Registado primeiro caso de gripe mortal do ano

[dropcap]F[/dropcap]oi registado o primeiro caso mortal de gripe do ano. A vítima é um homem de 86 anos, que apresentava sintomas desde 26 de Dezembro e que foi inicialmente medicado na China, informaram ontem os Serviços de Saúde.

Dado que a sua situação não melhorou, o residente de Macau, que sofre de doenças crónicas, recorreu na sexta-feira ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário, acabando por ser hospitalizado devido a dificuldades de respiração. O idoso foi depois diagnosticado com pneumonia bacteriana e, no domingo, devido a uma insuficiência respiratória careceu de ventilação assistida para tratamento.

Já na manhã de segunda-feira, foi encaminhado para a Unidade de Cuidados Intensivos e a situação clínica agravou-se, sofrendo falência de múltiplos órgãos que levaram à sua morte no mesmo dia. O resultado do teste laboratorial das amostras respiratórias do paciente testou positivo para a gripe A (H1).

Desde Setembro, Macau registou 14 casos de gripe com pneumonia ou outras complicações. Actualmente, duas pessoas encontram-se ainda hospitalizadas: um homem de 86 anos e um menino de 4 anos. O estado clínico do idoso é considerado estável, enquanto o menino, que contraiu uma encefalite na sequência da gripe, encontra-se em estado grave.

9 Jan 2019

Desmantelada rede de levantamento ilegal de dinheiro

[dropcap]A[/dropcap] PJ, em cooperação, com as autoridades congéneres da China, desmantelou um grupo envolvido num caso de levantamento ilegal de dinheiro. Segundo o Ou Mun, foram detidas 21 pessoas da China, incluindo um líder do grupo, em vários apartamentos na Taipa.

Os suspeitos terão alegadamente utilizado máquinas POS (point-of-sale) alteradas para possibilitar o levantamento de quantias elevadas em Macau. No total, foram apreendidos 30 milhões de patacas em dinheiro vivo e depositados em contas VIP em casinos.

De acordo com informações da entidade bancária, citados pelo mesmo jornal, foram levantados 1,2 mil milhões, resultando num prejuízo de 2,4 milhões.

9 Jan 2019

Violação | Detido suspeito vindo do continente

[dropcap]U[/dropcap]m homem da China, de 33 anos, foi presente ao Ministério Público (MP) pela suspeita da prática do crime de violação. Segundo a edição de ontem do jornal Ou Mun, a Polícia Judiciária (PJ) foi informada do caso na quinta-feira pela Polícia de Segurança Pública (PSP).

A vítima, cuja nacionalidade não foi divulgada, veio a Macau com o homem, que conhecia há pouco mais de um mês, para jogar nos casinos. No regresso ao hotel, cujo quarto partilhavam, o homem imobilizou e violou a mulher.

A vítima pediu ajuda à PSP quando o homem estava a tomar banho. Após ter sido informada pela PSP, a PJ interveio, dirigindo-se ao hotel para deter então o alegado agressor.

9 Jan 2019

Associação quer fiscalização aos guias turísticos

[dropcap]O[/dropcap] presidente da Associação de Promoção de Guia Turismo de Macau, Ng Iong, revelou que o sector ligado aos guias turísticos registou uma queda de cerca de vinte por cento durante a época natalícia, sendo que atribui a situação ao aumento de guias ilegais no território proporcionado pela circulação na Ponte HKZM.

Perante este cenário o responsável afirmou ainda, em declarações ao Jornal Ou Mun, que está pessimista em relação ao desenvolvimento da actividade de guia turístico no ano de 2019 pelo que espera que o Governo venha a tomar medidas no aumento da fiscalização no sector.

De acordo com a mesma fonte, Ng Iong recordou que os profissionais do sector que operam de forma ilegal começaram a aparecer em Macau há cerca de dez anos, quando o centro histórico passou a ser considerado património. “Nessa altura começaram a aparecer guias turísticos de Hong Kong que traziam visitantes a Macau sem ser necessária a contratação de profissionais locais”, disse. Segundo Ng, as preocupações dos profissionais foram comunicadas ao Governo, sendo que nada foi feito.

Com a abertura da ponte HKZM, a associação nota que a situação está agora a agravar-se, chegando a Macau guias oriundos de várias cidades chinesas como Guangdong, Fujian e Guangxi, “afectando gravemente os direitos e interesses dos guias locais bem como o seu emprego”.

9 Jan 2019

Birds Are Indie – “Close, but no cigar”

“Close, but no cigar”

Don’t you wanna think about it
One more time
Or do you wanna talk about it now?
Don’t you wanna think about it
One more time
Or do you want to dream about it now?

Do you want me to roll over
Close, but no cigar
Till this conversation is over
We’ll stay where you are
Then we’ll see if I still hang around

Birds Are Indie

JOANA CORKER, RICARDO JERÓNIMO e HENRIQUE TOSCANO

9 Jan 2019

Jogo | Tribunal português anula despedimento colectivo decretado por empresa de Stanley Ho

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Trabalho de Barcelos, em Portugal, anulou o despedimento colectivo de 21 funcionários do Casino da Póvoa de Varzim, gerido pela Varzim-Sol SA, cujo accionista maioritário é a Sociedade Estoril-Sol SGPS, cujo presidente do conselho de administração é o empresário Stanley Ho.

A sua filha, Pansy Ho, e Ambrose So, administrador da Sociedade de Jogos de Macau, são vogais do mesmo conselho de administração. A notícia da anulação do despedimento foi anunciada ontem pelo Sindicato dos Trabalhadores da Industria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte.

Segundo uma nota informativa do sindicato, o tribunal considerou “ilícito o processo de despedimento”, que aconteceu em Março de 2014, condenando a Varzim Sol, empresa que detêm a concessão de exploração do Casino da Póvoa, a “reintegrar todos os trabalhadores nos seus postos de trabalho”.

“O Tribunal considerou que não se mostraram objetivamente comprovados os motivos fundamentadores do despedimento coletivo e não haver nexo de casualidade entre o despedimento coletivo realizado e os fundamentos aduzidos para o mesmo”, pode ler-se no comunicado enviado pelo sindicato.

No mesmo texto foi explicado que com esta decisão da Justiça, a Varzim Sol terá reintegrar os trabalhados de acordo com a antiguidade e categoria que pertenciam, assim como pagar as retribuições que perderam, acrescidas dos respetivos subsídios de férias e Natal, diuturnidades e subsídio de alimentação, tudo acrescido de juros de mora”

O sindicato deu também conta de que, de acordo com a sentença, “a empresa terá de pagar os danos patrimoniais sofridos pelos trabalhadores, por se terem privado de auferir as gratificações que receberiam não fosse o despedimento, estabelecendo uma indemnização de 15 mil euros por cada um”.

Contactado pela agência Lusa, Francisco Figueiredo, responsável do Sindicato dos Trabalhadores da Industria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, explicou que a sentença ainda é passível de recurso por parte da Varzim Sol, mas deixou um desejo.

“É natural que a empresa possa recorrer, mas a questão que se coloca é se o vai fazer mantendo os trabalhadores em casa, ou se vai recorrer aceitando a integração dos trabalhadores? Esperamos que, mesmo recorrendo, reintegre os trabalhadores”, disse o sindicalista.

Francisco Figueiredo considerou, ainda assim, que esta primeira sentença “é uma vitória para os trabalhadores e para o sindicato que lutaram todos estes anos”, apontando que “nem os peritos ouvidos em tribunal encontraram motivos para este despedimento”.

8 Jan 2019

Morreu o escritor britânico John Burningham

[dropcap]O[/dropcap] autor britânico John Burningham, que ficou conhecido por ter escrito e ilustrado dezenas de livros para crianças, morreu na sexta-feira aos 82 anos em consequência de uma pneumonia, foi ontem anunciado.

Formado em ilustração e design gráfico, John Burningham estreou-se na literatura para crianças em 1963 quando publicou um livro sobre Borka, um ganso que nasceu sem penas, com o qual recebeu o prémio Kate Greenaway Medal, o primeiro de várias distinções ao longo da vida.

Em 1970 voltaria a receber a mesma distinção com “Mr. Gumpy’s outing”, uma das obras mais conhecidas do autor, inédita no mercado português. O mais recente reconhecimento foi em 2018, com a atribuição de um prémio de carreira a John Burningham e à mulher e autora Helen Oxenbury.

Em Portugal estão publicados apenas alguns títulos do autor: “Aldo”, “A prenda de natal de Henrique Semprespera” e “Vai chegar um bebé”, o único que fez com Helen Oxenbury.

Citada pelo jornal The Guardian, Francesca Dow, da editora Penguin Random House, recordou John Burningham como um “verdadeiro pioneiro do livro ilustrado e um inesgotável e inventivo criador de histórias”. “Nunca falou com superioridade com as crianças, sempre as tratou com o maior respeito”.

8 Jan 2019

Qualidade do ar na China melhorou em 2018, dizem dados oficiais

[dropcap]A[/dropcap] qualidade do ar melhorou na China, em 2018, segundo um relatório divulgado hoje pelo ministério da Ecologia e Meio Ambiente, que compila os dados recolhidos em 338 cidades do país. Entre as áreas abrangidas pelo estudo, 79,3% dos dias registaram níveis “bons” de qualidade do ar, num acréscimo homólogo de 1,3% e que se enquadra na meta definida pelo Governo chinês.

Na área composta pelos municípios de Pequim e Tianjin e a província de Hebei, uma das mais poluídas do país, a percentagem de dias com boa qualidade de ar fixou-se em 50,5%, o que supõe um aumento de 1,2%, face ao ano anterior.

A densidade das partículas PM 2.5 – as mais finas e suscetíveis de se infiltrarem nos pulmões – caiu 11,8%, em termos homólogos, para uma média de 60 microgramas por metro cúbico. O nível máximo de concentração recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é 25 microgramas por metro cúbico.

As cidades de Harbin e Changchun, capitais das províncias de Heilongjiang e Jilin, respectivamente, no nordeste do país, foram as que registaram maior melhoria da qualidade do ar, em 2018, segundo o relatório, que não avança com detalhes.

A China anunciou, no ano passado, um novo plano de acção para reduzir a poluição atmosférica, ao longo dos próximos três anos. O objectivo é reduzir as emissões de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogénio em mais de 15%, em comparação com 2015, e que cerca de 300 das cidades abrangidas tenham 80% dos dias com bons níveis de qualidade do ar.

8 Jan 2019

Comboio usado pelo líder da Coreia do Norte chegou hoje a Pequim

[dropcap]U[/dropcap]m comboio de três carruagens e do modelo habitualmente usado pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, chegou esta manhã a Pequim, após Pyongyang ter anunciado uma visita de quatro dias à China.

O comboio parou na Estação Norte de Pequim, cuja plataforma estava cheia de elementos da polícia e tropas paramilitares, descreve a agência Associated Press. Não foi confirmado, até agora, se Kim viajou naquele comboio, mas ambos os países confirmaram já a visita do líder norte-coreano à China, a quarta no espaço de um ano.

Kim deverá ser transportado para a Residência de Hóspedes Oficiais Diaoyutai, em Pequim, acompanhado de uma guarda de honra militar.

Na segunda-feira foi noticiado que um comboio especial norte-coreano entrou na China, aumentando as especulações sobre uma eventual visita a Pequim do dirigente norte-coreano, que foi mais tarde confirmada.

8 Jan 2019

Milionário japonês bate recorde de partilhas na rede social Twitter em três dias

[dropcap]U[/dropcap]ma publicação no Twitter do milionário japonês Yusaku Maezawa, na qual prometia dinheiro aos seus seguidores, tornou-se na mais difundida na história daquela rede social, depois de ultrapassar, em três dias, as 5,6 milhões de partilhas.

O empresário japonês, fundador e director-executivo da ZozoTown, uma plataforma de vendas online de artigos de moda, a maior do Japão, superou o recorde anterior obtido pelo norte-americano Carter Wilkerson, que atingiu as 3,5 milhões de partilhas em Abril de 2017.

“Darei um milhão de ienes a 100 pessoas em dinheiro”, escreveu Maezawa na sua publicação, pedindo-lhes que seguissem a sua conta e partilhassem a mensagem entre 5 e 7 de Janeiro. O milionário passou do meio milhão para 6,1 milhões de seguidores, algo que provocou críticas de vários utilizadores da rede social que o acusam de comprar seguidores.

No entanto, na sua mensagem, Maezawa disse que ofereceu o dinheiro como um gesto de “gratidão” aos consumidores pelos bons resultados de vendas obtidos pela ZozoTown em 2018. O milionário seleccionou os 100 vencedores hoje, como explicou em várias publicações na sua conta.

Em Setembro do ano passado, o director-executivo japonês atraiu a atenção mundial após ser escolhido pela empresa aeroespacial SpaceX, fundada pelo também milionário Elon Musk, para se tornar no primeiro turista espacial em 2023.

Segundo a revista Forbes, Maezawa é o 18.º homem mais rico do Japão, com uma fortuna avaliada em 2.700 milhões de dólares.

8 Jan 2019

Tribunal de Zhuhai condena activista pelos direitos humanos a dois anos de prisão

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal chinês condenou o activista pelos direitos humanos Zhen Jianghua a dois anos de prisão por “incitar à subversão contra o poder do Estado”, informou ontem a organização não-governamental Amnistia Internacional (AI). O Tribunal Popular Intermédio da cidade de Zhuhai proferiu a sentença no final do mês passado.

Os julgamentos de activistas na China decorrem muitas vezes durante o período de Natal e Ano Novo, quando muitos diplomatas ocidentais e jornalistas se encontram de férias. Zhen, que tem uma década de experiência a trabalhar com comunidades marginalizadas do país asiático, é o fundador do portal “Human Rights Campaign in China”.

A AI informou ainda que o julgamento do activista de 33 anos decorreu à porta fechada, “o que gera sérias dúvidas sobre o seu direito a um julgamento justo”. Segundo a organização, Zhen foi condenado “apenas por exercer o seu direito à liberdade de expressão e associação”.

O activista lançou ainda uma campanha contra a censura na China e apoiou a educação e conscientização sobre o vírus da Sida. Zhen foi detido em 1 de Setembro de 2017 e posteriormente mantido num local secreto. Em 28 de Março foi formalmente acusado de “incitar a subversão contra o Estado”.

Aquele crime é frequentemente usado pela justiça chinesa contra dissidentes, activistas e advogados dos direitos humanos. Durante a actual liderança do actual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo de académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações não-governamentais.

8 Jan 2019

Hong Kong escolhe defensor do diálogo China-Vaticano como bispo

[dropcap]O[/dropcap] líder da diocese católica de Hong Kong, o cardeal já reformado John Tong, será o administrador interino da Igreja no território, bloqueando desta forma a sucessão do bispo mais importante, crítico de Pequim. O anúncio foi feito ontem pela diocese, depois da morte do bispo Michael Yeung na semana passada.

A Santa Sé está disponível para uma reaproximação a Pequim, mas o bispo Joseph Ha é considerado demasiado directo para ser aceite como sucessor. O cardeal Tong, no entanto, tem defendido o diálogo entre a China e o Vaticano.

Alguns bispos de Hong Kong, como Ha, são forças morais politicamente activas, defendendo frequentemente a luta pró-democracia numa diocese com mais de 500.000 católicos. Tong, de 79 anos deixou o cargo de chefe da diocese em 2017.

8 Jan 2019

Festival Fringe arranca esta sexta-feira com espectáculos para todos os gostos

[dropcap]O[/dropcap] 18º Festival Fringe da Cidade de Macau, organizado pelo Instituto Cultural, arranca já esta sexta-feira e prolonga-se até ao próximo dia 27 deste mês. A inauguração terá lugar no pelas 19:30 horas, no Edifício do Antigo Tribunal.

Na altura, será apresentado o “18.º supermercado do Fringe”, sendo que à noite o espectáculo Sigma, produzido pelo grupo Gandini Juggling e pela coreógrafa premiada Seeta Patel, ambos do Reino Unido sobe ao palco mostrando, segundo o comunicado da organização, geometrias virtuosas através de circo e dança clássica indiana. Os bilhetes disponíveis para alguns espectáculos do festival já são limitados, adverte ainda a organização.

Da mescla de espectáculos constam também Conjunto de Música Urbana Interactiva com instalações artísticas e orquestra ao ar livre que mostra uma instalação com desenhos de diferentes instrumentos musicais para o público tocar. Janelas Efémeras – Arte Urbana nos Terraços usa papel de arroz para mostrar a arte de rua não agressiva, convidando as pessoas a trocar pontos de vista e a participar, mudando a fisionomia da cidade através da arte. Flash Mob – Phubber Drama irá apanhar phubbers em paragens de autocarro numa actividade interactiva com o público.

O programa do Fringe apresenta ainda outros espectáculos, como The Icebook, apresentado por artistas também provenientes do Reino Unido, Davy e Kristin McGuire, com o primeiro livro pop-up do mundo em vídeo mapping.

Em Sê Meu Velho Amigo, produzido pela companhia local Dream Theater Association, através de objectos de estimação, velhos amigos contam-nos histórias pessoais, lembrando os dias de Macau do antigamente; na leitura de teatro ao ar livre Sonia, escrita pelo dramaturgo local Ma Wai In e encenada por Ku Ieng Un, o público vai ouvir uma história que, dando vida a personagens não-humanas, reproduz a realidade; já o espectáculo Peixe-dourado, apresentado por Four Dimension Spatial de Macau e pela Companhia de Dança Moderna de Changde, revela as memórias ocultas de tabus emocionais sob a lógica do sonho, informa a organização.

O Festival Fringe realiza ainda 10 actividades de extensão, incluindo workshops, palestras, crítica artística e sessões de partilha. Os bilhetes para os espectáculos estão disponíveis na Bilheteira Online de Macau.

8 Jan 2019

Troca ilegal de dinheiro acaba em burla

[dropcap]A[/dropcap] polícia deteve um homem de 29 anos, do Interior da China, que enganou uma mulher, que trocava dinheiro de forma ilegal.

O caso aconteceu no passado sábado, quando o homem e um parceiro abordaram uma mulher para fazer uma troca. Os dois pretendiam comprar 178 mil yuans e em troca pagavam 200 mil dólares de Hong Kong. Como a mulher concordou com o preço, recebeu o dinheiro e enviou por transferência bancária o montante 178 mil yuans.

Contudo, mais tarde, a mulher do Interior da China reparou que as notas eram falsificadas e foi às autoridades apresentar queixa. Ontem, a polícia conseguiu deter um dos sujeitos envolvidos no crime, mas o outro ainda se encontra em fuga.

8 Jan 2019

Violência doméstica | Wong Kit Cheng quer seguimento de casos “ligeiros”

[dropcap]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng diz que a redução no número dos casos de violência doméstica que tem sido registada se deve essencialmente ao facto de se tratarem de casos graves, sendo que entende que os casos ligeiros não têm diminuído.

Neste sentido, a deputada apela ao Governo e às instituições de apoio às vítimas que estejam mais atentas a este tipo de situações e criem um mecanismo de seguimento.

De acordo com o Jornal do Cidadão, Wong Kit Cheng afirma que em geral as vítimas recorrem à ajuda das instituições sociais para lidar com a questão de violência doméstica, no entanto, com base nos pedidos de ajuda recebidos e nas informações prestadas pelo Instituto de Acção Social (IAS) os casos de violência doméstica ligeira não mostram uma redução significativa o que exige mecanismos próprios para que não se venham a transformar em casos mais graves.

8 Jan 2019

Exportações para a China isentas de taxas alcançaram 95,7 milhões de patacas em 2018

[dropcap]A[/dropcap]s exportações de mercadorias com isenção de taxas aduaneiras de Macau para a China atingiram 95,7 milhões de patacas em 2018, traduzindo um aumento anual na ordem de um milhão de patacas.

De acordo com dados publicados no portal do CEPA — Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau –, sob alçada da Direcção dos Serviços de Economia, Abril figurou como o melhor mês, com o registo de 12,4 milhões de patacas; enquanto Fevereiro o pior, com 5,8 milhões de patacas.

Desde Janeiro de 2004 até Dezembro de 2018, o valor acumulado das exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros atingiu 957,5 milhões de patacas.

No plano do comércio de serviços, foram emitidos 631 certificados de prestador de serviços de Macau, quase metade dos quais relativos a serviços de transporte (agenciamento de carga/logística/conservação/armazenamento) ao longo do mesmo período.

O CEPA tem como objectivo “promover a prosperidade e o desenvolvimento comum do Interior da China e da Região Administrativa Especial e reforçar a cooperação mútua económica e comercial”, estabelecendo “um relacionamento semelhante a parceiros de comércio livre, num país com duas regiões aduaneiras autónomas” (Macau e Hong Kong). Desde a entrada em vigor do acordo, em Janeiro de 2004, têm vindo a ser assinados diversos suplementos, com vista ao alargamento das áreas, produtos e serviços.

8 Jan 2019

Pereira Coutinho defende mais campanhas de alerta sobre respeito a polícias

[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho defende a necessidade do Executivo fazer mais campanhas para alertar as pessoas sobre a necessidade de respeitarem os agentes da polícia e de cumprir as leis do trânsito.

É este o conteúdo de uma interpelação escrita do deputado, que reagiu desta forma ao caso do agente que disparou um tiro para o ar, à entrada do casino Galaxy. O legislador considera que é preciso fazer mais para que os cidadãos respeitem os agentes da autoridade do território.

Ao HM, Coutinho disse ainda que a interpelação aborda a entrada de 35 milhões de visitantes em Macau e questiona se há capacidade para receber um número tão elevado.

8 Jan 2019

Taiwan | Chui Sai On diz que Macau quer contribuir para a “reunificação pacífica”

[dropcap]O[/dropcap] chefe do Governo de Macau, Chui Sai On, afirmou ontem que o território deve incentivar o desenvolvimento das relações entre Pequim e Taiwan, no sentido de contribuir para a “reunificação pacífica” da China.

“A cidade tem de cumprir o desejo de Xi Jinping [Presidente chinês]”, declarou Chui Sai On, numa palestra por ocasião dos 40 anos da ‘Mensagem aos Compatriotas de Taiwan’, que reuniu diversos sectores sociais, de acordo com um comunicado.

Neste sentido, o chefe do Governo de Macau afirmou que a região administrativa especial chinesa vai empenhar-se na cooperação comercial com Taiwan influenciar “o sucesso da concretização do princípio ‘Um País, Dois Sistemas'”.

“Os resultados reflectem que este princípio consegue garantir a defesa de ‘um só país’ e a exploração de benefícios do segundo sistema”, ou seja, a China apoia Macau “ao mesmo tempo que o território mantém um alto grau de autonomia e vantagens geográficas”, defendeu Chui.

Por último, o governante fez uma retrospectiva das relações entre Macau e Taiwan, ressaltando os intercâmbios nas mais diversas áreas, e garantiu que o território vai continuar a “desempenhar o seu papel de ponte e a fazer o intercâmbio entre os dois lados do estreito”.

8 Jan 2019

Filme “Bohemian Rhapsody” sobre Freddy Mercury é o grande vencedor dos Globos de Ouro

[dropcap]E[/dropcap]m noite de surpresas, “Bohemian Rhapsody”, filme biográfico centrado na vida do músico Freddie Mercury, foi o grande vencedor da 76.ª edição dos Globos de Ouro, ao arrecadar dois dos mais importantes prémios, incluindo melhor filme.

Numa cerimónia marcada por poucos comentários políticos, “Roma”, o drama semi-autobiográfico de Alfonso Cuarón, foi eleito melhor filme estrangeiro. A obra filmada a preto e branco na cidade do México valeu a Cuarón o prémio de melhor realizador.

Rami Malek, que dá vida à lenda dos “Queen”, foi eleito melhor actor, categoria para a qual estava nomeado Bradley Cooper, realizador e protagonista de “Assim Nasce Uma Estrela”, um dos filmes derrotados da noite. “Obrigado a Freddie Mercury por me dar a alegria de uma vida” disse Rami Malek, ao agarrar a estatueta que o distinguiu num filme do produtor e realizador norte-americano Bryan Singer.

Outra das surpresas aconteceu no prémio de melhor actriz: venceu a veterana Glenn Close, em “The Wife”, no papel de mulher de um Nobel da Literatura. A também cantora Lady Gaga era apontada como favorita ao galardão, pela sua actuação em “Assim Nasce Uma Estrela”.

Regina King venceu o prémio de melhor actriz secundária em “A Favorita” e Mahershala Ali o prémio de melhor actor secundário em “Green Book: Um Guia para a Vida”, do realizador Peter Farrelly, filme distinguido nas categorias de melhor comédia ou musical e de melhor argumento.

Um ano depois do discurso de Oprah Winfrey contra “os homens poderosos e brutais”, em pleno desenvolvimento do movimento #MeToo, esta edição não ficou marcada por comentários políticos, pelo menos até Christian Bale subir ao palco para receber o prémio de melhor actor em comédia ou musical, pela sua performance em “Vice”, de Adam McKay.

“O que acham? Mitch McConnell a seguir?” brincou o actor nascido no País de Gales, referindo-se ao líder da maioria do Senado norte-americano. “Obrigado a Satanás por me dar inspiração para este papel”, acrescentou.

Olivia Colman foi distinguida como melhor actriz na mesma categoria. No campo televisivo, “The Americans”, que retrata a vida de dois espiões russos nos EUA dos anos 1980, foi eleita a melhor série dramática, na sexta e última temporada, enquanto a melhor série de comédia foi “O Método Kominsky”.

7 Jan 2019

China alarga rede ferroviária em novo esforço para estimular economia

[dropcap]A[/dropcap] China aprovou a construção de novas linhas ferroviárias, com um orçamento superior ao equivalente a mais de 110 mil milhões de euros, parte do esforço para contrariar o abrandamento registado em vários indicadores económicos.

Desde 5 de Dezembro, a Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento aprovou a expansão da rede ferroviária em oito cidades e regiões do país, segundo um comunicado do organismo máximo chinês encarregado da planificação económica.

A decisão surge numa altura em que vários indicadores da segunda maior economia mundial registam os valores mais baixos em vários meses ou anos e de tensões comerciais com os Estados Unidos.

Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um dos países.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, exige que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as firmas do país em importantes atores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos, ameaçando o domínio norte-americano naquelas áreas.

O Banco do Povo Chinês (banco central) realizou na semana passada a maior injeção de liquidez no mercado este ano, ao reduzir a quantidade de dinheiro que os bancos têm que manter como reservas.

Em 2019, a China planeia expandir a sua rede ferroviária em 6.800 quilómetros, um aumento de 40%, face ao ano passado, anunciou na semana passada a China Railway, entidade que opera as ferrovias do país. Os planos incluem uma expansão da rede ferroviária de alta velocidade em 3.200 quilómetros.

A rede ferroviária de alta velocidade da China, construída ao longo da última década, compõe já dois terços do total do mundo.

O renovado ímpeto do investimento público contrasta com os esforços de Pequim, ao longo de 2018, de contrariar o aumento do endividamento público, depois de uma década em que a dívida do país quase duplicou, face a um modelo económico assente na construção e investimento, que permitiu ao país contornar a crise financeira global.

Nos últimos dez anos, quando as economias desenvolvidas estagnaram, o país asiático construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos e dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

Contudo, a redução gradual da dívida coincidiu com uma redução do ritmo de crescimento económico. No mês passado, a actividade da indústria manufactureira da China contraiu-se pela primeira vez em 19 meses.

Em Novembro, os lucros da indústria na China registaram a primeira queda homóloga, de 1,8%, desde Dezembro de 2015, enquanto as vendas a retalho, o principal indicador do consumo privado, recuou para 8,1%, o ritmo mais lento desde Maio de 2003.

A multinacional de serviços bancários ING prevê que Pequim liberte quatro biliões de yuan, este ano, em estímulos económicos.

“Apesar de parte do estímulo fiscal destinar-se ao pagamento de dívida e refinanciamento de empréstimos, o restante vai ser gasto em infra-estrutura, que irá suportar a actividade manufactureira, mesmo que a guerra comercial continue a escalar”, afirmou Iris Pang, o economista-chefe do banco com sede em Amesterdão.

Entre os projectos aprovados, Xangai vai acrescentar seis novas linhas de metro e três linhas ferroviárias interurbanas, enquanto a cidade de Wuhan, no centro da China, vai construir quatro linhas de metro e quatro linhas interurbanas.

A província de Jiangsu, na costa leste da China, vai construir também várias linhas ferroviárias interurbanas, visando conectar os principais centros urbanos com outras partes.

7 Jan 2019

Saudita detida na Tailândia arrisca deportação quando procurava refúgio na Austrália

[dropcap]U[/dropcap]ma jovem saudita, detida no domingo no aeroporto de Banguecoque, na Tailândia, arrisca a deportação quando procurava chegar à Austrália para pedir asilo.

Rahaf Mohammed Al-Qunum, de 18 anos, lançou pedidos de ajuda, exigiu encontrar-se com representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), num momento em que foi lançada uma petição e um apelo à sua libertação pela organização não-governamental Human Rights Watch (HRW).

“Eu não vou sair do meu quarto até me encontrar com o ACNUR”, garantiu a saudita de 18 anos, num vídeo publicado hoje na rede social Twitter, onde se barricou no quarto de hotel no aeroporto.

A representação em Banguecoque do ACNUR confirmou à agência de notícias France-Presse (AFP) que está a tentar estabelecer contacto com a jovem de 18 anos “para avaliar a sua necessidade de protecção internacional”.

A imigração tailandesa, por sua vez, garantiu que a jovem “aguardava embarque” para o Kuwait e, depois, para a Arábia Saudita. “Ela mesma comprou uma passagem de avião, está à espera para embarcar”, disse à AFP o chefe da imigração tailandesa, Surachet Hapkarn.

Contudo, na conta do Twitter, hoje de manhã, a jovem assegurava encontrar-se ainda no quarto do hotel: “Eu apelo a todos que se encontrem na zona de trânsito em Banguecoque a protestarem contra a minha expulsão”, escreveu.

Rahaf Mohammed Al-Qunun teme o regresso à Arábia Saudita. “Tenho 100% de certeza de que eles me vão matar assim que eu sair de uma prisão saudita”, disse à AFP.

“Rahaf está em grande risco se for forçada a voltar para a Arábia Saudita, deve ter permissão para se reunir com o ACNUR e iniciar um procedimento de asilo”, disse Phil Robertson, representante na Ásia da HRW.

A HRW informou que a jovem fez escala em Banguecoque, quando procurava chegar à Austrália para ali pedir asilo, garantindo ter um visto de entrada naquele país. A embaixada australiana não respondeu aos contactos efetuados pela AFP. A imigração tailandesa garante que esta está a tentar fugir de um casamento arranjado.

Em Abril de 2017, o destino de outra mulher saudita, Dina Ali Lasloum, de 24 anos, que havia sido detida enquanto viajava pelas Filipinas para Sydney, já levantara preocupações à HRW. A jovem tentava fugir de um casamento arranjado.

A embaixada da Arábia Saudita em Manila descreveu o incidente como um assunto de família e assegurou que a jovem tinha “voltado para casa com a sua família”.

A Arábia Saudita é conhecida pelas restrições impostas às mulheres. Em particular, estão sujeitas à tutela de um homem (pai, marido ou outro, conforme o caso) que exerce autoridade sobre as mesmas e toma as decisões importantes em seu nome.

Uma mulher que tenha cometido um crime “moral” pode ser punida violentamente pela sua família e, nos casos denominados como de “crime de honra”, ser inclusive morta.

7 Jan 2019

Rei da Malásia abdica inesperadamente depois de apenas dois anos no trono

[dropcap]O[/dropcap] rei da Malásia, Muhammad V, abdicou ontem inesperadamente, depois de dois no trono, sem que tenha sido adiantada a razão para a resignação do mais novo monarca do país muçulmano do sudeste asiático.

O palácio da monarquia constitucional da Malásia revelou que o sultão Muhammad V, eleito em Dezembro de 2016 entre os governantes hereditários dos nove Estados malaios em cada cinco anos, decidiu abdicar imediatamente, quando ainda lhe faltavam cumprir mais três anos de reinado.

“Sua majestade, 15.º rei, resignou. Decisão entra em vigor em 6 de Janeiro”, revelou comunicado do palácio real.

Muhammad V protagoniza a primeira resignação de um rei na história da Malásia, que se tornou independente do Reino Unido em Agosto de 1957. Muhammad V pertence ao Estado de Kelantan, no nordeste da Malásia.

Na semana passada, circularam rumores de nova ausência do monarca, de 49 anos, depois de, em Novembro, terem sido comunicadas oficialmente razões de saúde para justificar a ausência. O facto é que, naquele mês, Muhammad V casou com uma ex-modelo russa.

7 Jan 2019

António Vitorino considera que “migração está muito politizada”

[dropcap]O[/dropcap] director-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM) considera que o tema das migrações está “muito politizado e muito polarizado” e que vai estar “de certeza absoluta” no centro do debate político nas próximas eleições europeias.

Em entrevista à agência Lusa, António Vitorino defende que essa politização não é, todavia, exclusiva das migrações, sendo que as redes sociais têm tido “papel não dispiciendo na difusão de uma cultura polarizadora, do ‘like’ ou do ‘dislike’, como se a vida pudesse ser resumida a um ‘like’ ou a um ‘dislike’”.

“A vida é mais complexa do que isso e, nesse sentido, as migrações são um tema fácil para provocar reações emotivas”, diz Vitorino, para quem muito do que se passa nas redes sociais é menos racionalidade e muito mais emotividade. “Nesse sentido, as migrações são um tema politizado, sem dúvida, e obviamente muito polarizado”, realça.

O director-geral da OIM considera, todavia, que o que é “depressivo” é que a realidade de hoje é muito diferente da de 2015, quando se registou um enorme afluxo de migrantes na União Europeia.

“As tentativas de travessia do Mediterrâneo central e ocidental diminuíram em cerca de 80%, comparando o número deste ano com o do ano passado, apesar de o número de mortes ser proporcionalmente mais elevado”, afirma.

Isto “significa que a pressão existe, que os riscos que as pessoas estão dispostas a correr mantêm-se”, o que, no entender do ex-comissário europeu, levará que este tipo de situação seja utilizado como argumento no debate eleitoral das eleições para o Parlamento Europeu, ainda que a situação no terreno, do ponto de vista de afluxo, tenha sido significativamente reduzida.

António Vitorino não ignora que tanto o tema das migrações como o do pacto global das migrações são divisivos na União Europeia, como se viu pelo facto de oito Estados-membros não o terem subscrito, e que as alterações em curso da legislação sobre asilo e refugiados estão bloqueadas por dificuldades em chegar a acordo no quadro europeu.

“A única coisa que posso esperar é que aquelas forças políticas que têm uma visão equilibrada, realista e proporcionada das migrações tenham a clareza, a coragem e a clarividência de defenderem as suas posições nessas eleições”, afirma Vitorino, para quem essa visão não é “cor de rosa, mas também não é diabolizadora, reconhece as dificuldades, as ansiedades e as dúvidas que os fluxos migratórios colocam nas sociedades de destino, mas também o aspecto positivo que as migrações podem trazer mesmo para os países de destino”.

Segundo o ex-político e advogado português, as percepções no domínio das migrações “sempre foram bastante distantes das realidades”, razão pela qual são muito mais facilmente manipuláveis.

“Nesse sentido, continuo a achar que a política se tem de fazer com base na verdade e a sua evidência tem de ser trazida, divulgada e comunicada”, diz, embora reconheça que isso não seja suficiente.

“É também necessário que não esqueçamos os valores da dignidade humana dos migrantes, assim como os valores da segurança e da estabilidade das comunidades de acolhimento. Nós temos de reconhecer que a chegada de imigrantes provoca alterações na paisagem, na alimentação, nos hábitos culturais e que esse processo é um processo de adaptação recíproca”, alerta ainda o diretor-geral da OIM.

“É um processo de adaptação dos migrantes a um novo ambiente, mas também é um processo das comunidades que estavam rodadas na sua vida quotidiana e de repente vêem no seu seio pessoas com outra origem histórica ou cultural, às vezes outra origem religiosa e, portanto, este processo de diálogo e de interação não é fácil”, sublinha Vitorino, destacando o processo complexo que coloca grande pressão sobre as autoridades locais, “que são aquelas que estão mais próximas da realidade deste diálogo entre comunidades e também dos serviços sociais de primeira linha”.

Para Vitorino, em muitos sítios, “a reacção que existe contra a imigração é uma reacção que tem a ver com o facto de os imigrantes terem acesso a serviços sociais essenciais como, por exemplo, a educação, a saúde ou a habitação, que são serviços já em si mesmos sob stresse”, devido à crise financeira de 2008 e à crise fiscal do Estado.

Portanto, o que se pede aos Estados é que, na sua capacidade de planeamento dos serviços sociais, incorporem também a pressão acrescida que representa a chegada de imigrantes, para que os serviços que são dispensados a toda a comunidade, seja dos autóctones seja dos imigrantes, não sejam afectados por essas novas chegadas”, conclui.

“Tenho estado pouco tempo sentado em Genebra”

António Vitorino caracteriza como “muito intensos” os seus primeiros meses na OIM, reconhecendo o “grande desafio” de liderar uma estrutura de dimensão global que rejeita ficar sentada perante as crises.

António Vitorino, de 61 anos, ex-ministro português (1995-1997) e ex-comissário europeu (1999-2004), assumiu a direcção-geral da OIM a 1 de Outubro do ano passado, um mandato de cinco anos para que foi eleito em Junho passado.

“Foram três meses muito intensos porque foi necessário, não apenas acompanhar a dinâmica da adopção do pacto mundial sobre as migrações [confirmada em Dezembro passado em Marrocos], mas também lançar as bases da rede de migrações das Nações Unidas [que vai assegurar o processo de acompanhamento e de monitorização do pacto] que a OIM vai coordenar a partir de ontem, a partir do início deste ano.”

Mas também foram intensos porque a OIM, uma “organização extremamente descentralizada”, com 172 Estados-membros, presente em 150 países e com cerca de 470 representações no mundo inteiro, tem uma actuação “de grande proximidade” face às situações no terreno.

“Não resolvemos os problemas do mundo sentados em Genebra [sede da organização]. Aliás, tenho estado pouco tempo sentado em Genebra, porque tenho andado a viajar e é uma função que exige deslocar-me ao terreno para tomar consciência das realidades”, diz o responsável, indicando que para 2019 já tem várias deslocações previstas, designadamente às zonas de crise onde a organização está presente, mas sem adiantar mais pormenores por razões de segurança.

Nestes primeiros três meses na OIM, Vitorino também lançou um conjunto de reformas internas que pretendem responder à necessidade de “pensar a organização de uma maneira diferente”, nomeadamente ao nível do financiamento, medidas essas que deseja ver concluídas e aplicadas ainda este ano.

Actualmente, 97% do orçamento da OIM depende dos projectos que a organização desenvolve “à medida dos pedidos dos Estados-membros”.

“Não somos uma organização normativa, não somos uma organização dogmática que tem um modelo e que depois qualquer que seja a realidade aplica o modelo. Nada disso. Mas, obviamente que este tipo de flexibilidade e de adaptabilidade também tem as suas vulnerabilidades”, diz.

“É muito dependente de projectos, os projectos podem variar significativamente, são normalmente projectos de curto prazo, de um ano, e isso não dá garantias para um financiamento da estrutura central e do essencial da organização, independentemente das oscilações dos projectos. Portanto, vai ser necessário fazer uma progressiva transformação do modelo de financiamento da organização e estas reformas internas que foram por mim desencadeadas e (…) que estarão concluídas e aplicadas no decurso do ano de 2019, permitirão criar as condições para ter um diálogo com os nossos Estados-membros sobre o modelo de financiamento da organização”, prossegue.

As reformas lançadas incidem, por exemplo, no reforço dos mecanismos de ‘governance’ (governança) e de controlo interno, “requisitos essenciais para que a organização possa encarar a (sua) vida futura num outro modelo de financiamento”, destaca o responsável.

Sobre o modo operativo da organização, Vitorino relata à Lusa uma operação realizada pela OIM em finais de 2018 que envolveu a retirada de 500 imigrantes etíopes que estavam em Aden, no Iémen, país em conflito desde meados de 2014.

“Tivemos de negociar com as partes em conflito um período de cessar-fogo durante três horas para permitir que os aviões que fretámos pudessem aterrar, admitir os imigrantes e voltar a sair. Foi uma operação muito bem sucedida, porque conseguimos, felizmente sem qualquer dano ou incidente, retirar os 500 imigrantes que estavam entre dois fogos do conflito do Iémen, mas como deve calcular uma operação destas é extremamente complexa de organizar, extremamente custosa do ponto de vista financeiro, e do ponto de vista diplomático, porque exige uma negociação em simultâneo de um acordo de cessar-fogo com as duas partes para poder salvar a vida dos imigrantes”, conta.

Quando questionado sobre se convencer os doadores da comunidade internacional é uma missão mais difícil, o director-geral da OIM admite que o é “cada vez mais”, mas também realça que há doadores “que compreendem que a dimensão das crises humanitárias exige um grande esforço financeiro”.

“Acabamos de lançar, juntamente com o Alto Comissariado para os Refugiados, um apelo a contribuições internacionais na ordem dos 740 milhões de dólares para fazer face aos impactos da deslocação de venezuelanos nas regiões limítrofes e temos tido uma resposta muito positiva”, exemplifica.

Fundada há 67 anos, a OIM depara-se actualmente com situações de crise em várias partes do globo, um número estimado de migrantes no mundo na ordem dos 258 milhões (cerca de 3,4% da população global) e um registo de mais de 60 mil migrantes mortos desde 2000.

Na entrevista à Lusa, António Vitorino reconhece que assumir este cargo e perante o actual cenário é “um grande desafio, sem dúvida”.

“Se me tivesse perguntado se era daqui que eu queria partir, eu diria que não, porque as condições de partida não são as mais favoráveis, mas isso torna ainda mais estimulante o exercício da função e, sobretudo, porque estou profundamente convencido de que a questão das migrações é uma questão fundamental do ponto de vista do tratamento humano das pessoas, da humanidade que é devida às pessoas, mas também do ponto de vista da civilização em que queremos viver, se queremos viver em sociedades abertas, plurais, tolerantes, diversas, mas coesas ou se, por contrário, entendemos que fechados cada um no seu casulo se vive melhor”, afirma.

E conclui: “Como eu não acredito que a política dos casulos nos leva a algum resultado positivo, acho que temos todos uma obrigação de fazer com que as migrações sejam regulares, seguras, ordeiras e que é isso que interessa à Humanidade”.

7 Jan 2019

Mais de uma dezena de filmes portugueses estreiam-se nos próximos meses

[dropcap]O[/dropcap]s premiados “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos” e “Diamantino”, as histórias biográficas sobre Snu Abecassis e António Variações e o documentário “Debaixo do céu” são alguns dos filmes portugueses a estrearem-se este ano nos cinemas portugueses.

De acordo com dados compilados pela agência Lusa junto de exibidoras e produtoras, pelo menos uma dezena de produções portuguesas vão chegar ao circuito comercial nos próximos meses, entre as quais “Terra Franca”, a primeira longa-metragem de Leonor Teles, já no dia 10 de Janeiro.

Distinguido em quase uma dezena de festivais, “Terra Franca” é um documentário sobre a vida de Albertino, pescador em Vila Franca de Xira, e a sua ligação ao rio Tejo e à família, tendo sido rodado ao longo de quase dois anos.

Em Janeiro vai estrear-se ainda outro documentário, “Debaixo do céu”, de Nicholas Oulman, com histórias de judeus que passaram por Portugal durante a Segunda Guerra Mundial. Nicholas Oulman, filho de uma família francesa judia fixada em Portugal desde 1920 e que ajudou outros refugiados, quis encontrar e ouvir os relatos pessoais de alguns dos judeus que procuraram refúgio temporário em Portugal, porta de saída para o Ocidente, em fuga desde a Alemanha, onde foram perseguidos pelo regime Nazi.

No trabalho de pesquisa, foram encontrados cerca de 20 sobreviventes, todos com mais de 80 anos e a maioria a residir nos Estados Unidos. No filme entram sete, que à época eram crianças, que vão relatando histórias, ilustradas com imagens de arquivo.

Neste mês estão previstas ainda as estreias da comédia “Tiro & Queda”, de Ramon de los Santos, com Manuel Marques e Eduardo Madeira, e de “Os dois irmãos”, de Francisco Manso, a partir de uma história verídica e do romance homónimo do autor cabo-verdiano Germano Almeida.

Em Março, no dia 7, é esperada a estreia de “Snu”, filme de Patrícia Sequeira sobre a relação entre a editora Snu Abecassis e o político Francisco Sá-Carneiro. No papel do casal estão Inês Castel-Branco e Pedro Almendra.

A 14 de Março, quase um ano depois de ter recebido o prémio especial do júri “Un certain regard” de Cannes, chegará às salas de cinema portuguesa o filme “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”, de João Salaviza e Renée Nader Messora.

O filme foi rodado durante nove meses numa aldeia brasileira no estado de Tocatins e é protagonizado por Ihjãc, um adolescente indígena dos Krahô.

Março será ainda o mês de estreia de “Gabriel”, filme de Nuno Bernardo, protagonizado por Igor Regalla, no papel de um jovem cabo-verdiano que descobre o pugilismo quando ruma a Portugal à procura do pai.

Em abril, estrear-se-ão “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, “Hotel Império”, de Ivo M. Ferreira, e “Quero-te tanto”, de Vicente Alves do Ó.

“Diamantino”, com estreia para 4 de Abril, é a primeira longa-metragem daqueles dois realizadores e cruza comédia, drama, policial e ficção científica, a partir da história de um futebolista, tendo sido distinguido no ano passado na Semana da Crítica, em Cannes.

“Hotel Império”, em exibição a partir de 18 de Abril, foi rodado em Macau, e conta a história de uma portuguesa nascida na cidade – interpretada por Margarida Vila-Nova – que, juntamente com outras pessoas, habita um antigo hotel em vias de ser destruído para dar lugar a um edifício moderno.

Vicente Alves do Ó estreará em Abril a comédia “Quero-te tanto”, protagonizada por Benedita Pereira e Pedro Teixeira, e depois no outono vai ter nos cinemas “Golpe de Sol”.

Sem data de estreia, mas aprazada para o verão, está a longa-metragem “Variações”, de João Maia, sobre o músico António Variações, que morreu em Junho de 1984.

Com Sérgio Praia no papel principal, “Variações” foca-se sobretudo na transformação de António Ribeiro em António Variações, num período de vida entre 1977 e 1981, a época em que um barbeiro ambicionava viver da música.

Este ano é esperada ainda a estreia de “A Portuguesa”, de Rita Azevedo Gomes, a partir de “Die Portugiesin”, de Robert Musil, e deverá estrear-se também “O homem que matou D. Quixote”, de Terry Gilliam, ambos sem data.

Em 2018, segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual, estrearam-se 38 filmes portugueses e de co-produção portuguesa, com “Pedro & Inês”, de António Ferreira, a ser o mais visto, com 46.717 espectadores.

7 Jan 2019