Educação | Elsie Ao Ieong U confunde pensamento crítico com opinião discordante

“Não é criticar por criticar, mas ver o que não está a ser bem feito e dar sugestões. É esse tipo de pensamento que se deve ter.” Estas palavras foram proferidas ontem pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, na recepção Comemorativa do 21.º Aniversário da RAEM, depois de lhe ter sido pedido um comentário sobre a substituição do termo “pensamento crítico” por “pensamento ponderado” na versão chinesa da Política da Juventude, o plano dos próximos 10 anos do Governo para os jovens de Macau.

Importa esclarecer que “pensamento crítico” não é uma forma de demonstrar oposição, mas um conceito analítico de avaliação da validade de uma asserção ou teoria.

O mesmo tipo de comentário já havido sido feito pela chefe do departamento de juventude da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Cheong Man Fai.

Ainda dentro do tema, Elsie Ao Ieong U comentou a Base da Educação do Amor pela Pátria e Macau, nomeadamente se o conteúdo histórico e didáctico retrataria apenas episódios gloriosos da história da China, deixando de lado episódios mais negros. A secretária referiu que cabe aos docentes decidir se é necessário aumentar o leque de informações e que nem tudo cabe na base, uma vez que o espaço é reduzido. “Só podemos destacar alguns pontos que achamos importantes para que os estudantes tenham conhecimento. O espaço é pequeno, mas o conteúdo, o espólio pode ser substituído”, disse a governante.

Também questionada sobre o massacre da Praça Tiananmen, Elsie Ao Ieong U destacou que é necessário conhecer os factos da história, mas que a celebração do aniversário não era propícia para uma aula de história.

Vacinas mascarados

Abordando outro assunto da sua tutela, a saúde, Elsie Ao Ieong U adiantou que não haverá a tradicional parada de celebração do Ano Novo Chinês e que, em princípio, o mesmo se aplicará ao espectáculo de fogo-de-artifício, uma forte possibilidade, apesar de ainda sujeita a ponderação da situação pandémica.

De resto, a secretária garantiu que a distribuição de máscaras vai continuar até depois da vacinação e que, até agora, o custo se fixou em cerca de 200 milhões de patacas. Quanto às vacinas, a governante referiu que vão custar, pelas duas doses, 500 patacas por pessoa. Multiplicando o preço por 700 mil habitantes, o custo pode rondar os 350 milhões de patacas.

21 Dez 2020

Covid-19 | Lei Chin Ion confia nas vacinas encomendadas pelo Governo

O director dos Serviços de Saúde (SS) garantiu que tem igual confiança em todas as vacinas encomendadas pelo Governo. “Vou tomar uma, a primeira que chegar a Macau”, disse ontem Lei Chin Ion.

O responsável espera que a situação da pandemia melhore depois da vacinação, indicando que é preciso informar a população com profissionalismo para haver confiança.

Quanto à medalha de Mérito Altruístico com que foi reconhecido, Lei Chin Ion disse que “foi para todos os trabalhadores dos serviços de saúde, porque durante este ano trabalharam muito”.

21 Dez 2020

RAEM 21 anos | Personalidades fazem análise ao estado do território

Reforma Política | Coutinho lamenta défice democrático

Pereira Coutinho considera que o “calcanhar de Aquiles” de Macau, ao fim de 21 anos enquanto região autónoma especial, é o progresso democrático. “A Assembleia Legislativa não tem uma maioria democrática, e isto é mau para Macau. A falta de representatividade, significa défice democrático e que as vozes da população de Macau não estão a chegar onde deviam chegar”, apontou ontem o deputado. Apesar disso, considera que Macau “foi-se desenvolvendo e atingiu a maioridade”, sabendo manter a estabilidade. “Com muitos desafios para a frente, espero que a sociedade se mantenha estável, mas seja mais justa. É o que falta a Macau em todos os aspectos, ou seja, uma sociedade mais justa, equilibrada, e que, de facto, beneficie todos com o seu desenvolvimento económico”, vincou.

Amélia António: Número simbólico

A maioridade talvez demore mais um pouco a chegar, mas em 21 anos houve muitas coisas bem feitas. É esta a opinião de Amélia António: “Não sei se Macau atingiu a maioridade [com os 21 anos], porque ainda faz tanta asneira (risos)… mas é um número simbólico”, disse, em tom divertido. “Há muita coisa que precisa de ser feita e melhorada, porque a certos níveis há muita coisa que funciona mal. Por outro lado, outras funcionam muito bem, como a segurança com que vivemos, e que se nota agora ao nível da saúde. É um dado que não se pode nunca menosprezar”, acrescentou. “Macau está de parabéns”, realçou.

Tina Ho: A Pátria começa em casa

Tina Ho, presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau e irmã do Chefe do Executivo, considera que a família tem um papel fundamental no desenvolvimento de Macau para o futuro. Em declarações ao jornal Ou Mun, Ho apontou a família como pilar para a promoção de um ambiente social harmonioso, assim como das virtudes morais chinesas, que permitem aos cidadãos adoptar os julgamentos morais correctos no esforço da harmonia e prosperidade social. A Constituição e Lei Básica, a participação no plano quinquenal e a governação segundo a lei foram outros pontos destacados.

Sales Marques: “Balanço extremamente positivo”

À margem da cerimónia oficial do 21º aniversário da RAEM, José Luís Sales Marques considera que desde o dia da transição, o território adquiriu novas experiências ao longo do tempo e que o “balanço global é extremamente positivo”. “Temos muita sorte em viver em Macau. O caminho traçado pelo Chefe do Executivo é sólido, prudente e (…) aponta no sentido de uma recuperação gradual, e, portanto, assente em bases sólidas. Esperemos que toda a conjuntura mundial e o desenvolvimento da própria China nos ajude no sentido de conseguir isso”, acrescentou.

Carlos Marreiros | “A qualidade de vida não melhorou nos últimos 10 anos”

O arquitecto Carlos Marreiros considerou ontem que em Macau a qualidade de vida da população não melhorou nos últimos 10 anos. “Depois de 10 anos em que as pessoas estavam felizes porque Macau prosperou, nos 10 anos seguintes (…) Macau não conseguiu criar aproximações sistémicas a vários níveis. A qualidade de vida das pessoas que não melhorou”, apontou. À margem da cerimónia oficial do 21º aniversário da RAEM, Marreiros acredita, contudo, que “o novo Governo vai alterar significativamente muitos sectores de Macau”. Exemplo disso, segundo o arquitecto, é o Plano Director. “É um instrumento que, não sendo perfeito, funciona como a decisão do comandante de um navio. Mesmo que a decisão seja não perfeita, é melhor que indecisões. Por isso, vamos ter esperança”, rematou.

Neto Valente | “Feliz por estar vivo”

O Presidente da Associação de Advogados de Macau, Jorge Neto Valente considerou que, apesar de ter completado ontem 21 anos, a Região Administrativa e Económica de Macau (RAEM) dá sinais de não ter alcançado a maturidade desejada. “Estou feliz por estar vivo. Com 21 anos, para mim a maioridade não tem a ver com a idade, mas com a maturidade. Estou mais preocupado com a maturidade”, começou por dizer, à margem da cerimónia oficial do 21.º aniversário da RAEM. Questionado sobre o caminho traçado por Ho Iat Seng durante o discurso de ontem, Neto Valente mostrou-se reticente. “Que caminho? Eu estava à procura do caminho para aqui e alguém me disse: ‘If you don’t know where you are going, any road will get you there’. É onde nós estamos”, rematou.

Santa Casa | Provedor destaca estabilidade de Macau

No 21.º aniversário do estabelecimento da RAEM, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia destacou a estabilidade no território. “Julgo que a população não tem argumentos para contestar muitas situações. Claro que em alguns terá argumentos, mas tem reinado a estabilidade social, que é importante. Isto veio a provar que as orientações de ‘Um País, Dois Sistemas’ e ‘Macau Governado pelas Suas Gentes’, é um sistema que funciona”, declarou ontem António José de Freitas. O Provedor observou ainda o “boom económico” que se seguiu à liberalização do jogo. Indicando que a última distribuição do ano ligada ao projecto da loja social foi feita recentemente, mostrou-se confiante de que “tem pernas para andar” no próximo ano.

21 Dez 2020

Os SEF matam

Opinião de André Namora

 

Ai, Portugal que deixas os teus filhos tão envergonhados, revoltados e tristes. Durante a semana, imaginem, só se falou num caso com nove meses de existência, quando inspectores dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) assassinaram alegadamente um cidadão ucraniano. O problema é que o caso veio à baila agora porque tem sido encoberto, deturpado e aldrabado desde o início e porque se estão a descobrir mais casos de violência extrema contra imigrantes. Chegou-se ao ponto de o relatório da autópsia e uma declaração de óbito terem sido falsificadas.

Só se falou que um cidadão ucraniano que pretendia entrar em Portugal foi violentamente agredido até à morte por inspectores dos SEF em serviço no aeroporto de Lisboa e que uma vigilante já confirmou à Polícia Judiciária. Casos deste tipo são graves em qualquer país do terceiro mundo. Os SEF transformaram-se num poder independente que tem cometido as maiores ilegalidades e barbaridades.

Sobre o cidadão ucraniano que pretendia entrar em Portugal, à sua chegada os funcionários de uma empresa de segurança privada que opera junto dos SEF do aeroporto de Lisboa detectaram logo que o indivíduo sofria de epilepsia. Nada fizeram para que fosse assistido clinicamente, a não ser atá-lo nos pés e nas mãos com fita adesiva.

Mas, uns funcionários de segurança podem torturar um visitante do nosso país? Onde estão os vários directores e chefes dos SEF que nada sabem do que se passa nas instalações do organismo? A própria directora-geral que se demitiu passados nove meses e que já foi para Londres com um “tacho” no consulado português vencendo 12 mil euros mensais, não tinha que se demitir imediatamente após o conhecimento do óbito do ucraniano? O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, não tinha que ter tomado uma posição radical contra as chefias dos SEF mal soubesse que tinha sido morto um cidadão estrangeiro em instalações da sua tutela? Aliás, há ainda em Macau quem se lembre de Eduardo Cabrita como director dos Serviços de Tradução Jurídica do governo macaense. Era um jurista exemplar, funcionário competente, digno, educado e nunca entrou nos cambalachos dos seus camaradas socialistas de serviço em Macau. Cabrita poderia ter dado um bom ministro da Justiça, mas até hoje tem andado a deambular por onde o seu íntimo amigo António Costa lhe ordena. Pois, presentemente está o país envergonhado e chocado. O cidadão ucraniano depois de estar maniatado por vigilantes, foi alvo de espancamento com bastões até à morte. Mas estamos em que país? As facetas jihadistas já fazem regra? A tortura e o assassínio processam-se em instalações do Estado? Um médico, uma enfermeira, inspectores dos SEF, vigilantes de uma empresa de segurança ajudam a deturpar e a abafar um crime? Uma autópsia informa que se tratou de um ataque cardíaco? Uma certidão de óbito é falsificada? Uma viúva sem apoio de ninguém paga do seu bolso a transladação dos restos mortais do seu marido para a Ucrânia? O Estado não contacta com a viúva a fim de lhe comunicar quanto lamentava uma tragédia destas e comunicar que a senhora seria indemnizada?

Mas, afinal o que são os SEF? Só vos digo que suspendi a leitura das redes sociais. O meu coração quase não aguentou quando li queixas de cidadãs estrangeiras que foram assediadas, expoliadas e maltratadas sem direito a terem um advogado ao seu lado. Quando fiquei a saber que nestes SEF há muitos anos que chineses, russos e brasileiros, por exemplo, tiveram de despender milhões de euros para obterem o chamado “visa gold” que lhes deu direito à residência no nosso país. Incrédulo fiquei quando li que uma cidadã brasileira ou praticava sexo com o interlocutor funcionário dos SEF ou, então, entregava três mil euros para que a sua documentação fosse assinada oficialmente. Nas redes sociais pode ler-se as mais diversas queixas de imigrantes que só agora tiveram a coragem de denunciar o sofrimento que os SEF lhes proporcionaram. Inclusivamente lemos que a Ordem dos Advogados, na pessoa do seu bastonário, ao longo dos tempos teve conhecimento de inúmeras e variadas queixas dos seus associados contra os SEF.

Não, senhor Presidente da República. Não, senhor primeiro-ministro. Não, senhor ministro da Administração Interna. Este caso está nas bocas do mundo. A imprensa estrangeira chamou à primeira página que “funcionários do Estado português mataram estrangeiros visitantes”. Tem havido muitas situações de violência e tortura nos SEF.

Ninguém sabe quantos imigrantes já teriam morrido às mãos de inspectores dos SEF. Ninguém sabe ainda qual a razão da demissão da directora-geral dos SEF passados nove meses. Ninguém sabe a razão de tantos processos disciplinares a inspectores e ainda a semana passada demitiu-se também o inspector-coordenador dos SEF.

Constatar junto de um advogado que sem corrupção de muito dinheiro nada se conseguia resolver nos SEF é chocante, deplorável e obrigatoriamente a ter de levar as mais altas autoridades a tomar uma posição de fundo e de limpeza nos quadros de um organismo criminoso. O mesmo advogado salientou-me que uma cliente sua foi obrigada a assinar que vinha para Portugal trabalhar sem visto e sem contrato, quando a senhora vinha a Portugal por uma semana a fim de cumprir uma promessa em Fátima. O caso dos SEF ultrapassa toda a compreensão de um português que ainda pensava que a oficialidade estatal era minimamente séria. Não, os SEF têm de ser reestruturados de alto a baixo e tem de se remover a maioria dos seus funcionários que esteve ligada ao licenciamento ou aprovação de qualquer processo ligado à regularização de cidadãos estrangeiros. Os SEF matam e isso tem de terminar imediatamente. Talvez o general que foi nomeado como novo director dos SEF saiba castigar as tropas mal comportadas…

*Texto escrito com a antiga grafia

20 Dez 2020

Covid-19 | China com mais 23 casos, um deles por contágio local

A China informou hoje que foram diagnosticados 23 novos casos do coronavírus no sábado, um deles por contágio local. O infectado local foi identificado na província de Liaoning, no nordeste do país. O número divulgado hoje mostra uma ligeira recuperação, após os 17 casos anunciados no dia anterior.

As autoridades sanitárias também especificaram que mais 21 pacientes tiveram alta. O número total de casos ativos na China continental é agora de 309, cinco dos quais em estado grave.

A Comissão Nacional de Saúde não anunciou quaisquer novas mortes por covid-19, pelo que o número se mantém em 4.634 (inalterado desde meados de Maio), entre as 86.829 pessoas infectadas desde o início da pandemia.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.675.362 mortos resultantes de mais de 75,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

20 Dez 2020

Fotografia | Exposição sobre 21º aniversário da RAEM no Largo do Leal Senado

A galeria do edifício Ritz, no Largo do Leal Senado, recebe uma exposição de fotografia sobre o 21º aniversário da RAEM, que vai estar aberta ao público até 27 de Dezembro, noticiou o canal chinês da Rádio Macau. O organizador, Yau Tin Kwai, apontou que se sente honrado por poder gravar e mostrar as fotografias históricas da transferência de soberania de Macau em 1999.

O também fotógrafo do Gabinete de Coordenação da Cerimónia de Transferência considera que Macau apresenta grandes mudanças nas áreas social e económica antes e depois da transferência, com a sociedade a tornar-se mais “estável” e “harmoniosa”. Yau deseja que a exposição estimule a memória de quem presenciou o momento e dê a conhecer aos jovens de Macau o seu significado.

A mostra inclui 99 obras, incluindo a preparação do Edifício da Cerimónia de Transferência de Poderes por parte da então administração portuguesa, e as actividades cerimoniais de cada sector social.

20 Dez 2020

UM | Criada página de promoção do português

A Universidade de Macau (UM) anunciou na sexta-feira a criação de uma página na Internet para promover “a aprendizagem da língua portuguesa e as culturas chinesa e portuguesa”.

“Os artigos publicados na página bilingue chinês-português não só acompanham de perto as actividades realizadas pelo CPC [Centro de Ensino e Formação Bilingue Chinês-Português], mas também apresentarão, entre outras áreas, a cultura, a história e a arte da China e dos países de língua portuguesa através das publicações que abrangem temas e questões diversas como histórias clássicas chinesas e portuguesas, poetas chineses e portugueses, os 24 Períodos Solares Chineses, vinho do porto e chá chinês, azulejaria e porcelana, fado, Shi Jing (Clássico da Poesia), entre muitos outros”, pode ler-se no comunicado da Universidade de Macau.

Para a UM, as publicações na página bilingue chinês-português constituem uma boa base pedagógica para os alunos da licenciatura e dos cursos de pós-graduação desenvolverem competências nas línguas chinesa e portuguesa, nomeadamente nas áreas dos usos estéticos e lúdicos, que pressupõem, muito frequentemente, conhecimento de usos idiomáticos da língua e dos valores conotativos.

20 Dez 2020

Ponte Nobre de Carvalho | Homem resgatado após saltar para a água

Um homem saltou da Ponte Governador Nobre de Carvalho, no Sábado, e foi resgatado, com vida, por uma equipa de bombeiros e agentes da Alfândega. Segundo o jornal Ou Mun, o Corpo de Bombeiros recebeu um alerta às 16h05 que um jovem queria saltar da ponte, por isso foram enviadas para o local as equipas de salvamento. Quando as autoridades chegaram à ponte, o homem de 26 anos estava sentado no gradeamento.

Após as equipas de salvamento terem falado com o jovem, este acabou por saltar, tendo sido retirado do mar momentos depois num estado de semiconsciência. Após o resgate, o residente foi levado para o hospital e, segundo um amigo próximo, na origem da acção terão estados problemas amorosos. Segundo as recomendações do Instituto de Acção Social, em caso de necessidade por problemas emocionais deve contactar a linha de aconselhamento, através do número 28261126.

20 Dez 2020

Obras viárias | Angela Leong quer melhor cooperação interdepartamental

A deputada Angela Leong defendeu que as obras viárias não devem incomodar a população. Segundo o jornal Ou Mun, a deputada apelou ao Governo para melhorar a cooperação interdepartamental, regular a coordenação das obras e a sua supervisão. Além de obras repetidas que resultaram em engarrafamentos, recordou que um relatório do Comissariado da Auditoria denunciou lacunas na supervisão de obras de ruas, com a descoberta de que 11 projectos não cumpriram critérios, resultando em fendas ou falhas de nivelamento.

Além disso, Angela Leong recordou que o volume de obras vai aumentar 20 por centos no próximo ano, facto preocupantes tendo em conta a já complicada fluidez do trânsito.
Por outro lado, a deputada elogiou o lado positivo da criação de emprego, aumento do PIB e melhoria das infra-estruturas. Assim, confia que a população e a sociedade entendem e apoiam a intenção do Executivo.
Note-se que de acordo com um comunicado do Gabinete de Comunicação Social, André Cheong disse na sexta-feira que a solução para os problemas de escavações repetidas nas vias “não depende apenas do reforço dos contactos entre serviços”.

O secretário para a Administração e Justiça explicou que o Governo planeia criar regulamentos administrativos para escavação das vias. Entre os temas a definir estão “em que situações de emergência, pode uma escavação ser repetida e esclarecer a divisão de trabalho e coordenação entre serviços”. Prevê-se que a elaboração dos regulamentos esteja concluída no próximo ano.

20 Dez 2020

Covid-19 | Conselho da União Europeia recomenda fim de restrições de viagem à RAEM

O Conselho da União Europeia (UE) recomendou na quinta-feira aos Estados-membros que levantem gradualmente restrições de viagens a Macau e Hong Kong, mas apenas no caso de haver reciprocidade.

Em comunicado, o Conselho informou ter actualizado a “lista de países [terceiros] para os quais as restrições de viagem devem ser retomadas”, como acordado pelos Estados-membros em Junho, quando foi adoptada uma recomendação sobre o levantamento gradual das restrições temporárias às viagens não essenciais para a UE em altura de pandemia de covid-19.

Nesse âmbito, e “com base nos critérios e condições” estabelecidos nessa recomendação, a estrutura onde estão representados os países da União Europeia defendeu que, a partir de quinta-feira, “os Estados-membros devem levantar gradualmente as restrições de viagem nas fronteiras externas” para oito países, nomeadamente para “as regiões administrativas especiais chinesas – Hong Kong e Macau -, sujeitas a confirmação de reciprocidade”.

No que diz respeito a Macau, a entrada de pessoas com nacionalidade portuguesa, e sem o estatuto de residente está proibida, como acontece com toda a gente, à excepção dos residentes com nacionalidade chinesa do Interior, Hong Kong e Taiwan.

Outras actualizações

Além da RAEM, é também nessa condição de reciprocidade que se mantém a China, ou seja, até o país asiático reabrir as suas fronteiras à UE. Incluindo a China, são oito os países terceiros abrangidos, desde logo Austrália, Japão, Nova Zelândia, Ruanda, Singapura, Coreia do Sul e Tailândia.

Face à lista anterior, divulgada no final de Outubro, o Conselho da UE deixa de fora o Uruguai, assim como países como Estados Unidos da América, Rússia, Índia e Brasil, assim como todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste, que aliás nunca fizeram parte desta ‘lista verde’, dada a situação epidemiológica.

Para a elaboração desta lista de países terceiros aos quais é permitido que sejam retomadas as ligações para a Europa, foram determinados critérios como o número de casos de contágio nos últimos 14 dias – e por 100 mil habitantes – ser idêntico ou abaixo da média da UE, e haver estabilização ou redução de tendência de novos casos neste período em comparação com os 14 dias anteriores.

20 Dez 2020

Covid-19 | China vai continuar a vacinar pessoal de risco antes de vacinação maciça

A China vai continuar a vacinar grupos de risco de contrair a covid-19, como trabalhadores sanitários, alfandegários e dos transportes, antes de iniciar campanhas de inoculação em maior escala, anunciaram este sábado as autoridades chinesas.

“O objectivo é criar imunidade de grupo mediante um processo de vacinação em várias fases”, afirmou o subdiretor da Comissão de Saúde da China, Zeng Yixin, em conferência de imprensa.

O responsável salientou que, nesta fase, serão vacinados os grupos de maior risco de infeção no inverno e na primavera, incluindo “pessoal que trabalha na cadeia de frio e nos mercados de alimentos frescos, bem como trabalhadores alfandegários, dos transportes e da saúde. E quem sair para estudar ou trabalhar no estrangeiro”.

Zeng sublinhou que a prioridade das autoridades chinesas é proteger estes grupos de risco para prevenir surtos, dado que a situação no país é “muito diferente” da de outros que registam centenas de casos diários de covid-19.

“Vamos desenvolver os nossos planos de vacinação em função da situação da pandemia. Na China, a situação é, de um modo geral, estável, ao contrário de outros países. Estamos a fazer um muito bom trabalho de prevenção”, disse. Em 22 de Julho, a China autorizou o uso de candidatas a vacinas contra a covid-19 no pessoal médico e funcionários para “casos de emergência”.

Desde então um milhão de pessoas já foi vacinada “sem que tenham sido registadas reações adversas”, indicou o diretor do Departamento de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia daquela Comissão, Zheng Zhongwei, na mesma conferência de imprensa.

Zheng afirmou que 60 mil pessoas que viajaram para o estrangeiro receberam a vacina para casos de alto risco e não ficaram infectadas. “Espera-se que as vacinas contra a covid protejam durante mais de meio ano, mas que essa proteção possa estender-se a períodos de cinco a dez anos, ou por toda a vida, ainda é incerto”, acrescentou.

O responsável indicou que três empresas chinesas, com “luz verde” nas inspeções de bio-segurança, vão começar a produção em massa de vacinas “depois destas serem oficialmente aprovadas”.

Pequim ainda não anunciou oficialmente a autorização para as vacinas do país que já concluíram a terceira fase dos testes clínicos.

De acordo com o jornal de Hong Kong South China Morning Post, a China vai vacinar 50 milhões de pessoas de grupos de alta prioridade para as férias do Ano Novo lunar, com início em 12 de fevereiro próximo, para prevenir surtos durante a maior migração interna do planeta.

A vacinação para a população chinesa, em geral, só deverá começar depois do Ano Novo lunar, indicou o diário.

20 Dez 2020

Espaço | Cápsula chinesa regressa à Terra com detritos e rochas lunares

Mais de 40 anos após as últimas amostras trazidas da Lua por uma nave da antiga União Soviética, a sonda chinesa regressou ontem a casa com rochas que se estima serem milhares de milhões de anos mais recentes do que as anteriores e que poderão permitir dar importantes passos em frente no conhecimento da Lua e de outros corpos celestes

Uma cápsula lunar enviada pela China regressou ontem à Terra com a primeira recolha de amostras de rocha e detritos da Lua em mais de 40 anos, noticiou a imprensa estatal.
A cápsula da sonda Chang’e-5 pousou cerca das 02:00 no distrito de Siziwang, na região da Mongólia Interior.
A cápsula separou-se do módulo orbital e projectou-se para embater contra a atmosfera da Terra, visando perder velocidade, antes de entrar e flutuar com um paraquedas rumo ao solo.
Dois dos quatro módulos da Chang’e-5 pousaram na Lua, no início de Dezembro, e recolheram cerca de dois quilogramas de amostras, incluindo recolhas à superfície e a dois metros de profundidade na crosta lunar.
As amostras foram depositadas num recipiente lacrado que foi levado por um veículo de volta ao módulo de regresso.
A missão constituiu o mais recente avanço para o programa espacial da China, que prevê uma missão a Marte e planos para construir uma estação espacial.
Em comunicado, lido a partir do Centro de Controlo Aeroespacial de Pequim, o Presidente chinês, Xi Jinping, considerou a missão uma grande conquista e um passo em frente para a indústria espacial da China, noticiou a agência oficial chinesa Xinhua.
Xi disse esperar que os participantes na missão continuem a contribuir para transformar a China numa grande potência espacial, como parte da visão de rejuvenescimento da nação chinesa, acrescentou a agência.
A equipa preparou helicópteros e veículos para identificar os sinais emitidos pela nave lunar e conseguir localizar a cápsula na escuridão que envolve a vasta região coberta de neve no extremo norte da China.

Novas descobertas

Esta foi a primeira vez que cientistas obtiveram amostras de rochas lunares desde uma missão enviada pela antiga União Soviética (URSS), em 1976.
As rochas agora recolhidas deverão ser milhares de milhões de anos mais recentes do que as obtidas anteriormente pelos Estados Unidos e pela ex-URSS, proporcionando novas descobertas sobre a história da Lua e de outros corpos celestes.
As rochas vêm de uma parte da Lua conhecida como Oceanus Procellarum, perto de um local chamado Mons Rumker, que se acredita ter sido vulcânico outrora.
Tal como aconteceu com os 382 quilogramas de amostras lunares trazidas pelos astronautas dos Estados Unidos, entre 1969 e 1972, as rochas serão estudadas e deverão ser partilhadas com outros países.
A idade das amostras vai ajudar a preencher uma lacuna no conhecimento sobre a história da Lua, de entre cerca de mil milhões e três mil milhões de anos, indicou o director do Centro McDonnell para Ciências Espaciais, na Universidade de Washington, Brad Jolliff, citado pela agência de notícias norte-americana Associated Press.
As amostras também poderão fornecer pistas sobre a disponibilidade de recursos economicamente úteis na Lua, como hidrogénio concentrado e oxigénio, disse Jolliff.
“Tiro o chapéu aos nossos colegas chineses por realizarem uma missão muito difícil. Os avanços científicos que resultarão da análise das amostras devolvidas vão ser um legado que durará por muitos e muitos anos e, espero, envolverá a comunidade internacional de cientistas”, acrescentou.

19 Dez 2020

Xunzi 荀子 – Elementos de ética, visões do Caminho

O Governo do Verdadeiro Rei, Parte V

Usa as categorias apropriadas para lidar com casos confusos, e o usa o único padrão correcto para gerir a miríade de situações, começando e depois terminando, terminando e depois começando outra vez, tal como uma bracelete de jade, que não tem princípio nem fim. Se abandonares estas coisas, todo o mundo entrará em declínio. O Céu e a Terra são a origem da vida. Ritual e yi [justiça] são a origem da ordem. A pessoa exemplar é a origem do ritual e de yi. Praticando-os, ganhado o hábito deles, acumulando por eles grande estima, ganhando afecto por eles – essas são as origens da pessoa exemplar. Assim, Céu e Terra dão à luz a pessoa exemplar, que traz ordem ao Céu e à Terra. A pessoa exemplar é o terceiro parceiro do Céu e da Terra, um supervisor da miríade de coisas e uma mãe e um pai para o povo. Se não existissem pessoas exemplares, o Céu e a Terra não seriam apropriadamente ordenados e ritual e yi não teriam guia unificador. Em cima, não existiriam senhores ou mestres, em baixo, não existiriam pais e filhos. Esse é o estado de caos absoluto. Quando as posições de senhor e ministro, pai e filho, irmão mais velho e irmão mais novo, marido e mulher têm todas começo e fim, fim e começo, quando pertencem à mesma ordem do Céu e da Terra, durando tanto como a miríade de gerações – a tal se chama a grande raiz. Assim, os funerais, sacrifícios, cerimónias de corte, saudações reais e assuntos militares decorrem todos segundo esse padrão. Enobrecimento e degradação, dar a morte e dar à luz, dar e tirar, decorrem todos segundo este padrão. Tratar o senhor enquanto senhor, o ministro enquanto ministro, o pai enquanto pai, o filho enquanto filho, o irmão mais velho enquanto irmão mais velho e o irmão mais novo enquanto irmão mais novos são todas coisas que decorrem segundo este princípio. Tratar o lavrador enquanto lavrador, o oficial enquanto oficial, o artífice enquanto artífice e o mercador enquanto mercador são todas coisas que decorrem deste princípio.
A água e o fogo têm qi, mas não têm vida. Ervas e árvores têm vida, mas não têm consciência. As aves e bestas têm consciência, mas não têm yi. Os humanos têm qi e vida e consciência, mas também têm yi. São, por isso, as coisas mais preciosas sob o Céu. Não são fortes como bois, nem velozes como cavalos, mas bois e cavalos são por eles usados. E porquê? Por causa das divisões sociais. De que modo podem as divisões sociais ser postas em prática? Através de yi. Se recorrem a yi para implementar divisões sociais, estarão em harmonia. Se estiverem em harmonia, estarão unificados. Estando unificados, terão mais força. Tendo mais força, serão mais fortes. Sendo mais fortes, serão capazes de dominar os animais. E, assim, chegam a viver em casas e palácios.

17 Dez 2020

Bolsa | Acções de fabricante de semicondutores caem após rumor de demissão do CEO

O boato de que o presidente do conselho de administração da mais famosa empresa chinesa de fabrico de semicondutores se iria demitir, no seguimento da inclusão na lista negra dos Estados Unidos, fizeram cair as acções da Manufacturing International Corporation cerca de 5 por cento em Hong Kong e em Xangai

As acções da Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), principal fabricante de semicondutores da China, caíram ontem nas praças financeiras de Xangai e Hong Kong, face aos rumores de uma possível demissão do CEO.
As acções da empresa caíram 4,94 por cento, em Hong Kong, e 5,53 por cento, em Xangai, perante a hipótese de o presidente do conselho de administração se demitir, depois de a empresa ter sido incluída na lista negra dos Estados Unidos, que restringe a exportação de alta tecnologia.
Em comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a empresa pediu a suspensão temporária das negociações, voltando a retomar após o intervalo do meio-dia.
Em outro comunicado, difundido durante o intervalo da sessão, a SMIC indicou que o conselho de administração “viu que alguns meios de comunicação relataram que o CEO e o co-CEO da empresa, Liang Mong Song, está prestes a renunciar aos cargos e que a empresa soube da intenção de Liang de renunciar condicionalmente”.
“A empresa está a verificar com Liang a sua intenção de renunciar”, explicou.
No início deste mês, os Estados Unidos colocaram a SMIC na lista negra do Pentágono, por alegados laços ao exército chinês.
No total, são já 35 as empresas chinesas que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acrescentou à lista negra em 2020.
Huawei, Hikvision ou China Telecom são outros dos grupos visados.
A lista dos EUA decorre de uma lei aprovada em 1999, mas até este ano estava vazia.
Foi a administração de Trump que designou as empresas chinesas como estando sob controlo do Exército de Libertação Popular, as forças armadas chinesas.
A partir do próximo ano, investidores norte-americanos estão proibidos de comprar acções de empresas que fazem parte da lista negra.
A ordem executiva assinada por Trump permite que se desfaçam das acções até Novembro de 2021.

Guerra aberta

As relações entre os Estados Unidos e a China deterioraram-se rapidamente nos últimos dois anos, que ficaram marcados por uma prolongada guerra comercial e tecnológica, e divergências em assuntos como o estatuto de Hong Kong, a questão de Taiwan ou a soberania no mar do Sul da China.
A China quer reduzir a sua dependência de alta tecnologia norte-americana, incluindo dos semicondutores produzidos pelos Estados Unidos, pelo que a SMIC desempenha um papel crucial.
A SMIC triplicou o seu valor de mercado quando entrou na bolsa de Xangai há um ano e meio. O valor das acções triplicou no primeiro dia de negociações, demonstrando a confiança dos investidores no apoio de Pequim ao desenvolvimento do sector.

17 Dez 2020

Justiça | MP acusa formalmente 12 manifestantes de Hong Kong

Cerca de quatro meses depois de terem sido interceptados pelas autoridades quando seguiam numa lancha com destino a Taiwan, os 12 activistas, onde se inclui o jovem de nacionalidade portuguesa e chinesa, são agora acusados formalmente de “travessia ilegal” das águas da China continental

O Ministério Público chinês anunciou ontem a acusação formal de “travessia ilegal” das águas da China continental a 12 manifestantes antigovernamentais de Hong Kong detidos em Agosto, entre eles um jovem luso-chinês.
Segundo uma nota publicada na rede social chinesa Weibo pela Procuradoria-Geral de Yantian, em Shenzhen, cidade chinesa adjacente a Hong Kong, dois dos jovens são ainda suspeitos de organizar a passagem ilegal da fronteira.
Dois jovens serão julgados à porta fechada por serem menores de idade, acrescenta a nota.
A campanha #save12hkyouths (“salvem os 12 jovens de Hong Kong”) revelou à Lusa que só a família de um dos detidos tinha sido informada da acusação formal, tendo ontem recebido uma chamada de um advogado que terá sido nomeado pelo Governo chinês para defender o activista.
A campanha confirmou que a família do estudante universitário Tsz Lun Kok, detentor de passaportes português e chinês, não recebeu ainda qualquer informação oficial.
Os detidos, a maioria ligados aos protestos anti-governamentais do ano passado, em Hong Kong, tinham iniciado a viagem com destino a Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo, quando a lancha em que seguiam foi interceptada, em 23 de Agosto, pela guarda costeira chinesa.
Segundo familiares dos detidos, desde a detenção nenhum dos activistas pôde contactar a família nem ter acesso a advogados mandatados pelos seus familiares.

O homem duplo

A #save12hkyouths anunciou a 19 de Novembro que familiares de sete dos detidos receberam cartas alegadamente escritas pelos activistas. Na altura a campanha confirmou à Lusa que a família de Tsz Lun Kok não tinha recebido qualquer mensagem do jovem.
O jovem, que tem nacionalidade portuguesa e chinesa, embora a China não reconheça a dupla nacionalidade, tinha já sido detido em 18 de Novembro de 2019 em Hong Kong, e mais tarde libertado, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica daquele território, sendo acusado de motim, por ter participado alegadamente numa manobra para desviar as atenções das forças de segurança com o objectivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no interior.

17 Dez 2020

Crédito |Suspensa principal agência de ‘rating’ face a incumprimentos

A China suspendeu ontem uma das suas principais agências de classificação de crédito, depois de um ex-executivo ter sido acusado de aceitar subornos e quando várias empresas chinesas com ‘rating’ triplo A entram em incumprimento.

A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China suspendeu temporariamente a licença da Golden Credit Rating e proibiu a agência de assumir novos negócios por um período de três meses.
A decisão surge numa altura em que o maior fabricante de têxteis da China, a Shandong Ruyi, falha com o pagamento do cupão das suas obrigações, pela segunda vez em poucos dias.
Várias situações de incumprimento têm abalado o mercado de dívida corporativa da China, que está estimado em 4,0 biliões de dólares, o segundo maior do mundo.
Entre as empresas que entraram em incumprimento nas últimas semanas estão várias estatais, o que surpreendeu os investidores, habituados a ver as autoridades a socorrer as empresas públicas em dificuldades.
O regulador chinês disse ontem que o Golden Credit não conseguiu justificar algumas das suas avaliações de crédito.
O regulador ordenou que a agência “realize imediatamente uma rectificação abrangente, fortaleça os controlos internos e a gestão de compliance, fiscalize estritamente as práticas comerciais e melhore a qualidade das classificações”.
As agências de classificação de crédito da China foram criticadas por manterem as suas classificações triplo A para empresas estatais que entraram em incumprimento.

Falhas e subornos

Analistas consideram que estas agências são motivadas a aumentar as suas classificações, para atrair clientes, e são pressionadas a apoiar os esforços de financiamento de grupos ligados ao governo.
A Shandong Ruyi falhou no pagamento de obrigações avaliadas em 153 milhões de dólares, na segunda-feira.
A empresa parecia ontem prestes a falhar o pagamento de um título separado, no mesmo valor.
A suspensão do Golden Credit ocorreu menos de 24 horas depois de as autoridades chinesas terem anunciado que vão processar Jin Yongshou, o ex-director geral da agência, por supostamente aceitar subornos para aumentar as classificações dos emissores.
Os reguladores também estão a investigar a China Chengxin, outra grande agência de classificação, depois de a mineradora Yongcheng Coal and Electricity Holding ter entrado em incumprimento, em Novembro passado. A China Chengxin avaliou a dívida da Yongcheng como triplo A.

16 Dez 2020

Desde Janeiro foram presos 387 jornalistas em todo o mundo

Desde Janeiro foram presos 387 jornalistas em todo o mundo, um número que se manteve inalterado durante a maior parte do ano apesar do aumento das prisões arbitrárias ligadas à crise sanitária, refere o relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras.

De acordo com os dados da organização não-governamental com sede em França, cinco países destacam-se pela pressão e pelo número de prisões de jornalistas pelo exercício da função de informar. 

Na República Popular da China foram presos 117 jornalistas (com título profissional ou não), no Egipto foram detidos 30, na Arábia Saudita 34, no Vietname 28 e na Síria 28. 

“O número de jornalistas detidos em todo o mundo continua a manter elevados níveis históricos”, denuncia a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). “As mulheres, em número cada vez mais alto na profissão, não são poupadas”, refere o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, em comunicado.

De acordo com o relatório divulgado ontem, 42 jornalistas “estão actualmente privadas de liberdade”, quatro das quais na Bielorrússia, país marcado pelas pressões políticas do regime de Alexandre Lukashenko.

Em 2019, 31 mulheres foram presas durante o exercício da profissão.

Destaca-se também o número de prisões de jornalistas por causa de notícias ou investigações ligadas à actual crise pandémica. Neste caso, 14 jornalistas continuam “atrás das grades”, sete dos quais na República Popular da China. 

O outro vírus

A organização lançou no passado mês de março o “Observatório 19”, dedicado a casos de perseguição, detenção e pressão contra jornalistas devido a notícias sobre o SARS CoV-2.

O estudo refere em concreto “mais de 300 incidentes directamente ligados à cobertura jornalística da crise sanitária” entre Fevereiro e o fim de Novembro e que afectou directamente 450 profissionais.

“As interpelações e prisões arbitrárias” que representam “35 por cento dos abusos relatados ” (violência física e moral), “multiplicam-se por quatro entre Março e Maio”, indica o documento da RSF.

As leis de excepção ou as medidas de urgência adoptadas na maior parte dos países para contenção da pandemia “contribuíram” para “confinar a informação”, alerta o relatório.

Por outro lado, “pelo menos 54 jornalistas estão actualmente sequestrados” na Síria, no Iémen e no Iraque, um número que baixou 5 por cento em relação ao ano passado.

De acordo com a organização não-governamental, quatro jornalistas desapareceram em 2020, ao contrário de 2019 em que não ocorreu nenhum desaparecimento. Os quatro profissionais desaparecidos foram identificados pela RSF e são originários do Médio Oriente, África e América Latina

15 Dez 2020

Segurança | Pequim confirma detenção de assistente da agência Bloomberg

As autoridades chinesas confirmaram ontem a detenção de Haze Fan, assistente da agência Bloomberg, por motivos de segurança nacional. A funcionária do grupo de media, de nacionalidade chinesa, esteve incontactável desde 7 de Dezembro

A China confirmou ontem que uma assistente da agência de notícias Bloomberg foi detida, por suspeita de “pôr em perigo a segurança nacional”, numa altura de crescente pressão sob os órgãos estrangeiros no país.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin disse que o caso de Haze Fan está actualmente sob investigação e que os seus “direitos e interesses legítimos estão totalmente garantidos”.
A agência revelou na semana passada que Fan está incontactável desde 7 de Dezembro e que só foi informada da sua detenção depois de ter perguntando por várias vezes aos departamentos do Governo em Pequim e à embaixada chinesa em Washington.
A União Europeia e a Clube de Correspondentes em Pequim emitiram declarações a expressar preocupação com a detenção de Fan. Wang disse que a UE deve “respeitar a soberania judicial da China e parar de fazer comentários irresponsáveis”.
A China só permite que os cidadãos chineses trabalhem como tradutores, pesquisadores e assistentes para organizações de notícias estrangeiras, e não como jornalistas registados, com o direito de realizarem reportagens de forma independente.

De acordo com a lei

Os meios de comunicação chineses são quase inteiramente estatais e rigidamente controlados, e a China é dos países que mais jornalistas prende.
“Pelo que sei, Fan é uma nacional chinesa suspeita de se envolver em actividades criminosas que colocaram em risco a segurança nacional da China”, disse Wang, em conferência de imprensa. “O caso está actualmente sob investigação de acordo com a lei”, acrescentou.
Fan começou a trabalhar para a Bloomberg em 2017, após passar por uma série de outras organizações estrangeiras na China.
A China deteve assistentes de notícias no passado por reportagens susceptíveis de danificar a imagem do Partido Comunista.
As autoridades também têm punido a imprensa estrangeira de forma mais geral, limitando as suas operações, ao expulsar jornalistas, ou emitindo apenas vistos de curto prazo.
A China expulsou este ano 17 jornalistas do The Washington Post, The Wall Street Journal e outros órgãos norte-americanos.

15 Dez 2020

Economia | Cônsul de Portugal apela a interesse empresarial pelo sudeste da China

O cônsul de Portugal em Cantão, a terceira maior cidade da China, lamentou ontem o “desconhecimento e desinteresse” dos empresários portugueses pela sua área de jurisdição, uma das mais prósperas e populosas do país asiático

“Portugal está muito pouco representado na província de Guangdong e, particularmente, muito pouco representado na cidade de Shenzhen”, explicou André Sobral Cordeiro à agência Lusa.
O diplomata falava à margem de um evento de promoção do vinho português realizado num hotel de luxo, situado no distrito financeiro de Cantão, a capital da província de Guangdong.
“Alguns países europeus da nossa dimensão, e até mais pequenos, têm 30 ou 40 empresas em Shenzhen”, explicou Sobral Cordeiro. “Isto, economicamente, faz a diferença”, apontou.
As declarações do diplomata português surgem numa altura em que a China é a única grande economia mundial a operar em pleno, após ter controlado com sucesso a pandemia de covid-19.
O país está também a empreender uma campanha de erradicação da pobreza extrema, que inclui a transferência de grande parte da população rural para áreas urbanizadas, aumentando a necessidade de importar bens alimentares.
“O que a China diz é que quer comprar e a China, de facto, precisa de comprar, no sector agroalimentar, onde é mais do que óbvio, mas não só”, afirmou o cônsul.
Wolfgang, presidente da Associação de Importação de Alimentos de Guangdong, considerou que, na área dos vinhos, a China passou de um período em que a indústria era controlada por alguns grandes distribuidores, com monopólio nacional, para um período de fragmentação.
“Os consumidores procuram agora a diferença, algo novo e com boa relação preço-qualidade”, explicou.
Os alimentos embalados são outra área promissora, defendeu Wolfgang. “Há cada vez mais jovens chineses caseiros, que gostam de consumir ‘snacks’ enquanto assistem televisão ou jogam jogos de computador”, contou.

Ser bom de boca

O líder da Associação de Importadores de Alimentos de Guangdong lembrou que os cantoneses “adoram comer” e que Guangdong é uma província voltada para o comércio externo, com vários portos de grande dimensão. “Somos uma província muito populosa e temos uma função como centro de distribuição para toda a China”, descreveu.
Na ausência de mais iniciativa por parte dos empresários portugueses, investidores chineses desenvolveram nos últimos anos propriedades vinícolas e marcas em Portugal, que são agora vendidas na China.
É o caso do empresário de Macau Wu Zhiwei, proprietário da Quinta da Marmeleira, em Alenquer. Lançada em 2015, a Marmeleira produz mais de 200 mil garrafas de vinho, a cerca de 50 quilómetros a norte de Lisboa.
Para Carmen Wu, assessora do presidente do conselho de administração da Quinta da Marmeleira, é preciso trazer mais produtos portugueses para a China e promover “vigorosamente” a cultura portuguesa no país asiático.
A propriedade vinícola conta já com cem hectares de área de cultivo e pretende continuar a expandir, através da aquisição de terrenos anexos.
“O nosso foco não é apenas na província de Guangdong ou Xangai” a “capital” económica do país, explicou. “Queremos vender em toda a China”, disse.

15 Dez 2020

Clube Militar assinala 150 anos e testa “a capacidade de se reinventar”

O Clube Militar de Macau comemora 150 anos num ano “extremamente difícil” devido à pandemia e que testa mais uma vez a capacidade de a instituição se reinventar, salientou à Lusa um dos membros da direcção, Manuel Geraldes.

O Clube Militar passou por momentos “extremamente difíceis ao longo da sua História”, o edifício, “de grande e rara beleza”, chegou a fechar, “serviu de casa de refugiados” da guerra e de repartição de finanças, “mas sempre soube ressuscitar” e a assumir-se como ponto de encontro entre as comunidades locais e lusófonas, frisou.
O ex-presidente da instituição privada, desde a sua fundação, admitiu “momentos menos felizes”, mas destacou sobretudo as “fases de grande glória”, que contam histórias de encontros de culturas, chinesa e portuguesa, das forças armadas com a sociedade civil.
Desde a sua fundação, em 1870, existem momentos que Manuel Geraldes faz questão em enumerar, orgulhoso da forma como a associação conseguiu, à semelhança de Macau, preservar a História onde habitam tantas culturas diversas.
Alguns exemplos: Em 1912, recebeu o primeiro Presidente da República Popular da China, Sun Yat Sen, que “veio a Macau para estar com os seus amigos, que lhe tinham dado apoio”, lembrou.
Na década de 60 do século passado, após servir de alojamento a refugiados da guerra e de funcionar como repartição de finanças, resgatou “a sua actividade normal como ponto de reunião e convívio, não só para oficias das forças armadas, (…) mas também com a sociedade civil”.

Depois de Abril

Em 1975, novo teste à capacidade de adaptação, após “as forças armadas terminarem a sua missão em Macau”, cuja renovação dos estatutos ajudou a abrir ainda mais a instituição à sociedade, com o clube a abraçar, gradualmente, a vocação “ao longo dos anos 80 e 90 como um importante ponto de encontro da comunidade portuguesa”, acrescentou.
Um ano depois de ter celebrado os 20 anos da transferência de Macau para a China, o Clube Militar celebra agora os seus 150 anos, num momento que trouxe muitos e inesperados desafios à instituição, muito por culpa da pandemia.
“Foi um ano muito difícil para toda a gente, (…) mas para o clube em si, na sua estrutura e conceito de sustentabilidade, foi tremendo. Temos alguma preocupação, mas por outro lado estamos confiantes (…) que em conjunto vamos encontrar uma solução”, disse.

14 Dez 2020

A loucura das heranças

ANDRÉ NAMORA

Nunca pensei que alguma vez tivesse de escrever sobre a loucura que a pandemia da covid-19 provocaria nos portugueses um comportamento absurdo quanto à necessidade de obter dinheiro e bens por qualquer meio, relativamente à obtenção de heranças.
As pessoas, muitas, milhares, segundo me informou um advogado, têm tido um comportamento de teor variado sobre conseguirem ficar com o dinheiro e outros bens que um dia lhes haveria de caber um dia, não agora. Um dia quando os seus pais ou avós morressem. O processo que se tem gerado sobre as heranças tem provocado um chorrilho de dificuldades processuais maior do que era costume em todo o país. Antes, em alguns casos, os processos de heranças levavam anos a resolver devido ao desentendimento entre os herdeiros e algumas vez só se resolviam nos tribunais. E agora, não será mais demorado?
Quase que não dá para acreditar no que se está a passar neste Portugal. As dificuldades económicas de milhares de portugueses estão a provocar um aumento desmesurado da procura de serviços como habilitações de herdeiros e partilhas por óbitos nos cartórios notariais. Muitos até estão a fazer os seus testamentos. Toda esta gente quer é urgentemente resolver o que está pendente e daí realizarem o testamento. Toda a mecânica jurídico-burocrática deverá ser, até ao final deste ano e primeiro trimestre de 2021, superior à registada em anos anteriores. A preocupação com a possibilidade de adoecer sem deixarem assegurada a situação dos cônjuges ou filhos fez também aumentar a realização de testamentos. Tal é o receio de morrer que este vírus tem provocado, que os preocupados esquecem-se que a chamada gripe invernal mata anualmente mais de três mil pessoas e que todos os dias morrem centenas de cidadãos vítimas de cancro, AVC, ataques cardíacos e até por causa da asma. E não têm sido apenas os testamentos que têm aumentado, igualmente as procurações, doações e partilhas em vida.
No entanto, praticamente inverosímil é o caso de os mesmos cartórios notariais registarem uma diminuição de vinte por cento na sua actividade normal, nomeadamente, nas escrituras de compra e venda de imóveis.
Mas há a outra face da moeda que nos deixa ainda mais perplexos. Os notários têm-se deslocado aos lares de terceira idade a fim de efectuar os registos necessários com a assinatura obrigatória dos patronos. Os notários vão aos lares e depois choram. Ficam contaminados e são obrigados a encerrar os escritórios. Até aos dias de hoje, desde o início da pandemia, já estiveram encerrados 40 cartórios notariais.

O tema que na semana que findou mais deu que falar já nós tínhamos esclarecido aqui os nossos leitores na edição do passado dia 16 de Novembro. Refiro-me ao caos em que se encontra a situação na TAP, onde o caso já levou a um imbróglio entre o primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas, o tal que pretende de qualquer forma o lugar de António Costa como líder do PS. O ministro Pedro Nuno Santos desejava levar a solução da TAP à Assembleia da República e os deputados que decidissem como reestruturar a companhia aérea. Nesse ponto, António Costa esteve muito bem e disse ao ministro que os problemas governamentais devem ser resolvidos pelo governo e não por outros órgão de soberania. Nestes dias têm-se vivido momentos degradantes sobre a situação na TAP. Tudo pode acontecer: o povo ter de pagar a injecção financeira de mais de três mil milhões de euros, caso a Comissão Europeia aprove a proposta de reestruturação, a qual nem foi apresentada ao Presidente da República; podemos assistir a cerca de três mil despedimentos como prenda de Natal aos trabalhadores da TAP e proceder-se à venda de mais de 20 aeronaves. E ainda podemos ficar sem companhia aérea de bandeira, disse o mesmo ministro, caso a União Europeia rejeite a proposta portuguesa de reestruturação da empresa, o que constituiria uma tragédia na ligação com os portugueses que vivem na diáspora e com outros povos do nosso antigo Ultramar, não mencionando os Açores e a Madeira.
A TAP tem sido alvo nos últimos anos de um prejuízo escandaloso, administrada vergonhosamente por incompetentes e acordos financeiros pouco sérios. Este ministro que tutela a TAP chegou ao dissabor de os sindicatos da empresa o desmentir e provar que o governante tem mentido aos portugueses quando afirmou que os pilotos da TAP ganhavam muito mais que os que laboram nas principais companhias aéreas europeias, o que é falso. Com este ministro, nem a TAP nem o país irão longe e o que mais se lamenta é que a criatura se gabe, sem qualquer modéstia, de que ele é o único a decidir sem medo, o único com coragem disto e daquilo. Coragem? Só se for aquela “coragem” de ter deixado o seu Maserati escondido para que ninguém visse que um socialista é pior que muitos capitalistas quando se dirigiu a uma cerimónia oficial onde estava presente quase toda a governação do país e uma multidão popular…

*Texto escrito com a antiga grafia

14 Dez 2020

O Passeio de Zhan Ziqian na Primavera

Paulo Maia e Carmo

Yang Jian (541-604) que inicialmente tinha o título de «duque de Sui», durante a dinastia Zhou do Norte (557-581) formaria uma nova dinastia e para a nomear fez uma mudança na morfologia do caracter «sui» que significa «seguir», retirando-lhe uma partícula que implica o «caminhar», inaugurando um período breve no tempo mas influente na História. Foi o primeiro sinal dado por aquele que ficaria conhecido como Wendi, «o imperador culto» (r. 582-604) da sua vontade de projectar o espírito fazendo-o agir sobre a matéria, modificando-a. Se no plano da cultura data dessa dinastia Sui (581-618) um renascimento do ideal de unificação sob a égide dos Han, como sucedera com Qin Shihuang (r. 221-210 a. C.) a que agora se juntava a conversão imperial ao Budismo, a sua acção no espaço geográfico ficaria marcada por grandes obras, como o início da construção em 589 do Grande Canal, a ligar a capital Changan ao rio Amarelo, a continuação da construção da Grande Muralha e depois uma nova capital em Kaifeng. Da sua actividade militar expansionista, um episódio, a conquista de Jiankang (Nanquim) aos Chen e a deslocação dos seus nobres para Norte resultou num profícuo despertar da curiosidade dos aristocratas da Corte pelas singularidades intelectuais do Sul. Este é também o tempo em que se revela uma nova forma de perceber a pintura em que, dado que na sua essência está o dinamismo dos seus componentes, tem o nome de pintura «shanshui». A mais antiga dessas pinturas registada pelos historiadores é nomeada com dois caracteres: you, chun, «Passeio de Primavera». Do seu autor pouco mais se sabe que um nome.
Zhan Ziqian terá nascido em Yangxin, actualmente em Shandong, as suas datas de nascimento e morte desconhecidas, sabe-se que foi um funcionário do Estado, activo nessa segunda metade do século VI. É referida a sua habilidade para pintar pavilhões, pessoas e cavalos porém esta é a única pintura dele que hoje podemos observar e mesmo ela é seguramente uma cópia, feita algures durante a dinastia Song. A pintura em rolo horizontal (tinta e cor sobre seda, 43 x 80,5 cm) que se encontra no Museu do Palácio, em Pequim, executada com as características habituais das pinturas que usam os pigmentos minerais naturais verde, a partir da malaquite e azul, da azurite, conhecidas como qinglu, seriam populares durante a seguinte dinastia Tang, o que se percebe no comentário que Zhang Yanyuan (c.815-c.877) fez sobre ele: «As pinturas do período medianamente antigo eram feitas de maneira concisa e cheia de detalhes; são extremamente graciosas.» Mais do que tornar visível a dicotomia mística original própria do Daoísmo entre as águas (yin) e as montanhas (yang) será de notar como, na aurora de um novo género de pintura, estão representadas pessoas num acordo explícito com a natureza, integradas mas ao acaso, caminhando.

14 Dez 2020

Hong Kong | Negada fiança a Jimmy Lai após conhecer acusação judicial

O pedido de fiança feito pelo dono do Apple Daily foi negado no sábado, num processo em que é acusado de violar a lei de segurança nacional de Hong Kong. O julgamento em que Jimmy Lai responde por conluio com forças estrangeiras foi adiado para Abril

Jimmy Lai, magnata dos ‘media’ e defensor da democracia em Hong Kong, viu no sábado a sua fiança ser rejeitada após ter sido acusado por violar a nova lei de segurança nacional do território semiautónomo
Lai conheceu na sexta-feira uma acusação de conluio com grupos estrangeiros para colocar em risco a segurança nacional de Hong Kong, por mensagens que colocou na rede social Twitter e comentários que fez em entrevista a meios de comunicação internacionais.
O jornal Apple Daily – de que Jimmy Lai é proprietário e conhecido pelo seu comprometimento com o movimento pró-democracia – escreveu no fim-de-semana que Lai é acusado de ter pedido a países, organizações e pessoas estrangeiras para imporem sanções ou para se envolverem em actividades hostis contra Honk Kong ou contra a China.
A análise do seu processo judicial foi adiada para 16 de Abril, a pedido dos procuradores, que alegaram que a polícia precisava de mais tempo para rever mais de mil ‘tweets’ e de comentários de Lai, segundo uma peça do Apple Daily. Lai, que se encontra detido por acusações de fraude, após uma busca da polícia às instalações dos seus meios de comunicação, foi visto algemado enquanto os guardas o levavam da cadeia ao tribunal.

Reacção do Reino Unido

Pequim impôs no início deste ano a lei de segurança nacional em Hong Kong, contestada pela comunidade internacional, após protestos do movimento pró-democracia na ex-colónia britânica.
A nova lei proíbe a secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras para interferir nos assuntos de Hong Kong, restringindo a liberdade de expressão e de reunião.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, usou a sua conta de Twitter para comentar que a lei de segurança em Hong Kong “brinca com a justiça”, pedindo a libertação de Lai, com quem reuniu no início deste ano, dizendo que o seu único crime foi falar a verdade sobre o Governo autoritário do Partido Comunista Chinês.
Na sexta-feira, o Governo britânico mostrou preocupação com a situação de Jimmy Lai. “O Reino Unido continua muito preocupado com a disposição das autoridades de Hong Kong de continuar com procedimentos legais contra figuras pró-democracia, como Jimmy Lai”, disse um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

14 Dez 2020

Automobilismo | Jerónimo Badaraco acredita que circuito no Cotai seria uma mais valia

Jerónimo Badaraco foi o único piloto lusófono a subir ao lugar mais alto degrau do pódio no 67.º Grande Prémio de Macau. O piloto macaense não tem planos para desacelerar, embora a próxima temporada ainda esteja por definir, e acredita que a construção de um circuito em Macau iria facilitar a entrada de novos talentos no desporto motorizado

Aos comandos de um Chevrolet Cruze da Son Veng Racing Team, “Noni” teve uma corrida autoritária e venceu sem contemplações a categoria ‘1600 Turbo’ da Taça de Carros de Turismo de Macau, cortando a linha de meta na quarta posição da geral na decisiva corrida de domingo. “É um circuito onde me sinto sempre bem, no início achava que não ia ter ritmo. Mas depois da primeira corrida habituei-me bem e o ritmo surgiu. Estava muito confiante”, afirmou o piloto macaense ao HM logo após a corrida de 12 voltas.

Três semanas após o maior evento de automobilismo do Sudoeste Asiático, e único disputado num circuito citadino na Ásia em 2020, sobre os planos para próxima temporada, o piloto da RAEM diz que “ainda é muito cedo para ter qualquer decisão, também muito dependerá dos patrocinadores e como a minha equipa quer preparar a próxima temporada. Talvez tente correr na classe ‘1950cc e Acima’ ou TCR”.

Esta não foi a primeira vez que Jerónimo Badaraco venceu nas ruas do território, pois na sua estreia no automobilismo, em 1999, triunfou contundentemente na última edição da Taça do Automóvel Club de Portugal, uma corrida destinada aos pilotos locais. Com mais de duas décadas no desporto, “ainda não penso em parar. É difícil dizer se isso vai acontecer cedo ou tarde. Como ainda tenho andamento para subir ao pódio, é pouco provável parar já. Talvez um dia, quando achar que não consigo lutar por lugares do pódio. Nessa altura veremos se é tempo para parar!”

As corridas de automobilismo de Macau vivem um momento de transição, esperando-se uma alteração de regulamentos técnicos em 2022, e, por conseguinte, de carros. Apesar da Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) nunca publicamente ter revelado qual o caminho a seguir pela competição que está sob a sua alçada, tudo indica que dentro de dois anos haverá a esperada mudança.

“Acho que eles vão mudar para carros e regulamentos da categoria TCR”, acredita Badaraco, que no entanto, realça que na sua opinião deveriam manter os carros das actuais classes ‘1600 Turbo’ e ‘1950cc e Acima’ para que assim houvesse uma maior variedade de carros e de corridas no Grande Prémio de Macau”.

Circuito no COTAI era o ideal

 Tal como vários outros pilotos da RAEM, “Noni” tem-se aventurado pontualmente ao longo destas últimas duas décadas em provas internacionais. Contudo, continua a faltar talento local nos grandes palcos do desporto. “Primeiro de tudo, acho que nos falta um circuito para treinar, realizar testes com os carros e assim criar jovens pilotos com mais facilidade”, explica o experiente piloto de carros de Turismo. “É muito difícil para os jovens começarem no automóvel cá no território. O custo da qualificação para o Grande Prémio de Macau é muito elevado, porque temos de fazer pelo menos quatro corridas de qualificação na China, com carros muito modificados”.

Apesar do Circuito Internacional de Zhuhai distanciar a apenas uma hora de carro das Portas do Cerco, a verdade é que o transporte e desalfandegamento dos carros, equipamento e material de Macau para o circuito da cidade vizinha, como para o mais distante Circuito Internacional de Guangdong, tem um custo demasiado elevado nos orçamentos anuais dos pilotos e equipas.

“Não é uma má ideia de construir um circuito no Cotai”, explica Badaraco. “Ter um circuito no Cotai não quereria dizer que não continuaríamos a ter uma vez por ano as corridas no Circuito da Guia, pois como toda gente sabe, o Circuito da Guia é um circuito histórico. Podemos organizar corridas locais com carros que custam menos, menos modificações, como por exemplo os carros com que corremos no passado, como o Honda DC5 ou o FD2, que ainda estão a correr nas corridas locais de Tailândia, Malásia e até no Japão! Assim seria mais fácil para lançar pilotos jovens com talento e com menos custos! Também teríamos mais vantagem para arranjar patrocinadores, fazer mais corridas locais e ser mais competitivos para correr em provas internacionais”.

A ideia de construir um circuito permanente em Macau não é um assunto recente, aliás, foi uma matéria inicialmente debatida nos tempos da administração portuguesa. Na segunda metade dos anos 1980s e nos primeiros anos da década de 1990s, este foi um assunto falado por várias vezes na imprensa, pois na altura Bernie Ecclestone e a FIA, por intermédio de Max Mosley, gostariam de ver o território ultramarino sob administração portuguesa no calendário do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. O assunto só esmoreceu quando em 1996 se ergueu o Circuito Internacional de Zhuhai.

“Se tivermos um circuito novo, talvez possamos convidar equipas de F1 ou de Moto GP para vir cá fazer testes das máquinas ou organizar corridas de mais alto nível cá em Macau. Com corridas de mais alto nível até podemos trazer mais turistas e até dá para aumentar o prestígio de Macau no automobilismo. E até podemos organizar ‘track days’ para os residentes darem umas voltinhas, em segurança, com os seus carros privados”, conclui Badaraco.

Jerónimo Badaraco, piloto

11 Dez 2020