequim do quinto fórum ministerial da Conferência para as Medidas de Interacção e Construção da Confiança na Ásia (CICA), apelou ainda a um “regresso à mesa de negociações”.
A China está “comprometida com a paz e a segurança na península coreana”, afirmou Xi, acrescentando que Pequim não permitirá que a região “mergulhe na guerra e no caos”.
A Coreia do Sul prevê que a Coreia do Norte faça o seu quinto teste nuclear nos próximos dias. Os anteriores ocorreram em 2006, 2009, 2013 e Janeiro de 2016.
Xi Jinping garantiu que a China implementou “plena e absolutamente” as sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU contra a Coreia do Norte, após o teste nuclear de Janeiro, seguido de um ensaio encoberto de mísseis balísticos.
As sanções incluem a inspecção obrigatória dos carregamentos para o país, a restrição nas exportações de materiais, o embargo ao comércio de armas ligeiras e a proibição de venda de combustível aeroespacial.

Desconfiar dos americanos

A China é o aliado mais importante da Coreia do Norte e é responsável por 90% do comércio externo daquele país. Até há pouco tempo, as relações entre Pequim e Pyongyang eram descritas como “unha com carne”.
Xi afirmou que a China promoverá a desnuclearização da península “através do diálogo e das consultas”, enquanto Pequim se opõe a sanções unilaterais impostas pela Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão.
Outra preocupação da China diz respeito à instalação do sistema antimísseis norte-americano THAAD na península coreana, que acusa de ter como verdadeiro alvo o país.
Xi reiterou a sua “visão de segurança para a Ásia”, insistindo que os problemas da região “devem ser resolvidos entre os asiáticos”, numa crítica velada à interferência dos Estados Unidos da América, que nos últimos anos reforçaram a presença militar na região.

Mare Nostrum

O Presidente chinês referiu-se ainda às disputas territoriais que a China mantém com outros países no Mar do Sul da China, defendendo que “devem ser resolvidas através de negociações com os países envolvidos”.
Xi defendeu a postura da China, independentemente da decisão do Tribunal Internacional de Haia, que aceitou mediar o caso a pedido das Filipinas, que disputa a soberania de várias ilhas com o Continente.
Pequim reclama a soberania de quase todo o Mar do Sul da China. Nos últimos meses, construiu ilhas artificiais capazes de receber instalações militares em recifes disputados, total ou parcialmente, pelas Filipinas, Vietname, Taiwan, Malásia e Brunei.
Estabelecida em 1992, a CICA dedica-se à segurança regional e conta actualmente com 26 países membros da Ásia e sete Estados observadores, entre os quais os EUA e o Japão.

2 Mai 2016