Covid-19 | Cidade chinesa oferece mais de mil euros a quem testar positivo

Os residentes da cidade chinesa de Harbin que fizerem um teste de ácido nucléico para o coronavírus e acusarem positivo vão receber uma recompensa equivalente a 1.386 euros, anunciaram hoje as autoridades locais.

Segundo os dados do Governo de Harbin, foram detetados hoje três casos de covid-19, relacionados com o surto na cidade de Manzhouli, na região vizinha da Mongólia Interior.

A decisão das autoridades visa “bloquear os canais de transmissão do vírus”, ao estimular a população a fazer o teste.

A medida atraiu a atenção nas redes sociais do país, com mais de 100 milhões de leituras na Weibo, semelhante ao Twitter.

“Qual é o problema? Os cidadãos são incentivados a fazer o teste e a disseminação do vírus pode ser assim interrompida se o resultado for positivo”, apontou um internauta.

Outros não entendem a campanha ou acham que o dinheiro poderia ser investido de outra forma: “fazer o teste é da responsabilidade de todos, por que deveriam de ser recompensados”, questionou outro.

As autoridades de saúde da cidade também pediram à população que “evite viagens” e ordenaram o encerramento temporário de estabelecimentos com grande afluência de público, como balneários, discotecas, teatros ou cinemas.

As farmácias vão ser proibidas de vender remédios para a tosse ou gripe e antibióticos e se o comprador apresentar “sintomas suspeitos”, como febre, o estabelecimento deve informar as autoridades, caso não queira enfrentar possíveis responsabilidades legais pela disseminação do vírus.

A China mantém uma política de tolerância zero contra o vírus. As autoridades locais restringem a movimentação de pessoas e organizam testes em massa sempre que um caso é detetado. Segundo relatos da Comissão Nacional de Saúde da China, desde o início da pandemia, 98.897 pessoas foram infetadas no país, entre as quais 4.636 morreram.

3 Dez 2021

Festival da Luz | Evento arranca este sábado com sete roteiros distintos 

Começa este sábado mais uma edição do Festival da Luz, desta vez com o tema “Viajantes de Marte”. O evento, organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), traz sete roteiros distintos em 17 locais do território, incluindo espectáculos de video mapping.

Até ao dia 2 de Janeiro o público poderá ver diversos espectáculos de luz entre as 19h e as 22h, sendo que a última actividade de video mapping acontece às 21h50 em locais como o NAPE, Praia Grande, Nam Van ou zona norte, entre outros.

Pela primeira vez, o Festival da Luz apresenta um espectáculo de video mapping no Centro de Ciência de Macau. Neste local será exibido o projecto “Sabor Original de Macau”, trazido por uma equipa oriunda de Changsha, uma das Cidades Criativas da UNESCO em Artes e Média.

O programa inclui ainda a apresentação de espectáculos video mapping em outros três locais, nomeadamente “Nós”, no Largo do Pagode do Bazar e “Glid”, projecto de uma equipa criativa de Tóquio, que será exibido no Largo dos Bombeiros, na Taipa. O espectáculo “Em Pares”, de uma equipa de Macau, será exibido na Capela de São Francisco Xavier, em Coloane.

Drones e Carnaval

O cartaz do festival este ano traz ainda o evento comunitário “Arraial na Ervanário”, bem como diversas actividades interactivas, como um jogo com prémios para a captura de imagens com realidade aumentada. Os premiados têm a oportunidade de receber cupões electrónicos de lojas, podendo, através da plataforma dos cupões electrónicos, deslocar-se a lojas situadas nas proximidades para receberem prendas gratuitas ou descontos.

Este sábado a cerimónia de abertura do festival tem lugar na marginal do Centro de Ciência de Macau, sendo que neste dia acontece também a iniciativa “Gala de Drones Brilha sobre Macau”, organizada pela primeira vez.

Além disso, começa também no sábado a actividade “Carnaval da Luz”, inserida na série de actividades “Feira de Diversões para Desfrutar Macau”, organizada pela Associação sem Fronteira da Juventude de Macau e co-organizada pela DST.

3 Dez 2021

Hotelaria | Pré-abertura do The Karl Lagerfeld hoje no Grand Lisboa Palace

O Karl Lagerfeld Hotel abre hoje ao público, ainda numa versão soft-opening, mas já revelando o cuidado e o requinte característico do homem que ressuscitou a casa Chanel. Os 271 quartos estão repletos de detalhes escolhidos ou concebidos pelo famoso designer

 

O inconfundível imaginário visual de Karl Lagerfeld é uma constante no hotel com o seu nome, que tem hoje a pré-abertura, com a inauguração oficial a ter lugar algures durante o próximo ano. Situado numa das torres do Grand Lisboa Palace, a pérola do Cotai do grupo SJM, o The Karl Lagerfeld Hotel, o primeiro fashion hotel de Macau, começa hoje a receber visitantes, apesar de ser ainda em formato de pré-abertura.

No lobby de entrada, é impossível escapar à elegância do balcão de check-in e à parede coberta por mais de um milhar de chaves, imagem inspirada no filme “The Grand Budapest Hotel”, de Wes Anderson, formando o padrão estilizado da silhueta do designer de moda, num degradê de vermelhos. O balcão é emoldurado por um padrão negro ladeado por um vaso de porcelana com 3,5 metros de altura, desenhado por Lagerfeld e feito à mão em Jingdezhen, na província de Jiangxi. Aliás, as porcelanas de estilo chinês são uma constante ao longo do hotel, reinventadas pelo criador de moda num estilo sofisticado e moderno, apesar do fabrico artesanal.

O lado esquerdo do lobby é ocupado pelo The Book Lounge, espaço inspirado pela enorme biblioteca que Karl Lagerfeld tinha na sua casa de Paris. Aqui, a ideia é recriar os salões de chá franceses, com uma oferta de snacks normais com um toque de requinte. O ambiente evoca o savoir-vivre tipicamente francês. O design do lounge é centrado numa imensa estante de livros, contendo 4.000 exemplares reais escolhidos pelo designer.
Subindo para os quartos, salta à vista que nada foi deixado ao acaso no The Karl Lagerfeld, inclusivamente no caminho para os elevadores e as ombreiras das portas.

Cuidado pessoal

Todos os 271 quartos estão imbuídos pelo estilo único do designer, em especial as divisórias circulares que separam as suites, inspiradas nas representações tradicionais chinesas dos portões lunares. A decoração invoca cerejeiras em flor, misturando com elegância e naturalidade elementos de art deco europeia e aspectos estilísticos da dinastia Ming, dando corpo à sensibilidade contemporânea e visão estética do estilista. Das cadeiras, à cabeceira da cama, passando pelas paredes, a sofisticação é a palavra de ordem.

Outro trunfo do novo hotel é a piscina interior, um espaço que promove intimidade, com lotação limitada a 10 cadeirões e ocupação por tempo condicionada. Neste espaço, o olhar viaja automaticamente para a parede ornamentada com dois mosaicos que, em estilo art deco, representam uma mulher e o reflexo. Além da piscina interior, existe uma outra exterior que está disponível entre Abril e Novembro.

Outro dos trunfos do The Karl Lagerfeld é o The Spa, onde o mármore preto e o mosaico dourado prevalecem esteticamente, num local onde o atendimento pessoal e a privacidade são as tónicas principais.

3 Dez 2021

MNE chinês em Macau defende que uso da Cimeira pela Democracia para isolar China vai falhar

O comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Macau considerou que a tentativa dos Estados Unidos de usar a Cimeira pela Democracia para “conter e isolar a China” vai terminar “num fracasso”.

Num artigo enviado à Lusa, Liu Xianfa afirma que qualquer tentativa de “conter a China”, jogando a “‘carta de Taiwan’” ou de a ilha procurar a independência “confiando nos EUA” será “um beco sem saída”.

A Cimeira pela Democracia vai acontecer em formato virtual, de 09 a 10 de dezembro, tendo Washington excluído a China e a Rússia, entre outros, e convidado 110 países e regiões, incluindo Taiwan, num gesto fortemente criticado por Pequim, que considera a ilha parte do seu território.

Taiwan, para onde o exército nacionalista chinês fugiu após a derrota contra as tropas comunistas na guerra civil, em 1949, tem um governo autónomo desde então, embora a China considere a ilha uma província e defenda a reunificação.

“Convidar a região de Taiwan para participar na Cimeira revela plenamente que os EUA utilizam a democracia como uma ferramenta para interferir nos assuntos internos e infringir a soberania de outros países para servir a sua própria agenda política”, sublinha.

“A revitalização da nação chinesa e a reunificação do país são uma grande tendência, correspondendo ao desejo do povo”, escreve.

Para o responsável, a Cimeira pela Democracia “é antidemocrática e pseudo democrática”, uma vez que, de cerca de 200 países e regiões, apenas “uma parte da comunidade internacional” vai participar.

“O que o mundo de hoje precisa urgentemente não é uma chamada ‘Cimeira pela Democracia’, mas sim a união e a cooperação entre todos os países no sentido de responderem conjuntamente aos desafios globais, tais como a pandemia, mudanças climáticas, proliferação nuclear, terrorismo e segurança cibernética”, salienta.

Mas os EUA, “uma grande potência que tem importantes responsabilidades para a comunidade internacional”, continuam a “reviver a mentalidade da Guerra-Fria”, dividindo o mundo em “campos democráticos” e “campos autoritários”.

O diplomata chinês defende que “a comunidade internacional está convencida, em geral” que a “verdadeira intenção” dos EUA “é monopolizar o discurso democrático, promover o interesse geopolítico, incitar ao confronto e criar divisões”.

Ao contrário, a China está comprometida em promover “a democratização das relações internacionais”, ao contrário dos EUA que, nas últimas décadas, têm “aproveitado a ‘democracia’ como ferramenta para fazer avançar a sua estratégia global e geopolítica (…) causando instabilidade política e desastres humanitários em muitos países”.

Liu Xianfa salienta que “a política democrática socialista com características chinesas é amplamente apoiada pelo povo chinês (…), é a democracia socialista mais ampla, mais genuína e mais eficaz”, e rejeitou que a democracia seja “uma patente” de determinados países, lembrando que se trata de “um valor comum a toda a humanidade”.

No sábado, os embaixadores da China e da Rússia em Washington, Qin Gang e Anatoly Antonov, respetivamente, tinham criticado a exclusão dos seus países da Cimeira pela Democracia, condenando a iniciativa própria de “uma mentalidade de Guerra Fria”, desenhada por um país que “não é elegível sequer para o estatuto” de país democrático.

2 Dez 2021

Covid-19 | Portugal, Suécia e Japão na lista de países de elevado risco de Hong Kong

Portugal, Japão e Suécia vão juntar-se à lista de países de elevado risco para a covid-19 em vigor em Hong Kong, na sequência da deteção de casos com a variante Omícron, anunciou o governo.

Os não-residentes de Hong Kong, que tenham estado mais de 21 dias naqueles países, não podem entrar na região administrativa especial chinesa, indicou o executivo liderado por Carrie Lam.

Os residentes, que regressem de países do grupo A, têm de estar completamente vacinados e cumprir uma quarentena obrigatória de 21 dias num hotel designado pelas autoridades, acrescentou.

O grupo A passa a incluir 48 países, como Angola, Brasil, Moçambique, Espanha, Países Baixos, Reino Unido e Estados Unidos, apesar de alguns ainda não terem registado quaisquer casos com a variante Omícron, de acordo com o governo de Hong Kong.

Para quem chegar de países que identificaram uma transmissão local com a variante Omícron, ou dos casos “importados” de Hong Kong, têm de cumprir os primeiros sete dias no centro de quarentenas de Penny’s Bay.

Na segunda-feira, Portugal detetou 13 casos da variante Omícron num clube de futebol e, no mesmo dia, a Suécia registou um primeiro caso, enquanto o Japão contabilizou um caso da variante Omícron, na terça-feira, o que levou as autoridades de Hong Kong a juntar as três nações ao grupo A de países de elevado risco para a covid-19, a partir de sexta-feira.

O governo de Hong Kong, onde foram detetados até agora três infeções com a Omícron, afirmou que as políticas de saúde são “por agora” apropriadas, dado que os cientistas ainda não têm certezas sobre esta variante.

“Vamos acompanhar os estudos para ver de que forma esta variante afeta as pessoas”, indicou a secretária para a Alimentação e Saúde, Sophia Chan, em declarações a uma emissora local. Desde o início da pandemia, Hong Kong registou 213 mortos e 12.437 casos de covid-19. A taxa de vacinação ronda atualmente os 70%.

2 Dez 2021

Covid-19 | Coreia do Sul confirma primeiros cinco casos da variante Ómicron

A Coreia do Sul confirmou ontem os seus primeiros cinco casos da variante Ómicron do vírus SARS-CoV-2, recentemente detetada na África do Sul, em pessoas ligadas a viagens à Nigéria.

A Agência Coreana de Controlo e Prevenção de Doenças declarou hoje que os casos incluem um casal que chegou da Nigéria em 24 de novembro e um amigo que os levou do aeroporto para casa. Os outros dois casos foram de mulheres que também viajaram para a Nigéria e voltaram para a Coreia do Sul em 23 de novembro.

Profissionais de saúde sul-coreanos disseram que estavam a realizar testes de sequenciamento genético num filho do casal e em familiares do homem que os levou para casa para determinar se estavam infetados.

A Coreia do Sul está a considerar mais controlos de fronteira depois de proibir a entrada, a partir do próximo domingo, aos viajantes estrangeiros de curto prazo da África do Sul e de outras sete nações do sul do continente africano devido à variante Ómicron, vista como potencialmente mais infecciosa.

Os cidadãos sul-coreanos que chegarem desses países ficarão em quarentena por pelo menos 10 dias, independentemente de estarem vacinados ou não.

A Agência Coreana de Controlo e Prevenção de Doenças disse que a maioria dos novos 5.123 contágios registados hoje são da capital Seul e da sua região metropolitana, onde as autoridades disseram anteriormente que mais de 80% das unidades de cuidados intensivos para pacientes com covid-19 já estavam ocupadas.

Mais de 720 pacientes com vírus estão em estado grave ou crítico, também marcando um novo recorde. As mortes no país chegaram a 3.658, depois de registar entre 30 e 50 mortes por dia nas últimas semanas.

2 Dez 2021

Caso Suncity | Mais promotoras de jogo sob investigação no Interior da China

Intervenientes de peso no mercado junket como a Tak Chun, Guangdong Club ou Meg Star estão referenciados desde 2020 em investigações do Ministério Público do Interior da China por facilitar a vinda de jogadores a Macau. Todas as salas de jogo da Suncity estão encerradas, numa altura em que a transacção do grupo na bolsa de Hong Kong voltou a ser suspensa. Albano Martins crê que Pequim quer acabar com o sector do jogo em Macau

 

Os efeitos colaterais do caso Suncity parecem estar a chegar aos restantes promotores de jogo de Macau. Desde 2020 que alguns dos principais intervenientes no mercado de junkets aparecem referenciados em investigações no Interior da China, levadas a cabo pelo Ministério Público de províncias localizadas do lado de lá da fronteira. O economista Albano Martins acredita que a queda do grupo Suncity vai deixar o sistema financeiro de Macau “descalço” e que Pequim quer acabar com o sector do jogo no território.

Segundo apurou o portal GGR Asia, que teve acesso à documentação em questão, promotoras de jogo como a Tak Chun, Guangdong Club ou Meg Star são mencionadas nas investigações, a par com alguns indivíduos que surgem identificados como agentes cuja função passava por “facilitar as viagens de jogadores do Interior da China para frequentar a salas VIP de grupos de renome”, não só em Macau, mas também noutros destinos.

Segundo a mesma fonte, os casos envolvem, sobretudo, suspeitos das províncias de Jiangsu, Zhejiang, Fujian, Henan e Guangdong. Numa das acusações referente a Dezembro de 2020 e divulgada em Setembro de 2021 na província de Jiangsu, vários suspeitos do Interior da China estão indiciados pela prática do crime de “estabelecimento de casino”, por alegadamente terem facilitado apostas numa sala de jogo nas Filipinas, através da promotora Tak Chun.

A revelação acontece poucos dias depois de o director executivo do grupo Suncity, Alvin Chau, um dos mais influentes promotores de jogo de Macau, ter sido colocado sob prisão preventiva, devido a um caso de exploração ilícita do jogo e branqueamento de capitais, anunciado pelo o Ministério Público do território.

Sempre a descer

Além disso, segundo o canal chinês da TDM-Rádio Macau, desde a meia-noite de ontem, todas as salas de jogo VIP em Macau do grupo Suncity foram encerradas. Recorde-se que, as salas do grupo Suncity, estão presentes em mais de 40 por cento dos casinos de Macau.

Um porta-voz do Galaxy Entertainment Group confirmou à agência Lusa que as salas de jogo do Suncity nos ‘resorts’ do grupo fecharam àquela hora, ao contrário do grupo Suncity, que não respondeu a pedidos de esclarecimento e cujo site se encontra “offline”.

A reboque do encerramento de todas as salas VIP do grupo Suncity, a transacção de acções do grupo Suncity de Macau na Bolsa de Valores de Hong Kong voltou ontem a ser suspensa pouco antes do início da sessão.
Recorde-se que a negociação das acções já tinha sido suspensa na segunda-feira e que, no dia seguinte, caíram 48 por cento, com as restantes operadoras a sofrer também perdas significativas.

Ontem, dois dos três operadores de casinos que possuem capital norte-americano registaram as maiores perdas: Wynn Macau (-8,63 por cento) e Sands China (-4,24 por cento). Já a MGM China foi das únicas a ficar no “verde”, sem grandes alterações (+0,6 por cento). A Melco (-1,63 por cento), SJM (-4,14 por cento) e Galaxy (-2,93 por cento) também encerraram a sessão no negativo.

Futuro incerto

O economista Albano Martins disse ontem à Lusa que a queda do grupo Suncity, deixará “descalço” o sistema financeiro em Macau e que Pequim quer acabar com o jogo no território.

“Para além da questão do emprego, há uma situação mais complicada: o dinheiro que vinha para Macau através do Suncity, e que passava pelo sistema financeiro, vai deixar o sistema financeiro descalço”, antecipou.
Albano Martins afirmou ainda que a queda do grupo “vai provocar um grande abalo na indústria do jogo em Macau”.

Isto porque, sublinhou, “vai-se estender para o sistema financeiro e isso vai ser aterrador”, lembrando que se está a falar de um grupo que estava a posicionar-se para concorrer a uma das novas licenças de exploração do jogo, a atribuir em 2022.

Além disso, frisou o economista, as políticas do jogo estão a ser determinadas por Pequim: “é uma questão interna da China, Macau não tem muita palavra”.

“Esta é uma perspectiva muito pessoal: o jogo não é algo muito bem visto pelo Governo central. Está a perder força e tenho a ideia de que a China não terá problema em acabar com uma coisa que não é produtiva, sendo que em Macau ainda não se percebeu muito bem isto. E por isso há tanta insistência no discurso da diversificação da economia”, argumentou.

Recorde-se que, desde o pedido das autoridades chinesas para que o director-geral do Suncity se entregasse, até à prisão preventiva de Alvin Chau, pedido de demissão e encerramento das salas e suspensão da venda de ações, não passou uma semana.

Emprego | Funcionários do Suncity queixam-se à FAOM

Em resposta ao jornal Ou Mun, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) assegurou que, até à passada terça-feira, não recebeu qualquer queixa ou pedido de ajuda, por parte de trabalhadores do grupo Suncity. Contudo, o organismo diz estar atento ao encerramento das salas VIP e que já contactou o grupo para se inteirar do estado dos trabalhadores envolvidos.

Por seu turno, o deputado Leong Sun Iok indicou que, nos últimos dias, a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) tem recebido queixas de funcionários do grupo Suncity que demonstraram ter medo de vir a ser despedidos ou forçados a entrar em regime de layoff.

Isto, quando apenas foram informados oralmente pelos chefes de departamento de que não tinham de trabalhar. Além de não terem sido notificados oficialmente sobre a sua situação laboral, os trabalhadores queixaram-se ainda de não terem conseguido contactar o departamento de recursos humanos da empresa.

Hong Kong | Membro principal do grupo detido desde 2020

Além de pedir a Alvin Chau para se entregar às autoridades e cooperar na investigação do grupo Suncity, o mandado de captura emitido pela província de Wenzhou revelou também que, Zhang Ningning, membro principal do grupo e residente de Hong Kong, encontra-se detida desde Julho de 2020. De acordo com o jornal HK01, só recentemente é que os pais da detida tomaram conhecimento de que o caso estava relacionado com o jogo, alegando não ter conseguido visitar a filha ao longo do último ano. Além disso, alegaram ainda não ter recebido qualquer anúncio oficial por parte das autoridades, sendo o único ponto de contacto o advogado da suspeita, recrutado pelo grupo Suncity. Dado que Zhang Ningning é titular do bilhete de identidade de Hong Kong, a família espera agora que o caso seja tratado no território. Por seu turno, o Departamento de Segurança de Hong Kong confirmou ter sido notificado pelas autoridades do Interior da China em Julho do ano passado.

DICJ não comenta

A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) revelou ter recebido na terça-feira uma comunicação das operadoras de jogo a dar conta da suspensão da sua cooperação com o promotor de jogo Suncity, bem como do funcionamento das respectivas salas VIP. Em comunicado, a DICJ sublinha ainda que “não irá tecer qualquer comentário acerca das recentes suspeitas de crimes relacionados com o jogo, que se encontram em investigação judicial, sob o princípio do segredo de justiça” e que as operadoras e promotores de jogo devem desenvolver as suas actividades em “estrito cumprimento das leis”.

2 Dez 2021

Detenção de Alvin Chau com impacto imediato no emprego, diz especialista

O especialista em jogo Ben Lee disse ontem à agência Lusa que o cenário de desintegração do grupo Suncity, o maior angariador de apostadores do mundo, vai ter impacto imediato no emprego em Macau.

“O encerramento [de salas de jogo] vai ter impacto imediato na perda de emprego local, já que o Suncity é um grande empregador de Macau”, presente em mais de 40 por cento dos casinos de Macau, salientou Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix.

“Sobretudo quando a economia está em baixo e a taxa de desemprego tem estado ligeiramente acima do que é habitual e tem sido motivo de preocupação” das autoridades, acrescentou.

“A outra implicação, agora é muito claro para nós, é que a China incluiu Macau no alcance da lei anti-jogo e na anunciada ‘lista negra’ de jurisdições”, sublinhou, numa referência à legislação de 2019 com a qual as autoridades chinesas procuram apertar o controlo à saída de capitais.

O especialista afirmou que, até agora, “havia uma zona cinzenta” e que se considerava que “a promoção do jogo em Macau era tolerada por Pequim”. Mas, agora, “parece que ficou tudo ‘preto no branco’” para Macau, o único território na China onde o jogo é legal, concluiu.

Por outro lado, Ben Lee disse que outra das consequências passa “pela diminuição ainda maior do segmento VIP, algo que já estava a acontecer, mas que vai ser ainda mais acelerada”, lembrando que este segmento chegou a ser responsável por 70 por cento das apostas. Mas não só, considerou: “Antecipo que vai ter mais implicações nos esforços de ‘marketing’ dos casinos e na concessão de crédito para jogar”.

Em transformação

Finalmente, a queda do grupo Suncity pode ter impacto na redefinição dos operadores da indústria do jogo, numa altura em que as autoridades se preparam para lançar o concurso público para novas licenças de exploração de casinos, argumentou.

“Após o anúncio [da consulta pública para as novas concessões], a reacção dos mercados não se fez esperar”, e agora, com novas perdas na transacção das acções na bolsa de Hong Kong, estando “mais baratas do que alguma vez estiveram”, isso pode abrir ainda mais o caminho para os operadores locais garantirem uma maior fatia do mercado, à custa dos interesses norte-americanos presentes no território (Sands, MGM e Wynn), afirmou.

A transacção de acções do grupo Suncity de Macau na Bolsa de Valores de Hong Kong voltou ontem a ser suspensa pouco antes do início da sessão [ver texto principal].

A suspensão surge depois de todas as salas de jogo VIP em Macau terem sido encerradas e da prisão preventiva do director-geral do grupo Suncity, Alvin Chau, que pediu a demissão do cargo.

O Ministério Público defende a existência de indícios suficientes da prática dos crimes de participação em associação criminosa (punível com pena de prisão até 10 anos), chefia de uma associação criminosa (até 12 anos de prisão), branqueamento de capitais (até oito anos de cadeia) e de exploração ilícita do jogo (até três anos).

2 Dez 2021

Covid-19 | Japão deteta primeiro paciente infetado com a nova variante

O Japão confirmou ontem o primeiro caso de um doente infetado com a variante Ómicron do novo coronavírus tratando-se de um viajante procedente da Namíbia, disseram hoje fontes oficiais japonesas.

Hirokazu Matsuno, do gabinete do Governo de Tóquio, disse que o paciente é um homem de 30 anos, cuja doença foi detetada após ter sido submetido a um teste no diagnóstico no aeroporto de Narita, Tóquio, no domingo. A nacionalidade do paciente não foi revelada por questões de privacidade.

A análise posterior efetuada no Instituo Nacional de Doenças Infecciosas confirmou hoje tratar-se de um caso da nova variante (Ómicron) que foi inicialmente identificada na África do Sul.

Os companheiros de viagem do paciente infetado com a nova variante e os passageiros do avião foram identificados pelos serviços sanitários do Japão.

De acordo com a imprensa japonesa, dois familiares do viajante infetado “testaram negativo”, mas vão permanecer isolados em instalações governamentais perto do aeroporto de Tóquio. Matsumo disse ainda que o executivo vai manter as medidas de controlo relativas à entrada de pessoas no país.

Na segunda-feira, o Japão anunciou restrições à entrada de visitantes como medida de precaução contra a nova variante.

As medidas vão manter-se em vigor, pelo menos, até ao final do ano, incluindo a quarentena de 14 dias a todas os japoneses e estrangeiros com autorização de residência no país que entrem no Japão.

A Organização Mundial da Saúde alertou na segunda-feira que existe um “elevado risco” de a nova variante se tornar global “com consequências severas”.

1 Dez 2021

Covid-19 | China reconhece que variante Ómicron complica organização dos Jogos de Inverno

A China reconheceu ontem que a nova variante Ómicron pode acarretar dificuldades adicionais para a organização dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, entre 4 e 20 de fevereiro, mas reafirmou a sua confiança no sucesso do evento.

“Certamente trará alguns desafios em termos de combate à epidemia”, disse Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em conferência de imprensa.

“Mas a China tem experiência nesta área e estou totalmente convencido de que as Olimpíadas de Inverno ocorrerão de forma tranquila e conforme planeado”, apontou.

A China controlou amplamente a epidemia no seu solo graças a restritas medidas de prevenção: quarentena obrigatória para quem chega do exterior, testes em massa e isolamento de bairros, distritos ou cidades inteiras quando são diagnosticados os primeiros casos da doença.

A vida voltou à normalidade na primavera do ano passado, mas o país ainda enfrenta o aparecimento de pequenos surtos esporádicos.

Embora as fronteiras chinesas estejam praticamente fechadas desde março de 2020, os Jogos de Pequim acontecerão numa “bolha”, com os cerca de 2.900 atletas isolados da restante população.

Eles devem estar vacinados ou cumprir uma quarentena de 21 dias à chegada. Apenas espetadores residentes na China poderão assistir aos eventos.

“Em relação à variante Ómicron, a China fez a coisa certa em termos de prontidão tecnológica”, disse Xu Wenbo, especialista em doenças virais do Centro Chinês para o Controlo e Prevenção de Doenças, em conferência de imprensa.

“Temos muitas opções, com vacinas inativadas, vacinas de proteína recombinante e vacinas de vetor viral que estão nos estágios iniciais de pesquisa”, descreveu.

A China relatou nas últimas semanas apenas algumas dezenas de novos casos diários de covid-19. A nova variante ainda não foi detetada no país, exceto no território autónomo de Hong Kong.

1 Dez 2021

Concurso de Eloquência de português da Universidade de Macau visa promover estudo da língua

Mais de uma dezena de concorrentes participou ontem no 19.º Concurso de Eloquência de Língua Portuguesa da Universidade de Macau (UM), numa iniciativa que visa aumentar o interesse no estudo do português.

Subordinado ao tema “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, o concurso anual, organizado pelo departamento de português da Faculdade de Letras da UM, contou com a participação de estudantes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e da UM.

A final sido disputada por 13 participantes que fizeram uma apresentação pública dos discursos perante espetadores e júri.

Che Chong Hei, da UM, ganhou o primeiro prémio, Yang Hou Pan, também da UM, ganhou o segundo lugar e Chen Wangying, do IPM, o terceiro. O júri atribuiu uma menção honrosa a He Yijia, da MUST.

“Este concurso pode promover o intercâmbio cultural”, disse à Lusa o professor de português da UM, José Lino Pascoal, acrescentando que “num futuro próximo, haverá mais chineses a aprender português”.

Este número de candidatos é “o maior de sempre” do concurso, “um momento gratificante e desafiante”, em que todos os textos apresentados “eram muito bons”, sublinhou.

“Por exemplo, o estudante que ganhou o primeiro prémio começou o discurso com: ‘sou um homem de Macau'”, o que também reflete a identidade do território, acrescentou o professor.

Estudante da licenciatura em Direito e falante de cantonês, Che Chong Hei estuda português há três anos e disse ter ficado “supreendido por ter vencido” o 19.º Concurso de Eloquência de Língua Portuguesa, indicando que a sua língua materna é o cantonense.

Che sublinhou que o português vai ser importante no seu futuro, já que é uma língua “necessária para a prática como advogado”.

1 Dez 2021

Cartoon de português residente em Macau pela primeira vez na capa do Le Monde

Um dos trabalhos do cartoonista português Rodrigo Matos, residente em Macau, e que integra o coletivo “Cartooning for Peace”, foi ontem publicado, pela primeira vez, na primeira página do jornal francês Le Monde.

“É a primeira vez que me acontece e uma experiência nova para mim”, disse à Lusa Rodrigo Matos. “Este é o 12.º cartoon que envio para eles e espero que seja o primeiro de vários”, acrescentou.

A associação “Cartooning for Peace”, criada pelo cartoonista do Le Monde, Plantu, em 2006, e que contou 225 membros, selecionou alguns autores, cujo estilo se adapte à primeira página do diário francês.

“Eu sou um desses selecionados e quatro vezes por semana recebo uma lista de temas que podemos escolher e trabalhar como entendermos”, explicou. As escolhas são enviadas para o jornal, cujos editores decidem qual vai para a primeira página, disse.

O trabalho de Rodrigo publicado na capa do Le Monde é sobre o novo presidente da Interpol, general Ahmed Naser al Raisi, dos Emirados Árabes Unidos, acusado de promover práticas de tortura. Al Raisi foi eleito para o cargo em 25 de novembro, durante a assembleia do organismo internacional de cooperação policial, em Istambul.

Várias organizações internacionais, entre as quais a Human Rights Watch, tinha alertado sobre a candidatura de Al Raisi, que acusam de ser um dos máximos responsáveis policiais dos Emirados Árabes Unidos, um país que usa métodos repressivos contra os dissidentes políticos.

Em abril, um antigo procurador inglês David Calvert-Smith publicou um relatório no qual é referido que Al Raisi “coordenou o aumento da repressão contra os dissidentes” através de práticas de tortura e de abusos do próprio sistema judicial dos Emirados Árabes Unidos.

A organização Centro de Direitos Humanos para o Golfo fez uma denúncia contra Al Raisi em França, país onde se encontra a sede da Interpol, em Lyon, alegando que o ativista político Ahmed Mansur foi alvo de torturas nos Emirados Árabes Unidos.

Da mesma forma, um gabinete de advogados turco apresentou uma denúncia à Procuradoria da Turquia contra o general por torturas a Ahmed Mansur.

1 Dez 2021

FRC | Sara Augusto em palestra sobre a visão do inferno de Dante

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta, no próximo dia 7, pelas 18h30, uma palestra sobre os 700 anos da morte do escritor e poeta italiano Dante Alighieri, que terá como oradora Sara Augusto, professora do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Esta conferência é uma das primeiras do ciclo “Visões, Imagens e Memórias na Arte e na Literatura”, organizadas e apresentadas pela académica.

A temática do inferno estará patente nesta conversa, que irá remeter para as referências do “sonho dantesco” e da “visão dantesca”. Estas “são expressões que se tornaram sinónimas de visão infernal numa linguagem culta e informada, mas cuja explicação implica uma abordagem mais ampla, que vai da literatura à arte, atravessando séculos de expressão poética e artística”. Dante é, contudo, apontado ainda como o grande responsável das visões do paraíso e do purgatório que nos chegaram.

No IPM desde 2016, Sara Augusto é doutorada em Literatura Portuguesa pela Universidade Católica Portuguesa, tendo trabalhado como professora auxiliar na mesma universidade (1991-2009) e na Universidade de Coimbra (2009-2014), onde cumpriu também funções de investigadora, afecta ao Centro de Literatura Portuguesa.

1 Dez 2021

Jogo | Académico diz que indústria não é alvo de campanha

Qu Xinju, professor na Universidade da China de Ciências Políticas e Direito, em Pequim, considera que o mandado de captura as autoridades chinesas para a detenção de Alvin Chau faz parte de uma campanha contra o jogo transfronteiriço, que não vai afectar o normal funcionamento da indústria em Macau. As declarações do académico do Interior foram publicadas pelo Diário do Povo, órgão do Partido Comunista da China, citadas em Hong Kong pelo jornal Sing Tao.

Segundo o académico, “nos últimos anos o jogo transfronteiriço e os gangues de jogo online tornaram-se um problema cada vez mais proeminente na China”. Por isso, devido à acção destes grupos aumentaram as ocorrências de actividades que atentam à harmonia social e afectam os interesses económicos do país, como a “lavagem de dinheiro, detenções ilegais, raptos e homicídios”. Foi neste sentido que Qu Xinju explicou a intervenção das autoridades nacionais.

O académico avisa ainda que as autoridades têm uma nova política de tolerância zero para actividades de promoção do jogo por grupos do exterior e que a detenção de Alvin Chau é o “traçar de uma linha vermelha”.

1 Dez 2021

Presidente chinês promete a África mil milhões de doses de vacinas contra a covid-19

O Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu ontem a entrega de mil milhões de doses de vacinas anti-Covid a África, quer como doação, quer através de apoios à produção local.

“No âmbito da luta contra o Covid, a China fornecerá a África mais mil milhões de doses de vacinas, incluindo 600 milhões sob a forma de doações e 400 milhões sob outras formas, como a criação de unidades de produção de vacinas”, afirmou o chefe de Estado chinês num discurso remoto transmitido no Fórum de Cooperação China-África (Focac), a decorrer nos arredores da capital senegalesa.

A conferência surge numa altura em que os países africanos estão a trabalhar para reanimar as suas economias, duramente atingidas pela pandemia, e os seus organizadores contam com uma cooperação mais estreita com a China, o maior parceiro comercial do continente, para o conseguir.

Perante a situação de atraso de África na campanha de vacinação, Xi Jinping afirmou a necessidade de se “continuar a lutar juntos contra o Covid”. “Temos de dar prioridade à proteção da população e colmatar a lacuna de vacinação”, concretizou o Presidente chinês.

30 Nov 2021

Macau regista subida de 24,3 por cento nas exportações

As exportações de mercadorias de Macau registaram uma subida de 24,3 por cento entre Janeiro e Outubro, tendo-se situado nas 10,75 mil milhões de patacas. Por sua vez, a reexportação, no valor de 9,12 mil milhões de patacas, e a exportação doméstica, de 1,63 mil milhões de patacas, aumentaram 23,3 e 30,6 por cento, respectivamente.

Neste período, Macau exportou sobretudo para o interior da China, com as exportações a registarem o valor de 1,60 mil milhões de patacas, mais 18,2 por cento face aos primeiros dez meses de 2020. Cerca de 1,44 mil milhões de patacas de mercadorias foram exportadas para as nove cidades do Delta do Rio das Pérolas, com um aumento de comércio na ordem dos 14,9 por cento. As exportações para Hong Kong aumentaram 27 por cento, enquanto que as vendas para os EUA e União Europeia tiveram aumentos na ordem dos 23,1 por cento e 1,7 por cento, respectivamente.

As vendas de mercadorias para países que integram o projecto “Uma Faixa, Uma Rota” aumentaram 8,4 por cento, com um valor de 261 milhões de patacas. No entanto, as exportações para os países de língua portuguesa, com um valor de seis milhões de patacas, registaram uma quebra de 47,2 por cento.

Os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram ainda que as importações foram de 123,77 mil milhões de patacas, mais 83,8 por cento em termos anuais. O défice da balança comercial nos primeiros dez meses do ano registou um aumento, face ao período homólogo do ano passado, de 54,34 mil milhões de patacas, tendo-se situado nas 113,01 mil milhões de patacas. As importações oriundas do interior da China registaram um aumento de 93,9 por cento, no valor de 39,82 mil milhões de patacas.

30 Nov 2021

Diplomacia | China e Moçambique prometem fortalecer cooperação

O conselheiro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros da China Wang Yi e a ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, prometeram no domingo fortalecer a cooperação de benefício mútuo entre os dois países durante uma reunião na capital do Senegal.

A reunião foi realizada antes da Oitava Conferência Ministerial do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC, em inglês), que teve início ontem e termina esta terça-feira, informa a Xinhua.

“Moçambique é um parceiro importante da China em África. Nos últimos anos, a confiança política mútua entre os dois países continuou a aprofundar-se, e a cooperação bilateral em vários campos tem alcançado resultados frutíferos. Os povos chinês e moçambicano cuidaram um do outro e deram as mãos para lutar contra a COVID-19, aumentando ainda mais a amizade tradicional entre os dois lados”, disse Wang.

“A China atribui grande importância ao desenvolvimento das relações China-Moçambique, e está pronta, sob a orientação do importante consenso alcançado pelos dois chefes de Estado e tendo a reunião como uma oportunidade, para promover a parceria cooperativa estratégica abrangente entre os dois países para alcançar um maior desenvolvimento”, disse ainda o chefe da diplomacia chinesa.

Wang Yi disse também que, graças aos esforços conjuntos dos dois lados, a cooperação económica e comercial bilateral continuou a crescer apesar do impacto da pandemia.

O responsável sublinhou que a China está pronta para fortalecer a cooperação mutuamente benéfica com Moçambique em áreas como infraestrutura, agricultura e energia sob os quadros da construção conjunta do programa “Uma Faixa, Uma Rota”, do FOCAC e do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa para ajudar Moçambique a alcançar um desenvolvimento mais rápido.

Do outro lado

Macamo felicitou calorosamente o Partido Comunista da China pelo centenário da sua fundação, observando que o país está pronto para fortalecer os laços entre partidos e o intercâmbio com a China.

A ministra disse que “Moçambique e a China desfrutam de uma profunda amizade tradicional, e os dois países sempre se uniram firmemente”, acrescentando que “o povo moçambicano está profundamente grato à China por ajudar Moçambique a alcançar a independência, e que o apoio da China deixou Moçambique altamente confiante no seu futuro desenvolvimento”, relata a Xinhua.

Verónica Macamo ressalvou que Moçambique adere firmemente à política de “Uma Só China” e apoia resolutamente a China para salvaguardar seus principais interesses. Observou ainda que Moçambique está pronto para fortalecer a confiança mútua estratégica, aprofundar a cooperação mutuamente benéfica e manter a solidariedade e a coordenação sobre os assuntos internacionais com a China.

Os dois lados também expressaram a vontade de trabalhar conjuntamente para o sucesso da Oitava Conferência Ministerial do FOCAC, de modo a injectar um novo impulso na cooperação China-África.

30 Nov 2021

Número de trabalhadores em hotéis caiu 10 por cento

No final do terceiro trimestre de 2021, os hotéis de Macau empregavam 48.341 trabalhadores, ou seja, menos 10,1 por cento relativamente ao ano passado. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a remuneração média destes trabalhadores no mês de Setembro fixou-se em 18.500 patacas, um crescimento anual de 10,9 por cento.

Contudo, à semelhança de outros sectores, o crescimento é justificado pelo facto de a “base de comparação ser relativamente baixa”, dado que em 2020 os salários desceram “significativamente” e alguns trabalhadores estarem em licença sem vencimento.

Empregados no sector dos “restaurantes e similares” em Setembro estavam 23.527 trabalhadores a tempo completo (-6,1por cento), com uma remuneração média de 9.810 patacas (+7,8 por cento), ao passo que nas “indústrias transformadoras” estavam 8.448 pessoas (-7,7 por cento), com uma remuneração média de 11.930 patacas (+11,8 por cento).

A trabalhar em creches estavam 1.538 pessoas (+0,9 por cento), com uma remuneração média de 16.090 patacas (-1,6 por cento). Já os “serviços de idosos” empregavam 1.192 trabalhadores a tempo completo (+8,4 por cento), cuja remuneração média se fixou em 15.770 patacas (+1,6 por cento).

30 Nov 2021

Tereza Sena, historiadora: “Estamos aqui de pleno direito”

Passaram mais de 30 anos desde que chegou a Macau. Agora está na hora de partir. Aos portugueses que ficam, Tereza Sena lembra que “estamos aqui de pleno direito”, enquanto intervenientes seculares das relações da China com o resto do mundo. Mas sublinha: “com respeito ao que está em jogo e à soberania”

 

Quando chegou pela primeira vez a Macau?

Vim a primeira vez em 1986. O meu marido tinha vindo em Outubro e eu vim com a miúda passar o Natal. Estive cá até Fevereiro — estava a acabar a minha tese nessa altura. Vim definitivamente no ano seguinte, em finais de 1987.

Era uma Macau muito diferente do que é hoje?

Completamente diferente. Não só em termos de estrutura da cidade, obviamente que com uma vivência completamente diferente, mas inseridos num meio profissional e um âmbito cultural. Tínhamos uma grande actividade e um grande sentido de construção e de divulgar Macau. A noção de um tempo perdido, de muita coisa que não tinha sido feita. A Administração estava empenhada nisso e havia meios humanos e financeiros.

Muito mais do que em Portugal?

Sim. Era bom trabalhar em Macau nessa altura. Tinhas ideias e podíamos fazê-las, as equipas eram relativamente novas. Tive a sorte de entrar num sítio que não tinha apenas portugueses. Era o Instituto Cultural, em que havia equipas mistas, com chineses. Todos tinham um sentido de conhecimento e de fixação da memória de Macau e da sua internacionalização.

Trabalho esse que estava ainda muito por fazer.

Sim. O Arquivo Histórico tinha acabado de abrir nessa altura, estava em organização, ainda não havia a informatização das bibliotecas. Houve todo um processo de digitalização de documentos e de bibliografia.

Em termos sociais como via na altura a comunidade portuguesa e as suas relações com a comunidade chinesa?

Tirando esse microcosmo onde eu trabalhava, que era um bocadinho diferente de outros [locais], pelas temáticas e áreas em que intervínhamos, havia muitas Macau, havia os gabinetes, várias camadas, muitos universos. Sempre tivemos uma postura, eu e o meu marido, de não nos envolvermos muito nesse tipo de ambiente. Nunca quisemos viver num gueto e tentámos compreender o sítio onde estávamos e tentar intervir. Nunca nos sentimos descriminados.

Isso antes da transferência de soberania.

Sim. Tivemos sempre um bom relacionamento com a comunidade macaense e com a comunidade chinesa que é mais difícil de privar ou de entrar em grande intimidade. Isso nunca aconteceu muito, tirando um ou outro caso. Mas tenho amigos chineses que frequentavam a minha casa.

A Graciete Batalha, num artigo que publicou na Revista de Cultura, fala de um sentimento que haveria em Macau nessa altura, e que se reflectia na poesia e na literatura, a que chamou “a angústia do fim”. Sentiu isso?

Quando vim essa primeira vez passar o Natal, colaborava também com os jornais, incluindo o Diário de Notícias. Fiz uma grande entrevista ao [Henrique] Senna Fernandes. Foi publicada no DN e agora foi republicada num volume sobre os macaenses feito pelo professor Roberto Carneiro. E o título da entrevista “Macau, a saudade antecipada”, e fez-me lembrar isso. Havia sim [esse sentimento]. Cheguei na altura da Declaração Conjunta e havia esse sentimento, a questão da perda, o que iria ser o futuro. O Senna Fernandes dizia que não podia pensar, de maneira nenhuma, não viver aqui. Disse-me que iria ter muitas saudades, mas sabemos que ele se adaptou. Era o sentimento dominante na altura, porque era uma grande incógnita. E também essa preocupação com a fixação da memória que nunca tinha sido feita, ou contribuir para uma história mais actualizada, tem tudo a ver com isso. Uma tentativa de deixar uma memória.

Mas houve uma diferença em 1991/1992, com a chegada de Rocha Vieira e da sua equipa.

Sim. As coisas aí mudaram um pouco. Houve altos e baixos. Mas um pouco esse espírito do final dos anos 80 perdeu-se um pouco, porque a Administração burocratizou-se demasiado. Aquela facilidade e sentido de construção dos projectos, o saltar todas as barreiras, houve uma série de entraves colocados. Lembro-me que, na altura, no IC, estava a gerir a parte da investigação, quando se estabeleceram critérios e pareceres científicos, começaram a colocar-se, na explicação destes trabalhos, a teoria da consulta pública, o que não fazia sentido. Se estávamos no meio académico e é apresentado um projecto sobre Macau que tem consistência e que é importante ser concretizado, não se pode abrir uma consulta pública para ver a quem se pode adjudicar o projecto.

Alguma dose de desconfiança?

Houve uma certa desconfiança, mas mais para a frente as coisas acalmaram.

Até que chegamos à transferência de soberania. A Tereza ficou cá, como sentiu esse processo e os tempos posteriores?

Em termos profissionais estive bem, e houve continuidade nos primeiros anos, até 2001. Houve mudanças no IC e o projecto e a noção que havia das coisas alterou-se um pouco. Achei que aquela contribuição que poderia dar não seria a mesma, os critérios de cientificidade também, e fui para Portugal durante dois anos, até 2003. O Instituto Ricci convidou-me depois e vim. Mas isso é uma conjuntura profissional.

Foi o que sentimos até 2003, uma reacção quase natural.

Eu diria mais pelo perfil das pessoas que estavam à frente destas áreas, teriam outras prioridades que não se coadunavam com aquelas que eu achava que seria as importantes. Quando achei que o projecto poderia voltar a ser interessante, voltei. Mas em termos pessoais não tenho nada a dizer, as relações que tinha continuaram na mesma. Começaram todos a tentar falar português, o que antes não acontecia, porque como era a língua do poder tinham medo. Quando esta terra já era a deles queriam mostrar que nós éramos bem recebidos, então esforçavam-se imenso por falar português, mesmo nas lojas. Depois da cerimónia da transferência de soberania, eu vinha emocionada e houve um senhor chinês que reparou nisso e agarrou-se a mim, abraçou-se a mim e disse: “Amiga, não vá embora, nós precisamos de si”. No ano 2000 os meus colegas chineses tomavam conta de mim, diziam o que eu precisava de fazer.

Mas em termos políticos houve uma mudança com o Fórum Macau.

Lá está, não vivi isso. Houve uma travessia no deserto e não se sabia qual era o sentido de Macau nem dos portugueses que cá estavam.

Quando voltou continuou na mesma linha de investigação?

Da parte do Instituto era gestora cultural, embora fosse fazendo sempre alguma investigação. Tinha muito trabalho. O meu trabalho não era exactamente desenvolver a investigação, mas pontualmente fui fazendo isso. Só quando fui para o Instituto Ricci é que passei a investigadora a tempo inteiro, mas não só. Havia as sessões culturais, os congressos, já numa perspectiva de relacionamento com a China e de história contemporânea. Aí tive de entrar mais pelo campo dos jesuítas. No IC houve outra coisa muito importante que foi a internacionalização. Havia muito interesse em Macau a nível internacional e também por parte da academia.

Isto antes de 1999.

Sim. Todos os dias tinha correspondência e recebia um investigador estrangeiro.

Como vê a história de Macau do ponto de vista do seu desenvolvimento e da quantidade de trabalhos produzidos?

Houve uma linha de continuidade em alguns casos, com o mesmo entusiasmo, com menos financiamento, mas foram-se fazendo algumas coisas.

Podemos considerar que, de alguma maneira, existem duas histórias de Macau?

Há muitas.

Temos aquela que é feita a partir dos documentos chineses e a outra, a partir dos documentos portugueses. Até que ponto é que estas histórias diferem?

No final dos anos 90 uma das coisas que se conseguiu fazer… até aí os encontros que se faziam havia as histórias nacionais que marcavam as abordagens. Às vezes era difícil entendermo-nos porque os pressupostos de onde partiam eram diferentes. E mesmo a própria adjectivação e catalogação da história assim existia. Depois de muitas conversas conseguimos entrar num acordo em termos conceptuais, num célebre encontro sobre a história de Macau que aconteceu na Fundação Oriente. Vieram investigadores chineses e ocidentais e foi decidido que se ia por de lado esse tipo de classificação e começar a trabalhar aspectos da história de Macau. Toda aquela geração, a linha de Camões Tam… a Revista de Cultura publicou muita coisa sobre isso e passamos a olhar para a história de Macau como várias histórias. E penso que nunca haverá uma história de Macau, porque é impossível. Se formos a ver, do ponto de vista americano, ou do comércio internacional das comunidades que por aqui passaram, eles têm uma outra história de Macau. Nós temos uma, e os chineses têm outra. Quando chegamos ao consenso de que tinha sido um território de administração partilhada, que teremos sempre de ir sempre por essa perspectiva.

Foi essa a conclusão a que chegaram, que foi sempre um território de administração partilhada?

Sim. Havia visões de um lado e do outro, e nenhuma se poderia sobrepor à outra. Pensamos que cada um iria trabalhar os seus documentos, discutir aspectos.

Olhando só para os documentos, é talvez difícil… há muita coisa que fica de fora, porque muita da história de Macau não foi feita em documentos. Será assim?

Exactamente. Nomeadamente essa partilha, que não foi feita em documentos. Por isso é que comecei depois a estudar a história da tradução, embora não haja muitas fontes nem documentos. Consegue-se detectar, nas entrelinhas e nos conflitos, ou nas cartas do Senado, ou nas chapas sínicas, o papel do mediador. Percebe-se que houve tensões que foram sendo resolvidas que não vêem nos documentos.

Queria falar agora de dois momentos de tensão na história de Macau. Ferreira do Amaral e a expulsão das alfândegas chinesas e mais recentemente o 1,2,3. Parece que, tendo havido a inclinação do bambu para um lado, depois o bambu volta ao mesmo sítio.

Há ainda um momento de tensão anterior, grande. Porque a história de Macau é isso. Quando falo da história de Macau falo da cidade portuária, que não é uma cidade portuguesa. Foi, em 1887, reconhecida a soberania portuguesa com o tratado, mas com limitações. Mas vamos mais para trás.

Isso é o que está escrito no tratado, mas na prática…

Mas isso já existia desde finais do século XVI, quando em 1582 ou 1583 o procurador do Senado passa a ter o título de mandarim em segundo grau, para dialogar com as autoridades chinesas, está implicitamente reconhecida a dupla soberania em Macau. Ele é o elemento de ligação entre o Senado, o núcleo da cidade cristã, dos portugueses e macaenses, escravos, chineses aculturados, e os outros que estavam no outro lado. Quando havia algum conflito, ou abastecimento de mercadorias, havia sempre diálogo. Daí a importância das chapas sínicas para a compreensão de Macau. A partir de certo momento debate-se na China o que se há-de fazer com aqueles bárbaros, que eram úteis por causa do comércio, mas não podiam extravasar muito do sítio onde estavam. Então construíram as Portas do Cerco. Quando as coisas corriam mal fechavam a porta, não vinham alimentos e então começava-se a negociar. Isto foi assim ao longo dos séculos.

Depois vem Ferreira do Amaral.

Ele vem dar execução a um projecto que era anterior, de 1783, as providências do Martim de Melo e Castro. É o primeiro plano que existe para um controlo da coroa portuguesa sobre Macau. Era o tal documento de tensão, o chamado Código de Qianlong. Esse é que é o grande momento, de ruptura, deste equilíbrio.

Já tinha havido o Código de Quangli, mas a coisa resolveu-se. Eram as regras de não poder construir nas muralhas ou edificar mais casas, ou de que os japoneses não podiam estar em Macau. Isto para controlar. O Código de Qianlong diz o mesmo mas põe na mesa uma coisa fundamental: a proibição do catolicismo. É a única diferença, gigantesca para a coroa portuguesa, que não podia admitir uma coisa daquelas. Nesse momento de grande tensão, a coroa portuguesa faz um documento para a regulamentação de Macau. Mas aqui já estamos em contexto de comércio internacional, já outras potências estão a querer dominar. Daí todas as críticas estrangeiras em relação a Macau, de que nós não dominávamos nada. O tal projecto de Melo e Castro, com a criação da alfândega, começa a haver uma tentativa de imposição de uma lei portuguesa em Macau. Gera-se um período de conflito e o Ferreira do Amaral foi o executor desse projecto.

Então não foi ele que o concebeu.

Não. Foi o que se viu, mas perante aquela reacção, houve logo uma reconciliação. Começou a centrar-se novamente na negociação. Acabada a Guerra do Ópio e a cedência de Hong Kong e os tratados, aí Portugal começou a querer desesperadamente um tratado. Estávamos aqui há 200 anos e os ingleses já tinham [um acordo]! São 48 anos para se tentar conseguir um tratado, que é inteligentíssimo, por parte da China. Eles reconhecem realmente a soberania portuguesa, mas com duas reservas: uma é não permitir a alienação do território e não haver a delimitação das águas territoriais, como ainda hoje não há. Sem delimitação não se sabe que território se domina.

Com o 1,2,3 também se tenta atingir um equilíbrio?

Foi a mesma coisa, quando é reconhecido o papel de mediação que Macau sempre teve ao longo da história. Uma das minhas teorias, ou sínteses, é a mediação com o Japão, depois com o comércio internacional, e depois há uma fase, aquando do fecho da China, com o ouro. A China não tinha representação na ONU nem a nível do comércio internacional. Depois de 2003, a ligação com os países de língua portuguesa. A lógica é sempre a mesma.

Tem esperança que a comunidade lusófona possa ainda ter um papel a partir desta época em que vivemos?

Sim, a comunidade lusófona. Mas acho que neste momento cada vez será menos precisa a presença de portugueses para desempenhar esse papel de ponte. Porque com o investimento e o conhecimento do português… estamos no domínio da língua neste momento. O relacionamento será muito mais a esse nível, penso eu.

Mas, se calhar, a nossa comunidade não soube ou não pôde, nestas duas décadas, tornar-se num pilar dessa ponte.

Porque a nossa comunidade aqui… nem sei se é bem uma comunidade. Temos essa lógica do mercador, do comerciante, do intermediário, homem de acção, e temos ainda a herança da administração, da mentalidade do funcionário público. Houve uma renovação com alguns jovens que vieram para Macau. Começou a existir em Macau negócio português, que era coisa que não existia. Mas é muito virado para Macau, para dentro. Essa perspectiva de fazer pontes, não vejo muito.

Para estabelecer relações com os países lusófonos, seria importante desenvolver esse lado cultural?

É fundamental. Houve algumas iniciativas nesse sentido, mas acho que as instituições culturais estão muito viradas para o interior da China.

Talvez o facto de Macau ser vista como uma cidade internacional faça com que os chineses de Macau devam algo ao interior, no sentido de serem mais chinesas. Reforçar a sua identidade chinesa.

Nestes momentos há sempre essa tendência. Daí que os estudos de Macau sejam interessantes do ponto de vista para marcar a diferença, [ter] uma identidade construída. Houve muita coisa desenvolvida para o conhecimento de Macau este ano. Penso é que as próprias pessoas poderão balancear um pouco, ter receio de se quererem autonomizar demais. Talvez elas se queiram encostar um pouco ao novo poder. As gerações também mudaram. Talvez estejam a pensar no seu futuro e não podemos pensar mal disso.

Mas será que a nossa comunidade ainda pode ser útil, aqui, para a China?

Penso que sim. Pelo menos para fazer isto, este tipo de postura. Não podemos estar aqui como se nos dessem licença para cá estar. Estamos aqui de pleno direito, enquanto intervenientes neste processo de comunicação. Mas com respeito ao que está em jogo e à soberania. Macau teve um papel fundamental ao longo da história para a própria história da China, e a China serviu-se de Macau, tal como Portugal o fez, criou-se aqui uma cultura, criaram-se gentes.

Nas últimas três décadas a China mudou muito. Isso teve um efeito importante sobre Macau, mas diminui o seu papel de mediador.

Exactamente. Estamos a hegemonizar uma China que tem a sua missão e direito de a ter, e que faz o seu percurso. Mas era bom que esse percurso não fosse feito com branqueamentos nem com a imposição do que abolimos em 1990, uma visão ideológica da história.

É altura de se ir embora, porquê?

São questões pessoais, familiares. Fiz quase toda a minha vida profissional aqui e fi-lo com alguma seriedade e empenho, e dedicação a Macau.

O balanço é satisfatório?

É. Não estou arrependia, senti-me muito bem em Macau, desviei completamente a minha investigação para outra área. Não sabia nada da história de Macau quando cheguei e foi um desafio constante. Na faculdade, em Portugal, não se falava de Macau.

Como vê agora a posição da nossa comunidade?

Essa é uma pergunta muito difícil. Neste momento, é uma comunidade muito dividida. Antes também era em termos de não haver partilha de interesses ou de haver vários grupos. Mas havia um sentido de conjunto, pontos de encontro, e neste momento não há. Esse centro, de falar na rua, o nervo da cidade, a comunicação entre as pessoas, perdeu-se. Bastava pegar num telefone, porque a cidade estava lubrificada. Hoje em dia a comunidade está dispersa, encontramos pessoas e perguntamos: “estás cá?”. A cidade cresceu e as condições de vida alteraram-se. Essa polarização cultural deixou de funcionar.

Que mensagem nos deixaria no momento da partida?

Sejam felizes… Se sentem que estão a fazer alguma coisa por Macau, que vos dá satisfação em termos pessoais e profissionais, se há um projecto, um sentido de construção. Se têm necessidade em termos económicos, é admissível…, mas neste momento é difícil estar em Macau pois estamos fechados. Podemos ser elementos construtores de diálogo com a comunidade e com a própria China. Se pudermos demonstrar que somos importantes nesse projecto de diálogo que a China tem com o mundo, e se estiver dentro dos nossos parâmetros e valores, cumprimos o que sempre foi Macau.

30 Nov 2021

Covid-19 | Japão fecha-se a todos os visitantes estrangeiros devido a nova variante

O Japão anunciou hoje que vai fechar as fronteiras a todos os visitantes estrangeiros devido à variante Omicron da covid-19, três semanas após ter flexibilizado algumas restrições para permitir a entrada de viajantes de negócios e estudantes.

“Proibiremos todas as (novas) entradas de estrangeiros de todo o mundo a partir de 30 de novembro”, disse o primeiro-ministro nipónico, Fumio Kishida.

Os japoneses que regressam de nove países da África Austral e de países onde foram relatadas infeções com a nova variante terão de ser submetidos a “medidas rigorosas de isolamento de acordo com os riscos”, disse Kishida.

O Japão, que tem tido restrições fronteiriças desde o início da pandemia, facilitou as medidas para viajantes de negócios, estudantes e estagiários estrangeiros no início de novembro, mas continua fechado aos turistas.

O governo japonês anunciou na sexta-feira que iria prolongar a quarentena hoteleira para dez dias para os visitantes do Botswana, Eswatini, Lesoto, Namíbia, África do Sul e Zimbabué que chegassem ao Japão.

Tóquio estendeu a medida este fim de semana aos visitantes que chegavam do Malawi, Moçambique e Zâmbia. A nova variante, a Ómicron, foi recentemente detetada na África do Sul e, segundo a Organização Mundial da Saúde, o “elevado número de mutações” pode implicar uma maior infecciosidade.

29 Nov 2021

Covid-19 | Filipinas suspendem plano de reabertura das fronteiras

As Filipinas suspenderam os planos de reabertura das suas fronteiras a turistas totalmente vacinados, a fim de impedir a entrada no país da nova variante da covid-19. Ao mesmo tempo, está a ser lançada uma nova campanha de vacinação de três dias para acelerar as injeções de doses a pessoas com mais de 12 anos.

Manila anunciou na semana passada que tencionava reabrir a fronteira a nacionais de muitos países a partir de 01 de dezembro, numa tentativa de impulsionar uma economia gravemente atingida pela pandemia.

Mas a ‘Task Force’ Covid-19 do governo mudou a sua política durante o fim de semana, anunciando a suspensão dos voos de sete países europeus, para além da anterior proibição de chegadas de países africanos.

Até agora, as Filipinas não registaram quaisquer casos da variante Omicron, identificados pela primeira vez na África do Sul.

A decisão é um golpe para os operadores turísticos do país, devastado por uma queda no número de visitantes internacionais e restrições às viagens nacionais desde que as fronteiras foram fechadas em março de 2020.

O turismo é um setor importante da economia filipina, representando quase 13% do PIB em 2019, graças a oito milhões de visitantes, de acordo com estatísticas oficiais.

29 Nov 2021

Xiaomi vai fabricar 300.000 veículos eléctricos por ano na nova fábrica em Pequim

O grupo de tecnologia chinês Xiaomi assinou um acordo com as autoridades de Pequim para construir uma fábrica de veículos elétricos, com capacidade para produzir até 300.000 unidades por ano, informou hoje o portal de notícias económicas Yicai.

A fábrica, da qual sairão os primeiros veículos em 2024, vai ser construída em duas fases, embora não tenha sido divulgado o valor do investimento.

A Xiaomi, conhecida pelos seus telemóveis e outros dispositivos, anunciou, em março passado, a entrada no setor elétrico, com um investimento equivalente a 8.864 milhões de euros, ao longo dos próximos dez anos.

Em setembro, a empresa formalizou a criação da sua nova subsidiária dedicada a este tipo de veículo, com um capital inicial de 1.389 milhões de euros. Mais de 500 funcionários trabalham já nesta nova subsidiária, disse

recentemente a empresa de tecnologia, que já fabrica alguns veículos elétricos de pequeno porte, e também fez parceria com a chinesa Super Soco para produzir conjuntamente motocicletas elétricas.

29 Nov 2021

Sentença de ex-padre julgado por abusos sexuais menores em Timor-Leste lida em Dezembro

A sentença do julgamento de um ex-padre norte-americano acusado de abusos sexuais de crianças em Timor-Leste vai ser lida, à porta aberta, no próximo dia 21 de Dezembro, confirmou hoje à Lusa um oficial de justiça.

“A leitura da sentença vai ser feita às 09:00 do próximo dia 21 de Dezembro, no Tribunal de Oecusse” onde Richard Daschbach, 84 anos, começou a ser julgado a 23 de fevereiro deste ano, à porta fechada, disse o oficial de justiça.

“As alegações finais foram concluídas na semana passada e o juiz já deliberou que a leitura da sentença será feita à porta aberta”, explicou a mesma fonte.

Daschbach está acusado de 14 crimes de abuso sexual contra menor, um de pornografia infantil e violência doméstica, alegadamente cometidos ao longo de anos no orfanato Topu Honis, no enclave de Oecusse-Ambeno, em Timor-Leste.

Daschbach foi expulso da congregação da Sociedade do Verbo Divino (SVD) em Timor-Leste e do sacerdócio pelo Vaticano pelo “cometido e admitido abuso de menores”, com a decisão a basear-se numa detalhada investigação, incluindo a sua confissão oral e escrita.

Fonte judicial confirmou à Lusa que, nas alegações finais, o Ministério Público pediu uma pena mínima de 18 anos de prisão, com a defesa a pedir a absolvição de todos os crimes.

Ao longo do julgamento foram ouvidas 14 vítimas, das quais oito solicitaram depor sem a presença de Daschbach na sala de audiências, confirmou a mesma fonte.

Testemunharam ainda dezenas, arroladas tanto pelo Ministério Público como pela defesa, entre elas o ex-Presidente da República, Xanana Gusmão, chamado pela defesa de Daschbach.

Miguel Faria, advogado da equipa de defesa, disse à Lusa que a defesa pediu a absolvição por considerar que “nenhum dos factos foi provado pelo Ministério Público”, sublinhando ter apresentado dezenas de testemunhas que confirmam a inocência.

“Não podemos publicar os factos ainda por causa do segredo de justiça. Só poderemos falar em detalhe depois do caso transitar em julgado. Mas os factos não foram provados pelo Ministério Público. Os crimes não foram cometidos”, disse.

Matias Soares, um dos procuradores do Ministério Público que liderou o processo, disse à Lusa estar “totalmente confiante” de ter conseguido provar todos os crimes.

“Temos a certeza absoluta que provamos a culpabilidade do arguido pelos crimes que cometeu, pelos atos que foram investigados e apresentados. E este é apenas um número mínimo de vítimas, já que há muitas outras que não tiveram coragem para falar”, afirmou.

O caso causou amplos debates no país, levando a ataques e a ameaças de alguns dos apoiantes de Daschbach contra jornalistas, alegadas vítimas e organizações de apoio a vítimas.

Depois de sucessivos adiamentos e atrasos, o julgamento decorreu com maior normalidade, com as sessões a decorrerem em vários momentos dos últimos nove meses.

O caso começou a ser investigado há cerca de quatro anos e decorreu com pressão públicas de vários apoiantes do ex-padre, incluindo do ex-Presidente da República Xanana Gusmão.

Sem precedentes, o caso marcou um antes e um depois para a Igreja Católica em Timor-Leste levando mesmo a Conferência Episcopal Timorense (CET) a desenhar um novo protocolo, seguindo regras e orientações do Vaticano, para lidar com eventuais casos de abuso sexual que possam surgir na igreja no país.

“A CET já fez um protocolo, depois deste primeiro caso, e isso é um passo muito forte e importante”, explicou em agosto, o arcebispo Virgílio do Carmo da Silva, em entrevista à Lusa, reafirmando disponibilidade total para ouvir qualquer alegada vítima.

Em meados de julho, a organização que representa as alegadas vítimas do ex-padre disse que um dos seus elementos foi alvo de ameaças de morte por parte do arguido, no Tribunal de Oecusse.

á em janeiro a Conferência Episcopal Timorense apelou a toda a comunidade católica em Timor-Leste para que aceite e respeite a decisão do Papa Francisco expulsar do sacerdócio o ex-padre.

“O senhor Richard Daschbach já recebeu a sua sentença pela Doutrina da Fé, com o número 208/2018-67069 de 06 de novembro de 2018 do Papa Francisco: ele já não é padre, agora é leigo”, refere o comunicado da CET, “confirmado pela Arquidiocese de Díli” e dirigido “aos padres, religiosos, diáconos, irmãos, freiras e a todos os batizados em Timor-Leste”.

Mesmo antes do caso se tornar público, a diocese já tinha conhecimento do início da investigação pela hierarquia da Igreja que culminou na condenação e expulsão de Richard Daschbach.

“Foi a primeira vez que ocorreu isto aqui na Igreja de Timor. Mas desde o início sempre colaborei e quis tratar o assunto com a orientação da igreja universal. O papa já tem instruções e orientações claras para todo o clero sobre como orientar-nos e processar essa situação”, recordou, admitindo que o caso criou problemas internos.

O caso já foi investigado pelo Vaticano, num processo detalhado, disse.

“Esta não é uma decisão tomada de ânimo leve pelo Vaticano. Conheço o processo. foi feita uma suspensão provisória, e depois ele aceitou e assinou, não temos mais dúvidas. o importante é respeitar e convencer os outros a aceitar. E inclui uma confissão escrita e uma confissão oral”, sublinhou.

No mais recente comunicado, de 22 de julho, a Arquidiocese recorda que Daschbach foi laicizado depois de uma investigação e posterior sentença da Doutrina da Fé, pedindo a toda a estrutura da igreja para “respeitar” essa decisão e evitar comentários adicionais.

“Quando o processo terminou, voltaram com os documentos e apresentaram ao senhor. Ele leu, concordou e assinou o documento. E ainda foram dados três meses para ele poder contestar ou recorrer. E não recorreu”, disse o arcebispo.

29 Nov 2021

Governo cria programa de visitas virtuais a vários museus

O Instituto Cultural (IC) decidiu criar um programa de visitas virtuais a mais quatro museus do território, depois de ter criado o mesmo sistema para o Museu de Macau e o Museu de Arte de Macau. Desta forma, os interessados podem agora visitar online o Museu Vivo Macaense das Casas da Taipa, o Museu da História da Taipa e Coloane, o Museu Memorial de Xian Xinghai e o Espaço Patrimonial Uma Casa de Penhores Tradicional.

Este sistema é composto por salas de exposição virtual com recurso à tecnologia de realidade virtual online, onde os interessados poderão ter acesso a uma visita digital ao museu obtendo um espaço de visualização de 360 graus.

Estas visitas virtuais estão disponíveis em português, chinês tradicional e simplificado, e inglês. Os visitantes podem digitalizar um código QR ou aceder à página de Realidade Virtual (RV) Online do IC, utilizando o rato ou tocando no monitor para circular livremente nos diferentes espaços de exposição. O IC promete continuar a apostar na integração dos recursos de museus com a tecnologia, promovendo as visitas digitais.

29 Nov 2021