Hoje Macau China / ÁsiaSri Lanka pede à China reestruturação da dívida e acesso a linha de crédito preferencial O Presidente do Sri Lanka pediu à China uma restruturação da dívida e acesso a crédito preferencial para importação de bens essenciais, perante a crise económica com que o país se debate. Durante uma visita do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, o Presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, afirmou que seria “um grande alívio para o país se pudesse ser considerada uma reestruturação dos reembolsos da dívida, como solução para a crise económica que emergiu perante a pandemia de covid-19”, segundo um comunicado do gabinete presidencial, citado pela Associated Press (AP). Rajapaksa pediu ao governante chinês a concessão de uma linha de crédito para importações e permitir que as empresas possam funcionar sem perturbações, indica ainda o mesmo comunicado. O Presidente apelou ainda a que os turistas chineses possam viajar para o Sri Lanka dentro de uma ‘bolha segura’. Wang e o primeiro-ministro Mahinda Rajapaksa, irmão do Presidente, visitaram posteriormente a cidade portuária de Colombo, uma zona recuperada com investimento chinês, onde inauguraram uma alameda e a navegação de 65 barcos, como forma de assinalarem os 65 anos de relações diplomáticas entre os dois países. O Ministro chinês dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, terminou ontem uma visita de dois dias ao Sri Lanka. A visita ocorre numa altura em que o Sri Lanka enfrenta uma das suas piores crises económicas, com as reservas estrangeiras a caírem para cerca de 1,6 mil milhões de dólares, o suficiente para algumas semanas de importações, nomeadamente de matérias-primas. O declínio das reservas estrangeiras é parcialmente atribuído a projetos de infraestruturas realizados com empréstimos chineses que não rendem dinheiro, refere a AP. A China emprestou dinheiro ao Sri Lanka para construir um porto de mar e um aeroporto no distrito de Hambantota, no sul do país, e para uma ampla rede de estradas. Os números do Banco Central indicam que os empréstimos do Sri Lanka à China totalizam atualmente 3,38 mil milhões de euros. Este valor não inclui os empréstimos a empresas estatais.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | O que faz Wang Yi em África? A diplomacia chinesa tem uma tradição de 32 anos: a sua primeira visita no início de cada ano deve ser a um país africano O conselheiro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, clarificou os três objectivos da sua visita a África durante uma reunião com a sua homóloga do Quénia, Raychelle Omamo, na cidade de Mombasa. Wang Yi disse que a diplomacia chinesa tem uma tradição de 32 anos: a sua primeira visita no início de cada ano deve ser a um país africano. “A tradição mostra com acções concretas que a China preza a sua amizade tradicional com a África, dá prioridade a África na diplomacia chinesa e está disposta a ser um bom amigo e parceiro de África. Apesar dos desafios impostos pela pandemia, viemos aqui conforme programado, faça chuva ou faça sol, e permanecemos fiéis à nossa aspiração inicial. Este é o tom da amizade China-África”, disse Wang, acrescentando que a sua “visita para a África tem três objetivos principais”. Assim, segundo Wang Yi, o primeiro objectivo é trabalhar com a África para derrotar a epidemia. “O mundo enfrenta uma nova onda da variante Omicron. Como amiga da África, a China nunca ficará de braços cruzados. O presidente chinês, Xi Jinping, anunciou que a China fornecerá mais mil milhões de doses de vacinas a África, que é o maior pacote de ajuda e está em andamento. As vacinas estão a ser enviadas por mar para todas as partes de África que as necessitam. Hoje, anunciamos mais 10 milhões de doses de vacina para o Quênia. Vamos apoiar os nossos irmãos e irmãs africanos até que a vitória final seja conquistada”, disse Wang. Em segundo lugar, prosseguiu o MNE chinês, “a implementação dos resultados do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) deve ser acelerada. Há mais de um mês, foi realizada com sucesso a 8ª Conferência Ministerial do FOCAC. O presidente Xi anunciou nove programas para a cooperação prática China-África. A série de documentos de cooperação bilateral assinados pela China e pelo Quênia hoje são a primeira colheita dos nove programas no Quénia.” “Estamos prontos para aumentar a sinergia com os nossos parceiros africanos, arregaçar as mangas e trabalhar duro para entregar todos os resultados da conferência em benefício do povo africano, ajudar a África a acelerar a recuperação pós-epidemia e embarcar no caminho da independência e desenvolvimento sustentável”, disse Wang. Wang Yi referiu ainda que a chamada “armadilha da dívida” em África não é um facto, mas um “exagero com segundas intenções”. É uma “armadilha do discurso” criada por forças externas que não querem ver África acelerar o desenvolvimento. Se há alguma “armadilha” em África, é a “armadilha da pobreza” e a “armadilha do atraso”. “A China está pronta a trabalhar com todos os países amigos para ajudar os africanos a acelerar a recuperação pós-pandemia, eliminar a pobreza e o atraso, actualizar-se o mais rápido possível, alcançar um desenvolvimento comum e criar um futuro melhor. A China e a África devem defender firmemente os interesses comuns. Em face da hegemonia, agressores e actos unilaterais, a China e a África têm a responsabilidade de praticar conjuntamente o verdadeiro multilateralismo e salvaguardar a equidade e a justiça internacionais.” “Por último, a China está pronta para fortalecer a coordenação e cooperação com a África em assuntos internacionais e regionais, salvaguardar o sistema internacional com as Nações Unidas no seu núcleo e as normas básicas que regem as relações internacionais, salvaguardam os interesses legítimos dos países em desenvolvimento e tornam a ordem internacional mais justa e equitativa”, concluiu.
Hoje Macau SociedadeCrime | Puxa cabelos à mulher para a impedir de trabalhar Um homem foi acusado de cometer o crime da violência doméstica, quando aguardava em liberdade julgamento, em que também é acusado de cometer o mesmo tipo de delito. Segundo o jornal Ou Mun, a investigação da Polícia Judiciária (PJ) começou depois de uma denúncia por parte da esposa do suspeito, a afirmar que tinha sido agredida e ameaçada verbalmente em casa, a 4 de Janeiro. A investigação levou os agentes a concluir que o arguido de 66 anos estava a ser acusado novamente de agressões à esposa. Em declarações às autoridades, a mulher de 40 anos relatou que depois da primeira queixa, o marido melhorou o comportamento. Contudo, em Dezembro do ano passado, tudo voltou a mudar para pior. Segundo a vítima, na origem da mudança de atitude esteve o facto de o acusado desejar que a esposa se despedisse do trabalho para ficar a cuidar de familiares. Como a mulher não mostrou vontade de deixar o emprego, o marido terá agredido a vítima com puxões de cabelos e ameaças de que se iria suicidar. O caso foi entregue ao Ministério Público, depois de o suspeito ter recusado cooperar com a investigação da PJ.
Hoje Macau Manchete PolíticaTaiwan | Macau repudia relatório sobre diminuição de liberdades O Governo liderado por Ho Iat Seng acusa Taiwan de ter vários preconceitos e recusa que as liberdades legalmente estipuladas tenham sido beliscadas pelas proibições sobre o 4 de Junho e os acontecimentos dentro da TDM O Governo demonstrou “repúdio e oposição” ao relatório das autoridades de Taiwan onde, entre outras situações, denunciam a diminuição das liberdades e garantias no território em 2021. “O conselho da região de Taiwan para os assuntos do Interior da China divulgou recentemente um dito relatório de estudo e análise sobre a situação de Macau, que tece comentários irresponsáveis sobre o desenvolvimento social, político e económico de Macau, e não corresponde severamente à realidade local, estando repleto de preconceitos”, indicou o Governo, em comunicado divulgado no sábado. “Por essa razão, o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) manifesta o seu mais firme repúdio e oposição”, acrescentaram as autoridades. No relatório referente ao 22.º ano da passagem de administração de Macau para a China, Taiwan indica que em 2021 o ponto de vista do Partido Comunista da China sobre a segurança nacional foi incorporado no sistema administrativo de Macau. Taiwan recorda ainda que as “restrições do direito de reunião e da liberdade de imprensa foram frequentes”, frisando ainda que a opinião pública está preocupada que a voz pluralista da sociedade possa tornar-se ainda mais fraca. “Há preocupações de que o sistema de Macau esteja a tornar-se mais chinês”, denunciaram. De acordo com a lei No ano passado, o campo pró-democrata foi impedido de concorrer às eleições legislativas por terem sido considerados infiéis ao território, houve uma directiva para Teledifusão de Macau (TDM) que proibiu os jornalistas dos canais portugueses e ingleses de divulgarem informações e opiniões contrárias às políticas da China e o Tribunal de Última Instância (TUI) de Macau chumbou o recurso para uma vigília no Largo do Senado em memória das vítimas de Tiananmen por considerar que a liberdade de reunião não pode admitir “abusos e ofensas sem limites”. O Governo de Macau, no comunicado, nega esta narrativa e contrapõe: “As eleições para a VII Assembleia Legislativa e o Chefe do Executivo do V Governo da RAEM, cujos processos decorreram de forma justa, imparcial, pública e íntegra. Os direitos políticos dos residentes, incluindo de manifestação e reunião, têm sido respeitados e garantidos de forma plena, os órgãos de comunicação social têm autonomia e possuem linhas editoriais independentes, e as diferentes vozes podem conviver e serem respeitadas na sociedade de Macau”. O discurso sobre o reforço patriótico em Macau, assim como o aumento da defesa da segurança nacional tem estado patente em praticamente todos os sectores do poder no território nos últimos anos.
Hoje Macau Grande Plano MancheteA origem da cozinha Macaense em Macau (Segunda Parte) Ritchie Lek Chi, Chan (*Artigo publicado no jornal Macau Daily em 13 de Junho de 2021) Alguns sites na Internet indicam que, o desenvolvimento da cozinha Macaense “parece ignorar a contribuição dos chineses locais”, esta afirmação na verdade tem um pouco de compreensão da história da cozinha Macaense. Se quiser realmente compreender a cultura alimentar dos macaenses, deve primeiro compreender a sua aparição em Macau e a sua história de desenvolvimento. Carlos Piteira, investigador da Universidade de Lisboa em Portugal, realizou um webinar no Centro de Ciência e Cultura de Macau a 28 de Maio de 2021. O título da palestra, “A história de Macau é a história dos macaenses” (Nota 1), enquadra-se no conteúdo deste artigo. Os macaenses de Macau não pom podem representar todo o desenvolvimento histórico de Macau, mas este grupo étnico reflecte a principal parte histórica de Macau desde a abertura dos portos. Portanto, a exploração da cozinha Macaense ou do Patuá também deve ser combinada com o estudo da história dos macaenses. Por outro lado, o processo de desenvolvimento desta etnia pode ser dividido em duas fases, a influência dessas duas etapas no Patuá e na cultura da culinária é extremamente importante. A primeira fase da cozinha Macaense Nos séculos XV e XVI, os portugueses enfrentaram as turbulentas ondas do mar, ao longo da Cisjordânia da África, contornando o Cabo da Boa Esperança da África do Sul, chegou a Índia e depois em Mianmar, Camboja e Tailândia na Península da Indochina. Em seguida, atravessaram o Mar de Andaman no Estreito de Malaca para chegar a Malaca. Depois disso, continuaram navegando em direção ao estreito de Sunda até as ilhas da Indonésia e Batávia (Jacarta), fazendo um desvio para a China e para o norte do Japão. Durante a longa viagem, os viajantes portugueses casaram-se com mulheres nos países por onde passaram e este comportamento foi aprovado e incentivado pelo Governador de Portugal na Índia. Até 1557, o governo Qing permitiu que os portugueses se instalassem em Macau, trouxeram seus familiares e navegaram através das ondas para chegar a “Hao Jing Ao” (o antigo nome de Macau) na foz do Rio das Pérolas. No entanto, “as primeiras pessoas que seguiram os portugueses para a China foram as mulheres indianas e malaias, podendo haver uma ou duas mulheres portuguesas (europeias)” (Nota 2). A sua família começou a florescer na próxima geração sem ascendência chinesa na Península de Macau. Os chineses em Macau chamam-as de Macaenses, que é também a fase inicial dos Macaenses. Marinheiros portugueses chegaram à península de Macau com um grande número de famílias estrangeiras, essas mulheres que são diferentes dos hábitos da vida dos chineses e são boas no uso de especiarias como material de cozinha, elas podiam combinar habilmente os métodos de cozinha de Portugal e dos seus próprios países para criar alimentos que são diferentes dos outros. Assim, a comida macaense manteve duas características desde o seu início, além de misturar os métodos de cozimento de vários países ou regiões. Até agora, as habilidades da culinária macaense continuam a absorver as habilidades culinárias de outros lugares para criar pratos novos e mais deliciosos. Quando recentemente provei pratos nativos num restaurante macaense, sem querer, provei ” Sambel Margoso”, 0 nome deste prato é misturado com as palavras indonésias e portuguesas, que na verdade é uma mistura de especialidades indianas e portuguesas. O sabor é uma mistura de pratos portugueses e indonésios. Alimentos macaenses contam com recursos locais Outra característica da cozinha macaense é que ela é boa em escolher ingredientes locais, embora este método de cozedura seja principalmente português, mas quando faltam ingredientes da cozinha portuguesa, utilizam-se ingredientes locais. Esta abordagem pode não só manter as características da cozinha portuguesa, mas também potenciar os pratos distintos e deliciosos, Tacho é um exemplo. O Tacho é similar ao cozido à portuguesa, embora o método de cozimento seja o mesmo, os ingredientes dos alimentos são diferentes, os cozinheiros usam ingredientes locais de Macau em vez dos ingredientes habituais em Portugal, por exemplo, a salsicha chinesa em vez do chouriço português. De acordo com a informação, os condimentos culinários comuns dessas mulheres são azeite de oliva, molho de soja, gengibre, alcaparras, leite de coco, pasta de camarão salgada, etc. Existem também especiarias da Índia, Indonésia, Malásia e outras partes do Sudeste Asiático, incluindo caril, anis estrelado, pimenta, chá de frutas, cravo, canela, cúrcuma em pó, açafrão, cominho, pimenta e baunilha. Portanto, quando o sabor rico “Caril de Caranguejo”, ”Frango Africano”, “Tacho (chao-chao pele)” ou “Bolinhos de Bacalhau” e outros pratos nativos são trazidos para a mesa. É como um pequeno palco encenando o multiculturalismo de Macau, onde as culturas de diferentes países se fundem harmoniosamente neste pequeno local. Provas de identidade dos macaenses no início de Macau O sítio web do Instituto de História Qing da Universidade Renmin da China em Pequim reimprimiu um artigo na terceira edição da revista “Estudos Étnicos” em 2017. Artigo co-editado pelos Professores Tang Kaijian e Yan Xuelian do Departamento de História da Universidade de Macau “Casamento dos portugueses em Macau durante as dinastias Ming e Qing. O primeiro ponto da segunda secção do artigo “Formas de Casamento de Portugueses em Macau”, “Casamento misto com estrangeiros”, descreve após a abertura de Macau como porto comercial. Estes portugueses “cuidariam dos velhos e dos jovens e seguiriam-se ainda mais” (Nota 3). A maioria destes portugueses casaram e tiveram filhos em Goa ou Malaca. Eles deixaram suas famílias no local ou para áreas costeiras da China. Além de mulheres da Malásia e da Índia, também haviam mulheres mestiças portuguesas-asiáticas. Ana Maria Amaro, professora da Faculdade de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Nova de Lisboa, Portugal, na sua opinião, as mulheres mestiças luso-asiáticas, na sua maioria, pertenciam a famílias legais e com um dote generoso. Portanto, “as mulheres eurasianas que já eram numerosas quando Macau abriu como porto podiam ser as mães dos primeiros macaenses.” (Nota 4). Ao mesmo tempo, não se pode ignorar que estas famílias de comerciantes portugueses também tinham um grande número de escravas provenientes da Índia, Malásia, Indonésia, África, Japão e China. Visto que os portugueses que se estabeleceram em Macau também tinham um grande número de marinheiros pobres e não de empresários ricos, também podiam casar com essas mulheres como esposas. O historiador britânico Charles Ralph Boxer afirmou:“A cidade de Macau, que foi construída entre 1555 e 1557, quase que não haviam mulheres brancas entre os residentes iniciais. No início, eles (os portugueses) não se fundiram com as chinesas do vizinho condado de Xiangshan. As mulheres que viviam com eles eram geralmente do Japão, Malásia, Indonésia e Índia, e a maioria delas eram escravas. No entanto, em um curto período de tempo, um grande número de chineses começaram a migrar para Macau. Naquela época, a Dinastia Ming proibia o comércio com o Japão, então Macau formou rapidamente um entreposto comercial sino-japonês. Os homens portugueses também começaram a casar com mulheres chinesas nessa época, mas essas mulheres chinesas eram principalmente concubinas ou empregadas domésticas. Embora estas empregadas eram indistinguíveis dos escravos, na verdade, alguns são adoptados por casais sem filhos, viúvos e viúvas e tornaram-se membros plenos da família. “(Nota 5) A partir dos argumentos dos estudiosos acima referidos, pode-se concluir que os primeiros macaenses não tinham ascendência chinesa. Portanto, a sua cultura alimentar é definitivamente diferente da chinesa. Notas: “A história de Macau é a história dos macaenses”, Andreia Sofia Silva, Hojemacau, Entrevista 28.5.2021. “Lendas sobre a origem dos macaenses”, Manuel Teixeira, Revista de Cultura Edição Chinesa 20ª Edição, Terceiro Trimestre de 1994, Página 59. Pang Shangpeng (Dinastia Ming): “Trechos de Baiketing”, volume 1 “Descreva e sugira como proteger a estabilidade a longo prazo das costas remotas”, “Série de bibliografia preservada de Siku Quanshu (Biblioteca Completa em Quatro Ramos da Literatura)”, Livro 129, fotocópia do 27º ano de Wanli da Dinastia Ming, Edição impressa em bloco de Pang Yingshan, página 131. Ana Maria Amaro, “Filhos da Terra : a primeira década da diplomacia luso-chinesa” A Revista de Cultura, 20º número da edição chinesa, do terceiro trimestre de 1999, páginas 13 e 18, editada pelo Instituto Cultural de Macau. Charles Ralph Boxer: Marv and Misogyny: Women in Iberian Expansion Overseas, 1415-1815: Some Facts, Fancies and Personalities, New York: Oxford University Press, 1975, p.84.
Hoje Macau SociedadeCovid-19 | Decretadas quarentena para zonas de Tianjin e Henan O centro de coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus determinou que, desde as 21h de ontem é obrigatória a realização de uma quarentena de 14 dias para quem viaje de algumas zonas de Tianjin e de Henan, na China, devido ao aumento de casos de covid-19. Segundo um comunicado, a quarentena passa a ser obrigatória para os visitantes oriundos da cidade de Anyang, de Henan ou do distrito de Nankai, de Tianjin. Além disso, o seu código de saúde será convertido para a cor amarela, sendo que estes devem ainda realizar cinco testes de ácido nucleico nos dias 1, 2, 4, 7 e 12 a contar desde a data do início desta nova medida.
Hoje Macau China / ÁsiaNovas regras criaram corrida aos vistos ‘gold’ em Hong Kong e China Consultores de emigração em Hong Kong e Macau disseram à Lusa que as novas regras, que entraram em vigor a 1 de janeiro, originaram uma corrida aos ‘vistos gold’ portugueses no final de 2021. De uma média de dez processos por ano, Jeff Yen Li Wei, sócio da sociedade de advogados de Macau Nuno Simões e Associados, passou para 20 pedidos só na segunda metade de 2021, sobretudo vindos da China continental. Também John Hu, fundador e consultor principal da John Hu Migration Consulting, uma empresa de Hong Kong especializada em emigração, teve clientes locais a tentar iniciar o processo “mesmo antes do Natal”. O objetivo era antecipar a entrada em vigor de um decreto-lei que proíbe a obtenção de ‘visto gold’ através da compra de propriedade residencial nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e na maioria das regiões do litoral. A mudança estava originalmente prevista para julho de 2021 e muitos chineses e britânicos radicados em Hong Kong aproveitaram os seis meses extra para “acelerar” o negócio, disse Jason Gillott. Para o cofundador da Golden Visa Portugal Limited, uma empresa de Hong Kong especializada na obtenção de ‘vistos gold’, a opção mais popular foi comprar casas para reabilitação em Lisboa, Cascais ou Ericeira. Até ao final de 2021, o programa de Autorização de Residência para Investimento permitia obter residência em Portugal ao investir em imobiliário no valor mínimo de 500 mil euros, valor que caía para 350 mil euros no caso de reabilitação urbana. Após a correria de dezembro, Jeff Yen não tem novos clientes atualmente, mas disse acreditar que “quem estava interessado, vai continuar a estar interessado”. Ainda assim, o advogado, que viveu mais de duas décadas em Portugal, defendeu que será mais difícil convencer investidores chineses a comprar imobiliário fora dos grandes centros urbanos. A aquisição de propriedade era a opção em “80% dos casos”, mas John Hu considerou que a transferência de pelo menos um milhão de euros em capital poderá tornar-se uma escolha mais popular para os investidores de Hong Kong. Com sete processos em carteira, Jason Gillott está mais otimista, apontando o crescente interesse vindo de residentes do Reino Unido, Estados Unidos e Turquia. De acordo com números oficiais divulgados na segunda-feira, a inflação anual na Turquia ultrapassou os 36% em dezembro, um recorde desde 2002, devido à queda de quase 45% da lira turca face ao dólar num ano. “Muitos dos clientes têm já uma boa ideia de onde querem investir”, indicou Jason Gillott, apontando o caso de uma norte-americana que queria comprar casa em Évora para alugar a estudantes universitários. O britânico afirmou que há ainda oportunidades no imobiliário, nomeadamente no litoral do distrito de Setúbal. “Fiquei muito surpreendido por toda aquela zona, da Comporta até Santiago do Cacém, ter ficado na lista para o ‘visto gold’”, disse.
Hoje Macau China / ÁsiaÍndia re-autoriza financiamento estrangeiro a organização criada por Madre Teresa de Calcutá A Índia re-autorizou o financiamento estrangeiro a uma instituição de caridade fundada por Madre Teresa, depois de uma interrupção de várias semanas, vista por críticos como sendo mais uma prova de perseguição aos cristãos sob o governo nacionalista hindu. No dia 25 de dezembro de 2021, a instituição Missionárias da Caridade viu recusada, pelo Ministério do Interior indiano, a renovação da licença que lhe permitia receber financiamento estrangeiro. Esta decisão indicava apenas que as Missionárias da Caridade já não preenchiam as condições de elegibilidade, escusando-se a dar mais detalhes. De acordo com Sunita Kumar, colaboradora próxima de Madre Teresa, a licença foi agora finalmente renovada. As Missionárias da Caridade é uma congregação religiosa católica fundada em 1950 por Madre Teresa, uma religiosa católica romana que viveu e trabalhou na Índia durante a maior parte de sua vida, ajudando os pobres da cidade de Calcutá. Madre Teresa recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1979, sendo declarada santa pouco depois. Esta congregação atua criando abrigos para os desfavorecidos em toda a Índia e, de acordo com o jornal Hindu, no ano fiscal de 2020-2021 obteve cerca de 662 milhões de euros em financiamento estrangeiro. O Governo de Narendra Modi foi acusado de bloquear o acesso a financiamento estrangeiro para instituições de caridade e organizações de defesa dos direitos humanos que trabalham na Índia. Na semana passada, a filial indiana da ONG Oxfam disse ter visto bloqueado o acesso a fundos estrangeiros, alertando para as graves consequências que tal provoca na sua atividade humanitária. Também a Amnistia Internacional anunciou, em 2020, que encerraria as operações na Índia, depois de o Governo congelar suas contas bancárias. Os ativistas dos direitos humanos também estão preocupados com o aumento da discriminação e da violência contra as minorias religiosas, desde que Narendra Modi chegou ao poder em 2014. O governo nega qualquer projeto de hegemonia hindu e insiste na igualdade de direitos entre todas as religiões.
Hoje Macau China / ÁsiaTianjin vai testar 14 milhões de pessoas após a detecção de dois casos Ómicron A cidade de Tianjin anunciou hoje que irá testar quase 14 milhões de residentes depois de detetar dois casos locais da variante Ómicron, os primeiros de transmissão local no país. As autoridades locais disseram que os dois casos estão ligados, e fazem parte das últimas 20 infeções locais detetadas na cidade, todas no mesmo distrito. Tianjin já tinha sido a primeira cidade chinesa a registar um caso de Ómicron em meados de dezembro, embora nesse caso fosse um “importado”, isto é, vindo do estrangeiro. Os testes em massa começaram hoje às 07:00 horas e espera-se que sejam concluídos em cerca de 24 horas. A cidade, situada a pouco mais de 100 quilómetros de Pequim, confinou 29 áreas residenciais, fechou parcialmente duas linhas de metro e cancelou pelo menos 144 voos no aeroporto de Binhai. O epidemiologista Zhang Wenhong, citado hoje pelo oficial Global Times, rejeitou que a variante ómicron seja considerada menos virulenta do que outras mutações e disse que o mundo só deveria “reabrir” quando for construída uma “forte barreira imunológica” e as taxas de mortalidade de covid-19 forem “muito baixas”. Esta semana, o chefe da equipa nacional de peritos médicos da covid-19, Zhong Nanshan, considerou que o país já tinha atingido a “imunidade de grupo” depois de mais de 83% da população já ter recebido vacinação completa. As autoridades chinesas continuam a seguir uma política de casos zero de covid-9, que tem mantido o país praticamente isolado do mundo exterior durante quase dois anos, mas que lhe tem permitido manter um nível de contágio muito baixo em comparação com outros países, reagindo com testes de massa e contenção a qualquer surto, por muito pequeno que seja. A nação asiática começou 2022 em alerta devido a vários surtos desde meados de outubro do ano passado, que resultaram em mais de 7.000 casos – quase 5.000 dos quais transmitidos localmente – mas nenhuma morte. Este ano será um ano-chave para o país, pois acolhe os Jogos Olímpicos de Inverno a partir de fevereiro em Pequim e, em outubro, um grande congresso político do Partido Comunista da China (CPC), que se realiza apenas de cinco em cinco anos e no qual o seu líder, Xi Jinping, procura um novo mandato.
Hoje Macau EntrevistaComandante das Forças Armadas timorenses será candidato nas eleições presidenciais O comandante das Forças Armadas timorenses anunciou hoje que vai ser candidato às eleições presidenciais previstas para março, mas referiu que, para isso, precisa da boa vontade do atual chefe de Estado para poder passar à reforma. “Vou avançar. O senhor Presidente da República ainda não anunciou a data das eleições. Mas quando decretar, sem dúvida que me vou pronunciar”, afirmou Lere Anan Timur, em entrevista à agência Lusa. “Já tenho 70 anos e este é o último passo na carreira. Vou tentar chegar até lá”, disse. Para que isso ocorra, depois de o chefe de Estado marcar as eleições, é necessário concluir a sucessão na liderança das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL). “É um processo que não é complicado, mas que depende da boa vontade do senhor Presidente da República, para não complicar a minha situação”, explicou. “Eu estou na idade da reforma, já cumpri até mais do meu mandato. Já estou no terceiro mandato, que é uma coisa nova. É tempo de pedir a minha reforma”, acrescentou. O requerimento com o pedido vai ser enviado ainda este mês para o Presidente, disse, iniciando-se depois o processo de nomeação do seu sucessor. “Tem de haver boa vontade do senhor Presidente. Somos irmãos e um irmão não pode trair outro. Se recusar tem de explicar porque é que recusa a minha reforma”, disse. Se o pedido de passagem à reforma for aceite, Lere Anan Timur vai preparar uma proposta com potenciais sucessores no cargo que enviará ao ministro da Defesa, Filomeno Paixão de Jesus, a quem cabe depois reunir o Conselho Superior Militar. Uma proposta será levada por Filomeno Paixão ao Conselho de Ministros, que fará depois uma recomendação para o Presidente, a quem cabe fazer as nomeações. Para Lere, porém, a boa vontade de Francisco Guterres Lú-Olo devia ser ainda mais ampla, cedendo o espaço ao comandante militar para que seja só ele o único candidato do partido em que os dois militam, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin). Lere, aliás, considera que a Fretilin tem de apoiar a sua candidatura, “queiram ou não queiram”, porque é membro do Comité Central do partido e que assim é preciso “chegar a um entendimento” com o atual chefe de Estado. “Eu e o Lu-Olo temos de chegar a um entendimento. Eu vou dizer: irmão, já estiveste como presidente do Parlamento, como PR, porque é que não me cedes este período agora? Quero chegar a um acordo com o irmão Mari [secretário-geral da Fretilin] e Lu-Olo de um só candidato”, afirmou. O mesmo relativamente a outro dos potenciais candidatos, o ex-Presidente da República José Ramos-Horta, que tem sido apontado como potencial candidato apoiado por Xanana Gusmão, presidente do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT). “O irmão Horta também podia pensar bem nisso. Já foi Presidente, é Nobel da Paz. O meu irmão deve refletir e pensar bem. Que obra é que deixou incompleta no seu mandato? Deixou alguma”, questionou. “Eu sempre disse que de 2022 a 2027 são cinco anos decisivos. A última oportunidade para a velha geração, dos katuas. Até lá Xanana terá 80 e tal anos, assim como Ramos-Horta e Mari. É bom serem só pais da nação nessa altura”, considerou. Para já, referiu, o seu apoio mais consolidado está entre “os veteranos, o pessoal da resistência” e da luta contra a ocupação indonésia, mas garantiu que o seu apoio é maior, “e em todo o país, não só na ponta leste” de onde é originário, ou da Fretilin. Questionado sobre se gostava de ter o apoio de Xanana Gusmão, Lere recordou que o líder histórico é seu padrinho de casamento e os laços que os unem. “Estivemos sempre ao lado do nosso irmão, prontos até a oferecer a nossa vida para salvar a dele, como irmão dele. E um irmão não abandona outro. Mas com ou sem o apoio dele, vou avançar”, garantiu. Nas últimas semanas tem se falado de outro eventual apoio à candidatura de Lere, de José Naimori, líder do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), um dos três partidos no Governo e cuja mulher, Armanda Berta, presidente do partido e atual vice-primeira-ministra, anunciou já a intenção de também se candidatar à Presidência da República. Lere Anan Timur nega acordos políticos e explicou que as conversas e diálogos com Naimori – estiveram juntos recentemente em cerimónias tradicionais, por exemplo – tem a ver exclusivamente com “relações emocionais e pessoais e não políticas”. “O partido do Naimori veio das artes marciais, do Korka. Até a minha própria família está dentro da Korka e há esta relação emocional de tio e tia, irmão e irmã. Falámos por causa desta relação pessoal, mas não é política”, reforçou. Ainda que agora assuma uma corrida eminentemente mais política, Lere nunca deixou de ser uma voz política, mesmo nas funções atuais, o que suscitou várias críticas de vários quadrantes, algo que rejeita. “Muitos desses que falam dizem que o padre se quer falar de política deve tirar a batina. Mas o padre quando fala política não fala de partidos. A sua função e obrigação é estar ao lado dos indefesos, dos que não têm voz. Assim como eu”, considerou. “Sou militar, sempre disse que sou Fretilin, desde 1975 fui sempre da Fretilin. Se a Fretilin não existisse eu diria que era da Fretilin. Mas não sou general da Fretilin. Quem critica, não pensa”, insistiu. E rejeitou comparações com outros generais do mundo que aproveitaram as independências para “se sentar na cadeira”, afirmando: “Eu edifiquei o Estado, a nação de Timor-Leste, com o meu próprio sangue e eu preocupo-me com a estabilidade nacional e o desenvolvimento”. “Se falasse do meu partido ou do partido A ou B, estria contra a Constituição, mas sou como o padre, que está ao lado dos desprotegidos, que não têm voz e que sofrem. No impasse político, não podem calar a boca dos militares e andarem a fazer como querem”, afirmou. “Aqui em Timor-Leste, toda a gente diz: ‘fakaran ba rai Timor’, derramar o sangue pelo povo de Timor. Eles só falam teoria, mas eu não, eu derramei o meu próprio sangue”, disse, apontando para o dedo que perdeu num combate”, disse. Reiterando que nada o impede de falar, assegurou que vai manter sempre a “voz política”. “E quando for político só vou ter ainda mais voz”, enfatizou. Perfil | O comandante que quer ser chefe de Estado Lere Anan Timur, 69 anos, hoje comandante das Forças Armadas timorenses e pré-candidato presidencial, terá para sempre o seu nome ligado ao braço armado da luta contra a ocupação indonésia, quando conquistou uma reputação feroz e destemida. Se vencer as próximas presidenciais, previstas para março próximo, será o quarto membro do braço armado da resistência à ocupação indonésia, depois de Xanana Gusmão, Taur Matan Ruak e o atual, Francisco Guterres Lú-Olo, a assumir o cargo. Nascido em 02 de fevereiro de 1952, “dia de S. Tito”, de que ‘emprestou’ o nome de batismo, Tito da Costa Cristóvão, o outrora comandante das Falintil, o braço armado da resistência, é natural de Iliomar e descendente “de combatentes” de outrora. O nome por que hoje é conhecido – e pelo qual criou uma reputação quase mítica entre os adversários militares indonésios – é uma mistura de tradição e de ‘batismo’ da guerrilha. “Lere é um nome que vem da tradição da minha zona, de Illiomar, de bisavós lutadores. O Anan é da língua do Xanana Gusmão. Numa reunião, estávamos a discutir sobre nomes e o Xanana disse, olha tu ficas Anan. Perguntei o que isso significvaa e ele explicou que queria dizer ‘filho”, conta, em entrevista à Lusa. “Eu era Lere Timur, e no nosso dialeto Timur é gente da montanha. Anan Timur ficava filho da Montanha. Filho da Montanha de Iliomar”, explica. Perdeu os três irmãos no mato, sobreviveram duas irmãs e três meios-irmãos, filhos do pai, polígamo e que tinha outra mulher. É, aliás, quando fala da morte do seu último irmão, numa operação militar nos anos 1990, que a voz, marcada pelo bom humor e pela descontração, lhe fica embargada, obrigando-o a secar lágrimas. “Foi uma operação de 1995, que me doeu muito moralmente, porque o meu próprio irmão tombou. Éramos quatro irmãos. Agora sou o único. Morreram todos no mato. Mas essa, em que morreu o meu irmão, foi a mais dura”, conta. Como muitos em Timor-Leste, o nacionalismo e o patriotismo veio da influência de portugueses e da igreja, e em concreto, no seu caso, quando tinha “18 ou 19 anos” um padre português no colégio Salesiano incutiu-lhe o patriotismo e nacionalismo. “Apesar de ser português, incutiu-me o patriotismo de Timor e isso fez com que começasse a desprezar o colonialismo português. O padre falou-me de colonização, de opressão, das lutas anticolonialistas de África e isso inspirou-me a olhar para a frente, para o futuro de Timor-Leste”, recorda. O 25 abril só lhe fez reforçar a coragem para “prosseguir o espírito patriótico”, que viu traduzido no partido que, considera, desde aí se tornou “sangue no corpo”, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que assumia uma “política anticolonialista e anti-imperialista e combatia a exploração do homem pelo homem. “Eu estava na altura na vida militar, no exército português quando a Fretilin nasceu. Fui militar português, estava destacado aqui no destacamento de paraquedistas em Díli. Eu e os meus colegas militares reuníamo-nos sempre e até falámos de fazer um golpe”, recorda, sorrindo. “Simpatizei-me à Fretilin, o partido revolucionário, que representa mais os meus ideais. Sinto isso sem dúvida ainda hoje, apesar de estar fardado. Durante a luta também houve a despartidarização das Falintil, como elemento de unificação. Mas isso não apaga o que está na alma. A Fretilin é o sangue que me corre nas veias”, afirma. A vida desde aí foi sempre um misto de política e combate: começou como quadro político até à queda das bases de apoio, em 1978, e depois com funções cada vez mais militares na fase da luta de guerrilha. Foi comandante de destacamento sul, entre 1978 e 1979, em 1981 com a Conferência Nacional de Maubara foi eleito para o Comité Central da Fretilin (CCF), onde tem estado desde aí. Com uma reputação feroz na luta, temido pelas forças indonésias, Lere diz que houve “muito heróis que tombaram”, e que sem querer dizer se foi melhor ou pior que outros, “assustava os indonésios”. “Os próprios generais diziam quando me conheceram: Este é que é o Lere, que tanto procuraram no mato”, refere. Durante a luta, só uma vez, em março de 1983, esteve prestes a ser capturado, depois de ser atingido nas pernas e num dos dedos, da mão direita. “A agressividade dos meus camaradas safou-me e eles conseguiram tirar-me do cerco do inimigo”, recorda. Foi Comissário Político da Ponta Leste e depois na região fronteiriça e a partir de 1984 assumiu “tarefas puramente militares”, com operações “intensas e consecutivas” até ao final da década. Lere assume depois o comando da quarta unidade, composta por duas companhias, A e B, sendo primeiro comandante da unidade e primeiro comandante da Companhia B. “Podemos dizer que quem vai à guerra dá e leva. Perdemos homens e armas, mas o inimigo também levou bem. Até 1990, conseguimos tirar mais de cento e tal armas ao inimigo. Tivemos sucesso, mas também perdemos, armas e homens”, diz. Mais do que os combates, da luta recorda “o próprio sacrifício” que diz ter unido todos os timorenses. “Não havia discriminação ou uma separação de loromonu ou lorosae, de fataluku ou makassae de firakos ou caladis”, diz, referindo-se às várias linhas que têm dividido os timorenses. “O próprio sacrifício e sangue derramado dos nossos companheiros da luta construiu o espírito de camaradagem e solidariedade. Foi uma luta verdadeiramente nacional, uma luta generalizada de todo o povo de Timor-Leste”, insiste.
Hoje Macau Grande PlanoCazaquistão: As razões da agitação num país rico em petróleo As agências noticiosas internacionais Agence France-Presse e a Associated Press compilaram alguns dados e informações para se compreender melhor esta crise O Cazaquistão, uma ex-república soviética na Ásia Central, está a viver os piores protestos de rua desde que conquistou a independência há três décadas, desencadeados pelo aumento do preço dos combustíveis. Os protestos degeneraram em motins em várias cidades e, desde 02 de janeiro, dezenas de pessoas foram mortas, incluindo 13 elementos das forças de segurança, com o registo de um milhar de feridos e a detenção de milhares de manifestantes. A contestação foi desencadeada pelo aumento dos preços do gás liquefeito, um dos combustíveis mais utilizados nos transportes do país, de 60 tengues por litro (0,12 euros) para o dobro, 120 tengues (0,24 euros). Face à situação, o Presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, decretou o estado de emergência em todo o país e pediu a intervenção de uma força da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, uma aliança militar de seis antigas repúblicas soviéticas. A organização anunciou o envio de militares da Rússia, Bielorrússia, Arménia, Quirguizistão e Tajiquistão para “estabilizar e normalizar a situação” no território cazaque. O Cazaquistão vende a maior parte das suas exportações de petróleo à China e é um aliado estratégico da Rússia, países seus vizinhos. Com mais de 2,7 milhões de quilómetros quadrados, o Cazaquistão é o nono maior país do mundo, abrangendo um território do tamanho da Europa Ocidental. Tem fronteiras com Rússia, China, Quirguistão, Uzbequistão e Turcomenistão, além de uma parte do território nas margens do mar Cáspio, considerado o maior lago do mundo. É na vasta estepe cazaque que se situa o Cosmódromo de Baikonur, operado pela Rússia: seis décadas após Yuri Gagarin ter descolado da sua plataforma, é a única base de lançamento para enviar naves espaciais para a Estação Espacial Internacional (ISS). Orgulhoso da sua História e tradições nómadas, o Cazaquistão celebrou o 550.º aniversário do primeiro Estado cazaque em 2015. As celebrações foram vistas como uma resposta à alegação do Presidente russo, Vladimir Putin, de que o Cazaquistão nunca tinha sido um Estado antes da sua independência de Moscovo em 1991. O território nómada foi gradualmente conquistado nos séculos XVIII e XIX pelo Império Russo, cujos colonos fundaram Alma-Ata (hoje Almaty). Em 1936, o país tornou-se uma das 15 repúblicas federadas da União Soviética. Embora os cazaques representem quase 70% dos 18 milhões de habitantes, maioritariamente muçulmanos, o país teve sempre uma grande minoria russa, que é agora estimada em um quinto da população (em comparação com mais de 40% nos anos de 1970). Porque é que a população cazaque está zangada? Das cinco repúblicas da Ásia Central que conquistaram a independência após a dissolução da União Soviética, o Cazaquistão é de longe a maior e a mais rica: possui colossais reservas de petróleo, gás natural, urânio e metais preciosos. Habituado a taxas de crescimento de dois dígitos, o país tem vindo a sofrer desde 2014 com a queda dos preços dos hidrocarbonetos e a crise económica no seu aliado russo, o que levou a uma inflação elevada. O petróleo representou 21% do Produto Interno Bruto (PIB) do Cazaquistão em 2020, segundo o Banco Mundial, que prevê um crescimento económico de 3,7% este ano. Dependente do mercado chinês para exportar o seu petróleo e gás, o Cazaquistão integra o vasto projeto da China das “novas rotas da seda”. Embora as riquezas naturais do Cazaquistão tenham ajudado a cultivar uma sólida classe média, as dificuldades financeiras são generalizadas: o salário mensal médio nacional é ligeiramente inferior a 600 dólares (530 euros), o sistema bancário tem vivido crises profundas e a corrupção é galopante (o país ocupa o 94.º lugar no Índice de Perceção da Corrupção da Transparency International). O protesto que desencadeou a atual crise ocorreu na cidade petrolífera ocidental de Zhanaozen, onde os ressentimentos há muito que se manifestam devido à sensação de que as riquezas energéticas da região não têm sido distribuídas de forma justa entre a população local. Quando os preços do gás de petróleo liquefeito, que as pessoas da região utilizam para abastecer os seus carros, duplicaram de um dia para o outro, a paciência esgotou-se. Os residentes das cidades próximas juntaram-se rapidamente e, em poucos dias, os grandes protestos espalharam-se pelo resto do país. Quem está a liderar os protestos? A supressão das vozes críticas no Cazaquistão tem sido a norma há muito tempo. Quaisquer figuras que aspirem a opor-se ao Governo ou são reprimidas, marginalizadas ou cooptadas. Embora estas manifestações tenham sido invulgarmente grandes – algumas atraíram mais de 10.000 pessoas, um grande número para o Cazaquistão –, não surgiram líderes de movimentos de protesto. Durante a maior parte da história recente do Cazaquistão, o poder esteve nas mãos de Nursultan Nazarbayev, primeiro secretário do Partido Comunista Cazaque em 1989. O “Pai da Nação” (“Elbassy”, no Cazaquistão), entregou a presidência ao seu aliado Kassym-Jomart Tokayev em 2019, mas manteve o cargo de chefe do conselho de segurança, que supervisiona os serviços militares e de segurança. Foi também estabelecido um culto à sua personalidade: a capital Astana foi renomeada Nursultan, o seu primeiro nome, logo após ter deixado a Presidência. Foi o antigo Presidente que ordenou, em 1997, que a cidade de Astana, localizada no meio das estepes no norte do país, se tornasse a nova capital do Cazaquistão em vez de Almaty, que continua a ser a maior cidade e a capital económica. Grande parte da ira manifestada nas ruas nos últimos dias foi dirigida não a Tokayev, mas a Nazarbayev: “Shal ket!” (o correspondente a “Vai embora, velhote! “) tornou-se um dos principais ‘slogans’ dos manifestantes. Como é que as autoridades estão a responder? As autoridades disseram hoje que dezenas de pessoas morreram nos motins, incluindo pelo menos 13 elementos das forças de segurança. A cidade de Almaty tem sido a mais afetada, e houve tentativas de invadir edifícios durante a noite, quando “dezenas de atacantes foram liquidados”, segundo disse uma porta-voz da polícia ao canal de notícias estatal Khabar-24. As tentativas relatadas de invasão dos edifícios vieram depois da agitação generalizada em Almaty na quarta-feira, incluindo a ocupação do edifício da Câmara Municipal, que foi incendiado. A reação inicial estava de acordo com a política habitual, com o destacamento de um grande número de efetivos das forças de segurança. Mas, ao contrário do que acontece normalmente, em que a polícia dispersa as manifestações com facilidade, o número de pessoas nas ruas de Almaty era demasiado elevado desta vez. Com edifícios governamentais a serem assaltados em várias grandes cidades, Tokayev apelou à ajuda da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, uma aliança militar liderada por Moscovo. Tokayev justificou o apelo à intervenção externa alegando que os manifestantes estavam a operar a mando de grupos terroristas internacionais, mas não forneceu pormenores sobre o que queria dizer com isso. Pode o Governo ser derrubado? Esta é uma situação sem precedentes no Cazaquistão, onde já ocorreram grandes manifestações, como em 2016 e em 2019, mas nunca com esta escala e estas consequências, incluindo um pedido de ajuda a forças externas. Num dos seus apelos ao público na quarta-feira, Tokayev comprometeu-se a prosseguir as reformas e deu a entender que a liberalização política poderia ser possível. Os seus comentários posteriores, no entanto, sugeriram que, em vez disso, poderá enveredar por um caminho mais repressivo. Ainda assim, porque os protestos de rua estão pouco concentrados, pelo menos por agora, é difícil antecipar como poderão terminar. Mas mesmo que não consigam derrubar o regime, parece possível que possam levar a uma transformação profunda. O que não é claro é o que isso pode significar, segundo a AP. Hoje de manhã, o governo do Cazaquistão decidiu impor limites máximos nos preços dos combustíveis durante seis meses, medida que visa “estabilizar a situação socioeconómica” no país, segundo uma nota no ‘site’ do primeiro-ministro, citada pelas agências internacionais.
Hoje Macau China / ÁsiaForte vaga da variante Ómicron anula comícios eleitorais na Índia Os comícios da campanha das eleições regionais na Índia foram anulados hoje devido à nova vaga de casos de covid-19 no país, provocada sobretudo pela variante Ómicron, com o número de infeções diárias a triplicar em dois dias. Nas últimas 24 horas, a Índia registou 90.000 novos casos da doença covid-19, com Mumbai, a capital financeira do país, a recensear um novo recorde diário de infeções, ao chegar aos 15.166 contágios pelo novo coronavírus num só dia. Os especialistas em saúde que estão a assessorar o Governo dizem que a variante Ómicron, detetada pela primeira vez na Índia há cinco semanas, está a provocar um aumento acentuado da contaminação nos centros urbanos. Em várias ocasiões, multidões concentraram-se em comícios para a votação de fevereiro em Uttar Pradesh, o estado mais populoso do país (mais de 200 milhões de habitantes) e um importante reduto do partido no poder, o nacionalista hindu Bharatiya Janata Parti (BJP). O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, percorreu, entretanto, várias cidades importantes para inaugurar projetos de infraestruturas e participar em rituais religiosos hindus em apoio ao governo estadual. No entanto, várias cidades impuseram o recolher obrigatório e vários partidos cancelaram os comícios face ao risco de um aumento exponencial da contaminação. “Devido às preocupações com o crescente número de casos de covid-19, todas as […] reuniões do partido foram canceladas”, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP), o porta-voz do partido da oposição Congresso, Ashok Singh. Outro partido da oposição indicou que está já a fazer uma campanha eleitoral virtual, enquanto o BJP cancelou um comício programado para hoje em Noida, uma cidade satélite de Nova Deli também afetada por uma nova vaga de covid-19. No entanto, de acordo com Manish Shukla, porta-voz do BJP, o cancelamento do evento em Noida não se deve à crise sanitária, mas sim a “razões técnicas”, que não pormenorizou. Nova Deli, que já tem em vigor um recolher obrigatório, assim como Bangalore, a partir das 22:00 locais, ordenou o confinamento da população durante o fim de semana, com exceção do pessoal das atividades essenciais. “Impor um recolher obrigatório à noite e chamar [centenas de milhares] de pessoas para comícios durante o dia desafia o bom senso”, escreveu na semana passada na rede social Twitter Varun Gandhi, deputado do BJP. Já no decorrer desta semana, o governador de Nova Deli, Arvind Kejriwal, anunciou ter contraído covid-19, depois de participar em vários comícios políticos para as eleições municipais na cidade de Chandigarh “Não há margem para complacência. O sistema de saúde ficará arrasado”, alertou, na quarta-feira, V.K. Paul, médico que trabalha com o Governo na luta contra o vírus. Entre abril e junho de 2021, mais de 200.000 pessoas morreram de covid-19 na Índia, depois de hospitais, crematórios e cemitérios terem sido sobrecarregados. Hoje, e em relação às últimas 24 horas, a Índia notificou 90.928 novas infeções, o que multiplica por dez o total registado há uma semana, apesar de metade da população adulta ter recebido as primeiras duas doses da vacina anti-covid-19. Os dados oficiais sobre a imunidade coletiva indicam que mais de metade da população, estimada em 1.350 milhões de habitantes, desenvolveu anticorpos à doença. A variante Ómicron entrou na Índia no início de dezembro de 2021, apesar de estarem suspensos os voos comerciais internacionais há quase dois anos. Embora os números de novos casos já tenham igualado os recordes do país durante o início da devastadora segunda onda de infeções pelo novo coronavírus, entre abril e maio de 2021, impulsionada na altura pela variante Delta, os dados de internamento continuam relativamente baixos. A capital nacional Nova Deli, que hoje conta com mais de 9.000 camas hospitalares, tem 782 delas ocupadas e apenas 22 com casos graves em cuidados intensivos. Desde o início da pandemia, a Índia acumulou mais de 35 milhões de casos de covid-19, a que estão associadas pelo menos 482.876 mortes.
Hoje Macau China / ÁsiaAvanço da pandemia não cria “risco extra” para os Jogos Olímpicos de inverno A forte disseminação global de casos covid-19 não constitui um “risco extra” à celebração dos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim2022, afirmou ontem a Organização Mundial de Saúde (OMS). “As medidas tomadas pelas autoridades chinesas são muito restritas e neste momento não vemos um aumento do risco de transmissão”, justificou o diretor de Emergências Sanitárias da OMS, Mike Ryan. O responsável recordou que a OMS está a apoiar a China no que toca às medidas de prevenção para Pequim2022, sendo que a evolução da situação pandémica está em “constante análise”. A elucidar a postura da China no combate à covid-19 Mike Ryan citou a reação “contundente” do governo aos surtos surgidos no país nas últimas semanas, tendo mesmo colocado de quarentena cidades inteiras, de milhões de habitantes.
Hoje Macau China / ÁsiaChina vai nomear enviado especial para o Corno de África A China vai nomear um enviado especial para o Corno de África, anunciou ontem no Quénia o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, assinalando a vontade de Pequim se envolver diplomaticamente numa região mergulhada em conflitos. Wang Yi, que iniciou uma digressão por África na quarta-feira, com deslocações previstas à Eritreia, Quénia e Comores, declarou que a China quer encorajar o diálogo no actual contexto de vários desafios à paz e à segurança na região. “O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês vai nomear um enviado especial”, disse Wang Yi aos jornalistas, em declarações na cidade queniana de Mombaça. “Vamos desempenhar um papel ainda maior para a paz e estabilidade da região”, afirmou em mandarim, traduzido por um intérprete. A visita de Wang ocorre na sequência de uma visita do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, à região, em parte destinada a contrariar a crescente influência da China no Corno de África. O anúncio coincide, por outro lado, com a chegada do enviado especial dos Estados Unidos ao Corno de África, Jeffrey Feltman, que aterrou ontem na Etiópia, um país mergulhado há mais de um ano numa guerra entre os exércitos federal e estadual do Tigray. Questões comerciais No plano económico, o Wang Yi, e a sua homóloga queniana, Raychelle Omamo, assinaram ontem vários acordos para facilitar o comércio bilateral, formalizando várias decisões anunciadas na conferência ministerial do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) em novembro. Os dois países “reconheceram o aumento sustentado do comércio bilateral e (…) o imenso potencial para aumentar o volume e o valor das exportações, através do exame das barreiras alfandegárias e não alfandegárias, corrigindo o défice comercial a favor da China”, de acordo com uma declaração divulgada pelo ministério dos Negócios Estrangeiros queniano. Wang e Omamo – que se reuniram na cidade turística costeira de Mombaça – assinaram um memorando de entendimento para a criação de um grupo de trabalho – um dos seis acordos assinados – para olhar, em particular, para os sectores da agricultura e do comércio bilateral. Os ministros também assinaram dois protocolos específicos para impulsionar a exportação de abacates e produtos da pesca do Quénia para a China. “Acordámos em trabalhar em conjunto para promover os investimentos das empresas chinesas em áreas de processamento agrícola, têxteis e vestuário, processamento de couro, calçado, ferro e aço e ainda maquinaria, mobiliário e madeira, montagem eletrónica, montagem automóvel, construção, produtos farmacêuticos, petróleo e gás”, anunciou o governo queniano.
Hoje Macau PolíticaBoato | Desmentido anúncio de Ho Iat Seng sobre criptomoeda O Governo desmentiu ontem uma publicidade que circulou na Internet e que utilizava imagens do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, para a captar investimentos para uma criptomoeda. Alegadamente, Ho teria dado uma entrevista para a publicidade em que defendia as vantagens de “investimento no sistema de negociação automatizado de Criptomoeda (Bitcoin Era)”. O Governo respondeu em comunicado oficial a esclarecer “séria e formalmente que a informação é falsa e não corresponde à verdade. O Chefe do Executivo nunca fez declarações do género em quaisquer entrevistas”. O caso foi igualmente entregue às autoridades: “O Governo da RAEM reserva-se o direito de apurar as responsabilidades nos termos da lei, apelando à população para aceder às páginas electrónicas oficiais, no sentido de obter informações verdadeiras e fidedignas, mantendo-se alerta e distinguir quando se trata de informações falsas”, foi revelado. No fim da nota de imprensa, foi ainda pedido à população para se manter atenta: “Apela-se para que em caso de burla ou perante qualquer tipo de crime, a população deve reportar ou pedir ajuda imediata à polícia”, foi acrescentado.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Hospital na cidade chinesa de Xian punido por proibir entrada de grávida Funcionários de um hospital na cidade chinesa de Xian foram punidos, depois de ter sido negada entrada a uma mulher grávida, por não ter resultado negativo para a covid-19, resultando na morte do bebé. As autoridades locais anunciaram esta quinta-feira que o diretor-geral do Hospital Gaoxin, Fan Yuhui, foi suspenso e os chefes dos departamentos ambulatorial e médico demitidos. Um comunicado do governo local disse que o incidente “causou preocupação generalizada na sociedade e causou grave impacto social”. A mulher esperou do lado de fora do hospital, sentada num banquinho de plástico, no dia 1 de janeiro, até ter começado a sangrar. Num vídeo registado pelo seu marido, e que foi amplamente divulgado nas redes sociais chinesas, uma poça de sangue é visível a seus pés. Xian, cidade com 13 milhões de habitantes, está sob um bloqueio restrito há mais de duas semanas, gerando críticas dispersas sobre a escassez de alimentos e o comportamento violento das autoridades, que estão sob intensa pressão para reduzir o número de casos de covid-19. As autoridades disseram que uma investigação foi realizada após a ocorrência do incidente, mas não deram mais detalhes. O hospital foi obrigado a emitir um pedido público de desculpas, fornecer compensação, e prometeu “otimizar o processo de tratamento médico”. Não é claro quantos funcionários do hospital foram punidos no total. Xian puniu já vários funcionários locais, incluindo quadros do Partido Comunista, por negligência na gestão do surto. O governo local disse hoje que duas outras autoridades do Centro de Emergências de Xian e da Comissão Municipal de Saúde de Xian receberam advertências formais do Partido Comunista. Xian registou 63 casos de covid-19, nas últimas 24 horas, elevando o total para mais de 1.800, sem mortes relatadas. A cidade é o destino da única ligação aérea direta entre a China e Portugal. O voo, com uma frequência por semana e operado pela companhia aérea Beijing Capital Airlines, só será retomado no início de fevereiro, disse à agência Lusa fonte da companhia aérea. As autoridades disseram que Xian conseguiu já interromper a transmissão para a comunidade, porque novos casos ocorreram entre pessoas já colocadas em quarentena. O surto ocorre nas vésperas de Pequim sediar os Jogos Olímpicos de Inverno. A China segue uma estratégia de “zero casos” com restrições de fronteira muito severas e bloqueios direcionados assim que surgem os casos, mas esta abordagem não evitou surtos locais. As autoridades também estão a implementar medidas cada vez mais rigorosas após um surto na província de Henan, onde 64 casos adicionais foram detetados nas últimas 24 horas. Em Yuzhou, uma das cidades da província, apenas veículos de emergência são permitidos nas estradas, as aulas foram suspensas e as empresas que atendem ao público foram fechadas para tudo, exceto necessidades essenciais. Várias outras cidades da província ordenaram testes em massa e fecharam locais públicos, apesar de apenas um pequeno número de casos ter sido detetado. Na província vizinha de Shanxi, a cidade de Yongji foi confinada, depois de vestígios do coronavírus terem sido detetados numa saída da estação ferroviária local.
Hoje Macau EventosEscola chinesa explora contos de Sophia de Mello Breyner Andresen Uma escola de Xangai acolheu uma sessão dedicada aos contos infantis de escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, alguns dos quais foram recentemente publicados numa edição inédita em chinês. Xu Yixing, a diretora do Departamento de Língua e Cultura Portuguesas da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai (SISU, na sigla em inglês), apresentou os contos aos alunos da Escola Primária de Dong’er, segundo informação divulgada pelo Consulado-Geral de Portugal em Xangai. A académica partilhou histórias e ilustrações animadas dos livros “O rapaz de bronze”, “A árvore”, “A fada Oriana” e “A menina do mar”, cujas edições em chinês foram depois oferecidas à escola. Uma equipa liderada por Xu Yixing traduziu os contos infantis de Sophia de Mello Breyner Andresen para a língua chinesa, numa edição inédita, publicada no ano passado pela Shanghai Foreign Language Education Press, a editora da SISU. Sophia de Mello Breyner Andresen, uma das mais distintas vozes literárias do século XX português, nasceu no Porto, em 1919, e morreu em Lisboa, a 02 de julho de 2004. Para a infância, publicou ainda “A noite de Natal” (1959), “O cavaleiro da Dinamarca” (1964), “A floresta” (1968), “A cebola da velha avarenta” (1986) e, a título póstumo, “Os ciganos”, obra completada pelo neto, Pedro Sousa Tavares. A SISU foi a segunda universidade da China continental a oferecer licenciaturas em português.
Hoje Macau EventosFRC | Concerto de música clássica e Bel Canto acontece este sábado É já este sábado que acontece, na Fundação Rui Cunha (FRC), um concerto de música clássica e canto integrado na série “Os Sons da Praia Grande”, sendo esta a primeira sessão da iniciativa “Sábados de Bel Canto”. Este espectáculo acontece às 17h e é co-organizado pela Associação Vocal de Macau [Macau Vocal Association – MVA], contando com a participação do barítono Lam Chi Wai e da jovem Priscilla Hao. O programa de sábado inclui peças de compositores como Robert Schumann, Franz Schubert, Francesco Paolo Tosti, Ernesto de Curtis, Gaetano Donizetti, Ruggero Leoncavallo e Giuseppe Verdi, que serão interpretadas pelo barítono Lam Chi Wai, acompanhado ao piano por Coris Cheong. No final da apresentação, Priscilla Hao cantará dois temas, da autoria de Andrew Lloyd Webber e de Giuseppe Giordani. Lam Chi Wai é membro da MVA, com um currículo no panorama da música lírica local. Obteve o segundo lugar para solo vocal no 20º Concurso de Música Juvenil de Macau; e no 22º Concurso de Música Juvenil de Macau foi segundo lugar no Western Song Group, onde também ganhou um prémio honorário, e primeiro lugar no Chinese Song Group, acumulando ainda o Prémio de Mérito. Priscilla Hao tem oito anos e é aluna na Escola Secundária Anglicana da Taipa. Estuda piano desde os quatro anos e meio e participa com frequência em competições ou apresentações de piano, estando habituada aos palcos e a actuar em público. Os “Sábados de Bel Canto” realizam-se na FRC desde 2014. O objectivo desta iniciativa cultural é o de “estabelecer uma plataforma para promover o encontro e a prática vocal dos amantes da música lírica, alunos e membros da Associação Vocal de Macau, através destes pequenos concertos mensais nas tardes de sábado. E, ainda, dar oportunidade aos mais jovens de adquirirem experiência de performances musicais ao vivo.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas proíbem casamento infantil O casamento infantil passou a ser proibido nas Filipinas ao abrigo de uma lei que entrou hoje em vigor, num país onde uma em cada seis raparigas se casa antes dos 18 anos de idade. “O Estado (…) considera o casamento infantil como uma prática abusiva de menores porque rebaixa, degrada e desvaloriza o valor intrínseco e a dignidade da criança”, lê-se na lei, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP). A partir de agora, qualquer pessoa que se case ou coabite com uma pessoa com menos de 18 anos, ou organize ou celebre tais uniões, é passível de 12 anos de prisão. Segundo o Governo filipino, a lei está em conformidade com as convenções internacionais sobre os direitos das mulheres e das crianças. No entanto, algumas disposições da lei permanecerão suspensas durante um ano para as comunidades muçulmanas e indígenas, nas quais o noivado e o casamento infantil são relativamente comuns. O período de transição destina-se a dar tempo ao Governo para convencer os praticantes a abandonarem a prática. A organização Plan International, com sede no Reino Unido, que fez campanha a favor da lei nas Filipinas, disse recentemente que o país ocupa o 12.º lugar no número de casamentos infantis a nível global. Segundo um relatório de 2021 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mais de 500 milhões de raparigas e mulheres casadas na altura tinham contraído matrimónio como crianças, com as taxas mais altas a serem observadas na África Subsariana e no sul da Ásia. Dados recentes, indicam que o casamento infantil está em termos gerais em declínio em todo o mundo, segundo a AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte reconhece lançamento de míssil com “ogiva hipersónica” A Coreia do Norte fez um tiro de ensaio de um míssil hipersónico, afirmou hoje a agência oficial norte-coreana KCNA, o primeiro teste do tipo por parte de Pyongyang realizado este ano. O míssil lançado na quarta-feira transportava uma “ogiva hipersónica” que “atingiu com precisão um alvo a 700 quilómetros de distância”, de acordo com a agência oficial norte-coreana. Trata-se da segunda vez que a Coreia do Norte realiza um lançamento de um míssil hipersónico, uma arma sofisticada que atesta os avanços da indústria de defesa de Pyongyang. De acordo com militares sul-coreanos, Pyongyang disparou o que “se presume ser um míssil balístico” no Mar do Japão, a leste da península coreana, incidente que os serviços de informações sul-coreanos e norte-americanos estão a “analisar cuidadosamente”. O Governo japonês condenou hoje o lançamento de um míssil no Mar do Japão (conhecido como Mar Oriental nas duas Coreias) por parte da Coreia do Norte e disse que iria reforçar ainda mais os seus sistemas de monitorização. “É extremamente lamentável que a Coreia do Norte tenha continuado a lançar mísseis desde o ano passado. O Governo irá reforçar ainda mais a vigilância”, disse o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, numa conferência de imprensa. Também os Estados Unidos condenaram hoje o lançamento pela Coreia do Norte de um projétil não identificado no mar, convocando Pyongyang para negociações. “Este disparo viola várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU e representa uma ameaça aos vizinhos da Coreia do Norte e à comunidade internacional”, disse um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano. “Continuamos comprometidos com uma abordagem diplomática em relação à Coreia do Norte e pedimos que ela se comprometa no diálogo”, acrescentou a mesma fonte. O Governo do Presidente Joe Biden tem dito repetidamente que está aberto a negociações com a Coreia do Norte, mas Pyongyang rejeitou até agora as propostas de diálogo, acusando Washington de seguir políticas “hostis”.
Hoje Macau EventosMorreu a artista plástica açoriana Maria José Cavaco A artista plástica açoriana Maria José Cavaco morreu hoje, aos 54 anos, deixando um importante legado à pintura nos Açores, com mais de uma dezena de exposições individuais, avançou hoje o Governo Regional. Maria José Cavaco nasceu em Ponta Delgada em 1967, licenciou-se em Pintura pela Universidade de Lisboa em 1990 e concluiu o Doutoramento em Arquitetura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos, no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), em 2017. Através de uma publicação no Facebook, a Secretaria Regional da Cultura, da Ciência e Transição Digital “lamenta profundamente o prematuro desaparecimento da artista plástica Maria José Cavaco”. O Governo dos Açores destaca que a pintora “realizou mais de uma dezena de exposições individuais e, a partir de 1988, participou em diversas exposições coletivas, realizadas em Portugal, Espanha, Estados Unidos e Macau”. A obra de Maria José Cavaco está presente em várias coleções públicas e privadas, como na Presidência do Governo Regional, no Museu Carlos Machado e no Arquipélago – Centro de Arte Contemporânea dos Açores. Em 2016, a artista recebeu o Prémio de Pintura “António Dacosta”. Em 2019, realizou uma exposição no Convento de São Francisco, no concelho açoriano da Lagoa, e, em 2018, promoveu exposições na Galeria Fonseca Macedo e na Fundação Portuguesa das Comunicações, em Ponta Delgada e Lisboa, respetivamente. De julho a novembro de 2021, o Centro de Arte Contemporânea dos Açores realizou uma exposição dedicada a Maria José Cavaco, intitulada “Lugares de Fratura”.
Hoje Macau EventosLivraria Lello no Porto em vias de ser classificada monumento nacional A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) pretende classificar a Livraria Lello e Irmão, no Porto, como monumento nacional, decorrendo por 30 dias úteis um período de discussão pública, segundo anúncio publicado ontem em Diário da República (DR). De acordo com a publicação em DR, o director-geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos, refere ser intenção da DGPC propor à tutela a reclassificação da Lello “como monumento de interesse nacional, sendo-lhe atribuída a designação de ‘monumento nacional’”. A Lello está classificada como monumento de interesse público desde 20 de Setembro de 2013. No anúncio, o responsável acrescenta que a consulta pública tem a duração de 30 dias úteis. A intenção de reclassificar a livraria surge na sequência de um parecer da Secção do Património Arquitectónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, que mereceu a concordância do diretor da DGPC. A Lello, situada no Centro Histórico do Porto, nas imediações da Torre dos Clérigos, apresenta-se como “um dos mais importantes edifícios da arquitectura eclética portuguesa, integrando marcenarias e vitrais sem paralelo no país”, sendo “um ‘ex-líbris’ da cidade”, refere a DGPC na sua página da Internet. “Ao seu valor arquitectónico e artístico acresce a importância cultural que tem assumido de forma contínua ao longo do tempo, bem como o seu excelente estado de conservação, a autenticidade e exemplaridade da estrutura e da decoração, e a merecida fama internacional de que desfruta”, acrescenta a DGPC. Mil e um detalhes Inaugurado em 1906, o estabelecimento “alberga no seu edifício monumental uma das mais antigas e prestigiadas editoras nacionais”, lê-se na nota histórico-artística da livraria. O edifício foi concebido segundo projecto do engenheiro Xavier Esteves, sendo que “a fachada neogótica é rasgada, no piso térreo, por um arco Tudor de grandes dimensões, abrangendo a porta central e as montras laterais, e sobre o qual corre a legenda Lello e Irmão”. “No registo superior destaca-se uma grande janela tripla, flanqueada por duas figuras representando a Arte e a Ciência, sendo o conjunto da fachada pontuado por decoração vegetalista e geométrica de cariz medievalista, platibandas rendilhadas e pináculos enquadrando um remate em arco conopial”. Já no interior, “os arcos em ogiva apoiam-se em pilares esculpidos com bustos de escritores como Antero de Quental, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Teófilo Braga, Tomás Ribeiro e Guerra Junqueiro, sob baldaquinos rendilhados”. “O amplo vitral revivalista com a divisa da casa, Decus in Labore (Dignidade no Trabalho), da claraboia, os esplêndidos tectos em estuque dourado e o magnífico trabalho de marcenaria, bem representado pelo corrimão em madeira da imponente escadaria, constituem os elementos decorativos mais emblemáticos da livraria”, descreve ainda a DGPC.
Hoje Macau Manchete SociedadeMacau proíbe voos de passageiros de fora da China por duas semanas Macau vai proibir a entrada, por via aérea, a partir de domingo e durante duas semanas, de pessoas oriundas de “regiões fora do interior da China” com destino ao território, anunciaram as autoridades esta quarta-feira. A proibição, imposta para “reduzir um eventual risco associado à covid-19 para a saúde pública” na região administrativa especial chinesa, vai estar em vigor até ao dia 23 deste mês, indicaram, em comunicado. Os Serviços de Saúde determinam que “entre as 00:00 [hora local] do dia 09 de janeiro e as 23:59 do dia 23 de janeiro de 2022: é proibido o transporte de indivíduos por aviões civis provenientes de regiões fora do Interior da China com o destino Macau”. Esta exigência “não exclui outros requisitos antiepidémicos”, acrescentaram na mesma nota. Nos últimos dias, as autoridades registaram dois casos da variante Ómicron do novo coronavírus em residentes que chegaram a Macau provenientes do estrangeiro. Todos estes casos foram detetados em pessoas que cumpriam quarentena obrigatória de pelo menos 21 dias. Hong Kong anunciou uma proibição idêntica para os passageiros de voos oriundos de oito países (Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Filipinas, Índia, Paquistão e Reino Unido), a partir de sábado e por 14 dias. Macau registou 79 casos confirmados da covid-19 desde o início da pandemia, fechou as fronteiras a estrangeiros e impôs quarentenas obrigatórias à chegada que podem ir até aos 35 dias em hotéis definidos pelas autoridades sanitárias.
Hoje Macau SociedadeAR | Voto antecipado entre os dias 18 e 20 de Janeiro O Governo português anunciou ontem que os eleitores poderão votar antecipadamente para as eleições legislativas entre os dias 18 e 20 de Janeiro nas embaixadas ou consulados. Segundo um comunicado, estão abrangidos os eleitores que se encontram foram de Portugal por vários motivos, incluindo estudantes, doentes em tratamento ou em exercício de funções públicas ou privadas. Podem também votar eleitores que estejam em representação oficial da selecção nacional, organizada por federação desportiva dotada de estatuto de utilidade pública desportiva, ou aqueles que acompanham ou vivam com todos os recenseados já mencionados. Para votar, basta a apresentação do Cartão de Cidadão, Bilhete de Identidade ou outro documento identificativo, como carta de condução ou passaporte, devendo indicar sua freguesia de inscrição no recenseamento eleitoral. As eleições legislativas estão agendadas para o dia 30 deste mês.