Hong Kong | Editores de livros escolares apagam conteúdos dos manuais

É já no próximo ano lectivo que os alunos terão acesso a manuais escolares em Hong Kong alvos de alterações, que passam pela eliminação de conteúdos relacionados com matérias de desobediência civil ou sufrágio universal. Tudo devido à implementação da nova lei de segurança nacional no território

 

[dropcap]A[/dropcap]s escolas secundárias de Hong Kong vão começar o próximo ano lectivo com manuais escolares revistos em que foram alterados ou eliminados temas como a desobediência civil ou o sufrágio universal, em aplicação da nova lei de segurança.

Os seis editores responsáveis pela maioria dos manuais utilizados na disciplina “Estudos Liberais” aceitaram submeter-se a um programa de revisão voluntário, efectuado pelas autoridades educativas locais, que resultou na supressão de conceitos democráticos como separação de poderes, noticiou ontem o diário em língua inglesa South China Morning Post.

A disciplina cobre seis tópicos, incluindo Hong Kong, China contemporânea e globalização, participação política, o sistema jurídico da cidade e a identidade dos seus residentes.

O agora eliminado princípio democrático de que os poderes executivo, legislativo e judicial devem funcionar de forma independente tinha sido objecto de críticas por parte de sectores pró-Pequim, incluindo do antigo líder do território Tung Chee-hwa, que no ano passado acusou o sistema educativo de Hong Kong de encorajar os jovens a participar nos protestos anti-governamentais.

Sobre a questão da desobediência civil, os novos textos enfatizam as consequências legais em que os participantes incorrem, enquanto o material gráfico que mostra manifestantes a segurar bandeiras ou a criticar Pequim desapareceu de alguns livros.

O conceito de “identidade” também foi alterado: enquanto nos livros anteriores os textos eram acompanhados de fotografias de cartazes com as palavras “Sou um ‘Hong-Konger'” e “Libertem a comunidade”, nas versões actuais as imagens foram substituídas.

As escolas podem escolher entre as ofertas dos editores ou utilizar o seu próprio material para ensinar a disciplina, que desde 2009 é obrigatória para os alunos do ensino secundário, visando “reforçar o seu pensamento crítico, alargar os seus conhecimentos gerais e aumentar a sua consciência dos problemas contemporâneos”.

Aplausos oficiais

O jornal estatal chinês Global Times aplaudiu ontem as mudanças, destacando que sublinham que “os manifestantes serão responsabilizados se abusarem da lei” e defendendo que “reforçam a identidade dos estudantes” como sendo “de Hong Kong e chineses”.

O jornal aponta o caso da editora Aristo Educational Press, que acusa de anteriormente fornecer “informação venenosa” e “pró-secessionista”, e que concordou com a revisão.

Em 6 de Julho, uma semana após a aprovação da polémica lei da segurança nacional imposta pela China ao território, o Governo de Hong Kong pediu às escolas que “examinassem o material didáctico, incluindo livros”, e “os retirassem” caso tivessem “conteúdos desactualizados ou provavelmente semelhantes aos quatro tipos de delitos” definidos pelo diploma.

A directiva enviada às escolas foi anunciada dois dias depois de as bibliotecas terem também sido avisadas para retirar das prateleiras obras susceptíveis de violar a lei da segurança nacional, incluindo de figuras do movimento pró-democracia, como o activista Joshua Wong ou a política Tanya Chan.

20 Ago 2020

CCM | Novo espectáculo da Comuna de Pedra decorre entre hoje e domingo 

Têm hoje início as primeiras sessões do espectáculo “Mira-monte”, nome do novo espectáculo da companhia teatral Comuna de Pedra. O texto de Inês Kuan conta a história de Lumi e a sua aventura na montanha. O espectáculo insere-se na iniciativa CCM Artmusing Summer e destina-se aos mais pequenos

 

[dropcap]A[/dropcap] companhia teatral Comuna de Pedra está de regresso aos palcos, desta vez com um espectáculo destinado aos mais pequenos e inserido no cartaz CCM Artmusing Summer. “Mira-monte” é o nome do espectáculo que começa hoje no Centro Cultural de Macau (CCM) e que poderá ser visto até domingo, dia 23 de Agosto. Diariamente decorrem três sessões às 11h, 14h30 e 17h, com a duração de 45 minutos cada.

Com direcção artística e coordenação de Jenny Mok, “Mira-monte” conta a história de Lumi e o seu percurso desafiante até ao topo de “uma bela montanha nevada”. Segundo uma nota divulgada pelo CCM, trata-se de um “adorável espectáculo sem palavras, mas repleto de efeitos visuais para miúdos a partir dos quatro anos”.

O público poderá assistir a uma apresentação que combina “movimento corporal e manipulação de marionetas ao doce som do grupo Water Singers, as alegres artistas vão interagir num fantástico acampamento, montado pertinho do público”.

O texto e a encenação do espectáculo está a cargo de Inês Kuan, que decidiu explorar a vida de Lumi depois da sua subida à montanha. “Qual será a próxima aventura? Será que Lumi vai explorar novas paisagens e fazer novos amigos? A conquista da montanha é a primeira de muitas histórias. A energia criativa leva-nos sempre muito para além dos sonhos mais audaciosos”, descreve o CCM.

De volta

Este espectáculo marca o regresso da Comuna de Pedra ao activo, depois de uma paragem forçada devido à pandemia da covid-19. Fundada em 1996, a companhia teatral tem-se dedicado a produções de dança e teatro físico bem como a trabalhos multimédia, explorando elementos diversos para desenvolver uma gama alargada de possibilidades artísticas.

A companhia criou mais de 50 trabalhos tendo sido convidada para espectáculos e intercâmbios culturais com outros países, tendo também organizado uma série de projectos de colaboração, convidando artistas internacionais de renome.

Nos últimos dez anos, a Comuna de Pedra tem trabalhado muito na área do teatro para a infância, tendo produzido, além de “Mira-monte”, o espectáculo Kidult Man. A companhia liderada por Jenny Mok tem-se dedicado também a vários projectos educacionais para os mais jovens, tendo organizado workshops e divulgado histórias na comunidade, palestras e seminários sobre a educação teatral das crianças.

20 Ago 2020

Tufão | Testemunhos apontam para ausência de danos graves

Houve quem não dormisse com o vento e a chuva que afectaram o território durante a passagem do “Higos”, e ao final da manhã eram visíveis os trabalhos de limpeza. O cenário, após a tempestade, é de uma destruição inferior à deixada por outros tufões de nível semelhante

 

[dropcap]O[/dropcap]s avisos do nível de tempestade tropical foram aumentando ao longo da madrugada, e com eles o volume das rajadas do vento que soprou entre as ruas e testou a resistência das janelas. O nascer do dia tornou visíveis as marcas da passagem do “Higos”: árvores que cederam, lojas onde a água não pediu licença para entrar e lixo disperso. Os alertas apontavam para cheias até à hora de almoço, mas nessa altura já algumas zonas baixas da cidade começavam a regressar à normalidade.

Nos negócios afectados pela torneira que o céu abriu sobre a cidade durante a madrugada, viam-se funcionários munidos de vassouras a expulsar a água para a estrada. Ainda assim, perto da rua Cinco de Outubro, várias lojas mostravam danos inferiores aos provocados por tufões de anos anteriores. As barreiras anti-inundações deram luta à força da natureza.

“O impacto não foi grande, nomeadamente as inundações. Só houve algumas fugas de água que precisamos de limpar”, disse Chang , responsável por três lojas. Duas delas tiveram infiltrações de água, enquanto a outra escapou ao problema. “Elevámos o chão quando fizemos remodelações porque previmos a hipótese de inundações”, indicou o proprietário de 63 anos ao HM.

Quando recebeu as notícias de que o tufão ia passar por Macau, teve entre cinco a seis horas para mudar a arrumação dos produtos. Foram deixados em locais mais altos – uma táctica que impediu perdas. “Depois da limpeza, podemos voltar a fazer negócio”, lançou. Chang mora no Jardins do Oceano, na Taipa, onde ouviu bem alto o som do vento e sentiu a casa a tremer. Depois de o tufão atravessar o território e voltar a sentir-se seguro, pediu aos funcionários para voltarem ao trabalho nas lojas.

Na mesma rua, o dono de uma loja de marisco seco chegou mesmo a descrever a ocorrência como algo sem grande importância. “Não foi muito grave, foi um bom tufão”, disse o proprietário de apelido Leong. Quando a tempestade tropical chegou já estava tudo preparado para a receber. “Não tive problemas na preparação, se tivesse já estaria a chorar. (…) Eu também moro nesta zona, o vento foi muito forte. Desta vez as inundações não foram muito altas, na loja a água chegou a cerca de 20 centímetros de altura”, disse.

Não muito distante, no Estabelecimento de Comidas Veng Meng, as comportas anti-inundações foram pedidas, mas ainda não tinham sido instaladas. Foi o que contou um funcionário que não quis divulgar o nome. No entanto, a altura a que as coisas foram arrumadas evitou maiores prejuízos. De acordo com a sua descrição, houve marisco, num valor de cerca de mil e cem patacas, a morrer por causa do aquário ficar em baixo.

Acordar estremunhado

Poucos minutos tinham passado desde que o sinal 8 deu finalmente lugar a algum início de paz, quando a zona da Barra acordava também ela desordenada. A espaços algumas sirenes. Mas tudo aparentemente calmo. As bancas de fruta junto ao mercado de São Lourenço estavam desmebradas ou pareciam ter ficado por arrumar do dia anterior, mas sem fruta para vender.

Na Travessa dos Vendilhões, as barreiras de protecção contra inundações começam aos poucos a ser desmontadas. Gary, tem 40 anos e admitiu ter ficado assustado com o comportamento do tufão Higos durante a madrugada. Contudo, prevê abrir as portas da clínica que gere, como habitualmente.

“Tivemos medo durante a noite e chegámos a tirar os equipamentos mais valiosos para outro local, mas agora está tudo bem e não prevemos encontrar estragos quando abrirmos as portas”, contou ao HM enquanto dá uso à chave inglesa para aliviar as trancas das barreiras de protecção, com a ajuda da mulher.

Já há estabelecimentos abertos para servir alguma normalidade a quem ganhou coragem de sair, entretanto, à rua. Debaixo das arcadas da Rua do Almirante Sérgio, vassouradas empurram água acumulada em excesso, mas não parecem motivar grandes preocupações, embora as máquinas estejam ainda desligadas.

“Entrou alguma água dentro da loja, mas não houve estragos de maior”, confirmou a funcionária de um restaurante. “Agora, temos de tratar disto”, atirou visivelmente atarefada.

No chão, há ainda pedaços de néons que não voltarão a anunciar mais nada. O painel onde estavam, ainda abana e quem passa, olha para cima e repara que falta ali qualquer coisa. Subindo a Escada Quebra-Costas, o Largo do Lilau está mais verde do que o habitual, fruto dos ramos e folhas caídas e que decoram agora o chão. Em cima deles, um contentor do lixo tombado.

Por entre entulho e roupa caída dos estendais, a Rua do Padre António termina numa igreja de São Lourenço onde as folhas também estão onde não deviam estar. Junto à entrada principal uma árvore foi arrancada do chão, enquanto do outro lado da rua, vários ramos impedem o acesso às escadas.

Um bombeiro, que estava na zona, confirma a manhã atarefada com a ocorrência de “várias operações de limpeza”. Apesar disso, considera que a situação está “bastante controlada”.

Mais abaixo, a Sede do Governo está também com ar de quem pouco dormiu. Várias funcionárias vestidas de azul esfregam as portadas das janelas com vassouras e os jardineiros afastam os ramos das árvores com a água atirada das mangueiras.

À frente da entrada principal, uma equipa munida com uma grua móvel tenta remover um tronco que quase fugiu para a Avenida da Praia Grande. Um agente, que coordenava a operação, assegura que a normalidade está assegurada. “Há muitas árvores e troncos que caíram, mas está tudo bem. Os estragos são ligeiros”, confirmou.

Noite mal dormida

Com 84 anos, a senhora Ip seguiu a recomendação das autoridades, que na noite de terça-feira apelaram a que voltasse para casa em vez de ficar na loja. “Claro que nós saímos porque este edifício é muito velho”, disse. Durante a noite, dormiu um pouco e viu televisão. E foi alternando entre as duas opções até saber que tinha sido içado o sinal 10. À semelhança da sua casa, o tufão não teve impacto no negócio das Frutas Tong Vo Chan, gerido pelo filho. “Desta vez não houve inundações na loja. Além disso, já tínhamos deixado os produtos nos lugares mais altos”, comentou.

Para a senhora Au Ieong, da loja em frente, foi uma noite passada em branco. “Este tufão foi muito forte. Eu moro numa fracção que fica acima do vigésimo andar, na Taipa, e senti que a fracção estava a tremer e as luzes [piscavam], não dormi toda a noite e estive atenta às novidades do tufão. Às cinco horas começou a ficar mais forte, e às seis começou a acalmar”, descreveu. Algumas janelas deixaram entrar água, mas a casa resistiu à tempestade sem danos maiores.

O vento impressionou, mas o negócio do marido – a loja de Frutas Kung Loi Fu Kei – conseguiu resistir às inundações. Se ainda é visível na parede o nível que a água atingiu durante o tufão Hato, desta vez o chão estava praticamente seco. “Não tivemos perdas. Estávamos preocupados com as inundações e deixámos os bens em lugares mais altos”. O empregado voltou à loja às quatro da manhã, acompanhado de amigos, para colocar os produtos em lugares mais altos e ajudar a evitar o impacto de inundações, explicou.

Missão pós-tufão

O interior tranquilo da loja contrastava com o exterior, onde os bombeiros tentavam resolver a queda de um painel. Em causa, estava uma estrutura de zinco e ferro que os donos instalaram no edifício da loja por ter mais de cem anos e fugas de água. “Não conseguimos preencher todas as lacunas, por isso instalámos este quadro para cobrir o edifício”, explicou Au Ieong. Acabaria por ser arrastado pelo vento e quando chegou ao local de manhã, já os bombeiros estavam a cortar ferro.

Como uma oficina a céu aberto – que não parou apesar da chuva que decidiu voltar a cair sobre o território a meio do dia – a equipa de bombeiros trabalhava para retirar o painel que caiu durante a tempestade. As fagulhas laranjas para o cortar contrastavam com as fardas escuras, e as veias dos braços sobressaiam com o esforço físico necessário para dobrar o metal. Oito bombeiros e muito barulho depois, a estrutura mudou de forma e tornou-se passível de ser transportada com mais facilidade.

Lam era um dos bombeiros em acção. Encara a sua profissão como uma forma de servir a população: “é uma missão”. Explica que foram várias as zonas a sofrer o impacto do tufão e que o volume de trabalhos aumentou. “Esperamos ajudar os residentes o mais possível para limpar e recuperar os sítios que sofreram com o tufão. Todo o pessoal faz os maiores esforços para ajudar a sociedade”, disse. O soldado da paz, de mais de 40 anos, comentou que estavam no Corpo de Bombeiros de alerta para os pedidos de ajuda.

20 Ago 2020

Segurança Nacional | Leonel Alves diz que Macau não deve copiar Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] antigo deputado e membro do conselho executivo, Leonel Alves, considera que Macau não deve seguir o exemplo de Hong Kong em matéria de segurança nacional. As declarações foram proferidas ontem, à margem do lançamento da primeira pedra do Centro de Artes da China, Macau e Países de Língua Portuguesa, avançou a TDM – Rádio Macau.

“O modelo de Hong Kong poderá não ser o melhor para ser importado ipsis verbis para Macau. Macau tem as suas características e prioridades (…) e a sua própria dinâmica de desenvolvimento. São estes os factores fundamentais que estarão subjacentes numa futura análise, não só desta lei de segurança nacional, mas quaisquer outras que possam ter interesse para o desenvolvimento da estabilidade de Macau”, afirmou Leonel Alves.

Segundo a mesma fonte, sobre a forma de actuar das autoridades na noite de 4 de Junho em que foram feitas várias detenções, o antigo deputado adiantou ainda que a comissão de fiscalização das forças de segurança não recebeu qualquer queixa.

“Até à data, a comissão não recebeu nenhuma queixa, nenhuma carta anónima ou não-anónima. Na sequência dos poderes alargados que nós tivemos, a comissão de fiscalização tomou a iniciativa de, em relação a casos apresentados, encetar diligências de averiguação. Face aos resultados que vierem a ser apurados, poderemos então sugerir os procedimentos subsequentes que deverão ser encetados pelas corporações respectivas”, acrescentou o também presidente da comissão, Leonel Alves, segundo a TDM – Rádio Macau.

Recorde-se que foi a primeira vez em 30 anos, que a vigília em memória do massacre de Tiananmen não foi realizada em Macau depois de ter sido proibida pelas autoridade devido à pandemia.

19 Ago 2020

Gastronomia | IC lança programa de recolha de receitas macaenses

[dropcap]C[/dropcap]om o objectivo de preservar e promover a gastronomia macaense, o Instituto Cultural (IC) lançou um programa de recolha de receitas junto da público, a fim serem guardadas na “Base de Dados da Cozinha Macaense” para uso público. A informação foi divulgada na segunda-feira através de uma nota oficial do IC.

“O IC lançou (…) o programa ‘Apelo Internacional para o Envio de Receitas da Cozinha Macaense’, visando enriquecer a futura ‘Base de Dados da Cozinha Macaense’, a qual será criada pelo Governo da RAEM, tendo em vista a promoção do estudo e a consolidação do registo sobre as artes culinárias”, pode ler-se no comunicado.

As receitas poderão estar patentes em manuscritos ou formato digital, contribuindo, desta forma, para a ajudar na investigação e promoção da gastronomia Macaense. Os formulários de inscrição e declaração relativos ao programa podem ser descarregado através da página online do IC.

Segundo o organismo, “ gastronomia macaense destaca-se pela sua singularidade e pelas suas respectivas artes culinárias, fazendo parte do valoroso património cultural intangível da cidade, desempenhando igualmente um papel importante para o desenvolvimento sustentável de Macau”.

Macau foi designada Cidade Criativa da UNESCO na área da Gastronomia em 2017.

19 Ago 2020

Lançada primeira pedra do centro de artes sino-lusófono

[dropcap]M[/dropcap]acau assistiu ontem ao lançamento da primeira pedra de um centro de artes sino-lusófono, investimento particular que já atingiu quase 300 milhões de patacas, “para ajudar os artistas lusófonos”, disse à agência Lusa o benemérito, Ieong Tai Meng.

O centro de artes vai funcionar também como uma residência artística, num edifício com mais de 20 pisos e uma galeria de exposições para trabalhos lusófonos, da China continental e de Macau.

“O prédio vai ter mais de 20 andares. (…) Esperamos em 2022 ter obra feita e fazer exposições de arte”, num edifício que pode acolher mais de 100 pessoas, sendo que o investimento situa-se actualmente entre “250 e 300 milhões de patacas”, explicou Eduardo Ambrósio, presidente da Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos, durante o evento.

“Todos os países lusófonos são bem-vindos a Macau” e há planos para subsidiar o transporte dos artistas, em especial daqueles que “são muito pobres, em início de carreira”, para reforçar “ainda mais a amizade com o povo de língua portuguesa”, acrescentou Eduardo Ambrósio, cuja associação deu apoio à organização do evento.

Já o investidor chinês que financia inteiramente o projecto, afirmou que “como artista” conhece as dificuldades daqueles que estão a arrancar com a sua carreira e “quer oferecer a Macau o que ganhou com Macau”, salientou.

Nascido em Sanshui, na província de Guangdong, o benemérito Ieong Tai Meng é um dos artistas chineses mais conceituados e premiados internacionalmente, assim como um importante académico que tem desempenhado um papel fundamental na formação de novos talentos artísticos em Macau.

“Este centro de arte está a ser preparado há mais de um ano e já fizemos um registo como Associação de Artista de Macau, China e Países Lusófonos. Através desta oportunidade, esperamos criar um centro, aumentando os encontros com as artistas dos países lusófonos”, afirmou Ieong Tai Meng, à margem do evento.

Casa de artistas

Para o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha-Alves, trata-se de um projecto “que vai cimentar (…) a cooperação cultural que já existe entre a China e os países de língua portuguesa”, sobretudo porque vai “passar a existir um sítio onde vai haver um centro de exposições onde os artistas podem ser acolhidos, onde podem tomar as suas refeições, onde podem ter encontros com outros artistas deste grupo de países”.

“Penso que a questão da cultura e da língua são fundamentais para aprofundar as relações entre os povos. Prezo muito a diplomacia económica, (…) mas a diplomacia cultural é muito, muito importante, porque no fundo é aquela que vai permitir laços mais aprofundados entre os povos”, defendeu Paulo Cunha-Alves.

19 Ago 2020

“Higos” | Sinal 8 será emitido a partir das 22h de hoje

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) vão içar o sinal 8 de tempestade tropical entre as 22h de hoje e as 2h desta quarta-feira, dia 19. Segundo uma nota informativa, prevê-se que o ciclone tropical “Higos” “se intensifique continuamente e se mova a uma velocidade relativamente rápida para noroeste em direcção à costa oeste da Foz do Rio das Pérolas (entre Zhuhai e Maoming)”.

Segundo os SMG, o ciclone tropical “vai cruzar num ponto ainda mais próximo do território do que inicialmente previsto, a cerca de 100 quilómetros de Macau, durante a madrugada, tendo possibilidade de intensificar-se próximo da costa”. Desta forma, até à manhã desta quarta-feira, “o vento vai intensificar-se consideravelmente e pode soprar ao nível 7 a 9 (Escala de “Beaufort”) do quadrante leste com rajadas, havendo aguaceiros fortes acompanhados de trovoadas”.

A mesma nota dos SMG dá conta que, nas últimas horas, o “Higos” “tomou um rumo mais para norte, existindo a possibilidade de se intensificar continuamente e trazer um ‘Storm Surge’ mais acentuado”. O sinal de “Storm Surge” amarelo será, assim, içado hoje às 20h30, prevendo-se a sua substituição pelo sinal “Storm Surge” laranja. Estão previstas inundações nas zonas baixas do território entre as 5h e as 12h desta quarta-feira, sendo que a água poderá atingir entre 1,0 e 1,5 metros de altura.

18 Ago 2020

“Higos” | Sinal 8 de tempestade deverá ser içado esta madrugada

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) prevêem içar o sinal 8 de tempestade tropical entre a noite de hoje e a madrugada desta quarta-feira, dia 19. Além disso, “espera-se que na noite do dia 18 e no dia 19 de Agosto o vento se intensifique na região significativamente, havendo aguaceiros fortes acompanhados de trovoadas”.

O mesmo comunicado dá conta que o “Higos” “tomou um rumo sensivelmente mais para norte do que o previsto e vai cruzar o ponto mais próximo do território, a cerca de 150 quilómetros de Macau”.

Segundo as últimas informações disponíveis, o ciclone tropical “Higos” continua a intensificar-se, devendo mover-se a uma velocidade “relativamente rápida” para noroeste, dirigindo-se à costa oeste da província de Guangdong.

Os SMG alertam ainda para a ocorrência de inundações nas zonas baixas do território. “Devido à influência da maré astronómica, associado com o efeito de ‘Storm Surge’, no dia 19 de manhã podem ocorrer inundações em zonas baixas. A altura de inundação máxima prevista será entre 0,5 e 1,0 metros”, pode ler-se.

18 Ago 2020

EUA vão endurecer sanções contra gigante chinesa das telecomunicações Huawei

[dropcap]O[/dropcap]s Estados Unidos vão endurecer as sanções contra a gigante chinesa das telecomunicações Huawei e 38 subsidiárias para impedir o seu acesso a tecnologias norte-americanas, anunciou ontem o Departamento de Comércio dos EUA, em comunicado.

A administração dos Estados Unidos acusou a Huawei de usar as suas subsidiárias internacionais para contornar as sanções, referindo que o grupo representa um risco de segurança para o país devido aos seus laços com o Governo chinês, o que a Huawei nega.

A Huawei e as suas subsidiárias “intensificaram esforços para obter semicondutores de ponta desenvolvidos ou produzidos a partir de ‘software’ e tecnologias norte-americanas com vista a atingir objetivos políticos do Partido Comunista da China”, afirma o secretário norte-americano do Comércio, Wilbur Ross, citado no comunicado.

Numa outra nota divulgada ontem, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, acrescentou que a administração Trump vê a Huawei como “um braço armado da vigilância do Partido Comunista Chinês” e alega que as novas sanções visam “proteger a segurança nacional dos Estados Unidos, a privacidade dos cidadãos e a integridade das infraestruturas 5G face à influência nefasta de Pequim”.

Washington tem tentado impedir que a Huawei e outros fornecedores chineses dominem o mercado de telecomunicações e a rede 5G, tendo proibido, há um ano e meio, a venda de tecnologia ‘made in USA’ ao gigante chinês.

O conflito entre a China e os Estados Unidos tem aumentado desde que os dois países assinaram um acordo comercial histórico, em janeiro, para acalmar as relações.

“A China fez-nos coisas terríveis. Eles [responsáveis chineses] poderiam ter parado. Travaram essa doença, que eu chamo vírus chinês. Impediram que se propagasse na China, mas não nos Estados Unidos e no resto do mundo”, afirmou hoje o Presidente norte-americano, Donald Trump, referindo-se, numa entrevista dada à Fox News, à Huawei como “espiões”.

A administração Trump tem também pressionado os seus aliados para banirem os equipamentos da Huawei, acusando o grupo de partilhar dados com os serviços secretos do regime chinês e de colocar a sua tecnologia ao serviço da vigilância dos dissidentes e da repressão de um milhão de uigures.

O Reino Unido já proibiu a compra de novos equipamentos Huawei a partir de 31 de dezembro.

A Huawei foi a empresa que mais telemóveis vendeu, no segundo trimestre de 2020, em todo o mundo, segundo dados divulgados 3m 30 de julho pela analista de mercados Canalys, que considerou difícil o grupo chinês de telecomunicações manter aquela posição.

A Huawei registou uma queda homóloga de 5% nas vendas, para 55,8 milhões de dispositivos, mas o desempenho da rival direta, a Samsung, foi ainda pior: o conglomerado sul-coreano vendeu 53,7 milhões de dispositivos, ou seja, 30% a menos do que no mesmo período de 2019, mostra um relatório divulgado pela empresa de análise do mercado.

O grupo chinês de tecnologia tornou-se assim a primeira empresa a quebrar o duopólio entre Apple e Samsung no topo da lista de fornecedores globais de ‘smartphones’, segundo estimativas da Canalys.

As sanções dos Estados Unidos contra a empresa e a campanha internacional lançada por Washington, tentando convencer os seus aliados a excluírem a Huawei das redes de quinta geração (5G), pesaram nas suas vendas no exterior, que caíram 27%, entre abril e junho.

No entanto, durante o mesmo período, a Huawei vendeu 8% a mais na China, onde já controla mais de 70% do mercado de ‘smartphones’.

18 Ago 2020

António Félix da Costa admite que título de Fórmula E é “a maior conquista da carreira”

[dropcap]O[/dropcap] piloto português António Félix da Costa (DS Techeetah) considera que o título conquistado na semana passada no Campeonato de Fórmula E, para carros elétricos, é a “maior conquista” da sua carreira. Em entrevista à Agencia Lusa, o piloto de Cascais recorda as duas vitórias em Macau em Fórmula 3, mas admite que o título de Fórmula E as supera.

“Os grandes prémios de Macau que venci foram, de facto, muito grandes e a felicidade que senti foi muito alta, mas este campeonato de Fórmula E chega a bater isso. O esforço, a dedicação, os anos que demorei a colocar-me na posição de conseguir ganhar… é o melhor resultado da minha carreira até agora”, diz.

António Félix da Costa revela que sentiu algumas dificuldades de adaptação ao DS após seis anos com um BMW, mas, no final, o esforço compensou.

“Ingressar numa equipa nova é sempre complicado. Estive seis anos na BMW, conhecia a equipa toda, os cantos à casa. O carro foi desenhado por mim na BMW. No início, não estava a acertar com as qualificações, não tinha ainda a confiança no carro. Mas, com o tempo e com trabalho, conseguimos aperfeiçoar essa fase, o que tornou a nossa vida mais fácil”, frisa.

O piloto de 28 anos acredita que a próxima temporada “vai ser muito complicada. “Esta equipa é campeã há três anos e toda a gente nos vai querer bater”, sublinha o luso.

O piloto português terminou o campeonato com uma vantagem de 71 ponto em relação ao segundo classificado, um recorde na disciplina.

Nas últimas corridas do campeonato, saltou à vista alguma tensão no relacionamento com o companheiro de equipa, o francês Jean-Eric Vergne, que era o bicampeão da categoria.

“É um piloto ganhador, que quer ser campeão. Não me ajudou, mas também não me prejudicou. Não me tratou pior do que trataria qualquer outro piloto. Mas já estava à espera, pelo que não foi uma surpresa”, declara Félix da Costa.

Quanto à possibilidade de Portugal vir a acolher uma corrida do campeonato, revela que já existiram conversações entre os responsáveis da categoria e a Câmara de Lisboa.

“Há essa vontade. Sei que há coisas a acontecer, Portugal está no mapa, mas a Fórmula E está a crescer de uma forma incrível, tem 20 países à espera para entrar no campeonato. Pode ser que com este título se desperte um pouco mais esse interesse e haja mais vontade”, atira.

O carro que deu o título ao piloto luso é já de segunda geração. “É um carro 100% elétrico. A forma como a potência chega às rodas é incrível, tens um binário instantâneo e muito consistente. Não precisas de mudanças, o motor elétrico está sempre pronto para o seu nível máximo”, explica, abrindo a porta “a uma terceira geração”, que deverá surgir “dentro de dois anos”.

“Terá quatro motores e o dobro da potência. Atualmente temos cerca de 370 cavalos”, revela.

Anda assim, muito longe da potência da Fórmula 1, que ficou como um espinho atravessado na garganta. Mas Félix da Costa garante que já ultrapassou a desilusão e já não pensa nisso.

“Já estou velho. Os miúdos que estão na calha têm todos 21, 22 anos. O meu foco já não está aí”, frisa.

Agora, o próximo objetivo passa pelas 24 Horas de Le Mans.

“Acho que se tivermos cabeça e minimizarmos os erros, podemos fazer um pódio”, conclui.

18 Ago 2020

Habitação | Metro quadrado aumentou 4,8 por cento

[dropcap]O[/dropcap] preço médio do metro quadrado de fracções habitacionais fixou-se em 105.134 patacas no segundo trimestre deste ano, o que representa um aumento trimestral de 4,8 por cento, indicam dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O maior crescimento foi de 7,1 por cento, na península de Macau, enquanto em Coloane o valor desceu 2,9 por cento.

Entre Abril e Junho de 2020 foram compradas 2.636 fracções autónomas e lugares de estacionamento pelo valor de 14,71 mil milhões de patacas, que indica um crescimento de mais de 80 por cento face ao trimestre anterior. A DSEC adianta que foram compradas 1.971 fracções, mais 990 do que no primeiro trimestre do ano, pelo valor de 12,69 mil milhões de patacas. A maioria foi em edifícios construídos, cujo preço médio aumentou 4,7por cento para 98.710 patacas. As casas foram compradas sobretudo na Baixa da Taipa (267), nos Novos Aterros da Areia Preta (247), bem como no Móng Há e Reservatório (122).

Já o preço médio das habitações em edifícios em construção, fixou-se em 152.088 patacas, um crescimento trimestral de 13,7 por cento.

No que toca a espaços para escritório, o preço médio do metro quadrado foi de 112.216 patacas, que se traduz numa queda de 0,7 por cento em termos trimestrais. Enquanto isso, o preço nas fracções industriais aumentou para mais de 52 mil patacas.

Ao nível da construção privada, até Junho 8.916 fracções estavam em fase de projecto, 3.766 em construção e 689 sob vistoria.

18 Ago 2020

Violência doméstica | Detido suspeito de repetir ataques

[dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem de negócios de 56 anos, suspeito de violência doméstica contra a mulher e os filhos. A PJ alega que o suspeito atacou a família várias vezes, noticiou o canal chinês da TDM Rádio Macau.

Suspeita-se que na noite de quinta-feira passada o homem tenha agredido o filho de cinco anos, batendo-lhe na cara, por se sentir de mau humor, quando o ajudava a ligar o ‘tablet’, e que depois agrediu a filha de 12 anos com uma caixa de plástico por não ter cuidado do irmão. De acordo com a PJ, quando a mulher tentou interferir, atacou-a também, nomeadamente puxando-lhe o cabelo e socando-a na barriga.

O suspeito terá também exibido uma faca e ameaçado matar toda a família. A mulher chamou a polícia e o homem foi detido no estacionamento do edifício. A PJ indicou que o suspeito negou os crimes. A mulher disse que o suspeito agride os familiares quando perde dinheiro no jogo e fica de mau humor.

O caso já foi encaminhado para o Ministério Público por suspeitas de violação da lei da violência doméstica, detenção de armas proibidas e coacção grave. O Instituto de Acção Social já foi informado sobre o caso.

18 Ago 2020

Finanças | Reserva sobe para 597,85 mil milhões no primeiro semestre

A Reserva financeira de Macau subiu para 597,85 mil milhões de patacas no primeiro semestre de 2020. Já as aplicações nos mercados financeiros internacionais renderam mais de 5,14 mil milhões de patacas, indicou a Autoridade Monetária de Macau

 

[dropcap]A[/dropcap] reserva financeira de Macau ascendeu a 597,85 mil milhões de patacas e as aplicações financeiras renderam 5,14 mil milhões de patacas no primeiro semestre de 2020, indicou na passada sexta-feira a Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

“No cenário internacional, apesar de vários fundos soberanos principais terem registado, no primeiro semestre de 2020, prejuízos e perdas de diferentes níveis, a reserva financeira da RAEM continuou a registar rendimentos de investimento, na ordem dos 5,14 mil milhões de patacas”, adiantou a AMCM numa resposta enviada à agência Lusa.

“Por sua vez, até finais de Junho de 2020, a dimensão da reserva financeira da RAEM ascendeu a 597,85 mil milhões de patacas”, pode ler-se na mesma resposta.

Macau anunciou, no início do ano, que a reserva financeira fechou 2019 com 579,4 mil milhões de patacas, mais 13,9 por cento que o registado até 2018. Ou seja, em seis meses, a reserva financeira de Macau cresceu 18,45 mil milhões de patacas, enquanto que em todo o período de 2019 rendeu 30,2 mil milhões de patacas, quando se atingiu uma taxa de rentabilidade anual de 5,6 por cento, um novo recorde desde a criação da reserva financeira em 2012.

A reserva financeira acumulada por Macau, que arrecadou no ano passado 112,7 mil milhões de patacas em impostos directos sobre as receitas brutas do jogo, tem sido investida em depósitos e aplicações nos mercados financeiros internacionais ao longo dos anos.

Além disso, o Governo tem “aplicações em títulos emitidos por determinados países de língua portuguesa”, salientou a AMCM, sem detalhar quais as nações ou os montantes investidos.

A AMCM indicou apenas o facto de deter “Obrigações Panda emitidas pelo Estado português”, numa referência aos dois mil milhões de renmimbi em ‘Panda Bonds’, que Portugal colocou no mercado a três anos, na primeira emissão em moeda chinesa de um país da zona euro e a terceira de um país europeu.

Apostar com cautela

À agência Lusa, a mesma entidade sublinhou ainda que “as economias mundiais têm vindo a ser afectadas seriamente e com inúmeras flutuações acentuadas nos mercados financeiros internacionais” e que o facto de as taxas de juro baixas ou mesmo negativas nos mercados monetários “constitui, igualmente, um grande desafio para os investimentos das reservas”.

Por essa razão, a AMCM “adoptou estratégias de investimento mais prudentes, consubstanciadas na redução do peso de determinados activos em acções com riscos elevados”.

18 Ago 2020

SMG devem lançar sinal 1 de tempestade tropical esta noite

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) deverão lançar ainda esta noite o sinal 1 de tempestade tropical, tendo em conta a depressão tropical perto da ilha de Luzon, nas Filipinas, que se aproxima do território e que está a menos de 800 quilómetros de Macau.

Numa nota informativa publicada no website, os SMG explicam que a depressão tropical deverá prosseguir a sua trajectória para noroeste em direcção genérica à costa oeste de Guangdong. Esperam-se ainda chuvas fortes para os próximos dias.

“De acordo com as últimas previsões a depressão tropical vai continuar a intensificar-se e nos próximos dias vai trazer aguaceiros e vento fortes à região”, lê-se no comunicado, que dá também conta da possibilidade de ocorrência de inundações nas zonas baixas do Porto Interior no período da manhã entre esta terça e sexta-feiras.

17 Ago 2020

Governador ocupa a península de Macau

por José Simões Morais

[dropcap]O[/dropcap] Governador-Geral da Província de Macau, Timor e Solor, Conselheiro e Capitão-de-Mar-e-Guerra João Maria Ferreira do Amaral (1846-1849) vinha nomeado de Lisboa e não, como até então, por Goa. Tomou posse a 21 de Abril de 1846 e trazia o propósito de preparar a colónia a tornar-se independente do governo chinês. Assim, em provocação, logo contrariou pelos seus passeios a cavalo as chapas dos mandarins que advertiam serem os verdadeiros limites do fanfang as portas de Santo António e do Campo.

Cinco meses depois, o Procurador Manuel Pereira propôs ao Governo que “as embarcações chinesas de passagem e carga, denominadas , fossem registadas na procuratura, e pagasse cada uma o imposto mensal de uma pataca à fazenda pública”, segundo A. Marques Pereira, que refere, o Governador, em sessão do Senado por ele presidida, “aprovou a proposta, – e, constando em seguida que as ditas embarcações se recusavam a obedecer ao edital do procurador que ordenava o registo, mandou que de 3 de Outubro [1846] em diante fossem retidas todas as que teimassem na recusa. Começaram desde logo os chineses dos faitiões a reunir-se a miúdo no Pagode Novo [mais tarde Templo Lin Fong], consultando aí com os principais do bazar sobre o modo de resistirem àquela determinação. Ao mesmo tempo moviam os mandarins a oficiar para Macau em seu apoio, e afixavam pelas ruas proclamações instigando à revolta.

Amaral, o enérgico e venerando conquistador da autonomia portuguesa de Macau, não costumava hesitar. As medidas convenientes tinham-se tomado sem demora. A alfândega fortificara-se. A tropa estava em armas.” Na noite de 7 para 8 de Outubro, os faitiões encostados à cidade eram trinta e sete, de onde ao amanhecer “desembarcou grande número de lancháes, armados todos, e com três peças de artilharia. Engrossando com os de terra, a multidão hostil era em breve de mais de mil e quinhentos homens” e ao seu encontro logo marchou “uma força de quarenta soldados. Os chineses dispararam sobre ela as três peças, e avançaram pela travessa fronteira à igreja de Santo António, apesar do fogo vivo que se lhes fazia. Não tardou porém que recuassem, reforçados os nossos com uma peça da alfândega e vinte soldados, e outra da fortaleza do Monte com alguns soldados e muitos cidadãos.”

Com grande perda de gente, abandonando o armamento os lancháes chegando “de roldão aos faitiões, trataram de fazer-se de vela para fugir, mas aí os esperava já uma escuna do governo, que naquele tempo servia de registo na Taipa, e várias embarcações armadas, de particulares, que todas romperam sobre eles um fogo activo. Alguns dos faitiões foram abordados e tomados, muitos metidos a pique, e oito ficaram encalhados.” Nenhum português saiu ferido, mas nada sabemos sobre as baixas dos lancháes.

“As lojas do bazar fecharam-se todas. Fora de antes sempre esta manifestação a grande arma dos chinesas, pois importava a subsistência da cidade. Quando os lojistas se conluiavam por este modo, o senado concedia o que lhe era exigido e amiudava as súplicas aos mandarins, que deliberadamente espaçavam a graça, fazendo sentir o valor dela. – Era esta prática mediocremente eficaz e aceitável para que Amaral a seguisse. Declarou por editais, na mesma tarde do dia 8, que, se no espaço de vinte e quatro horas as lojas se não abrissem, o bazar seria arrasado pela artilharia do Monte. Na manhã de 9 as lojas abriram todas, sem excepção de uma. No dia 10 apresentaram-se às portas da cidade dois mandarins, a quem o governador fez saber que deveriam deixar fora a sua comitiva armada. Retiraram-se, e no dia 11 tornaram sem comitiva. O objecto da sua visita era certificarem ao governador os seus sentimentos de amizade.” António Marques Pereira, que narrou esta história, refere ainda, ter em Macau fundeado na rada às sete horas da manhã do dia 9 de Outubro de 1846 a fragata a vapor Vulture, comandada por o capitão-de-mar-e-guerra Dougal com ordem do Governador de Hong Kong para se pôr à disposição do Governador Macau, “e, posto que à sua chegada tudo estivesse acabado, só em 12 regressou a Hong Kong.”

Procurador remunerado

Após a revolta dos faitiões [da qual não conhecemos a versão chinesa], o Governador Ferreira do Amaral a 17 de Outubro de 1846 organizou o Batalhão Provisório de Macau para resistir a qualquer ameaça e destinado a auxiliar a Força mista de 1ª linha, ou Batalhão de Artilharia de Primeira Linha, criado por decreto a 13 de Novembro de 1845 para substituir o Batalhão Príncipe Regente. Aprovado por Portaria Régia de 12-3-1847, o Batalhão Provisório de Macau foi instalado no extinto Convento de S. Domingos e por Decreto de 10-12-1847 “teve como Major-Comandante o macaense Francisco José de Paiva, Comendador da Ordem de Cristo e Cônsul Português em Hongkong”, segundo Beatriz Basto da Silva. O denominado Batalhão de Macau conjugava o Batalhão (de 1.ª linha de Infantaria) de Macau e o Batalhão Provisório, que durante vinte anos prestou bons serviços. O Batalhão de Infantaria de Macau seria extinto a 18-4-1876 e estava já desde 30-12-1866 instalado no quartel construído no local do antigo Convento de S. Francisco.

“Em Macau, a maioria das vias públicas, eram conhecidas, pelos nomes dos seus principais moradores não havendo, nomenclatura oficial. Assim, podia haver mais de um nome para a mesma rua”, segundo Ana Maria Amaro. Para solucionar possíveis confusões, o Governador a 23 de Novembro de 1847 mandou dar o nome às ruas que não o tinham e mudar muitos dos repetidos.
Já anteriormente, a 27 de Fevereiro de 1847 Ferreira do Amaral manifestara uma posição de poder, sem se importar com os interesses chineses, e tomou posse das terras para além das muralhas a envolver a cidade cristã portuguesa. Mandou rasgar três estradas nos terrenos fora das muralhas da cidade, onde se situavam antigas campas chinesas e por onde constantemente os britânicos se passeavam a cavalo. A primeira estrada, desde a Porta de S. João até ao Pagode; outra rodeando a colina de Mong-Há e a terceira, desde a Porta de St.º António até às Portas do Cerco, ligando-se junto ao Pagode Novo com a primeira. Para construir a terceira estrada deu um prazo até ao fim de Março para os chineses removerem desse local todas as sepulturas.

Nesse mesmo dia 27, o Leal Senado enviou para Lisboa uma queixa, reclamando contra a obra governativa do Governador.
Com a chegada do Governador Ferreira do Amaral, as atribuições da Procuratura do Leal Senado foram ampliadas, pois era o único tribunal em Macau para julgamento de chineses, e a 20 de Agosto de 1847 passou a estar anexa à Secretaria do Governo, no que respeitava a negócios sínicos.

Para o ano de 1847 era Procurador Lourenço Marques, filho do Comendador Domingos Pio Marques, que exerceu ininterruptamente o cargo até 1855. Como Procurador passou desde 20 de Agosto de 1847 a ser remunerado e a estar subordinado ao Governador e no Senado apenas tratava dos assuntos puramente municipais.

17 Ago 2020

Taiwan | Finalizado negócio para aquisição de aviões caça F-16 aos EUA

[dropcap]T[/dropcap]aiwan finalizou o contrato para uma grande encomenda de aviões caças F-16 à fabricante de aviões norte-americana Lockheed Martin, com um valor que pode atingir 52,4 mil milhões de euros em 10 anos, foi sábado anunciado.

O Pentágono revelou sábado o contrato, sem especificar o comprador dos aviões, mas uma fonte próxima do negócio confirmou à agência AFP que se trata de Taiwan.

Taiwan recebeu no ano passado luz verde de Washington para efectuar esta compra que lhe permitirá modernizar a sua defesa, anúncio que provocou descontentamento a Pequim.

A ilha já possui uma frota de caças F-16, adquirida em 1992, e o novo contrato cobre aeronaves mais recentes, equipadas com tecnologia e armamento moderno.

Taiwan pretende que o acordo atinja os 90 aparelhos, destacou o comunicado de imprensa do Pentágono.
A China considera Taiwan como parte do seu território. A ilha é governada por um regime rival que se refugiu naquele local após os comunistas terem tomado conta do território continental em 1949, no fim da guerra civil chinesa.

Já Washington, que em 1979 rompeu as relações diplomáticas com Taipé, reconhecendo Pequim como único representante da China, continua a ser agora o aliado mais poderoso da ilha e o seu principal fornecedor de armas.

Matéria ‘quente’

O contrato foi finalizado numa altura em que a autoridade da China sobre Hong Kong causa preocupação em Taiwan, que tem 23 milhões de habitantes.

O negócio acontece também dois dias após a visita inédita a Taiwan de um alto governante norte-americano, que provocou irritação em Pequim.
O secretário de Saúde e Serviços Humanos norte-americano, Alex Azar, iniciou a visita de mais alto nível a Taiwan por um funcionário norte-americano, desde 1979, quando Washington e Pequim estabeleceram relações diplomáticas.

Azar reuniu-se com a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, a quem transmitiu uma “mensagem de firme apoio”, enviada pelo chefe de Estado norte-americano, Donald Trump.

Este é mais um assunto ‘quente’ entre norte-americanos e chineses, tal como muitos outros temas, como a pandemia, Hong Kong, direitos humanos, rivalidades comerciais ou tecnológicas.

A questão de Taiwan é vista por Pequim como a “mais sensível e importante” no seu relacionamento com os Estados Unidos.

17 Ago 2020

Cinema | Filme sobre refugiados judeus em Macau pode ser rodado em Portugal

O livro “Strangers on the Praia”, do escritor britânico Paul French, sobre judeus refugiados em Macau durante a Segunda Guerra Mundial, vai dar origem a um filme, com planos para rodar em Portugal, disse à Lusa o autor

 

[dropcap]F[/dropcap]ui abordado por uma produtora australiana e chinesa que gostou da história e me pediu para escrever um guião”, contou à Lusa o escritor britânico, com dois livros já publicados em Portugal, “Meia-Noite em Pequim”, da editora Bertrand (2013), e “Coreia do Norte – Estado de paranoia”, da Desassossego (2019).

“A pandemia atrasou as coisas, mas antes disso já fizemos algum levantamento de lugares de filmagem”, que incluem “exteriores em Portugal” e cenas em Xangai e em estúdios australianos, disse o escritor à Lusa.

O livro “Estranhos na Praia: Uma história de refugiados e resistência em tempo de guerra em Macau” (no original, “Strangers on the Praia: A Tale of Refugees and Resistance in Wartime Macao”), da editora Blacksmith Books, conta “a história pouco conhecida” de refugiados judeus em Xangai, na China, que conseguiram chegar à então colónia portuguesa, território neutro durante a Segunda Guerra Mundial.
Inspirado em casos reais, o relato, que mistura factos e ficção, surgiu depois de o escritor, residente em Xangai durante 20 anos, ter descoberto arquivos de duas centenas de judeus, “a maior parte jovens mulheres”.

“Como Macau era uma colónia portuguesa nessa época, muitas pessoas acreditavam que se conseguissem lá chegar poderiam ir para Lisboa, e daí apanhar um avião ou barco para Inglaterra ou os Estados Unidos”, contou.

Xangai, onde “era possível chegar sem passaporte”, acolheu cerca de 25 mil judeus durante a Segunda Guerra Mundial, mas as condições para quem vivia no gueto da capital chinesa agravaram-se após um surto de tuberculose, em 1940.

Nesse ano e no seguinte, chegaram a Macau centenas de refugiados judeus, não só de Xangai, como das Filipinas e Hong Kong, depois da queda da então colónia britânica nas mãos dos japoneses.

“A maioria instalou-se na Aurora Portuguesa, uma pensão em Macau frequentada por homens de negócios e altos funcionários, que se converteu numa espécie de abrigo”, contou o escritor. A esperança que os levou a Macau acabaria, no entanto, por não se concretizar, e o território converteu-se num beco sem saída devido ao bloqueio naval.

O cerco japonês

Macau recebeu milhares de refugiados durante a Segunda Guerra Mundial, “pessoas com nacionalidade portuguesa a viver em Hong Kong e noutras ex-colónias, muitas dos quais nunca tinham posto um pé em Portugal, além de britânicos”.

Com os japoneses a bloquearem o mar do Sul da China, floresceram “o contrabando e os negócios duvidosos”, “uma das únicas formas de o Governo português conseguir comida e combustível”, lembrou.

“As autoridades portuguesas em Macau tinham um equilíbrio difícil de manter, e precisavam de negociar com os japoneses e os alemães, por isso algumas refugiadas judias acabaram na estranha situação de serem secretárias para empresas como o Banco Nacional Ultramarino, a traduzir documentos e escrever cartas para clientes alemães”, contou.

Foi também neste contexto que o ex-magnata do jogo Stanley Ho, ele próprio refugiado em Macau após a queda de Hong Kong, floresceu. “Ele era uma espécie de contrabandista autorizado, e fez muito dinheiro, que usou para comprar os primeiros casinos”, apontou.
O livro explora este ambiente de “Casablanca do Oriente”, através da perspectiva de uma refugiada judia, personagem compósita criada a partir de vários casos reais.

Algumas “obtiveram passaportes portugueses através de casamentos de conveniência”, contou o escritor, enquanto outras “ajudaram agentes dos serviços secretos britânicos que fugiram de Hong Kong para Macau e queriam chegar à China continental, fingindo ser suas mulheres”.

De Nam Van a Cascais

Desde que escreveu o livro, divulgado em versão mais reduzida e igualmente na origem de um ‘podcast’ nomeado para os prémios do festival de rádio de Nova Iorque em 2020, muitos contactaram o escritor: “Várias pessoas me disseram o mesmo: viram fotografias da baía de Macau e pensavam que eram fotos do Mediterrâneo”. Essa é aliás uma das razões para a escolha de Portugal para as filmagens, explicou Paul French. “A passear em Cascais, pensei: ‘Isto pode funcionar’. As igrejas são iguais, [tem] o estilo especificamente português dos faróis [e] o estilo modernista das estações. Macau, nos anos 1930, era como Cascais hoje [risos]”.

Actualmente a viver em Londres, onde nasceu em 1966, Paul French estudou chinês na Universidade de Xangai, na China, e admite o fascínio por Macau, que visitou várias vezes.

No livro, French evoca as impressões do poeta anglo-americano W.H. Auden quando visitou o território, em 1938. A viagem deu origem ao soneto “Macau”, em que Auden chama à então colónia portuguesa “erva daninha da Europa católica” e cidade de “indulgência”.
“Sempre houve grandes romances sobre Lisboa na Segunda Guerra Mundial, que foi um centro de atracção para refugiados, espiões e resistentes aos nazis, e Macau, a ‘Casablanca do Oriente’, era como uma versão asiática”, apontou.

17 Ago 2020

Finanças | Reserva sobe para 597,85 mil milhões no primeiro semestre

A Reserva financeira de Macau subiu para 597,85 mil milhões de patacas no primeiro semestre de 2020. Já as aplicações nos mercados financeiros internacionais renderam mais de 5,14 mil milhões de patacas, indicou a Autoridade Monetária de Macau

 

[dropcap]A[/dropcap]reserva financeira de Macau ascendeu a 597,85 mil milhões de patacas e as aplicações financeiras renderam 5,14 mil milhões de patacas no primeiro semestre de 2020, indicou na passada sexta-feira a Autoridade Monetária de Macau (AMCM).
“No cenário internacional, apesar de vários fundos soberanos principais terem registado, no primeiro semestre de 2020, prejuízos e perdas de diferentes níveis, a reserva financeira da RAEM continuou a registar rendimentos de investimento, na ordem dos 5,14 mil milhões de patacas”, adiantou a AMCM numa resposta enviada à agência Lusa.

“Por sua vez, até finais de Junho de 2020, a dimensão da reserva financeira da RAEM ascendeu a 597,85 mil milhões de patacas”, pode ler-se na mesma resposta.

Macau anunciou, no início do ano, que a reserva financeira fechou 2019 com 579,4 mil milhões de patacas, mais 13,9 por cento que o registado até 2018. Ou seja, em seis meses, a reserva financeira de Macau cresceu 18,45 mil milhões de patacas, enquanto que em todo o período de 2019 rendeu 30,2 mil milhões de patacas, quando se atingiu uma taxa de rentabilidade anual de 5,6 por cento, um novo recorde desde a criação da reserva financeira em 2012.

A reserva financeira acumulada por Macau, que arrecadou no ano passado 112,7 mil milhões de patacas em impostos directos sobre as receitas brutas do jogo, tem sido investida em depósitos e aplicações nos mercados financeiros internacionais ao longo dos anos.
Além disso, o Governo tem “aplicações em títulos emitidos por determinados países de língua portuguesa”, salientou a AMCM, sem detalhar quais as nações ou os montantes investidos.

A AMCM indicou apenas o facto de deter “Obrigações Panda emitidas pelo Estado português”, numa referência aos dois mil milhões de renmimbi em ‘Panda Bonds’, que Portugal colocou no mercado a três anos, na primeira emissão em moeda chinesa de um país da zona euro e a terceira de um país europeu.

Apostar com cautela

À agência Lusa, a mesma entidade sublinhou ainda que “as economias mundiais têm vindo a ser afectadas seriamente e com inúmeras flutuações acentuadas nos mercados financeiros internacionais” e que o facto de as taxas de juro baixas ou mesmo negativas nos mercados monetários “constitui, igualmente, um grande desafio para os investimentos das reservas”.

Por essa razão, a AMCM “adoptou estratégias de investimento mais prudentes, consubstanciadas na redução do peso de determinados activos em acções com riscos elevados”.

17 Ago 2020

Xi Jinping ordena fim de banquetes tradicionais

[dropcap]B[/dropcap]anquetes sumptuosos, com inúmeros pratos, vão deixar de se realizar na China por ordem do Presidente, Xi Jinping, que considerou esta semana o desperdício de comida no país “chocante e preocupante”.

Conhecidos pela gastronomia e pelo bom apetite, os chineses terão de adoptar a austeridade, invertendo a tradição, que exige que sejam servidos à mesa tantos pratos quantos forem os convidados e mais um.
A nova regra estipula que seja servido um prato por convidado, menos um.
Várias associações profissionais do sector da restauração nas cidades de Pequim, Wuhan ou Xi’an estão a tentar impor este modelo. Os seus membros também são convidados a oferecer nos menus a possibilidade de encomendar pequenas porções, ou mesmo meias porções.
A iniciativa segue uma “instrução” emitida na terça-feira por Xi Jinping, que considerou “chocante e preocupante” o desperdício de alimentos pelos seus compatriotas.

“Apesar das boas colheitas que o nosso país consegue todos os anos, é necessário manter o sentido da crise em matéria de segurança alimentar”, alertou o chefe de Estado e secretário-geral do Partido Comunista Chinês.

Num relatório de 2018, a Academia Chinesa de Ciências estimou a quantidade média de comida desperdiçada por pessoa em cada refeição em quase 100 gramas.

No final da refeição, a tradição chinesa exige que se deixe comida no prato, simbolizando assim que se comeu o suficiente.
Devido ao trepidante ritmo de desenvolvimento económico, a China passou de períodos de fome para um de consumo excessivo em poucas décadas.
Em 2015, a Academia de Ciências da Agricultura estimou em 35 milhões de toneladas a quantidade de alimentos desperdiçada todos os anos no país.

A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 mil milhões de pessoas.
As redes sociais assumiram a luta contra o desperdício.

As plataformas populares Douyin (ou TikTok, no exterior) e Kuaishou anunciaram que vão encerrar as contas dos utilizadores que se filmam a empanturrarem-se até ao extremo, um hábito conhecido pelo termo coreano ‘mukbang’.

Alguns internautas parecem duvidar dos resultados da nova política de austeridade.
“Devemos começar por mudar o nosso hábito nacional de exibicionismo”, observou um utilizador na rede social Weibo, o Twitter chinês. “Pensamos sempre ser desprestigiante pedir um único prato para duas pessoas”, apontou.

14 Ago 2020

Hong Kong | Associação de jornalistas estrangeiros denuncia problemas com vistos

Os jornalistas estrangeiros em Hong Kong estão a encontrar maiores dificuldades na renovação dos seus vistos. A denúncia de atrasos na concessão e renovação das autorizações é feita pelo Clube de Correspondentes Estrangeiros que questiona as autoridades locais sobre a hipótese de os processos estarem agora a ser supervisionados por uma unidade de segurança nacional

 

[dropcap]O[/dropcap] Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong (FCC) denunciou atrasos na renovação ou concessão de vistos de imprensa estrangeira pelas autoridades locais após a aprovação da nova lei de segurança nacional, informaram os ‘media’ de Hong Kong.
Numa carta aberta ao director da Imigração de Hong Kong, Au Ka-wang, o FCC (na sigla em inglês), observou que “um novo procedimento poderia ter sido estabelecido” para o processamento de vistos para os ‘media’ internacionais na região semiautónoma.
A associação referiu que “houve numerosos relatos de atrasos na concessão ou renovação de vistos” e indicou que isso criou “sérias preocupações” entre os meios de comunicação e jornalistas “que têm o direito de operar livremente em Hong Kong”.
O documento questionou o chefe da Imigração se houve alguma mudança no tratamento dos pedidos e se agora estão a ser processados por uma “unidade de segurança nacional” do seu departamento, como afirmaram alguns meios de comunicação locais.
Além de pedir esclarecimentos sobre esta prática, o FCC exige garantias de que “o novo procedimento não restringirá a capacidade dos jornalistas de noticiarem livremente sobre Hong Kong e a China continental”.
A carta é assinada por Jodi Schneider, presidente do FCC, que explicou ontem à agência de notícias EFE que ainda não recebeu qualquer resposta das autoridades de imigração e que estão a exigir esclarecimentos porque “parece que estão realmente a modificar o processo” de concessão de vistos da imprensa estrangeira.

Troca de “mimos”

O artigo 9.º da nova lei de segurança nacional de Hong Kong, aprovada pela Assembleia Popular Nacional (ANP, Legislativo chinês) em 30 de Junho, apela especificamente para o fortalecimento da “supervisão e regulamentação” dos ‘media’ em questões relacionadas à segurança.
Au Ka-wang, além de chefe da Imigração, é membro do Comité para a Protecção da Segurança Nacional, criado em Julho sob a polémica nova lei.
O Comité, que responde perante o Governo central e está sob a sua supervisão, está encarregado de formular políticas para a segurança nacional e promover o desenvolvimento do sistema jurídico da cidade.
Em Fevereiro, Washington declarou que cinco veículos de comunicação estatais chineses nos Estados Unidos eram “agências controladas por Pequim”, tendo reduzido o número de jornalistas permitidos no país e a duração dos seus vistos.
Em seguida, Pequim expulsou três repórteres do Wall Street Journal após o jornal publicar um artigo de opinião intitulado “A China é o verdadeiro doente da Ásia”.
Passadas duas semanas, a China revogou ainda as credenciais de vários jornalistas norte-americanos do Times, Wall Street Journal e The Washington Post.
Em Julho, o jornal norte-americano The New York Times anunciou que iria transferir um terço de seus funcionários sediados em Hong Kong para Seul, depois de Hong Kong ter recusado renovar o visto do seu antigo correspondente Chris Buckley.

14 Ago 2020

ArtFem regressa em Setembro apesar da pandemia

[dropcap]A[/dropcap] segunda bienal internacional de mulheres artistas de Macau (ArtFem), que deveria ter arrancado no Dia da Mulher, em Março, foi adiada para Setembro, com “muitas interrogações” por causa da pandemia, disse à Lusa, Carlos Marreiros, presidente da comissão organizadora do evento.

Em 2018, a primeira edição da bienal foi inaugurada no Dia Internacional da Mulher, a 8 de Março, mas este ano a epidemia de covid-19, que chegou ao território no final de Janeiro, levou ao adiamento da segunda edição para 30 de Setembro.
“A pandemia adiou a bienal e estragou a vida a todos nós”, disse Carlos Marreiros, apontando que, apesar das restrições às viagens, não quiseram adiar esta segunda edição para o próximo ano.

“Temos algumas confirmações e algumas desistências, e temos muitas interrogações, porque as pessoas querem vir ao extremo oriente, mas as restrições [às viagens] são terríveis”, explicou Carlos Marreiros, frisando, no entanto, estar “optimista”.
“Neste momento, devido à pandemia, há obras que provavelmente não chegarão, por isso, temos já obras connosco para assegurar uma exposição com muita qualidade”, adiantou.

Esta segunda edição vai contar com a participação de 116 artistas de todo o mundo, “com uma presença forte da China e Portugal”, e representação de todos os países de língua portuguesa.

Naturalmente diverso

O tema escolhido é “Natura”, incluindo “o conceito de mãe natureza na tradição folclórica e etnográfica” e “as questões climáticas para a preservação da natureza”, disse o presidente da comissão organizadora.
Cinco curadores asseguram a bienal deste ano: além de Carlos Marreiros, também Leonor Veiga, em Lisboa, Alice Kok e James Chu, de Macau, e Angela Li, da China.

Além das exposições, a bienal vai contar ainda com oficinas, palestras e acções de graffiti.
Criada em 2018, a ArtFem “continua a ser a única bienal internacional no mundo exclusivamente dedicada a artistas no feminino”, sublinhou Carlos Marreiros.

Paula Rego, que já tinha sido “madrinha” da primeira edição, em 2018 (na altura representada pela filha, Victoria Willing), vai continuar a ser “madrinha honorária” do evento, que este ano conta também com mais duas artistas plásticas a “amadrinhar” a edição: a escultora chinesa Xiang Jing e a artista Un Chi Iam, residente em Macau.

A inauguração vai ter lugar no dia 30 de Setembro, com exposições no Albergue SCM, nas galerias do antigo estádio municipal, na Galeria Lisboa e na Fundação da Casa Oriente, na casa Garden.

A ArtFem – 2.ª bienal internacional de artistas mulheres de Macau vai estar patente entre 30 de Setembro e 13 de Dezembro.

14 Ago 2020

Hong Kong | Jimmy Lai insta jornalistas a continuarem a lutar

O milionário, dono do jornal Apple Dail, foi esta terça-feira libertado, após ter sido detido na segunda-feira, numa acção levada a cabo pela polícia que resultou na detenção de dez pessoas ligadas a grupos de activistas pró-democracia

 

[dropcap]O[/dropcap] magnata dos ‘media’ de Hong Kong Jimmy Lai, proprietário do jornal Apple Daily, alvo de buscas na segunda-feira, instou ontem os jornalistas a continuarem a lutar, um dia depois de ser libertado sob caução.
Lai, que tinha sido detido na segunda-feira por suspeita de conluio com forças estrangeiras, ao abrigo da lei de segurança nacional, foi recebido com aplausos e ovações na redação do jornal, após 40 horas sob custódia policial.

“Continuemos a lutar!”, disse Lai aos jornalistas. “Temos o apoio dos habitantes de Hong Kong, não podemos abandoná-los”, instou Jimmy Lai, numa curta declaração transmitida em directo pelo jornal através das redes sociais.

Alvo de buscas por 200 agentes da polícia, na segunda-feira, o Apple Daily recebeu um forte apoio da população de Hong Kong, com filas a formarem-se de madrugada para comprar a publicação.

Jimmy Lai percorreu a redação do Apple Daily, debaixo dos aplausos dos funcionários.
No vídeo, transmitido em directo, o magnata, muito crítico de Pequim, pediu aos jornalistas que mantenham o tom que despertou a ira da China, mas reconheceu que está a tornar-se “cada vez mais difícil” gerir um grupo de imprensa em Hong Kong.

“Mas temos de continuar o nosso trabalho”, acrescentou. “Felizmente, não fui enviado para o continente [China continental]”, brincou, fazendo rir os jornalistas.

Jimmy Lai, de 72 anos, é o proprietário de duas publicações pró-democracia frequentemente críticas de Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine.

Visto por numerosos habitantes de Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como “um traidor”, que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar com nações estrangeiras para prejudicar a China.

As detenções e as buscas foram condenadas pela comunidade internacional, que receia o fim da liberdade de imprensa em Hong Kong, uma cidade que tem sido sede regional de órgãos de comunicação internacionais há décadas.

Outras detenções

Lai foi uma das dez pessoas detidas pela polícia na segunda-feira, numa grande acção de repressão contra o movimento pró-democracia, a maioria ligadas ao grupo mediático.

No mesmo dia, foi também detida a militante pró-democracia Agnes Chow, de 23 anos, que ajudou a fundar o partido Demosisto, ao lado de Joshua Wong, Nathan Law e de outros jovens activistas.

A jovem é uma das primeiras activistas do partido, entretanto extinto, a ser alvo da nova lei de segurança nacional.
Chow foi libertada sob caução esta madrugada, tendo ficado com o passaporte apreendido.

Ao sair da esquadra de polícia de Tai Po, Chow disse que a detenção faz parte de uma campanha de perseguição política.

“É muito claro que o governo está a utilizar a nova lei de segurança para reprimir os dissidentes políticos. Ainda não compreendo porque é que fui presa”, disse Chow, citada pelo site de notícias local Hong Kong Free Press.

13 Ago 2020

Polícia deteve Agnes Chow, figura de proa do campo pró-democracia de Hong Kong

[dropcap]U[/dropcap]ma das principais figuras do movimento pró-democracia em Hong Kong, Agnes Chow, foi ontem presa, juntamente com outras nove pessoas, no âmbito da nova lei da segurança, imposta em Junho por Pequim no território, anunciou fonte policial.

“Agora está confirmado que Agnes Chow foi presa sob a acusação de ‘incitar a secessão’ sob a Lei de Segurança Nacional”, lê-se, por seu lado, na conta da activista na rede social Facebook.
A detenção de Agnes Chow ocorreu no mesmo dia que a polícia deteve o magnata Jimmy Lai, empresário e proprietário do Next Media, grupo de comunicação social de Hong Kong.

A detenção de Lai foi saudada por Pequim, que o acusa de ser um “agitador” a soldo das potências estrangeiras que procuram desestabilizar a segurança nacional. “Esses agitadores antichineses em conluio com as forças estrangeiras puseram gravemente em causa a segurança nacional e a prosperidade de Hong Kong”, disse, em comunicado, o gabinete chinês encarregado de seguir a situação em Hong Kong e Macau. “Jimmy Lai é um dos seus representantes”, lê-se na nota.

Resposta e Bruxelas

A União Europeia considerou que as buscas na redação do Apple Daily e a detenção do seu proprietário alimentam ainda mais os receios de uma crescente asfixia da liberdade de imprensa.
“As recentes detenções de Jimmy Lai, membros da sua família e outros indivíduos, e as buscas aos escritórios do jornal Apple Daily, sob alegações de conluio com forças estrangeiras, alimentaram ainda mais os receios de que a Lei de Segurança Nacional esteja a ser usada para sufocar a liberdade de expressão e dos meios de comunicação social em Hong Kong”, declarou ontem o porta-voz do chefe da diplomacia da UE.

“Além disso, a liberdade e o pluralismo dos meios de comunicação social são pilares da democracia, pois são componentes essenciais de uma sociedade aberta e livre”, prossegue o porta-voz, concluindo que “é essencial que os direitos e liberdades existentes dos residentes de Hong Kong sejam plenamente protegidos, incluindo a liberdade de expressão, de imprensa e de publicação, bem como a liberdade de associação e de reunião”.

11 Ago 2020

Taiwan | Tsai Ing-wen recebe mais importante representante dos EUA desde 1979

A Presidente de Taiwan recebeu ontem o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar, na mais importante deslocação de membros do Governo norte-americano desde a ruptura formal das relações diplomáticas entre Washington e Taipé, em 1979

 

[dropcap]”A[/dropcap]vossa visita representa um grande passo em frente na cooperação antipandémica entre os nossos países”, disse Tsai Ing-wen, no momento em que recebeu a delegação norte-americana liderada por Azar.
Por seu lado, Azar afirmou que “é uma honra trazer uma mensagem de forte apoio a Taiwan” do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e elogiou “o êxito” na prevenção da covid-19 na ilha, que considerou “uma das mais bem sucedidas do mundo”. “Os nossos valores democráticos partilhados trouxeram sucesso à saúde”, disse.
A delegação dos EUA foi submetida a um teste de coronavírus ao aterrar, no domingo, e viajará em veículos especiais durante a estada na ilha, para evitar o contágio.
O secretário de Saúde norte-americano visitará também o Centro de Controlo de Doenças da ilha, onde vai assistir, com o ministro da Saúde e Bem-Estar de Taiwan, Chen Shih-chung, à assinatura de um memorando de entendimento entre o Instituto Americano de Taiwan e o Gabinete de Representação Económica e Cultural dos EUA em Taipé.
O último evento na agenda de Azar é um discurso na Universidade de Taipé, previsto para amanhã, de acordo com a agência de notícias espanhola Efe.

Ambiente pesado

Azar é o primeiro membro do Governo dos Estados Unidos a visitar Taiwan em seis anos.
Em 2014, a visita da então responsável da Agência de Protecção do Meio Ambiente norte-americana, Gina McCarthy, provocou o protesto da China, que acusou os EUA de trair o compromisso de manter apenas relações não oficiais com Taipé.
A visita do secretário de Saúde dos EUA é considerada como uma provocação por Pequim, que considera Taiwan, formalmente República da China, como parte do território chinês e se opõe a qualquer relação entre as autoridades da ilha e governos estrangeiros.
Na quinta-feira, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, tinha prometido uma “retaliação firme e vigorosa” à visita do secretário da Saúde dos EUA a Taiwan, numa altura de escalada de tensões entre Washington e Pequim.
Neste momento, menos de duas dezenas de países mantêm relações diplomáticas com Taiwan.

11 Ago 2020