Vietname e Tailândia vão trabalhar para aumentar preço internacional do arroz

O Vietname e a Tailândia, o segundo e terceiro maiores exportadores de arroz do mundo, vão trabalhar em conjunto para aumentar o preço internacional do arroz, visando melhorar a situação financeira dos agricultores, revelou hoje um responsável governamental.

O conselheiro do Ministério da Agricultura tailandês, Alongkorn Phonbutr, explicou em comunicado que os dois países chegaram a um acordo, depois de verificarem que o preço do arroz no mercado internacional é “excessivamente baixo” e “injusto” para os países produtores e para os seus agricultores.

No entanto, não deu detalhes sobre qual o nível de preços definido para o mercado internacional, nem deu grandes pormenores sobre o plano que prevêem pôr em prática.

Entretanto, o preço do arroz no mercado internacional caiu de 404 dólares por tonelada em 2019-2021 para 394 dólares este ano, apesar de se prever que o preço suba para 400 dólares por tonelada no próximo ano, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Alongkorn esclareceu ainda que o acordo foi alcançado numa recente visita oficial ao Vietname, na qual os dois países retomaram as negociações iniciadas em maio do ano passado, visando mitigar o que consideram baixos preços do arroz num ambiente de crescente inflação a nível mundial.

“[O preço atual] não tem lógica com o aumento dos custos de produção, bem como a subida dos preços dos fertilizantes e do combustível devido ao impacto da crise da covid-19 e da guerra russo-ucraniana”, lembrou o assessor governamental.

Alongkorn referiu também que os agricultores “estão endividados” por causa dos elevados custos de produção, o que, na sua opinião, pode levá-los a reduzir a produção de arroz, o que agravaria os atuais problemas de segurança alimentar.

O conselheiro disse ainda que o plano de aumento de preços inclui a cooperação com as associações de produtores de arroz e que vão procurar juntar-se a outros países asiáticos produtores e exportadores.

Em 2021, o maior exportador mundial de arroz foi a Índia, com 19,55 milhões de toneladas, seguido pelo Vietname (6,24 milhões de toneladas) e a Tailândia (6,11 milhões de toneladas).

30 Ago 2022

Centro cultural é na Feira do Livro

Em Lisboa e no Porto regressou a feira. Chamam-lhe a Feira do Livro. O livro é um património universal que merecia mais respeito. Em Lisboa estão patentes na 92ª edição, mais uma vez no Parque Eduardo VII, 340 pavilhões distribuídos por 140 participantes. Nunca fui simpatizante de feiras porque cheiram-me a sobras.

No entanto, nestas feiras do livro no Porto e em Lisboa, lá estão algumas obras novas de autores conhecidos e desconhecidos, os editores, os livreiros e algumas palhaçadas para distrair as criancinhas. As pessoas correm para a feira como se fossem comprar churros ou lâmpadas. Na maior parte dos casos os livros que são vendidos ou oferecidos, mesmo com o autógrafo do autor, não são lidos. Há gente que anda com o livro que comprou na mão para o trabalho, para o café, para o barbeiro ou para a pedicura. É gente que pensa ser intelectual tendo um livro.

Alguns autores aparecem na feira, autografam as suas obras e até tiram uma selfie com o comprador. Os editores pensam que a feira do livro é a salvação económica do ano. Não creio que assim seja, porque na volta que dei pela feira vi muitas sobras e a propósito permitam que vos saliente o que escreveu António Guerreiro numa das suas crónicas: “Quem visite a actual Feira do Livro e não sinta repulsa pelo populismo editorial dominante, ou tem um enorme poder de atravessar, imune, uma paisagem de destroços, ou perdeu a capacidade de reconhecer a violência que sobre ele é exercida. Aquele é um pasmado e gritante espaço onde os livros são atirados a uma simpática e contente fossa. E, depois de tanta farra, tanto barulho e tanta luz, todo esse espectáculo que parece ter-se tornado necessário para que um livro nos chegue às mãos, a sensação que dá, quando chega a hora de ler, é que se tornou já escuro demais”.

Os interessados por livros visitam a feira e a escolha é variada: ficção, romance, poesia, biografia, infantil e uma vasta gama de obras literárias onde, por vezes, os autores não estudaram literatura, mas a vontade de serem famosos fala mais alto.

Nas descrições que por estes dias vão aparecendo na imprensa, não parece gerar qualquer desconcerto este regime de enfartamento que a cada ano nos é tão pomposamente servido. E isto talvez se deva à eficácia desse efeito de colonização que a cultura popular gerou, neutralizando todos os antagonismos a essa nova mitologia que, segundo a escritora Dubravka Ugrešić, ajuda os consumidores a digerir a indigesta realidade, e, deste modo, a fazerem as pazes com ela.

É isto o que faz de qualquer denúncia do azucrinante ambiente de festa que tomou conta do comércio dos livros algo que é encarado como uma mera afectação de gente snob. Não consigo compreender estas feiras de livros quando me habituei a investigar as mais diferentes matérias onde estão os mais diversos livros que nos fornecem o conhecimento: as bibliotecas. Ou quando posso financeiramente adquirir um livro e me dirijo aos locais onde os livros novos e velhos me dão qualquer preferência de leitura: as livrarias.

Na feira de Lisboa vi autores angolanos, moçambicanos, cabo-verdianos mas, sabendo que Macau tem excelentes autores de literatura como Carlos Morais José ou de poesia como a obra do saudoso António Correia, não consigo compreender por que razão não existe um expositor exclusivamente dedicado aos muitos autores que escreveram a história de 500 anos de Macau e romances apelativos como os de Henrique Senna Fernandes.

Já esqueceram Macau? Talvez, porque nem fazem ideia que naquela região hoje administrada por chineses vivem artistas e literatos de alto nível cultural. Resta dizer-vos que nesta edição de 2022 fiz uma escolha. Não procurei os nomes sonantes. Como eu, muita gente deste povo que passa dificuldades vivenciais, levaram para casa algumas obras de cujo preço era o mais barato. Uma feira do livro pode ser considerada por uns dias o nosso centro cultural, já que em Portugal os vários ministros da Cultura nunca souberam edificar um Centro Cultural que não fosse uma feira…

30 Ago 2022

Lucros das principais empresas chinesas caíram 12% em Julho

Uma conjugação de factores, como tensões geopolíticas que afectaram o comércio externo e a crise energética, levou o sector industrial chinês a quebras na ordem dos 12 por cento no passado mês de Julho

 

Os lucros das principais empresas industriais da China caíram 12 por cento em Julho, afectados por uma crise energética, que foi agravada pelo clima extremo, e pelas crescentes tensões geopolíticas com alguns dos principais parceiros comerciais do país.

Embora o lado da oferta tenha sido menos impactado por medidas de confinamento, comparativamente aos meses anteriores, a crise energética, desencadeada por ondas de calor prolongadas no sudoeste e sul do país, e os esforços do Ocidente para reorganizar as cadeias industriais, constituem obstáculos para as indústrias chinesas, apontam analistas.

De acordo com os dados oficiais divulgados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatísticas chinês (GNE), o lucro combinado das empresas industriais chinesas com facturamento anual acima dos 20 milhões de yuans caiu 1,1 por cento, em termos homólogos, para 4,9 biliões de yuans, nos primeiros sete meses de 2022.

Em Julho, os lucros fixaram-se em 622,7 mil milhões de yuans, uma queda homóloga de 12 por cento e o valor mensal mais baixo desde Julho de 2020. Comparativamente a Junho, a queda ascendeu a quase 25 por cento.

“A China enfrenta altos níveis de custo, procura de mercado insuficiente para alguns sectores e crescente pressão operacional, à medida que o ambiente doméstico e internacional se tornou mais complexo e grave”, apontou Zhu Hong, funcionário do GNE, em comunicado. “Ainda é necessário muito trabalho para alcançar uma recuperação estável da economia industrial”, acrescentou.

Dos 41 sectores incluídos no inquérito, 25 registaram uma queda no lucro. A indústria do aço foi a mais afectada, com os lucros das siderúrgicas a caírem quase 81 por cento, em termos homólogos, nos primeiros sete meses do ano.

Os sectores de materiais de construção também foram duramente atingidos por uma grande queda no mercado imobiliário. A mineração de carvão e as produtoras de energia tiveram um bom desempenho, com os lucros a duplicar, em relação ao mesmo período do ano passado.

Isto ocorreu numa altura em que ondas de calor extremo aumentaram a procura por electricidade, levando Pequim a pedir o aumento da produção de carvão, já que os apagões causaram o encerramento de fábricas em áreas do sudoeste do país.

Dois mundos

Os números foram particularmente maus entre as empresas de capital estrangeiro e privadas. Enquanto as empresas industriais estatais relataram um aumento dos lucros de 8 por cento, para 1,74 biliões de yuans, nos primeiros sete meses de 2022, o lucro líquido das empresas financiadas por capital estrangeiro caiu 14,5 por cento, para 1,09 biliões de yuans. Entre as empresas privadas, os lucros das fábricas caíram 7,1 por cento, para 1,3 biliões de yuans.

Pequim acelerou o investimento em infra-estrutura e a emissão de títulos de dívida desde o início deste ano, para evitar a estagnação económica, mas essas políticas geralmente beneficiam os actores estatais.

O lucro líquido das empresas do sector ferroviário, navios e outros equipamentos de transporte aumentou mais de 29 por cento, no mês passado, enquanto o sector eléctrico e de maquinaria teve ganhos de 25,6 por cento.

Mas os analistas acreditam que a queda geral nos lucros vai persistir. “Tanto o preço quanto a produção vão continuar a reduzir os lucros industriais”, escreveu o analista da Hongta Securities, Yin Yue, numa nota. “A taxa de utilização da capacidade de algumas indústrias está a diminuir por causa da epidemia, altas temperaturas e cortes de energia”, observou.

No início deste mês, o banco central da China cortou as principais taxas de empréstimo em 10 pontos base e reduziu a taxa básica de empréstimos de cinco anos em 15 pontos base, visando injectar liquidez na economia.

30 Ago 2022

FRC | Inaugurada hoje a exposição “Peerless”

“Peerless” é o nome da exposição colectiva da ARK – Associação de Arte de Macau (AAMA), que abre hoje portas na Fundação Rui Cunha (FRC) e que pode ser visitada até ao dia 10 de Setembro. A mostra reúne trabalhos de 30 membros da ARK e conta com curadoria da pintora Yaya Vai, além de ter o apoio da Fundação Macau.

Os trabalhos apresentam uma diversidade de géneros artísticos, que vão da pintura, à produção multimédia, à fotografia e artesanato, sendo que todos os participantes são amadores e fazem arte nos tempos livres. O título da mostra, “Peerless” – inigualável, sem par, único, insubstituível – foi o repto dado aos participantes, para que exprimissem através das obras os seus sentimentos sobre pessoas, objectos e memórias, sem preconceitos ou julgamentos de valor.

«Existe uma expressão: “Sem paralelo no mundo”, significando que não há outro igual no mundo. Isto pode ser usado para descrever algo muito precioso, (…) mas também pode significar coisas com valor pessoal e sentimental, como camisolas tricotadas por mães ou receitas usadas por avós. O que é para você inigualável? Um objecto, uma cena, um momento, ou mesmo algo considerado menor aos olhos dos outros?», questiona a proposta de intenções de “Peerless”.

A ARK – Associação de Arte de Macau tem por missão promover a arte e a cultura através da realização de actividades como exposições, seminários e workshops. A associação pretende dinamizar também a aprendizagem da arte para residentes, servindo de plataforma na divulgação do talento e criatividade dos membros, melhorando a sua qualidade de vida e oferecendo um escape para a pressão do trabalho e da vida quotidiana destes artistas amadores.

30 Ago 2022

Deputados da ATFPM pedem fim ou redução de isolamento em hotéis

José Pereira Coutinho e Che Sai Wang pediram ontem ao Governo a redução do período de isolamento obrigatório em hotéis ou a substituição por quarentenas domiciliárias para quem chega do estrangeiro.

Macau deve seguir a política adoptada na região vizinha de Hong Kong desde 12 Agosto, que permite aos viajantes permanecer em quarentena durante três dias num hotel designado, e depois submeterem-se a quatro dias de vigilância médica, defendeu o deputado Che Sai Wang.

Durante a semana de quarentena e vigilância em Hong Kong, os movimentos dos viajantes são restringidos através da utilização de um sistema de código de saúde e também têm de fazer testes regulares à covid-19. Alguns destes testes poderiam ser gratuitos, “a fim de garantir a segurança da saúde pública em Macau e, ao mesmo tempo, atrair mais turistas, disse Che Sai Wang, no período antes da ordem do dia numa sessão da Assembleia Legislativa (AL).

Che Sai Wang juntou-se desta forma ao colega de “bancada” Pereira Coutinho, o cabeça de lista da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) às eleições legislativas, no apelo à atenuação das restrições à entrada de Macau.

Tal como em 11 de Agosto, Coutinho voltou a defender a substituição do isolamento obrigatório em hotéis por quarentenas domiciliárias, “tendo em consideração a taxa elevada de vacinação na RAEM”.

Sintomas negligenciados

O território “deve implementar um plano de convivência com a covid-19”, defendeu José Pereira Coutinho, “sob pena de sacrificar a confiança de investimento no território, aumento do desemprego e suicídios”.

A taxa de desemprego subiu para 4,1 por cento entre Maio e Julho, mais 0,4 pontos percentuais do que no período anterior, e o valor mais elevado desde 2005, devido “à suspensão da maioria das actividades industriais e comerciais” durante o recente surto de covid-19, revelou na sexta-feira a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Entre Janeiro e final de Junho, 47 pessoas suicidaram-se na RAEM, mais do dobro dos 22 casos registados no primeiro semestre de 2021, representando um aumento de 113,6 por cento. Aliás, o primeiro semestre deste ano foi o mais negro no capítulo dos suicídios desde que a estatística é contabilizada pelo gabinete do secretário para a Segurança, em 2015.

30 Ago 2022

Segurança | Governo preocupado com alguns funcionários públicos

O secretário para a Segurança está preocupado com “alguns funcionários públicos” que mostraram simpatia e apoio à “violência negra” de Hong Kong

 

O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, deixou no ar a possibilidade fazer uma revisão mais profunda das leis de Macau, além da Segurança Nacional, tendo em vista comportamentos de alguns funcionários públicos. A ideia foi defendida em mais uma sessão de esclarecimento ao abrigo da consulta pública para rever a lei de segurança nacional, realizada no domingo, face ao que é visto como perigos criados pela opinião de “alguns funcionários públicos”.

De acordo com o relato do jornal Cheng Pou, Wong Sio Chak mostrou-se muito preocupado com o facto de “alguns funcionários públicos” apoiarem o que apelidou de “violência negra de Hong Kong”. Os acontecimentos remontam a 2019, e aos meses de protestos violentos que emergiram na cidade, após a proposta por parte do Governo de Carrie Lam de implementar uma lei de extradição para o Interior.

Para o secretário, ao longo desses meses, também emergiram perigos em Macau, com o surgimento de algumas Lennon Walls, ou seja, papéis coloridos colados em paredes onde são expressas opiniões políticas. Esta foi uma forma de expressão política que surgiu em Praga, nos anos 80, e que foi utilizada em 2019 para transmitir opiniões contra a lei de extradição e contra o Governo de Hong Kong.

Segundo as explicações do secretário, o apoio à “violência negra” em Hong Kong tornou-se uma espécie de “moda” entre alguns funcionários públicos de Macau, que consideraram ser “um sinal dos tempos”, que o movimento “era bom”. O governante foi mais longe e admitiu que alguns trabalhadores da administração pública desejaram mesmo que os protestantes “fossem bem-sucedidos”. A tendência foi verificada, segundo Wong, por alguns “likes”, colocados nas redes sociais.

Na visão de Wong Sio Chak, se opiniões deste tipo se tornarem uma tendência, haverá uma situação “muito perigosa”. Por isso, sublinhou que a segurança nacional também tem de ser protegida com um conjunto de esforços “culturais, educacionais e comunitários” promovidos pelas diversas associações.

Forças externas

A sessão de consulta pública ficou ainda marcada pelo discurso de Ng Ka Teng, vice-presidente da Associação das Mulheres, que defendeu a necessidade de reforçar a lei de segurança nacional face “à intervenção das forças externas”.

Segundo Ng, estas forças, que não foram nomeadas, actuaram de várias formas durante os incidentes de Hong Kong, com a criação de rumores, alarmismo, pânico social e espalhando material propagandístico na Internet.
Para Ng, os mais jovens foram mais afectados, ao serem encorajados a saírem para as ruas e ameaçarem a “pedra basilar” que a seu ver é o Estado de Direito.

Na opinião da dirigente associativa, só com esta lei é possível evitar estes perigos e garantir a segurança da população, da economia e da“política “Um País, Dois Sistemas”.

A representante da Associação das Mulheres avisou também que sem perceberem a importância da segurança nacional, os mais jovens podem ser aliciados por criminosos.

30 Ago 2022

V – Planeamento Geral do Trânsito e Transportes Terrestres de Macau

V – Do reaproveitamento de infra-estruturas de transporte
(continuação de dia 22 de Agosto)

 

 

A palavra infra-estrutura significa algo que é materializado pela sua construção ou organização (uma estrutura), mas que possibilita ou integra funcionalidades essenciais em que uma população se suporta.

O reaproveitamento de infra-estruturas poderá ter em vista o prolongamento da sua vida económica no sentido da efectiva utilidade, que poderá ser tanto a original, como outra emergente, todavia diferente, que possa tirar partido da estrutura entretanto tornada obsoleta.

As situações mais recorrentes associadas a reaproveitamento de infra-estruturas de transportes são as ferroviárias com exemplos que cobrem todo um leque situações, possibilidades e soluções.

No caso de Berlim várias estações desactivadas reentraram em funcionamento com a unificação da cidade.
No caso de Viena, a linha de cintura, a parte que não fora reconstruída no pós-Segunda Guerra Mundial, e cujas estações foram desenhadas por Otto Wagner no período da Arte Nova Vienense, tiveram a sua reactivação em 1989, já integradas no actual sistema de metro urbano.

Já no caso de Roterdão, os viadutos urbanos que serviam linhas entretanto desactivadas, construídos na mesma tradição industrial de abóbadas de tijolo, passaram a ter esses vãos ocupados por serviços, principalmente de restauração, e os tabuleiros equipados com esplanadas e arranjos paisagísticos, já numa óbvia estratégia de embelezamento, complementados com outras ligações aéreas e dotando a cidade de uma circulação pedonal alternativa e elevada. Ou Roterdão não fosse uma cidade dos Países Baixos, mesmo estando dotada de uma forma urbana resiliente, e equipada com grandes bacias subterrâneas de retenção.

Por sua vez uma infra-estrutura integra outras estruturas, a que já chamamos equipamentos. No caso de uma infra-estrutura ferroviária, os mais notórios são sem dúvida as estações a que, desde a génese da construção de estações ferroviárias, sempre se dedicou grande cuidado arquitectónico.

Muitos desses edifícios encontram-se classificados, muitos serviram linhas entretanto extintas, e muitos passaram a ser insuficientes para servir exigências actuais de funcionamento. Foram por isso ampliados ou complementados com outras estruturas, ou passaram a albergar outras utilizações quando deixaram de servir para as finalidades iniciais.

Sempre se dirá que distanciar ou desarticular um edifício da sua finalidade original, será lançar mão de um recurso necessário, mas constituirá sempre prejuízo para a sua integridade, mesmo tendo em vista a sua preservação, e presentes sólidos elementos de interpretação.

Existe ainda uma nova tipologia de reaproveitamento de infra-estruturas associadas a operações imobiliárias de que possivelmente o caso mais exemplificativo seja Cheonggyecheon em Seoul.

Trata-se de um arroio ou riacho urbano que atravessava a cidade e que na década de 1940 começou a ficar obstruído por grandes quantidades de lixo e efluentes de esgoto que aí eram despejados.

As margens do arroio eram ocupadas por comércio de baixo escalão e as soluções para o local foram primeiro o encanamento do arroio e mais tarde a construção de uma viaduto rodoviário expresso.

Nenhuma dessas medidas trouxe qualidade urbana e a mesma zona da cidade manteve-se até ao início do Século XXI expectante de melhor qualificação.

A solução surgiu sob a égide do modelo do neoliberalismo económico em que o potencial económico dos terrenos em causa dependia da requalificação de uma infra-estrutura, ou seja, de um bem público, e que o mesmo potencial justificava o encargo dessa qualificação, ao ponto de a mesma poder ser custeada pela iniciativa privada.

A iniciativa passou pela remoção do viaduto rodoviário e o arroio voltou a ser descoberto para ser ambientalmente qualificado. O curso do arroio passou a existir num canal, complementado por margens para trajectos pedonais, com grande detalhe paisagístico e numa óbvia estratégia de embelezamento. Da medida resultou um novo bairro próspero e elegante, marcado por um forte efeito de gentrificação.

São estes elementos de escrutínio que caracterizam situações diversas de reaproveitamento de infra-estruturas urbanas, nomeadamente de transportes, que no cenário local servem o destino da Ponte Governador Nobre de Carvalho ou Ponte Macau-Taipa (em chinês: 澳氹大橋), para a qual não é descabido uma classificação de património cultural.

Qualquer classificação nessa categoria pressupõe uma base de justificação onde se invoque a relevância do objecto de qualificação.

Neste caso a Ponte Governador Nobre de Carvalho é atribuída ao Eng.º Edgar Cardoso, conhecido por estruturas notáveis que se pautaram por modelos de cálculo que não eram nem correntes, nem consentâneos.

Foi planeada como uma ponte rodoviária que liga a Península de Macau à Ilha da Taipa, e função que ainda exerce, entretanto complementada pela Ponte da Amizade e a mais recente Ponte de Sai Van.

O comprimento total da ponte é de cerca de 2 570 metros, teve o início da construção em Junho de 1970 e aberta à circulação em Outubro de 1974, sendo à época considerada a ponte contínua mais longa do mundo. O ponto mais elevado do tabuleiro atinge 35 m acima do nível do mar, permitindo a passagem de navios, mas não da Sagres que sempre acostou no Porto Exterior.

Tem uma particularidade na sua utilização. Os passageiros num carro que se desloque a uma velocidade aproximada de 50Km/h consegue ver a paisagem através das guardas laterais que ficam transparentes, onde as barras verticais desaparecem por efeito estroboscópico.

A interpretação do partido plástico da ponte está também associada à evocação de um dragão com a cabeça no Hotel Lisboa Macau, que já existia à data em que a ponte foi construída, e com a cauda na Ilha de Taipa Pequena onde mais tarde, em 1981, teve uma intervenção escultórica atribuída a Dorita de Castel-Branco, figurando pela encosta essa interpretação.

A concepção de uma ponte pauta-se por elementos essenciais e precisos e assim deve permanecer depois de construída. Nisso, uma ponte é muito diferente dos edifícios que habitamos, onde nem tudo é absolutamente essencial, quer para a sua construção, quer após a sua construção, nem muitos dos elementos se obrigam a uma posição e fixação precisas.

Na concepção de uma ponte importa a finalidade a que se destina, onde outras não previstas foram necessariamente excluídas do modelo de cálculo e do seu apetrechamento.

Assim, sobre a ponte Governador Nobre de Carvalho, dúvidas não se colocam sobre o potencial para a sua classificação. Apenas não se vislumbra onde recai a necessidade do seu reaproveitamento. A ponte é uma ponte rodoviária, foi assim concebida, é assim que é utilizada, e que poderá continuar a ser utilizada do mesmo modo, enquanto existirem veículos motorizados com rodas de borracha.

Teve a sua pressão aliviada com a construção das outras pontes, com que presentemente partilha o tráfego entre Macau e a Taipa, e sobreviveu à agressão do período que mediou a entrada em operação do Porto de Ka-Ho e a construção da ponte da Amizade, quando não existia alternativa para o transporte de cargas pesadas para Macau.
Não ocorre outras necessidades prementes que a ponte possa melhor servir, prescindindo do seu contributo para a circulação rodoviária que está longe de ser obsoleto .

Sendo certo que, se sobre o mesmo objecto deve recair uma classificação de património cultural, não será certamente em conjugação da modificação da sua utilização.

Sequer o reaproveitamento pedonal de um trajecto obrigatório ao longo de 2 570 metros, sem possibilidade de dele desistir a meio, se afigura uma finalidade premente.

Ou mesmo uma estratégia integrada, com utilização de lazer ou de embelezamento paisagístico se afigura pacífico numa ponte cuja concepção se pautou por elementos essenciais e precisos, onde abastecimentos e saneamentos não foram previstos, as rajadas de vento registam-se aí as mais fortes, e outras fixações que aí se fizessem gerariam impulsos não previstos na estrutura.

Também não ocorre que outros aproveitamentos venham aí gerar contrapartidas que motivem a iniciativa privada e a gentrificação urbana. Em verdade, a ponte é a única ponte inclusiva da RAEM, algo de que cada vez temos mais falta em ordenamento urbano. Admite que os afoitos a façam a pé, pois 2 570 metros com um troço de subida íngreme não é pêra doce.

Serve também alguns desses afoitos do segredo que têm guardado, de que é no cima da ponte o melhor local publicamente acessível para ver fogo de artifício sobre o estuário.

Segredo agora partilhado, para que não se lembrem de o proibir, e para que nesses dias, e nessas horas, apenas se fixe um contingente de acesso e se limite a circulação a uma faixa de emergência.

Se algum sentido nostálgico advém da utilização actual da Ponte Governador Nobre de Carvalho, isso é fruto exactamente da experiência que resulta das condicionantes actuais de tráfego, que repuseram fluxos que estão aquém de limites de exaustão, muitos semelhantes aos registos cinematográficos que existem de época.

(com continuação)

29 Ago 2022

Afeganistão | Pequim relutante entre segurança e riscos de envolvimento

A China foi dos primeiros países a estabelecer relações semioficiais com os talibãs quando estes regressaram ao poder, mas o futuro da parceria permanece incerto, dizem analistas, à medida que Pequim avalia os riscos do envolvimento no Afeganistão

 

“Do ponto de vista da China, existem grandes riscos na situação do Afeganistão”, apontou Zhu Yongbiao, professor do Centro de Estudos do Afeganistão da Universidade de Lanzhou, na província chinesa de Gansu, citado pelo jornal South China Morning Post, um ano após os talibãs terem tomado novamente o poder e da conclusão da retirada norte-americana do território afegão, registada em 30 de Agosto de 2021.

À incerteza política sobre se os talibãs vão ser reconhecidos pela comunidade internacional como o governo legítimo do Afeganistão, soma-se a relutância das empresas chinesas em financiar projectos no país, devido às preocupações de segurança e dúvidas sobre os retornos económicos, apontou o académico.

China e Afeganistão compartilham cerca de 70 quilómetros de fronteira em Xinjiang, uma das mais voláteis regiões chinesas, marcada por violentos confrontos étnicos nas últimas décadas, entre membros da minoria étnica de origem muçulmana uigur e os han, o grupo étnico maioritário no país.

Historicamente, Pequim permaneceu, no entanto, sempre como um “observador” nas questões afegãs, descreveu, por sua vez, Zhao Huasheng, professor no Centro de Estudos da Rússia e da Ásia Central da Universidade Fudan, em Xangai.

O vácuo de segurança deixado pela retirada das tropas ocidentais do Afeganistão veio obrigar a China a ter um maior envolvimento no país vizinho, visando garantir a estabilidade em Xinjiang.

Quando o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, recebeu uma delegação dos talibãs, na China, ainda antes de os fundamentalistas assumirem o poder, o representante de Pequim pediu ao grupo que “traçasse uma linha vermelha” com organizações terroristas, incluindo o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM, na sigla em inglês), que descreveu como uma “ameaça directa à segurança e integridade territorial da China”.

Pequim há muito que acusa o ETIM de promover o separatismo em Xinjiang. Wang Yi pressionou sobre esta questão repetidamente, em reuniões posteriores com os talibãs.

“A China está condenada a desempenhar um papel significativo no Afeganistão, mas está cuidadosamente a tentar evitá-lo”, escreveram Raffaello Pantucci e Alexandros Petersen, autores da obra “Sinostan: China’s Inadvertent Empire”.

A embaixada chinesa foi uma das poucas que permaneceu no país após os talibãs tomarem o poder. Pequim também participou e acolheu vários encontros regionais sobre o Afeganistão.

Lá ao longe

No mês passado, Wang Yi sugeriu incluir o Afeganistão no Corredor Económico China – Paquistão (CPEC) e uma cooperação “em termos gerais” com as autoridades de Cabul, após reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros do governo talibã, Amir Jan Muttaqi, à margem do fórum da Organização de Cooperação de Xangai.

No entanto, Fátima Airan, pesquisadora do Instituto Biruni, um grupo de reflexão (‘think tank’) com sede em Cabul, escreveu que a China investiu em poucos projectos no Afeganistão e que se tornou ainda mais relutante em investir após os talibãs ascenderem ao poder. “Para a China, o mercado não é suficientemente estável no Afeganistão, devido à insegurança”, argumentou. “Eles não vão correr o risco de trazer um projecto de investimento de grande escala para o Afeganistão”, referiu ainda Fátima Airan.

E Raffaello Pantucci e Alexandros Petersen acrescentam: “Pequim certamente está a fazer mais do que antes, mas é claro que não vai assumir um papel de liderança. A China tem todo o interesse e potencial para ser um actor dominante, mas tomou a decisão estratégica de continuar a observar do lado de fora”.

29 Ago 2022

Cinema | Mostra de filmes portugueses em Pequim até 11 de Setembro

Começou na sexta-feira em Pequim a mostra “Filmes de Portugal”. Até ao dia 11 de Setembro, serão exibidas seis longas-metragens e um documentário de cineastas portugueses no Museu Nacional de Cinema da China. O cartaz é composto por filmes tão díspares como o clássico “Os Verdes Anos”, “Listen” de Ana Rocha da Sousa e “Km 224”, de António-Pedro Vasconcelos

 

Começou na sexta-feira a mostra “Filmes de Portugal”, em exibição no Museu Nacional de Cinema da China, em Pequim. A celebração da sétima arte lusa será feita no grande ecrã com seis longas-metragens e um documentário portugueses, naquela que é a primeira exibição de cinema estrangeiro realizada pela instituição pública com sede na capital chinesa este ano.

A mostra “Filmes de Portugal” inclui o clássico a preto e branco “Os Verdes Anos”, de 1963, e “Listen”, a primeira longa-metragem realizada por Ana Rocha de Sousa. “Km 224”, o novo filme de António-Pedro Vasconcelos, integra também o cartaz que será exibido até ao dia 11 de Setembro.

Tratam-se sobretudo de filmes artísticos, que mostram como pessoas reais e a cultura inspiram os cineastas portugueses a contar as histórias no grande ecrã, descreveu o jornal Global Times.

Também em 2016, Pequim recebeu uma exposição cinematográfica composta por um total de 24 filmes portugueses, como parte de um acordo entre os dois países para promover obras portuguesas na China e filmes chineses em Portugal. Em 2015, foram exibidos 32 filmes chineses em duas salas de cinema em Lisboa.

Pais e filhos

Num longo e elogioso artigo, o Global Times descreve “Os Verdes Anos” como uma película que reflecte a forte influência do movimento artístico francês Nouvelle Vague, que imortalizou mestres como Jean-Luc Godard e François Truffaut.

Uma das obras contemporâneas em destaque no evento é “Listen” um filme escrito e realizado por Ana Rocha de Sousa, que estreou em 2020 e venceu um prémio especial do júri no 77º Festival Internacional de Veneza. Com Lúcia Moniz e Ruben Garcia nos papéis principais, “Listen” retrata a realidade e os dramas sociais de uma família de emigrantes portugueses que luta contra os serviços sociais britânicos.

Baseado em factos reais, o filme de Ana Rocha de Sousa centra-se na luta de uma família portuguesa emigrada no Reino Unido, a quem os serviços sociais retiram a guarda dos três filhos por considerarem estar em risco de sofrer danos emocionais. Situação que desencadeia os protocolos do sistema de adopção forçada e que leva à consequente angústia, inquietação e desespero de uma família que tenta encontrar a felicidade e provar junto dos serviços sociais a sua capacidade de cuidar dos filhos.

Outra produção incluída no cartaz é o mais recente filme de António-Pedro Vasconcelos, “Km 224”, que como “Listen” será exibido na China pela primeira vez. O epicentro do filme é a tensão dramática que surge dos múltiplos episódios gerados por um divórcio e a luta pela custódia legal dos filhos.

Dívidas e girafas

“Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”, de Tiago Guedes, é uma das propostas mais originais do cartaz do “Filmes de Portugal”. Sob o tema das dores de crescimento, o argumento desta obra tem como ponto fulcral a história de uma menina de 10 anos que atravessa a cidade de Lisboa em busca da única pessoa que pode ajudá-la: o primeiro-ministro. Esta viagem de fantasia é narrada pela voz de uma criança que empreende a tarefa de tentar explicar o mundo, ultrapassando a fronteira que separa a adolescência da inocente pureza da infância.

Com estreia comercial em 2017, “São Jorge” valeu a Nuno Lopes o Prémio Orizzonti de melhor actor no Festival Internacional de Cinema de Veneza de 2016. Realizado por Marco Martins, o filme tem um elenco recheado, com nomes como Mariana Nunes, David Semedo, Gonçalo Waddington, Beatriz Batarda, José Raposo e Jean-Pierre Martins.

A história de “São Jorge” centra-se na queda do personagem interpretado por Nuno Lopes, um boxer desempregado afogado em dívidas que, à beira de perder o filho, decide aceitar um emprego numa agência de cobrança de dívidas. Com o Portugal da era da Troika em plano de fundo, a narrativa segue a descida do protagonista ao mundo do crime e da violência extrema.

O “Filmes de Portugal” exibe também “Aquele Querido Mês de Agosto”, de Miguel Gomes, e o documentário “Silêncio – Vozes de Lisboa”.

Além deste cartaz, o evento terá ainda uma exposição dedicada ao mestre Manoel de Oliveira, uma unidade de revisão de filmes clássicos e alguns trabalhos contemporâneos, incluindo “Cartas da Guerra”, realizado por Ivo Ferreira.

29 Ago 2022

Turismo | Sábado foi o dia de Agosto com mais visitantes

Entraram em Macau no sábado um total de 18.620 visitantes, o número mais alto de entradas no território desde a retoma, no início de Agosto, da isenção da quarentena em Zhuhai. As autoridades apontam que esta medida, “aliada ao efeito progressivo do trabalho promocional” do turismo fez com que “o número de visitantes tenha subido nos últimos dias”.

Entre o dia 20 e a última sexta-feira o território registou uma média diária de visitantes de 14.737, uma subida de 18 por cento face à média diária de turistas entre os dias 13 e 19 deste mês, em que se registaram 12.485 entradas, e mais 4.578,4 por cento em relação à média diária de Julho, de 315 visitantes.

Um dos exemplos de acções promocionais da Direcção dos Serviços de Turismo é a caravana “Sentir Macau, Sem Limites”, uma iniciativa que começou ontem, em Zhuhai. Além disso, arranca Setembro a “Semana de Macau em Qingdao‧Shandong”, com o objectivo de “divulgar a diversidade da oferta “turismo +” da cidade, [a fim de] atrair visitantes do Interior da China a visitar e despender em Macau durante o Dia Nacional e outros períodos de férias”.

29 Ago 2022

Turismo | Governo diz ter cumprido objectivos do plano de desenvolvimento

Divulgado no ano passado, o Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo regista um índice de cumprimento de objectivos e critérios de 82 por cento, aponta a Direcção dos Serviços de Turismo. Acções promocionais e alguns eventos são exemplos das iniciativas tomadas para impulsionar o sector

 

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) diz já ter cumprido em 82 por cento o Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo, divulgado no ano passado. Em comunicado, as autoridades adiantam que, dos 77 planos de acção definidos para serem cumpridos de forma faseada, 76 “já foram iniciados”, estando a ser acompanhados. Por sua vez, 63 desses planos de acção “já atingiram os critérios estipulados”.

O plano do Governo para o sector contém sete acções principais, tendo como objectivo “proporcionar experiências diversificadas aos visitantes e promover o desenvolvimento da indústria turística regional, a procura interna e o consumo nos bairros comunitários”. A aposta é ainda feita “na optimização dos produtos e instalações turísticas e no fortalecimento do turismo de qualidade e na cooperação”, entre outras iniciativas.

Uma das acções da DST, que alia turismo a comércio electrónico, prende-se com a criação de uma loja de referência na aplicação da Ctrip, uma das plataformas de viagens mais importantes na China. Com esta loja online é possível exibir os produtos locais e “incentivar os visitantes a deslocarem-se a Macau para consumir”.

A DST aponta ainda que tem promovido o turismo desportivo, para que mais visitantes possam participar em eventos desportivos de larga escala no território. Como exemplo, foi dado apoio “à indústria turística na organização de uma regata internacional de vela, que incluiu um fórum de desenvolvimento do desporto e turismo”.

Inaugurações e cooperações

Outro dos projectos apontados pela DST é a reabertura do Museu do Grande Prémio após obras de ampliação. Além disso, é destacado o Terminal Marítimo na zona da Barra, promovendo-se “a abertura de novas rotas e a exploração de novos produtos de turismo marítimo”. No ano passado foram ainda “acrescentadas novas instalações hoteleiras, de lazer e entretenimento, com vista a proporcionar uma experiência diversificada aos visitantes”.

No que diz respeito à ligação do turismo com o sector das exposições e convenções, a DST diz ter organizado sessões de apresentação desta área nas seis cidades da Grande Baía, nomeadamente Guangzhou, Dongguan, Zhongshan, Zhaoqing, Huizhou e Shenzhen. O objectivo foi “promover o intercâmbio entre operadores turísticos de Macau e do Interior da China, e explorar oportunidades de negócio”.

A DST adiantou ainda que, “em conjunto com a indústria turística” local, tem vindo a “explorar planos concretos” para o desenvolvimento do turismo entre Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin.

Relativamente à área das indústrias criativas, as autoridades promoveram pinturas murais e embelezamento de infra-estruturas urbanas em bairros antigos da Taipa e na zona da Horta da Mitra.

A organização de grandes eventos culturais e de entretenimento tem sido outra das apostas da DST, tal como o programa “Passeios, gastronomia e estadia para residentes de Macau” ou a “Gala de Drones Brilha sobre Macau”.

Pretende-se, com estes eventos, “promover a procura interna e impulsionar o consumo nos bairros comunitários”.
A DST destaca ainda o facto de a Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau ter ganho certificação pela UFI – Associação Global da Indústria de Exposições. O Governo apresentou ainda o primeiro relatório de monitorização e plano de trabalho para os próximos quatro anos ao Secretariado da Rede das Cidades Criativas da UNESCO.

29 Ago 2022

Segurança Nacional | Ho Iat Seng espera “ataques maliciosos” à revisão legal

O Chefe do Executivo começou a consulta pública com um aviso contra opiniões contrárias à revisão da lei da segurança nacional: não vai permitir a “criação artificial de crises”. Neste ambiente, sublinha que o Governo vai aceitar “todas as opiniões”, desde que sejam manifestadas de forma racional”

 

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, afirmou na sexta-feira esperar “ataques maliciosos” para tentar “dificultar ou até destruir” a revisão da lei da segurança nacional, que está em consulta pública até 5 de Outubro. As declarações foram prestadas durante a primeira sessão de consulta pública, feita com deputados, representantes locais na Assembleia Popular Nacional e no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, e os altos cargos judiciais, como Sam Hou Fai, presidente do Tribunal de Última Instância, e o procurador do Ministério Público, Ip Son Sang.

Durante a sessão de consulta pública, Ho Iat Seng defendeu que as autoridades aceitam “todas as opiniões, desde que sejam manifestadas de forma racional, sejam a favor ou contra”.

No entanto, acrescentou não afastar “a hipótese da criação artificial de crises” em torno da revisão legislativa, incluindo “ataques maliciosos e informações fictícias” por parte de “alguns indivíduos tendenciosos”. “Precisamos de nos manter em alerta”, apelou Ho Iat Seng, perante os cerca de 210 representantes da elite política e jurídica do território.

Segundo o relato feito pela agência Lusa, e também pelo jornal Ou Mun, em algum momento Ho Iat Seng nomeou aqueles que considera “indivíduos tendenciosos”.

Críticas às opiniões contrárias

Por parte da audiência, a sessão ficou marcada por um apoio unânime ao diploma, e ataques aos indivíduos que ousem expressar opiniões contrárias, por se considerar que estão a atrasar o desenvolvimento do país.

Uma das vozes críticas em relação à “oposição” foi Chan Hio Peng, presidente da Associação Geral dos Chineses Ultramarinos, que disse esperar que “muitos indivíduos, para travar o desenvolvimento do país e da cidade, se vão pronunciar negativamente” sobre a revisão.

Por sua vez, o deputado Wu Chou Kit apelou a maior regulação sobre o equipamento de telecomunicação – incluindo telemóveis e outros aparelhos – fabricados no estrangeiro, e “utilizado pelo Governo e pelas famílias de Macau”.

“O equipamento estrangeiro pode ser uma ‘porta traseira’ que coloque em risco a segurança do Estado”, afirmou o também presidente da Associação de Engenheiros de Macau.

Este não foi um tema novo, e anteriormente Wu Chou Kit tinha feito o mesmo alerta na Assembleia Legislativa. Os telemóveis dos fabricantes Apple, norte-americano, e Samsung, coreano, são alguns dos mais populares no território. A sessão durou menos de duas horas, e todos os intervenientes demonstraram apoio à revisão.

A Lei de Segurança Nacional está a ser revista, e o objectivo do Governo é imitar a lei que foi aplicada em Hong Kong. Macau tem uma lei que regula estas matérias desde 2009, mas até ao momento não houve qualquer acusação ao abrigo da lei.

 

Escoteiros e Comité Olímpico apoiam revisão

A Associação de Escoteiros e o Comité Olímpico e Desportivo de Macau mostraram publicamente o apoio à revisão da Lei da Segurança Nacional. A posição das associações foi tomada por Ma Iao Hang, membro da família Ma, que é presidente dos escoteiros e presidente da mesa da assembleia-geral do comité olímpico de Macau.

Segundo Ma Iao Hang, as associações apoiam totalmente o Governo na revisão da lei, e julgam que é necessário tomar todas as medidas para garantir a segurança nacional, numa nova época internacional com muitas incertezas. O político, filho do falecido empresário Ma Man Kei, vincou também que apenas o país é o suporte de Macau e da prosperidade e estabilidade local.

Por outro lado, afirmou haver apoio da população do território, por considerar que a tradição de amar o país e Macau está muito difundida localmente. “Todos os sectores da sociedade, incluindo a indústria desportiva, reconhece a importância e necessidade de salvaguardar a segurança nacional”, vincou. Ao contrário dos escuteiros, os escoteiros, com “o”, são um movimento sem ligações à Igreja Católica.

Wong Sio Chak: Lei é condição para o desenvolvimento

Na sessão de esclarecimentos sobre a revisão à Lei da Segurança Nacional, Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, explicou que apenas com a nova lei pode fazer desenvolvimento. As declarações foram prestadas na sessão para o sector económico, que decorreu no sábado, no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

De acordo com um comunicado do gabinete do secretário, Wong Sio Chak afirmou que “a segurança é um pressuposto de desenvolvimento e o desenvolvimento é uma garantia para a segurança”. “Com segurança a nível nacional e estabilidade social, a economia e a sociedade podem desenvolver-se de forma contínua e saudável. Por isso, a coordenação entre a segurança e o desenvolvimento é um trabalho importante para a concretização do “Conceito geral da segurança do Estado” na RAEM”, acrescentou.

Sobre os objectivos do diploma, o Governo apontou ainda esperar através da revisão que “as questões e as insuficiências existentes na lei possam ser superadas, a capacidade de salvaguardar a segurança nacional da RAEM possa ser amplamente melhorada, e a soberania nacional, segurança e os interesses de desenvolvimento possam ser salvaguardados de forma eficaz”. Segundo o gabinete do secretário, entre os 200 participantes houve 10 que emitiram opiniões, mostrando-se unanimemente a favor do diploma, por temerem as ameaças à segurança nacional. Os mesmos, que não foram identificados, consideraram igualmente que a revisão é feita em “tempo oportuno”.

Juristas | Interesse nacional e exemplo de Hong Kong

Raimundo Chang San Chi, presidente da Associação Jurídica dos Jovens de Macau e advogado no escritório Lektou, defendeu a revisão da lei nacional, por acreditar que Macau precisa se adaptar aos desafios do novo contexto internacional.

A tomada de posição foi citada pelo jornal Ou Mun e o advogado falou na condição de presidente da Associação Jurídica dos Jovens de Macau. Segundo Chang, todos os sectores da sociedade, e principalmente os mais jovens, têm de apoiar firmemente as alterações e cooperar com o Governo, que no seu entender está a fazer um bom trabalho a rever a lei.

Além disso, o advogado considera que a protecção da segurança e dos interesses nacionais é uma obrigação de todos, assim como nunca participar em “actividades contrárias à salvaguarda da segurança nacional”.

Por outro lado, o jurista português António Katchi, em declarações à agência Lusa, comparou a aplicação da lei em Macau com a sua aplicação em Hong Kong. “Para imaginar os efeitos desta revisão legislativa em Macau, eu diria que basta olhar para Hong Kong e, a partir de uma hipótese de cenários idênticos, atender depois às diferenças entre as duas regiões”, afirma o docente universitário sobre a proposta.

Katchi aponta algumas diferenças: “em Macau, a oposição política e social é, em geral, demograficamente mais circunscrita, ideologicamente menos diversificada e retoricamente mais branda que em Hong Kong, pelo que, em princípio, o número de pessoas susceptíveis de serem processadas criminalmente ao abrigo desta lei será menor”.

“Mas, em contrapartida, o zelo das autoridades de Macau em aplicá-la poderá eventualmente ser maior”, sustenta, lembrando também que a “revisão legislativa anunciada pelo secretário para a Segurança visa conferir à lei de Macau um alcance tão amplo como o da lei aprovada pela Assembleia Popular Nacional para Hong Kong em 2020”.

O docente universitário admite que “o processo legislativo será diferente, como assinalou o secretário, mas o que vai ter impacto directo na vida das pessoas não é o processo legislativo, é o conteúdo, que “poderá estar expresso numa linguagem um pouco diferente, mais adaptada à tradição jurídica de Macau, mas nem por isso deixará de ser moldado em conformidade com os mesmos objectivos”.

O jurista português conclui que “haverá, tal como em Hong Kong, o efeito de intimidação geral, e o medo já não será apenas o de sofrer consequências económicas (como a perda do emprego, de subsídios, de negócios ou de clientes, conforme os casos), mas o de ser encarcerado”.

29 Ago 2022

MAM | “Zhao Zhao: Um Longo Dia” inaugurada esta sexta-feira

O Museu de Arte de Macau (MAM) acolhe, a partir desta sexta-feira, a exposição “Zhao Zhao: Um Longo Dia”, que estará patente até ao dia 30 de Outubro. Esta é a primeira exposição individual em Macau do artista chinês contemporâneo que contém um total de 82 peças ou conjuntos de obras, com curadoria de Cui Cancan.

A carreira de Zhao Zhao teve início em 2006 e o artista explora as vertentes da pintura, instalação e escultura, sem esquecer os estudos sobre a cultura antiga chinesa. “Ligando obras que evidenciam a exploração constante de questões associadas ao tempo, ao espaço e à nossa era, a mostra pretende dar a conhecer aos visitantes as ideias artísticas únicas de Zhao Zhao, bem como os seus novos métodos criativos e o seu uso de diversos meios de expressão”, aponta uma nota de imprensa.

Em 2014 a revista Modern Painters destacou Zhao Zhao como um dos 25 artistas a ter em atenção em todo o mundo. Este foi reconhecido com o Prémio de Artista do Ano no âmbito da 13.ª edição do Prémio de Arte da China em 2019, sendo uma figura representativa da nova geração de artistas contemporâneos chineses.

Nas suas obras, Zhao Zhao estabelece uma ligação entre a tradição histórica chinesa ao longo do tempo e do espaço, a realidade actual e as tendências artísticas em constante transformação. Combinando expressões artísticas contemporâneas e a essência da cultura tradicional, Zhao Zhao criou o seu próprio estilo artístico e método de trabalho para dar expressão à vida humana no actual ambiente global e à nossa realidade na sociedade moderna, mostrando ainda a sua atitude em relação à coexistência do colectivismo e dos ideais individuais.

25 Ago 2022

“Ma-on” | Mais de 80 pessoas já estão em centros de acolhimento

Pelo menos 88 pessoas já procuraram abrigo nos 16 centros de acolhimento de emergência a funcionar em Macau devido à passagem do tufão Ma-on, informaram as autoridades. O tufão está a 200 quilómetros do território, tendo sido emitido o sinal 8, numa escala de 10, com as autoridades a decretarem o estado de prevenção imediata.

Para esta quinta-feira estão previstas “inundações significativas” nas zonas baixas da cidade, indicou a Direção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, que alertou para a intensificação do vento, prevendo-se rajadas de cerca de 180 quilómetros/hora.

Com a emissão do sinal 8 foram suspensos os transportes públicos e a circulação nas pontes marítimas, com exceção do tabuleiro inferior da Ponte Sai Van. A prestação de serviços médicos não urgentes foi igualmente suspensa, assim como o funcionamento de postos de vacinação e testagem à covid-19.

Dez voos foram cancelados ou alterados no Aeroporto Internacional de Macau. Pelo menos 23 parques de estacionamento localizados nas zonas baixas do território foram total ou parcialmente encerrados.

25 Ago 2022

Funcionário da DSEDJ indiciado por burla com subsídios

O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) anunciou ontem que um trabalhador da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) é suspeito dos crimes de abuso de poder, participação económica em negócio, falsificação praticada por funcionário, falsificação informática, do crime de obtenção, utilização ou disponibilização ilegítima de dados informáticos, falsificação de documento e burla.

O caso foi encaminhado para o Ministério Público. A investigação teve início em Setembro do ano passado, após uma denúncia.

Segundo o CCAC, o funcionário da DSEDJ “controlava, secretamente, uma associação juvenil”, e em conluio com membros desta prestava falsas declarações sobre o número de pessoas que participavam nas actividades, assim como sobre o conteúdo, para obter subsídios públicos.

No total, o homem terá conseguido subsídios num valor de cerca de 500 mil patacas, através da prestação de informações falsas.

No âmbito do esquema, e utilizando as suas funções, na DSEDJ, o indivíduo alterava ainda as propostas apresentadas, quando estas estavam no servidor informático, para que os superiores aprovassem apoios maiores.

Depois de saber que decorria uma investigação, retirou vários documentos dos servidores da DSEDJ, que entregou aos membros da associação, para que estes soubessem como responder durante os interrogatórios das autoridades.

Além do funcionário público, também cinco membros da associação foram investigados e estão indiciados pela prática dos crimes de burla e falsificação de documentos.

25 Ago 2022

Reserva Financeira da RAEM perdeu 8,67 mil milhões em Junho

A reserva financeira de Macau perdeu valor pelo sexto mês consecutivo, registando uma queda de 8,67 mil milhões de patacas em Junho, indicam dados divulgados ontem pelas autoridades. A reserva financeira da RAEM cifrou-se em 597,3 mil milhões de patacas no final de Junho, de acordo com a informação publicada no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau.

É a primeira vez que cai para menos de 600 mil milhões de patacas desde Junho de 2020, altura em que a China continental tinha imposto uma quarentena obrigatória a pessoas vindas de Macau, afectando a indústria do jogo.

O valor da reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para 2022, era de 155,8 mil milhões de patacas e a reserva extraordinária 458,9 mil milhões de patacas.

A reserva financeira é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 262,7 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 152,3 mil milhões de patacas e até 175 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados.

Reserva reservada

Mesmo no cenário de crise económica criada pela pandemia da covid-19, a reserva financeira de Macau tinha crescido em 2020 e 2021, apesar do Governo ter injectado mais de 90 mil milhões de patacas no orçamento para suportar despesas extraordinárias que resultaram de um plano de ajuda e benefícios fiscais para a população e para pequenas e médias empresas.

Em Junho, o Governo anunciou mais sete medidas de apoio a empresas e a residentes de Macau, no valor total de dez mil milhões de patacas, sustentadas pela Reserva Financeira, que vão desde benefícios fiscais a uma moratória por um ano do pagamento de empréstimos bonificados.

Em 9 de Agosto, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, avisou que a Reserva Financeira “não é abundante” e “é preciso ter cautela” na utilização para financiar apoios face à crise económica causada pela pandemia.

25 Ago 2022

“Ma-on” | Sinal 8 de tempestade emitido às 22h30. Esperadas inundações a partir das 3h

Os Serviços Metereológicos e Geofísicos (SMG) vão emitir às 22h30 o sinal 8 de tempestade tropical, devido à passagem do “Ma-on” pelo território. Continua a ser baixa a possibilidade de ser içado o sinal 9.

O “Ma-on” passou de ciclone tropical para tufão às 21h e está a aproximar-se “rapidamente” de Macau. Os SMG prevêem que “entre esta madrugada e a manhã de amanhã o ‘Ma-on’ vai passar pelo ponto mais próximo de Macau”, podendo vir a “intensificar-se mais perto da costa e ter impacto” no território.

O tempo esta madrugada vai ser “instável” e os ventos serão fortes, atingido entre o nível 7 e 9 na escala “Beaufort” com rajadas fortes. Haverá ainda aguaceiros “que podem ser frequentes, ocasionalmente acompanhados de trovoadas”.

Esperam-se inundações “significativas” com o “Ma-on”, sobretudo entre as 3h e o meio dia desta quinta-feira, sendo que a água pode atingir a altura entre os 0,8 e 1,2 metros. Nesse sentido, às 20h foi emitido o sinal “Storm Surge” laranja.

24 Ago 2022

Comissão sul-coreana acusa anteriores governos por atrocidades sobre sem-abrigo

A Comissão de Verdade e Reconciliação da Coreia do Sul responsabilizou hoje anteriores governos pelas atrocidades cometidas na Casa dos Irmãos, instalação financiada pelo Estado onde milhares de sem-abrigo foram escravizados há mais de 40 anos.

A comissão anunciou as conclusões preliminares da investigação sobre as violações dos direitos humanos naquela instituição, incluindo casos extremos de trabalho forçado, violência e mortes. A comissão afirmou ter confirmado até agora 657 mortes, elevando o número anteriormente avançado de 513 entre 1975 e 1986, documentado nos registos da instalação.

Entre os anos 60 e 80 do século passado, os ditadores militares sul-coreanos ordenaram operações com o objetivo de ‘limpar’ as ruas. Milhares, incluindo pessoas sem-abrigo e deficientes, bem como crianças, foram arrancados das ruas e levados para instalações, onde permaneceram detidos e forçados a trabalhar.

A Casa dos Irmãos foi a maior dessas instalações, antes de um procurador ter exposto os horrores praticados em 1987. O governo do ditador militar Chun Doo-hwan procurou acabar com a investigação que determinou centenas de mortes, violações e espancamentos nas instalações.

24 Ago 2022

Japão abranda restrições à entrada de viajantes a partir de 7 de Setembro

O Governo do Japão anunciou hoje que vai deixar de exigir às pessoas vacinadas contra a covid-19 que pretendam entrar no país o certificado de teste PCR negativo, a partir de 7 de Setembro.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que a medida vai abranger cidadãos japoneses e residentes ou visitantes estrangeiros, desde que tenham recebido pelo menos três doses de uma vacina contra a covid-19.

O Japão, que ainda mantém fortes restrições ao turismo externo, requer atualmente que todos os viajantes que chegam ao arquipélago apresentem à chegada um teste negativo realizado nas 72 horas anteriores ao embarque, no país de partida.

Numa conferência de imprensa, Kishida sublinhou que o Japão pretende “ampliar o número de pessoas que podem entrar no país”.

O Japão mantém as medidas fronteiriças mais restritivas entre os países do G7 (grupo dos países mais industrializados do mundo), limitando as entradas a 20 mil pessoas por dia e mantendo suspensos a maior parte dos acordos bilaterais sobre a emissão de vistos.

As medidas dificultam as viagens de negócios e deslocações turísticas, especialmente aos visitantes estrangeiros não residentes no Japão.

Neste caso, o visto pode ser solicitado com fins turísticos através de agências de viagens autorizadas pelo Governo, mas com limitação dos grupos de viajantes, que devem ser acompanhados por um guia autorizado.

Segunda a imprensa japonesa, cerca de duas mil pessoas entraram no país com visto de turista em julho, muito abaixo da quota diária de 20 mil. O primeiro-ministro afirmou que o objetivo é “flexibilizar as medidas para torná-las iguais aos países do G7 de acordo com a situação que se apresenta dentro e fora do país”.

Kishida salientou que o número máximo de entradas diárias “será decidido com base na evolução da situação” da pandemia.

A nível doméstico, o primeiro-ministro anunciou que o Japão irá modificar os seus critérios de contagem dos casos diários de covid-19 – como outros países já fizeram – numa altura em que o país enfrenta a sétima e maior onda de infeções até à data.

Kishida participou na conferência de imprensa de forma remota, visto que se encontra em isolamento por ter testado positivo à covid-19 durante o fim de semana.

O Japão é, desde finais de julho, o país que regista o maior número de novos casos semanais de covid-19, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o que tem sido atribuído ao abandono progressivo da contagem de números oficiais e à redução da testagem em outros países desenvolvidos.

24 Ago 2022

Fundador da Huawei diz que prioridade da empresa para os próximos três anos é sobreviver

O principal objetivo da Huawei para os próximos três anos é sobreviver, à medida que uma possível recessão económica global agrava o efeito das sanções impostas à tecnológica chinesa pelos Estados Unidos, disse o fundador da empresa.

Num artigo enviado aos funcionários da empresa e posteriormente citado pelo portal de notícias económicas Yicai, Ren Zhengfei pediu que a empresa “mude para modo de sobrevivência em 2023, ou até 2025”. Ren pediu uma mudança de foco na estratégia corporativa, que dê prioridade ao lucro e ao fluxo de caixa, em detrimento do aumento das vendas.

O fundador da Huawei adiantou que a empresa vai encerrar linhas de negócio não essenciais e reduzir postos de trabalho na sede, em Shenzhen, no sudeste da China. “Ainda é incerto se vamos conseguir dar um passo adiante neste período… Não devemos ter ilusões, sobretudo quando se trata de fazer previsões de negócios”, acrescentou.

Nos últimos anos, a Huawei foi afetada por sanções do governo dos EUA, por considerar a gigante tecnológica da China um perigo para a segurança norte-americana, devido às alegadas ligações aos serviços de informações chineses, e também pelo impacto da pandemia da covid-19. Em 2021, o volume de negócios caiu 28,5%, em relação ao ano anterior.

24 Ago 2022

SMG | Sinal 8 de tempestade tropical deverá ser içado hoje à noite

Os Serviços Metereológicos e Geofísicos (SMG) elevaram hoje o nível de alerta de tufão de 1 para 3 devido à passagem do ciclone tropical severo Ma-on, que já causou três feridos e milhares de deslocados nas Filipinas.

As autoridades informaram que existe uma probabilidade alta de ser emitido o sinal de alerta 8 a partir desta noite, e avisaram para a possibilidade de ocorrerem inundações amanhã, quinta-feira. Quanto à possibilidade de vir a emitir o sinal 9 é, para já, baixa. Esta noite espera-se que o tempo “se torne instável”, apontam os SMG, além de que a intensidade do vento vai aumentar gradualmente, podendo atingir entre os níveis 7 a 9 na escala “Beaufort”, com rajadas. “Vão sentir-se ventos fortes e aguaceiros que podem ser frequentes e ocasionalmente acompanhados de trovoadas”, acrescentam ainda os SMG na mesma nota.

O Ma-on teve já impacto nas Filipinas. Três pessoas ficaram feridas ao serem atingidas pela queda de árvores na província de Cagayan, no norte da ilha de Luzon, a maior e mais populosa do arquipélago, e levadas para hospitais.

Mais de sete mil pessoas foram retiradas de aldeias daquela província, enquanto as autoridades fecharam, na terça-feira e hoje, escolas e departamentos governamentais em Manila e em regiões onde possam ocorrer inundações e aluimentos de terras.

24 Ago 2022

Seca | China combate incêndios e raciona energia

A vaga de calor que assola o sudoeste do país é a mais grave desde 1961, ano em que começou a haver registos de temperatura, e já obrigou à deslocação de milhares de pessoas

 

Incêndios florestais forçaram à retirada de mais de 1.500 pessoas no sudoeste do país, onde o calor extremo e a seca estão a obrigar ao racionamento de energia, relataram segunda-feira os ‘media’ locais. Alguns dos centros comerciais da cidade de Chongqing foram encerrados, durante grande parte de segunda-feira, para reduzir o consumo de electricidade, informou a cadeia televisiva estatal CCTV.

A seca e o calor dizimaram também colheitas e fizeram com que os caudais dos rios, incluindo do Yangtzé, descessem, interrompendo o tráfego de carga e reduzindo o fornecimento de energia hidroeléctrica, numa altura de crescente procura por ar condicionado.

A imprensa estatal noticiou que o Governo está a tentar proteger a colheita de cereais do Outono, que representa 75 por cento do total anual da China, lançando substâncias químicas de condensação para a atmosfera, com o intuito de gerar chuva.

A interrupção aumenta os desafios para o Partido Comunista Chinês (PCC), que está a tentar impulsionar o crescimento económico, nas vésperas do evento mais importante da agenda política da China. As empresas da província de Sichuan foram informadas sobre a extensão do racionamento de energia, que ditou o encerramento temporário de fábricas.

A LIER Chemical Co. informou a Bolsa de Valores de Shenzhen que as suas instalações nas cidades de Jinyang e Guang’an, em Sichuan, receberam um pedido para racionar a energia até quinta-feira.

Fábricas em Sichuan que fabricam chips semicondutores, painéis solares, componentes para automóveis e outros produtos industriais foram obrigadas a desligar ou reduzir a actividade na semana passada, para economizar energia para o uso doméstico, já que a procura por ar condicionado aumentou substancialmente por causa das temperaturas elevadas, que chegaram a atingir os 45 graus Celsius. Os sistemas de ar condicionado, elevadores e luzes foram desligados em escritórios e em centros comerciais.

Verão quente

Sichuan, com 94 milhões de habitantes, é especialmente atingida porque obtém 80 por cento da sua energia de barragens hidroeléctricas. Outras províncias dependem mais da energia a carvão, que não foi afectada.

O Governo chinês diz que este Verão é o mais quente e seco da China desde que começou a haver registos de temperatura e de precipitação, em 1961. Os incêndios nas áreas periféricas de Chongqing, que faz fronteira com Sichuan, são o último flagelo resultante do calor e da seca.

Mais de 1.500 moradores foram transferidos para abrigos, enquanto cerca de 5.000 civis e militares foram mobilizados para apagar as chamas, informou a agência noticiosa oficial Xinhua, na segunda-feira.
Helicópteros foram enviados para lançar água nas florestas em chamas, apoiando as equipas em terra.

Em 2019, um incêndio florestal nas montanhas da província de Sichuan matou 30 bombeiros e voluntários.
Nenhuma morte foi relatada até ao momento na sequência desta vaga de calor, de acordo com a Xinhua.

24 Ago 2022

A Fundação Rui Cunha abre o apetite com filme “Pranzo di Ferragosto”  

A Fundação Rui Cunha apresenta esta tarde, às 18h30, o filme “Pranzo di Ferragosto” (Mid-August Lunch, em inglês), o quarto de uma série de seis sobre o tema Gastronomia e Cinema. A película é assinada pelo realizador Gianni di Gregorio, que é também o escritor do guião e o protagonista da fita italiana. A entrada é livre, mas limitada a 25 espectadores.

O tema do filme, apresentado com legendas em em inglês, alude ao feriado católico da Assunção de Nossa Senhora, que se celebra a 15 de Agosto em países como Itália, Espanha ou Portugal.

Ao longo dos cerca de 75 minutos da duração da exibição, Gianni di Gregorio faz uma incursão por valores como a tolerância, o envelhecimento, a solidão, num tom bem-humorado, que surpreende pelos momentos únicos e edificantes.

A história narra as peripécias de Gianni, um homem de meia-idade, desempregado e solteiro, que aceita tomar conta de quatro senhoras idosas para ajudar a pagar algumas dívidas, durante o feriado em meados de Agosto.

Quando todos os italianos fogem do calor para as praias da costa, Gianni é chantageado pelos seus credores para hospedar as respectivas mães em Roma, onde mora com a sua exigente progenitora. Falido e sem argumentos, aceita a difícil responsabilidade, que acaba por resultar numa casa cheia, onde todos se acomodam e entreajudam, gerindo os caprichos que vêm com a idade, cozinhando a refeição do Dia da Assunção e divertindo-se mais do que o esperado.

Experiência biográfica

O director Gianni Di Gregorio escreveu o argumento baseado num incidente retirado da sua vida, com um baixo orçamento e muito improviso, actuando como protagonista no seu próprio apartamento e recrutando as demais actrizes entre centenas de não profissionais. Contratou-as num lar próximo, para garantir a espontaneidade, e ficou encantado com a alegria e o humor que trouxeram à fita. Só a actriz que representou a sua mãe, Valeria De Franciscis, era de facto profissional, entretanto falecida em 2014 aos 98 anos.

O filme conquistou diversos galardões entre 2008 e 2009, nomeadamente o Grande Prémio do Público no Bratislava International Film Festival, o Prémio de Melhor Realizador Emergente pela FICE – Federazione Italiana Cinema d’Essai, o Prémio de Melhor Realizador Emergente pelo Italian National Syndicate of Film Journalists, o Prémio Especial para Melhor Primeira Metragem no Italian Online Movie Awards (IOMA), o Prémio Satyajit Ray no London Film Festival, o AITS Award para Melhor Som noRome Film Fest, e ainda o Luigi De Laurentiis Award para Melhor Primeiro Filme, o Young Cinema Award para Melhor Filme Italiano e o Pasinetti Award para Melhor Filme no Festival de Cinema de Veneza.

24 Ago 2022

Myanmar | Mais de 860 ONG pedem eliminação do cargo de enviado da ONU para o país

Mais de 860 organizações não-governamentais (ONG) pediram hoje à Assembleia Geral da ONU que elimine o cargo de enviado especial para Myanmar, que entendem ter servido para legitimar a junta militar que assumiu o poder em 2021.

O pedido, enviado através de uma carta, ocorre depois de a atual enviada especial da ONU para Myanmar (ex-Birmânia), Noeleen Heyzer, ter visitado o país na semana passada e ter-se encontrado com o chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, em Nay Pyi Taw.

“A longa história de tentativas da ONU de chegar a acordos de paz com os militares birmaneses por meio de enviados especiais nunca produziu resultados significativos, mas deu legitimidade aos executores de crimes internacionais hediondos”, indica a carta assinada por 864 ONG.

Assim, organizações civis pedem à Assembleia Geral da ONU que elimine o mandato do cargo de enviado especial para Myanmar na sessão que será realizada em setembro e tome medidas para que os militares birmaneses respondam pelos abusos e pelos crimes ocorridos no país.

“Apelamos também ao secretário-geral da ONU [António Guterres] para que assuma um papel direto em Myanmar e tome medidas decisivas para mostrar o seu compromisso sério na resolução das devastadoras crises humanitária e de direitos humanos” no país, refere o documento.

A carta foi assinada por ONG de Myanmar e de outros países – das quais cerca de 320 não quiseram tornar os seus nomes públicos.

As signatárias incluem organizações com uma longa história de ativismo como a Progressive Voice, a Karen Peace Support Network, a Chin Human Rights Organization e a ALTSEAN-Burma, entre outras.

As ONG denunciam que a junta militar, que assumiu o poder em fevereiro de 2021, usou a visita de Heyzer como uma conquista diplomática e usou como propaganda nos meios de comunicações oficiais fotos da enviada da ONU e Min Aung Hlaing apertando as mãos.

Também criticam o facto de a enviada da ONU não ter conseguido encontrar-se com a líder deposta e Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, que ainda está presa, e de não ter mencionado na sua declaração o Governo da Unidade Nacional, composto por políticos e ativistas pró-democracia.

“A junta é uma organização terrorista, de acordo com as leis locais de Myanmar e a definição internacional. A ONU deve aplicar o mandato da Carta da ONU para proteger o povo birmanês da crescente violência da junta” militar, afirmam os ativistas.

Na sua declaração após a visita, Heyzer indicou que pediu a Min Aung Hlaing que parasse com a violência no país, além do retorno do governo civil e democrático e também que Aung San Suu Kyi fosse autorizada a voltar para casa.

A enviada especial, que expressou a sua preocupação com os civis deslocados pelo conflito em Myanmar, disse que a sua visita não representa uma “legitimação” da junta militar birmanesa.

O Exército birmanês justificou o golpe militar de fevereiro de 2021 com uma fraude eleitoral no sufrágio de novembro de 2020, no qual o partido de Suu Kyi venceu, como havia feito anteriormente em 2015, com o aval de observadores internacionais.

22 Ago 2022