Seul diz suspeitar que Pyongyang forneceu mísseis e munições à Rússia

Militares sul-coreanos disseram ontem suspeitar que a Coreia do Norte tenha fornecido mísseis, munições e projécteis à Rússia para apoiar as forças russas na guerra contra a Ucrânia. A avaliação foi divulgada um dia depois de os serviços secretos de Seul terem dito aos deputados sul-coreanos que Pyongyang forneceu recentemente mais de um milhão de projécteis de artilharia à Rússia, num contexto de aprofundamento da cooperação militar entre os dois países.

Num encontro com jornalistas locais, os militares sul-coreanos afirmaram que a Coreia do Norte é suspeita de ter enviado para a Rússia um número não especificado de mísseis balísticos de curto alcance, mísseis antitanque e mísseis antiaéreos portáteis, além de espingardas, lança-foguetes, morteiros e obuses. O conteúdo deste encontro foi partilhado com a agência de notícias norte-americana Associated Press.

Na semana passada, a Coreia do Sul, os Estados Unidos e o Japão condenaram o fornecimento de munições e equipamento militar pela Coreia do Norte à Rússia, afirmando que tais carregamentos de armas aumentam drasticamente o número de vítimas da guerra na Ucrânia.

Qualquer comércio de armas com a Coreia do Norte constitui uma violação de várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que a Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, apoiou anteriormente. Tanto a Rússia como a Coreia do Norte rejeitaram as acusações.

Troca de interesses

Mas a especulação sobre os carregamentos de armas norte-coreanas aumentou depois de o líder norte-coreano, Kim Jong-un, se ter encontrado, em Setembro, na Rússia, com o Presidente russo, Vladimir Putin, e visitado instalações militares russas. Os Estados Unidos e os aliados acusam a Coreia do Norte de procurar tecnologia russa para modernizar o arsenal de armas nucleares e mísseis, em troca de armas convencionais.

Numa reunião privada com deputados, na quarta-feira, o Serviço Nacional de Informações (NIS) sul-coreano disse que mais de um milhão de projécteis de artilharia norte-coreanos foram enviados para a Rússia, desde Agosto. O NIS afirmou que a Coreia do Norte está provavelmente a receber assistência tecnológica russa no projecto para lançar o primeiro satélite espião militar para o espaço.

As duas recentes tentativas de lançamento pela Coreia do Norte fracassaram devido a problemas técnicos. De acordo com as forças armadas sul-coreanas, a Coreia do Norte também quer receber da Rússia tecnologia relacionada com o sector nuclear, aviões de combate, equipamento aeronáutico e assistência para a criação de redes de defesa antiaérea.

3 Nov 2023

CCM | Ópera chinesa com episódios históricos em Dezembro

O grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, nos dias 15 e 16 de Dezembro, o espectáculo da Companhia Nacional Chinesa da Ópera de Pequim, organizado pelo Ministério da Cultura e Turismo da China e Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura da RAEM.

Segundo um comunicado, o espectáculo leva à cena dois episódios históricos de um vasto repertório. O programa arranca com “Fogoso Cavalo Vermelho”, uma ópera que transporta o público à dinastia Tang. Inspirado numa lenda, este conto tem sido frequentemente representado em teatros por toda a China, tendo também subido à cena em cidades como Londres e Nova Iorque.

O segundo espectáculo desta digressão leva à cena a trágica história de “Adeus, Minha Concubina”, conto clássico de vida e morte internacionalmente popularizado nos anos 90 quando foi utilizado como pano de fundo para o premiado filme realizado por Chen Kaige.

A Companhia Nacional Chinesa de Ópera de Pequim tem sido consistentemente reconhecida tanto no país como no exterior, desde a sua fundação, em 1955. Ao longo dos últimos anos, Macau tem apreciado de forma regular a diversidade e desenvolvimento da ópera chinesa, patente numa série de espectáculos levados ao palco, oferecendo aos entusiastas das artes oportunidades renovadas de mergulharem numa mescla de diferentes expressões teatrais. Os bilhetes para os espectáculos estão à venda desde quarta-feira.

3 Nov 2023

Pequim | Registadas temperaturas mais elevadas desde 1961

Pequim registou uma temperatura média de 14,5 graus Celsius no final do mês de Outubro, a mais elevada desde 1961 e um acréscimo de 3,4 graus face ao mesmo período do ano passado, informou ontem o Observatório Meteorológico da cidade. De acordo com especialistas citados pelo jornal oficial Global Times, o aquecimento global está a fazer com que a diferença de temperatura entre as regiões norte e sul do país seja cada vez menor.

A ausência de ventos frios, comuns nesta altura do ano, também contribuiu para as elevadas temperaturas registadas na capital chinesa nos últimos dias. Para além de Pequim, todo o norte da China registou temperaturas elevadas no final de Outubro: a cidade de Tianjin atingiu uma temperatura média recorde de 16,2 graus Celsius em 28 de Outubro, a segunda mais elevada para esse dia desde 1961.

“Os fortes ventos do norte costumavam trazer ar frio que arrefecia grande parte do país, mas este ano não”, observou o meteorologista Zhang Mingying, citado pelo jornal. Esta situação também afectou a poluição atmosférica nas zonas do norte. Os especialistas avisaram que os altos níveis de poluição vão manter-se até à chegada de ar mais frio nos próximos dias.

Em 2022, a China registou 16,4 dias com uma temperatura média superior a 35 graus Celsius, a mais elevada desde 1961, de acordo com a Administração Meteorológica Nacional do país. Os meteorologistas locais sublinharam que os períodos de calor intenso, que começam “cada vez mais cedo e terminam cada vez mais tarde”, podem tornar-se o “novo normal” no país asiático, sob o “efeito das alterações climáticas”.

3 Nov 2023

Hong Kong | Julgamento de português marcado para Fevereiro

Um tribunal de Hong Kong marcou ontem para 27 de Fevereiro de 2024 o início formal do julgamento do cidadão português Joseph John, acusado de incitação à subversão, crime com uma pena máxima de 10 anos de prisão.

No tribunal do distrito de Wanchai, após cinco adiamentos devido a mudanças na defesa do português, o juiz Kwok Wai-kin marcou para o próximo ano uma sessão em que o arguido poderá declarar-se culpado ou inocente, assim como a defesa poderá apresentar eventuais atenuantes.

A defesa voltou a não apresentar ontem qualquer pedido para que Joseph John, detido desde o final de Outubro de 2022, saísse em liberdade sob fiança. Em Agosto, um outro juiz rejeitou um pedido do anterior advogado para que o português saísse sob uma fiança no valor de 26 mil dólares de Hong Kong (cerca de três mil euros), considerando que continua a representar um perigo para a segurança nacional da China

Kwok Wai-kin é um dos juízes nomeados pelo governo de Hong Kong para lidar com casos ligados à lei de segurança nacional, promulgada em 2020 por Pequim. De acordo com a acusação, Joseph John era administrador do perfil na rede social Facebook do Partido para a Independência de Hong Kong.

O suspeito, funcionário do Royal College of Music no Reino Unido, terá usado o perfil para, desde Setembro de 2019, “lançar uma campanha de angariação de fundos para despesas militares, enviar petições para páginas de governos estrangeiros e apelar ao apoio de tropas estrangeiras”. Na sessão de ontem esteve presente o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão.

3 Nov 2023

Conflito em Gaza em foco durante presidência chinesa do Conselho de Segurança da ONU

A China detém em Novembro a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), durante a qual estará em destaque o conflito em Gaza, com as autoridades chinesas a procurar um cessar-fogo.

O embaixador chinês junto à ONU, Zhang Jun, apresentou na quarta-feira à imprensa a sua agenda para o mês, indicando que uma das prioridades da sua presidência será resolver o conflito entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, nomeadamente o conflito em Gaza, que ameaça estender-se à restante região do Médio Oriente.

“O Conselho tem-se concentrado nesta questão há algumas semanas e continuará a ser o foco do trabalho do Conselho e também da presidência chinesa”, assegurou, acrescentando que apelará a um cessar-fogo, à protecção dos civis e à prevenção de uma ainda maior catástrofe humanitária.

Jun admitiu que o impasse que o Conselho de Segurança atravessa “é decepcionante”, uma vez que já foram a votos quatro projectos de resolução sobre o conflito em Gaza desde o ataque do Hamas, mas não se conseguiu alcançar consenso em nenhuma dessas ocasiões, rejeitando todos os projectos.

Ainda sobre esta questão, o diplomata chinês insistiu na necessidade de se continuar a construir consenso, elogiando o trabalho que o secretário-geral da ONU, António Guterres, tem feito nesse sentido, defendendo a implementação da solução de dois Estados como a única capaz de levar a uma paz duradoura entre Israel e a Palestina.

Porém, a China posicionou-se contra qualquer ideia de desenhar um futuro para Gaza que não tenha em conta o consentimento dos próprios palestinianos.

Questionado sobre o envio de uma força multinacional para Gaza – seja “capacetes azuis” da ONU ou uma força multinacional de outra natureza – após o fim da guerra actual, Zhang Jun esclareceu que este aspecto não está actualmente na agenda do Conselho de Segurança, que está agora focado em discutir um quinto projecto de resolução.

“O que quer que afecte os palestinianos deve ter o seu consentimento, ninguém pode decidir em seu nome”, alertou. Questionado sobre se a China pode ter alguma influência sobre o Hamas ou os seus aliados, como o Hezbollah ou o Irão, Jun foi evasivo e optou por declarar que o seu país “não é tão influente” como alguns jornalistas acreditam.

Na agenda

Durante Novembro, outros temas relacionados com o Médio Oriente serão debatidos no Conselho de Segurança das Nações Unidas, como o Líbano, Síria ou Iémen, assim como assuntos relacionados com África, como a Líbia, Sahel, Sudão e Sudão do Sul, República Centro-Africana ou Somália.

O Conselho deverá realizar este mês o seu debate semestral sobre a Bósnia e Herzegovina e votar a reautorização da força de estabilização multinacional liderada pela União Europeia.

Também é provável que se realizem reuniões sobre a Ucrânia, Coreia do Norte e Afeganistão.

A China planeia organizar um evento especial durante a sua presidência mensal, que se concentrará na relação entre paz, segurança e desenvolvimento, e que deverá contar com a presença de António Guterres.

Em Novembro, o Conselho de Segurança realizará ainda seu ‘briefing’ anual com os chefes das componentes policiais das operações de paz da ONU. “Adoptaremos uma abordagem muito responsável, construtiva, objectiva e inclusiva na execução do trabalho da presidência chinesa”, disse Zhang Jun aos jornalistas, em Nova Iorque.

3 Nov 2023

Óbito | Xi assistiu à cerimónia de despedida de antigo primeiro-ministro Li Keqiang

O Presidente chinês, juntamente com a sua esposa e outros dirigentes, marcou presença na cerimónia que elogiou Li Keqiang como “excelente membro do partido, um soldado comunista leal e um revolucionário proletário excepcional, estadista e líder do Estado e do partido”

 

Os restos mortais do antigo primeiro-ministro chinês Li Keqiang foram cremados ontem em Pequim, após uma cerimónia em que participaram o Presidente chinês, Xi Jinping, e vários membros da direcção do Partido Comunista da China (PCC).

A cremação e a cerimónia tiveram lugar no Cemitério Revolucionário de Babaoshan, no norte da capital chinesa, onde, tal como em todos os edifícios oficiais da China, as bandeiras estiveram ontem hasteadas a meia haste em homenagem a Li, que morreu de ataque cardíaco em Xangai a 27 de Outubro, aos 68 anos.

Xi chegou ao início da manhã ao salão de festas do cemitério acompanhado pela sua mulher, Peng Liyuan, e juntamente com outros dirigentes “permaneceu em silêncio solene, caminhou lentamente até aos restos mortais de Li para prestar homenagem e fez três vénias”, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.

De seguida, apertou a mão à família do antigo primeiro-ministro, a quem apresentou as suas condolências. Para além de Xi, estiveram também presentes o sucessor de Li, o primeiro-ministro Li Qiang, o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji, o vice-primeiro-ministro Han Zheng, o vice-primeiro-ministro Ding Xuexiang e o chefe do Conselho Consultivo, Wang Huning.

Embora não se tratasse de um funeral de Estado como os que os antigos presidentes chineses recebem, a cerimónia foi solene, com música fúnebre em fundo e uma grande faixa preta onde se lia em letras brancas “profundo luto pelo camarada Li Keqiang”.

Sob a faixa, um retrato do falecido e os restos mortais de Li foram cobertos com uma bandeira do PCC e rodeados de flores e ramos de cipreste, incluindo uma coroa de flores enviada pelo antigo Presidente Hu Jintao, que era muito próximo do antigo primeiro-ministro.

Elogio fúnebre

Na cerimónia, Li foi elogiado como um “excelente membro do partido, um soldado comunista leal e um revolucionário proletário excepcional, estadista e líder do Estado e do partido”. O protocolo do funeral é comparável ao seguido após a morte, em 2019, de Li Peng, também antigo primeiro-ministro.

No sistema hierárquico de formalidades da China, apenas os secretários-gerais do PCC, como o antigo presidente Jiang Zemin, que recebeu um funeral de Estado em Dezembro do ano passado, têm direito a honras de topo.

3 Nov 2023

Estacionamento | Ngan Iek Hang critica aumento de preços

O deputado Ngan Iek Hang questiona a justificação utilizada pelo Governo para promover aumentos dos preços em sete parques de estacionamento públicos. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita, divulgada ontem.

Quando anunciou a subida dos preços, o Governo argumentou que precisava de aumentar a taxa de rotatividade dos veículos estacionados nestes espaços. No entanto, para Ngan Iek Hang, a medida é incompreensível, porque as famílias “ainda tentam recuperar da quebra dos rendimentos” motivada pela pandemia, e atravessam um período em que também têm de lidar “com a escalada geral dos preços”.

Além disso, segundo os dados citados por Ngan Iek Hang, há parque sujeitos a aumentos em que a taxa de utilização média está abaixo dos 70 por cento, e em pelo menos três dos sete afectados abaixo dos 50 por cento.

“Em muitos casos os parques de estacionamento para motociclos e ciclomotores nunca estão totalmente ocupados, mesmo que a taxa de utilização possa ser próxima de 87 por cento”, indica Ngan. “Se os parques não estão cheios, porque é que vão aumentar os preços? Não será isto antes um incentivo para que as pessoas deixam de utilizar os parques e procurem outras alternativas?”, questiona.

Ngan Iek Hang não é o primeiro deputado a atacar esta medida, anteriormente, Ella Lei, deputada ligada ao Operários, tinha feito o mesmo.

Por outro lado, Ngan Iek Hang pede ao Governo que pondere outras medidas para aumentar a rotatividade dos veículos estacionados nos parques mencionados, se esse for mesmo o objectivo da medida, e sugere a criação de descontos e outros incentivos para aumentar a taxa de utilização dos parques menos utilizados da RAEM.

3 Nov 2023

Universidade de Macau acolhe seminário sobre Inteligência Artificial

O uso de Inteligência Artificial (IA) na criação artística é uma oportunidade para repensar o conceito de propriedade intelectual, defendem académicos ouvidos pela Lusa, que sublinham a necessidade de um debate alargado e de prudência na legislação.

Vai ser lançada hoje “Now and Then”, a “última música” dos The Beatles, na qual foi utilizada IA para retirar da gravação ‘demo’ original, feita na década de 1970, a voz de John Lennon, assassinado em Dezembro de 1980.

O professor de Direito da Universidade de Macau (UM) Rostam Neuwirth apontou esta música como um exemplo do crescente uso de IA na criação artística, algo que tem originado dilemas não só sobre autoria, mas também sobre direitos de autor.

Neuwirth vai falar hoje num seminário sobre o impacto da IA no direito de propriedade intelectual, organizado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau, no qual também irá intervir Célia Filipa Ferreira Matias. A coordenadora do mestrado em Direito em português na UM recordou à Lusa que na segunda-feira um tribunal da Califórnia, nos EUA, rejeitou parcialmente uma queixa apresentada por três artistas contra a Stability AI, a Midjourney e a DeviantArt. As três empresas eram acusadas de utilizar obras de arte, disponíveis na Internet, mas protegidas por direitos de autor, para treinar as suas ferramentas que usam IA para produzir imagens.

“É totalmente compreensível que os artistas sintam o seu modo de vida muito ameaçado por este tipo de produto”, disse Célia Ferreira Matias, que, ainda assim sublinhou a necessidade de prudência na legislação. “É preciso um bocadinho de cuidado”, defendeu a especialista, porque, além da IA, “as pessoas que fazem obras derivadas de outros tipos podem ver-se afectadas por uma leitura muito restrita dos direitos de autor”.

Primeiros passos

Os legisladores têm sido lentos a responder, referiu Rostam Neuwirth, dando como exemplo a União Europeia, que começou em 2021 a tentar regulamentar o uso da IA, mas que só em Junho de 2023 conseguiu aprovar, no Parlamento Europeu, um projecto que terá de ser agora negociado entre os 27 países membros.

Nos Estados Unidos, o Presidente Joe Biden aprovou na segunda-feira uma ordem executiva que procura garantir “uma IA segura e confiável”, recordou o académico.

Célia Ferreira Matias salientou os perigos de “legislar para coisas muito específicas” e “de uma forma reactiva tentar imediatamente cobrir esta situação de alguma forma”. Por outro lado, Rostam Neuwirth sublinhou que, “as leis de direitos de autor já tinham grandes problemas mesmo antes da IA”.

“A IA é o problema, mas é também a solução”, disse o especialista em propriedade intelectual na economia criativa, que defendeu que o impacto desta tecnologia deve ser encarado “como uma grande oportunidade para um debate muito alargado” sobre o próprio conceito de propriedade intelectual.

O académico lembrou o caso da indústria da moda, “que funciona muito bem sem direitos de autor. As cópias criam tendências que, de alguma forma, criam nos consumidores o desejo de comprar mais”. “Não é inevitável que precisemos de leis de propriedade intelectual. Acho que tudo pode correr muito bem se tivermos boas leis, mas se calhar até podemos ter mais sucesso sem nada, se as leis forem mal feitas”, sublinhou Neuwirth.

3 Nov 2023

USJ | Revisão curricular reforça aposta no ensino do português

A Universidade de São José quer rever o currículo das licenciaturas para reforçar o ensino do português. O objectivo da medida é garantir que qualquer licenciado da USJ consiga ler, falar, entender e comunicar na língua de Camões

 

O director da Faculdade de Artes e Humanidades da instituição, Carlos Sena Caires, revelou que a revisão prevê uma cadeira obrigatória de língua portuguesa nos quatro anos de todas as licenciaturas da Universidade de São José (USJ), algo que actualmente apenas acontece no terceiro ano.

Os actuais alunos “acabam com um português que vai do A1 ao A2, quanto muito”, admitiu o académico. “A ideia com a revisão curricular é permitir ir até ao B2, C1 se der. Portanto, [o estudante] sai com uma aprendizagem de língua muito mais avançada”, sublinhou.

O Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas abrange seis níveis, desde o A1, para iniciantes, ao C2, que reconhece a proficiência máxima em português. O objectivo é garantir que qualquer licenciado da USJ “tenha essas valências: saber ler, falar, entender e comunicar” em português, disse Sena Caires, algo que descreve como “uma mais-valia para Macau (…) e para os alunos”.

O reitor da USJ, Stephen Morgan, disse esperar que o regulador do ensino em Macau, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), aprove em breve a revisão curricular.

Morgan falava na quarta-feira durante a assinatura de um acordo que permite à USJ contar com professores do Instituto Português do Oriente (IPOR) para responder ao aumento das aulas de português como língua estrangeira.

O reitor revelou que, na terça-feira, durante uma reunião na DSEDJ, defendeu que, “se Macau quer desempenhar o papel de plataforma [entre a China e os países lusófonos], todo o sistema de educação deve levar a sério a necessidade de contratar professores de português”.

Sem residência

Carlos Sena Caires disse à Lusa que a colaboração com o IPOR começou, de forma informal, durante a pandemia de covid-19, porque Macau proibiu, durante quase três anos, a entrada de estrangeiros sem estatuto de residente. Apesar do fim destas medidas, a directora do IPOR, Patrícia Ribeiro, admitiu à Lusa que as restrições à residência para portugueses em Macau, impostas em Agosto, têm dificultado a contratação de novos professores.

“De momento não há desenvolvimentos e esta situação está a ser analisada ao mais alto nível”, disse Ribeiro. “Os três professores que recrutámos no último concurso já estão no IPOR e a trabalhar”, sendo que dois apenas receberam o chamado ‘blue card’, revelou. O ‘blue card’, um vínculo laboral atribuído a não residentes, não oferece quaisquer benefícios ao nível da saúde ou educação, nem a possibilidade de garantir a residência permanente em Macau.

Patrícia Ribeiro sublinhou ainda que o acordo com a USJ contempla ainda a colaboração para trazer artistas lusófonos em “itinerâncias”, não só em Macau, “junto das instituições de ensino, mas também a outros centros culturais não só da China como dos países da região” asiática.

3 Nov 2023

Conselho de Consumidores | Leong Pek San tomou posse como presidente

Leong Pek San prestou juramento e tomou posse como presidente do Conselho de Consumidores (CC), numa cerimónia que se realizou na quarta-feira presidida pelo secretário para a Economia e Finança, Lei Wai Nong. O governante elogiou Leong Pek San que “tem exercido funções no CC há muitos anos, possuindo assim ricas experiências, competência profissional e aptidão”.

Lei Wai Nong sublinhou que a nova estrutura orgânica do CC implicará a introdução de “novos pensamentos e métodos para defender, com todo o esforço, os direitos e interesses do consumidor, nomeadamente através do recurso à tecnologia inovadora”.

Por sua vez, a nova dirigente salientou que a missão do CC é a protecção dos direitos e interesses do consumidor e prometeu reforçar a educação do consumidor e aumentar a força empenhada na divulgação de informações, aprofundando o conhecimento do consumidor sobre os seus direitos e interesses e elevando a sua capacidade de autoprotecção. Por outro lado, Leong Pek San garantiu que irá fortalecer a fiscalização e a execução da lei.

3 Nov 2023

LAG | Apresentações começam a 14 de Novembro

As Linhas de Acção Governativa (LAG) vão ser apresentadas a 14 de Novembro na Assembleia Legislativa, primeiro dia em que o Chefe do Executivo vai estar no hemiciclo.

Ho Iat Seng regressa no dia seguinte, desta feita para responder a perguntas de deputados. Em relação à apresentação das LAG das diferentes secretarias, 20 de Novembro é o dia dedicado à Administração e Justiça, 22 de Novembro à Economia, 24 de Novembro à Segurança, 27 de Novembro aos Assuntos Sociais e Cultural e, finalmente, 29 de Novembro aos Transportes e Obras Públicas.

3 Nov 2023

Gaza | Filipinas não conseguem localizar 49 cidadãos

O Ministério dos Negócios Estrangeiros filipino informou que 49 dos 136 cidadãos do país na Faixa de Gaza estão incontactáveis e os 87 restantes enfrentam “problemas crescentes” para encontrar água potável. “Por enquanto, 49 filipinos ainda estão incontactáveis”, admitiu, na segunda-feira, o embaixador das Filipinas na Jordânia, Wilfredo Santos, de acordo com a agência de notícias estatal filipina PNA.

Santos acrescentou que as autoridades estão em contacto com 87 dos filipinos que permanecem em Gaza, e que, “embora o seu abastecimento alimentar seja suficiente, o acesso à água está a tornar-se cada vez mais difícil”. Até ao momento, as Filipinas confirmaram a morte de pelo menos quatro cidadãos do país asiático no conflito entre Israel e o Hamas, na sequência do ataque surpresa do grupo islamita palestiniano em 07 de Outubro.

O governo israelita publicou na quarta-feira uma lista de titulares de passaportes estrangeiros que se encontravam entre os raptados pelo Hamas durante o ataque, incluindo dois cidadãos filipinos. Manila não confirmou a identidade destas duas pessoas. O ministro dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Enrique Manalo, disse, na segunda-feira, que ia “investigar se é possível, pelo menos, localizar” os dois filipinos.

No domingo, o exército israelita elevou para 239 o número de pessoas raptadas e detidas em Gaza pelo Hamas, apesar de um dia antes ter referido que 230 pessoas se encontravam em cativeiro. Entretanto, o quarto comboio de cidadãos filipinos a serem repatriados de Gaza chegou a Manila na segunda-feira, com cerca de 60 pessoas a bordo.

Antes do início do conflito, cerca de 30 mil filipinos encontravam-se em Israel e cerca de 17.500 no Líbano, de onde pelo menos 124 pediram para ser repatriados, indicaram, na segunda-feira, as autoridades filipinas.

1 Nov 2023

Macau e Coimbra criam laboratório sobre envelhecimento cognitivo

A Universidade de Coimbra (UC) criou ontem um laboratório conjunto, com a Universidade de Macau (UM), para estudar o envelhecimento cognitivo e responder às necessidades geradas pelo aumento da esperança de vida.

Após a inauguração, o vice-reitor para as Relações Externas e Alumni da UC, João Nuno Calvão da Silva, disse à Lusa que “o envelhecimento demográfico, o aumento da esperança de vida são tudo coisas absolutamente excelentes, mas que geram outro tipo de urgências”.

Em Macau, uma projecção da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, divulgada em Fevereiro, prevê que o número de idosos ultrapasse o número de jovens já em 2023 e que os residentes com 65 anos ou mais representem 20,9 por cento da população em 2041.

“As universidades de investigação têm dito presente a estas questões e procurado soluções, neste caso com parceiros de excelência”, sublinhou Calvão da Silva, acrescentando que as ciências do cérebro é “uma área de investigação de ponta”, tanto na UM como na UC.

Investigações e companhia

A parceria com Macau, que irá incluir projectos de investigação conjuntos e intercâmbio de investigadores, “gerou um grande entusiasmo na Faculdade de Medicina” da UC, confessou o vice-reitor.

Calvão da Silva destacou a participação de Miguel Castelo Branco, o coordenador do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional da UC, que recebeu em Fevereiro o Prémio Bial de Medicina Clínica 2022, no valor de 100 mil euros, por 15 anos de trabalho sobre o autismo.

Antes da inauguração, o vice-reitor para os Assuntos Globais da UM, Rui Martins, revelou que as duas instituições estão “a negociar também uma proposta de doutoramento conjunto” na área das ciências do cérebro, em associação com o novo laboratório.

Além de assinar o acordo de criação do laboratório, Calvão da Silva apresentou a tradução para chinês de um livro, da autoria do pai, sobre o direito ligado ao sinal e contrato-promessa em Portugal. Rui Martins sublinhou que o livro faz parte de uma série de cerca de 20 traduções que a Faculdade de Direito da UM está a fazer para apoiar o Direito de Macau.

Durante uma visita de dois dias a Macau, Calvão da Silva passou também pela Universidade da Cidade de Macau, na qual abordou um programa de estudos avançados em Relações Económicas Internacionais, com a CityU, em língua inglesa. A iniciativa foi atrasada pela pandemia, mas o vice-reitor da UC disse esperar “que possa ser lançado já para o próximo ano [lectivo de 2024/2025] com um número significativo de alunos”. Calvão da Silva disse que, caso tenha sucesso, o programa pode ser seguido por “outros passos mais importantes” e ser um marco significativo no alargamento da “oferta formativa em inglês” da UC.

O responsável visitou ainda a Universidade Politécnica de Macau (UPM), onde falou sobre um acordo, assinado em Agosto, para lançar já este ano lectivo um duplo doutoramento em tecnologias de informação. “Está a ter uma grande adesão”, disse Calvão da Silva, revelando que o número de interessados já ultrapassou o de vagas, que não deverão ultrapassar as 20. “É um notável sucesso numa área importante”, acrescentou.

1 Nov 2023

FRC | Palestra sobre património na próxima segunda-feira

Acontece na próxima segunda-feira, dia 6, uma palestra sobre o património cultural de Macau, intitulada “Macau Cultural Heritage – Identity & Historic Sites”, que decorre a partir das 18h30 na Fundação Rui Cunha (FRC).

A sessão contará com a participação de Maria José Freitas, arquitecta e presidente do Grupo Científico Heranças Partilhadas do ICOMOS, Sally Ng, da Associação dos Embaixadores do Património de Macau, Heiman Chan, da Associação da Reinvenção de Estudos do Património Cultural de Macau, e ainda António Monteiro, presidente da AJM e moderador da sessão.

Segundo um comunicado, a organização do evento entende que “o património cultural da cidade é parte da identidade de Macau e continua a participar de forma activa na vida quotidiana”. “Além de ser responsabilidade do Governo e dos proprietários, é também um dever dos cidadãos de Macau [proteger o património]. Todos os sectores da sociedade, incluindo a sociedade civil, têm um papel a desempenhar, bem como em assegurar a protecção dos patrimónios tangível e intangível existentes”, acrescentam.

O debate vai incidir sobre questões essenciais, nomeadamente “como proteger e promover a identidade local e as características únicas das zonas históricas”, ou ainda “qual o papel e a participação da sociedade neste contexto”. Na palestra será ainda discutido “como promover a diferenciação para fomentar a economia e o turismo cultural”.

A organização recorda ainda que o Governo “iniciou recentemente a promoção e requalificação de algumas zonas históricas, incluindo os projectos de revitalização de diferentes bairros comunitários, com o apoio das concessionárias de jogo”, tema que também estará presente na sessão do dia 6. A entrada é gratuita.

1 Nov 2023

Albergue SCM | “Mass Junket”, de Alexandre Marreiros, inaugura hoje

Organizada pelo CAC – Círculo de Amigos da Cultura de Macau, a nova exposição individual do artista e arquitecto Alexandre Marreiros é hoje inaugurada a partir das 18h30 no Albergue da Santa Casa da Misericórdia de Macau. Esta é a oportunidade para ver 30 peças dispostas em 11 conjuntos sobre temáticas sobre o consumo, comunicação e o mundo globalizado

Alexandre Marreiros, arquitecto e artista, está de volta às exposições em nome individual. Desta vez é com “Mass Junket – Exposição Individual de Alexandre Marreiros” que será inaugurada hoje, a partir das 18h30, na galeria A2 do Albergue da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCM), podendo ser vista até ao dia 10 de Dezembro.

Segundo um comunicado de imprensa do Albergue SCM, esta mostra contém 30 peças compostas por 11 conjuntos, revelando “as mais recentes criações” do autor com diferentes formatos criativos, incluindo a pintura, a colagem e a gravura. “Através da combinação de cores vibrantes e da utilização de técnicas interdisciplinares, a exposição convida o público a explorar os fenómenos da globalização, os hábitos de consumo, os meios de comunicação e as suas relações com a sociedade e a humanidade”, aponta o mesmo comunicado.

Acima de tudo, esta exposição é também uma referência ao sector motriz de Macau – o jogo – e ao gradual desaparecimento dos junkets, sendo que Alexandre Marreiros trabalha criativamente esta temática.

Num texto da sua autoria, o artista explica que “Mass Junket” constrói “um espaço mediador de reflexão e um território de interrogação”, em torno dos termos “massas” e “promotores de jogo”, sendo estes “conceitos separados e desiguais, mas que acontecem dentro do mesmo espaço pertencendo ao mesmo tempo”.

“Quis representar essa separação, essa antagónica relação de coisas opostas, mas que se pertencem, e levantar questões. Questões que têm a ver com o tempo, neste caso o passado com a extinção dos junkets, o futuro com abertura de Macau para as chamadas: massas. O presente é este, em que apresento esta exposição. Diria mesmo que esta exposição é sobre tempo, resgatando um passado recente e questionando um futuro próximo”, adiantou o autor.

Mudança constante

Alexandre Marreiros diz observar o território “como um organismo em constante mudança e reflexo do seu tempo”, com os casinos a ocuparem “uma considerável parte desta paisagem, quase como moderadores de espaço e inevitavelmente geradores de aspectos socioeconómicos”. Existe, para o artista, “uma relação directa entre a cidade e o ‘gaming’ [jogo], que se traduziu em economia, em arquitectura, em histórias e numa cultura aliada a esses pressupostos”.

Assim, com “Mass Junket”, Alexandre Marreiros quer que o visitante experiencie estes dois mundos diferentes, mas paralelos. Há, portanto, uma “representação das massas através da pintura e dos ‘junkets’ através da instalação no chão, onde o tacto e a visão se misturam”.

Desta forma, quem vê a exposição “é convidado a fazer parte da obra, ao pisar e caminhar sobre a instalação e sentir a transição entre o chão duro de granito, e as macias alcatifas de lã feitas à mão”, sendo que “as cores, padrões e desenhos desta instalação são parte integrante deste corpo de trabalhos, formando uma composição, que pode ser vista, pisada e sentida através do tacto”.

“Um novo preâmbulo”

Alexandre Marreiros entende que com a extinção das salas VIP de jogo, onde outrora se movimentavam muitos milhões através dos junkets, “criou-se um novo preâmbulo no desenvolvimento desta cidade”, sendo certo que “estas salas serão demolidas e passarão a ser uma memória remota no tempo de Macau”.

Foi este ponto que o artista quis “reinterpretar”, sendo também uma “reflexão” sobre o tempo em que habita e uma forma de questionar de “como se construirá abrindo-se para as massas”. Neste contexto, a ideia de “Massa” é uma “representação do futuro, num tempo em que a cidade de Macau se quer abrir a receber um grande número de pessoas e não exclusivamente ligada à indústria do jogo”.

Ao mesmo tempo, “Mass Junket” é uma “homenagem às massas – não as de conveniência, é bom salvaguardar, não as de modas ou de tendências, mas aquelas que serão porventura invisíveis, anónimas que geram e participam da sua própria cultura numa complexidade global”. É, portanto, uma “homenagem ao desconhecido, ao original, ao anti-cânone, que é belo, não fazendo parte de um modelo, de uma moda, que não segue tendências ou padrões, que não faz parte de um embelezamento de rede social”.

Da identidade

Nascido em Cascais, Portugal, em 1984, Alexandre Marreiros estudou artes e obteve o grau de mestre em arquitectura pela Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada de Lisboa, tendo apresentado o seu trabalho em nove exposições individuais e mais de 30 colectivas na China, Macau e Lisboa.

O seu trabalho tem sido desenvolvido a partir do desenho, construindo a ideia de um território que questiona a relação do homem com os lugares onde vive, levando à possibilidade de operar em diferentes espaços e manipular diferentes tempos. Utilizando uma variedade de técnicas que na maior parte do seu trabalho se interligam, desde o desenho, colagens, serigrafias, pintura, da fotografia à instalação – onde estas técnicas surgiram e são apresentadas em conjunto. Com esta mistura improvável de técnicas, Marreiros constrói um vocabulário peculiar e cria as suas narrativas.

1 Nov 2023

Fronteira | China e Myanmar discutem segurança

O ministro da Segurança Pública da China abordou ontem com a junta militar do Myanmar (antiga Birmânia) a estabilidade na fronteira entre os dois países, após confrontos entre o exército do Myanmar e grupos étnicos armados.

De acordo com a imprensa do Myanmar, Wang Xiaohong abordou com o ministro da Administração Interna, Yar Pyae, “medidas de cooperação em matéria de segurança” para manter a paz ao longo da fronteira. O encontro decorreu em Nepiedó, a capital do Myanmar desde 2005.

Segundo as Nações Unidas, mais de 6.000 pessoas terão sido deslocadas em quatro dias devido aos combates no norte do país. Várias centenas terão fugido para a China.

Na sexta-feira, uma aliança entre três grupos étnicos lançou uma série de ataques coordenados no Estado de Shan, junto à fronteira com a China e local previsto para a construção de um grande projecto ferroviário financiado por Pequim, no âmbito da Iniciativa Faixa e Rota.

O Exército de Libertação Nacional Taaung (TNLA), o Exército Arakan (AA) e a Aliança Democrática Nacional do Myanmar (MNDAA) anunciaram, entretanto, a tomada de várias posições militares e estradas estratégicas.

Os três movimentos envolvidos nos combates representam um total de 15.000 combatentes. Estes movimentos lutam regularmente contra as forças governamentais pela autonomia e pelo controlo dos recursos.

Pelo menos dez postos militares na província de Shan foram atacados desde sexta-feira, segundo a junta. China e Birmânia partilham uma fronteira de 2.129 quilómetros.

1 Nov 2023

Defesa | Singapura pede à China que lidere redução de tensões na região

No encerramento do Fórum de Xiangshan, organizado pela China, o ministro da Defesa de Singapura, Ng Eng Hen, alertou para as consequências devastadoras de uma guerra na Ásia e apelou a Pequim para assumir um papel de liderança no aliviar das tensões regionais

 

O ministro da Defesa de Singapura instou ontem a China a liderar a redução das tensões na Ásia, alertando que uma guerra como a da Ucrânia ou entre Israel e Hamas seria devastadora para a região. No último dia de uma conferência anual sobre Defesa organizada pela China, Ng Eng Hen sublinhou a importância da comunicação entre exércitos para gerir crises, manifestando a esperança de que os Estados Unidos e a China retomem a utilização da sua linha directa militar.

“A paz é precária e nunca é um dado adquirido em nenhuma parte do mundo”, observou. “O que aconteceu na Europa e no Médio Oriente nunca se deve repetir aqui. Temos de fazer tudo o que pudermos para o evitar”, apelou.

O Fórum de Xiangshan, que decorreu no norte de Pequim, reuniu responsáveis pela Defesa de dezenas de países e organizações. A China, que recentemente demitiu o seu ministro da Defesa, foi representada por Zhang Youxia, vice-presidente da Comissão Militar Central, o braço político das Forças Armadas chinesas.

O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, aproveitou o fórum para realçar o aprofundamento dos laços entre Rússia e China, numa altura em que o país enfrenta isolamento internacional, devido à invasão da Ucrânia.

Shoigu foi recebido por uma guarda de honra militar antes de reunir com Zhang na segunda-feira. Citado pela agência de notícias russa Tass, Zhang afirmou que a China está pronta para responder com a Rússia às ameaças e desafios de segurança e “manter conjuntamente o equilíbrio estratégico global e a estabilidade”.

Referindo-se às disputas territoriais no Mar do Sul da China e à ameaça nuclear da Coreia do Norte, Ng disse que é “vital que as instituições militares e de Defesa se empenhem para reduzir o risco de erros de cálculo e acidentes”.

O responsável enalteceu os códigos que foram adoptados para gerir encontros militares não planeados no mar e disse que deveriam ser alargados para incluir as guardas costeiras, que frequentemente se defrontam em águas disputadas.

Diálogo à vista

Pequim reivindica a quase totalidade do Mar do Sul da China, via marítima fundamental para o comércio mundial, apesar das reivindicações das Filipinas, Vietname, Malásia e Brunei.

O diálogo com os EUA em questões de Defesa está congelado desde Agosto de 2022 quando a então líder da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, se deslocou a Taiwan numa visita polémica e considerada pelas autoridades chinesas como altamente provocatória.

Mas as duas partes parecem estar a reiniciar o diálogo, incluindo sobre segurança, antes de uma possível reunião entre os Presidentes Joe Biden e Xi Jinping, em Novembro. Os EUA enviaram uma representante ao fórum de Xiangshan, Cynthia Carras, directora principal do Departamento de Defesa para a China, Taiwan e Mongólia.

Ng pediu à China que garanta às outras nações que não constitui uma ameaça à medida que se torna mais poderosa. “Quer a China o aceite ou não, quer o queira ou não, já é vista como uma potência dominante e deve, portanto, actuar como uma potência benevolente”, defendeu. A China tem procurado apresentar-se como potência global não ameaçadora e diferente das potências ocidentais.

Um funcionário do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, citando o presidente do país, disse na conferência que a China salvaguardaria melhor a paz mundial através do seu próprio desenvolvimento. “Este caminho não é nem o velho caminho da colonização e da pilhagem, nem o caminho tortuoso seguido por alguns países que procuram a hegemonia quando se tornam fortes. É antes o caminho certo do desenvolvimento pacífico”, disse Nong Rong, ministro-adjunto dos negócios estrangeiros.

1 Nov 2023

Mas porque é que os alunos chineses não falam?

Por Li Guofeng

No fim de setembro, estive numa conferência numa universidade portuguesa. Uma das comunicações falava sobre as diferenças culturais entre Portugal e a China, dois países que têm histórias, crenças, costumes, etc., tão diferentes. O orador, como tem origem chinesa, abordou a diferença cultural entre os dois países numa abordagem do pensamento, ou seja, todas as acções que explicitamente são diferentes resultam do pensamento tradicional do respectivo povo/país.

Depois de acabar a comunicação, um participante, que também é um professor que conheço, lançou uma pergunta ao orador: “Mas o Senhor Professor, podia dizer-me, afinal, porque é que os alunos chineses não falam nas aulas?”

Pois. É uma boa pergunta. Eu fui um aluno chinês naquela instituição onde se realizou a conferência (e continuo a ser um aluno chinês, mas desta vez já em Lisboa). A pergunta lançada é uma situação existente.

Nos últimos anos, o número dos estudantes chineses em Portugal tem aumentado duma forma substancial em todos os ciclos, licenciatura, mestrado e doutoramento. Entretanto, creio que a maior parte continua a ser os estudantes que vêm cá para fazer intercâmbios da licenciatura e para tirar mestrado. Como estes estudantes são principalmente do curso de Língua Portuguesa na China, os cursos que eles frequentem em Portugal também são os relacionados com a língua, por exemplo, Português Língua Estrangeira (PLE), Linguística, Literatura etc. O que acontece é que, em algum destes cursos, a maioria dos alunos é chineses (ou até, sem exagero nenhum, são todos chineses).

Muito diferentes dos alunos portugueses, ou dos ocidentais em geral, os chineses não são activos e não gostam de dar as suas opiniões/comentários (muito menos críticas) nas aulas. Já me aconteceu várias vezes que o professor português queria ouvir falar os alunos e deixavam-lhes alguns minutos para perguntas e dúvidas, mas, como não esperava, ninguém levantou a mão e a sala estava totalmente silenciosa. O professor, obviamente, sentia-se desmotivado, “triste” ou até irritado (no caso de alguns).

Yiri weishi, zhongsheng weifu/一日为师,终生为父

Os chineses têm um entendimento distinto, em comparação à cultura ocidental, dos professores. Na cultura do País do Meio, o professor não é apenas uma profissão qualquer, mas sim um papel importante para o crescimento da geração futura e, por conseguinte, para o desenvolvimento da nação. Por isso, a sociedade atribui relevância elevada aos professores.

Yiri weishi, zhongsheng weifu/一日为师,终生为父, é uma frase vinda da dinastia Tang (618-907), literalmente quer dizer “Professor por um dia, pai para sempre”, ou seja, o papel de professor tem o mesmo peso dum pai numa sociedade que era eminentemente patriarca e paternalista. Na língua chinesa tradicional, a palavra “professor” é xian sheng/先生, literalmente significa alguém nasce antes de mim, ou seja, mais velho do que eu. Na cultura chinesa, a velhice é o símbolo da saberia porque os velhos, naturalmente, têm mais experiências de vida e conhecimentos deste mundo do que os ainda jovens. Portanto, devido à sua importância e sabedoria, no entendimento chinês, o professor é símbolo de autoridade e verdade. Portanto, tudo o que o professor nos dá é válido, verdadeiro e certo, onde está o espaço de discussão? Se um aluno disser aos colegas que o professor está errado, todos vão rir dele, em vez de pensar se o professor está realmente a cometer erros.

Ren huo yizhang lian/人活一张脸

Mesmo que o professor esteja evidentemente enganado, é provável que também ninguém aponte o erro. O que está em causa aqui é a questão de face/面子. A importância da face na vida social dos chineses tem sido um tema muito quente nos trabalhos académicos. Há uma frase popular muito conhecido: Ren huo yizhang lian, shu huo yizhangpi/人活一张脸, 树活一张皮, o que significa a face é tão importante para o ser humano como a casca para uma árvore. Se o professor for criticado pelos alunos na aula, então, onde está a autoridade e face do professor?

Portanto, resumindo, mergulhando neste ambiente educativo, da escola primária até ao ensino superior, os estudantes chineses vêm o professor como uma figura paterna, à qual se deve o maior respeito e face. Desta forma, não valorizam o pensamento crítico e estão sempre tímidos nas aulas, porque o que diz o professor é, nos seus entendimentos, certíssimo.

Entretanto, isto não significa que os alunos chineses não pensam e não são inteligentes. (Muito ao contrário … vejam lá nas universidades americanas, os alunos chineses estão sempre no topo) Quer dizer, a abordagem pedagógica é uma escolha do docente. Ao contactar estudantes duma outra cultura, seria compensatório ajustar um pouco as técnicas didácticas. Um outro participante na mesma conferência ajudou a responder à dúvida daquele professor, dizendo que: Quando eu era docente, conversava normalmente com os alunos num outro sítio fora da sala de aula, por exemplo, casa de chá, café ou enquanto na durante uma refeição. Fora das aulas, os alunos chineses falam e falam muito. É verdade. Normalmente, depois de acabar a aula e o público basicamente sai, há sempre alguns alunos chineses que rodeiam o professor para conversar, em voz suave, tirando dúvidas ou partilhando acontecimentos interessantes.

Mas as coisas mudam. À medida que os jovens chineses têm mais contacto com culturas diversificadas e começaram a viver numa atmosfera mais aberta, a sua timidez reduz-se gradualmente nos últimos anos. Contudo, de qualquer maneira, ainda não chegou (e provavelmente nunca chegará) ao mesmo nível de abertura dos estudantes ocidentais na sala de aula. Posto isso, ao receber cada vez mais estudantes chineses, não seria interessante e útil conhecer também, mesmo um pouco, a cultura deles? Seja para lazer, seja para melhoria do trabalho pedagógico.

Doutorando do ISCSP/Bolseiro CCCM-FCT

1 Nov 2023

China

Por Henry Miller

Mesmo em menino, o nome China evocava em mim estranhas sensações. Significava tudo quanto era vasto, maravilhoso, mágico e incompreensível. Dizer China era virar as coisas de cabeça para baixo. Como é maravilhoso que esse mesmo nome China desperte no velho que está a escrever estas palavras os mesmos estranhos e incríveis pensamentos e sentimentos.

Uma das lembranças especiais que eu tenho da China é que ela esteve à frente do mundo em tudo. Seja em cozinha, cerâmica, pintura, teatro, arquitectura ou literatura, a China sempre foi a primeira. Impressionante e absurda ilustração disso é o facto de no Japão de hoje, segundo me contaram, os melhores restaurantes serem chineses.

Só há uma arte em que para mim os chineses nunca se desenvolveram: a música. Para meus ouvidos ocidentais, a música chinesa tem um som horroroso. (Contudo, quando vivia em Paris, um viajante que regressava deixou-me uma colecção de discos chineses. Depois de algum tempo, acostumei-me um pouco àquela música esquisita, mas nunca fiquei apaixonado por ela.) Talvez eu esteja errado, mas duvido que a China já tenha produzido um Beethoven, um Bach, um Mozart, um Debussy ou um Schumann.

Recentemente, lendo uma biografia de Gengis Cã, fiquei surpreso ao descobrir que o seu exército penetrara a muralha da China (no século XI) exactamente como os alemães circundaram a Linha Maginot. O que talvez pareça incrível aos chineses de hoje é que, de acordo com alguns eruditos, a grande Muralha foi construída em dois ou três dias! Todo homem, mulher e criança foram postos a trabalhar, de acordo com o relato.

Ouvi um dia uma história igualmente espantosa na sala egípcia do Louvre. O francês que me levou lá para ver o forro do templo de Denderah apontou para o zodíaco sobre nossas cabeças, o qual, disse ele, indicava que a história egípcia datava de 40 000 anos e não de cinco mil, como geralmente nos contam. Nós do mundo ocidental somos muito novos, meros bebés em comparação com os hindus, chineses e egípcios, para mencionar apenas alguns povos. E, com nossa juventude, vão as nossas ignorância, estupidez e arrogância. Pior ainda, a nossa intolerância, a nossa incapacidade até mesmo para tentar compreender os modos de outros povos.

Nós, nos Estados Unidos, somos talvez os piores pecadores. Pensem, por exemplo, que não foram nossos estadistas que conseguiram abrir a porta da China, mas um punhado de jovens e entusiásticos jogadores de pingue-pongue!

Quando me disseram pela primeira vez que eu poderia escrever uma matéria para uma revista chinesa — sobre o assunto que eu escolhesse — fiquei virtualmente sem fala. Depois senti-me aterrorizado. Mas finalmente o que me fez voltar a mim foi a lembrança de que aquilo que eu mais amava nos chineses era humanidade. O ditado romano aplica-se aos chineses ainda mais do que os romanos: “Nada humano está abaixo de mim.” Essa qualidade humana combinada com um belo senso de humor é o atributo salvador de um grande povo. Eu devia também acrescentar a capacidade de persistir, manter-se firme em qualquer circunstância. No famoso livro Siddartha, Hermann Hesse faz seu herói dizer: “Eu sou capaz de pensar, sou capaz de esperar e sou capaz de passar sem.” Para mim essas qualidades tornam um homem invencível, especialmente “esperar e passar sem”. Os Estados Unidos não conhecem nem uma nem outra. Talvez seja por isso que com 200 anos de idade já mostram sinais de estar a cair aos pedaços.

Quando vivi em Paris (1930-1940), meu amigo Lawrence Durrell apelidou-me de “homem com alicerce chinês”. Nunca recebi maior cumprimento. Penso sempre que é possível eu ter sangue oriental em minhas veias. Com isso, quero dizer mongol ou chinês. Muitas pessoas, quando se encontram comigo pela primeira vez, perguntam se eu não tenho sangue asiático. Isso sempre me agrada imensamente. Nunca quis ser tomado como descendente dos alemães, como sou. Mesmo nos meus escritos, noto que tenho afinidade com os chineses. Eu digo o que é, o que foi, o que está acontecendo. Não me entrego a longas análises psicológicas. Penso que o comportamento do personagem deve falar por si mesmo.

E, no entanto, o escritor que eu mais admiro é o russo Dostoievski. Certamente, ninguém poderia estar mais longe dos chineses do que Dostoievski. Pergunto a mim mesmo como será que os chineses consideram a sua obra. Será ele amado ou evitado? Para mim, sem Dostoievski haveria um fundo buraco negro na literatura mundial. A perda de Shakespeare, que também deve parecer um homem selvagem para os chineses, não seria tão grande quanto a de Dostoievski.

É estranho que eu nunca tenha visto os países que mais desejava visitar: Índia, China, Tibete, Japão, Islândia. Mas vivi com eles na minha mente. Uma vez tentei persuadir o editor de uma revista britânica a deixar-me fazer uma viagem a Lhassa, Timbuctu e Meca, sem escalas intermediárias. Mas não tive sorte. Todas as três cidades parecem lugares misteriosos e vivem em minha imaginação.

Tenho consciência de que em toda esta matéria eu não fiz distinção entre a República Popular da China e Formosa (República da China). Eu não estou interessado em ideologias ou política. Acho que pessoas são pessoas em toda parte, mesmo na região mais negra da África. Quando penso na China, penso nos chineses como um povo, não nas coisas que os dividem.

Os Estados Unidos tentam dar ao mundo uma imagem de nação unificada, “una e indivisível”. Nada poderia estar mais longe da verdade. Nós somos um povo dilacerado por conflitos, dividido de muitas maneiras e não apenas regionalmente. A nossa população contém algumas das pessoas mais pobres e mais abandonadas do mundo. Provavelmente contém também as pessoas mais ricas de qualquer país do mundo. Há preconceito de raça em alto grau e desumanidade para com o homem mesmo entre os caucasianos dominantes. Como sugeri antes, os Estados Unidos estão-se a enterrar rapidamente. Acredito que os países antigos, pobres na sua maior parte, tomarão conta em muitos poucos anos. E o povo que inventou os fogos de artifício sobreviverá àqueles que inventaram a mortal bomba atómica. Nós, americanos, talvez um dia cheguemos a todos os planetas e tragamos de cada um deles pequenas quantidades de solo, mas nunca chegaremos ao coração do universo, que reside na alma até da mais pobre e mais baixa das criaturas humanas.

Receio que o velho adágio “Irmãos sob a pele” não seja mais verdadeiro, se é que o foi algum dia. As nações ocidentais não merecem confiança, por mais democráticos que possam vir a ser seus governos. Enquanto os ricos governarem, será caos, guerras, revoluções. Os líderes para os quais nos voltarmos não estão em evidência. É preciso descobri-los. Deve-se lembrar, como disse certa vez Swami Vivekananda, que “antes de Gautama houve vinte e quatro outros Budas”.

Hoje não podemos mais contar com salvadores. Cada homem precisa de contar consigo mesmo. Como disse certa vez um grande sábio: “Não contes com milagres, tu és o milagre.”

1976

1 Nov 2023

DSAL | Feira vai oferecer 300 empregos para portadores de deficiência

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) vai organizar no dia 5 de Dezembro uma feira de emprego destinada a pessoas portadoras de deficiência, onde serão disponibilizadas 200 ofertas de trabalho. As inscrições para o evento abriram hoje e os interessados podem inscrever-se até 15 de Novembro.

O evento conta com a participação de 23 empresas, abrangendo sectores como hotelaria, turismo integrado, restauração, retalho, serviços de jardinagem e arborização, actividades desportivas, serviços de limpeza e segurança. As mais de 200 vagas são para cargos como recepcionista, vendedor de bilhetes, pessoal de apoio de tecnologias de informação, coordenador do departamento de quartos, empregado de restauração, empregado de serviços domésticos de quartos.

Vão ser disponibilizadas vagas também para coordenador do departamento dos recursos humanos, auxiliar de escritório, bagageiro, costureiro, assistente de cozinha, florista, empregado de lavandaria, assistente dos serviços de bebidas, assistente de armazém, assistente de tipografia, empregado de loja, empacotador, agente de segurança privada e empregado de limpeza. A feira de emprego realiza-se no centro de formação de técnicas profissionais da DSAL, no Istmo de Ferreira do Amaral, nº 101-105ª.

1 Nov 2023

Trabalho | Mais 20 mil não-residentes até Setembro

Pelo oitavo mês consecutivo, o número de trabalhadores sem estatuto de residente em Macau subiu em Setembro em quase 20 mil desde o início do ano. O aumento de não-residentes dos últimos oito meses surge depois de Janeiro ter registado o nível mais baixo em quase uma década

 

O número de trabalhadores não-residentes aumentou consecutivamente entre Fevereiro e Setembro, com a subida deste segmento populacional e importante fonte de mão-de-obra a crescer em quase 20 mil pessoas desde o início do ano. Segundo dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública, no final de Setembro, a Região Administrativa Especial de Macau tinha 170.286 trabalhadores não-residentes, mais 1.458 do que no final de Agosto e o valor mais elevado desde Junho de 2021.

As estatísticas, divulgadas pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, revelam que Macau ganhou 19.866 não-residentes desde Janeiro, mês em que a mão-de-obra vinda do exterior caiu para menos de 152 mil, o número mais baixo desde Abril de 2014. A cidade tinha perdido quase 45.000 não-residentes (11,3 por cento da população activa) desde o pico máximo de 196.538, atingido em Dezembro de 2019, no início da pandemia.

O sector da hotelaria e da restauração foi o que mais contratou desde Janeiro, ganhando quase dez mil trabalhadores não-residentes, seguido da construção civil (mais 3.629) e dos empregados domésticos (mais 1.862). As novas contratações vieram colmatar estes dois sectores, os mais atingidos pela perda de mão-de-obra durante a pandemia, de onde foram despedidos mais de 17.600 funcionários não-residentes desde Dezembro de 2019.

Anos negros

O secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lei Wai Nong, reconheceu a 3 de Fevereiro que os hotéis locais têm sentido falta de pessoal e garantiu que iria negociar com as empresas ligadas ao turismo para “resolver o problema com que o sector se está a deparar”.

As declarações do governante foram proferidas numa altura em que o número de não-residentes tinha atingido um dos mais baixos níveis da última década. Em Janeiro deste ano, o número de trabalhadores sem estatuto de residente tinha caído para menos de 152 mil, o mais baixo desde Abril de 2014.

As estatísticas de Janeiro culminaram um declínio que se foi acentuando desde o início da pandemia, com a perda de quase 44.700 trabalhadores não-residentes (11,3 por cento da população activa) desde o pico máximo de 196.538 atingido em Dezembro de 2019.

No espaço de três anos, os grupos mais afectados pela perda de vínculo laboral foram, naturalmente, aqueles que mais contribuíram para a população activa, com quase 17.000 trabalhadores do Interior da China, 9.500 das Filipinas e 7.400 do Vietname a perderem o emprego em Macau.

1 Nov 2023

DSSCU | Mais de 2 mil apartamentos em construção

No terceiro trimestre deste ano estavam em construção cerca de 2.027 apartamentos para habitação, de acordo com os dados revelados ontem pelos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU). Os apartamentos estão divididos por 45 prédios, e acrescentam ao território 1.094 lugares de estacionamento para veículos ligeiros e 373 para motociclos e ciclomotores.

No mesmo período, estavam em fase de concepção mais 97 empreendimentos, que correspondem a 6.555 apartamentos, 3.862 estacionamentos para veículos ligeiros e 1.152 para motociclos e ciclomotores.

Entre Junho e Setembro, foram ainda alvo de vistoria sete empreendimentos, com 215 fracções, 38 estacionamentos para veículos ligeiros e 15 para motociclos e ciclomotores. Ao mesmo tempo, dois prédios com 6 apartamentos receberam a licença de utilização.

Quanto aos hotéis, oito estavam em construção, que vão disponibilizar 3.317 quartos, numa área bruta de construção de 142.707 metros quadrados, e ainda 1.005 lugares de estacionamentos para veículos ligeiros e 291 para motociclos e ciclomotores. Oito eram também os hotéis em fase de concepção, com 1.308 quartos, uma área bruta de 61.177 metros quadrados e 226 estacionamentos para veículos ligeiros e 112 para motociclos e ciclomotores.

1 Nov 2023

Tap Seac | Queda de residente leva Ron Lam a criticar Governo

O deputado Ron Lam acusa o Instituto do Desporto (ID) de não assumir responsabilidades na supervisão da segurança no pavilhão polidesportivo do Tap Seac, no contexto da queda de uma residente devido ao chão molhado. O ID disse que o seguro iria compensar financeiramente a residente, mas esta foi depois informada que, afinal, não teria direito a nenhuma compensação.

Na conferência de imprensa de ontem sobre o acidente, Ron Lam acusa o Governo de apenas ouvir o lado da companhia de seguros e de não ter feito uma investigação ao ocorrido. A seguradora concluiu que o ID nada tem de pagar porque os funcionários deixaram avisos sobre os cuidados a ter com o chão molhado.

No entanto, as gravações das câmaras de videovigilância mostram que os avisos só foram colocados no lobby e não no local onde a mulher caiu. “Suspeita-se que a declaração da empresa [que faz as limpezas no pavilhão] foi falsificada, e a seguradora também não assumiu o dever de ver as gravações da videovigilância para ter acesso à verdade. Choca-me que o Governo não tenha percebido a verdade do caso após as nossas explicações”, disse o deputado.

1 Nov 2023

Fronteira | Eliminada declaração de saúde

As autoridades alfandegárias do Interior da China eliminaram a obrigação de preenchimento da declaração de saúde, imposto ao abrigo do combate à pandemia, para entrar na China.

A medida entrou em vigor às 00h de hoje e retira a barreira adicional nos postos fronteiriços em que era exigido a apresentação de um código QR, a derradeira obrigação desde que deixaram de ser pedidos testes negativos à covid-19 para atravessar a fronteira.

Porém, as autoridades alfandegárias chinesas realçam que deve apresentar declaração de saúde quem “apresente sintomas de doenças infecciosas, tais como febre, tosse, dificuldade em respirar, vómitos, diarreia, erupção cutânea, hemorragia subcutânea, ou quem tenha sido diagnosticado com doenças infecciosas”. “As pessoas que ocultem ou evitem quarentena são legalmente responsáveis, quem provocar a propagação de doenças infecciosas ou representar um risco grave de propagação são criminalmente responsáveis”, é acrescentado no comunicado.

1 Nov 2023