Criado mecanismo de cooperação com Paquistão e Afeganistão

Aliança com Paquistão e Afeganistão não visa isolar a Índia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s ministros dos Negócios Estrangeiros da China, Paquistão e Afeganistão realizaram na terça-feira a sua primeira reunião tripartida focados em alcançar um consenso em temas como economia, segurança regional e conectividade. O MNE anfitrião, Wang Yi, pretendia neste encontro “promover também a reconciliação e criar confiança entre seus outros dois interlocutores, cujos países mantêm tensões por um diferendo territorial” revelou a Xinhua.

A realização do encontro foi decidida em Junho passado, quando os MNE dos três países decidiram estabelecer um mecanismo de cooperação para analisar questões de interesse comum.

Como preâmbulo, Wang recebeu o seu homólogo afegão, Salahuddin Rabbani, e pediu que aproveitasse a reunião desta terça-feira para abrir o caminho ao entendimento e à normalização das relações com o Paquistão. Também conversaram sobre as possibilidades de ampliar a colaboração através do projecto económico Uma Faixa, Uma Rota.

Índia não deve temer

O novo mecanismo de cooperação e desenvolvimento lançado pela China com os vizinhos Paquistão e Afeganistão “não é dirigido contra países terceiros”, disse ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, perante receios de que a estratégia vise isolar a Índia.

“Não é dirigido contra terceiros, inclusivamente queremos que beneficie outros países”, disse em conferência de imprensa a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, indicando que “é bastante normal que a China, Paquistão e Afeganistão mantenham diálogo e cooperação”.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos três países reuniram-se na terça-feira em Pequim para lançar um mecanismo de cooperação conjunta e estudar a inclusão do Afeganistão no Corredor Económico China-Paquistão, uma iniciativa que inclui planos de infra-estruturas e transporte avaliados em cerca de 57.000 milhões de dólares.

O Paquistão e o Afeganistão “são vizinhos da China e têm grandes desejos de melhorar as suas economias e a vida dos seus cidadãos”, disse a porta-voz.

Os planos de cooperação internacional com esses países estão integrados nas Novas Rotas da Seda, grande plano de infra-estruturas e telecomunicações da China com a Eurásia e outras regiões.

Pequim e Nova Deli mantêm há décadas uma relação complicada, pelas mútuas reclamações fronteiriças, mas também por questões como o conflito tibetano, dados que o Dalai Lama, líder espiritual daquele povo, vive no exílio de Dharamsala (norte da Índia) desde 1959.

28 Dez 2017

Bienal de Arquitectura | Escolhida equipa para representar Macau em Veneza

O território será representado na 16ª edição da Bienal de Arquitectura de Veneza com um projecto dos arquitectos Ieong Chong Tat, Vong Ka Ian e Chu Hou San e com curadoria de Lam Manuel Lap Yan. O desenvolvimento de Macau nos últimos anos será peça central do projecto

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma equipa jovem, com uma média de idades de 30 anos, e que trabalha em Macau. Assim se pode falar dos nomes por detrás do projecto que vai representar Macau na 16ª Bienal de Arquitectura de Veneza, a realizar-se em Maio do próximo ano.

Ieong Chong Tat, Vong Ka Ian e Chu Hou San são os arquitectos responsáveis pelo projecto, que tem a curadoria de Lam Manuel Lap Yan. A equipa foi escolhida por um júri composto por alguns arquitectos, um deles Carlos Marreiros, que analisou as diversas propostas a partir de Outubro. O Instituto Cultural e a Associação dos Arquitectos de Macau foram duas entidades envolvidas neste processo.

O tema deste ano da bienal é “Espaço Livre”, que engloba “imaginação, períodos e memórias de liberdade, pegando em ligações do passado, presente e futuro para unir o antigo com o moderno, tendo por base aspectos culturais que advém de tradições continuadas”.

Nesse sentido, a equipa vencedora decidiu materializar no projecto o desenvolvimento que o território vivenciou nos últimos anos.

Os arquitectos escolheram “propositadamente como elemento base do seu projecto a ‘carta de jogar’, um símbolo do rápido desenvolvimento económico de Macau”.

“Através de diferentes conjugações e formatos da ‘carta de jogar’ e de técnicas abstractas, revelam construções ricas em características locais e que estão numa relação próxima com os residentes, como mercados, jardins e escadarias, entre outros. No processo de exploração e reconstrução, é possível experienciar de novo o espaço local, reflectir sobre a relação harmoniosa que se estabelece entre pessoas e espaço, desafiar planos e os limites da autonomia e explorar um equilíbrio interactivo”, explica o comunicado.

Uma questão de maturidade

Os elementos do júri consideraram que o projecto apresentado pela equipa vencedora “faz uso de características da cidade de Macau e incorpora elementos com valor cultural, revelando uma imagem de Macau de forma perceptual e apresentando o tradicional de uma nova forma, tendo por isso bastante interesse e unicidade”.

Além disso, “a equipa vencedora mostrou-se merecedora de ser seleccionada por ter ainda revelado bastante maturidade a nível da linguagem e representação arquitectónicas bem como a capacidade de destacar as características culturais de Macau”, aponta o comunicado.

A Bienal de Arquitectura de Veneza realizou-se pela primeira vez em 1980 e é um dos eventos de arquitectura e dos círculos académicos mais influentes do mundo, constituindo uma plataforma importante de intercâmbio cultural e de arquitectura. Desde 2014 que o IC já organizou a participação por duas vezes de arquitectos locais a este grande evento.

28 Dez 2017

Xadrez : Campeã mundial recusa jogar na Arábia Saudita

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ucraniana Anna Muzychuk, de 27 anos, é dupla campeã mundial de xadrez. A sua irmã, Mariya Muzychuk, dois anos mais nova, seguiu-lhe os passos. E não apenas no desporto, mas também nas convicções. Entre 26 e 30 de Dezembro realiza-se o campeonato mundial de xadrez na Arábia Saudita e as irmãs não vão estar presentes: recusam-se a usar uma veste feminina saudita, a abaya [túnica larga].
Num post no Facebook, partilhado a 23 de Dezembro, a campeã explicou o motivo da decisão. “Em poucos dias vou perder dois títulos mundiais, um a um. Apenas porque decidi não ir à Arábia Saudita. Por não jogar com as regras de outros, por não usar abaya, por não ter de ir acompanhada à rua, e finalmente por não me sentir uma criatura secundária”, lê-se.
Na imagem partilhada, Anna surge com as duas medalhas recebidas o ano passado, sorridente. “Há exactamente um ano ganhei estes dois títulos e era a pessoa mais feliz no mundo do xadrez, mas agora sinto-me muito mal. Estou preparada para lutar pelos meus princípios e faltar a este evento, onde, em cinco dias, esperava ganhar mais do que numa dezena de competições”, refere a campeã.
Contudo, a publicação serve principalmente para marcar uma posição, demonstrando as diferenças existentes entre os vários países, no que toca às mulheres. “Tudo isto é irritante, mas o mais perturbador é quase ninguém se importar realmente. Este é um sentimento amargo, mas ainda não é o que vai mudar a minha opinião e os meus princípios. O mesmo vale para a minha irmã Mariya — e estou muito feliz por partilharmos este ponto de vista. E sim, para aqueles poucos que se importam — vamos voltar!”
Esta não é, contudo, a primeira vez que uma jogadora se nega a participar numa competição por motivos de vestuário feminino dos países em questão, conta o El País.
Em Fevereiro de 2017, Nazi Paikidze, campeã americana, não competiu no Irão por se recusar a cobrir a cabeça com o hijab [véu islâmico]. Neste campeonato, Anna Muzychuk esteve presente e competiu de véu na cabeça. Em Outubro, Dorsa Derakhshani, campeã de xadrez iraniana, foi proibida de jogar pelo seu país por também recusar o véu islâmico, passando depois a jogar pelos Estados Unidos.
No passado mês de Novembro, quando Anna soube do campeonato na Arábia, marcou a sua posição, defendida agora. “Primeiro Irão, depois Arábia Saudita… Pergunto-me onde serão organizados os próximos campeonatos mundiais femininos. Apesar do recorde de títulos, não vou jogar em Ryad, o que significa perder dois títulos de campeã mundial. Para arriscar a tua vida, para usar abaya o tempo todo? Tudo tem os seus limites e os véus no Irão já foram mais do que suficientes”.
A publicação desta semana já foi partilhada mais de 6 mil vezes e são muitos os comentários de apoio às irmãs. Até ao momento não há qualquer reacção por parte da organização do Campeonato do Mundo de Xadrez, que apenas refere no seu site que o campeão mundial masculino, o norueguês Magnus Carlsen, estará presente nos torneios. A FIDE, Federação Mundial de Xadrez, também não se manifestou quanto ao sucedido, publicando apenas no Twitter a indicação dos sorteios femininos.

28 Dez 2017

Instituto Internacional de Macau: Henrique d’Assumpção ganha Prémio Identidade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s órgãos sociais do Instituto Internacional de Macau deliberaram atribuir o Prémio Identidade do ano de 2017 a Henrique d’Assumpção, mais conhecido por Quito entre os amigos, pela sua muito relevante contribuição para a preservação do património e da identidade macaense, disseminando a sua genealogia, história e cultura, no espaço cibernético, em Português e Inglês.

Natural de Macau, donde jovem partiu para prosseguir estudos na Austrália, “Quito” d’Assumpção desempenhou funções de relevo no Governo daquele País, com uma invejável folha de serviços e vários títulos e comendas honoríficas. Depois de se ter aposentado da vida académica como Professor Emérito da Universidade de South Australia, passou a dedicar-se de corpo e alma, nos últimos 20 anos, a criar um repositório permanente para a preservação de registos culturais e históricos dos macaenses e, apesar dos seus outros inúmeros compromissos profissionais e oficiais, conseguiu recolher e disponibilizar um grande acervo de dados.

Ampliando a documentação existente sobre a genealogia das famílias macaenses, enriquecendo-a com milhares de fotografias e variadas outras informações, coligindo mais de 200 receitas da culinária macaense, reunindo versos, um léxico e áudio do velho dialecto de Macau; logrou digitalizar esses elementos numa plataforma electrónica com documentação biográfica relativa a mais de 55.000 nomes, e preparou o desenvolvimento dessa base “indefinidamente para o futuro”, sem perseguir fins pessoais e num esforço digno dos maiores encómios.

O Prémio Identidade, instituído desde 2003, decidido por deliberação de todos os órgãos sociais do IIM, visa galardoar pessoas ou instituições que, de forma continuada, hajam contribuído para o reforço e valorização da identidade macaense. Entre os contemplados incluem figuras como o Monsenhor Manuel Teixeira, Henrique de Senna Fernandes, Arnaldo de Oliveira Sales, e instituições, tais como a Diocese de Macau, a Santa Casa da Misericórdia, a Universidade de Macau, a Escola Portuguesa de Macau e outros organismos, locais e do exterior, ligados à diáspora macaense.

28 Dez 2017

Trabalho | Macau com mais 595 trabalhadores não residentes 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]té ao final do mês passado, trabalhavam Macau 178.492 não residentes contratados, ou seja, mais 595 trabalhadores do que no ano passado, de acordo com dados oficiais. Em termos mensais, a RAEM registou mais 1.823 trabalhadores não residentes, de acordo com dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), publicados no portal na internet da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais.

A China continua a ser a principal fonte de mão-de-obra importada de Macau, com 111.727 trabalhadores (62,5 por cento do total), mantendo uma larga distância das Filipinas, que ocupa o segundo lugar (28.377), seguindo-se o Vietname (14.835). Os sectores da hotelaria e restauração absorvem a maior fatia de mão-de-obra importada (50.531), seguido do da construção (30.727).

As actividades culturais e recreativas, lotarias e outros serviços agrupavam 13.661 trabalhadores do exterior, dos quais 942 eram trabalhadores da construção civil contratados directamente pelas empresas de lotarias e outros jogos de apostas. A mão-de-obra importada equivalia a 45,6 por cento da população activa e a 46,5 por cento da população empregada, estimadas no final de Outubro.

Os trabalhadores não residentes ultrapassaram os 100 mil pela primeira vez na história da Região Administrativa Especial chinesa em 2008. No final de 2000, Macau contava com 27.221 trabalhadores não residentes, em 2005 com 39.411, em 2012 com 110.552, em 2014 com 170.346, em 2015 com 181.646, e em 2016 com 177.638. Apesar de perfazerem mais de um quarto da população de Macau (27,2 por cento dos 648.500 habitantes estimados no final de Setembro), os trabalhadores não residentes não contam com um mandatário formal no seio da Concertação Social. A ala laboral tem assento, mas a situação dos trabalhadores não residentes difere da dos locais, sendo regulada por uma lei específica.

28 Dez 2017

Macau já recebeu mais de 29,5 milhões de visitantes 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntre Janeiro e Novembro deste ano, o número de turistas que visitaram Macau subiu 5,1 por cento, de acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), para um total superior a 29,5 milhões de pessoas. Sem surpresas, a larga maioria dos turistas são oriundos do Interior da China, 20,1 milhões, representando um crescimento de 7,8 por cento em relação ao período homólogo do ano transacto.

O país de proveniência de turistas que cresceu mais entre Janeiro e Novembro foi a Coreia do Sul, que subiu 34,7 por cento para um total de 797.112 visitantes. Os turistas provenientes de Hong Kong e Taiwan diminuíram, respectivamente, 3,8 por cento e 0,8 por cento nos primeiros 11 meses deste ano, em relação ao período homólogo de 2016. Até Novembro vieram da região administrativa especial vizinha 5,5 milhões de turistas, enquanto que os visitantes de Taiwan totalizaram 971.516.

Fora dos países asiáticos, a DSEC revela que os turistas provenientes dos Estados Unidos foram 168.633, da Austrália foram 79.528, do Canadá chegaram 67.103 visitantes, enquanto que os turistas oriundos do Reino Unido se ficaram pelos 52.622. Só no mês de Novembro chegaram a Macau 2,83 milhões de visitantes, mais 9,4 por cento, em termos anuais e menos 1,4 por cento em termos mensais. É de referir que Macau foi o destino escolhido por mais de 30 milhões de visitantes em 2016.

28 Dez 2017

Nam Yue vai demolir antigo mercado abastecedor

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá escolhida a empresa que será responsável pela obra de demolição do antigo mercado abastecedor da Ilha Verde, com vista à construção do novo acesso fronteiriço Guangdong-Macau. De acordo com o despacho publicado ontem em Boletim Oficial, foi escolhida a Nam Yue, que vai receber dos cofres do Governo mais de 18 milhões de patacas, a serem pagas até ao próximo ano. O novo mercado abastecedor foi recentemente inaugurado, também na zona da Ilha Verde.

Além da passagem fronteiriça, o projecto inclui um parque industrial, onde fica o novo mercado abastecedor, uma reordenação do Canal dos Patos (onde se juntam as águas residuais de Macau e Zhuhai), um centro modal de transportes e um mega complexo de habitação pública, a nascer na zona da Ilha Verde, com ligação directa ao posto fronteiriço.

Este projecto implica a cooperação com as autoridades de Zhuhai, Zona Económica Especial chinesa vizinha de Macau e, por esse motivo e dada a sua dimensão, vai implicar custos avultados.

“Vamos ter em consideração as exigências dos utentes, o custo dos materiais e a sua previsão de subida. O montante a ser investido é astronómico e implica cooperação entre os governos das duas regiões. Mas vamos utilizar com racionalidade o erário público”, disse Chau Vai Man em 2014, durante uma sessão de perguntas e respostas ao Executivo na Assembleia Legislativa.

28 Dez 2017

Activista condenado a oito anos de prisão por subversão

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal chinês condenou ontem o activista Wu Gan, conhecido por denunciar injustiças, a oito anos de prisão por subversão contra o Estado. O Tribunal Popular Intermediário n.º 2 de Tianjin, cidade a cerca de 200 quilómetros a sudeste de Pequim, declarou Wu culpado de subversão contra o Estado e anunciou a sentença de oito anos de prisão.

Conhecido na Internet pelo nome “Super Carniceiro Vulgar”, Wu vai recorrer da sentença, anunciou o advogado Ge Yongxi. Depois da leitura da sentença, o activista disse “estar grato ao partido por lhe conceder tão sublime honra”, acrescentou Ge. “Vou manter-me fiel à nossa aspiração original, arregaçar as mangas e fazer um esforço extra”, afirmou Wu, usando as frases mais conhecidas do Presidente chinês, Xi Jinping, quando pede aos membros do Partido Comunista Chinês para melhorarem o seu trabalho.

O julgamento de Wu Gan começou a 14 de Agosto último. A última detenção de Wu ocorreu em Agosto de 2016, altura em que o activista acusou as autoridades de o terem torturado. Wu Gan foi detido pela primeira vez em Maio de 2015, na sequência de um protesto em Nachang (sudeste) contra a detenção e tortura de quatro homens que as autoridades queriam que admitissem um crime. Os quatro foram absolvidos no ano passado.

O activista também trabalhou como assistente administrativo da firma de advogados Fengrui em Pequim, conhecida por trabalhar em casos sensíveis, como por exemplo, na defesa das vítimas do leite em pó contaminado com melamina, em 2008.

A firma acabou por se tornar central na campanha das autoridades contra advogados e activistas dos direitos humanos, em Julho de 2015, durante a qual foram detidas e interrogadas cerca de 300 pessoas. Muitas foram libertadas posteriormente.

Wu tornou-se conhecido em 2009 quando denunciou o caso de uma jovem, Deng Yujiao, que matou um político local que tentou abusar sexualmente dela. O caso tornou-se muito mediático e inspirou parte do filme “Um Toque de Violência” do realizador chinês Jia Zhangke, cujo argumento foi premiado no Festival de Cannes de 2013.

27 Dez 2017

Birmânia: Livro desvenda presença portuguesa mais de 500 anos depois

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s antepassados chegaram entre 1510 e 1512. Hoje, não têm um nome português, nem sabem onde fica Portugal, mas dizem-se portugueses. Esta certeza está em histórias contadas oralmente desde que os exploradores portugueses aportaram à Birmânia. A história é contada no livro de James Myint Swe, “Cannon Soldiers of Burma”, cuja versão portuguesa vai ser lançada em Portugal e em Macau, no primeiro trimestre de 2018, pela Gradiva e a Macaulink, com o apoio do Instituto Internacional de Macau.

“É extraordinário que, na mesma zona onde os portugueses se estabeleceram pelo ano de 1633, em Ye U, uma localidade situada entre os rios Chindwin e Mu [norte da Birmânia], as populações continuem a sentir-se portuguesas”, sem qualquer contacto e a mais de nove mil quilómetros de distância, contou o autor à Lusa. “Não se sabe ao certo a dimensão destas populações… cerca de 200 a 300 pessoas por aldeia, o que nas localidades maiores poderá ir até às duas/três mil. As autoridades estão a tentar fazer um levantamento para saber quantas aldeias existem e quantas pessoas ali vivem”, acrescentou James Swe, que nasceu Chan Tha Ywa, na zona de Ye U, em 1947.

As pessoas desta zona “parecem europeus, o cabelo e a pele são mais claros, alguns têm olhos verdes” e são maioritariamente católicos, disse, lembrando que, nos anos 1970, o Governo não reconhecia esta população como birmanesa. “Para o Governo, erámos estrangeiros”, afirmou o autor, formado em ciência política pela Universidade de Western Ontario, Canadá.

À medida que a aposta das autoridades no ensino cresce no país e que os acessos à zona melhoram, os elementos mais jovens destas comunidades deslocam-se para as cidades para entrar nas escolas e “esta relação com Portugal começa a perder-se”, alertou James Swe, a residir no Canadá desde 1976.

Mas este afastamento já vem de longe e está retratado na declaração atribuída pelo investigador ao capitão António do Cabo que, em 1628, em Ava, no norte birmanês afirmou: “Muitos de nós nascemos em Portugal, ou pelo menos em Goa [Índia]. Passámos muitos anos aqui na Birmânia. Sempre nos sentimos como prisioneiros, ou hóspedes, ou visitantes. Agora chegou a altura de aceitar que a Birmânia é o nosso país. Ainda somos portugueses, mas nunca voltaremos a ver Portugal. Alguns de vós nunca viram”.

O objectivo deste livro, com primeira edição em inglês em 2014, era divulgar a história dos portugueses no país e, ao mesmo tempo, o papel de exploradores, comerciantes e soldados vindos de Portugal a partir do século XVI na estrutura actual da Myanmar, disse. “Com as armas que trouxeram e as alianças que cimentaram com os reinados Mon, Arakan [Rakhine, na atualidade] e Bama/Birmanês, os portugueses foram determinantes na construção da actual Birmânia”, sublinhou James Swe.

Os 300 anos que medeiam entre a chegada dos portugueses (1500) e os ingleses (1800) foram quase eliminados da história oficial do país, acrescentou. “Eu só conheci estas histórias porque, durante as férias do verão, os meus avós falavam da vida de Paulo Seixas ou Luísa de Brito”, afirmou sobre alguns dos longínquos protagonistas de guerras, alianças, traições e comércio no país, que faz fronteira com a China, o Bangladesh, o Laos e a Tailândia. “Foi no Canadá que descobri que a História e aquilo que os meus familiares contavam coincidiam”, disse, sublinhando as dificuldades de estender a pesquisa aos arquivos birmaneses, fechados desde 1962 pelo regime militar.

Para James Swe, é “altura de reaproximar os dois países”, num momento em que a Birmânia precisa de consolidar a implantação do regime democrático, depois da vitória eleitoral da Liga Nacional para a Democracia (LND), em 2015. A Birmânia é uma terra rica e de oportunidades de negócios. “Os empresários portugueses podiam começar com pequenos negócios, como restaurantes, e depois expandir para outras áreas”, considerou James Swe, cujas pesquisas se estenderam por dez anos, entre o Reino Unido, o Canadá e Portugal.

Impedido de entrar nos últimos 40 anos na Birmânia, Swe contou com a ajuda de amigos e familiares no país para investigar a história dos seus ancestrais. Neste período, voltou pela primeira vez a Myanmar, em 2012.

27 Dez 2017

Paulo Duarte defende inclusão de Sines na iniciativa Uma Faixa, Uma Rota

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] académico português Paulo Duarte defendeu que Portugal deve persuadir a China a incluir o porto de Sines na “Nova Rota da Seda”, um gigantesco projecto de infra-estruturas inspirado nas antigas vias comerciais entre Ásia e Europa. “Devemos mostrar à China que na faixa e rota os comboios não terminam em Madrid, mas em Lisboa ou Sines”, disse o autor do primeiro livro em português sobre a iniciativa “Nova Rota da Seda”.

Doutorado em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade Católica de Louvaina, Paulo Duarte desenvolveu em Taiwan, Ásia Central e República Popular da China a investigação que deu origem à obra “Faixa e Rota Chinesa – A Convergência entre Terra e Mar”. Lançada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a “Nova Rota da Seda” inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos, centrais eléctricas e zonas de comércio livre, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao Império romano, e então percorridas por caravanas. Um dos principais objectivos é criar uma ligação ferroviária de alta velocidade entre Pequim e Londres, que demoraria 48 horas a percorrer.

Gao Zhikai, antigo intérprete do líder chinês Deng Xiaoping e mestre em Ciências Políticas pela Universidade de Yale, considerou a “Nova Rota da Seda” uma “nova forma de pensar o desenvolvimento” e “combater a pobreza”, ao “complementar a falta de conectividade entre países”. “Mesmo na Europa, os problemas de pobreza estão ligados à falta de desenvolvimento ou a um desenvolvimento que não foi estruturado de forma racional”, comentou à Lusa.

No conjunto, o Banco de Desenvolvimento da China estima um investimento total de 900 mil milhões de dólares, distribuído por 900 projectos.

A ligação ferroviária mais longa e já em funcionamento vai desde Yiwu, um ‘hub’ comercial na costa leste da China, até Madrid, e atravessa o Cazaquistão, Rússia, Bielorrússia e Polónia, entrando na Europa central através da Alemanha. Lisboa tem insistido na inclusão de uma rota atlântica no projecto chinês, o que permitiria a Sines conectar as rotas do Extremo Oriente ao Oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá.

“Em Sines, os comboios podem descarregar os contentores, que daí seguiriam para as Américas. Temos aqui uma grande potencialidade para desenvolver Sines”, apontou Paulo Duarte. Para o académico português, a iniciativa chinesa visa projectar o país asiático como um actor internacional inclusivo e responsável, “credibilizar o regime chinês” e “dar trabalho às empresas e trabalhadores chineses”. Surge também numa altura em que os Estados Unidos de Donald Trump rasgam compromissos internacionais sobre o clima, comércio ou migração, impelindo a China a assumir a vontade de liderar em questões internacionais.

“É uma mudança histórica na posição da China no mundo”, disse He Yafei, antigo vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros. “A Nova Rota da Seda combaterá a onda antiglobalização”, acrescentou, durante um fórum dedicado à iniciativa, realizado no mês passado em Zhuhai, no extremo sudeste da China.

Críticos do projecto chinês apontam, no entanto, os perigos para os Direitos Humanos e para o ambiente associados à exportação do modelo de desenvolvimento da China, e a contradição entre a retórica globalista de Pequim e a sua política interna.

Sob a direção de Xi, a China reforçou o combate à influência estrangeira na sociedade civil, meios académicos ou Internet, apontam organizações de defesa dos Direitos Humanos, enquanto Bruxelas e Washington criticam o país asiático pelas barreiras que impõe ao investimento estrangeiro em vários sectores.

No ‘ranking’ da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que avalia a abertura ao investimento directo estrangeiro, a segunda maior economia mundial ocupa o 59.º lugar, entre 62 países.

27 Dez 2017

Fundo chinês ajuda no desenvolvimento da África

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]urante os últimos dez anos, um fundo de desenvolvimento chinês investiu biliões de dólares em África. Chi Jianxin, presidente do Fundo de Desenvolvimento China-África, disse à Xinhua que o fundo tem US$ 4,5 mil milhões para investir em 91 projectos em 36 países, com mais de US$ 3,2 mil milhões já destinados. “Após a conclusão de todos os projectos, o fundo colocará mais de US$ 20 mil milhões das empresas chinesas na África”, assinalou Chi.

Para apoiar as empresas na África, o fundo foi estabelecido em 2007 depois da Cimeira de Pequim 2006 do Fórum de Cooperação China-África. A escala inicial do fundo era US$ 5 mil milhões, mas o volume expandiu para US$ 10 mil milhões em 2015. Investiu-se nas áreas de infra-estrutura, cooperação da capacidade de produção e agricultura.

Quando forem concluídos, os projectos produzirão 11 mil camiões, 300 mil aparelhos de ar condicionado, 540 mil frigoríficos, 390 mil televisões e 1,6 milhão de toneladas de cimento todos os anos, aumentando as exportações da África em US$ 2 mil milhões e a receita tributária em US$ 1 mil milhões anualmente, segundo Chi.

“Diferente à assistência ou empréstimos, o fundo leva mais capital à África com o seu próprio investimento”, acrescentou. “A medida é bem recebida, pois permite que os países impulsionem os projectos sem crescimento da carga de dívida e aumentem sua própria capacidade de desenvolvimento”, disse Chi.

Nos últimos anos, a África goza de uma situação política geralmente estável com um rápido crescimento económico, mais residentes urbanos e consumidores de classe média, e uma maior procura pelas mercadorias de consumo. Muitos países africanos têm vantagens geográficas, baixo custo de mão-de-obra e um bom ambiente de comércio. “A infra-estrutura, manufactura e campos agrícolas da África continuam com um desenvolvimento saudável e têm um enorme potencial, portanto, estamos confiantes nas possibilidades”, disse Chi.

O fundo planeia fazer mais investimento e destinar mais capital a África sob a iniciativa Uma Faixa, Uma Rota e as políticas chinesas sobre a cooperação internacional em capacidade de produção e manufactura de equipamento.

No processo, o fundo permanece uma atitude aberta para a cooperação com os países não africanos e as organizações internacionais, pois considera o desenvolvimento africano como a responsabilidade conjunta da comunidade internacional, assinalou Chi.

27 Dez 2017

Lei do ruído | Diploma está a ser revisto

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau iniciou a revisão da lei do ruído, justificando a medida com a “necessidade de obter um equilíbrio entre o tempo de descanso dos residentes e o desenvolvimento social”, anunciaram os Serviços de Protecção Ambiental.

A revisão e melhoria da lei de Prevenção e Controlo do Ruído Ambiental visa “aperfeiçoar os processos de avaliação e aprovação no que se refere às excepções à execução dos projectos com interesse público de relevante importância (incluindo as obras rodoviárias que necessitam de ser executadas durante o período nocturno)”, refere em comunicado a Direção dos Serviços de Proteção Ambiental (DSPA).

Outro objectivo é “esclarecer as situações excluídas sobre a realização das actividades destinadas ao interesse público nos espaços públicos, para responder às demandas da sociedade”. A revisão da lei é iniciada dois anos após a entrada em vigor da mesma, tendo a DSPA justificado que a medida está “conforme o plano de acções previamente programado”, e que a proposta de melhoramento já foi apresentada ”ao Conselho Consultivo do Ambiente, aos sectores relacionados e às entidades públicas envolvidas”.

Sem revelar números, a DSPA diz ter registado descidas no número de queixas e de infracções relacionadas com o ruído, indicando que este ano houve uma diminuição de cerca de 16 por cento e 46 por cento, respectivamente, em comparação com o período homólogo de 2015.

27 Dez 2017

Chui Sai On quer construir na Grande Baía

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado divulgou que os Chefes do Executivo de Hong Kong e de Macau, Chui Sai On e Carrie Lam, na visita que fizeram a Pequim, indicaram junto do Governo Central a expectativa de ter apoios para a construção de hospitais, escolas e centros de idosos na zona da Grande Baía.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado organizou uma reunião, onde o director, Zhang Xiaoming, referiu que é necessário implementar com eficácia o plano do Governo Central, especialmente no que se refere ao pôr em prática o planeamento para o desenvolvimento da zona da Grande Baía. Para o efeito são necessários estudos relativos a políticas e questões jurídicas para facilitar a circulação de pessoal, mercadorias, fundos e informação. O responsável acrescentou ainda que é preciso conjugar as expectativas avançadas pelos Chefes do Executivo de Hong Kong e de Macau para concretizar projectos como hospitais, escolas e centros de idosos na zona da Grande Baía, e articular com as medidas e políticas envolvidas na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

27 Dez 2017

Coreia do Norte prepara novo lançamento de satélite

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte está a preparar um novo lançamento de satélite, apesar das novas sanções das Nações Unidas, noticiou ontem um jornal sul-coreano. Um nono pacote de sanções foi aprovado na passada semana pelo Conselho de Segurança da ONU para obrigar Pyongyang a renunciar aos programas nuclear e de armamento e também aos lançamentos de satélites que, de acordo com alguns peritos, constituem um disfarce para o desenvolvimento de mísseis.

“Soubemos recentemente, através de diferentes canais, que o Norte concluiu um novo satélite denominado ‘Kwangmyongsong-5′”, disse uma fonte governamental ao diário Joongang Ilbo. “O projecto é colocar em órbita um satélite equipado com câmaras e instrumentos de telecomunicações”, acrescentou.

De acordo com o jornal sul-coreano, os serviços secretos da Coreia do Sul acreditam que este satélite possa ser lançado a partir de uma plataforma móvel e não do local habitual de Sohae. Este artigo foi publicado um dia depois de um texto no Rodong Sinmun, órgão oficial do partido no poder na Coreia do Norte, reafirmar o direito de Pyongyang a lançar satélites.

O diário do Norte sublinhou que os lançamentos norte-coreanos de satélites “respeitam totalmente” a Carta da ONU e o direito internacional relativo aos programas espaciais, e indicou, a título de exemplo, o recente lançamento de um satélite argelino.

A 3 de dezembro, o Rodong Sinmun tinha defendido a “natureza pacífica” do programa espacial norte-coreano e, a 10 de dezembro, garantiu que todos os países tinham o direito de desenvolver um programa espacial. Em Outubro passado, o embaixador adjunto da Coreia do Norte na ONU, Kim In-ryong, tinha afirmado que o seu país seguia um plano de quatro anos (2016-2020) de desenvolvimento de “satélites para contribuir para o progresso económico e melhoria das condições de vida da população”.

O responsável acrescentou que a Coreia do Norte “tinha entrado na fase de desenvolvimento prático dos seus satélites” com a colocação em órbita, em Fevereiro de 2016, do ‘Kwangmyongsong-4’. Após anos de sucessivos fracassos, a Coreia do Norte conseguiu, em dezembro de 2012, colocar um satélite em órbita.

O jornal russo Rossiyskaia Gazeta citou há algumas semanas um perito militar russo que afirmou esperar o lançamento de dois satélites norte-coreanos, um de comunicações e outro de observação da Terra. Vladimir Khrustalev fez estas declarações no regresso de uma visita de uma semana à Coreia do Norte, em meados de Novembro, durante a qual esteve reunido com responsáveis da agência espacial norte-coreana.

27 Dez 2017

China | Xinhua faz balanço do ano económico

Se a China fosse uma companhia gigante, teria impressionado o público com seus principais resultados anuais para 2017. Ao manter um crescimento estável, melhorou a qualidade dos activos, reduziu os riscos de dívida, e trouxe novo ímpeto para o crescimento a longo prazo e sustentável

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] PIB da China PIB cresceu 6,9% anualmente nos primeiros três trimestres, dado superior à meta do governo de cerca de 6,5% para o ano. O FMI reviu a sua previsão pela quarta vez este ano, para 6,8% para 2017 e 6,5% para 2018. “Sob a pressão da reforma estrutural, a China conseguiu manter o crescimento médio-alto com poucas flutuações. Isso é algo raro tanto no mundo como na própria história de desenvolvimento da China”, disse Pan Jiancheng, do Departamento Nacional de Estatísticas (DNE).

O crescimento foi alcançado com ajuda de política monetária prudente e neutral, assim como a política fiscal mais proactiva e efectiva, como determinado pela reunião central de trabalho económico no ano passado.

Em vez de ajustar taxas de juros ou reservas obrigatórias, o banco central da China dependeu cada vez mais de operações no mercado aberto este ano para a gestão de liquidez. A forte dinâmica económica ajudou os fluxos de capitais transfronteiriços tornarem-se mais estáveis e equilibrados, contribuindo para uma acumulação gradual em reservas de divisas, que aumentaram pelo 10º mês consecutivos chegando a US$ 3,1193 biliões no fim de Novembro.

Consumo rex

Apenas três minutos depois da entrada no Dia dos Solteiros da China, em 11 de Novembro, as vendas no site de compras online TMall, da Alibaba, atingiram 10 mil milhões de yuans. O entusiasmo dos consumidores pelo evento de fazer compras demonstra como o país está a fazer a transição para uma economia impulsionada pelo consumo de uma economia abastecida pelo investimento.

Wang Tao, economista-chefe do UBS China, estimou que o consumo crescerá a uma taxa anual de pelo menos 7% nos próximos dois anos graças aos crescentes rendimentos e procura por alta qualidade de vida.

Para atender à procura, a fábrica do mundo está a actualizar o que coloca nas prateleiras. A produção dos bens de consumo de baixo valor agregado está a ser substituída gradualmente pela manufactura de alto nível, com as remessas de smartphones da China respondendo por um quarto do total do mundo.

O “‘Made in China ‘ não mais significa ‘barato’. Os caminhos de ferro de alta velocidade, energia nuclear, e produtos electrónicos da China estão todos a fazer rupturas nas indústrias mundiais de nível médio e alto”, disse Chen Dongqi, economista da Academia de Pesquisa Macroeconómica.

Enquanto a manufactura de alta tecnologia regista um rápido crescimento, o país também fez progresso em eliminar a capacidade de produção excessiva, uma dos principais tarefas na actual reforma estrutural no lado da oferta.

A China realizou os seus planos de cortar a capacidade anual de produção de aço por cerca de 50 milhões de toneladas e carvão por pelo menos 150 milhões de toneladas este ano, segundo o DNE.

Controlo de riscos

Talvez uma das realizações mais notáveis que a China fez em 2017 não foi a taxa de crescimento em si, mas como realizá-la com regulamentos mais rigorosos para conter riscos.

No último ano, os líderes da China colocaram a estabilidade financeira como uma máxima prioridade e fizeram um progresso notável em evitar os maiores “rinocerontes cinzentos”, geralmente levados pelos bancos-sombra e que representam uma ameaça significativa para a economia.

As autoridades endureceram a administração em actividades interbancárias e produtos de gestão de riqueza de elementos extrapatrimoniais e expandiram restrições em compras de casas para combater as bolhas do mercado imobiliário.

Ao mesmo tempo, o país também está a tentar ter um balanço geral mais saudável, cortando a alavancagem ao reduzir o endividamento. Estabeleceu tectos de dívidas para os governos locais, e introduziram um programa de troca de dívida a bónus.

Segundo a agência mundial de avaliações Moody’s, o desempenho económico e fiscal dos governos locais chineses eram estáveis nos primeiros três trimestres de 2017, e a meta para o ano inteiro será cumprida.

26 Dez 2017

Xi Jinping: Desenvolvimento da economia é crucial

As finanças não chegam. Para a China é fundamental uma economia baseada na produção de bens e serviços

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente Xi Jinping sublinhou a importância do desenvolvimento da economia real na terça-feira durante a sua primeira ronda de inspecção desde o 19º Congresso do Partido, que teve lugar em Outubro. Xi visitou o grupo Xuzhou Construct Machinery, um dos líderes da indústria de maquinaria de construção da China, situado em Xuzhou, na província de Jiangsu.

“Como um grande país, a China tem de continuar a enfatizar o desenvolvimento da economia real”, disse Xi, acrescentando que “a manufactura é essencial para a economia real, que, por sua vez, deverá ser impulsionada pela inovação e tecnologias-chave”. A economia real compreende sectores associados à produção de bens e serviços, em oposição à actividade em mercados financeiros.

Na empresa, Xi entrou numa cabine de controlo de uma grua que deu recentemente entrada no mercado e perguntou pelas suas funcionalidades, produção e preço, tendo sido informado que a grua foi desenhada de forma independente e produzida pela XCMG, usando mais de 30 patentes e sendo vendida em vários países desenvolvidos.

A XCMG, fundada em 1943, é a 5ª maior empresa de maquinaria de construção do mundo e está situada em 65º lugar na lista do top 500 de empresas da China, informou a empresa.

Durante a viagem, Xi visitou a aldeia de Mazhuang em Xuzhou, onde os aldeãos produzem sacos perfumados com ervas usadas na medicina tradicional chinesa. “Quando custa? Gostaria de comprar para apoiar o vosso negócio”, disse Xi a Wang Xiuying, uma aldeã de 80 anos responsável pela produção e venda dos sacos como lembrança. Wang respondeu que seria um presente para Xi, mas o presidente insistiu em pagar 30 yuan.

Xi afirmara que o desenvolvimento das aldeias rurais não deve se focar apenas em aumentar o rendimento dos camponeses mas também em melhorar o seu bem-estar espiritual.

Na quarta-feira à tarde, Xi inspecionou uma companhia do ELP, onde o soldado herói Wang Jie serviu. Em 1965, Wang, de 23 anos, morreu após usar o seu corpo para cobrir uma bomba que explodiu num acidente durante uma operação de treino, salvando a vida de 12 soldados.

26 Dez 2017

Hong Kong elege 36 deputados para a Assembleia Popular Nacional

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rinta e seis pessoas, entre 49 candidatos e procedentes de diferentes sectores da sociedade de Hong Kong, foram eleitas nesta terça-feira como deputados para a 13ª Assembleia Popular Nacional (APN), o mais importante órgão legislativo da China.

Bernard Charnwut Chan, de 52 anos, membro do Conselho Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), ficou no primeiro lugar com 1693 votos num total de 1796 membros que participaram da segunda sessão plenária da Conferência para Eleger Deputados da RAEHK para a 13ª APN.

A 13ª Assembleia Popular Nacional será convocada em Março de 2018 em Pequim para eleger novos líderes do Estado e discutir assuntos do Estado.

O vice-presidente e secretário-geral do Comité Permanente da APN, Wang Chen, participou da segunda sessão plenária da conferência, que foi presidida pela chefe do Executivo da RAEHK, Carrie Lam Cheng Yuet-ngor.

No seu discurso depois da eleição, Wang cumprimentou os deputados eleitos, dizendo que a eleição de deputados da RAEHK para a 13ª APN obedeceu rigorosamente à lei e decorreu com “democracia completa”.

Os 36 deputados eleitos formalmente tomarão posse depois de passarem por auditoria detalhada por um painel sob o Comité Permanente da 12ª APN.

26 Dez 2017

Fujian | Maior canal de televisão transmitido em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] dia de aniversário dos 18 anos da RAEM serviu também para marcar o lançamento da SETV, o principal canal de televisão da província de Fujian, numa cerimónia que contou com a presença do Chefe do Executivo. Segundo a Rádio Macau, trata-se do terceiro canal da província chinesa a ser transmitido no território, além da Haixia TV e Xiamen STAR. O SETV pode ser visto no pacote básico de televisão no canal 77.

Em declarações à rádio, Manuel Pires, presidente da comissão executiva da TDM, disse que se trata de “mais uma alternativa em termos de conteúdos e programas”. “Neste momento é o terceiro canal de Fujian que está a acessível gratuitamente à população. Penso que é mais um e, no futuro, outros virão, numa perspectiva de diversidade. Macau e Fujian têm relações muito estreitas. Há uma população de Macau bastante significativa oriunda da província de Fujian e penso que estarão muito contentes por terem programas e notícias da terra”, acrescenta Manuel Pires.

Em Macau vivem mais de 120 mil pessoas naturais desta província chinesa, que tem como o seu principal líder o ex-deputado e empresário Chan Meng Kam, além dos deputados Si Ka Lon e Song Pek Kei.

26 Dez 2017

É ” impossível” calar vozes da oposição, afirma Chui Sai On

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, afirmou ontem “ser impossível” calar as vozes da oposição, numa referência ao caso do deputado pró-democracia Sulu Sou, cujo mandato foi suspenso para ser julgado por desobediência qualificada.

Chui Sai On falava aos jornalistas antes do início da cerimónia comemorativa do 18.º aniversário do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), a 20 de dezembro de 1999.

Perante a pergunta se “o julgamento de Sulu Sou é uma forma de calar a oposição”, o chefe do Governo respondeu: “É impossível calar as vozes opostas. Mas também é para o bem de Macau haver opiniões diferentes”.

O responsável acrescentou ser “natural que numa sociedade em desenvolvimento existam vozes diferentes”, escusando-se a comentar o caso de Sulu Sou quando está em curso um processo judicial.

“Não tenho problemas com vozes da oposição, como podem ver pelos últimos 18 anos. Aceito e respeito os diferentes canais de opinião. É normal. Como Governo esperamos apenas poder corresponder às expectativas da população”, disse.

No início deste mês, a Assembleia Legislativa aprovou a suspensão do mandato do mais jovem deputado de Macau, permitindo que avançasse o processo judicial por desobediência qualificada, na sequência de uma manifestação realizada em maio de 2016.

Segundo as autoridades, os manifestantes não cumpriram o percurso autorizado, “ocuparam ilegalmente as vias públicas” e recusaram responder à ordem de dispersão, durante um protesto contra a atribuição, por parte da Fundação Macau, de um subsídio de 100 milhões de reminbis à Universidade de Jinan, na China.

Mais de 3.000 pessoas, segundo os organizadores, e 1.100, de acordo com a polícia, saíram então à rua para pedir a demissão do líder do Governo.

Sulu Sou, de 26 anos, foi eleito deputado nas eleições de Setembro passado através de uma lista afiliada da maior associação pró-democracia do território, a Novo Macau.

26 Dez 2017

Pequim pede a Washington para abandonar “mentalidade” da Guerra Fria

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] discurso xenófobo de Donald Trump motivou uma resposta da China, do tipo “acordem, o mundo agora é outro”. Contudo, os EUA parecem decididos a acabar com a influência do Ocidente no planeta.

A República Popular da China pediu ontem aos Estados Unidos para abandonar a “mentalidade da Guerra Fria” e tratar das divergências de forma construtiva respondendo ao presidente norte-americano que considerou o país como “rival” e “concorrente estratégico”.

“Pedimos aos Estados Unidos que deixe de distorcer os interesses estratégicos da China e abandone o ‘jogo de soma zero’ e a mentalidade da Guerra Fria”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Hua Chunying, numa conferência de imprensa na capital chinesa.

Hua insistiu no ponto de vista de Pequim de que a “cooperação de mútuo benefício é a única cooperação viável” para os dois países tendo pedido a “adopção de uma via construtiva” capaz de resolver as “diferenças”.

Pequim reagia assim à nova estratégia de segurança do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentada nas últimas horas em que Washington aponta a China e a Rússia como concorrentes a nível estratégico. Num discurso em Washington, Trump apontou os dois países como “poderosos rivais” que podem eventualmente constituir potenciais ameaças para os Estados Unidos.

Hua sublinhou que a China mantém um caminho de “desenvolvimento pacífico” através da cooperação cada vez maior com os outros países apoiando, cada vez mais, as Nações Unidas. “A China contribuiu e protege a ordem internacional” com uma diplomacia que é “bem acolhida em todo o mundo”, disse também o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Sendo assim, sublinhou, “é inútil que qualquer país venha distorcer os factos para desacreditar a China” e insistiu que “ninguém deve ter ilusões” sobre a República Popular da China em questões de defesa da soberania e interesses estratégicos.

20 Dez 2017

2017 : Banco Mundial prevê crescimento económico de 6,8%

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco Mundial elevou em uma décima a sua previsão de crescimento económico da China em 2017 para 6,8%, segundo um relatório divulgado ontem. O Banco Mundial mantém, no entanto, as suas perspectivas para os próximos dois anos relativamente à segunda potência mundial, com diminuições do crescimento em 2018 (6,4%) e em 2019 (6,3%) à medida que vão sendo aplicadas medidas restritivas do Governo chinês para reduzir riscos e aprofundar reformas.

O documento destaca que a recuperação do comércio mundial foi um factor importante na manutenção da actividade económica chinesa durante este ano. Outros fatores positivos foram a continuidade das reformas para reduzir a alavancagem, o aumento da confiança das empresas, a criação de emprego, a estabilização das saídas de capital e a valorização do yuan face ao dólar norte-americano.

“As autoridades empreenderam um conjunto de medidas políticas e reguladoras destinadas a reduzir os desequilíbrios macroeconómicos e limitar os riscos financeiros sem um impacto significativo no crescimento”, destacou John Litwack, economista-chefe do Banco Mundial para a China, citado pela agência de notícias espanhola Efe.

O relatório recorda que Pequim colocou em marcha, desde 2016, importantes medidas para reduzir a alavancagem da economia, como uma política monetária mais restritiva e uma série de normas para reduzir os riscos financeiros, o que se traduziu numa descida do aumento do crédito.

Essas medidas restritivas, a par com a continuidade das reformas do Governo, fazem com que o Banco Mundial preveja um abrandamento do crescimento económico nos próximos dois anos.

A política monetária prudente, uma regulação mais rigorosa do sector financeiro, a continuidade do esforço do Governo central para reestruturar a economia e controlar a alavancagem vão contribuir, previsivelmente, para essa moderação do crescimento, indica o documento.

Para Elitza Mineva, co-autora do relatório do Banco Mundial, “as condições económicas favoráveis fazem com que seja um momento especialmente oportuno para reduzir ainda mais as vulnerabilidades macroeconómicas e procurar um desenvolvimento de melhor qualidade, mais eficiente e sustentável”.

20 Dez 2017

Macau em destaque em ciclo de cinema em Lisboa

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]   ciclo “Cinema Macau, passado e presente” é o evento que pretende levar à tela da Fundação Oriente um conjunto de filmes acerca do território. O objectivo é “desvendar a pluralidade de olhares sobre Macau durante o século XX bem como após a transição para a administração do território pela China”, lê-se em comunicado enviado à comunicação social.

Neste ciclo, com a curadoria da jornalista e crítica de cinema Maria do Carmo Piçarra, são revelados filmes do Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM), da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) e do Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE).

Em sete sessões temáticas, entre 7 de Janeiro e 18 de Fevereiro, a programação começará por apresentar a percepção, durante o Estado Novo, de realizadores portugueses – tanto amadores (Antunes Amor) como profissionais que serviram a propaganda (Ricardo Malheiro) – sobre Macau, contrapondo imagens fixadas por cineastas estrangeiros ao serviço do regime, como Miguel Spiguel e Jean Leduc. A mostra inclui o olhar de Manuel Faria de Almeida, um dos fundadores do Novo Cinema português que, posteriormente, ajudou a criar a Televisão de Macau, sobre a antecipação das angústias dos residentes no território com a perspectiva da transição da soberania.

Os dias de hoje

Em contraponto a estas visões, apresenta-se a perspectiva contemporânea de jornalistas e das novas gerações de realizadores portugueses, que viveram ou visitaram (Guerra da Mata / João Pedro Rodrigues) ou vivem (Ivo Ferreira) no território, e o de uma realizadora sérvia (Nevena Desivojevic), que filmou, em Lisboa, a rememoração da vivência em Macau.

O ciclo integra ainda investigações filmadas, assinadas por jovens jornalistas portugueses (Filipa Queiroz e Hélder Beja), que relevam traços da presença portuguesa durante o século XX.

“Cinema Macau” fixa, finalmente, as inquietações, as aspirações e a sensibilidade da primeira geração de realizadores de Macau. Recorrendo a linguagens que vão do ensaio visual à animação, e usando sobretudo o formato da curta-metragem, os novos filmes feitos em Macau, entre outros, por Albert Chu, Leong Kin, Cobi Lou, Hong Heng Fai, Cheong Kin Man e Tracy Choi – de quem será apresentada também a longa-metragem “Irmãs” (Sisterhood) – reflectem as mudanças na paisagem, física e humana. De acordo com a organização, “aqui, os vestígios coloniais servem um certo onirismo e nostalgia, e evidenciam o paralelismo entre o crescimento da ilha e a multiplicação das imagens desta – e do mundo – numa sociedade de ecrãs”.

20 Dez 2017

IH foi a Singapura ver como se faz

Arnaldo Santos, presidente do Instituto da Habitação (IH), liderou uma comitiva de viagem a Singapura na qualidade de presidente da Comissão para os Assuntos de Habitação Pública. A visita, segundo um comunicado, teve como objectivo a realização de uma visita às instalações dos complexos de habitação pública e a análise à sua gestão.

A visita serviu para abordar as políticas de habitação pública levadas a cabo por Singapura, bem como o seu plano de gestão e reconstrução.

Arnaldo Santos lembrou que o Governo de Singapura começou a implementar políticas de habitação pública a partir dos anos 60, tratando-se de um exemplo que Macau pode ter como referência. O presidente do IH acredita que a visita pode ajudar o território para que possa ser criado um mecanismo mais eficaz de atribuição, gestão e reparação dos edifícios de habitação pública em Macau.

O responsável de Singapura pelos serviços de desenvolvimento da habitação, que recebeu a comitiva de Macau, disse que a maioria das zonas criadas pela cidade-estado têm instalações comerciais, escolas, parques, zonas arborizadas, equipamentos desportivos e de lazer. Tudo para que as comunidades que lá vivam possam interagir entre si e desenvolver um sentido de solidariedade.

Para garantir que os edifícios se mantém em bom estado, cada morador de uma casa disponibilizada pelo Governo de Singapura precisa de pagar um montante que varia entre 110 e 560 patacas para os serviços dos espaços públicos e diversas reparações.

 

Associação quer coordenação interdepartamental para Lai Chi Vun

O Instituto Cultural (IC) arrancou os procedimentos no passado dia 15 com vista à classificação dos estaleiros de Lai Chi Vun. A vice-presidente da Associação para a Reinvenção de Estudos do Património Cultural de Macau, Kuok I Iao, concorda que a classificação em curso responde às solicitações da sociedade para proteger os patrimónios culturais. A vice-presidente entende que as autoridades têm muito trabalho pela frente para melhorar e salvaguardar as infra-estruturas e os patrimónios culturais.

Em declarações ao Jornal Ou Mun, a vice-presidente da associação entende que os estaleiros da zona de Lai Chi Vun ao longo do corrente ano enfrentaram muitos obstáculos. Como tal, a dirigente espera que o Governo tem falta de um mecanismo interdepartamental para coordenação de protecção aos patrimónios culturais. O organismo terá como objectivo colmatar a falta de comunicação entre os serviços públicos, o que tem levado a que o património histórico não tenha sido devidamente protegido e salvaguardado.

Na visão de Kuok I Iao, os trabalhos de protecção dos patrimónios culturais não são apenas dependentes do IC, uma vez que, de acordo com a lei de salvaguarda do património cultural, os procedimentos da classificação dos patrimónios culturais podem ser levantados por quaisquer serviços públicos e pelos proprietários. Além disso, a vice-presidente salientou que o Governo deve ter consciência de protecção de patrimónios culturais durante obras.

20 Dez 2017

Vitório Cardoso é mandatário da campanha de Pedro Santana Lopes

[dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]edro Santana Lopes, ex-primeiro-ministro português, é candidato à liderança do Partido Social-Democrata (PSD) em Portugal, e escolheu para seu mandatário, para os territórios de Macau e Hong Kong, Vitório Cardoso. Este ocupa actualmente o cargo de vice-presidente da comissão política da secção do PSD em Macau e Hong Kong.

Contactado pelo HM, Vitório Cardoso recusou prestar declarações por se tratar de um assunto exclusivo do panorama político em Portugal. “Não quero misturar esta questão com órgãos de comunicação social de Macau. Eu sou português, não participo na condição de residente permanente”, frisou.

Na sua página pessoal da rede social Facebook, Vitório Cardoso escreveu ter “aceite com muita honra e elevado sentido de missão integrar a Comissão Nacional da Candidatura de Pedro Santana Lopes e ser o mandatário para Macau e Hong Kong, enquanto vice-presidente da comissão política da secção do PPD/PSD em Macau e Hong Kong”.

“A histórica candidatura à liderança do PPD/PSD abraça genuinamente o apoio da Comunidade Portuguesa na China em geral e em especial dos Macaístas ou Portugueses de Macau radicados desde 1553 – 1557. Somos todos Portugueses!”, acrescentou também numa outra publicação.

Vitório Cardoso intitulou-se como “português de seis gerações no Oriente”, sendo seu “dever para com os portugueses que já morreram, que estão vivos e para com os que estão para nascer, contribuir com todo o meu esforço, dedicação e vida para a glória e a grandeza de Portugal no mundo”.

“Enquanto Macaense ou Português de Macau com algumas responsabilidades políticas é o meu dever primeiro o de zelar pelas Comunidades Portuguesas na Ásia e por conseguinte pelo superior interesse nacional de Portugal”, rematou. O HM contactou a assessora de Pedro Santana Lopes para mais esclarecimentos, mas não recebemos as respostas em tempo útil.

Vitório Cardoso é conhecido em Macau pelas suas posições de extrema-direita, a favor do militarismo, com nostalgias salazaristas e é um contínuo propagandista do império colonial como, aliás, é patente na sua página do Facebook. Além do patrioteirismo, Cardoso mostra um estranho fascínio pelos militares ingleses.

20 Dez 2017