Filme “Bohemian Rhapsody” sobre Freddy Mercury é o grande vencedor dos Globos de Ouro

[dropcap]E[/dropcap]m noite de surpresas, “Bohemian Rhapsody”, filme biográfico centrado na vida do músico Freddie Mercury, foi o grande vencedor da 76.ª edição dos Globos de Ouro, ao arrecadar dois dos mais importantes prémios, incluindo melhor filme.

Numa cerimónia marcada por poucos comentários políticos, “Roma”, o drama semi-autobiográfico de Alfonso Cuarón, foi eleito melhor filme estrangeiro. A obra filmada a preto e branco na cidade do México valeu a Cuarón o prémio de melhor realizador.

Rami Malek, que dá vida à lenda dos “Queen”, foi eleito melhor actor, categoria para a qual estava nomeado Bradley Cooper, realizador e protagonista de “Assim Nasce Uma Estrela”, um dos filmes derrotados da noite. “Obrigado a Freddie Mercury por me dar a alegria de uma vida” disse Rami Malek, ao agarrar a estatueta que o distinguiu num filme do produtor e realizador norte-americano Bryan Singer.

Outra das surpresas aconteceu no prémio de melhor actriz: venceu a veterana Glenn Close, em “The Wife”, no papel de mulher de um Nobel da Literatura. A também cantora Lady Gaga era apontada como favorita ao galardão, pela sua actuação em “Assim Nasce Uma Estrela”.

Regina King venceu o prémio de melhor actriz secundária em “A Favorita” e Mahershala Ali o prémio de melhor actor secundário em “Green Book: Um Guia para a Vida”, do realizador Peter Farrelly, filme distinguido nas categorias de melhor comédia ou musical e de melhor argumento.

Um ano depois do discurso de Oprah Winfrey contra “os homens poderosos e brutais”, em pleno desenvolvimento do movimento #MeToo, esta edição não ficou marcada por comentários políticos, pelo menos até Christian Bale subir ao palco para receber o prémio de melhor actor em comédia ou musical, pela sua performance em “Vice”, de Adam McKay.

“O que acham? Mitch McConnell a seguir?” brincou o actor nascido no País de Gales, referindo-se ao líder da maioria do Senado norte-americano. “Obrigado a Satanás por me dar inspiração para este papel”, acrescentou.

Olivia Colman foi distinguida como melhor actriz na mesma categoria. No campo televisivo, “The Americans”, que retrata a vida de dois espiões russos nos EUA dos anos 1980, foi eleita a melhor série dramática, na sexta e última temporada, enquanto a melhor série de comédia foi “O Método Kominsky”.

7 Jan 2019

China alarga rede ferroviária em novo esforço para estimular economia

[dropcap]A[/dropcap] China aprovou a construção de novas linhas ferroviárias, com um orçamento superior ao equivalente a mais de 110 mil milhões de euros, parte do esforço para contrariar o abrandamento registado em vários indicadores económicos.

Desde 5 de Dezembro, a Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento aprovou a expansão da rede ferroviária em oito cidades e regiões do país, segundo um comunicado do organismo máximo chinês encarregado da planificação económica.

A decisão surge numa altura em que vários indicadores da segunda maior economia mundial registam os valores mais baixos em vários meses ou anos e de tensões comerciais com os Estados Unidos.

Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um dos países.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, exige que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as firmas do país em importantes atores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos, ameaçando o domínio norte-americano naquelas áreas.

O Banco do Povo Chinês (banco central) realizou na semana passada a maior injeção de liquidez no mercado este ano, ao reduzir a quantidade de dinheiro que os bancos têm que manter como reservas.

Em 2019, a China planeia expandir a sua rede ferroviária em 6.800 quilómetros, um aumento de 40%, face ao ano passado, anunciou na semana passada a China Railway, entidade que opera as ferrovias do país. Os planos incluem uma expansão da rede ferroviária de alta velocidade em 3.200 quilómetros.

A rede ferroviária de alta velocidade da China, construída ao longo da última década, compõe já dois terços do total do mundo.

O renovado ímpeto do investimento público contrasta com os esforços de Pequim, ao longo de 2018, de contrariar o aumento do endividamento público, depois de uma década em que a dívida do país quase duplicou, face a um modelo económico assente na construção e investimento, que permitiu ao país contornar a crise financeira global.

Nos últimos dez anos, quando as economias desenvolvidas estagnaram, o país asiático construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos e dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

Contudo, a redução gradual da dívida coincidiu com uma redução do ritmo de crescimento económico. No mês passado, a actividade da indústria manufactureira da China contraiu-se pela primeira vez em 19 meses.

Em Novembro, os lucros da indústria na China registaram a primeira queda homóloga, de 1,8%, desde Dezembro de 2015, enquanto as vendas a retalho, o principal indicador do consumo privado, recuou para 8,1%, o ritmo mais lento desde Maio de 2003.

A multinacional de serviços bancários ING prevê que Pequim liberte quatro biliões de yuan, este ano, em estímulos económicos.

“Apesar de parte do estímulo fiscal destinar-se ao pagamento de dívida e refinanciamento de empréstimos, o restante vai ser gasto em infra-estrutura, que irá suportar a actividade manufactureira, mesmo que a guerra comercial continue a escalar”, afirmou Iris Pang, o economista-chefe do banco com sede em Amesterdão.

Entre os projectos aprovados, Xangai vai acrescentar seis novas linhas de metro e três linhas ferroviárias interurbanas, enquanto a cidade de Wuhan, no centro da China, vai construir quatro linhas de metro e quatro linhas interurbanas.

A província de Jiangsu, na costa leste da China, vai construir também várias linhas ferroviárias interurbanas, visando conectar os principais centros urbanos com outras partes.

7 Jan 2019

Saudita detida na Tailândia arrisca deportação quando procurava refúgio na Austrália

[dropcap]U[/dropcap]ma jovem saudita, detida no domingo no aeroporto de Banguecoque, na Tailândia, arrisca a deportação quando procurava chegar à Austrália para pedir asilo.

Rahaf Mohammed Al-Qunum, de 18 anos, lançou pedidos de ajuda, exigiu encontrar-se com representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), num momento em que foi lançada uma petição e um apelo à sua libertação pela organização não-governamental Human Rights Watch (HRW).

“Eu não vou sair do meu quarto até me encontrar com o ACNUR”, garantiu a saudita de 18 anos, num vídeo publicado hoje na rede social Twitter, onde se barricou no quarto de hotel no aeroporto.

A representação em Banguecoque do ACNUR confirmou à agência de notícias France-Presse (AFP) que está a tentar estabelecer contacto com a jovem de 18 anos “para avaliar a sua necessidade de protecção internacional”.

A imigração tailandesa, por sua vez, garantiu que a jovem “aguardava embarque” para o Kuwait e, depois, para a Arábia Saudita. “Ela mesma comprou uma passagem de avião, está à espera para embarcar”, disse à AFP o chefe da imigração tailandesa, Surachet Hapkarn.

Contudo, na conta do Twitter, hoje de manhã, a jovem assegurava encontrar-se ainda no quarto do hotel: “Eu apelo a todos que se encontrem na zona de trânsito em Banguecoque a protestarem contra a minha expulsão”, escreveu.

Rahaf Mohammed Al-Qunun teme o regresso à Arábia Saudita. “Tenho 100% de certeza de que eles me vão matar assim que eu sair de uma prisão saudita”, disse à AFP.

“Rahaf está em grande risco se for forçada a voltar para a Arábia Saudita, deve ter permissão para se reunir com o ACNUR e iniciar um procedimento de asilo”, disse Phil Robertson, representante na Ásia da HRW.

A HRW informou que a jovem fez escala em Banguecoque, quando procurava chegar à Austrália para ali pedir asilo, garantindo ter um visto de entrada naquele país. A embaixada australiana não respondeu aos contactos efetuados pela AFP. A imigração tailandesa garante que esta está a tentar fugir de um casamento arranjado.

Em Abril de 2017, o destino de outra mulher saudita, Dina Ali Lasloum, de 24 anos, que havia sido detida enquanto viajava pelas Filipinas para Sydney, já levantara preocupações à HRW. A jovem tentava fugir de um casamento arranjado.

A embaixada da Arábia Saudita em Manila descreveu o incidente como um assunto de família e assegurou que a jovem tinha “voltado para casa com a sua família”.

A Arábia Saudita é conhecida pelas restrições impostas às mulheres. Em particular, estão sujeitas à tutela de um homem (pai, marido ou outro, conforme o caso) que exerce autoridade sobre as mesmas e toma as decisões importantes em seu nome.

Uma mulher que tenha cometido um crime “moral” pode ser punida violentamente pela sua família e, nos casos denominados como de “crime de honra”, ser inclusive morta.

7 Jan 2019

Rei da Malásia abdica inesperadamente depois de apenas dois anos no trono

[dropcap]O[/dropcap] rei da Malásia, Muhammad V, abdicou ontem inesperadamente, depois de dois no trono, sem que tenha sido adiantada a razão para a resignação do mais novo monarca do país muçulmano do sudeste asiático.

O palácio da monarquia constitucional da Malásia revelou que o sultão Muhammad V, eleito em Dezembro de 2016 entre os governantes hereditários dos nove Estados malaios em cada cinco anos, decidiu abdicar imediatamente, quando ainda lhe faltavam cumprir mais três anos de reinado.

“Sua majestade, 15.º rei, resignou. Decisão entra em vigor em 6 de Janeiro”, revelou comunicado do palácio real.

Muhammad V protagoniza a primeira resignação de um rei na história da Malásia, que se tornou independente do Reino Unido em Agosto de 1957. Muhammad V pertence ao Estado de Kelantan, no nordeste da Malásia.

Na semana passada, circularam rumores de nova ausência do monarca, de 49 anos, depois de, em Novembro, terem sido comunicadas oficialmente razões de saúde para justificar a ausência. O facto é que, naquele mês, Muhammad V casou com uma ex-modelo russa.

7 Jan 2019

António Vitorino considera que “migração está muito politizada”

[dropcap]O[/dropcap] director-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM) considera que o tema das migrações está “muito politizado e muito polarizado” e que vai estar “de certeza absoluta” no centro do debate político nas próximas eleições europeias.

Em entrevista à agência Lusa, António Vitorino defende que essa politização não é, todavia, exclusiva das migrações, sendo que as redes sociais têm tido “papel não dispiciendo na difusão de uma cultura polarizadora, do ‘like’ ou do ‘dislike’, como se a vida pudesse ser resumida a um ‘like’ ou a um ‘dislike’”.

“A vida é mais complexa do que isso e, nesse sentido, as migrações são um tema fácil para provocar reações emotivas”, diz Vitorino, para quem muito do que se passa nas redes sociais é menos racionalidade e muito mais emotividade. “Nesse sentido, as migrações são um tema politizado, sem dúvida, e obviamente muito polarizado”, realça.

O director-geral da OIM considera, todavia, que o que é “depressivo” é que a realidade de hoje é muito diferente da de 2015, quando se registou um enorme afluxo de migrantes na União Europeia.

“As tentativas de travessia do Mediterrâneo central e ocidental diminuíram em cerca de 80%, comparando o número deste ano com o do ano passado, apesar de o número de mortes ser proporcionalmente mais elevado”, afirma.

Isto “significa que a pressão existe, que os riscos que as pessoas estão dispostas a correr mantêm-se”, o que, no entender do ex-comissário europeu, levará que este tipo de situação seja utilizado como argumento no debate eleitoral das eleições para o Parlamento Europeu, ainda que a situação no terreno, do ponto de vista de afluxo, tenha sido significativamente reduzida.

António Vitorino não ignora que tanto o tema das migrações como o do pacto global das migrações são divisivos na União Europeia, como se viu pelo facto de oito Estados-membros não o terem subscrito, e que as alterações em curso da legislação sobre asilo e refugiados estão bloqueadas por dificuldades em chegar a acordo no quadro europeu.

“A única coisa que posso esperar é que aquelas forças políticas que têm uma visão equilibrada, realista e proporcionada das migrações tenham a clareza, a coragem e a clarividência de defenderem as suas posições nessas eleições”, afirma Vitorino, para quem essa visão não é “cor de rosa, mas também não é diabolizadora, reconhece as dificuldades, as ansiedades e as dúvidas que os fluxos migratórios colocam nas sociedades de destino, mas também o aspecto positivo que as migrações podem trazer mesmo para os países de destino”.

Segundo o ex-político e advogado português, as percepções no domínio das migrações “sempre foram bastante distantes das realidades”, razão pela qual são muito mais facilmente manipuláveis.

“Nesse sentido, continuo a achar que a política se tem de fazer com base na verdade e a sua evidência tem de ser trazida, divulgada e comunicada”, diz, embora reconheça que isso não seja suficiente.

“É também necessário que não esqueçamos os valores da dignidade humana dos migrantes, assim como os valores da segurança e da estabilidade das comunidades de acolhimento. Nós temos de reconhecer que a chegada de imigrantes provoca alterações na paisagem, na alimentação, nos hábitos culturais e que esse processo é um processo de adaptação recíproca”, alerta ainda o diretor-geral da OIM.

“É um processo de adaptação dos migrantes a um novo ambiente, mas também é um processo das comunidades que estavam rodadas na sua vida quotidiana e de repente vêem no seu seio pessoas com outra origem histórica ou cultural, às vezes outra origem religiosa e, portanto, este processo de diálogo e de interação não é fácil”, sublinha Vitorino, destacando o processo complexo que coloca grande pressão sobre as autoridades locais, “que são aquelas que estão mais próximas da realidade deste diálogo entre comunidades e também dos serviços sociais de primeira linha”.

Para Vitorino, em muitos sítios, “a reacção que existe contra a imigração é uma reacção que tem a ver com o facto de os imigrantes terem acesso a serviços sociais essenciais como, por exemplo, a educação, a saúde ou a habitação, que são serviços já em si mesmos sob stresse”, devido à crise financeira de 2008 e à crise fiscal do Estado.

Portanto, o que se pede aos Estados é que, na sua capacidade de planeamento dos serviços sociais, incorporem também a pressão acrescida que representa a chegada de imigrantes, para que os serviços que são dispensados a toda a comunidade, seja dos autóctones seja dos imigrantes, não sejam afectados por essas novas chegadas”, conclui.

“Tenho estado pouco tempo sentado em Genebra”

António Vitorino caracteriza como “muito intensos” os seus primeiros meses na OIM, reconhecendo o “grande desafio” de liderar uma estrutura de dimensão global que rejeita ficar sentada perante as crises.

António Vitorino, de 61 anos, ex-ministro português (1995-1997) e ex-comissário europeu (1999-2004), assumiu a direcção-geral da OIM a 1 de Outubro do ano passado, um mandato de cinco anos para que foi eleito em Junho passado.

“Foram três meses muito intensos porque foi necessário, não apenas acompanhar a dinâmica da adopção do pacto mundial sobre as migrações [confirmada em Dezembro passado em Marrocos], mas também lançar as bases da rede de migrações das Nações Unidas [que vai assegurar o processo de acompanhamento e de monitorização do pacto] que a OIM vai coordenar a partir de ontem, a partir do início deste ano.”

Mas também foram intensos porque a OIM, uma “organização extremamente descentralizada”, com 172 Estados-membros, presente em 150 países e com cerca de 470 representações no mundo inteiro, tem uma actuação “de grande proximidade” face às situações no terreno.

“Não resolvemos os problemas do mundo sentados em Genebra [sede da organização]. Aliás, tenho estado pouco tempo sentado em Genebra, porque tenho andado a viajar e é uma função que exige deslocar-me ao terreno para tomar consciência das realidades”, diz o responsável, indicando que para 2019 já tem várias deslocações previstas, designadamente às zonas de crise onde a organização está presente, mas sem adiantar mais pormenores por razões de segurança.

Nestes primeiros três meses na OIM, Vitorino também lançou um conjunto de reformas internas que pretendem responder à necessidade de “pensar a organização de uma maneira diferente”, nomeadamente ao nível do financiamento, medidas essas que deseja ver concluídas e aplicadas ainda este ano.

Actualmente, 97% do orçamento da OIM depende dos projectos que a organização desenvolve “à medida dos pedidos dos Estados-membros”.

“Não somos uma organização normativa, não somos uma organização dogmática que tem um modelo e que depois qualquer que seja a realidade aplica o modelo. Nada disso. Mas, obviamente que este tipo de flexibilidade e de adaptabilidade também tem as suas vulnerabilidades”, diz.

“É muito dependente de projectos, os projectos podem variar significativamente, são normalmente projectos de curto prazo, de um ano, e isso não dá garantias para um financiamento da estrutura central e do essencial da organização, independentemente das oscilações dos projectos. Portanto, vai ser necessário fazer uma progressiva transformação do modelo de financiamento da organização e estas reformas internas que foram por mim desencadeadas e (…) que estarão concluídas e aplicadas no decurso do ano de 2019, permitirão criar as condições para ter um diálogo com os nossos Estados-membros sobre o modelo de financiamento da organização”, prossegue.

As reformas lançadas incidem, por exemplo, no reforço dos mecanismos de ‘governance’ (governança) e de controlo interno, “requisitos essenciais para que a organização possa encarar a (sua) vida futura num outro modelo de financiamento”, destaca o responsável.

Sobre o modo operativo da organização, Vitorino relata à Lusa uma operação realizada pela OIM em finais de 2018 que envolveu a retirada de 500 imigrantes etíopes que estavam em Aden, no Iémen, país em conflito desde meados de 2014.

“Tivemos de negociar com as partes em conflito um período de cessar-fogo durante três horas para permitir que os aviões que fretámos pudessem aterrar, admitir os imigrantes e voltar a sair. Foi uma operação muito bem sucedida, porque conseguimos, felizmente sem qualquer dano ou incidente, retirar os 500 imigrantes que estavam entre dois fogos do conflito do Iémen, mas como deve calcular uma operação destas é extremamente complexa de organizar, extremamente custosa do ponto de vista financeiro, e do ponto de vista diplomático, porque exige uma negociação em simultâneo de um acordo de cessar-fogo com as duas partes para poder salvar a vida dos imigrantes”, conta.

Quando questionado sobre se convencer os doadores da comunidade internacional é uma missão mais difícil, o director-geral da OIM admite que o é “cada vez mais”, mas também realça que há doadores “que compreendem que a dimensão das crises humanitárias exige um grande esforço financeiro”.

“Acabamos de lançar, juntamente com o Alto Comissariado para os Refugiados, um apelo a contribuições internacionais na ordem dos 740 milhões de dólares para fazer face aos impactos da deslocação de venezuelanos nas regiões limítrofes e temos tido uma resposta muito positiva”, exemplifica.

Fundada há 67 anos, a OIM depara-se actualmente com situações de crise em várias partes do globo, um número estimado de migrantes no mundo na ordem dos 258 milhões (cerca de 3,4% da população global) e um registo de mais de 60 mil migrantes mortos desde 2000.

Na entrevista à Lusa, António Vitorino reconhece que assumir este cargo e perante o actual cenário é “um grande desafio, sem dúvida”.

“Se me tivesse perguntado se era daqui que eu queria partir, eu diria que não, porque as condições de partida não são as mais favoráveis, mas isso torna ainda mais estimulante o exercício da função e, sobretudo, porque estou profundamente convencido de que a questão das migrações é uma questão fundamental do ponto de vista do tratamento humano das pessoas, da humanidade que é devida às pessoas, mas também do ponto de vista da civilização em que queremos viver, se queremos viver em sociedades abertas, plurais, tolerantes, diversas, mas coesas ou se, por contrário, entendemos que fechados cada um no seu casulo se vive melhor”, afirma.

E conclui: “Como eu não acredito que a política dos casulos nos leva a algum resultado positivo, acho que temos todos uma obrigação de fazer com que as migrações sejam regulares, seguras, ordeiras e que é isso que interessa à Humanidade”.

7 Jan 2019

Mais de uma dezena de filmes portugueses estreiam-se nos próximos meses

[dropcap]O[/dropcap]s premiados “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos” e “Diamantino”, as histórias biográficas sobre Snu Abecassis e António Variações e o documentário “Debaixo do céu” são alguns dos filmes portugueses a estrearem-se este ano nos cinemas portugueses.

De acordo com dados compilados pela agência Lusa junto de exibidoras e produtoras, pelo menos uma dezena de produções portuguesas vão chegar ao circuito comercial nos próximos meses, entre as quais “Terra Franca”, a primeira longa-metragem de Leonor Teles, já no dia 10 de Janeiro.

Distinguido em quase uma dezena de festivais, “Terra Franca” é um documentário sobre a vida de Albertino, pescador em Vila Franca de Xira, e a sua ligação ao rio Tejo e à família, tendo sido rodado ao longo de quase dois anos.

Em Janeiro vai estrear-se ainda outro documentário, “Debaixo do céu”, de Nicholas Oulman, com histórias de judeus que passaram por Portugal durante a Segunda Guerra Mundial. Nicholas Oulman, filho de uma família francesa judia fixada em Portugal desde 1920 e que ajudou outros refugiados, quis encontrar e ouvir os relatos pessoais de alguns dos judeus que procuraram refúgio temporário em Portugal, porta de saída para o Ocidente, em fuga desde a Alemanha, onde foram perseguidos pelo regime Nazi.

No trabalho de pesquisa, foram encontrados cerca de 20 sobreviventes, todos com mais de 80 anos e a maioria a residir nos Estados Unidos. No filme entram sete, que à época eram crianças, que vão relatando histórias, ilustradas com imagens de arquivo.

Neste mês estão previstas ainda as estreias da comédia “Tiro & Queda”, de Ramon de los Santos, com Manuel Marques e Eduardo Madeira, e de “Os dois irmãos”, de Francisco Manso, a partir de uma história verídica e do romance homónimo do autor cabo-verdiano Germano Almeida.

Em Março, no dia 7, é esperada a estreia de “Snu”, filme de Patrícia Sequeira sobre a relação entre a editora Snu Abecassis e o político Francisco Sá-Carneiro. No papel do casal estão Inês Castel-Branco e Pedro Almendra.

A 14 de Março, quase um ano depois de ter recebido o prémio especial do júri “Un certain regard” de Cannes, chegará às salas de cinema portuguesa o filme “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”, de João Salaviza e Renée Nader Messora.

O filme foi rodado durante nove meses numa aldeia brasileira no estado de Tocatins e é protagonizado por Ihjãc, um adolescente indígena dos Krahô.

Março será ainda o mês de estreia de “Gabriel”, filme de Nuno Bernardo, protagonizado por Igor Regalla, no papel de um jovem cabo-verdiano que descobre o pugilismo quando ruma a Portugal à procura do pai.

Em abril, estrear-se-ão “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, “Hotel Império”, de Ivo M. Ferreira, e “Quero-te tanto”, de Vicente Alves do Ó.

“Diamantino”, com estreia para 4 de Abril, é a primeira longa-metragem daqueles dois realizadores e cruza comédia, drama, policial e ficção científica, a partir da história de um futebolista, tendo sido distinguido no ano passado na Semana da Crítica, em Cannes.

“Hotel Império”, em exibição a partir de 18 de Abril, foi rodado em Macau, e conta a história de uma portuguesa nascida na cidade – interpretada por Margarida Vila-Nova – que, juntamente com outras pessoas, habita um antigo hotel em vias de ser destruído para dar lugar a um edifício moderno.

Vicente Alves do Ó estreará em Abril a comédia “Quero-te tanto”, protagonizada por Benedita Pereira e Pedro Teixeira, e depois no outono vai ter nos cinemas “Golpe de Sol”.

Sem data de estreia, mas aprazada para o verão, está a longa-metragem “Variações”, de João Maia, sobre o músico António Variações, que morreu em Junho de 1984.

Com Sérgio Praia no papel principal, “Variações” foca-se sobretudo na transformação de António Ribeiro em António Variações, num período de vida entre 1977 e 1981, a época em que um barbeiro ambicionava viver da música.

Este ano é esperada ainda a estreia de “A Portuguesa”, de Rita Azevedo Gomes, a partir de “Die Portugiesin”, de Robert Musil, e deverá estrear-se também “O homem que matou D. Quixote”, de Terry Gilliam, ambos sem data.

Em 2018, segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual, estrearam-se 38 filmes portugueses e de co-produção portuguesa, com “Pedro & Inês”, de António Ferreira, a ser o mais visto, com 46.717 espectadores.

7 Jan 2019

Banca | Empréstimos ao sector privado perto de 1 bilião de patacas

[dropcap]O[/dropcap]s empréstimos concedidos pela banca ao sector privado atingiram 997,4 mil milhões de patacas em Novembro, indicam estatísticas publicadas na sexta-feira pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Os empréstimos internos foram de 496 mil milhões (+9,9% em termos anuais), enquanto os ao exterior alcançaram 501,5 mil milhões. Os depósitos também aumentaram em praticamente toda a linha.

Os dos residentes atingiram 617,0 mil milhões, reflectindo um aumento de 7,5 por cento face a igual período do ano passado, enquanto os dos não residentes diminuíram 8,3 por cento, fixando-se em 230,3 mil milhões.

Os depósitos do sector público, por seu turno, registaram um pulo de 24,5 por cento para 230,2 mil milhões de patacas, elevando o total dos o total dos depósitos da actividade bancária para 1,07 biliões.

7 Jan 2019

Advogados | 35 inscritos para exame final do curso de estágio

[dropcap]A[/dropcap]s provas orais do exame final do curso de estágio de advocacia arrancam amanhã, prolongando-se até ao próximo dia 24, informou a Associação dos Advogados de Macau (AAM), em comunicado divulgado na sexta-feira.

Encontram-se inscritos 35 candidatos, sendo a realização das provas aberta ao público.

7 Jan 2019

Empréstimos ilegais | Song Pek Lei lança alerta

[dropcap]A[/dropcap] deputada Song Pek Kei, ligada ao empresário Chan Meng Kam, quer saber que medidas que estão a ser tomadas pelo Executivo para combater o fenómeno dos empréstimos ilegais.

A legisladora mostra-se preocupada com a prática, que no passado ocorria principalmente nos casinos, mas que agora se torna mais comum na vida da população. A nível de exemplo, Song Pek Kei aponta que há cada vez mais anúncios de empréstimos ilegais em candeeiros, paragens de autocarros e em paredes de edifícios.

Ao mesmo tempo, Song acusa a prática de estar ligada a vários cidadãos do Interior da China, e questiona o Executivo sobre os mecanismos disponíveis para lidar com casos que têm origem no outro lado da fronteira.

7 Jan 2019

Portuguesa grava música em clarinete para novo filme co-produzido por Brad Pitt

[dropcap]O[/dropcap] novo filme coproduzido pelo norte-americano Brad Pitt, “The Last Black Man in San Francisco”, tem a participação musical da portuguesa Virginia Costa Figueiredo, disse à Lusa a clarinetista radicada em Los Angeles. A professora doutorada em clarinete gravou a música para o filme, que será apresentado no festival Sundance a 26 de Janeiro.

A oportunidade surgiu como fruto do “networking com músicos e compositores” que é fomentado pela forte presença da indústria cinematográfica em Los Angeles, explicou Virginia Costa Figueiredo, que reside na cidade californiana há 16 anos.

Com realização de Joe Talbot, “The Last Black Man in San Francisco” é produzido por Brad Pitt, Jeremy Kleiner e Dede Gardner, voltando a reunir os produtores responsáveis por “Moonlight”, vencedor do Óscar para Melhor Filme em 2017. É inspirado na história verdadeira de Jimmie Fails e conta ainda com os actores Jonathan Majors, Danny Glover, Thora Birch e Mike Epps.

“Los Angeles é uma cidade com uma indústria muito ativa para músicos freelancers”, afirmou a portuguesa, referindo que “há muito trabalho que não se encontra noutros sítios” e isso tem-se refletido nas oportunidades. A clarinetista trabalha com empresas que “empregam músicos especificamente para fazer esse tipo de trabalho” e pretende aumentar esta componente da sua carreira.

No ano passado, gravou música para outros filmes, incluindo “Hator” de Ziyi Zheng e o filme ‘anime’ japonês “Circus Sam”, além de várias séries documentais.

O dinamismo da indústria também a levou a participar no novo álbum de Alan Parsons, o primeiro desde 2004 e que será lançado no início deste ano. Em 2018, Virginia Figueiredo trabalhou ainda num álbum de Chance the Rapper.

A artista prepara-se para lançar um álbum próprio no final de Janeiro, “Intuición”, executado em clarinete e piano e inspirado em música folclórica da América Latina.

Outro projecto que está em curso é a criação de um livro de instrução para alunos do ensino básico baseado em música popular portuguesa, “que é uma coisa que nunca foi feita”. Neste momento, Virginia Figueiredo está a recolher as músicas “para depois transcrever como exercícios de aprendizagem de clarinete”, tendo como alvo alunos nas escolas de Portugal e do Brasil.

Aos 39 anos, a artista portuguesa é professora na Pierce College, Cerritos College e Moorpark College e toca com a companhia Pacific Opera Project, cuja temporada vai começar em Fevereiro.

Virginia Figueiredo é presença regular nos eventos da comunidade portuguesa na Califórnia, em especial quando há performances musicais envolvidas, mas refere que existe pouco “networking de portugueses”, comparado com o que é feito noutras comunidades de imigrantes.

É um problema que deriva do menor número de portugueses e luso-descendentes e que agudiza as diferenças entre a sociedade americana e a portuguesa, que assume “uma atitude muito diferente em relação a família e amigos”, já que os americanos “são muito independentes” e têm “uma existência um bocado solitária”.

A clarinetista, que chegou a Los Angeles em 2003 como bolseira de Mestrado pela Gulbenkian, não põe de parte um regresso a Portugal “com a oportunidade certa”, mas refere que até agora “não surgiu nada que tivesse funcionado”.

Virginia Figueiredo acabou por ser “a primeira pessoa portuguesa a obter um doutoramento em clarinete”, na UCLA (University of California, Los Angeles), e ficou porque “há mais oportunidades, definitivamente”.

6 Jan 2019

França | Presidente garante justiça face a “extrema violência” em dia de recorde de “coletes amarelos”

[dropcap]O[/dropcap] presidente francês, Emmanuel Mácron, garantiu ontem que a “justiça será feita” face à “extrema violência” contra a República num sábado que registou, em todo o país, o número recorde de 50 mil “coletes amarelos”.

Na rede social Twitter, o governante notou como “mais uma vez, uma extrema violência atacou a República – os seus guardiões, os seus representantes, os seus símbolos”, depois de manifestantes terem tentado forçar a entrada em vários ministérios, em Paris.

“Os que cometem estes actos esquecem o coração do nosso pacto cívico. Justiça será feita”, garantiu Macron, apelando a que todos voltem ao caminho de promoção do debate e do diálogo.

O denominado VIII acto dos “coletes amarelos”, em França, contou ontem com 50 mil participantes, passando a deter o recorde de manifestantes, que têm exigido alterações nas políticas e causado inúmeros distúrbios.

O ‘pico’ dos protestos tinha sido registado no sábado passado, com 32 mil pessoas, segundo os números oficiais do ministério francês do Interior, que desdramatizou os dados.

“Cinquenta mil são um pouco mais do que uma pessoa por comuna em França. Essa é a realidade do movimento dos “coletes amarelos” hoje. Pode-se ver que não é um movimento representativo em França”, disse o ministro do Interior, Christophe Castaner, que também condenou os confrontos que surgiram à margem das manifestações.

O anterior balanço, feito pelas 15h00 locais, referia 25 mil pessoas em toda a França, segundo a polícia. A autarquia de Paris referiu que um total de 101 pessoas foram detidas em Paris e 103 interrogadas pela polícia.

Na capital francesa, o porta-voz do Governo francês, Benjamin Griveaux, foi retirado do seu gabinete, em Paris, depois de uma violenta entrada com uma retroescavadora no edifício localizado na rua de Grenelle.

Os confrontos entre as forças de segurança e manifestantes, nesta oitava mobilização repetiram-se por várias cidades francesas, como nas localizadas a Oeste: Ruão, Caen e Nantes, enquanto em Rennes um grupo destruiu uma porta de acesso à autarquia.

Para sudoeste no mapa do país, cerca de 4.600 “coletes amarelos” marcharam nas ruas de Bordéus, onde o nível de mobilização se mantém alto e mais uma vez se repetiram confrontos entre manifestantes e forças da ordem.

Com a chegada da noite, a polícia interveio e deteve várias pessoas, havendo o registo de várias montras partidas. O Governo francês acusou na sexta-feira o movimento dos “coletes amarelos” de estar a ser instrumentalizado por grupos de agitadores que pretendem derrubar o executivo.

6 Jan 2019

Sobe para 126 número de mortos nas Filipinas devido a tempestade

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 126 pessoas morreram nas Filipinas na sequência da tempestade tropical que atingiu o país no final de Dezembro, anunciaram as autoridades em novo balanço.

De acordo com o relatório hoje divulgado, a maioria das vítimas perdeu a vida em deslizamentos de terra. A tempestade tropical Usman, que atingiu as ilhas centrais e orientais do arquipélago em 29 de Dezembro, também provocou inundações. O balanço anterior apontava para 85 mortos e 20 desaparecidos.

Segundo as autoridades, mais de 100 pessoas morreram na região montanhosa de Bicol, ao sudeste de Manila. “Em apenas dois dias, a tempestade Usman despejou o equivalente a mais de um mês de chuva na região de Bicol”, disse à agência France-Presse (AFP) Edgar Posadas, porta-voz da agência de gestão de desastres naturais. Há, ainda, 152.000 deslocados e 75 feridos.

A tempestade tropical entrou nas Filipinas pelo Pacífico e atingiu o continente no dia 29 de Dezembro, causando inundações, deslizamentos de terra e provocando falhas de electricidade um pouco por todo o país.

Usman não chegou a ser classificada de tufão, o que, de acordo com as autoridades filipinas, fez com que as pessoas “ficassem demasiado confiantes”.

Em meados de Setembro, no norte do país, mais de 80 pessoas morreram e outras 70 foram dadas como desaparecidas na sequência do tufão Mangkhut, que deixou um rasto de destruição em vários países no Pacífico.

As Filipinas são atingidas todos os anos por cerca de 20 tufões, que causam centenas de mortes e agravam ainda mais a pobreza que atinge milhões de pessoas.

6 Jan 2019

Academia Portuguesa da História recebe 12 novos membros na próxima semana

[dropcap]A[/dropcap] Academia Portuguesa de História (APH) recebe na próxima quarta-feira, em sessão solene, 12 novos académicos, entre eles, Pedro Santana Lopes, como “académico honorário”, divulgou ontem a instituição.

À sessão, no Palácio dos Lilases em Lisboa, assiste a ministra da Cultura, Graça Fonseca, e além do ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Pedro Santana Lopes, como “académicos honorários” passam também a fazer parte António Miguel Forjaz Pacheco Trigueiros, José Alarcão Troni, José Bouza Serrano e Fernando Baptista.

António Miguel Forjaz Pacheco Trigueiros é autor, entre outras obras, de “A Viagem das Insígnias (a história inédita da Real Ordem da Torre e Espada de Dom João VI)”, José Augusto Perestrello de Alarcão Troni dirige a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, o embaixador José de Bouza Serrano editou no ano passado “As Famílias Reais dos Nossos Dias”, e Fernando Paulo do Carmo Baptista é professor e investigador do Instituto Piaget, em Viseu.

Entre os 12 novos membros da APH estão também, como “académicos de mérito”, o bispo de Leiria-Fátima, António dos Santos Marto, o catedrático jubilado da Universidade de Évora Manuel Ferreira Patrício e o investigador Vasco da Cruz Soares Mantas.

Como “académicos correspondentes” passam a fazer parte da APH João Eurípedes Franklin Leal, da Universidade Federal de Espírito Santo, no Brasil, e Emanuel d’Able do Amaral, abade-presidente do Capítulo Geral da Congregação Beneditina do Brasil e membro da Academia de Letras da Bahia.

Também como “académicos correspondentes” entram a escritora italiana Rosa Nicloletta Tomasone, que preside ao Centro Culturale L. Einaudi, e o diplomata espanhol Jaime de Ferrá y Gisbert.

Nesta mesma cerimónia os académicos correspondentes Sérgio Campos Matos e Fernando Taveira da Fonseca passam, respetivamente, a “académico de número” e a “académico de mérito”.

Até Abril próximo a APH prevê a realização 11 sessões, a iniciar no próximo dia 16, e uma de recepção ao académico honorário Juan Rodríguez Ibarra, no dia 30 de Março.

Juan Rodríguez Ibarra foi presidente do governo da região autónoma espanhola da Extremadura, de 1983 a 2007.

As sessões da APH abrem com o historiador José Eduardo Franco, que fez parte da equipa coordenadora da publicação da Obra Completa do padre António Vieira, e que falará sobre “Fernando Augusto da Silva, um pioneiro da construção de um saber enciclopédico regionalizante. Nos 600 anos do descobrimento oficial do arquipélago da Madeira”.

Dos palestrantes do primeiro quadriénio deste ano, entre outros, fazem ainda parte, Luís Manuel Araújo, que falará sobre “O ‘Livro dos Mortos’ do Antigo Egipto e a sua presença em objectos de colecções portuguesas”, no dia 14 de Fevereiro, Maria Manuela Tavares Ribeiro, que apresentará a conferência “1919 – A Questão das nacionalidades”, e Fernando Taveira da Fonseca, que, no dia 3 de Abril, abordará as origens da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra.

A APH foi fundada em 1720 por João V e restaurada em 1936, sendo actualmente presidida pela historiadora Manuela Mendonça.

Até Dezembro último contava com 447 académicos, dos quais, 93 de mérito, 79 honorários, 30 portugueses de número e 11 académicos de número brasileiros, para além de quatro “académicos beneméritos” e 230 “académicos correspondentes”. Com a entrada destes novos académicos a APH passa a contabilizar 459 académicos.

6 Jan 2019

Lançadas biografias de figuras portuguesas escritas por romancistas

[dropcap]A[/dropcap] editora Contraponto apresentou na sexta-feira uma nova colecção de biografias de “Grandes Figuras da Cultura Portuguesa” contemporâneas, que começa com Amália Rodrigues, Manoel de Oliveira, Natália Correia, Agustina Bessa-Luís, Herberto Helder e José Cardoso Pires.

Trata-se de um projecto extenso no tempo, que arranca agora com as primeiras seis biografias, a serem apresentadas numa cerimónia na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, com a presença dos autores, quase todos ficcionistas, e da ministra da Cultura, anunciou a editora.

Este projecto editorial irá permitir “conhecer em profundidade personalidades extraordinárias dos séculos XX e XXI”, como Agustina Bessa-Luís, Herberto Helder, José Cardoso Pires, Natália Correia, Manoel de Oliveira e Amália Rodrigues, as seis primeiras “grandes figuras” da coleção, que se estenderá a outras personalidades, ao longo dos próximos anos.

Para escrever estas biografias, o editor da Contraponto convidou maioritariamente escritores, pois não quer que estas obras “sejam meros repositórios de factos por ordem cronológica”, mas sim obras que os leitores tenham “prazer ao lê-las”.

A excepção é o sociólogo João Pedro George, autor da biografia de Luiz Pacheco, que agora assina o volume dedicado ao poeta Herberto Helder (1930-2015).

A primeira biografia é dedicada a Agustina Bessa-Luís (nascida em 1922) e é de autoria de Isabel Rio Novo, enquanto Filipa Melo ficou com a responsabilidade de biografar a fadista Amália Rodrigues (1920-1999).

Bruno Vieira Amaral escreve a biografia do escritor José Cardoso Pires (1925-1998), Paulo José Miranda, colaborador do HM, vai ser responsável pela biografia do cineasta Manoel de Oliveira (1908-2015) e Filipa Martins a da poetisa Natália Correia (1923-1993).

6 Jan 2019

Huawei sanciona dois funcionários que utilizaram iPhone em publicação no Twitter

[dropcap]A[/dropcap] gigante chinesa das telecomunicações Huawei sancionou dois funcionários por terem utilizado um iPhone para desejar um bom ano novo numa publicação na conta oficial da rede social Twitter da empresa, noticiou um portal online chinês.

Numa nota interna, a Huawei informou que irá despromover um dos funcionários e reduzir o seu salário, enquanto o segundo não poderá ser promovido este ano.

Embora a publicação, que indicava “via Twitter para o iPhone”, ter sido eliminado, não impediu a sua circulação nas redes sociais através de partilhas.

O erro, como explica a nota interna da Huawei, ocorreu na empresa subsidiária de marketing Sapient.

A equipa desta empresa não conseguiu ligar-se à rede privada VPN virtual – um mecanismo usado na China para contornar a censura cibernética que bloqueia páginas como Twitter, Facebook ou Google -, obrigando os funcionários a utilizarem os seus telemóveis com recurso a um cartão SIM de Hong Kong, que lhes permite aceder a essas páginas bloqueadas em território chinês.

6 Jan 2019

Inundações e cortes de energia no sul da Tailândia à passagem da tempestade Pabuk

[dropcap]C[/dropcap]erca de 30.000 pessoas abrigaram-se em centros de evacuação no sul da Tailândia, na sequência das inundações e interrupções de energia causadas pela passagem da tempestade Pabuk, que poupou as ilhas mais turísticas do Golfo.

Pabuk, a primeira tempestade tropical a atingir esta região do país fora da estação das monções, em quase 30 anos, causou ventos fortes de até 75 quilómetros por hora (km/h), ondas de três a cinco metros de altura e chuvas torrenciais.

De acordo com o Centro Meteorológico Tailandês, a tempestade enfraqueceu ontem para depressão tropical, ao mover-se para o mar de Andaman, onde se localizam as estâncias turísticas de Krabi e Phuket, anunciou o Centro Meteorológico Tailandês.

Na sexta-feira, o ‘olho’ da tempestade evitou por pouco Koh Samui, Koh Phangan e Koh Tao, no Golfo da Tailândia, ilhas populares entre os turistas nesta altura do ano.

De acordo com a agência France-Presse (AFP), centenas de turistas permaneciam esta manhã retidos naquelas ilhas, depois de voos e serviços de ‘ferry’ terem sido suspensos na sexta-feira. Três aeroportos regionais devem reabrir durante o dia.

“Alguns [turistas] deles devem partir hoje [ontem] após a reabertura do aeroporto e a retomada dos serviço de ferry”, disse à AFP o chefe do distrito de Koh Samui, Kittipop Roddon.

“Em Samui, não há vítimas a registar” e, quanto aos danos, “apenas algumas casas foram parcialmente danificadas pelo vento”, acrescentou.

Por sua vez, o chefe do distrito de Koh Phangan garantiu que “os 10.000 turistas que permaneceram na ilha estão seguros”. Os ventos fortes causaram apenas “danos menores”, detalhou Krikkkkrai Songthanee.

No continente, devido à queda de árvores e postes de eletricidade, mais de 200.000 famílias ficaram privadas de electricidade em quatro províncias, incluindo Nakon Si Thammarat e Surat Thani.

“A energia ainda não foi restabelecida em cerca de 30.000 casas”, indicou o Departamento de Prevenção e Mitigação de Desastres.

As autoridades não avançaram ainda um relatório final sobre o número de vítimas. Pelo menos um pescador da província de Pattani, perto da fronteira com a Malásia, morreu na sexta-feira de manhã, ao ser atingido por ondas de vários metros quando regressava ao porto. Outro membro da tripulação continua desaparecido.

6 Jan 2019

Atum rabilho vendido em Tóquio por mais de 300 milhões de ienes

[dropcap]U[/dropcap]m atum rabilho foi ontem vendido no Japão por um preço recorde de 333,6 milhões de ienes no tradicional leilão de Ano Novo realizado no mercado de peixe de Tóquio, o maior do mundo.

A venda histórica teve lugar no primeiro leilão realizado nas novas instalações do famoso mercado, transferido no final do ano passado de Tsujiki para Toyosu, uma ilha artificial na baía da capital.

O preço deste atum rabilho, com 278 quilos e capturado ao largo da costa de Aomori (norte), é o mais alto registado no mercado central de abastecimento em Tóquio desde 1999, data desde a qual há registos.

O atum foi licitado pelo presidente da cadeia de restaurantes Sushizanmai, Kiyoshi Kimura, que detinha desde 2013 o anterior recorde oferecido por aquela espécie, 155,4 milhões de ienes.

Para o governador de Tóquio, Yuriko Koike, o resultado deste leilão representa um “tremendo empurrão” para o novo mercado de Toyosu.

Em 2001, o Governo da área metropolitana de Tóquio decidiu transferir Tsukiji, que abriu em 1935 no bairro de Chuo, para as margens do rio Sumida, na ilha artificial de Toyosu, dada a necessidade de maior área comercial.

No entanto, o facto de terem sido detectados vestígios de substâncias tóxicas no solo da nova superfície – onde estava localizada uma fábrica de gás – atrasou a mudança do mercado de peixe. A mudança foi finalmente concluída 17 anos depois, em Outubro de 2018.

6 Jan 2019

Bielorrussa Aryna Sabalenka conquista torneio de ténis de Shenzhen

[dropcap]A[/dropcap] jovem tenista bielorrussa Aryna Sabalenka, de 20 anos, conquistou ontem o terceiro torneio WTA da sua carreira, ao bater na final de Shenzhen, na China, a norte-americana Alison Riske.

Sabalenka, 13.ª jogadora mundial e primeira cabeça de série, superiorizou-se a Riske, 62.ª, em três ‘sets’, pelos parciais de 4-6, 7-6 (7-2) e 6-3, em duas horas e 11 minutos.

As duas jogadoras também disputaram ontem as meias-finais, com Sabalenka a superar a anfitriã Wang Yafan, 70.ª da tabela WTA, por 6-2 e 6-1 e Riske a beneficiar do abandono da russa Vera Zvonareva, 109.ª, quando vencia por 6-0 e 1-0.

6 Jan 2019

Novo chefe do Pentágono define a China como prioridade

[dropcap]O[/dropcap] novo secretário americano da Defesa, Patrick Shanahan, definiu nesta quarta-feira a China como uma das suas prioridades, no seu primeiro dia à frente do Pentágono. Shanahan exortou o pessoal do Departamento que chefia a se concentrar na Estratégia de Defesa Nacional, que se adapta a uma nova era de “grande luta de poder” com a Rússia e a China.

“Enquanto nos concentramos nas operações em curso, o secretário Shanahan pediu à equipa que se recordasse da China, China, China”, disse um funcionário do Departamento da Defesa.

Washington acusa Pequim de realizar práticas de espionagem militar e económica e qualificou de coerção económica a iniciativa chinesa Uma Faixa, Uma Rota. “Em 2019, a Estratégia de Defesa Nacional continua a ser o nosso guia. A fortaleza militar americana continua a ser nosso objectivo”, declarou Shanahan na sua mensagem de Ano Novo no Twitter.

O novo chefe do Pentágono assistiu nesta quarta-feira a uma reunião do gabinete americano, a primeira do presidente Donald Trump em 2019, segundo o funcionário do Departamento de Defesa. Shanahan assumiu o cargo dia 1 de Janeiro, depois do general Jim Mattis se ter demitido por desavenças com o presidente Donald Trump.

Shanahan, pouco conhecido para pessoas alheias ao mundo dos negócios e dos círculos de Washington, chega à frente da pasta da Defesa num período de mudanças provocadas pela imprevisível política externa de Trump. Aos 56 anos, nunca serviu o Exército e passou a maior parte da carreira no sector privado, no fabricante de aviões Boeing.

Shanahan deverá dirigir a retirada dos 2000 soldados americanos da Síria, uma saída parcial de tropas do Afeganistão e gerir o impacto destas decisões nos dois países, tanto para as populações locais quanto para os aliados dos Estados Unidos.

4 Jan 2019

“Jack, o Estripador” chinês foi executado

[dropcap]O[/dropcap] assassino em série responsável pela morte de 11 mulheres e raparigas entre 1988 e 2002, Gao Chengyong, foi executado depois de ser condenado à morte em Março do ano passado.

Como escreve a BBC, Chengyong seguia as suas vítimas até casa antes de roubá-las, violá-las e matá-las, cortando-lhes a garganta e mutilando os corpos. Por seguir este modus operandi, a imprensa chinesa começou a apelidá-lo de “Jack, o Estripador”, nome pelo qual foi conhecido o assassino em série que aterrorizou Londres durante a Era Vitoriana, no final do século XIX.

Casado e com dois filhos, o homem de 53 anos foi detido pelas autoridades em 2016 na sua mercearia na cidade de Baiyin, província de Gansu, depois do seu ADN ter sido identificado nos locais dos crimes.

O primeiro assassinato terá decorrido em Maio de 1988, quando uma mulher de 23 anos foi encontrada morta em Baiyin com 26 facadas no corpo. Seguiram-se outros homicídios de características semelhantes, tanto na forma de matar como no perfil das vítimas, raparigas novas, que vestiam vermelho quando foram mortas. A mais nova tinha oito anos.

Segundo os relatos na imprensa chinesa, as notícias sobre os assassinatos terão causado uma onda de pânico em Baiyin, levando a que muitas mulheres deixassem de sair de casa sozinhas.

4 Jan 2019

Uma solução recíproca para a disputa comercial entre os EUA e a China

Por  SHANG-JIN WEI*

[dropcap]P[/dropcap]ara muitos aliados dos Estados Unidos, as falhas na guerra comercial do presidente Donald Trump com a China – que está suspensa durante 90 dias após o encontro entre Xi e Trump na Argentina – estão na estratégia, não na motivação. De facto, a Europa e o Japão partilham muitas das queixas de Trump. O que eles não reconhecem é que também há muito que eles podem fazer para tornar o sistema de comércio global – e as suas relações com a China – mais justo e mais eficiente.

É certo que a China precisa de tomar medidas para reformar as suas políticas. Para começar, as tarifas e as barreiras não-tarifárias da China são mais altas do que as dos EUA e de outros países de elevado rendimento (embora não mais altas do que as da maioria dos países em desenvolvimento com níveis de rendimento comparáveis). E há muitas restrições para as empresas estrangeiras que desejam operar na China, incluindo limites na propriedade estrangeira de empresas nacionais.

Reduzir as barreiras ao mercado chinês beneficiaria não só os produtores estrangeiros, mas também as famílias e empresas chinesas que utilizam peças importadas. A liberalização comercial funcionaria como um corte nos impostos, aumentando os rendimentos e melhorando a eficiência, sem exigir que o governo aumentasse o défice orçamental. A passada liberalização comercial da China, após a sua adesão à Organização Mundial do Comércio há 17 anos, indica que uma medida semelhante não levaria a um aumento do desemprego, desde que o mercado de trabalho chinês permaneça suficientemente flexível.

A China também faria bem em responder a outra queixa crucial, reforçando a protecção da propriedade intelectual. O governo chinês alega que abandonou a política de exigir às multinacionais estrangeiras que partilhem a sua PI em troca de acesso ao mercado, há duas décadas. Mas as câmaras do comércio dos EUA e da Europa na China dizem que as práticas são efectivamente diferentes.

No passado, quando a própria capacidade inovadora da China era fraca, uma protecção mais forte da PI significaria meramente mais rendas para as empresas estrangeiras. Hoje, no entanto, à medida que as empresas chinesas estão a desenvolver a sua própria PI valiosa, e a sua presença global tornou-se maior, mais forte e recíproca. As protecções da PI beneficiariam tanto as empresas chinesas como as empresas estrangeiras.

A China também deveria reformar os seus programas de subsídios e o seu regime de políticas industriais. A maioria dos países utiliza impostos e subsídios para promover determinadas actividades económicas. Ainda assim, a proporção de programas governamentais que criam distorções e ineficiências, em vez de lidarem com as falhas do mercado, é maior na China do que nos países de elevado rendimento.

Tais políticas incluem subsídios que favorecem as empresas públicas em detrimento das empresas privadas, levando ao desperdício e perda de produtividade. A fim de nivelar o campo de jogo entre as empresas chinesas e as empresas estrangeiras, os programas governamentais deveriam ser submetidos a uma análise mais sistemática de custo-benefício.

Mas para que o comércio global seja realmente justo, as economias avançadas – e, em particular, os EUA – também precisam de fazer algumas mudanças. Na verdade, as barreiras desses países aos bens e investimentos chineses não são tão baixas como comummente se julga.

Nos EUA, por exemplo, as tarifas sobre muitas importações de têxteis e vestuário, das quais a China tem sido o produtor mais eficiente do mundo, estão na faixa dos 20%, muito acima da taxa média americana. Aumentar ainda mais as tarifas efectivas que as empresas chinesas enfrentam é um regime anti-dumping que é frequentemente utilizado como um instrumento de proteccionismo, com regras que são tendenciosas contra os produtores chineses. A tarifa média dos EUA subestima seriamente as tarifas reais aplicadas aos produtos chineses.

Da mesma forma, os acordos de livre comércio dos EUA têm desviado artificialmente a procura dos EUA de produtores chineses mais eficientes, para empresas menos eficazes em termos de custo em países como o México. Apesar da palavra “livre” no nome, os acordos de livre comércio não são verdadeiramente sobre um comércio mais livre, pois eles discriminam empresas em países fora dos ALC em favor de empresas algumas vezes menos eficientes nos países participantes. Esse efeito – que não é suficientemente limitado pelas regras existentes da Organização Mundial do Comércio – enfraquece a atribuição eficiente de recursos e prejudica não apenas os trabalhadores em países fora de um ALC, mas também, em muitos casos, famílias com baixos rendimentos que aí residem.

Além disso, o regime dos EUA que rege o investimento estrangeiro nem sempre é justo, previsível ou transparente. Quando se trata de rotular um investimento proposto como sendo uma ameaça à segurança nacional, os critérios parecem muito discricionários.

Segundo os advogados norte-americanos com quem falei, que fornecem aconselhamento sobre fusões e aquisições transfronteiriças, uma vez que os processos de triagem nos EUA para acordos que envolvem investidores chineses podem enfrentar longos e imprevisíveis atrasos, as empresas chinesas muitas vezes têm de pagar 15% extra para tornarem as suas propostas viáveis. Dessa forma, o regime de investimento estrangeiro dos EUA, efectivamente, expropria as empresas chinesas que desejam investir nos EUA.

As políticas ineficientes ou geradoras de distorções raramente são simples erros. Como regra, elas atendem aos interesses dos grupos de interesses especiais poderosos e bem organizados que provavelmente resistem a qualquer mudança. Mas se a China e os EUA conseguirem um grande negócio sobre um pacote de mudanças políticas que reduzam ou eliminem as distorções em ambos os lados, a resistência interna pode ser mais fácil de superar.

Essa cooperação poderia ser alargada para ajudar a conseguir um acordo nas reformas da OMC que apoiariam ainda mais a equidade no sistema global. Por exemplo, as regras anti-dumping poderiam ser melhor harmonizadas com as regras anti-monopólio nacionais e poderiam ser criados ou reforçados regulamentos para minimizar os efeitos discriminatórios dos ALC e para evitar que os governos utilizem subsídios nas empresas públicas para contornar as regras da OMC.

Uma estratégia assim tão equilibrada e recíproca ajudaria a aliviar as tensões sobre o comércio e o investimento transfronteiriços. Igualmente importante, fortaleceria a justiça e a eficiência nas duas maiores economias do mundo – uma mudança que beneficiaria não apenas os EUA e a China, mas todo o mundo.

© Project Syndicate

www.project-syndicate.org

* ex-economista-chefe do Asian Development Bank, Professor de Chinese Business and Economy e Professor de Finance and Economics na Universidade de Columbia.

 

 

4 Jan 2019

Índia | Kerala em greve contra a entrada de mulheres em templo

[dropcap]V[/dropcap] árias localidades do estado de Kerala, no sul da Índia, estavam ontem em greve para protestar contra a entrada de duas mulheres no templo hindu de Sabarimala, prosseguindo as manifestações de quarta-feira que já causaram um morto. Na madrugada de quarta-feira, duas mulheres com menos de 50 anos entraram pela primeira vez naquele santuário, escoltadas por vários polícias, depois do Supremo Tribunal anular, em Outubro, a proibição de entrada imposta às mulheres entre os dez e os 50 anos.

Tradicionalistas hindus manifestaram-se imediatamente contra a entrada das mulheres em idade fértil no templo hindu, levando a polícia indiana a utilizar gás lacrimogéneo, granadas atordoadoras e canhões de água para deter os manifestantes.

De acordo com a agência de notícias Efe, que cita uma fonte policial que pediu para não ser identificada, as manifestações violentas em pelo menos três distritos do estado de Kerala causaram já a morte de um militante do partido nacionalista hindu BJP, do primeiro-ministro Narendra Modi.

Em conferência de imprensa, o chefe do governo de Kerala, Pinarayi Vijayan, afirmou que os protestantes já destruíram sete veículos da polícia, 79 autocarros e atacaram 39 membros das forças de segurança e de órgãos de comunicação social, principalmente mulheres.

“Há muita violência em todo o estado”, lamentou Pinarayi Vijayan, defendendo que o governo tem a responsabilidade de implementar a decisão histórica do Supremo Tribunal.

A maioria dos templos hindus não autoriza a entrada de mulheres durante o período menstrual, mas Sabarimala era um dos raros a proibir a sua entrada entre a puberdade e a menopausa.

4 Jan 2019

Tailândia | Milhares de turistas deixam ilhas na aproximação de tempestade

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de turistas começaram a sair de várias ilhas no golfo da Tailândia à aproximação da tempestade tropical Pabuk, que deverá causar fortes chuvas, ventos e ondas de pelo menos cinco metros, anunciaram ontem as autoridades. Da ilha de Koh Phangan, uma das mais turísticas do país, as ligações marítimas para os restantes destinos no golfo tailandês foram suspensas às 12:30, prevendo-se que reabram no sábado à tarde, disse uma das empresas gestora de serviços de ‘ferry’, Songserm. Já depois da passagem do ano, entre 30 e 50 mil pessoas deixaram Koh Phangan, afirmou à agência de notícias France-Presse (AFP) o chefe do distrito, Krikkkrai Songthanee.

Apesar de as autoridades não terem emitido qualquer ordem de retirada, milhares de turistas começaram a sair na quarta-feira, antecipando o impacto da tempestade, que deverá atingir as ilhas de Koh Samui, Koh Phangnan e Koh Tao hoje, sexta-feira à noite.

“Muitos turistas saíram, mas houve também muita gente que preferiu ficar, especialmente os residentes locais, que ficaram quase todos”, disse um funcionário de uma unidade hoteleira de Koh Phangnan, Guilherme Toyosato. De acordo com o brasileiro, os que ficaram estão a prevenir-se com o abastecimento de bens essenciais.

Também em Koh Samui, as autoridades anunciaram que estão a preparar abrigos para aqueles que decidiram não partir. Pabuk, a primeira tempestade tropical a atingir esta zona do país fora da estação das monções, em quase 30 anos, não deverá evoluir para um tufão, indicaram meteorologistas.

“Esperamos ondas com cinco a sete metros, perto do coração da tempestade. Normalmente, no golfo da Tailândia, há apenas ondas de dois metros de altura”, disse o director do Centro Meteorológico da Tailândia, num comunicado à imprensa.

“É difícil prever a gravidade da tempestade, pelo que as pessoas devem seguir as recomendações das autoridades”, acrescentou.

Pabuk, nome de um peixe-gato gigante existente no Laos, deverá causar fortes chuvas noutros destinos turísticos no mar de Andaman, como Krabi, e nas províncias vizinhas da Malásia, Pattani, Narathiwat e Yala.

4 Jan 2019

Alto funcionário da diplomacia norte-coreana fugiu e está escondido em Itália

[dropcap]U[/dropcap]m alto funcionário da diplomacia norte-coreana destacado em Itália fugiu e está agora escondido, disse ontem um parlamentar sul-coreano, após uma reunião à porta fechada com funcionários dos serviços de informação sul-coreanos. “A missão do embaixador interino Jo Song Gil deveria terminar no final de Novembro. Fugiu do complexo diplomático no início de Novembro” com a sua mulher, declarou aos jornalistas Kim Min-ki.

Este encontro entre os serviços de informação e deputados da Coreia do Sul aconteceu após o diário sul-coreano JoongAng Ilbo publicar que Jo Song Gil havia pedido asilo com a sua família num país ocidental. O embaixador “pediu asilo no início do mês passado”, diz uma fonte diplomática citada pelo jornal. Segundo a mesma fonte, este caso está a ser uma dor de cabeça para as autoridades italianas, que, no entanto, “estão a protegê-lo num lugar seguro”.

Esta deserção faz lembrar a realizada pelo ex-número dois da embaixada norte-coreana na Grã-Bretanha, Thae Yong-Ho, um dos mais altos diplomatas da Coreia do Norte, que desertou nos últimos anos.

Jo, de 48 anos, exercia o cargo interinamente desde Outubro de 2017, quando a Itália pediu ao embaixador da Coreia do Norte, Mun Jong-Nam, que ainda não estava totalmente credenciado, que deixasse o país em protesto contra o lançamento de mísseis e testes nucleares conduzidos por Pyongyang.

A Itália é uma das missões importantes da rede diplomática norte-coreana, uma vez que lida especialmente com as relações entre Pyongyang e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), sediada em Roma. A Coreia do Norte enfrenta regularmente escassez severa de alimentos.

Jo é “conhecido como sendo o filho, ou um genro de um dos mais altos responsáveis do regime de Pyongyang”, publicou o JoongAng Ilbo, citando um especialista não identificado.

As autoridades norte-coreanas obrigam a maioria dos diplomatas norte-coreanos a deixar os membros da família, muitas vezes crianças, no país, com o objectivo de desencorajá-los a desertar quando são enviados para o exterior.

Jo Song Gil, no entanto, chegou a Roma em Maio de 2015 com a sua esposa e filhos, sugerindo que poderia ser de uma família privilegiada, segundo o jornal, observando que as razões precisas para a sua deserção não são ainda conhecidas. Na época de sua deserção, Thae Yong-Ho justificou a sua atitude com o desejo de oferecer um futuro melhor para seus três filhos.

 

4 Jan 2019