Moeda | Apresentado sistema da pataca digital

Foi ontem apresentado o sistema da pataca digital, a e-MOP, bem como o protótipo da moeda no formato digital. A cerimónia decorreu no edifício do Fórum Macau e contou com a presença do secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, que referiu que este sistema vai “servir de alicerce importante para o desenvolvimento da moeda digital de Macau no futuro”.

Além disso, foi lançado o Livro Branco da e-MOP, que determina todas as regras e directrizes da moeda digital. Lei Wai Nong declarou que “o desenvolvimento da moeda digital de Macau visa garantir uma melhor articulação com a comunidade internacional, uma meta que trará mais-valias impactantes no desenvolvimento económico, financeiro e mesmo social de Macau”, além de “melhorar a eficiência dos pagamentos no território”.

O desenvolvimento da e-MOP teve o apoio do Banco Popular da China, sendo esta uma moeda digital legal, conhecida também como Moeda Digital do Banco Central (CBDC) a nível internacional. A e-MOP terá o mesmo estatuto jurídico que a pataca no formato físico.

13 Dez 2024

Novo livro relata perfil de Manuel Teixeira Gomes como homem de negócios

“Manuel Teixeira Gomes – A Arte de Negociar”, livro do investigador Gonçalo Couceiro, que revela documentos inéditos, destaca as facetas de homem de negócios e de agente de seguros do escritor Manuel Teixeira Gomes (1860-1941), sétimo Presidente da República portuguesa.

“A detalhada e profunda investigação de Gonçalo Couceiro revela pela primeira vez a atividade [de Manuel Teixeira Gomes] de agente da Companhia de Seguros Fidelidade em Portimão”, escreve no prefácio a jornalista Helena Garrido, destacando que a investigação permite “compreender melhor a sua actividade e experiência de empresário exportador”.

No livro “Manuel Teixeira Gomes – A Arte de Negociar”, Couceiro relata o último negócio fechado em território nacional, quando viajava no cargueiro Zeus a caminho da Argélia onde residiu exilado, em Bougie, actual Béjaïa, até morrer.

O navio atracou no porto de Setúbal, cidade onde se jogou uma partida de futebol entre o Vitória local e o Portimonense, e onde Teixeira Gomes recebeu o seu amigo de infância António do Alvo que, tratando-o por ‘Manelinho’, lhe propôs um negócio, de imediato fechado.

“Pela primeira vez, encontrámos documentos que bem atestam o modo de agir de um empresário moderno, muito atento à prevenção de risco e à montagem das operações comerciais e logísticas, em terra ou no mar, que envolviam a sua actividade”, salienta Gonçalo Couceiro.

Até 1904, em nome do pai, José Libânio Gomes, Manuel Teixeira Gomes garantia o expediente, contabilidade e actividade seguradora da então Vila Nova de Portimão, mas “o próprio Teixeira Gomes foi também, por alguns meses, o agente da Companhia de Seguros Fidelidade”, realça Couceiro referindo que este facto é “ignorado e omisso nas suas biografias”.

Manuel Teixeira Gomes foi negociante e exportador de frutos secos, em particular para o norte da Europa.
Quando o escritor se viu obrigado a deixar os negócios, redigiu uma carta ao irmão José. Nesse documento, Manuel Teixeira Gomes revela-se “um homem prático, um gestor que […] domina a escrituração contabilística e financeira e estabelece um ‘manual’ para uso interno”.

Papéis queimados

Realça ainda Gonçalo Couceiro, que os papéis de Teixeira Gomes em Portimão, como o escritor disse ao jornalista Norberto Lopes, autor de “O Exilado de Bougie”, foram queimados, por ordem sua.

“De 1911 para trás, isto é, antes da minha partida para Londres [onde foi embaixador de Portugal], não tenho passado. E olhe que não me arrependo de ter mandado queimar essa papelada velha”, disse a Norberto Lopes, cita Couceiro.

Os documentos sobre a sua actividade como agente de seguros estão, todavia, preservados no arquivo da respectiva companhia, e merecerá um tratamento futuro, “até estatístico/comercial”, mais detalhado, alvitra Gonçalo Couceiro que considera não ter sido dado “justificado relevo à sua actividade comercial” em obras sobre o autor de “Agosto Azul” e “Sabina Freire”.

Para o autor esta omissão deve-se por se considerar a faceta comercial pouco relevante, “em vista da espantosa produção literária ou do desempenho notável que teve na vida pública”.

Foi a sua actividade comercial, com sede em Portimão e um escritório em Antuérpia que “lhe deu independência económica, liberdade pessoal e lhe possibilitou ser coleccionador que reuniu perto de um milhar de obras de arte que hoje se encontram nos museus portugueses”.

Gonçalo Couceiro afirma-se “convicto” de que foi a sua condição de homem de negócios que “lhe permitiu uma vida ‘romanesca’, livre e criadora”.

A obra publica alguma documentação, nomeadamente na área de seguros e alguma correspondência o que permite uma aproximação “à forma como eram feitos os negócios da sua casa comercial e sobretudo na transição operada” após a morte do pai do escritor, em 1905.

12 Dez 2024

Coreia do Sul | Quando a lei marcial apanhou de surpresa três portugueses a viver em Seul

Reportagem de Catarina Domingues, enviada da agência Lusa

Sophie, Maria João e Miguel foram apanhados de surpresa quando, há uma semana, o Presidente sul-coreano declarou lei marcial. Impedidos por lei de participarem em atividades políticas, observam de longe os protestos e simpatizam com a causa.

Sophie Carvalho juntou no sábado um grupo de amigos em casa para uma festa antecipada de Natal, mas acabaram todos no sofá a olhar para a televisão. Nas ruas de Seul, multidões pediam a destituição do Presidente, Yoon Suk-yeol, que dias antes tinha declarado lei marcial. Na casa de Sophie vivia-se a contestação através do pequeno ecrã.

“É importante acompanhar, só estava uma coreana lá em casa, o resto eram todos estrangeiros, mas para nós é importante”, afirma agora à Lusa a tradutora, de 30 anos, que diz ter recebido um alerta da embaixada portuguesa em Seul para não participar nos protestos.

A lei do controlo de imigração da Coreia do Sul proíbe estrangeiros no país de levarem a cabo atividades políticas.

A viver na Coreia do Sul há uma década, Sophie já tinha reservas em relação a Yoon, devido às políticas do dirigente conservador “em relação aos direitos das mulheres e dos estrangeiros”, mas, admite, estava longe de se imaginar a viver sob lei marcial, ainda que esta tenha durado apenas umas horas.

“Eu nunca imaginei que ia acontecer algo assim, embora achasse que [Yoon Suk-yeol] nunca seria um bom Presidente”, continua.

Yoon sobreviveu, entretanto, a uma moção parlamentar. A destituição do Presidente exigia o apoio de dois terços da Assembleia Nacional, ou seja, 200 dos 300 deputados, mas apenas 195 participaram na votação, sendo que o Partido do Poder Popular (PPP), no poder, boicotou o escrutínio.

Nesse dia, os coreanos foram para as ruas um pouco por todo o país, como, aliás, continua a acontecer diariamente. Em Seul, cerca de um milhão de pessoas ocuparam a vizinhança do parlamento, de acordo com dados da organização. Os números da polícia, mais conservadores, apontam para 150 mil manifestantes.

Sophie queria fazer parte do movimento, mas receia que a participação possa trazer “problemas para o visto”. De longe, assiste a um momento que classifica “de incrível” e chama a atenção para a presença dos bastões luminosos nos protestos.

Utilizados em concertos de música popular coreana (K-pop), estes bastões tornaram-se num símbolo da cultura de protesto sul-coreana em 2016, durante as maciças manifestações contra a ex-Presidente Park Geun-hye.

Também Maria João Amaral tem acompanhado os últimos acontecimentos desde casa, pelo YouTube e pelas notícias.

“Fiquei a saber naquela mesma noite, à hora, pouco depois de ter sido declarada a lei marcial e confesso que me assustei, porque pensei que havia algum problema com a Coreia do Norte”, diz a professora de português na Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros.

A viver há 20 anos em Seul, a docente, de 64 anos, olha para a resiliência e mobilização em massa dos sul-coreanos “de maneira muito positiva”. Em conversa com a Lusa lembra o passado ditatorial do país e de como os sul-coreanos ergueram uma democracia. E recua ao tal momento em que Park Geun-hye caiu.

“Houve protestos durante meses, vigílias, e penso que também foi no inverno. Mas agora também achei que os militares [durante a lei marcial] não estavam interessados em fazer mal às pessoas, porque as pessoas afrontaram-nos e não houve tiros”, diz.

Sondagens têm sugerido que a maioria dos sul-coreanos quer a destituição de Yoon. Uma investigação da Realmeter indicou, no início dos protestos, que sete em cada dez sul-coreanos apoia a suspensão do exercício do poder do Presidente.

Também Miguel Morais, de 20 anos, aponta o caráter pacífico do país. Daí que não tenha sentido medo. Admite, porém, ter “ficado chocado” com a declaração da lei marcial e ainda “mais impressionado por se ter resolvido” em poucas horas.

O jovem, que trabalha numa organização de intercâmbio de línguas e tem feito trabalhos como ator em publicidade, chegou ao país há apenas nove meses. Reconhece que os sul-coreanos estão “cem por cento, mesmo” na luta: “Existe um sentimento coletivo coreano que se vê em pequenas coisas (…) e há aquele sentimento da união do povo, e se alguém quebrar isso, juntam-se na luta”, considera.

Apesar de “ter imensos amigos” nos protestos antigovernamentais, Miguel faz eco do que Sophie e Maria João disseram à Lusa. “Não fui aos protestos porque fomos claramente avisados que podia haver consequências legais para estrangeiros presentes”, disse o jovem portuense.

12 Dez 2024

Futebol | Antigos dirigentes condenados a penas de prisão por corrupção

Um tribunal da China condenou ontem dois antigos dirigentes da Associação Chinesa de Futebol (CFA) a penas de prisão por corrupção, no contexto de uma grande campanha anticorrupção na modalidade.

Liu Yi, antigo secretário-geral da CFA, foi condenado a 11 anos de prisão e multado em 3,6 milhões de yuan por “aceitar subornos”, informou um tribunal da província de Hubei, no centro da China. Um outro tribunal de Hubei anunciou igualmente que Tan Hai, antigo chefe do gabinete de gestão de árbitros da CFA, foi condenado a seis anos e meio de prisão e multado em 200 mil yuan.

“Os bens que obteve vão ser confiscados em conformidade com a lei e entregues ao tesouro público”, declarou a justiça. Numa outra decisão judicial, na terça-feira, Qi Jun, antigo director de planeamento estratégico da CFA, foi condenado a sete anos de prisão e multado em 600 mil yuan por corrupção.

Após ascender ao poder, em 2013, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou uma ampla campanha contra a corrupção. No final de 2022, as autoridades começaram a visar altos funcionários do futebol.

Xi Jinping, que se descreve como um adepto do futebol, quer que a China organize e ganhe um dia o Campeonato do Mundo. Mas ainda há um longo caminho a percorrer: a equipa chinesa está classificada em 90.º lugar no ranking mundial da FIFA, o organismo que rege o futebol, logo acima da ilha caribenha de Curaçao.

12 Dez 2024

Parlamento da Coreia do Sul vota no sábado segunda moção de destituição de Yoon

A oposição da Coreia do Sul agendou para sábado a votação no parlamento de uma segunda moção de destituição contra o Presidente Yoon Suk–yeol, disse ontem um porta-voz do Partido Democrático. A votação na Assembleia Nacional está marcada “para 14 de Dezembro às 17:00”, disse à agência de notícias France–Presse Jo Seung-lae, deputado do Partido Democrático.

Ontem de manhã, uma unidade especial de investigação da polícia da Coreia do Sul disse ter efectuado buscas na sede da polícia e no gabinete do Presidente.

“A equipa especial de investigação realizou uma busca no gabinete presidencial, na agência de polícia [sul-coreana], na agência de polícia metropolitana de Seul e no Departamento de Segurança da Assembleia Nacional”, uma semana depois de Yoon Suk-yeol ter imposto a lei marcial no país, disse a unidade às agências de notícias.

As buscas foram anunciadas horas depois dos dois principais chefes da polícia terem sido detidos pelo papel na breve imposição da lei marcial na semana passada.

As forças de segurança sul-coreanas disseram que o comissário-geral da agência de polícia sul-coreana, Cho Ji-ho, e o chefe da agência de polícia metropolitana de Seul, Kim Bong-sik, estavam detidos na esquadra de Namdaemun, na capital.

Os dois dirigentes policiais estão a ser investigados pelo papel no envio de forças policiais para a Assembleia Nacional, numa tentativa de impedir os deputados de entrar no parlamento para suspender a lei marcial, anunciada abruptamente na noite de 03 de Dezembro.

Outro golpe

No sábado passado, o conservador Yoon escapou por pouco a uma primeira tentativa. O Partido Popular do Povo (PPP), no poder, boicotou e invalidou a votação por falta de quórum. Mais tarde, o partido disse que, em troca do bloqueio da moção, tinha obtido a promessa de que Yoon se ia retirar para deixar a governação ao PPP e ao primeiro-ministro.

A oposição acusou o PPP de um “segundo golpe” de Estado. O Gabinete de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários, conhecido como CIO, indicou ontem que vai solicitar a detenção e prisão de Yoon assim que estiverem reunidas as condições necessárias. “Estamos a conduzir uma investigação completa e vamos analisar a questão da prisão”, disse o presidente do CIO, Oh Dong-woon.

12 Dez 2024

Pequim com 76% das vendas mundiais de carros eléctricos

As vendas de carros eléctricos continuam a crescer no mercado interno, enquanto as exportações sofrem com as taxas impostas pela Europa e pelos Estados Unidos

 

A quota da China no mercado mundial de veículos eléctricos atingiu 76 por cento, em Outubro, segundo dados do sector, reflectindo a forte procura no país, numa altura em que as exportações enfrentam taxas alfandegárias punitivas na Europa e Estados Unidos.

Entre Janeiro e Outubro, as vendas de veículos eléctricos a nível mundial atingiram 14,1 milhões de unidades, de acordo com a Associação de Automóveis de Passageiros da China. Quase 70 por cento dessas vendas foram realizadas na China, o maior mercado do mundo para carros eléctricos.

Em Outubro, a quota da China fixou-se em 76 por cento. Os números sugerem que a China está no bom caminho para aumentar a sua quota no mercado global de veículos eléctricos este ano. Em 2023, cerca de 60 por cento dos novos registos de carros eléctricos foram efectuados na China, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

A grande maioria das vendas mundiais de veículos eléctricos ocorre na China, na União Europeia e nos Estados Unidos, com a China a dominar o mercado. Mas as taxas alfandegárias impostas pelos mercados ocidentais nos últimos anos ameaçaram travar a rápida expansão da indústria chinesa.

Os veículos eléctricos chineses estão praticamente impedidos de entrar no mercado dos EUA. Este ano, o Presidente norte-americano, Joe Biden, aumentou a taxa sobre os automóveis eléctricos chineses de 25 por cento para 100 por cento. O presidente eleito, Donald Trump, prometeu impor uma taxa adicional de 10 por cento sobre todas as importações provenientes da China, logo após a tomada de posse. A UE também decidiu impor taxas sobre os veículos eléctricos chineses até 35 por cento, para além das taxas existentes de 10 por cento, uma decisão que foi condenada pela China.

Produto irresistível

Embora os mercados ocidentais estejam a tornar-se cada vez mais difíceis de penetrar para as empresas chinesas, a forte procura e o apoio aos veículos eléctricos no país asiático têm continuado. Recentemente, a China duplicou o subsídio disponível para os compradores de automóveis eléctricos, passando a dar 20.000 yuan para quem trocar os seus automóveis convencionais, isto além das isenções fiscais.

As vendas de automóveis da China para a Rússia também continuaram a aumentar. Os dados partilhados por Cui Dongshu, o secretário-geral da Associação de Automóveis de Passageiros da China, mostraram que as exportações para a Rússia aumentaram 109 por cento nos últimos dois anos, enquanto as exportações para os EUA caíram 23 por cento, no mesmo período.

Os EUA e a União Europeia proibiram a exportação de automóveis para a Rússia após a invasão da Ucrânia em Fevereiro de 2022.

12 Dez 2024

Rússia | Medvedev em Pequim para conversações de alto nível

O vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, chegou ontem a Pequim para uma visita de dois dias, durante a qual deve manter conversações com dirigentes chineses, informou o ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático.

De acordo com a porta-voz da diplomacia chinesa Mao Ning, a visita faz parte de “importantes intercâmbios de alto nível” entre a China e a Rússia.

A viagem de Medvedev segue-se à visita, em Outubro, do ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, que foi recebido pelo vice-presidente do órgão militar máximo da China, Zhang Youxia. Zhang disse então que as relações bilaterais encontram-se no “nível mais alto da história”.

O general chinês manifestou a disponibilidade da China para continuar a trabalhar com a Rússia no sentido de desenvolver continuamente uma “amizade de boa vizinhança a longo prazo”, bem como uma “elevada confiança estratégica” e uma “cooperação mutuamente benéfica”.

Belousov elogiou a “amizade histórica” entre a Rússia e a China e manifestou a sua disponibilidade para reforçar a cooperação e aproveitar as oportunidades para expandir a parceria estratégica em vários domínios.

Em Setembro e Novembro, Pequim e Moscovo realizaram uma série de exercícios navais conjuntos no mar do Japão, que, segundo os analistas, reflectem a estreita cooperação militar entre os dois países, que atingiu novos níveis nos últimos anos.

A visita de Medvedev surge numa altura em que o Ocidente acusa a China de apoiar com armas a campanha militar russa na Ucrânia, algo que Pequim tem negado repetidamente. Surge também na sequência da queda na Síria do regime do deposto Bashar al-Assad, um aliado de Moscovo e de Pequim.

A China defendeu que “o futuro da Síria deve ser decidido pelos sírios” e manifestou a esperança de que “todas as partes envolvidas possam encontrar uma solução política para resolver a crise o mais rapidamente possível”.

12 Dez 2024

Stellantis e chinesa CATL vão produzir baterias para carros eléctricos em Espanha

O fabricante automóvel Stellantis e a empresa chinesa de baterias para veículos elétricos CATL anunciaram ontem um investimento de 4.100 milhões de euros para criar uma fábrica de baterias em Espanha que começará a produzir em 2026.

A produção de baterias de lítio–ferro-fosfato (LFP) para carros será instalada na actual fábrica da Stellantis em Saragoça, no nordeste de Espanha, disseram as duas empresas num comunicado.

O início da produção está previsto para o final de 2026, podendo atingir uma capacidade de 50 GWh (gigawatts por hora), “dependendo da evolução do mercado da electricidade na Europa e do apoio contínuo das autoridades espanholas e da União Europeia”, lê-se no mesmo comunicado.

“Concebida para ser totalmente neutra em termos de carbono, a fábrica de baterias será implementada em várias fases e planos de investimento”, segundo a multinacional Stellantis e a CATL, que deterão a nova empresa em partes iguais.

As duas empresas assinaram em Novembro de 2023 um acordo estratégico para o fornecimento local de células e módulos de baterias LFP para a produção de veículos eléctricos na Europa e estabeleceram “uma colaboração a longo prazo”. Espanha é actualmente o segundo maior produtor de carros europeu, a seguir à Alemanha, tendo sido montados no país no ano passado 1,87 milhões de automóveis.

A Stellantis é um dos maiores fabricantes de automóveis do mundo e tem no portefólio marcas como Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS Automobiles, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, Ram, Vauxhall, Free2move e Leasys.

O grupo tem uma fábrica em Portugal, em Mangualde, no distrito de Viseu, onde em Outubro começou a produzir carros eléctricos em série, nas versões de passageiros e comerciais ligeiros, destinados aos mercados doméstico e de exportação.

Já a CATL, fundada em 2011 na China, produz mais de um terço das baterias para veículos eléctricos vendidas em todo o mundo e que são usadas em marcas como Mercedes-Benz, BMW, Volkswagen, Toyota, Honda e Hyundai.

A CATL está actualmente a construir a sua segunda fábrica europeia na Hungria, depois de arrancar com a primeira na Alemanha em Janeiro de 2023.

Com frutos

O presidente da Stellantis, John Eljann, citado no comunicado de ontem, destacou o compromisso da empresa “com um futuro descarbonizado e com tecnologias avançadas de baterias” e assegurou que a colaboração com a CATL é um impulso à sua capacidade “para produzir veículos competitivos”.

O presidente executivo da CATL, Robin Zeng, afirmou por seu turno que este investimento em Saragoça eleva a colaboração com a Stellantis “a novos níveis”. O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, que recebeu Robin Zeng na segunda-feira em Madrid, na sede do Governo, disse ontem estar “muito satisfeito” com o anúncio deste investimento em Saragoça e agradeceu aos presidentes das duas empresas.

“A colaboração público-privada vê-se em acordos como o que foi selado hoje”, acrescentou ontem Sánchez, numa publicação na rede social X.

Segundo o ministro da Indústria de Espanha, Jordi Hereu, o Governo espanhol tem mantido conversações e negociações com a Stellantis nos últimos dois anos e a empresa recebeu “uma soma de ajuda pública”, que considerou tão importante como o acordo conjunto anunciado ontem pelos dois fabricantes.

Para Jordi Hereu, que falava numa conferência de imprensa em Madrid, o investimento anunciado pela Stellantis e pela CATL é “um grande sinal da aposta da indústria automóvel em Espanha”, num momento de transição energética e descarbonização da economia europeia.

12 Dez 2024

PCC | Xi Jinping apela ao uso do mandarim nas zonas fronteiriças

O Presidente chinês considera a língua como um dos pilares essenciais para manter a estabilidade no país

 

O Presidente da China, Xi Jinping, apelou à generalização do uso do chinês mandarim nas regiões fronteiriças do país, visando a “manutenção da segurança nacional” e da “estabilidade social”, avançou ontem a imprensa estatal.

Durante uma sessão de estudo do Politburo do Partido Comunista Chinês, na terça-feira, a cúpula do poder na China, Xi disse que manter a segurança e a estabilidade é o “requisito básico” para a governação das fronteiras, de acordo com a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

O líder chinês disse que devem ser feitos esforços para melhorar a governação social, as infra-estruturas e “a capacidade geral de defender o país e salvaguardar as fronteiras”.

Xi afirmou ainda que é necessário orientar todos os grupos étnicos das regiões fronteiriças para que “reforcem continuamente o seu reconhecimento da nação e da cultura chinesa e do Partido Comunista”. A utilização da língua chinesa comum, o mandarim, deve ser promovida nessas regiões e os manuais escolares unificados a nível nacional, apontou.

“Devemos continuar a aprofundar os esforços em matéria de unidade étnica e progresso, construir activamente uma estrutura social integrada e um ambiente comunitário e promover a unidade de todos os grupos étnicos – como sementes de romã firmemente unidas”, afirmou.

Xi renovou estes apelos durante uma sessão de estudo do Politburo sobre a história da governação das fronteiras chinesas. A cúpula do poder na China realiza regularmente este tipo de sessões, sendo a discussão geralmente conduzida por um académico – esta foi conduzida por Li Guoqiang, vice-presidente da Academia Chinesa de História.

As zonas fronteiriças da China estendem-se por cinco províncias – Yunnan, Gansu e Jilin, Liaoning e Heilongjiang – e por quatro regiões autónomas – Tibete e Xinjiang, Mongólia Interior e Guangxi. As tensões étnicas nessas regiões autónomas, especialmente em Xinjiang e no Tibete, têm sido historicamente um desafio para Pequim.

Desenvolvimento regional

Em Agosto, as autoridades de Xinjiang prometeram fazer da estabilidade e da segurança a sua principal prioridade e transformar a região numa “barreira estratégica” contra riscos geopolíticos. Xinjiang faz fronteira com o Afeganistão, o Cazaquistão, o Tajiquistão e o Quirguizistão.

Nos últimos anos, as autoridades também intensificaram os esforços para promover o ensino do mandarim, no âmbito de um esforço nacional para assimilar membros das minorias étnicas à cultura dominante dos Han, a etnia predominante da China.

“O desenvolvimento das zonas fronteiriças deve ser integrado na estratégia global de modernização ao estilo chinês, nas estratégias regionais de desenvolvimento coordenado e nas principais estratégias regionais”, afirmou Xi, de acordo com a Xinhua.

O líder chinês também apelou aos esforços para apoiar as zonas fronteiriças a aproveitar os seus recursos e vantagens para alcançar o desenvolvimento. Xi pediu ainda a uma maior investigação multidisciplinar sobre a história e a governação das fronteiras e à aceleração dos esforços para criar um “sistema de conhecimento” chinês sobre estudos fronteiriços.

12 Dez 2024

RAEM, 25 anos | Lançada canção “Herança e Origem”

Foi ontem lançada a canção temática em celebração do 25.º aniversário do estabelecimento da RAEM, intitulada “Herança e Origem”. Esta música foi produzida pela Associação de Indústria de Música de Macau, com composição de Pun Kuan Pou e letra de Rico Long.

A interpretação ficou a cargo de vários cantores e bandas de Macau, incluindo Sean Pang, Ken Sou, Rico Long, KC Ao Ieong, Iron Ian, Winifai, Elisa Chan, Kylamary Ma, ALL IN e SCAMPER.

A canção, produzida com o apoio do Governo, combina “melodias chinesas com as características de Macau, sublinhando a unidade e a coesão da nação chinesa”, descreve-se num comunicado. A canção já pode ser ouvida nas plataformas digitais.

12 Dez 2024

Imobiliário | Primo de Edmund Ho vendeu imóveis no valor de 52 milhões

Ho Hau Wong, primo do primeiro Chefe do Executivo da RAEM, Edmund Ho, vendeu cinco casas este ano pelo valor de 52,7 milhões de dólares de Hong Kong. Segundo o jornal “am730”, de Hong Kong, fundado por Shih Wing Ching, conhecida figura do ramo imobiliário, a última transacção de imóveis de Ho Hau Wong foi uma casa em Harbour Place, na zona de Kowloon, pelo preço de 5,5 milhões de dólares de Hong Kong. Este imóvel, quando adquirido pelo primo de Edmund Ho em 2014, custou 6,3 milhões de dólares de Hong Kong, o que representa uma perda de 13 por cento no valor da casa.

Porém, nas restantes transacções feitas, Ho Hau Wong conseguiu vender um imóvel em Novembro por 28,2 milhões de dólares de Hong Kong e duas casas por 13,1 milhões de dólares de Hong Kong em Outubro, pelo que apenas um negócio resultou em perdas para o proprietário.

Esta notícia surge no contexto de um cenário de crise económica em que os mais ricos de Hong Kong vendem o património com algum prejuízo, a fim de cobrir o aumento das taxas de juro e “stress macroeconómico”. Segundo a Business Insider, algumas propriedades de luxo foram vendidas na primeira metade do ano por até 50 por cento face ao pico dos preços de 2018, declarou Jack Tong, director de pesquisa de Hong Kong da imobiliária Savills.

12 Dez 2024

Burla | Dois jovens perdem 190 mil patacas

Dois residentes locais jovens perderam um total de 190 mil patacas em casos de burla. Segundo o jornal Ou Mun, um dos casos ocorreu a 30 de Novembro, quando um jovem recebeu uma chamada do burlão dizendo ser da polícia de Xangai. O falso agente disse que o jovem estava envolvido num caso de branqueamento de capitais no Interior da China, exigindo-lhe dados pessoais para prosseguir a investigação.

O jovem acabou por ceder os dados da conta bancária, percebendo depois que lhe tinham retirado da conta 42 mil dólares de Hong Kong, o que o levou a denunciar o caso. Outro jovem local, estudante no Interior da China, foi vítima de uma burla semelhante, tendo denunciado o caso às autoridades de Macau esta segunda-feira.

Burlões fazem-se passam por autoridades

A Polícia Judiciária (PJ) indicou ontem ter recebido denúncias de várias pessoas que relataram que os seus filhos, que estão a estudar fora de Macau, lhes pediram grandes somas de dinheiro. Segundo as autoridades, o dinheiro serviria para mostrar um “comprovativo de um depósito avultado” para conseguirem visto para estudar no país.

Sem perceberem bem a situação, os pais transferiram o dinheiro para os filhos, que, por sua vez, enviaram a quantia aos burlões. Nestes esquemas, os burlões telefonam às vítimas que estão no estrangeiro, fingindo ser agentes da Polícia da China continental. Depois de adquirirem o nome e número de documento de identidade das vítimas, estas são acusadas de envolvimento em crimes, é-lhes exigido que participem numa “investigação por vídeo” e que transfiram dinheiro para as supostas autoridades “com o pretexto de uma revisão de fundos”, indica a PJ.

12 Dez 2024

AAM | Vong Hin Fai reeleito como presidente

A Associação de Advogados de Macau (AAM) relegeu Vong Hin Fai para um segundo mandato à frente da associação (2025-2026), segundo um comunicado divulgado ontem pela própria associação.

Vong Hin Fai, de 67 anos, foi eleito presidente da direcção da AAM, pela primeira vez, há dois anos, sucedendo a Jorge Neto Valente, que liderou a associação de advogados da cidade durante 23 anos, primeiro entre 1996 e 1999 e depois de 2002 a 2022.

Além de advogado em Macau, onde se iniciou em 1996, Vong Hin Fai é deputado à Assembleia Legislativa desde 2009, assim como membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Mantêm-se também nas mesmas funções os advogados macaenses Oriana Inácio Pun, como secretária-geral, e Leonel Alves, como presidente da mesa da assembleia-geral. O conselho fiscal será presidido por Paulino Comandante. A eleição dos órgãos da Associação dos Advogados de Macau decorreu na passada terça-feira.

12 Dez 2024

ATFPM | Coutinho reúne com Montenegro

José Pereira Coutinho, na qualidade de presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), foi recebido esta terça-feira pelo primeiro-ministro português, Luís Montenegro, a fim de discutir “vários assuntos relacionados com Macau”, nomeadamente “a importância do ensino da língua portuguesa e sua divulgação” ou ainda a “importância de diversas associações de língua portuguesa, os assuntos consulares e incremento das relações económicas e comerciais entre Portugal e China”.

Com Vasco Costa, da Caixa Geral de Aposentações (CGA), Coutinho debateu “diversos assuntos relacionados com aposentados e pensionistas da CGA” que residem em Macau. Foram ainda expostos por Pereira Coutinho “dezenas de casos concretos relativos à retenção de IRS, cujo somatório ascende a cerca de dez mil euros”.

12 Dez 2024

Ponte HZM | Check-point e inspecções a veículos até dia 22

As autoridades policiais e alfandegárias de Zhuhai emitiram ontem um alerta a indicar que amanhã, a partir das 08h, será instalado um posto de segurança, ou check-point, junto à ilha artificial leste da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, perto de Hong Kong. A medida de segurança será imposta até à meia-noite do dia 22 de Dezembro.

Como tal, os veículos que vão circular na ponte serão sujeitos a inspecção de segurança. As autoridades do Interior da China advertem que a recusa em ser inspeccionado ou a ocultação intencional de artigos proibidos terá consequências legais.

Foi ainda pedida atenção aos condutores e solicitado que reduzam a velocidade à medida que se aproximem dos pontos de segurança. A sinalização na ponte também será adaptada.

12 Dez 2024

FSS | Mais de 33 mil milhões para protecção social básica

O Fundo de Segurança Social (FSS) atribuiu, desde 2019, 33,3 mil milhões de patacas a beneficiários sujeitos a protecção social básica, nomeadamente idosos ou receptores de pensões por invalidez. Os dados foram divulgados pelo presidente do FSS, Iong Kong Io, no programa Ou Mun Tin Toi do canal chinês da Rádio Macau.

Actualmente, o nível 1 do FSS, relativo à protecção social básica, tem 517 mil beneficiários, sendo 30 por cento pensionistas por reforma ou invalidez. Além disso, 99 por cento dos beneficiários tem condições financeiras para se sustentar até Outubro, sendo que apenas 1.281 pessoas, relativas ao restante 1 por cento, precisam de pedir apoios ao FSS por estarem em situação de pobreza.

Quanto ao regime de previdência central não obrigatório, que diz respeito ao nível 2 do regime de segurança social para a reforma, há 107 mil participantes. Iong Kong Io declarou que o FSS vai analisar se é necessário alterar o montante das pensões de reforma.

12 Dez 2024

Pequeno comércio de Macau espera pouco retorno nesta quadra

Comerciantes de Macau disseram à Lusa esperar pouco desta época de Natal, tradicionalmente forte, adiantando que o negócio está pior do que no ano passado. No centro histórico de Macau, sempre cheio de turistas, uma sapataria, com 40 anos de actividade no ramo, está praticamente vazia e os poucos clientes que entram na loja limitam-se a olhar.

“Estou pessimista em relação às férias [do Natal] e não estou à espera de ganhar dinheiro” nesta época, disse à Lusa Liu Iok Leng, da Fu Tian. Apesar das promoções, o negócio continua mau e “pior do que no ano passado. Não importa o feriado, as pessoas não têm dinheiro para consumir e só olham”, acrescentou Liu Iok Leng.

Na mesma rua, a Pedro Nolasco da Silva, algumas dezenas de metros à frente, uma joalharia, a Love Story Silver, queixou-se do mesmo. O cartaz de saldos de Natal está à porta, mas, na loja, só a proprietária, que faz algumas peças.

Kelly Kong afirmou que o negócio está “muito mau”, com uma quebra de 20 por cento em relação ao ano passado: “normalmente, a loja só vende uma ou duas peças por dia”. “As pessoas vêm para viajar, não para fazer compras, mas apenas para fazer turismo. Eu também, quando viajo, limito-me a comer a comida local, não faço compras”, observou.

Mas também os restaurantes sentem a crise, como disse o proprietário do Tomato, a funcionar há 20 anos, numa zona a caminho das Ruínas de São Paulo. “Em comparação com o ano passado, o negócio desceu 30 a 40 por cento, mas 2023 foi bom, muita gente vinha ao restaurante”, afirmou Oscar Cheong.

Agora, “vê-se que lá fora há muita gente, mas muito pouca entra e quem entra gasta menos”, sublinhou o dono do restaurante que afirma vender comida macaense. “O nosso restaurante não é caro, 70 patacas a 100 patacas [entre oito e 12 euros] por pessoa. Teoricamente, o consumo em geral é baixo. Até os restaurantes mais caros veem o negócio deles a cair ainda mais”, acrescentou.

Pouco consumo

Oscar Cheong disse ainda que “a maioria dos turistas vem da China. A própria actividade interna da China não é boa. Quando os turistas vêm a Macau, gastam menos”.

“Este mês de Dezembro deve ser pior. Antes, os habitantes de Hong Kong eram um mercado importante para Macau em Dezembro. Agora, os habitantes de Hong Kong deslocam-se à China continental e ao estrangeiro. E o consumo em Hong Kong também não é bom, pelo que o impacto em Macau é maior”, considerou.

As estatísticas confirmam o impacto. O volume de vendas dos retalhistas em setembro deste ano caiu 20,7 por cento em relação ao ano anterior, de acordo com os últimos dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Já o director da Federação da Indústria e Comércio de Macau Distritos Centro e Sul, Lei Cheok Kuan, reconheceu a quebra no consumo, mas manifestou optimismo no futuro.

“O negócio deverá ser bom durante as férias de Natal, apesar da alteração do padrão de consumo, haverá pessoas suficientes para apoiar e preencher lacunas nos negócios”, sublinhou o também empresário.
Lei Cheok Kuan acrescentou que “Macau tem sido classificado como o destino turístico número um na China”. “O Governo tem trabalhado muito para promover a indústria do turismo de Macau, por isso estou muito optimista quanto ao futuro a longo prazo”, avançou.

Em Outubro, Macau recebeu mais de 3,1 milhões de visitantes, uma subida de 13,7 por cento em termos anuais. A entrada de 3.135.358 visitantes no território representa “uma recuperação de 97,7 por cento do número” verificado no mesmo mês de 2019, ainda antes da pandemia da covid-19, disse a DSEC.

11 Dez 2024

Filipinas | População retirada após erupção de vulcão

Cerca de 87 mil pessoas foram ontem retiradas de aldeias no centro das Filipinas, um dia depois de uma curta erupção do vulcão no Monte Kanlaon, que obrigou ao cancelamento de pelo menos sete voos.

Uma erupção de quatro minutos, na segunda-feira, lançou uma coluna de cinzas de quatro quilómetros de altura, enquanto uma mistura de lava quente, gás e rocha vulcânica desceu pela encosta no flanco sudeste do vulcão, disseram as autoridades locais, alertando para o risco de novas erupções.

As cinzas vulcânicas caíram numa ampla área, incluindo a província de Antique, a mais de 200 quilómetros a oeste do vulcão, obscurecendo a visibilidade e representando riscos para a saúde, disse o director do Instituto de Vulcanologia e Sismologia das Filipinas, Teresito Bacolcol.

Pelo menos seis voos domésticos e um voo com destino a Singapura foram cancelados e dois voos locais foram desviados na região na segunda e terça-feira, devido à erupção do Kanlaon, disse a Autoridade de Aviação Civil das Filipinas.

A população estava a ser retirada das povoações mais próximas das encostas oeste e sul de Kanlaon. Em La Castellana, em Negros Occidental, quase 47 mil pessoas tiveram de ser retiradas de uma zona de perigo de seis quilómetros em torno do vulcão, disse a Protecção Civil.

Mais de seis mil pessoas foram transferidas para centros de acolhimento, enquanto outras temporariamente realojadas em casas de familiares em La Castellana durante a manhã de ontem, disse a autarca, Rhumyla Mangilimutan.

Sob controlo

O Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., disse que as autoridades estavam prontas para prestar apoio a um grande número de residentes deslocados e que o secretário do Bem-estar Social voou ontem de manhã para a região afectada.

O Instituto de Vulcanologia e Sismologia das Filipinas estava a analisar a qualidade do ar devido ao risco de contaminação por gases vulcânicos tóxicos que podem exigir a evacuação de mais áreas.

As autoridades também encerraram escolas e impuseram um recolher obrigatório nocturno nas zonas mais vulneráveis. O Monte Kanlaon, localizado na ilha de Negros, a 2.400 metros acima do nível do mar, é um dos 24 vulcões mais activos do arquipélago.

Vídeos publicados nas redes sociais por moradores mostraram uma massa de fumo em forma de couve-flor a sair da cratera. Em Setembro, centenas de residentes da zona foram retirados depois de o Monte Kanlaon ter expelido milhares de toneladas de gás tóxico num dia.

O Kanlaon entrou em erupção mais de 40 vezes desde 1866, de acordo com os registos do Instituto de Vulcanologia. Em 1996, três caminhantes foram mortos por cinzas expelidas pelo vulcão.

Localizadas no chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, uma região de intensa actividade sísmica e vulcânica, as Filipinas são atingidas por cerca de 20 tufões e tempestades por ano e estão entre os países que mais catástrofes naturais registam.

11 Dez 2024

Timor-leste | Ramos-Horta entrega prémio Direitos Humanos a quatro pessoas e uma instituição

Quatro pessoas e uma instituição receberam ontem o prémio de Direitos Humanos Sérgio Vieira de Mello instituído pela Presidência de Timor-Leste, numa cerimónia que decorreu no Palácio Presidencial, em Díli.

O prémio foi entregue a Viquiano Gama da Costa, ao padre Augusto Hermenegildo Nunes, a Hipólito Alves dos Santos, Ezequiel Fernandes de Oliveira e ao Centro de Desenvolvimento Inclusivo.

“Estou contente, sinto-me honrado, mas o prémio significa também mais responsabilidade”, afirmou o premiado Hipólito Alves dos Santos, salientando que se sente mais motivado para continuar a lutar pelos direitos económicos, sociais e culturais em Timor-Leste.

Instituído em 2008 pelo Presidente timorense, José Ramos-Horta, o prémio visa reconhecer a contribuição de cidadãos timorenses ou estrangeiros e organização para a promoção, proteção e defesa dos direitos humanos em Timor-Leste.

“Hoje, homenageamos estes notáveis indivíduos e organização que demonstraram um compromisso inabalável com o avanço dos direitos humanos na nossa nação”, afirmou José Ramos-Horta, prémio Nobel da Paz, na cerimónia, que se realiza anualmente para assinalar o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

“A sua dedicação à promoção e proteção dos direitos civis e políticos encarna o espírito deste prémio e o legado de Sérgio Vieira de Mello”, salientou o Presidente timorense.

O prémio é atribuído na categoria dos direitos civis e políticos e na categoria dos direitos económicos, sociais e culturais. Este ano, os prémios foram todos atribuídos na categoria dos direitos económicos, sociais e culturais. Além de um certificado, os vencedores receberam um prémio monetário no valor de 10.000 dólares.

Viquiano Gama da Costa recebeu o prémio pelo trabalho que faz de reciclagem de plástico, protegendo o ambiente, e Ezequiel de Oliveira pela construção de habitação sustentável através da utilização de blocos feitos à base de areia, que permitem manter as casas frescas, e pela produção agrícola.

O padre Augusto Hermenegildo Nunes e Hipólito Alves dos Santos foram laureados pela criação do ensino técnico vocacional nas suas áreas de residência, respetivamente Oecussi e Hatubiliku (Maubisse), permitindo aos jovens prosseguir os estudos.

O Centro de Desenvolvimento Inclusivo recebeu o prémio devido ao trabalho que desenvolve junto das pessoas com necessidades especiais, incluindo com o ensino de braille a invisuais.

11 Dez 2024

Ex-ministro da Defesa sul-coreano detido formalmente sob acusação de rebelião

Um ex-ministro da Defesa sul-coreano foi formalmente detido hoje por alegada conivência com o Presidente Yoon Suk Yeol e outros na imposição da lei marcial na semana passada, enquanto as autoridades investigam se os seus atos constituem uma rebelião.

O Tribunal Distrital Central de Seul aprovou um mandado de captura contra o antigo ministro da Defesa sul-coreano Kim Yong Hyun, acusado de rebelião e abuso de poder.

A lei marcial, a primeira em mais de 40 anos, durou apenas cerca de seis horas, mas desencadeou uma tempestade interna e grandes protestos de rua. Yoon e os seus associados estão agora a braços com investigações criminais e tentativas de destituição.

O Ministério da Justiça proibiu Yoon e oito outras pessoas de saírem do país, uma vez que as autoridades os consideram suspeitos importantes no caso da lei marcial, sendo a primeira vez que um Presidente em exercício na Coreia do Sul é objeto de uma proibição de viajar.

Kim está detido desde domingo e os procuradores têm até 20 dias para decidir se o acusam ou não. A condenação por rebelião implica uma pena máxima de morte.

O ex-ministro da Defesa foi a primeira pessoa a ser detida no âmbito deste processo, tendo sido acusado de ter recomendado a lei marcial a Yoon e de ter enviado tropas para a Assembleia Nacional para impedir os deputados de a votarem.

Um número suficiente de deputados conseguiu finalmente entrar numa câmara do parlamento e rejeitou por unanimidade o decreto de Yoon, obrigando o Governo a levantá-lo antes do amanhecer de 04 deste mês. Hoje, Kim renunciou a uma audiência no tribunal, destinada a questão da emissão do mandado, dizendo, através do seu advogado, que pedia desculpa por ter causado grande ansiedade e incómodo ao povo.

Os procuradores interrogaram Kim três vezes desde que ele foi detido no domingo, depois de ter comparecido voluntariamente para a investigação. Durante o interrogatório, Kim terá admitido que propôs a lei marcial a Yoon, mas afirmou que as suas ações não eram ilegais nem inconstitucionais.

Com a detenção formal de Kim, espera-se que a investigação do Ministério Público sobre Yoon acelere. Yoon foi registado como suspeito no processo da lei marcial, acusado de insurreição e impedido de viajar para o estrangeiro.

Por lei, o líder de uma alegada insurreição pode ser condenado à pena de morte ou a prisão perpétua. As pessoas que participem na conspiração de uma insurreição ou que se envolvam noutras atividades “essenciais” podem ser punidas com a morte, com prisão perpétua ou com uma pena de prisão de pelo menos cinco anos.

Além do Ministério Público, também o Gabinete de Investigação de Corrupção para Funcionários de Alto Nível e a polícia estão a investigar as circunstâncias em torno da imposição da lei marcial.

O principal partido da oposição da Coreia do Sul classificou a imposição da lei marcial por parte de Yoon como “rebelião inconstitucional e ilegal ou golpe”. O Partido Democrático (PD) apresentou queixas junto da polícia contra pelo menos nove pessoas, incluindo Yoon e o ex-ministro da Defesa.

Embora o Presidente tenha imunidade contra processos judiciais enquanto estiver em funções, tal não se estende a alegações de rebelião ou traição. Também hoje, a oposição criticou o Partido Popular do Povo (PPP), no poder, por se recusar a destituir Yoon.

“Por mais que tentem justificar (…) este é um segundo ato de rebelião e um segundo golpe, ilegal e inconstitucional”, disse Park Chan-dae, líder parlamentar do PD. No sábado, Yoon escapou por pouco a uma primeira moção de destituição, submetida ao Parlamento. O PPP boicotou e invalidou a votação por falta de quórum.

Em comunicado, o PPP afirmou ter obtido, em troca do bloqueio da moção, a promessa de que Yoon se retiraria para deixar a governação do país à sua formação e ao primeiro-ministro. No domingo, o PD anunciou que vai tentar novamente destituir o Presidente a 14 deste mês.

11 Dez 2024

Coreia do Sul | Vozes de jovens femininas estão a ser reconhecidas

A participação das mulheres em protestos na Coreia do Sul faz-se sentir com cada vez maior intensidade. Na mais recente manifestação pela destituição do presidente conservador que decretou a lei marcial, as vozes femininas foram as que mais se fizeram ouvir

 

As mulheres jovens sul-coreanas votam mais à esquerda e estão a emergir como líderes de opinião, incluindo nos últimos dias, quando saíram em força para as ruas a exigir a destituição do Presidente conservador.

Nos protestos, à frente da Assembleia Nacional, ouviam-se sobretudo mulheres a gritar, recorda Jung Hyun-joo. E enquanto ali estava, a professora da Universidade Nacional de Seul não conseguia deixar de pensar em como a voz feminina ocupa um papel cada vez mais central na contestação.

Esta presença, reflecte em entrevista à Lusa, é um fenómeno recente. Mulheres “na casa dos 20 e 30 anos emergiram como um grupo importante de líderes de opinião em todos os aspectos da vida social, incluindo, mas não se limitando, a questões políticas”, disse.

“Nas últimas presidenciais, ficou claro que as mulheres jovens deram um apoio esmagador ao partido progressista [Partido Democrático], em contraste com os pares masculinos, que emergiram como um novo grupo conservador”, exemplifica.

Nessas eleições, em 2022, 58,7 por cento dos homens com idades entre os 18 e os 29 anos escolheram Yoon Suk-yeol, actual Presidente, ficando apenas atrás da faixa etária mais velha (mais de 60 anos).

Já as mulheres com menos de 30 anos foi quem menos apoiou o líder conservador entre todos os grupos analisados – apenas 34 por cento, indicam sondagens à boca das urnas. Kim, de 22 anos, e Na, de 21, são estudantes da área das Humanidades da Universidade de Dankooku, fora de Seul, e têm participado nos protestos.

“Há aqui tantas mulheres porque os homens apoiam o Partido do Poder Popular [PPP]”, diz Kim. “O PPP tem sido durante muito tempo o partido dos mais fortes [homens] e parece que as mulheres, a minoria, levantam mais a voz”, diz Na, que também prefere não ser identificada pelo nome completo.

Na madrugada que antecedeu a votação da moção de destituição de Yoon Suk-yeol – que impôs há uma semana a lei marcial, suspendendo-a poucas horas mais tarde – um grupo de pessoas ficou a guardar os portões da Assembleia Nacional. Estes vigilantes nocturnos, conta Chan Mi, outra manifestante, eram sobretudo jovens mulheres.

“As mulheres coreanas, seja qual for a idade, sempre participaram durante crises nacionais nos protestos tanto quanto os homens – e agora mais do que os homens, penso. Mas os ‘media’ sempre as sub-representaram e a história não lhes deu justo crédito”, analisa.

Despertares

Mas a especialista Jung Hyun-joo, ligada aos estudos de género, considera que houve um momento recente que levou ao “despertar político” das mulheres mais novas: um femicídio, em 2016, numa casa banho pública de um bar de karaoke em Seul. Kim Seong-min, um homem de 34 anos, esfaqueou até à morte uma mulher que não conhecia.

As adolescentes, grupo mais afectado pelo evento “são agora jovens adultas”, nota Jung.

“Estimuladas pelo rápido desenvolvimento da Coreia e com um elevado nível de formação, mas confrontadas com antigas tradições patriarcais que ainda existem em muitos setores da sociedade coreana, as jovens mulheres na casa dos 20 e 30 anos têm uma energia e uma sensibilidade política diferente das gerações mais velhas e dos pares masculinos”, contextualiza.

Outro episódio ocasionou este afastamento político entre homens e mulheres mais novos, sugere Kim Hun-joon, cientista político da Universidade da Coreia. Como parte da estratégia da campanha, em 2022, Yoon anunciou, “um dia, do nada”, a intenção de abolir o Ministério da Igualdade de Género e Família.

“Foi uma estratégia polarizadora, ele queria o apoio dos jovens homens eleitores e então tornou isto num assunto fundamental”, recorda.

A luta antifeminista tem vindo a conquistar espaço com o actual Presidente. Kim, investigador na área dos Direitos Humanos, considera que os jovens conservadores sentem que “têm tido um tratamento social e noutras áreas desigual em relação às mulheres”.

Rhee Jane, de 22 anos, activa nos recentes protestos, defende que as mulheres mais novas são quem mais tem saído à rua. Antes “não lhes prestavam muita atenção”, mas neste movimento pró-destituição, “têm sido reconhecidas, as pessoas estão a ouvi-las”, diz a estudante de Antropologia.

Já Chan Mi lembra outros tempos para explicar a mobilização feminina. “Sabemos que as mulheres, especialmente as jovens, são sempre o grupo mais vulnerável quando o país se torna instável. Tendo em conta a história da Coreia, as mulheres são as primeiras a serem despedidas quando há um abalo na economia”, refere.

A jovem de 30 anos diz ainda que a população feminina é também o “primeiro alvo do crime quando a segurança é ameaçada”. “A liberdade das mulheres é a primeira a ser oprimida em tempo de ditadura. É por isso que as mulheres agem”, sublinha.

Reportagem de Catarina Domingues, Lusa

11 Dez 2024

Nvidia | Investigada empresa norte-americana por alegada violação das leis anti-monopólio

A Administração Estatal para a Regulação do Mercado da China anunciou na segunda-feira uma investigação contra o gigante norte-americano dos semicondutores Nvidia, por “suspeitas de violação da lei anti-monopólio” do país asiático.

A investigação examinará as recentes práticas comerciais da Nvidia, incluindo possíveis irregularidades ligadas à sua aquisição da Mellanox Technologies, de Israel, em 2020, uma compra que foi previamente aprovada pelos reguladores na China, União Europeia e Estados Unidos.

A SAMR vai tentar determinar se a Nvidia violou os regulamentos nas suas operações locais.

O anúncio surge num contexto de tensões tecnológicas entre Pequim e Washington, agravadas pelas recentes restrições impostas pelos EUA a 140 empresas chinesas do sector dos semicondutores, com o objectivo de limitar os progressos do país asiático no desenvolvimento da tecnologia de circuitos integrados.

A tecnologia da Nvidia para a inteligência artificial e a computação avançada é considerada fundamental para a indústria mundial, o que torna o caso particularmente relevante.

11 Dez 2024

China | Registado aumento das exportações e queda das importações em Novembro

As exportações da China aumentaram 6,7 por cento e as importações caíram 3,9 por cento, em Novembro, em termos homólogos, ficando abaixo das previsões dos analistas, numa altura em que a liderança chinesa tenta impulsionar a economia, que enfrenta pressões deflacionistas.

O aumento das exportações, em termos homólogos, ficou também aquém do crescimento de 12,7 por cento, registado em Outubro. Os analistas previam um aumento superior a 8 por cento. A queda das importações, em relação ao mesmo período do ano anterior, reflecte a fraca procura por parte das indústrias e dos consumidores, uma das principais causas de abrandamento da segunda maior economia mundial.

O excedente comercial da China fixou-se em 97,4 mil milhões de dólares. Os dados foram publicados um dia depois de Pequim ter prometido flexibilizar a política monetária e estimular a segunda maior economia do mundo.

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou aplicar taxas alfandegárias de 60 por cento ou mais sobre as importações de produtos chineses, complicando os esforços de Pequim ao ameaçar um sector que tem sido crucial, face à prolongada crise no imobiliário e fraco consumo interno.

Alguns analistas dizem que o abrandamento nas exportações é provavelmente temporário.

“Esperamos que as exportações voltem a acelerar nos próximos meses, apoiadas por ganhos na competitividade e pela antecipação da [entrada em vigor] de taxas por parte dos exportadores”, afirmou Zichun Huang, da consultora Capital Economics, numa nota.

“Os volumes de importação diminuíram no mês passado, mas é provável que recuperem a curto prazo, uma vez que a aceleração das despesas orçamentais impulsiona a procura por produtos de base industriais”, afirmou.

Os efeitos das taxas provavelmente só serão sentidos em meados de 2025, escreveu Huang.

Preço a pagar

As exportações para a União Europeia aumentaram 7,2 por cento, em termos homólogos, enquanto as vendas para os Estados Unidos cresceram 8 por cento. No entanto, as exportações para a Rússia caíram 2,6 por cento, em termos homólogos, depois de uma subida de 27 por cento, em Outubro.

O declínio ocorre vários meses depois de os EUA terem imposto sanções secundárias sobre bens considerados importantes para as operações militares da Rússia, o que afectou algumas empresas chinesas que Washington acusou de ajudarem Moscovo a contornar as sanções.

Num outro sinal de fraca procura interna na China, a inflação fixou-se em 0,2 por cento, em Novembro, de acordo com os dados divulgados na segunda-feira, principalmente devido à descida dos preços dos produtos alimentares.

No entanto, no final do mês passado, um inquérito oficial do Gabinete Nacional de Estatística chinês revelou que a actividade fabril da China se expandiu pelo segundo mês consecutivo em Novembro, subindo para 50,3 pontos, o valor mais elevado registado em sete meses.

Um valor superior a 50 pontos sugere crescimento, enquanto um valor inferior a 50 representa uma contracção. Segundo os analistas, o aumento das encomendas às fábricas pode também reflectir os esforços dos importadores para realizar compras antes da entrada em vigor das taxas.

11 Dez 2024

EUA/China | Xi diz que não haverá vencedores em guerra comercial

Xi Jinping lança o alerta de que só haverá perdedores se o caminho anunciado por Donald Trump de confrontação comercial se tornar uma realidade

 

O Presidente chinês advertiu ontem que “não haverá vencedores” numa guerra comercial entre Pequim e Washington, quando o regresso de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos faz antever um agravamento das tensões bilaterais.

Pequim está a preparar-se para o regresso do magnata republicano à Casa Branca, em Janeiro. O seu primeiro mandato ficou marcado por uma guerra comercial com a China, que acusou de usurpação de propriedade intelectual e de outras práticas comerciais injustas.

Trump prometeu durante a campanha impor taxas alfandegárias ainda mais elevadas sobre as importações chinesas, correndo o risco de paralisar um motor de crescimento crucial para a segunda maior economia do mundo.

“As guerras tarifárias, as guerras comerciais e as guerras tecnológicas vão contra as tendências históricas e as regras económicas e não haverá vencedores”, afirmou Xi Jinping, durante uma reunião com os dirigentes de várias instituições financeiras, citado pela televisão estatal CCTV.

A declaração do Presidente chinês surge pouco depois da publicação de dados oficiais que revelam um crescimento contínuo das exportações chinesas em Novembro (ver texto secundário).

As vendas ao estrangeiro aumentaram 6,7 por cento, em termos homólogos, de acordo com os dados em dólares publicados pelas alfândegas chinesas – um aumento sólido, embora abaixo das previsões dos analistas consultados pela Bloomberg e muito abaixo do desempenho de Outubro.

Esta resistência pode ser explicada, em parte, pelo facto de as empresas estrangeiras terem acumulado produtos chineses, face à perspectiva da entrada em vigor de novas taxas, após a tomada de posse de Trump.

Zichun Huang, economista da Capital Economics, salientou que esta expectativa sugere “uma aceleração das exportações nos próximos meses”.

O comércio externo tem sido um dos pontos positivos da economia chinesa este ano. É “uma das principais razões pelas quais a China deve atingir o seu objectivo de crescimento de cerca de 5 por cento”, argumentou Lynn Song, economista do banco ING.

Sem dúvidas

Xi afirmou ontem que o país tem “total confiança” na sua capacidade de atingir o objectivo de crescimento para 2024.

A esperada intensificação das tensões comerciais com Washington está a preocupar Pequim, que recebeu esta semana os líderes das principais organizações económicas multilaterais. O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, alertou na segunda-feira para o facto de a economia mundial estar a enfrentar desafios crescentes devido a uma tendência para a “desglobalização”.

Em Novembro passado, o Governo chinês anunciou uma série de medidas para estimular o comércio, incluindo a extensão do seguro de crédito à exportação e a facilitação de acordos comerciais transfronteiriços. No entanto, desde o primeiro mandato de Trump, a China reduziu a percentagem das suas exportações para os EUA, aligeirando potencialmente o impacto de um novo confronto comercial.

“A procura de outros destinos deve manter-se relativamente estável e pode ajudar a compensar parte do impacto”, confirmou Lynn Song. Mas o país asiático registou outra queda inesperada das importações em Novembro, um barómetro do consumo interno persistentemente fraco.

As importações chinesas caíram 3,9 por cento em termos homólogos, acentuando a queda registada em Outubro (-2,3 por cento).

Perante a débil situação económica, que pode ser agravada por uma guerra comercial com Washington, o Partido Comunista Chinês afirmou na segunda-feira que vai adoptar “uma flexibilização adequada da política monetária” e “uma política fiscal pró-activa”.

11 Dez 2024