China “não tolera” acusações ao investimento no Reino Unido

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China “não pode tolerar” as acusações de que o seu investimento numa central nuclear no Reino Unido ameaça a segurança daquele país, afirmou na segunda-feira a imprensa oficial, após Londres ter decidido suspender o projecto.
Pequim concordou em ficar com uma participação de um terço na central nuclear a ser construída pela gigante francesa EDF em Hinkley Point C, no sudoeste da Inglaterra.
O negócio foi anunciado durante a visita oficial do Presidente chinês, Xi Jinping, ao Reino Unido em Outubro como parte da “era dourada” nas relações bilaterais, promovida pelo então primeiro-ministro britânico David Cameron e o ministro das Finanças George Osborne.
A nova administração britânica, liderada por Theresa May, anunciou, entretanto, a suspensão do projecto.

Menos dourado

A decisão “traz incertezas à ‘era dourada’ nas relações entre a China e o Reino Unido”, afirmou a agência oficial Xinhua, num comentário assinado pelo jornalista Tian Dongdong, que acrescenta que o futuro investimento chinês no país poderá ser suspenso, “a menos que aquele projecto avance”.
Apesar da tensão e aberta animosidade registadas na década de 1990 sobre a transferência da soberania de Hong Kong – e da histórica “humilhação” causada pela sempre lembrada Guerra do Ópio – o Reino Unido é hoje o principal destino do investimento chinês na Europa.
Receios de que a China “crie condições”, durante a construção, para controlar infra-estruturas chave, “são infundadas e têm um toque de ficção científica”, refere Tian.
“A China espera que um governo britânico racional tome decisões responsáveis, mas não pode tolerar qualquer acusação contra a sua vontade sincera e benigna de procurar uma cooperação de benefício mutuo”, acrescenta.
Vince Cable, antigo membro do governo britânico que trabalhou com May quando esta ocupava o cargo de ministra do Interior, afirmou à imprensa que a nova chefe do executivo britânico estava “preocupada” com o investimento chinês.
“A maioria dos países ocidentais, e certamente os EUA, adoptam uma visão geopolítica muito mais céptica e estão preocupados com a aproximação a um governo com uma ideologia muito diferente, que potencialmente trará problemas sérios no futuro”, referiu Cable.
O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, lembrou ontem em editorial que “a ideologia não é mais um obstáculo nas relações bilaterais”, afirmando que “May não tem motivos para arrefecer as relações entre os dois países”.
Nos últimos anos, a China foi dos países que mais investiu em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, e tornou-se também um mercado de crescente importância para as exportações portuguesas.

3 Ago 2016

SJM cria programa para parcerias com PME locais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a Câmara do Comércio de Macau anunciaram ontem o lançamento de uma parceria com vista a apoiar as pequenas e médias empresas (PME). O “Macau SME Procurement Partnership Programme”, assim se chama, foi anunciado na segunda-feira e contou com a participação de várias entidades promotoras, bem como de representantes de PME locais. O objectivo é dinamizar e promover os negócios do território.
Chan Tze Wai, directora substituta dos Serviços de Economia, disse que as “pequenas e médias têm crescido a par da indústria do turismo e do jogo, naquilo que tem sido uma estratégia que se complementa, gerando benefícios mútuos”, algo que a responsável vê como benéfico para todos.
A parceria visa continuar a promover actividades locais com a Câmara do Comércio de Macau e apostar na promoção de actividades económicas entre o comércio local e os resorts integrados, com a SJM a frisar que vai continuar a apoiar as PME.
Angela Leong, directora-executiva da operadora, adiantou que os espaços da empresa continuam “à procura de mais negócios locais, para criar novas parcerias e apostar na qualidade da imagem de Macau”. Depois de ter criado um supermercado exclusivo para funcionários, a empresa salienta que “80% dos negócios” da operadora são feitos com PME locais.
A propósito desta ideia, Ambrose So, director-executivo da SJM, apontou a “importância de empresas e marcas que representam Macau, contribuindo para uma imagem internacional, competitiva” do território.

Concurso aberto

Bayley Sin, director de Marketing da SJM, anunciou que no dia 19 de Setembro, os representantes das PME locais poderão ter um encontro de negócios no Grand Lisboa, onde estará uma equipa especializada nesta área. Entretanto, a SJM uniu esforços com a Câmara de Comércio de Macau e o Centro de Productividade e Tecnologia para o lançamento do concurso de design de uniformes para os dealers do casino do Grand Lisboa Palace, com o objectivo de promover a indústria criativa e cultural e mostrar a importância do “made in Macau”. Todos os que tenham mais de 21 anos são convidados a participar.

3 Ago 2016

O outro italiano 製作萬國全圖的人

*por Julie O’yang

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]semana passada escrevi sobre Lang Shining, o pintor italiano ao serviço do Imperador Kangxi.
Em 2010 celebrou-se o 400º aniversário da morte do missionário jesuíta Matteo Ricci 利瑪竇. Na China este aniversário teve particular significado, devido ao tremendo impacto que a sua abordagem à cultura chinesa provocou. Mas o que é que sabe efectivamente o povo chinês sobre a vida e obra de Ricci e dos seus companheiros? 
Matteo Ricci (nascimento 6 de Out. de 1552, em Macerata, Estado do Vaticano — morte, 11 de Maio de 1610, Pequim, China) foi um missionário jesuíta italiano que introduziu a doutrina cristã no Império chinês do séc. XVI. Viveu no País durante cerca de 30 anos e foi pioneiro na tentativa de estabelecer uma ponte de entendimento entre a China e o Ocidente. Ricci aprendeu chinês e adoptou os costumes locais, o que lhe granjeou a entrada na China interior, normalmente interdita a estrangeiros.
Em Agosto de 1582 Ricci chegou a Macau vindo de Goa. Passou o resto dos seus dias na China, em Zhaoqing, Chaozhou, Nanjing e Pequim. Viveu em Pequim nos últimos anos da sua vida, de 1601 a 1610, e, ele e o seu companheiro jesuíta Diego Pantoja foram os primeiros ocidentais a penetrar nos mistérios da Cidade Proibida.
O “método de Ricci” garantiu-lhe a celebridade nos meios académicos, mas também junto do povo: de forma deliberada, alvoroçou e impressionou a China do séc. XVI com as conquistas científicas e culturais da Europa cristã, e obteve a admiração incondicional de académicos e funcionários superiores. Na sua casa em Zhaoqing tinha exposto um grande mapa do mundo, desenhado no Ocidente. Os visitantes ficavam espantados por ver a Terra representada como uma esfera e por se aperceberem que o Império chinês ocupava apenas uma parte relativamente pequena do mundo. Em resposta a diversos pedidos, Ricci traduziu o mapa para chinês. A primeira versão foi gravada e impressa em 1584. O mapa que aparece na imagem é uma das seis cópias conhecidas da terceira versão, feita por Ricci em 1602, a pedido de um cartógrafo chinês seu amigo. A versão de 1602 é a mais antiga de que se tem registo na China a representar as Américas, reflectindo os conhecimentos obtidos com as viagens dos descobridores. Ricci preencheu o mapa com elaboradas anotações em chinês, que patenteavam o estado do (des)conhecimento ocidental, à época, sobre vários países. O Nilo aparecia referido como “o maior do mundo. Corre para o mar durante sete meses. Neste País não há nuvens nem chuva durante o ano inteiro, mas os habitantes têm grandes conhecimentos de astronomia.” Sobre o Canadá, escreveu: “Os habitantes são amáveis e hospitaleiros. Fabricam o vestuário com peles de animais e dedicam-se à pesca.” O mapa também contem informação geográfica e astronómica muito precisa e sofisticada, de onde se destaca: uma dissertação sobre o formato e tamanho da Terra, uma explanação sobre a variação da duração dos dias e das noites, uma tabela com as distâncias dos diversos planetas para a Terra. Inclui ainda perspectivas polares (Norte e Sul) do globo que mostram que a Terra é redonda.
Agora aqui vai a questão central que coloco aos meus leitores. Será possível que a China tenha contribuído para a importância da obra de Ricci? Porque sem a “Cultura do Outro”, o seu legado teria sido menos grandioso, senão mesmo inexistente.

3 Ago 2016

Melco tem novo director

A Melco International anunciou ontem a nomeação de Evan Winkler como director-executivo do grupo. Winkler já iniciou funções e tem como principal responsabilidade a criação de uma “estratégia de crescimento”, como frisa um comunicado da operadora. Evan Winkler irá responder directamente a Lawrence Ho, director da empresa. O anterior envolvimento do novo director em projectos do grupo, bem como toda a sua experiência noutras companhias, foram pontos fortes a seu favor nesta tomada de decisão. “Estou confiante por ter alguém com o seu background e reputação a bordo, acredito que com a sua capacidade de liderança e trabalhando em conjunto com a equipa executiva, o Grupo Melco terá um novo peso”, diz Lawrence Ho. Winkler terá outras funções associadas, nomeadamente como membro do Comité Financeiro e do Comité Executivo.

3 Ago 2016

Wang Zhiming “gosta cada vez mais de Macau”

Wang Zhiming, o novo director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, assistiu na segunda-feira à Celebração do 89º Aniversário do Estabelecimento do Exército Popular de Libertação, naquela que foi a sua primeira actividade pública em Macau, segundo o Jornal do Cidadão. O novo director disse que começou a gostar de Macau “assim que chegou à cidade” e que “vai gostar de Macau cada vez mais.” Quando questionado sobre a actualidade de Macau, como a opinião sobre a Lei de Terras, em voga actualmente, o novo director saiu imediatamente sem responder às perguntas dos jornalistas. A entrevista demorou apenas 30 segundos, segundo a publicação chinesa, mas ficou a saber-se que Wong Zhiming precisa de mais tempo “para observar e apreciar a cidade com calma antes de escolher os seus lugares favoritos”.

3 Ago 2016

Droga | Teste escolar obrigatório não é solução, dizem agentes sociais

O sector dos assuntos sociais parece ser unânime: testes obrigatórios de despistagem de droga nas escolas pode ser mais negativo do que positivo. A solução apontada está na promoção de actividades de lazer promotoras de uma vida sem drogas, algo defendido também pelo IAS

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]estes obrigatórios ao consumo de droga nas escolas não é a resolução mais eficaz para diminuir os casos, considera o Instituto de Acção Social (IAS). O organismo diz que a solução pode ter mais efeitos negativos do que positivos e agentes sociais ouvidos pelo HM partilham da opinião.
Paul Pun, responsável da Caritas, vê como mais produtivo o investimento de tempo e recursos na prestação de serviços auxiliares do que na detecção de consumos de estupefacientes nas escolas. Ao HM, Paul Pun disse que não é adequado impulsionar o teste de drogas obrigatório nas escolas porque as instituições poderiam, ao invés disso, aproveitar o tempo para prestar formação a professores e funcionários no sentido destes detectarem sinais de consumo.
“Quando há alguém a tentar equilibrar-se ou que vá à casa de banho frequentemente, os funcionários podem, por exemplo, aproximar-se dos alunos e perguntar o que se passa”, afirma o responsável da Cáritas. “É necessária sim, uma observação cuidadosa e evitar ignorar as reacções dos alunos” para que se proceda à informação aos pais e a quem de direito, “de modo a promover um acompanhamento posterior adequado.”
O responsável considera que a realização de actividades de lazer em vez da “caça à droga” é mais eficaz porque é nestas actividades que os possíveis consumidores podem “encontrar motivações que evitem os consumos”.

Não ao rótulo

Vong Yim Mui, directora do IAS, tinha reforçado, à margem de uma actividade contra a droga, que o organismo não vai impulsionar o teste de droga obrigatório nas escolas, assunto que se levantou porque Hong Kong já promove este exame. O director-geral da Associação dos Assistentes Sociais, Ng Wan Fong, considera que é importante acompanhar a situações dos jovens. E como Macau é um território pequeno, nomeadamente quando comparado com a região vizinha, lança um alerta se o teste fosse implementado: correr-se-ia o risco de “etiquetar” e estigmatizar alunos que possam ter contacto com estupefacientes e com isso trazer efeitos mais negativos que positivos.
Ng Wan Fong revelou ainda ao HM que, embora os casos de consumo de droga pelos jovens da RAEM sejam cada vez mais “escondidos”, o teste deve ser considerado com muito cuidado. “Muitos exemplos das regiões vizinhas já nos mostraram que o teste obrigatório não tem grande efeito e por isso, a meu ver, a promoção de recursos e a maior formação do sector educativo será mais eficaz” afirma o director.

*por Angela Ka

3 Ago 2016

Presidente de Taiwan pede desculpas aos povos indígenas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, pediu ontem desculpas formais aos povos indígenas de Taiwan pelo sofrimento ao longo de séculos, sendo a primeira vez que um líder da ilha faz uma declaração desta natureza.
Tsai, a primeira presidente da ilha a ter sangue aborígene, vai dirigir pessoalmente uma comissão de inquérito sobre as injustiças do passado, no quadro dos esforços do seu governo para apaziguar as tensões com a comunidade autóctone.
“Apresento as minhas desculpas aos povos indígenas por parte do Governo, para vos transmitir as nossas mais sinceras desculpas pelos sofrimentos e pelas injustiças que têm sofrido nos últimos 400 anos”, disse Tsai num discurso.
“Devemos analisar seriamente a história e dizer a verdade”, acrescentou, sublinhando que as desculpas são “um novo passo em frente”.
Centenas de indígenas manifestaram-se em frente ao palácio presidencial de Taipé durante o fim de semana, apelando à protecção do seu direito de caça e exigindo acções concretas do Governo.
A comunidade indígena, que representa cerca de 2% dos cerca de 23 milhões de taiwaneses, viu a sua cultura tradicional afectada depois da chegada de migrantes da China há vários séculos.
As terras dos indígenas são em grande parte classificadas parques naturais, o que provoca disputas sobre a caça e pesca. O desemprego é mais elevado entre os aborígenes e os seus salários são 40% inferiores à média nacional, segundo o Conselho dos povos indígenas, um organismo público.

2 Ago 2016

Ataque à facada por “descontentamento com barulho de portas”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]homem que atacou dois outros à facada, levando à morte do mais velho, fê-lo por estar descontente com o barulho de abrir e fechar das portas na casa dos vizinhos.
O caso, que teve lugar no domingo no edifício Vai Chun do Fai Chi Kei, conheceu novos desenvolvimentos. O autor do ataque, um homem com cerca de 51 anos e de apelido Cheang, estaria alcoolizado no momento em que decidiu utilizar uma faca para desferir golpes nos dois vizinhos, um homem de 59 anos e outro de 23, pai e filho. Tanto o jovem, como o irmão mais velho são agentes da PSP. O mais jovem tentou defender o pai e o outro, que se encontrava a descansar, conseguiu parar o ataque ao irmão, que sofreu ferimentos no pescoço, cara e mãos, mas nenhum conseguiu impedir que o pai viesse a falecer, depois de entrar em coma devido aos ferimentos.
A imprensa chinesa cita depoimentos que indicam que o atacante, de apelido Cheang, “estava com olhar extremamente zangado e escondia duas facas”, quando foi bater à porta dos vizinhos supostamente para falar sobre o barulho das portas. O homem terá deixado a filha de dez anos em casa e, quando a porta do vizinho se abriu, terá lançado imediatamente o ataque. Os vizinhos indicam que Cheang é “agressivo” e que mora no local com a mulher e a filha há três anos. O homem tem atitudes “estranhas”, dizem os moradores do prédio, que os levam a “ter medo e a evitar encontrá-lo no corredor”. Uma dessas atitudes, diz o Ou Mun, seria a de gritar às janelas quando está alcoolizado. Por outro lado, a família da vítima era tida como “bastante simpática”. A mulher da vítima mortal necessitou de ser hospitalizada.
A PSP já apresentou as condolências à família dos dois agentes e assegura que vai apoiar no que for preciso. O perpetrador do ataque está detido e pode ser condenado a 25 anos de cadeia.

*por Cláudia Tang

2 Ago 2016

CPCS | Wong Kit Cheng pede limite para discussões e mais eficiência

A deputada está cansada de ter se esperar anos para chegar a uma conclusão sobre assuntos que merecem, diz, ser tratados rapidamente. Pede um prazo limite para as discussões do Conselho Permanente de Concertação Social, de forma a que se saia do lugar

[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]ong Kit Cheng não está satisfeita com o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS). A deputada critica o grupo por passar anos a discutir as mesmas questões sem chegar a qualquer conclusão.
Numa interpelação escrita, Wong Kit Cheng alerta para a necessidade de se aumentar a eficiência do CPCS no que diz respeito aos problemas discutidos na sua sede, como é o caso da revisão da Lei das Relações Laborais e como foi a questão do salário mínimo.
A deputada refere as grandes mudanças que Macau tem vindo a sofrer nestes anos e relembra que muitos sistemas jurídicos e leis têm de ser modificados conforme as situações actuais, especialmente os casos que envolvem os direitos e interesses laborais. Mas, como estes casos têm de ser discutidos primeiramente pelo CPCS e depois de um acordo é que podem ser entregues à Assembleia Legislativa (AL), essas mudanças não acontecem quando deviam. Wong Kit Cheng pede, por isso, um prazo limite para um assunto ser tema no seio do grupo.
“O Governo vai considerar criar um prazo limite para as discussões do CPCS, fazendo com que se melhore a eficiência face às modificações jurídicas que servem mais rápido as necessidades dos cidadãos e da sociedade?”, questionou.

Exemplos a gosto

A deputada fala em “atrasos bastantes graves”, que exemplifica com informações do site do CPCS: a discussão da proposta de lei sobre o Regime do Trabalho a Tempo Parcial, a da alteração da Lei das Relações de Trabalho e a da Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes, a alteração da legislação respeitante às agências de emprego e cumprimento das normas internacionais do trabalho da Convenção da ONU, entre outros, já aparecem no seu Planos de Actividades desde 2013. Dando outro exemplo, Wong Kit Cheng frisa que, desde 2013, já surgiu a discussão do aumento do montante das contribuições para o Regime da Segurança Social, algo que ainda nem sequer obteve consenso.
Wong Kit Cheng relembra que, apesar de existirem organizações de carácter consultivo, constituídas por representantes do Governo, das associações patronais e das associações de trabalhadores, o Governo é quem tem de dar o primeiro passo para eliminar a discordância. Caso contrário, refere, as opiniões divergentes vão sempre fazer com que nunca haja acordo.
“O Governo não foi capaz de realizar essa função. Como é que os responsáveis do Governo no CPCS vão esforçar-se para conseguir reduzir os desacordos?”, indagou a deputada.

* por Cláudia Tang

2 Ago 2016

Uber funde operações com rival chinês no continente

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]aplicativo de transporte Uber e o seu rival chinês Didi Chuxing vão fundir as suas operações na China, pondo fim a uma renhida competição pelo mercado da segunda maior economia mundial, avançou a agência Bloomberg.
O negócio permitirá à Uber ficar com 20% da futura empresa, detalhou a agência.
Ambas as firmas gastaram milhares de milhões de dólares com subsídios para motoristas e passageiros, e trocaram acusações mutuamente, como parte de uma campanha pelo domínio do mercado chinês.
A estrutura do acordo permitirá à Didi Chuxing controlo indiscutível.
O negócio poderá ser formalmente anunciado em breve, segundo o Wall Street Journal.
Uma mensagem posta a circular nas redes sociais chinesas e alegadamente escrita pelo presidente executivo da Uber, Travis Kalanick, diz: “Aprendi que, para obter sucesso, é preciso ouvir a tua cabeça e seguir o teu coração”.
Ambas as empresas estavam a “investir milhares de milhões de dólares na China e ambas não conseguiram ainda registar lucros”, lê-se na mensagem.
“Alcançar lucros é a única forma de construir um negócio sustentável, capaz de melhor servir os passageiros chineses, motoristas e as cidades, a longo prazo”, acrescenta.
Na semana passada, a China legalizou de forma definitiva as operações dos aplicativos de transporte, tornando-se o primeiro país a aprovar uma lei para regular este modelo de negócio.
A normativa obriga as empresas do setor a pagar impostos e proíbe-as de praticar políticas agressivas de preços, “suscetíveis de causar perturbações no mercado”, restringindo possivelmente o recurso a subsídios.
Em Maio, o gigante tecnológico norte-americano Apple investiu 1.000 milhões de dólares no Didi Chuxing, que tem uma quota de quase 90% do mercado chinês.
Como parte da fusão, a Didi Chuxing investirá mil milhões de dólares na Uber, elevando o valor da firma para 68 mil milhões de dólares, detalhou a Bloomberg.
A Uber assumiu-se, nos últimos anos, como uma das mais valiosas ‘startups’, à medida que se expandiu para 50 países, mas tem enfrentado barreiras legais e protestos das companhias tradicionais de táxi em quase todo o mundo.

2 Ago 2016

Larry So fala de restrição da liberdade de expressão em casos como o da ANM

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]sociólogo e politólogo Larry So considera que incidentes como os que aconteceram à entrada da Assembleia Legislativa na passada quarta-feira restringem a liberdade de expressão dos cidadãos, ao não permitir vozes “que dizem mal do Governo”. As declarações do ex-professor do Instituto Politécnico de Macau foram feitas ao jornal Ou Mun, em que o sociólogo adianta que a entrega da petição pela Associação Novo Macau não estava a bloquear a passagem dos deputados que se dirigiam à sessão plenária.
O caso remete para a semana passada, quando a Novo Macau foi entregar uma petição na AL. A PSP está agora a acusar a Novo Macau de desobediência por causa de uma dezena de membros do grupo ter entregue a petição sobre a doação da Fundação Macau à Universidade de Jinan, no dia em que Chui Sai On, Chefe do Executivo, se encontrava no plenário a responder a perguntas e respostas dos deputados. A Novo Macau assegura que tinha já previamente combinado com os assessores da AL para a entrega da petição quando as autoridades decidiram intervir. A PSP diz que bloquearam o caminho, a Associação diz que estava apenas a tentar entrar na AL depois da entrega da petição, quando a porta estava aberta a todos os participantes e jornalistas e depois dos funcionários do hemiciclo terem recebido o documento e cartazes com a cara de Chui Sai On caricaturada.
Na semana passada, a Novo Macau já tinha emitido uma declaração a criticar as acções da PSP, por achar que esta interveio ilegalmente na comunicação da Associação com a AL, o que levou que fossem criados obstáculos no exercício de liberdade e de democracia.
Larry So concorda. O analista diz que a reacção das forças da autoridade é considerada exagerada na medida em que até os jornalistas foram afastados pela polícia e as sessões de apitos para proceder ao afastamento dos representantes associativos foram feitas “junto aos seus ouvidos”. A atitude foi “excessiva”, diz ainda, porque não estava em causa a segurança das pessoas ou o impedimento do trabalho policial, mas houve “obstrução aos jornalistas, o que vem afectar o direito à informação”. A PSP, segundo a associação, impediu também que os jornalistas entrevistassem os membros do grupo.
A Associação Novo Macau vai ser acusada de desobediência, naquele que é o segundo caso semelhante em menos de um mês, depois de ter sido dada a conhecer a condenação da líder da Associação dos Pais dos Filhos Maiores a três meses de cadeia suspensa pela mesma razão.

*por Angela Ka

2 Ago 2016

Renovação Urbana | Sugeridas parcerias privadas para acelerar processo

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram ontem sugeridas parcerias público-privadas para acelerar a renovação urbana, que vai ter lugar nos bairros antigos. Outra das sugestões é a inclusão das famílias que habitam nestes locais em prédios de habitação pública.
O debate teve lugar ontem no programa Fórum Macau da TDM, onde Kou On Fong, presidente da Macau Tri-Decade Action Union, colocou em cima da mesa a hipótese de o Governo se unir com empresas privadas, de forma a avançar com as obras que pretendem trazer uma nova vida aos bairros antigos da cidade. O responsável considera que se todos os projectos da renovação urbana forem impulsionados por investidores privados, vai haver preocupações face à forma como é feita a recuperação das fracções, “com ameaças ou persuasão com fornecimento de interesses”. Por outro lado, “se for presidida plenamente pelo Governo, os procedimentos administrativos complexos vão tardar o desenvolvimento”, o que leva Kou On Fong a sugerir uma cooperação de ambas as partes.
Um dos principais problemas com a renovação urbana é a necessidade legal de haver concordância entre todos os donos de um prédio para que este possa sofrer reconstrução ou ser alvo de reparações. Face a isto, Wong Chung Yuen sugere ajustamentos.
“Deveria baixar-se a proporção e haver uma separação conforme a escala do prédio”, frisou o membro do Conselho de Renovação Urbana (CRU) no mesmo programa. “Para os prédios baixos, sugiro [que seja necessário] só 80% de concordância e nos prédios com mais de cem fracções deveria chegar aos 90%.”

Alojamento? Onde?

Chui Sai On adiantou a semana passada no hemiciclo que iria colocar as famílias destes bairros antigos em alojamento temporário, de forma que as suas casas pudessem ser restauradas. Contudo, o membro do CRU Wong Chung Yuen revelou que ficou a saber desta notícia através dos jornais e frisa mesmo que esta nunca foi discutida no CRU.
Já Kou On Fong sugere a inclusão destes alojamentos temporários em prédios de habitação pública, algo que considera ser mais viável do que a construção de alojamentos nas suas zonas originais. “Depois de se acabar a reconstrução, a habitação pública poderia ser retirada e depois serviria a sua função original”, reiterou.

À porta fechada

O Conselho de Renovação Urbana foi estabelecido em Março e já teve duas reuniões que versaram sobre o estatuto e o planeamento para os futuros trabalhos de renovação urbana. Hoje, o CRU tem a sua terceira reunião, mas todas elas são à porta fechada.
Questionado sobre isto, Wong Chun Yuen disse ser necessário que algumas informações não sejam passadas cá para fora. “Alguns conteúdos podem ser abertos, mas quando se envolvem conteúdos confidenciais ou de grande impacto, não será adequado revelar-se ao público”, disse, exemplificando com a determinação da zona para a futura renovação, que pode causar impacto nas vendas de apartamentos.
O Governo discute esta questão há mais de uma década, tendo retirado da Assembleia Legislativa uma lei que permitia o reordenamento dos bairros antigos, por esta não se adequar mais às necessidades reais de Macau.
 
* por Angela Ka

2 Ago 2016

Terminado prazo de concessão para mais terrenos dos Nam Van

Mais 13 terrenos da Zona C e D junto aos lagos Nam Van viram o seu prazo de concessão por arrendamento terminar a 30 de Julho. A lembrança é do deputado Ng Kuok Cheong, que refere a situação numa interpelação escrita entregue ontem ao Governo.
“O prazo de aproveitamento das dezenas de terrenos da Zona C e D, incluindo o C1, do C3 ao C12 , o C17, o D2 e D5, foi prorrogado pela modificação do contrato até 18 de Agosto de 2005. Depois disso, nenhuma das construções do empreendimento habitacional que ocupam cerca de cem mil metros quadrados da área, o empreendimento comercial de cerca de mil metros, os hotéis de 150 mil metros quadrados e o estacionamento de 40 mil quadrados foram realizadas consoante o contrato. A função civil dos terrenos foi perdida há um longo prazo”, aponta.
Ng Kuok Cheong também menciona uma resposta do Governo quanto a uma interpelação escrita sobre o mesmo assunto, em Janeiro, na qual o Executivo se compromete que “quando os terrenos chegarem o seu prazo de aproveitamento, vai ser lançado o processo para denunciar a sua caducidade de concessão”. O deputado critica o facto de ainda não haver condições para a elaboração de um planeamento detalhado para as zonas C e D conforme a Lei de Planeamento Urbanístico” e pergunta se se vai ter em atenção os pedidos da sociedade relativamente à instalação de infra-estruturas de lazer.

2 Ago 2016

Panchões na Nossa Senhora da Penha

Foram ontem encontradas 41 caixas de panchões na Nossa Senhora da Penha. A notícia, avançada pelo jornal Ou Mun, indica que o pacote deverá ter sido ilegalmente abandonado. A PSP foi chamada para investigação e os Bombeiros para tratar do material inflamável. As autoridades bloquearam ontem os acessos e as ruas em redor do local, por uma questão de segurança. De acordo com a PSP, o sítio onde as caixas foram deixadas não era bem visível. Um camião foi chamado para o transporte das 41 caixas. Ainda não se sabe se os panchões foram abandonados intencionalmente.

2 Ago 2016

China | Preços da habitação subiram em Julho

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]preço médio da habitação nas 100 principais cidades chinesas aumentou 1,63% em Julho, face ao mês anterior, com os compradores possivelmente a reagir às decisões de algumas cidades para travar a subida dos preços.
O valor médio do metro quadrado das novas casas subiu para 12.009 yuan, segundo um estudo da organização China Index Academy (CIA).
É uma subida superior à registada em Junho, de 1,32%.
O imobiliário é um sector chave da economia chinesa, a segunda maior do mundo e o motor da recuperação económica global.
Algumas cidades, incluindo Xangai, a “capital” económica da China, terão adoptado ou sugerido políticas para controlar o mercado, após uma acentuada subida dos preços, de acordo com a CIA.
Esta decisão “teve algum impacto nas expectativas dos compradores”, lê-se no comunicado, sugerindo que os proprietários foram precipitados a comprar casa.

Novos impulsos

Após uma estagnação no sector imobiliário, entre a segunda metade de 2014 e a primeira de 2015, Pequim tomou várias medidas para impulsionar a compra de habitação.
Entre estas, destacam-se a redução da taxa de juro para estimular o crédito bancário, a diminuição dos impostos sobre as transacções de imobiliário e a redução do pagamento inicial na compra de uma casa.
Estas políticas resultaram num aumento dos preços em algumas cidades grandes. No entanto, a China tem milhões de habitações novas por vender, a maioria concentrada em cidades pequenas.
O Governo apelou a medidas “especializadas” para lidar com tendências diferentes em várias regiões.
“O preço médio da habitação nas 100 principais cidades deverá continuar a subir, de forma estável, apesar das políticas para estabilizar os preços e controlar os riscos”, refere a CIA.
Em termos homólogos, o preço das novas habitações na China avançou 12,39%, em Julho, acima do ritmo de crescimento registado em Junho, de 11,18%, detalha.

2 Ago 2016

Giant chinesa compra empresa de videojogos de operadora americana

Um consórcio liderado pela empresa de videojogos chinesa Giant comprou a divisão de jogos para aplicativos móveis do operador de casinos norte-americano Caesars, informou ontem a agência oficial Xinhua, que cita um comunicado da empresa.
No total, os investidores chineses pagaram 4,4 milhões de dólares (3,9 milhões de euros) pela Caesars Interactive Entertainment (CIE), empresa dedicada a aplicativos de jogos de cartas e de mesa.
A Yunfeng Capital, fundada por Jack Ma – dono do gigante do comércio electrónico Alibaba e o segundo homem mais rico da China – é outra das 14 empresas que compõem o consórcio.
O anúncio confirma o interesse das empresas chinesas em aumentar a sua presença internacional no sector dos videojogos, depois de a Tencent ter comprado, em junho passado, a Supercell (criadora de êxitos como Hay Day ou Clash of Clans).
A empresa chinesa, que opera o principal serviço de mensagens instantâneas do país, o Wechat, pagou 8.600 milhões dólares por 84,3% da empresa finlandesa.
A CIE é proprietária de jogos como Slotomania, Caesars Casino, Bingo Blitz, House of Fun ou World Series of Poker e está associada com multinacionais como a Apple, Facebook, Microsoft ou Yahoo.
 

2 Ago 2016

MTel com novo investidor

A companhia de telecomunicações MTel tem um novo investidor. A informação enviada por comunicado ao HM avança que a empresa Choi Wai adquiriu 30% do capital da Mtel, que declarou a sua intenção de introduzir um novo investidor em Fevereiro.
Depois de várias rondas de negociações, o comité de accionistas chegou a um consenso e a Companhia de Telecomunicações Internacional Choi Wai é o novo investidor. A Choi Wai é uma empresa registada na RAEHK, com mais de dez anos de experiência em telecomunicações, sobretudo em categorias como a Internet, Cidade Inteligente e Técnicas Financeiras.
O comité de accionistas da MTel já solicitou ontem ao Governo a transferência de 30% de capital para a Choi Wai e o montante investido está estimado em 800 milhões de patacas. Segundo a publicação All About Macau, Choi Tak Meng, director executivo da MTel, referiu que a transferência de capital não é devida à crise financeira mencionada pelos média. “Os detalhes da transferência começaram a ser discutidos há meio ano e se realmente estivéssemos em crise, não conseguiríamos aguentar até hoje”, frisa o representante da MTel ao mesmo tempo que garante que a curto prazo a companhia não terá novos investidores.

2 Ago 2016

Óbito | Morreu Moniz Pereira, o “pai” do atletismo português

Foi no passado domingo que o mundo do desporto ficou mais pobre. O professor Mário Moniz Pereira morreu aos 95 anos de idade. Homem carismático e de personalidade forte, como é caracterizado, deixou um enorme legado no mundo do desporto, onde durante anos ganhou e deu a ganhar

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ascido em Lisboa no seio de uma família abastada, cedo percebeu que a vontade de praticar desporto lhe corria no sangue. Em criança, o quintal da família servia para imaginar e sonhar campeonatos de corridas e de salto, mas à medida que crescia, o quintal tornou-se demasiado pequeno. Contrariando o avô, e então patriarca da família, inscreveu-se no Instituto Nacional de Educação Física onde acaba por ficar a leccionar durante 27 anos, influenciando gerações e gerações de atletas.
Mário Moniz Pereira era um atleta multifacetado e um apaixonado por música. Um homem que o mundo vê agora partir.

Atleta de múltiplas faces

Durante o serviço militar, Mário Moniz Pereira continuou a praticar desporto e aí destacou-se nas modalidades de equitação, tiro, esgrima e natação. A vida militar não o apaixonou e regressou à vida civil para cumprir uma carreira no mundo do desporto, com especial destaque no atletismo.
Moniz Pereira tornou-se sócio do Sporting em 1922, mas só em 1939 integra o clube, desta feita como praticante de ténis de mesa. Mais tarde ingressa na equipa de atletismo, ginástica, ténis e hóquei em patins. Estamos então na década de 40.
O voleibol deu-lhe também muitas alegrias e trouxe-lhe a glória ao sagrar-se Campeão Nacional nas temporadas de 1953-1954 e 1955-1956, esta última acumulando com o cargo de treinador. Aqui tornou-se também Seleccionador Nacional e Presidente da Comissão Central de Árbitros e foi árbitro internacional no Campeonato do Mundo de Paris, realizado em 1956.
Entre 1970 e 1971 foi Preparador Físico da equipa de futebol do Sporting, tornando-se Campeão Nacional no primeiro ano e vencendo a Taça de Portugal no segundo. Como homem multifacetado que era, foi também preparador físico da Selecção Nacional.
O atletismo foi sem dúvida a modalidade em que mais se destacou não só pelos títulos que conquistou, como pelos atletas que influenciou e pelos títulos que ajudou a conquistar para Portugal. Mas, como todos os grandes, também Moniz Pereira teve um percurso pessoal: tornou-se campeão universitário de Portugal no triplo salto e treinador da equipa do Sporting em 1946. Conquistou 30 campeonatos nacionais de pista masculinos, 24 campeonatos de pista femininos, 33 campeonatos Nacionais de Corta Mato masculinos e 12 taças dos Clubes Campões Europeus da mesma modalidade.

Fotografia de Gonçalo Lobo Pinheiro
Fotografia de Gonçalo Lobo Pinheiro

A sua faceta de “fazedor de campeões” é talvez uma das suas características mais vincadas. A vontade de fazer crescer o atletismo português e arrecadar medalhas, deram-lhe a força e a coragem de apostar em nomes fortes e fazê-los suar e vingar. Falamos de Álvaro Dias, Domingos Castro, Aniceto de Simões, Hélder de Jesus, Carlos Lopes, Fernando Mamede, Dionísio de Castro. E a sua presença foi sentida por tantos outros mais.
“Todos os sonhos, todos os caminhos, todos os passos que dei, ao professor Moniz Pereira eu agradeço a confiança e a motivação. O meu ídolo de todos os tempos. Descanse em paz professor e obrigada por tudo”, referiu Sandra Teixeira, vencedora de 1500m nos Jogos da Lusofonia de Macau em 2006, ao HM.
Naíde Gomes, ex-atleta olímpica e campeã mundial de salto em comprimento, também expressa condolências, agradecendo ao professor: “por tudo o que deu ao nosso atletismo e ao nosso Sporting. Obrigada por ter acreditado em mim. Descansa em paz professor Moniz Pereira. Obrigada”, frisou.

Momentos inesquecíveis

O “professor” ficará na história do desporto português e sobretudo na do atletismo, por inúmeras razões, apesar de umas serem mais visíveis que outras. É o caso de momentos inesquecíveis, como o Recorde Mundial dos dez mil metros conseguido por Fernando Mamede, em 1984.
Os três campeonatos de Corta Mato conquistados por Carlos Lopes, a Medalha de Ouro na Maratona Olímpica de Los Angeles e a primeira medalha olímpica do atletismo português conquistada também por Carlos Lopes, em 1976, nos Jogos de Montreal, são também momentos altos do atletismo português que ficam gravados na memória.
Mário Moniz Pereira sabia o que queria e não poupava esforços nem exigências aos seus atletas. O professor ficou conhecido por impor disciplina e não tolerar atrasos durante os treinos. Disciplina e rigor eram as palavras de ordem. Tanto que há quem atribua a sua ausência a problemas no desporto português.
“Estou no Rio de Janeiro e esta noite não consegui dormir porque a notícia da morte do professor deixou-me muito triste. Sabemos que pela idade avançada isso poderia acontecer a qualquer hora, mas é sempre difícil. Será uma grande perda. Aliás a grande crise do nosso meio fundo/fundo masculino tem muito a ver com o afastamento dele e também do Professor Fonseca e Costa. Espero que saibamos aproveitar todo o legado que ele nos deixou”, disse ao HM Rita Borralho, vencedora da Corrida de São Silvestre de Macau em 1981.

Foto de Gonçalo Lobo Pinheiro
Foto de Gonçalo Lobo Pinheiro

“Foi-se o Homem mas para trás fica um legado que é toda uma modalidade e todos aqueles que tocou e deu um lugar na História do Desporto Nacional”, acrescentou Marco Fortes, atleta olímpico e vencedor do lançamento do peso nos Jogos da Lusofonia de Macau em 2006.

A paixão pela música

O que muitos desconhecem é a veia artística do professor e pai do atletismo português. O gosto pela música, em especial pelo Fado, levaram-no a compor várias músicas para grandes fadistas portugueses. “Valeu a Pena”, “Fado varina”, “Rosa da Madragoa”, “Rosa da noite” e “Não me conformo” são alguns dos temas, que se destacam entre muitos outros. E é nesta área que também há quem o relembre.
“Há o Mário, amigo de mil histórias que nós ouviamos com muita atenção e divertimento. Também há o professor Moniz Pereira, este, um exemplo para os portugueses, espero, e para o mundo do atletismo. Neste momento todos o conhecem, todos têm histórias com ele. Sempre será assim. Agora que vai ficar nas nossas memórias, isso vai. É impossível não ser assim. Ou então, somos mesmo ingratos e não gostamos de homens bons”, frisou ao HM Paulo de Carvalho, músico, que desejou ao professor “uns bons Jogos Olímpicos”.
Moniz Pereira participou em 12 jogos olímpicos e quase que como uma ironia do destino, partiu em véspera do início dos jogos do Rio. Com 95 anos, morreu no domingo.

Homenagens multiplicam-se

“O Sporting CP lamenta informar a morte do professor Mário Moniz Pereira, com 95 anos, pelo qual está de luto. O professor Mário Moniz Pereira é o símbolo máximo do ecletismo do Sporting CP e do desporto nacional. O clube endereça as mais sentidas condolências à família e amigos”, Comunicado do Sporting nas redes sociais

“Vai com o sentimento de dever cumprido, ao longo de muitos anos, por acreditar no trabalho e nas pessoas com quem trabalhou e nas pessoas que lhe eram muito próximas”, Carlos Lopes, ex-atleta

“Foi um homem muito importante para mim. Considerava-o um segundo pai. Esteve sempre comigo nos bons e nos maus momentos. E nuns e noutros tratou-me sempre da mesma maneira. Fez de mim recordista mundial dos 10 mil metros”, Fernando Mamede, ex-atleta

“[Partiu] um homem bom, cujo exemplo reforça ainda mais a vontade” [dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos]”, Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República

“Uma máquina de fazer campeões”, Bruno de Carvalho, presidente do Sporting CP

“Obrigado por tudo o que deu ao Desporto e em particular ao Atletismo. Ficará sempre na nossa história verdadeiro mestre. Espero que tenha deixado os seus ensinamentos. Descanse em paz Sr. Atletismo”, Sara Moreira, campeã da Europa de Meia-Maratona em 2016, ao HM

Condecorações

Em 1976 e 1984 – Medalha de Mérito Desportivo
Em 1980 – condecorado com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique
Em 1984 – condecorado com a Ordem de Instrução Pública
Em 1985 – galardoado com a Medalha de Mérito em ouro e nomeado Conselheiro da Universidade Técnica de Lisboa
Em 1988 – galardoado com a Ordem Olímpica
Em 1991 – condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique
Em 2000 – o Sporting atribuiu-lhe o Leão de Ouro com Palma, que é o mais alto galardão do clube, contando ainda com o prémio Stromp na categoria Técnico Amador de 1964
Em 2015 foi distinguido com o prémio Leões Honoris Sporting, na categoria Honra especial.
Fez parte da Comissão de Honra do Centenário do Sporting Clube de Portugal, do qual era o sócio número dois e desempenhou funções também como dirigente do Sporting. Começou como Secretário Técnico, depois como Vice Presidente para as Actividades Desportivas Amadoras e também como vice presidente com o pelouro das modalidades. Ficou até 26 de Março de 2011, acompanhando todo o processo que ficaria conhecido como o Projecto Roquete.

Sabia que…

Moniz Pereira acompanhou 12 Jogos Olímpicos, cinco Campeonatos do Mundo, 13 Campeonatos da Europa, 15 Taças da Europa, 22 Campeonatos do Mundo de Corta Mato e 18 Taças dos Clubes Campeões Europeus de Corta Mato na qualidade de técnico, jornalista e seleccionador de atletismo?

2 Ago 2016

Song Pek Kei pede resolução de contratos que prejudiquem interesse público

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Song Pek Kei voltou esta semana a pedir mais controlo na atribuição de obras públicas e que se faça uma “auto-crítica” antes da assinatura dos contratos. Numa interpelação escrita, a número dois de Chan Meng Kam na Assembleia Legislativa (AL) reitera críticas da existência de monopólios e de custos excessivos.
O Governo tem salientado a necessidade de se abrir o mercado de telecomunicações, algo que tem sido impossível devido ao contrato assinado com a Companhia de Telecomunicações de Macau, S.A.R.L. (CTM), tido como um “contrato desleal”, porque dá poder à empresa para alugar cabos e ligações aos preços que mais lhe convém a outras operadoras. A deputada diz que não é a primeira vez que tal acontece, dando como exemplo o caso de concessão do serviço público de autocarros, cujos contratos também violavam a lei por darem mais poder do que o devido às operadoras.
“Uma vez que os serviços públicos envolvem muitos interesses e despesas públicos, o Governo deve privilegiar a imparcialidade nos contratos. Face a estes casos de contratos públicos, as autoridades têm feito investigações e autocríticas? Porque é que os contratos com problemas foram na mesma aprovados? Por falta de conhecimentos da lei, por causa dos funcionários, ou porque foi assim que quiseram?”, questiona Song Pek Kei.
Já desde antes da transição de soberania que têm surgido vários problemas face concessões de serviços públicos, que acabaram por criar “prejuízos” à sociedade, como refere a deputada. Song Pek Kei considera que a situação piorou depois da transição. “Que mecanismos tem o Governo para garantir os interesses públicos em celebrações de contratos? Como é que o Governo tomará as experiências do passado para conseguir exercer domínio no futuro?”, indagou.

* por
Cláudia Tang

1 Ago 2016

Ruído | Sugeridas obras nocturnas para aumentar eficácia

Uma revisão à Lei de Ruído para permitir obras que “não sejam ruidosas” durante a noite é pedida por Lee Hay Ip, engenheiro. Mas há quem considere que basta uma melhor utilização das horas diurnas para que Macau veja algumas das obras terminadas

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ee Hay Ip, Presidente da Associação de Engenharia Geotécnica, diz que a chave para que as obras nas vias públicas não se arrastem por vários meses é permitir que aquelas que produzam um nível baixo de ruído possam ser feitas à noite. Em declarações ao Jornal Ou Mun, o engenheiro criticou a actual Lei de Prevenção e Controlo do Ruído Ambiental, que limita as obras a serem feitas apenas durante o dia. O responsável sugere que obras de repavimentação e de compactação das superfícies das vias possam ser feitas também à noite, porque não fazem barulho e porque, assim, consegue reduzir-se em 30% o prazo de execução.
“Quase não existe um lugar no mundo que não permita a pavimentação da estrada à noite. Macau é realmente especial”, disse, criticando também o que considera ser uma lei rígida face ao controlo do ruído, que “faz com que os obras que originalmente sejam benéficas à vida civil acabem por ser prejudiciais ao interesse público”.
A Lei do Ruído já permite que existam obras a ser feitas à noite, tal como acontece com o metro ligeiro, em alguns locais. Mas a isenção tem de ser autorizada, algo com que Lee Hay Ip não concorda.
“O problema é que a autoridade está na mão do Chefe do Executivo e o processo de aprovação demora muito tempo. Existe também a possibilidade de ser rejeitado. Basicamente ninguém vai solicitar”, refere, mencionando que em Hong Kong também se está a executar esta lei, permitindo a isenção, “o que é mais razoável e pode facilitar o processo”.
Lam U Tou, secretário da Associação Choi In Tong Sam da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), diz não ser preciso a revisão da lei e discorda que o pedido ao Chefe do Executivo demore muito. Lam U Tou diz mesmo que as actuais queixas vêm sobretudo da baixa eficiência da execução de obras durante o dia, porque “as horas não são bem geridas”.
A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse recentemente que neste momento estão a ser realizadas cerca de cem obras nas vias do território, sendo que uma parte não conseguirá ser concluída até ao fim do Verão.

*por Angela Ka

Cotai em trabalhos

A Estrada Flor de Lótus vai ser alvo de obras no próximo ano. O anúncio foi feito pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), que explica que a área do local da obra é de aproximadamente de 58 mil m2, destinando-se cerca de 4300m2 a zonas verdes, cerca de 20 mil m2 a passeios e cerca de 33.700m2 a faixas de rodagem. A obra incluirá arruamentos e redes de drenagem e prevê-se que tenha início no primeiro trimestre do próximo ano. “Uma vez que a obra se localiza dentro de um terreno que foi novamente aterrado, situado junto da Estrada Flor de Lótus, o trânsito das vias públicas periféricas não será afectado. Prevê-se que o prazo de execução da obra seja de cerca de 780 dias úteis, o mais tardar”, refere a DSSOPT em comunicado. O comprimento total da via é aproximadamente de 1800 metros e nela caberão quatro faixas de rodagem nos dois sentidos, sendo que as partes laterais serão passeios com lugares de estacionamento.

Parque nos NAPE

A DSSOPT vai fazer obras de nivelamento numa zona dos NAPE, situada entre a Ponte Governador Nobre de Carvalho e o Centro Ecuménico Kum Iam, onde vai ser ainda instalado um sistema de iluminação destinado à zona provisória para estacionamento de veículos automóveis. Actualmente estão a realizar-se trabalhos preliminares relativos ao planeamento de várias infra-estruturas públicas nos terrenos, mas antes do início da construção, “e para racionalizar o uso dos solos” o terreno vai servir como uma zona provisória para estacionamento de autocarros e veículos automóveis pesados. A DSSOPT vai, por isso, proceder a obras de nivelamento do terreno e de pavimentação da via.

Terminal com novas rampas

O Terminal Marítimo do Porto Exterior, que dispõe de seis rampas para embarque e desembarque de passageiros, vai ser alvo de substituição no primeiro trimestre do próximo ano. As seis novas rampas são constituídas por materiais anti-derrapantes, abrigos de chuva, ventilação e iluminação.

1 Ago 2016

HK | Prisão até 15 anos para envolvidos em sequestro de dona da Bossini

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ito envolvidos no sequestro e extorsão da herdeira de um magnata da moda de Hong Kong foram sexta-feira condenados a penas de prisão até 15 anos, decidiu um tribunal chinês.
Queenie Rosita Law, neta do antigo milionário do vestuário, Law Ting-pong, fundador da cadeia de roupa Bossini, foi sequestrada de sua casa em Hong Kong em Abril do ano passado.
A rapariga de 29 anos foi mantida em cativeiro na cave de uma casa na montanha por quatro dias, até que familiares seus pagaram um resgate de 28 milhões de dólares de Hong Kong. A maior parte do grupo de raptores fugiu para a China continental, onde foram capturados.
Seis dos acusados foram condenados por sequestro e extorsão, enquanto outros dois foram condenados por ocultação e dissimulação de bens obtidos de forma ilegal, indicou um porta-voz do Tribunal de Shenzhen, de acordo com a agência France Presse.
O líder do grupo, You Dunkui, foi condenado a 15 anos de prisão por sequestro e extorsão, e os restantes membros receberam penas entre 13 e dois anos de prisão efectiva.
Queenie Rosita Law estava a dormir em sua casa em Hong Kong com o namorado quando um grupo de seis homens invadiu a residência, e em seguida amarrou e amordaçou o casal.
O grupo roubou jóias e cerca de 3 milhões de dólares de Honk Kong em dinheiro, depois de forçar Law a dar-lhes as combinações de um cofre.
Quase todo o dinheiro foi recuperado, incluindo parte do resgate que tinha sido enterrada junto à cabana na montanha para onde Law foi levada a pé, a cerca de 90 minutos da sua casa.
 

1 Ago 2016

Yuriko Koike é eleita para governadora de Tóquio

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ela primeira vez uma mulher foi eleita para governadora da cidade de Tóquio, no Japão, numa altura em que a cidade se prepara para receber os Jogos Olímpicos de 2020.
O canal público de televisão NHK, a agência de notícias Jiji e outros meios de comunicação noticiaram, logo depois do encerramento das secções de voto e com base numa sondagem à boca das urnas, que Yuriko Koike venceu a eleição, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo.
Yuriko Koike, de 64 anos, é uma política experiente que tinha como concorrentes um número recorde de outros 20 candidatos, após a demissão de Junho de Yoichi Masuzoe, envolvido num escândalo financeiro.
Eleita para um mandato de quatro anos, a antiga ministra do Ambiente e depois da Defesa, fluente em inglês e árabe, terá como principal tarefa supervisionar a preparação do evento desportivo mais importante do mundo, os Jogos Olímpicos, mais de 50 anos depois de Tóquio ter organizado a competição em 1964.
Mais de dez milhões de eleitores em Tóquio foram chamados às urnas para eleger o seu novo governador.
As assembleias de voto abriram às 07:00 locais e encerraram 13 horas depois, às 20:00.
Koike, que em 2007 integrou o executivo do primeiro-ministro, Shinzo Abe, pertence ao Partido Liberal Democrático (PLD, no poder) e é deputada da câmara baixa do parlamento japonês (Dieta).

Contra a discriminação

A nova governadora da área metropolitana de Tóquio, um cargo equivalente ao de presidente da câmara, Koike vai gerir uma região cujo Produto Interno Bruto (PIB) está entre o das dez maiores economias do mundo. A região tem 13,5 milhões de habitantes.
A presença das mulheres na cena política do Japão, a terceira economia do mundo, é ainda muito reduzida, quando comparada com outros países desenvolvidos, e inferior a de Estados como o Botsuana, Libéria ou Gana.
Abe prometeu eliminar a discriminação contra as mulheres no mundo laboral, num país onde sete em cada dez mulheres abandona definitivamente o mercado de trabalho depois de terem filhos.
Para isso, o primeiro-ministro japonês desenvolveu o plano “Womenomics” de apoio à integração de mães trabalhadoras, à natalidade e ao combate do desequilíbrio entre géneros nos cargos de responsabilidade.
 

1 Ago 2016

Pequim contra medidas ‘antidumping’ para o aço

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Ministério do Comércio da China considerou sábado injustificadas as medidas ‘antidumping’ adotadas na sexta-feira pela União Europeia que visam a importação de barras de aço de produção chinesa.
As medidas “carecem de bases justificadas” e estimam maiores lucros para os produtores europeus num contexto de crise no sector siderúrgico, considerou Pequim, num comunicado citado sábado pela agência oficial Xinhua.
Segundo a China, as barras de aço de produção chinesa importadas pela União Europeia não tiveram qualquer impacto no mercado da Europa porque a maioria foram vendidas no Reino Unido e na Irlanda para satisfazer a grande procura num momento de recuperação do sector da construção.
Além disso, Pequim lamenta que a decisão da UE tenha sido tomada “apenas uns meses depois de os ministros do Comércio do G20 terem acordado evitar o proteccionismo”.
“Pedimos à União Europeia que mantenha as promessas feitas em reuniões internacionais”, acrescenta.
A Comissão Europeia impôs na sexta-feira medidas ‘antidumping’ (produção subsidiada com preço abaixo do custo de fabrico) para barras de aço usadas na construção no Reino Unido e na Irlanda e que são produzidas em diversos países dentro e fora da União Europeia.
As medidas culminam uma investigação sobre produtos de aço originários da China iniciada a 30 de Abril de 2015, na sequência de uma queixa da indústria europeia que já havia levado à adopção de sanções preliminares que foram agora declaradas definitivas e que se manterão em vigor durante cinco anos.
Também a China fixou esta semana taxas ‘antidumping’ para as importações de aço vindas da União Europeia, do Japão e da Coreia do Sul.
As novas taxas situam-se entre 37,3% e 46,3% e vão manter-se nos próximos cinco anos, segundo um comunicado do Ministério do Comércio de Pequim.
As autoridades chinesas explicaram ter decidido avançar com esta medida depois de confirmada a existência de casos de ‘dumping’ que estavam a afectar a indústria nacional.
A Comissão Europeia anunciou que vai apresentar uma proposta legislativa até final de 2016 sobre eventuais mudanças no tratamento dado à China, no âmbito da expiração de várias disposições do protocolo de adesão dos chineses à Organização Mundial de Comércio.

Mercado em causa

As implicações políticas, económicas e legais de vários pontos do protocolo foram debatidas na quarta-feira na reunião do colégio de comissários, em Bruxelas, que em Janeiro já tinha ponderado se os 28 devem alterar as regras nas investigações ‘antidumping’ e anti-subvenção.
Em causa está a prática comercial de ‘dumping’ assim como os subsídios que o Estado chinês dá a vários sectores, como o aço.
O processo de entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, dava aos seus membros 15 anos para reconhecer o país como economia de mercado, condição que implica deixar de utilizar métodos alternativos, reservados a economias chamadas de “não de mercado”, para investigar casos de ‘dumping’.
Em Dezembro, acaba o prazo para conceder à China o estatuto de economia de mercado e a União Europeia estuda medidas para reduzir os efeitos desta decisão, que obriga a alterar a forma como são avaliadas as situações de ‘dumping’.
Os europeus têm insistido para que as autoridades chinesas acelerem as suas reformas económicas, principalmente as medidas para resolver o excesso de capacidade da sua indústria siderúrgica, porque cria distorções nos mercados mundiais.

1 Ago 2016

Pequim, 5 de Novembro de 1977

*por António Graça Abreu

Talvez seja apenas
a negrura de um corvo,
ou o estertor de um moscardo
enredado numa teia de aranha
humedecida pela chuva.
Talvez seja apenas
a saudade de um sino
no campanário branco
da aldeia onde não nasci.
Talvez seja apenas
o rumor amargo do bafio,
do fel, do vil.
Talvez seja apenas
a memória do sibilar
do vento nos ciprestes.
Talvez seja apenas
um madeiro carcomido
por gotas de tédio.

Pequim, 13 de Novembro de 1977

O meu filho Sérgio, com dois anos e meio, encontrou entre os meus papéis uma fotografia da avó. Olhou para ela, muito atento, e depois pediu-me um lápis para escrever à avó. O rapaz, que vai ao infantário já há dois meses, anda perdido entre duas línguas, o português e o chinês, fala dificilmente qualquer uma delas e quanto a escrever, estamos entendidos.
Mas decidiu escrever à avó. Encheu um postal de riscos enviesados, mais difíceis de entender do que os mais complicados caracteres chineses.
Perguntei-lhe o que aquilo queria dizer. Respondeu-me num português elementar:
“Para a avó ver e lembrar de mim.”

Pequim, 24 de Novembro de 1977

Interessantes estas conferências sobre o V Volume das Obras Escolhidas de Mao Zedong.
Hoje fiquei a saber que em Xangai, entre Junho de 1949 e Fevereiro de 1950 (os comunistas tomaram o poder em Outubro de 1949), os preços dos bens essenciais subiram vinte e uma vezes. Com o advento do novo regime foram presos os especuladores, e a partir de Março de 1950 os preços foram regulamentados e a inflação foi sustida.
Em 1937, sob o governo nacionalista do Guomindang de Chiang Kai-shek, com 100 yuans compravam-se dois bois, em 1939 comerciava-se um porco, em 1943 adquiria-se um frango, em 1945 dois ovos valiam 100 yuans e em 1947, com este dinheiro, comprava-se uma pedra de carvão. Finalmente, em 1949 um bago de arroz equivalia a 100 yuans.
A vida económica em algumas cidades antes da Libertação (1949) dependia do ópio, do jogo, da prostituição. Após 1949, a contradição principal era entre o proletariado e a burguesia, entre a propriedade privada capitalista e a socialização da produção. Houve muitas dificuldades no início da Libertação, no reajustamento entre o capital e o trabalho, entre o privado e o estatal. Existiam cinco males:
1-Subornar.
2- Sonegar impostos.
3- Falsear informações ao Estado.
4-Especular e roubar os bens do Estado.
5- Roubar informações.
Os burgueses, com a força do socialismo, foram obrigados a aceitá-lo, as contradições antagónicas foram resolvidas por meios não antagónicos, mas a burguesia manteve alguns direitos, de voto e de representação política. O homem transformou-se, foi obrigado a viver do seu próprio trabalho.
Mao Zedong defendia a continuação da Revolução após a tomada do poder pelos comunistas, sob a ditadura do proletariado. Acusou Khruschev de trair o marxismo-leninismo no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, ao acusar injustamente Staline. Existiam ainda contradições de classe no interior do PCUS, preparavam-se as condições para a ascensão do revisionismo. Mao Zedong descobriu que ao longo da construção do socialismo continuam a existir classes, contradições de classes, a luta entre duas linhas que se entenderá por dezenas ou centenas de anos. Por isso, segundo Mao Zedong, o nosso Estado socialista é, e não é, sólido.
Dizia Mao que, em 1957, 90% do povo chinês apoiava o socialismo. Seria verdade?

Pequim, 26 de Novembro de 1977

Visita ao Instituto das Minorias Nacionais.
A China é um país multinacional, um puzzle mais complexo do que à primeira vista pode parecer. Conta com uma grande maioria, os han汉, os chineses propriamente ditos, 96% da população. Os restantes 4% são gentes não chinesas que ocupam quase 50% do território, as grandes regiões montanhosas ou semi-desérticas, a Mongólia Interior, Ningxia, Gansu, o Tibete, o Xinjiang. Como entrosar e harmonizar estes povos, por exemplo, os kasakhs, os quirguizes, sobretudo os iugures do Xinjiang, — muçulmanos ainda aparentados com os turcos, que são cerca de sete milhões de crentes em Maomé e Alá –, com um todo chamado República Popular da China, predominantemente han? 1816P13T1-B
Falam-me do respeito pelos hábitos e costumes de cada nacionalidade, da igualdade e unidade entre as etnias, conseguida em 1949, após a Libertação. Dizem-me que na Assembleia Popular Nacional que reúne uma vez por ano para discutir os assuntos de Estado, 17% dos quase quatro mil membros pertencem à minorias nacionais.
Nestes Instituto das Minorias Nacionais (há nove em toda a China) formam-se os quadros que irão gerir o tal harmonioso encontro entre gente tão díspar e com vidas tão diversas. Não será fácil, haverá sempre problemas. Os estudantes frequentam diferentes cursos, de três ou quatro anos, estudam política, a língua chinesa, arte, dança, pintura. Este instituto em Pequim, uma espécie de universidade, conta com 1900 alunos de cinquenta nacionalidades diferentes, com uma idade média de 20 anos. Já formou 12.000 quadros.
Fomenta-se o desenvolvimento e crescimento das minorias nacionais que me dizem poder ter muitos filhos, ao contrário dos han limitados ao filho único. Acusam o “bando dos quatro” de ter praticado o chauvinismo han que considerava os nacionais não chineses como estrangeiros, gente atrasada que habitava para além das fronteiras da Grande Muralha. Jiang Qing, a mulher de Mao, atacava os cantos e danças das minorias, não autorizava que ao dançar os uigures oscilassem as cabeças, que os mongóis abanassem os ombros.
Os alunos são recrutados por professores (2/3 de nacionalidade han) que se dirigem às regiões habitadas pelas diversas etnias e aí seleccionam os jovens que virão estudar para este Instituto.
Interessante a visita, com alguma propaganda de permeio.
(continua)

1 Ago 2016