Angola | PR na China a negociar empréstimos de 10 mil milhões  de euros

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap] oão Lourenço regressa a Pequim para negociar um pacote de novos empréstimos que visam financiar projectos que vão do novo Aeroporto, à marginal de Corimba, em Luanda, ou ainda a construção da base da Academia Naval, em Kalunga

O Presidente angolano, João Lourenço, efectua esta terça e quarta-feira uma visita de Estado à China, onde esteve há cerca de mês e meio, enquanto tenta fechar empréstimos de Pequim avaliados em cerca de 10.000 milhões de euros.

O montante em negociação junto de parceiros internacionais (China e Europa), segundo noticiou a Lusa em Maio último, citando fonte governamental, poderá ascender a de 16.500 milhões de euros em linhas de financiamento para projectos no país. Contudo, a maior parte será oriunda de instituições bancárias chinesas.

Cerca de 40 dias depois de ter participado, em Pequim, na terceira cimeira do Fórum de Cooperação China-África, João Lourenço regressa assim ao país, enquanto tenta chegar a um acordo nas negociações que decorrem há vários meses.

A 1 deste mês, fonte da Casa Civil do Presidente da República angolano adiantou que João Lourenço será acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, e pelo Governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano.

Em Pequim, acrescentou a fonte, o Presidente angolano será recebido pelo homólogo da China, com quem esteve reunido a 4 de Setembro passado, à margem da cimeira, em que manifestou a Xi Jinping o desejo de ver aumentado o investimento direto de empresas chinesas na produção de bens de amplo consumo.

Em Setembro, durante a estada em Pequim, o Presidente angolano adiantou que o investimento pode ser feito através do estabelecimento de parcerias “mutuamente vantajosas” com empresários angolanos, na partilha de tecnologia e de conhecimento científico e na formação de quadros angolanos.

Para assegurar o êxito dos programas bilaterais de cooperação, o chefe de Estado angolano defendeu o estabelecimento de “mecanismos práticos que possibilitem o acesso aos recursos financeiros necessários para o sucesso das medidas de políticas estabelecidas pelas nações africanas”.

João Lourenço considerou também “necessário” que as instituições bancárias africanas e da China desempenhem um papel importante, “com o objectivo de tornarem real a vontade política de ambos os lados” em proporcionar os recursos e desenvolver projetos que garantam um desenvolvimento que se revele “mutuamente vantajoso”.

Durante a visita de João Lourenço, porém, não foi possível concluírem-se as negociações para a definição de um quadro geral de cooperação financeira bilateral, que ficaram então adiadas para fins de Setembro e, agora, para a visita do Presidente angolano.

“É possível que este acordo (sobre a definição do quadro geral de cooperação financeira) seja assinado na China ainda este ano”, disse então Manuel Augusto, salientando que Pequim está disposta a financiar projectos em África, mas uma das contrapartidas é a transparência nos países que queiram concorrer a esse financiamento.

Obras gerais

A Lusa noticiou em Maio último que o Governo angolano está a negociar mais de 16.500 milhões de euros em linhas de financiamento internacionais para projectos no país, a maior parte junto de instituições da China.

De acordo com informação do Governo angolano enviada na altura a investidores internacionais, Angola está actualmente a negociar “várias novas facilidades de crédito”, algumas das quais em fase avançada de negociação.

É o caso de uma linha de financiamento em negociação com os chineses do ICBC (Banco Industrial e Comercial da China), para projetos de infraestrutura em Angola, avaliados em 11.700 milhões de dólares.

Tendo ainda o ICBC como angariador, agente e credor original, o Governo angolano, lê-se no documento, está “em vias de celebrar um contrato de empréstimo” de 1.281,9 milhões de dólares, para financiar até 85% do preço do contrato para a concepção, construção e fornecimento de equipamentos do Novo Aeroporto Internacional de Luanda, em construção por empresas chinesas nos arredores da capital.

Este empréstimo será por um período de 15 anos e inclui um período inicial de carência de 18 meses, durante o qual Angola não é obrigada a reembolsar o montante principal do empréstimo.

Através do banco estatal chinês que apoia as importações e exportações do país (China EximBank), Angola está a negociar um financiamento para a construção da marginal de Corimba, em Luanda, de 690,2 milhões de dólares, para o sistema de transporte de eletricidade da barragem de Lauchimo, por 760,4 milhões de dólares, e para a construção da base da Academia Naval, em Kalunga, Porto Amboim, no valor de 1.100 milhões de dólares.

Só entre 2013 e final de 2017, dados do Governo angolano indicam que a dívida total de Angola à China – bilateral e aos bancos comerciais chineses – passou de 4.700 milhões de dólares para 21.500 milhões de dólares, equivalente a mais de 60% de toda a dívida contraída externamente pelo país.

Ainda sem estes acordos de financiamento fechados, o Governo angolano estima fechar 2018 com um endividamento público de 77.300 milhões de dólares, equivalente a 70,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país para este ano, excluindo a dívida da petrolífera estatal Sonangol.

8 Out 2018

Brasil/Eleições: Resultado final dá 46% dos votos a Bolsonaro e 29% para Haddad

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) irão defrontar-se na segunda volta das eleições presidenciais brasileiras no dia 28 deste mês, tendo cada um obtido 46% e 29% dos votos, respectivamente.

Com 99% das secções de voto apuradas, Jair Bolsonaro conquistou o voto de cerca de 49 milhões de brasileiros, seguido por Haddad que chegou perto dos 30 milhões, segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que começaram a ser divulgados às 19h00.

Ainda de acordo com os dados praticamente finais do TSE, em terceiro lugar ficou o candidato Ciro Gomes (PDT) com 12% dos votos válidos do eleitorado, o que correspondeu a cerca de 13 milhões de votos.

Como nenhum candidato atingiu na votação deste domingo a marca de 50% dos votos válidos, o próximo Presidente da República do Brasil será eleito na segunda volta, a decorrer dentro de três semanas, a 28 de outubro.

Os últimos números foram divulgados perto das 22:15 (02:15 em Lisboa) e confirmaram a disputa final entre Jair Bolsonaro, o candidato da extrema-direita brasileira, e Fernando Haddad, que substituiu Lula da Silva na liderança da candidatura do PT (esquerda).

Neste domingo, 147 milhões de brasileiros foram às urnas para escolher um novo Presidente, membros do Parlamento (Câmara dos Deputados e Senado), além de governadores e legisladores regionais em todo o país.

Bolsonaro apela aos eleitores para não darem um “passo à esquerda” perante o “caos”

Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil está à beira do caos, apelando aos eleitores para não darem um “passo à esquerda”, numa referência a Fernando Haddad, seu opositor na segunda volta da corrida presidencial.

“O nosso país está à beira do caos, não podemos dar mais um passo à esquerda, o nosso passo agora é de centro-direita”, afirmou Jair Bolsonaro, numa mensagem na rede social Facebook, discurso menos agressivo do que o habitual, com referências às minorias sexuais, mulheres e moradores do país que costumam votar PT, como é o caso do Nordeste do país.

Agora, para a segunda volta, a 28 de outubro, “temos que unir os cacos que nos fez o governo da esquerda no passado, botando de um lado negros e brancos, jogando nordestinos contra sulistas, pais contra filhos, até mesmo quem tem opção sexual homo contra heteros”, acrescentou o candidato, que venceu a primeira volta da corrida eleitoral, disputada este domingo.

“Vamos colocar um ponto final nos activismos” e “desregulamentar muita coisa, desonerar a folha de pagamento” dos salários, afirmou Bolsonaro, num discurso de 15 minutos, em que elencou o poder económico do PT, que diz ter “bilhões para gastar” e o “controlo social” dos ‘media’ brasileiros.

“O que está em jogo é a nossa liberdade, é a manutenção da operação ‘Lava Jato’”, numa referência ao processo judicial que colocou na prisão Lula da Silva, antigo Presidente brasileiro, dirigente histórico do PT e primeira escolha do partido para estas eleições presidenciais.

“O nosso juiz Sérgio Moro não vai ser jogado na lata do lixo”, afirmou, acrescentando, sobre a corrupção no Brasil: “Vamos reduzi-la o máximo possível”.

Haddad diz que pacto constitucional está em causa na segunda volta

O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), Fernando Haddad, afirmou que na segunda volta das presidenciais brasileiras está em causa o pacto constitucional de 1988, que assinalou a normalização democrática do país.

Dentro de três semanas, na segunda volta, em que irá enfrentar o candidato populista de extrema-direita Jair Bolsonaro, Haddad considera que “há muita coisa em jogo, o próprio pacto da constituinte de 88 está hoje em jogo”.

“Vamos ser vitoriosos no segundo turno”, afirmou Fernando Haddad, admitindo que esta é uma “eleição muito diferente de todas” as anteriores.

Agora, “muito respeitosamente nós vamos para o campo democrático com uma única arma: o argumento”, disse Haddad, esperando que o seu opositor esteja disponível para debater, numa referência ao facto de Bolsonaro ter recusado participar no último debate televisivo.

“Não vou abrir mão dos meus valores” e o “segundo turno é uma oportunidade de ouro para discutir frente a frente”, afirmou.

Marina Silva e Geraldo Alckmin avaliam apoios para segunda volta

Os candidatos da Rede, Marina Silva, e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Geraldo Alckmin, à primeira volta das presidenciais brasileiras anunciam em breve as suas posições face à segunda volta, marcada para 28 de outubro.

Marina Silva, que partiu como uma das principais candidatas e acabou em nono lugar na primeira volta das presidenciais, disse no seu discurso após a divulgação dos resultados que ainda irá conversar com membros da Rede sobre qual a posição a adotar na segunda volta.

Já o candidato do PSDB (centro-direita) Geraldo Alckmin, que ficou em quarto lugar na primeira volta das presidenciais brasileiras, realizadas estes domingo, remeteu hoje para terça-feira uma decisão de apoio na segunda volta, que será disputada entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

“A executiva nacional em Brasília” do PSDB já foi agendada para terça-feira, onde será feita uma “avaliação do processo eleitoral e tomada uma posição quanto ao segundo turno”, afirmou.

A nossa convicção na essência do regime democrática não tem poder que não seja legitimado pelo voto e pela expressão popular”, acrescentou, mostrando ter uma “fé inquebrantável no Braisl, esse país maravilhoso”.

A candidata da Rede, Marina Silva (Rede) afirmou ainda que estará na oposição independentemente de quem seja o vencedor.

“Independentemente de quem seja o vencedor, nós estaremos na oposição. O Brasil vai precisar de uma oposição democrática. Podemos assegurar: estaremos na oposição porque é a única forma de quebrar o ciclo vicioso”, declarou.

Surpresas para governadores em São Paulo, Rio e Minas Gerais

Mudanças de última hora marcaram as eleições para os governos dos estados mais populosos do Brasil – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – que terão na segunda volta candidatos que não eram considerados favoritos.

Em São Paulo, a disputa será entre o candidato João Dória do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) que teve 31,7% dos votos válidos e o candidato Márcio França do Partido Socialista Brasileiro, que obteve 21,53%.

França venceu uma das corridas mais apertadas destas eleições, superando o candidato Paulo Skaff do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), derrotado com 21,09% dos votos que apareceu em segundo lugar em todas as sondagens de intenção de voto antes das eleições.

No Rio de Janeiro o juiz Wilson Witzel do Partido Social Cristão (PSC) foi a grande surpresa da eleição regional.

Com uma campanha voltada para a crítica dos problemas de segurança pública do Rio de Janeiro e o apoio do presidenciável Jair Bolsonaro, Wilson Witzel chegou em primeiro lugar com 41,2% dos votos e superou o candidato que liderava as sondagens, o ex-prefeito da capital ‘carioca’ Eduardo Paes, do Democratas, que chegou à segunda volta com apenas 19,5% dos votos.

Em Minas Gerais, o PT foi afastado da liderança do governo estadual. O empresário Romeu Zema, do Partido Novo, que se candidatou pela primeira vez, liderou a votação com 42% dos votos contra Antonio Anastasia do PSDB, que aparecia na dianteira de todas as sondagens, obtendo 29% dos votos.

Também haverá uma segunda volta nos estados brasileiros do Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Sergipe, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe.

Nas eleições de domingo, treze governadores regionais dos 27 estados brasileiros foram eleitos na primeira volta.

No estado do Acre foi eleito governador Gladson Cameli (Partido Progressista, PP), em Alagoas Renan Filho (MDB), no Paraná Ratinho Junior (Partido Social Democrático, PSD) e no Espírito Santo Renan Casagrande (PSB).

O novo governador de Goiás será Ronaldo Caiado do Democratas, em Mato Grosso está eleito Mauro Mendes também do Democratas, na Paraíba João Azevedo do PSB e no Tocantins Mauro Carlesse do Partido Humanista da Solidariedade (PHS).

Rui Costa do Partido dos Trabalhadores (PT) irá governar por mais quatro anos o estado da Bahia, Camilo Santana do PT foi reeleito no Ceará, Flavio Dino do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) foi reeleito no Maranhão, o governador do Piauí Wellington Dias (PT) acabou por ser reeleito, assim como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).

8 Out 2018

China é a melhor parceira que Angola pode ter nesta fase, diz economista 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] economista angolano Manuel Alves da Rocha defende que a China, na atual fase de crise económica em Angola, é o “melhor parceiro que o país pode ter”, por não seguir os condicionalismos económicos impostos, por exemplo, pela Europa.

Numa entrevista à agência Lusa, em Luanda, o também investigador e professor da Universidade Católica de Angola, de 71 anos, salientou que a cooperação com o Ocidente, nomeadamente financeira, foi sempre toldada por condicionalismos do ponto de vista político, aspetos que, realçou, “a China não coloca”.

“Tenho tido uma apreciação relativamente crítica sobre a ligação à China. Mas, nesta fase, não só para Angola, mas também para África – a China tem muito dinheiro, sobretudo nas linhas de crédito, nos financiamentos e, eventualmente, no investimento privado chinês em Angola – é a melhor parceira que Angola pode ter”, disse.

“Há condicionalismos que muitos países europeus colocam nas linhas de crédito e nos financiamentos que concedem. São sempre com alguma condicionalidade política: Há uns resultados preliminares da estratégia de João Lourenço nos domínios da transparência e do combate à corrupção e isso pode ser bom”, acrescentou o também diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica, orgão criado em 2002.

Alves da Rocha lembrou que a China é o maior credor de Angola e que, atualmente, tem em cima da mesa a negociação de mais uma linha de crédito – que ronda os 10 mil milhões de euros -, razão que leva, de novo, o Presidente angolano, João Lourenço, a Pequim, depois da presença em setembro na terceira cimeira do Fórum de Cooperação China-África.

O economista angolano, no entanto, não isenta de críticas a cooperação financeira chinesa e muito menos a definição, escolha e implementação de projetos financiados pela linha de crédito da China, “que não tem sido a melhor”.

“Temos problemas em várias vias rodoviárias, construídas com base nos créditos da China, que já estão a ser reconstruídas seis, sete ou oito anos depois, quando estas infraestruturas têm uma vida económica média útil de 20, 25 ou 30 anos. Significa que estamos a duplicar investimentos públicos, estamos a diminuir a sua rendibilidade económica e social e a criar mais dívida, a aumentar a dívida externa do país”, criticou.

Para Alves da Rocha, porém, a “culpa” é também de Angola, que não fez uma fiscalização correta, permitindo que a escolha das empresas que devem executar as obras seja feita pela China – “temos obras chinesas de fraca qualidade, mas temos obras chinesas de elevada qualidade”.

“Tem de haver aqui um espaço de negociação para tornar os financiamentos chineses mais úteis e, do ponto de vista económico, mais rentáveis”, sugeriu, lembrando que o Governo do Presidente angolano tem, pelo meio, “muitos desafios” pela frente.

Questionado pela Lusa sobre quais os principais desafios, Alves da Rocha salientou três, que passam por questões políticas, económicas e financeiras.

“Tem, em primeiro lugar, uma questão política. Não sei se a sua eleição política, com a sua eleição para a liderança do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no Congresso Extraordinário, a 08 de setembro], acabará por organizar um partido mais unido e unificado, de modo a que tenha uma participação na condução dos destinos do país”, referiu.

Como segundo desafio, acrescentou, João Lourenço tem um problema económico -“não vejo como vai ser ultrapassado” -, uma vez que Angola vive, desde 2009, problemas de consolidação do crescimento económico.

“2009 foi o início de um período em que a dinâmica de crescimento de Angola diminuiu significativamente, comparado com o período que se costuma chamar a ‘mini idade de ouro do crescimento económico de Angola’ e, consultando o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN – 2018/2022), tenho algumas reservas sobre se de facto se será o instrumento ou abordagem para se ultrapassar os problemas económicos”, questionou.

“O PDN conta com nove eixos estratégicos de desenvolvimento, em que cada eixo tem uma série de políticas para serem executadas. Cada política tem uma série de objetivos e há um conjunto variado de ações, ou seja, trata-se de um PDN cujos resultados ficam quem das nossas expectativas. Tanta política, tantos eixos estratégicos para, no fim, para Angola rubricar uma taxa média anual do crescimento do PIB até 2022 de 3%”, criticou.

Sublinhando desconhecer “quanto vai tudo custar”, Alves da Rocha lembrou que a implementação de um plano “tem custos diretos para o governo e custos de oportunidade para a economia”.

Em terceiro lugar há o problema financeiro, pois Angola “está com dificuldades financeiras a vários níveis”.

“O país, a própria economia, tem problemas de divisas, as finanças públicas têm problemas de receitas. Apesar do preço do petróleo estar a aumentar, há aqui um problema de ligação às quantidades produzidas. Pode ser que esta situação se venha a alterar a partir de 2020 ou 2021, quando os engulhos sobre a produção serão resolvidos. Mas, até lá, o problema permanece. Temos tentado resolver o problema financeiro, o problema dos défices, através de empréstimos, nomeadamente externos, desta maneira”, disse.

“São muitos desafios, mas creio que João Lourenço contará, não sei se durante todo o tempo da sua legislatura, com o apoio do partido e o apoio das organizações da sociedade civil, que veem João Lourenço como uma esperança de mudança, de colocar o país nos trilhos corretos”, concluiu.

Natural de Malanje, onde nasceu a 26 de agosto de 1957, Manuel José Alves da Rocha é professor Associado da Universidade Católica de Angola, onde leciona as cadeiras de Finanças Públicas e Integração Económica.

Alves da Rocha é escritor assíduo de artigos de opinião em alguns órgãos de comunicação social angolanos e estrangeiros e autor de cerca de duas dezenas de livros sobre a temática direta ou indiretamente associada à vida económica em Angola.

O economista é ainda membro da Academia de Ciências de Lisboa (Académico Correspondente), da Sociedade de Geografia de Lisboa, do Senado da Universidade Católica de Angola, da Ordem dos Economistas Portugueses, da Associação Angolana de Economistas, da Canadian Association of African Studies (desde 1998), entre outros.

7 Out 2018

Eleições/Brasil: Total de 147 milhões de eleitores decidem hoje futuro do Brasil

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m total de 147,3 milhões de brasileiros são chamados este domingo a votar nas eleições em que estarão em disputa o cargo de Presidente mas também representantes no parlamento (Câmara dos Deputados e Senado) e nos governos regionais.

As urnas serão abertas pelas 08h00 (12h00 em Lisboa) e têm o seu encerramento previsto para as 17h00 de cada fuso horário. As últimas urnas electrónicas a fechar serão no Estado do Acre, 21h00 em Lisboa.

Se houver uma falha na urna eletrónica e na impossibilidade de substituição por outra do mesmo tipo, será utilizado o sistema tradicional de voto de boletim em urna.

Jair Bolsonaro, candidato do Partido Social Liberal (PSL) é quem lidera, de acordo com as últimas sondagens, a corrida às presidenciais, com 35% das intenções de voto dos brasileiros, contra 22% do segundo colocado, Fernando Haddad, que encabeça o Partido dos Trabalhadores (PT).

Esta é já considerada uma das eleições mais atípicas das últimas décadas, com uma forte polarização política entre a extrema-direita e a esquerda.

Caso nenhum candidato atinja este domingo a marca de 50% dos votos válidos, haverá uma segunda volta com os dois primeiros colocados, que está marcada para o dia 28 deste mês.

Centenas de manifestantes contra Bolsonaro em São Paulo

No sábado centenas de pessoas manifestaram-se contra o candidato Jair Bolsonaro, na cidade de São Paulo. Organizado por grupos de mulheres nas redes sociais, este é o segundo protesto contra o candidato de extrema-direita, que lidera as sondagens para as presidenciais de domingo.

Bolsonaro suscitou inúmeras polémicas por declarações machistas, racistas e homofóbicas e tem sido contestado por mulheres que lançaram em setembro a campanha “Ele não”.

No protesto, os gritos de “Ele não” eram acompanhados por cantos de guerra como “fascistas, machistas não passarão” e “vem para rua, vem contra o fascista”.

Vitória Tavares, de 18 anos, disse á Lusa que compareceu no protesto por discordar das ideias defendidas por Bolsonaro. “Não concordo com nada que o Bolsonaro diz ou prega. Ele é contra as mulheres e as minorias.”, declarou.

A estudante disse acreditar que Bolsonaro não vencerá a eleição na primeira volta, mesmo reconhecendo que ele esta aumentando sua popularidades com os ataques que faz contra o Partido dos Trabalhadores (PT).

“O voto contra o PT favorece o Bolsonaro, mas ele não tem capacidade de mudar o Brasil”, afirmou. Carolina Spinoza, 33 anos, também disse que aderiu ao protesto das mulheres porque não acredita nas promessas do candidato de extrema-direita.

“Infelizmente tem muita gente votando em um candidato que é contra e tem muitos aliados que desejam tirar os direitos das minorias”, avaliou.

“O sentimento de ‘antipetismo’ [como é chamado o movimento contra o PT] tem influenciado muito. Essas pessoas querem mudança e não estão pensando nas consequências que está mudança trará depois”, concluiu.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou apelo ao voto

O Presidente da República apelou ao voto nas eleições presidenciais no Brasil, dirigindo-se aos portugueses com dupla nacionalidade e aos brasileiros que vivem em Portugal.

“Espero que os portugueses, muitos, que vivem no Brasil e que têm a dupla nacionalidade não deixem de exercer o direito de voto, é o mesmo apelo que faço cá dentro ao voto e até já fiz ontem, à participação no voto no ano que vem”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que falava, em Vila Real, à margem da cerimómia de entrega do Prémio D.Diniz ao escritor Helder Macedo.

O Presidente disse ainda, por outro lado, que espera também que os “muitos brasileiros que vivem em Portugal participem no exercício do direito de voto”.

“Porque isso é bom, nós formamos uma comunidade que é a comunidade de língua portuguesa, que é uma comunidade que não é só de cultura ou de economia ou de finanças, é uma comunidade de pessoas e será tanto mais forte quanto maior for a participação das pessoas, todas elas, em termos políticos, dentro da comunidade”, salientou.

7 Out 2018

Famoso mercado de peixe de Tóquio muda de sítio ao fim de 80 anos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] famoso mercado de peixe de Tsukiji, a funcionar há 80 anos no centro da capital japonesa, fechou ontem as portas para se mudar para Toyosu, uma antiga fábrica de gás, na baía de Tóquio.

Após anos de adiamentos, a mudança do mercado de Tsukiji, que recebia diariamente cerca de 40 mil visitantes, desencadeou grande descontentamento, na maioria dos casos devido ao encerramento de um espaço que é considerado um dos ícones da cidade.

Situado em Toyosu, a 2,3 quilómetros de distância de Tsukiji, o novo mercado abastecedor, orçado em 4,3 mil milhões de euros, vai abrir na próxima quinta-feira, apesar das críticas de muitos trabalhadores sobre contaminação, inconveniência e falta de segurança daquele espaço.

“Se o novo local fosse melhor, não teria qualquer problema em mudar”, disse Tai Yamaguchi, cuja família é proprietária da empresa Hitoku Shoten desde 1964.

Líder de um grupo de 30 mulheres de famílias proprietárias de lojas em Tsukiji, Yamaguchi, de 75 anos, opõe-se à mudança, que afirmou ter sido mal gerida pelas autoridades por não terem sido devidamente ouvidas as pessoas diretamente afetadas.

Tsukiji tinha mais de 500 grossistas com vários milhares de trabalhadores, num espaço labiríntico onde largas dezenas de triciclos elétricos circulavam incessantemente entre bancas de peixe e hortaliças, onde as vendas diárias atingiam uma média de 12 milhões de euros.

Diariamente, às primeiras horas da madrugada, o mercado animava-se para os leilões de atuns e outros peixes, aos quais podiam assistir 120 espetadores, normalmente turistas. Tsukiji abastecia os restaurantes mais caros e os supermercados de Tóquio desde 1935, mas as origens do mercado remontam há quase um século.

Os opositores da mudança receiam que os turistas não visitem Toyosu por ser menos central e se assemelhar a uma enorme fábrica moderna, sem as características emblemáticas de Tsukiji.

Makoto Nakazawa, de 54 anos, trabalhador em Tsukiji há mais de 30 anos, afirmou não gostar do novo espaço onde vai passar a trabalhar e acrescentou estar zangado por as autoridades terem decidido fechar um mercado que “alimentou Tóquio durante décadas”.

Para Nakazawa, Tsukiji “é especial e um lugar de diversidade, onde se podiam ver atores de teatro de vanguarda a cruzarem-se com antigos condenados”.

Alguns dos pequenos restaurantes centenários, cafés, lojas de chá, gelados, omeletas, facas e loiças vão continuar no mesmo local.

A mudança esteve prevista para novembro de 2016, mas foi adiada pela governadora de Tóquio, Yurilo Koike, na sequência de uma inspeção a Toyosu, onde foram encontrados vestígios de arsénico e outros contaminantes nas águas e solos.

“A segurança está garantida”, declarou Koike, na recente cerimónia oficial de abertura do novo mercado abastecedor, referindo-se à aplicação de uma nova camada de cimento no pavimento e à instalação de bombas de água mais potentes.

O futuro a longo prazo de Tsukiji está por decidir. Para já, os 230 mil metros quadrados de terreno vão ser transformados num gigantesco parque de estacionamento para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.

Parque de diversões, casino, centro comercial, entre outras, são algumas das ideias para o sítio, localizado na baixa de Tóquio, lado a lado com Ginza, uma das zonas mais exclusivas da cidade.

Ao argumento da administração municipal de Tóquio sobre a necessidade de um espaço mais moderno e eficiente, os trabalhadores contrapõem que Tsukiji é uma obra de arte em constante transformação ao longo dos anos.

7 Out 2018

João Sousa eliminado no ‘qualifying’ do Masters 1000 de Xangai

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tenista português João Sousa ficou hoje fora do quadro principal do torneio Masters 1000 de Xangai, na China, ao perder na última ronda do ‘qualifying’ com o francês Benoit Paire, por 6-7 (4-7), 6-4 e 6-4.

O número um português, que ocupa o 43.º posto no ‘ranking’ mundial, perdeu após uma hora de 58 minutos de encontro.

O vimaranense, segundo cabeça de série da fase de qualificação, salvou o seu serviço várias vezes na primeira partida, evitando inclusivamente um ‘set-point’ quando Paire vencia por 6-5, e acabou por se superiorizar no jogo de desempate.

Nos dois ‘sets’ seguintes, João Sousa nunca conseguiu ameaçar o serviço de Paire, enquanto o francês, antigo jogador do ‘top-15’ mundial e atual 63.º, conseguiu um ‘break’ em cada um deles, o suficiente para vencer o encontro e conseguir uma vaga quadro principal.

João Sousa procurava a sua quinta participação no Masters 1000 de Xangai, onde nunca conseguiu ultrapassar a primeira eliminatória.

7 Out 2018

Obra de Banksy auto-destrói-se após ser leiloada pela Sotheby’s

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma obra do artista Banksy, cuja verdadeira identidade se desconhece, destruiu-se depois de ser vendida por 1,04 milhões de libras na leiloeira londrina Sotheby’s.

O próprio autor divulgou, na sexta-feira, uma fotografia na rede social Instagram no momento em que o quadro “Girl with balloon” (“Rapariga com balão”, na tradução livre) se desfaz em tiras ao passar por uma trituradora de papel instalada na parte inferior do quadro.

“Vai, vai, foi-se”, escreve Banksy sobre a imagem, numa alusão às palavras pronunciadas pelos leiloeiros quando concluem a venda a um cliente.

“Parece que acabámos de ser ´Banksy-tados”, admitiu o diretor de arte contemporânea da Sotheby´s, Alex Branczik, após a licitação da obra, de acordo com o que se ouve nos vídeos colocados nas redes sociais, nos quais é também visível a surpresa com que reagiu o público.

Datada de 2006, a obra, leiloada na sexta-feira à noite, que mostra uma rapariga a tentar alcançar um balão em forma de coração, era uma versão em tela de um desenho que surgiu a primeira vez como grafite numa rua no leste de Londres e que, em 2017, foi eleita a obra favorita da nação.

Originário da cidade de Bristol, Banksy ficou conhecido pelos seus grafitis subversivos que têm surgido um pouco por todo o mundo, de Londres à Palestina, o que fez dele um artista cotado.

7 Out 2018

Escritor Helder Macedo recebe Prémio D. Diniz por “Camões e outros contemporâneos”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] escritor e catedrático de literatura Helder Macedo recebeu, na Casa de Mateus, em Vila Real, o Prémio D. Diniz/2018, pela sua obra “Camões e outros contemporâneos”.

O galardão é atribuído desde 1980, pela Fundação da Casa de Mateus, e o júri da edição deste ano foi constituído pelos poetas Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral e Pedro Mexia, que atribuiu, por unanimidade, o prémio a Helder Macedo.

Segundo o júri, Helder Macedo, “poeta e romancista reconhecido”, oferece “neste livro da sua vertente ensaística, um percurso pela literatura portuguesa, da Idade Média à atualidade, em que a familiaridade com os grandes autores do passado e os do presente nos aproxima do seu universo, cruzando criação e vida”.

“O Prémio D. Diniz, dado a uma obra que começa precisamente pela análise inovadora de uma cantiga de amigo do rei poeta, que o nome do prémio celebra, distingue uma obra que assume a ousadia das suas descobertas e o faz com uma erudição que, longe de afastar o leitor, o fascina pelos novos horizontes que vem abrir”, afirma o júri.

A obra, publicada com a chancela da Editorial Presença, divide-se em quatro partes, sendo a primeira “Camões e a Modernidade da Tradição”, que inclui, entre outros, ensaios sobre o autor d’”Os Lusíadas”, sobre Sá de Miranda ou ainda um intitulado “Luso, filho de Baco”.

A segunda, “História, Memória e Ficção”, inclui, entre outros, uma reflexão sobre história e profecia, em que aborda o cronista Fernão Lopes, o padre jesuíta António Vieira e o historiador e político Joaquim d’Oliveira Martins, além de textos sobre as personagens D. Quixote e Dulcineia, de Cervantes, sobre “ficções da identidade” em Fernando Pessoa e Cesário Verde, e um texto de 2012, sobre o romance “A Balada da Praia dos Cães”, de Cardoso Pires.

Na terceira parte apresenta o que chama de “Testemunhos”, no qual reúne oito textos, nomeadamente sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, Mário Cesariny e Herberto Helder, e ainda um que intitula “Pensamentos e escritos (pós) coloniais: Partes de África”, numa referência ao seu romance “Partes de África”, editado em 1991.

A quarta parte é dedicada ao “enquadramento analítico dos oito séculos de literatura portuguesa”, um texto que, explica o autor, professor catedrático jubilado do King’s College, em Londres, foi uma encomenda dos seus colegas da Universidade de Oxford para um “Companion to Portuguese Literature”, “destinado primordialmente a um público universitário”, que leva Helder Macedo a acrescentar: “Creio que esta versão portuguesa poderá também ajudar a contextualizar os textos” que escolheu para fazerem parte desta coletânea.

A cerimónia conta com a presença, entre outras personalidades, do Presidente da República e do ministro da Cultura.

Helder Macedo, nascido há 82 anos na África do Sul, é autor de vários ensaios sobre literatura portuguesa e, paralelamente, assinou vários títulos de ficção e de poesia, como os romances “Pedro e Paula” (1998) e “Tão Longo Amor Tão Curta a Vida” (2013), a coletânea “Poemas Novos e Velhos” (2011) e “Romance” (2015).

O Prémio D. Diniz distingue anualmente uma obra de autor português nas áreas da ficção, poesia ou ensaio. No ano passado, a obra vencedora foi o romance “Astronomia”, de Mário Cláudio.

7 Out 2018

Monserrat Caballé foi “um dos pináculos do canto lírico do século XX”, diz João Pereira Bastos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] antigo diretor do Teatro Nacional de S. Carlos João Pereira Bastos classificou Montserrat Caballé, que morreu este sábado aos 85 anos, como “um autêntico pináculo do canto lírico do século XX”.

Para João Pereira Bastos, que também foi diretor da Antena 2, a soprano Montserrat Caballé está ao nível de outras “divas” do século XX como Gina Sinha, Zinca Milanov, Maria Callas, Giulietta Simionato, Fiorenza Cossoto, a Tebaldi, Mirella Freni e Joan Sutterland.

É uma perda muito grande, sustentou o antigo diretor do Festival de Macau, considerando que atualmente há “canto a rodos” e “cantores do melhor que há” mas que “não têm a personalidade nem o recorte específico que estas grandes divas do século XX tinham”.

Para João Pereira Bastos, Montserrat Caballé “era uma das maiores sopranos de sempre da história da música do século XX”.

João Pereira Bastos, que também foi diretor de produção e diretor técnico do S. Carlos, sublinhou ainda o facto de Monserrat Caballé ter tido “bastantes pontos importantes para Portugal como para ela”, exemplificando com o facto de a soprano ter saído de Espanha para ir para uma companhia residente na Alemanha, tendo o S. Carlos sido “muito importante

Para a soprano, porque foi o primeiro teatro internacional que visitou vindo dessa companhia”, onde cantou uma obra de Mozart e outra de Richard Strauss, disse.

Na altura, a “soprano espanhola foi fazer a sua carreira internacional e estreou ´Norma`, que foi estreia absoluta no S. Carlos, que ela escolheu para estrear essa ópera”, frisou.

João Pereira Bastos considerou Monserrat Caballé “uma voz de soprano lírico com algumas características invulgares, sobretudo ao nível do ‘apianar’ de notas agudas (…) muito vizinhas do dó de peito que um cantor daquelas características não produz”.

E Monserrat Caballé “apianava ao nível de não se ouvir uma mosca na sala, como se diz, porque era de uma perfeição tal que era estranho uma voz tão forte ter esse tipo de características”, frisou.

João Pereira Bastos referiu ainda outras prestações da cantora em Portugal como a que teve em 1993 no início do Centro Cultural de Belém (CCB), sublinhando, porém, que a sua interpretação de “Norma”, em 1972, no S. Carlos, foi uma prestação “famosa”.

“Aquela ´Norma` ficou famosa e só a partir dela é que foi cantar pelo mundo fora, nomeadamente no Scala de Milão”, frisou.

Relativamente a outras prestações que a soprano teve, nomeadamente no Algarve, em programas para turismo, João Pereira Bastos considerou que “isso não terá ofuscado a sua carreira”.

“Porque Caballé pertence a uma época em que havia quatro, cinco, seis cantores fantásticos e depois havia uma plêiade de cantores bons mas já de uma segunda linha de luxo, mas era uma segunda linha”.

Não há “dúvida nenhuma que ao mesmo tempo que a Callas e A Tebaldi eram pessoas que se opunham apenas e só nos palcos, como é lógico, também o caso da Caballé e da Joan Sutterland foi um caso idêntico na geração imediatamente a seguir”, referiu.

Monserrat Caballé morreu este sábado de madrugada, aos 85 anos, no Hospital de Sant Pau, em Barcelona. O funeral realiza-se, na segunda-feira, às 12:00, para o cemitério de Barcelona.

Plácido Domingo diz que foi “um privilégio” cantar com voz “incrível” de Caballé

O tenor Plácido Domingo afirmou que partilhar os palcos com a soprano Montserrat Caballé, falecida em Barcelona aos 85 anos, foi “um privilégio” pela sua “incrível” voz e talento.

“Minha querida Montserrat, que impressionante vida e carreira tiveste. Obrigada pela tua voz incrível, o teu talento. Descansa em paz. Deus chamou outro anjo para o seu reino”, escreveu o artista na sua conta pessoal da rede social Twitter.

7 Out 2018

Representantes da Coreia do Sul visitam Pyongyang

Uma comissão sul-coreana com mais de 160 membros está desde ontem em Pyongyang para celebrar o histórico encontro dos dois líderes coreanos em 2017

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap] ma delegação da Coreia do Sul iniciou ontem uma visita de três dias a Pyongyang para comemorar a histórica cimeira realizada entre os dois vizinhos em 2017, em mais um passo de reaproximação dos dois países.

A delegação sul-coreana é chefiada pelo ministro da Unificação da Coreia do Sul, Cho Myoung-gyon e é composta por cerca de 160 pessoas. Na sexta-feira, a delegação vai participar na cerimónia de comemoração da segunda cimeira da história entre os dois países, onde o ex-líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, recebeu o Presidente sul-coreano Roh Moo-hyun.

É esperado ainda que o ministro da Unificação da Coreia do Sul tenha um encontro com o seu homólogo norte-coreano, para discutirem a implementação do acordo assinado entre os dois países em meados de Setembro.

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, assinaram em meados de Setembro uma declaração conjunta, que poderá ser importante para o futuro diálogo sobre a desnuclearização da península, entre Pyongyang e Washington.

Durante a cimeira, que durou três dias, os ministros da Defesa das duas Coreias, que tecnicamente continuam em guerra, assinaram ainda um histórico acordo militar, que reduz a possibilidade de se produzirem choques fronteiriços entre os respectivos exércitos.

Na declaração conjunta, Kim jong-un prometeu visitar Seul “num futuro próximo”, o que a acontecer tornará Kim no primeiro líder norte-coreano a visitar a capital da Coreia do Sul desde que a península foi dividida em Norte e Sul no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

O falecido pai de Kim, Kim Jong-il, prometeu fazê-lo quando líderes sul-coreanos o visitaram em Pyongyang, em 2000 e 2007, mas a viagem a Seul nunca aconteceu.

Amigo americano

No próximo domingo é a vez do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, deslocar-se Pyongyang e encontrar-se com o líder Kim Jong-un para tentar acelerar o processo de desnuclearização do regime de Pyongyang.

Pyongyang já advertiu Washington que uma eventual declaração de fim da Guerra da Coreia não pode ser moeda de troca nas negociações sobre desnuclearização, mas o fim das sanções ao país poderá ser um passo nesse sentido.

Se Washington pretende progressos na desnuclearização norte-coreana deve suspender as sanções, declarou na terça-feira a agência de notícias norte-coreana.

Os Estados Unidos recusaram categoricamente até agora qualquer alívio das sanções internacionais. Washington quer primeiro ver o fim da desnuclearização da península e que esta seja verificada de forma independente.

A Guerra da Coreia (1950-53) terminou com a assinatura de um armistício, mas nunca foi assinado um tratado de paz, por isso os dois países continuam tecnicamente em guerra.

5 Out 2018

Interesse da China por África despertou as outras potências

Ahmed Ouyahia, de visita a Lisboa para participar na V Cimeira Luso-Argelina, salientou o papel da China no desenvolvimento económico do continente africano.

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro argelino afirmou ontem, em Lisboa, que o interesse da China por África criou “dinâmica económica” e despertou o interesse da Europa e de outros continentes para uma região anteriormente pouco apelativa.

A China já tem uma presença “substancial” na Argélia, em sectores como a construção e o desenvolvimento económico e o país magrebino é signatário do memorando de entendimento relativo à nova Rota da Seda, a ambiciosa iniciativa chinesa de infraestruturas de transportes para facilitar o comércio entre Ásia, Europa e África, lançada pelo Presidente Xi Jinping.

“Pensamos que a África ganhou muito com isto. Antes dos chineses terem chegado, com a sua ajuda, o seu interesse pelas matérias-primas (…) muitas outras regiões desenvolvidas do mundo olhavam para África com pouco interesse”, disse, em entrevista à Lusa, Ahmed Ouyahia, que ontem visitou Portugal, no âmbito da V Cimeira Luso-Argelina.

“No nosso caso, somos um país possuidor de alguns recursos próprios como o petróleo, os chineses têm vindo trabalhar, fazemos contratos e pagamos no fim. Noutros países africanos, têm ajudado África a desenvolver-se com recurso ao crédito e comprando matérias primas. Desde que a China esta cá [África], criou uma dinâmica, importante para este continente e para o resto do mundo”, sublinhou o governante argelino.

Bons parceiros

A China apoiou a revolução argelina contra a França, da qual resultou, há 56 anos, a independência da Argélia, e é actualmente o seu principal parceiro económico.

A cooperação económica, concretizada em 13 acordos em diversas áreas, foi um dos principais temas do encontro que Ahmed Ouyahia teve ontem com o seu homólogo António Costa, mas os dois governos comprometeram-se também a reforçar a cooperação policial e aprofundar os mecanismos de prevenção e combate à criminalidade organizada e terrorismo.

“Uma ameaça que existe em todos os países”, lembrou o primeiro-ministro argelino, mas que “a Argélia praticamente conseguiu acabar” após 15 anos de luta.

Questionado sobre as migrações, outro tema que tem dominado a agenda política europeia, disse que Portugal e Argélia têm uma visão convergente sobre o assunto.

“O problema não é levantar muros, é de gerir e resolver as suas razões [das migrações]”, salientou o primeiro-ministro argelino, acrescentando que o tema do desenvolvimento tem estado ausente na análise deste problema.

5 Out 2018

Jorge Neto Valente vai recandidatar-se à AAM

[dropcap style≠‘circle’]J[/dropcap] orge Neto Valente, actual presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), deverá recandidatar-se à presidência da associação, bem como os restantes corpos dirigentes, anunciou ontem José Rocha Diniz, administrador do Jornal Tribuna de Macau, no habitual espaço de comentário de que dispõe na TDM.

O HM tentou confirmar a notícia junto do próprio Jorge Neto Valente, mas até ao fecho da edição não foi possível estabelecer contacto. Até ao momento, apenas o advogado Sérgio de Almeida Correia mostrou intenções de formalizar uma lista para as eleições que decorrem entre os dias 1 e 15 de Dezembro deste ano.

5 Out 2018

Iniciadas obras de reconstrução do prédio Sin Fong Garden

[dropcap style≠‘circle’]R[/dropcap]ealizou-se ontem a cerimónia de início das obras do edifício Sin Fong Garden. A reconstrução vai demorar dois anos e meio, sendo um dos anos dedicado à demolição. Segundo a TDM, a reconstrução vai seguir a planta original.

O prédio, que vai manter 30 andares, vai ter 144 apartamentos e 48 lugares de estacionamento, bem como um espaço comercial.

Os problemas no edifício Sin Fong foram conhecidos em Outubro de 2012, quando foram detectadas fissuras em pilares do segundo piso tendo sido ordenada a evacuação do edifício perante o perigo de derrocada, deixando mais de 100 proprietários impedidos de usufruírem das suas casas.

5 Out 2018

Dadores de sangue premiados hoje

[dropcap style≠‘circle’]R[/dropcap]ealiza-se hoje, pelas 18h30, a cerimónia de atribuição de prémios aos dadores de sangue – 2018. Serão distinguidos os dadores de sangue que, até ao final do ano passado, deram sangue por 10 vezes ou em múltiplos de cinco, num total de 1017 pessoas.

Serão atribuídas taças e prémios de honra aos dadores de sangue que já doaram 25, 30, 40, 50 e sucessivamente até 130 vezes. Estarão também presentes representantes de 56 escolas, instituições e associações, indicaram os Serviços de Saúde em comunicado.

5 Out 2018

IPOR quer reforçar língua portuguesa na Tailândia e no Vietname

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] novo director do Instituto Português do Oriente (IPOR), em Macau, disse ontem à Lusa que vai reforçar a colaboração com o Vietname e a Tailândia, países onde a procura da língua portuguesa está a aumentar a passos largos.

Aprofundar a colaboração com os “pontos de rede” do Sudeste Asiático e dar resposta a esse aumento da procura pelo ensino do português são os principais objectivos de Joaquim Coelho Ramos, que sucedeu em Setembro a João Laurentino Neves, responsável pela entidade nos últimos seis anos.

Entre os principais “pontos de rede” onde vai apostar numa “linha de intervenção”, o novo director do IPOR destacou o Vietname e a Tailândia, mas sem descartar Austrália e Timor-Leste.

Só no espaço de um ano, o IPOR deu formação, através de cursos gerais ou específicos, a cerca de cinco mil alunos, um “número que tem vindo sempre a aumentar”, frisou Joaquim Coelho Ramos.

No Vietname, em particular, o responsável realçou a existência de novos projectos especiais e de escolas privadas para dar resposta à procura da aprendizagem da língua. “Penso que há uma aproximação muito grande entre o Oriente e aquilo que é hoje a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], um projecto que está a crescer internacionalmente e a definir aquilo que são os seus objectivos, não só na área da cultura, da língua naturalmente, mas também na economia”, disse. O português é, por isso, “um despertar natural, porque, ao fim e ao cabo, é um instrumento de aproximação às áreas geográfica, geopolítica e de mercado”, disse. Joaquim Coelho Ramos mostrou-se ainda entusiasmado com o reforço de uma “diplomacia cultural”, prioridade definida pelo novo cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, durante um encontro com jornalistas na quarta-feira. “Vejo isso com grande entusiasmo. A ideia é articularmos esse trabalho” da diplomacia cultural, afirmou.

5 Out 2018

Comissariado de Auditoria em encontro da Organização das Instituições Superiores de Controlo da CPLP

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Comissário da Auditoria, Ho Veng On, participou, na qualidade de observador, na X Assembleia-Geral da Organização das Instituições Superiores de Controlo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (OISC/CPLP) que decorreu em Díli, entre 26 e 28 de Setembro.

O impacto da colaboração das instituições públicas e privadas na melhoria dos trabalhos das instituições superiores de controle figurou como o tema central do evento, de acordo com um comunicado divulgado ontem pelo organismo.

No texto que apresentou, Ho Veng On destacou que o Comissariado da Auditoria tem vindo a promover a boa governação dos recursos financeiros públicos nomeadamente através da realização de auditorias aos serviços e organismos públicos tidas por oportunas para ajuizar sobre a eficácia, economia e eficiência dos programas ou dos investimentos públicos de grande dimensão, segundo a mesma nota.

5 Out 2018

Futebol | Hélder Costa estreia-se na selecção portuguesa e Éder regressa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] avançado Hélder Costa estreou-se hoje nos convocados da seleção portuguesa de futebol, para os jogos com a Polónia e a Escócia, numa lista em que se destaca o regresso de Éder e a ausência de Cristiano Ronaldo.

Cristiano Ronaldo (Juventus) continua de fora das convocatórias da seleção portuguesa e vai manter-se, pelo menos, na próxima ronda de jogos em novembro. “Houve uma conversa tripartida, entre o jogador, o presidente da Federação [Fernando Gomes] e concordámos que o jogador não estaria disponível nestas duas convocatórias. Nesta e na próxima”, disse Fernando Santos.

Apesar de não ir ser convocado para estas duas datas para jogos internacionais, em outubro e em novembro, o selecionador disse que no futuro Ronaldo continua disponível para representar a seleção.

Hélder Lopes, do Wolverhampton, é a única estreia nos convocados de Fernando Santos, aos quais regressa Éder (Lokomotiv Moscovo), autor do golo que deu o triunfo a Portugal no Euro2016.

Recuperado da lesão que o afastou do Mundial2018, Danilo (FC Porto) também está de volta às escolhas, assim como o lateral Kevin Rodrigues (Real Sociedad).

De fora, em relação à convocatória para os jogos com a Croácia e com a Itália, saíram Raphael Guerreiro (Borussia Dortmund), Gelson Martins (Atlético de Madrid) e Rony Lopes (Mónaco).

Portugal defronta a Polónia em Chorzow, em 11 de outubro, na segunda jornada da Liga das Nações, visitando três dias depois a Escócia, num encontro particular.

Lista de 25 jogadores:

  • Guarda-redes: Beto (Goztepe, Tur), Cláudio Ramos (Tondela) e Rui Patrício (Wolverhampton, Ing).
  • Defesas: Cédric Soares (Southampton, Ing), João Cancelo (Juventus, Ita), Kevin Rodrigues (Real Sociedad, Esp), Luís Neto (Zenit, Rus), Mário Rui (Nápoles, Ita), Pedro Mendes (Montpellier, Fra), Pepe (Besiktas, Tur) e Rúben Dias (Benfica).
  • Médios: Bruno Fernandes (Sporting), Danilo Pereira (FC Porto), Gedson Fernandes (Benfica), Pizzi (Benfica), Renato Sanches (Bayern, Ale), Rúben Neves (Wolverhampton, Ing), Sérgio Oliveira (FC Porto) e William Carvalho (Bétis, Esp).
  • Avançados: André Silva (Sevilha, Esp), Bernardo Silva (Manchester City, Ing), Bruma (RB Leipzig, Ale), Éder (Lokomotiv Moscovo, Rus), Gonçalo Guedes (Valência, Esp) e Hélder Costa (Wolverhampton, Ing).
4 Out 2018

Fernando Santos: “Acredito no Ronaldo e sei que ele não cometeria um crime desse tipo”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] selecionador nacional de futebol, Fernando Santos, mostrou-se solidário para com Cristiano Ronaldo e disse não acreditar que o capitão de Portugal tenha cometido o crime de que está a ser acusado.

“Estou completamente de acordo com as declarações do presidente da Federação [Fernando Gomes]. Apesar de separar as questões pessoais das profissionais, tenho sempre atenção às questões pessoais dos meus jogadores. Acredito no que ele publicou há dias, reafirmando que está inocente. Conheço bem o Cristiano Ronaldo, acredito plenamente no que ele diz e sei que ele não cometeria um crime desse tipo”, afirmou, em conferência de imprensa.

Fernando Santos, que divulgou a convocatória para o encontro da Liga das Nações A com a Polónia e o particular com a Escócia, na qual volta a não estar incluído Ronaldo, que está a ser alvo de uma investigação nos Estados Unidos por alegada violação de uma mulher norte-americana.

A conferência acabou, inevitavelmente, por ser dominada por esta situação que envolve o jogador da Juventus, mas o selecionador recusou-se a revelar o teor da conversa que manteve com o jogador e “amigo” Cristiano Ronaldo.

Já hoje, em declarações à Lusa, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) manifestou “total solidariedade” em relação ao internacional luso.

Numa mensagem publicada na rede social Twitter, na véspera, Cristiano Ronaldo negou “terminantemente” as acusações de que é alvo. “Considero a violação um crime abjeto, contrário a tudo aquilo que sou e em que acredito. Não vou alimentar o espetáculo mediático montado por quem se quer promover à minha custa”, escreveu o capitão da seleção portuguesa.

O jogador da Juventus, de 32 anos, é acusado por Kathryn Mayorga, que diz ter sido violada por Cristiano Ronaldo em 13 de junho de 2009 durante uma festa num hotel de Las Vegas, no estado norte-americano do Nevada.

A polícia local anunciou na segunda-feira a reabertura da investigação, depois de Kathryn Mayorga, professora, de 34 anos, ter apresentado queixa na semana passada num tribunal do condado de Clarck, Las Vegas.

Kathryn Mayroga denunciou a presumível violação à polícia de Las Vegas em 2009 e foi submetida a exames médicos, mas, segundo as autoridades, recusou-se a identificar o alegado agressor, uma versão contrariada na quarta-feira por um dos seus advogados, Leslie Stovall, que garante que a sua cliente nomeou Cristiano Ronaldo.

Os advogados, que dizem não perceber por que parou a investigação, vão apresentar uma ação contra Ronaldo pelos crimes de violação sexual, tentativa de assédio sexual, coação para fraude, agressão a uma pessoa vulnerável, conspiração, difamação, abuso de processo, tentativa de silenciar o caso, tentativa de concretizar um acordo de não divulgação, negligência e violação de contrato.

Assim que for notificado, o internacional português da equipa italiana Juventus terá 20 dias para responder à queixa.

Os advogados de Mayorga referem ainda que a mulher terá sofrido distúrbios emocionais na sequência do incidente, tendo ficado frágil e sofrido de depressão. A situação terá ainda levado a suposta vítima a pensar em suicídio, bem como ao abuso do álcool, perda do emprego e com relações pessoais afetadas.

Argumentam também que a mulher foi conduzida a um especialista, que lhe diagnosticou uma disfunção pós-traumática e uma depressão, consequência da alegada violação por parte de Cristiano Ronaldo.

Kathryn Mayorga alega que terá sido coagida a assinar um acordo de confidencialidade a troco de cerca de 375 mil dólares, assentimento que agora os seus advogados consideram não ter valor legal.

Presidente da FPF manifesta “total solidariedade”

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, manifestou também “total solidariedade” em relação a Cristiano Ronaldo.

“Em meu nome e em nome da Federação Portuguesa de Futebol expresso total solidariedade ao Cristiano Ronaldo, numa altura em que o seu bom nome e reputação estão a ser postos em causa. Acredito nas palavras que ele emitiu ontem [quarta-feira], não só porque defendo a presunção de inocência como princípio basilar de um estado de direito, mas também porque conheço o Ronaldo há muitos anos e sou testemunha do seu bom caráter”, disse Fernando Gomes, em declarações à Lusa.

4 Out 2018

Pepetela diz que África subsaariana “vive um ciclo novo de maior transparência”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] escritor angolano Pepetela considerou que a África subsaariana, incluindo o seu país, “vive um ciclo novo de maior transparência na governação”.

“É um ciclo novo que se está a abrir em África, sem dúvida alguma. Há maior transparência na governação, maior seriedade nos negócios, luta contra a corrupção e maior liberdade e multiplicidade de imprensa”, considerou o autor.

Falando aos jornalistas, em Penafiel, onde está a ser homenageado no festival literário Escritaria, o escritor disse que a narrativa do seu último livro, “Sua Excelência, de Corpo Presente”, não “trata só de Angola”.

“Realmente, é uma história que poderá passar-se em qualquer país africano, a sul do Saara”, frisou, recordando que se está a viver uma fase “que vem depois daquele ciclo que foi desaparecendo, de partido único e de chefes muito autoritários”.

Questionado, em concreto, sobre o que se passa atualmente em Angola, um ano depois de João Lourenço ter assumido a presidência do país, Pepetela considerou que o novo chefe do Estado angolano “fez tudo o que podia”.

“Até surpreendeu muita gente, porque fez mais do que muita gente esperava”, acentuou, acrescentando que “o povo angolano está surpreendido e tem apoiado inteiramente”.

“O grau de aceitação do presidente é uma coisa histórica”, reforçou. Apesar dos progressos, o autor avisa que “ainda é muito cedo para dizer que as coisas estão a caminhar naquele sentido”.

“Ele está a cumprir o que prometeu, sem dúvida alguma, mas há muitas forças que se opõem”, exclamou.

A situação económica e financeira de Angola, recordou ainda o escritor, “é muito complicada, é muito difícil e muito pior do que se pensava”.

Apesar das dificuldades, a imagem que Angola tem agora no exterior, nomeadamente em Portugal e na União Europeia, é mais positiva.

“Claramente a imagem mudou. Temos de aproveitar isso e reforçar essa relação”, sublinhou.

Para Pepetela, a relação com Portugal e com os demais países da CPLP podia ser melhor, defendendo que a cultura permitiria uma maior aproximação dos povos que falam português.

“Infelizmente, a CPLP é uma espécie de sindicato de chefes de Estado que se reúnem de vez em quando para aprovar não sei bem o quê”, criticou, dando como exemplo o facto de ter sido criado um Instituto da Língua Portuguesa que, lamentou, “ficou dez anos sem funcionar”.

O autor angolano que venceu o Prémio Camões em 1997 admite, por outro lado, que os “escritores dos países africanos que escrevem em português têm sido valorizados em Portugal”. O problema maior, disse, está em África: “Nós é que temos falhado. Nos nossos países há muito pouca valorização dessa aproximação cultural e da própria cultura. Os países africanos deviam fazer mais com o pouco que têm. Portugal tem feito o que pode”.

4 Out 2018

Fundação José Saramago é uma porta aberta para a intimidade do Nobel 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Fundação José Saramago abre as portas para a obra do Nobel da Literatura em língua portuguesa, mas sobretudo permite mergulhar na intimidade do escritor, através das suas agendas e cadernos de apontamentos, que revelam um homem metódico no seu quotidiano.

O primeiro andar da centenária Casa dos Bicos, em Lisboa, alberga o enorme espólio literário de José Saramago, todos os livros que publicou, em várias edições – incluindo o seu primeiro romance, “Terra do Pecado”, publicado em 1947 pela Minerva -, manuscritos e datiloscritos dessas obras, os livros que consultou para escrever “Memorial do Convento” e a bibliografia a que recorreu para construir o polémico “O evangelho segundo Jesus Cristo”.

Tudo isto se encontra na exposição permanente da Fundação, “José Saramago. As Sementes e os frutos”, que é, na verdade, “uma transposição, em versão mais reduzida, para aquele espaço de uma outra mostra, de 2008, chamada ‘José Saramago. A consistência dos sonhos’”, que passou por Lisboa, Lanzarote, São Paulo e Cidade do México, contou à Lusa Sérgio Letria, diretor da Fundação José Saramago (FJS).

“Quando a fundação veio para a Casa dos Bicos, achámos que, obviamente, teríamos de ter uma exposição permanente e, portanto, esta exposição resulta dessa grande exposição: temos aqui grande parte do espólio literário de José Saramago, temos originais, traduções, fotografias e está organizada por livro ou por tema”, disse à Lusa Sérgio Letria.

Percorrendo a galeria onde está exposto o acervo saramaguiano, percebe-se a separação entre secções, os livros que escreveu, os traduzidos e publicados noutros países, e as obras de outros autores que Saramago traduziu.

Depois, há alas dedicadas à atribuição do Prémio Nobel a José Saramago (em 1998), com a devida medalha, à sua intervenção cívica e política, ao diploma ‘Honoris Causa’ que recebeu, e à sua filmografia, no caso, o documentário de João Mário Grilo, que dá a conhecer a personalidade do escritor, e o filme “José e Pilar”, da autoria de Miguel Gonçalves Mendes, um relato sobre a sua vida ao lado de Pilar del Río, atual presidente da fundação.

Mas aquele que poderá ser o aspeto mais surpreendente desta exposição é a personalidade de José Saramago e, em parte, a sua intimidade, revelada em agendas, nas quais anotava criteriosamente – com uma letra de imprensa pequena e absolutamente simétrica – tudo o que fazia, e caderninhos de anotações de capa preta, manuscritos em letra corrida, com ideias para os seus livros.

São elementos “mais privados, mais pessoais”, dos quais ressalta a sua “capacidade de trabalho e a sua capacidade organizativa”, afirma Sérgio Letria.

“Havia uma metodologia na forma como José Saramago trabalhava que fica bem patente nas agendas, na forma como ele anotava as coisas todas, os filmes que via, as peças de teatro a que assistia, as reuniões políticas e partidárias que tinha, as viagens que fazia, até, às vezes, valores que recebia por trabalhos que fazia, fossem revisões, traduções ou até de direitos de autor em alguns casos”, descreve à Lusa o diretor da FJS.

O primeiro encontro marcado com aquela que viria a ser a mulher que o acompanharia até ao resto da vida, está anotado numa das agendas, com o nome “Pilar de Los Rios”, engano no apelido, posteriormente riscado com um traço, e corrigido, em cima, para “Pilar del Río”.

Por outro lado, os cadernos de capa preta “são o coração literário de José Saramago”, diz Sérgio Letria, acrescentando: “Nós temos o trabalho final, que é o que nos chega enquanto leitores, mas nesses cadernos de capa preta temos os bastidores desse trabalho, como é que o autor pensava”.

Por isso, fala de um possível “projeto de futuro” da fundação, de publicar os escritos pessoais de Saramago, uma ideia ainda indefinida, em função da impossibilidade de consultar o autor sobre “se aceitaria e o que acharia de possibilidade de os leitores um dia poderem ter acesso a esse material”.

“De facto, colocando-me na pele do leitor, eu gostaria de saber como é que o ‘Memorial do Convento’ foi construído, como é que ‘O ano da morte de Ricardo Reis’ chegou a ser ‘O ano da morte de Ricardo Reis’, que ideias é que estavam na cabeça do autor. Pode ser um projeto de futuro, mas teria de ser muito bem pensado”.

É que a fundação segue a regra de “nunca falar pelo Saramago”, são as ideias que ele deixou as que estão lá, explica Sérgio Letria à Lusa, contando que a FJS foi criada por vontade do próprio, de Pilar e de alguns amigos, para que existisse “uma entidade que trabalhasse com as palavras e as ideias do José Saramago”.

Criada em junho de 2007, a fundação obteve oficialmente o espaço da Casa dos Bicos, por cedência da Câmara Municipal de Lisboa, em 2008, através de um contrato de dez anos, que se renovou automaticamente este ano, por mais dez.

Além da obra de Saramago, o trabalho da FJS gira em torno de “uma declaração de princípios que o próprio deixou escrita, onde estão enumeradas as áreas em que a fundação deverá trabalhar: defesa da cultura em Portugal e no mundo, defesa dos direitos humanos, tomando como documento orientador a declaração universal de direitos humanos, que este ano cumpre 70 anos de vida, e também a defesa do meio ambiente”.

A FJS é ainda composta por uma livraria, um auditório, com uma programação regular que passa por apresentações de livros, conferências, debates, exibições de filmes ou concertos, e uma revista digital, intitulada “Blimunda”, herdando o nome da personagem do “Memorial do Convento”.

4 Out 2018

Juiz federal dos EUA bloqueia suspensão de programa de protecção de imigrantes

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m juiz federal norte-americano bloqueou na quarta-feira a suspensão do Estatuto Temporário de Proteção (TPS), decretada pela administração dos EUA, que iria afectar centenas de milhares de imigrantes de El Salvador, Honduras, Haiti Nicarágua e Sudão.

A decisão entrou em vigor “de forma imediata”, de acordo com o magistrado, Edward Chen, do tribunal de São Francisco. O magistrado considerou que se a suspensão do TPS entrasse em vigor ira fazer “danos irreparáveis” aos imigrantes e às suas famílias, que teriam de deixar os EUA.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os beneficiários do TPS dos países visados teriam que partir dos EUA ou procurar uma alternativa para ficarem legais no país.

A suspensão para a Nicarágua estava agendada para janeiro de 2019, para o Haiti em julho 2019, El Salvador em setembro e Honduras em janeiro de 2020. Para os imigrantes do Sudão o ETP terminaria no próximo mês.

Em agosto, vários diplomatas dos Estados Unidos em países latino-americanos já tinham considerado que a retirada deste estatuto pode levar a deportações em massa e consequentemente desestabilizar a região da América Latina e desencadear uma nova onda de imigração ilegal.

Os diplomatas alertaram para que o cancelamento do TPS afeta os interesses da política externa norte-americana, colocando em risco a segurança das pessoas que detinham este estatuto.

O TPS é um programa de imigração criado em 1990, ao abrigo do qual os Estados Unidos concedem autorizações de residência de forma extraordinária a pessoas de países afetados por conflitos ou desastres naturais.

4 Out 2018

Japão | Visita de Pompeo a Pyongyang vai acelerar desnuclearização

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]secretário de Estado norte-americano desloca-se pela primeira vez a  Pyonyang após a cimeira de Junho entre Kim Jong-un e Donald Trump. Tóquio espera que a visita de Mike Pompeo traga avanços significativos ao processo de desnuclearização norte-coreano

O Governo japonês disse ontem acreditar que a próxima visita a Pyongyang do secretário de Estado norte-americano vai permitir avançar para uma “completa e rápida desnuclearização da península coreana”.

Na terça-feira, Washington anunciou o encontro de domingo entre Mike Pompeo e o líder norte-coreano, Kim Jong-un. Antes, o secretário de Estado norte-americano vai manter um encontro, em Tóquio, com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.

“Esperamos que a Coreia do Norte cumpra a completa e rápida desnuclearização da península coreana”, disse o porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, quando questionado em conferência de imprensa sobre a viagem de Pompeo à região.

Suga disse que os Governos do Japão e dos Estados Unidos trocaram “opiniões a diferentes níveis” sobre o assunto, mas a intenção é coordenar “ainda mais de perto” as medidas que podem ser adoptadas sobre a desnuclearização da península.

Esta é a quarta visita de Pompeo a Pyonyang, mas também a primeira desde Junho passado, após a cimeira histórica em Singapura entre Kim Jong-un e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O objectivo da viagem é preparar o terreno para a segunda cimeira entre Trump e Kim, embora ainda não tenha sido avançada uma data ou um possível local. Na semana passada, Trump afirmou que a cimeira vai realizar-se “em breve”.

Além de Tóquio e Pyongyang, Pompeo desloca-se posteriormente à Coreia do Sul e à China para se reunir com as autoridades dos dois países.

Nova era

Na terça-feira, a agência oficial norte-coreana KCNA insistiu na necessidade dos Estados Unidos e da Coreia do Norte assinarem um tratado de paz que ponha formalmente fim à Guerra da Coreia (1950-1953), que terminou com a assinatura de um armistício.

“É natural que a Coreia do Norte e os Estados Unidos ponham fim às relações beligerantes, de acordo com a aspiração mútua de estabelecer novas relações bilaterais, em conformidade com a declaração conjunta de 12 de Junho”, lê-se no comentário da KCNA.

“Mas se os Estados Unidos não querem o fim da guerra, a República Democrática Popular da Coreia [RPDC, nome oficial da Coreia do Norte] também não irá procurá-lo, acrescentou.

4 Out 2018

Economia | Diálogo com EUA pode avançar na reunião do G-20

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]assessor económico da Casa Branca, Lawrence Kudlow, disse esta terça-feira que as negociações comerciais entre os EUA e a China poderão ser retomadas quando os decisores das políticas económicas se reunirem em Buenos Aires em Dezembro para a reunião do G-20.

Kudlow, director do Conselho Económico Nacional, disse numa conferência da indústria de valores imobiliários em Washington que não existe nenhum plano formal para retomar as negociações, mas que as autoridades americanas estão prontas para negociar enquanto as conversas forem sérias.

“A grande esperança aqui é que a China se sente à mesa e comece a jogar de acordo com as regras”, disse, acrescentando que até agora as conversações “têm sido insatisfatórias do nosso ponto de vista”.

A China cancelou negociações comerciais com os EUA que estavam agendadas para o fim de Setembro, após uma recente escalada nas tensões comerciais. No mês passado, o presidente americano, Donald Trump, anunciou novas tarifas sobre 200 mil milhões de dólares em importações chinesas, levando Pequim a retaliar com taxas sobre 60 mil milhões em produtos americanos. Trump prometeu aumentar ainda mais a pressão sobre a China, cobrando tarifas de mais 257 mil milhões de dólares em produtos chineses. Kudlow disse que as autoridades dos EUA continuam preocupadas com uma série de barreiras comerciais na China, incluindo tarifas, exigências de propriedade conjunta para empresas americanas e “o roubo de propriedade intelectual”.

Sobre o recém-anunciado acordo comercial entre os EUA, o Canadá e o México, Kudlow disse que o acordo permitirá que os três países apresentem uma “frente única” contra práticas comerciais desleais.

4 Out 2018

Evasão fiscal | Vedeta do cinema chinês multada em 110 milhões de euros

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]estrela do cinema chinês Fan Bingbing, desaparecida há vários meses, foi condenada a pagar o equivalente a mais de 110 milhões de euros por evasão fiscal, anunciaram ontem as autoridades fiscais do país.

De acordo com a agência de notícias Xinhua, a actriz de 36 anos começou a ser investigada pelas autoridades em Junho, depois de ter sido acusada nas redes sociais de evasão fiscal por meio de fraudes contratuais.

Desde então, a actriz mais bem paga da China, segundo a revista Forbes, desapareceu do radar do público e das redes sociais, onde era conhecida pela sua participação activa.

Para evitar uma acção judicial, a actriz, juntamente com as empresas que gere, deverá devolver à administração tributária chinesa um total de 883 milhões de yuans em impostos e multas.

As autoridades tributárias disseram que, durante a investigação, o agente de Fan, de sobrenome Mou, obstruiu o processo ao exortar funcionários a esconderem e a destruírem materiais contabilísticos das empresas.

Manobras de Maio

Os problemas de Fan Bingbing começaram em Maio, quando um ex-apresentador chinês publicou na internet documentos que provavam as alegadas evasões fiscais da actriz.

De acordo com os documentos, a actriz terá recebido oficialmente 10 milhões de yuans por quatro dias de trabalho e 50 milhões de yuans não declarados.

O caso revelou um suposto sistema de “contratos duplos”: um destinado a ser apresentado ao fisco, com um valor baixo, e outro escondido, com o valor real auferido.

As autoridades chinesas estenderam entretanto as investigações a toda a indústria do entretenimento.

Segundo a revista Forbes, Fan Bingbing foi a celebridade chinesa mais bem paga em 2007, com receitas de 300 milhões de yuans.

Fan Bingbing é uma das actrizes de cinema e televisão chinesas mais conhecida, tendo desempenhado o papel de super-heroína no filme de Hollywood “X Men: Dias de um Futuro Esquecido”.

4 Out 2018