Dados Abertos | Mais de 40 serviços contribuem para plataforma

A Plataforma de Dados Abertos do Governo, que disponibiliza ao público os dados geridos pela Administração, tinha até meados de Abril deste ano, “mais de 660 conjuntos de dados provenientes de 41 serviços públicos”.

A plataforma, instalada no Centro de Computação em Nuvem de uso exclusivo do Governo, tem carregados dados de áreas como “saúde, ambiente urbano, educação, segurança social, segurança pública e migração, assuntos administrativos e jurídicos, empreendedorismo e negócios, turismo e jogo, transporte público, emprego, habitação e população”. A informação foi ontem revelada pela directora dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), Ng Wai Han, em resposta a uma interpelação escrita de Si Ka Lon.

O deputado havia demonstrado preocupações de segurança em relação aos dados carregados na plataforma, algo que a responsável dos SAFP endereçou. O Centro de Computação em Nuvem, onde está alojada a plataforma, “está sujeita à monitorização contínua através de um sistema de segurança cibernética do Centro, com funcionamento de 24 horas por dia e 7 dias por semana”, garantiu Hg Wai Han.

Além disso, os SAFP dispõem de uma sub-unidade responsável pela coordenação e promoção da abertura de dados juntos dos serviços públicos, assim como a definição do formato dos dados. Como tal, a responsável afastou a necessidade de criar um serviço especializado responsável pela coordenação do armazenamento e utilização de dados.

Assim sendo, os serviços têm a incumbência de impulsionar a reforma de digitalização, atendendo aos objectivos do Governo, “tais como a governação electrónica, a interligação de assuntos administrativos transfronteiriços, a facilitação da passagem fronteiriça e a optimização do procedimento de apreciação e aprovação”.

8 Mai 2024

50 anos do 25 de Abril – Memória e Esquecimento

Entre memória e esquecimento a necessidade de preservar locais simbólicos em prol da liberdade e democracia de natureza essencialmente educativos e de formação cívica para que não se esqueçam as atrocidades cometidas por um sistema político repressivo de uma ditadura fascista que durante 48 anos amordaçou Portugal

Por Nuno Pereira, jurista

 

“ABANDONO” 1

De David Mourão-Ferreira

(1962)

Por teu livre pensamento

Foram-te longe encerrar.

Tão longe que o meu lamento

Não te consegue alcançar.

E apenas ouves o vento

E apenas ouves o mar.

Levaram-te, a meio da noite:

A treva tudo cobria.

Foi de noite, numa noite

De todas a mais sombria.

Foi de noite, foi de noite,

E nunca mais se fez dia.

Ai! Dessa noite o veneno

Persiste em me envenenar.

Oiço apenas o silêncio

Que ficou em teu lugar.

E ao menos ouves o vento

E ao menos ouves o mar

Ao menos ouves o vento

Ao menos ouves o mar

No dia 25 de Abril de 1974 tinha eu onze anos de idade e, naturalmente, ainda sem as necessárias capacidades para entender e compreender o importante significado da “Revolução dos Cravos” tive (e sofri) no final desse mesmo ano uma das consequências mais dramáticas passadas por mais de quinhetos mil portugueses que regressaram a Portugal vindos das ex-colónias no âmbito do processo de descolonização – os chamados retornados – embora muitos deles na qualidade de refugiados, visto que até então nunca tinham residido na chamada “Metrópole”.

Esse acontecimento foi sem dúvida o facto mais marcante da minha vida no período após o 25 de Abril e que mais tarde despertou a minha curiosidade para tentar entender e compreender a descolonização que foi um dos chamados “três Dês” do programa do Movimento das Forças Armadas (MFA): “Descolonizar, Democratizar, Desenvolver”.

O colonialismo e a guerra colonial portuguesa foi sem dúvida um dos temas mais interessantes em relação ao qual tenho procurado alguma informação e mesmo já havendo alguma relevante continua a ser ao fim destes 50 anos do 25 de Abril um dos temas tabus da sociedade portuguesa e cuja memória ainda não está devidamente tratada de uma forma sistematizada e global, dando a ideia que se quer esquecer para que as gerações futuras dela não tenham conhecimento porque segundo se diz, ainda existem muitas feridas abertas e receio que as fechadas voltem a ser reabertas.

Contudo, decorridos 50 anos após o 25 de Abril e convidado a reflectir sobre alguns dos temas mais relevantes durante esse período veio-me à lembrança, para além daquele já referido que mais marcou a minha juventude com o retorno a Portugal vindo de Angola onde nasci e por tudo aquilo por que passei como retornado, bem como toda a problemática da integração social num país e gentes que pouco conhecia, foi o facto de o meu pai antes de ter falecido me ter confessado nas nossas saudosas conversas o facto de após ter cumprido o serviço militar obrigatório ter prestado provas, quase em simultâneo, como era como era comum nesse tempo, para ingresso nos quadros da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE)/Direção-Geral de Segurança (DGS) e da Polícia Judiciária (PJ), tendo felizmente ingressado nesta instituição onde acabou por realizar toda a sua carreira profissional até ser aposentado.

Esse facto – ter o meu pai concorrido mas não ingressado na PIDE/DGS porque os resultados do concurso da PJ apenas foram publicados antes dos daquela polícia política – levou-me a efectuar um estudo mais aprofundado da PIDE/ DGS e das suas prisões privativas que fizeram parte de um sistema político repressivo muito mais amplo e do qual faziam parte integrante outras instituiçõers como a Censura e os Tribunais Plenários na luta contra todos aqueles que se opunham ao regime fascista e que foram perseguidos, torturados e até mortos.

É dessa memória que eu quero deixar o meu testemunho para que não seja esquecida neste meu país, a qual tem de ser registada para memória futura para conhecimento das actuais e futuras gerações.

E só passados 50 anos do 25 de Abril foi no dia 27 de Abril de 2024 inaugurado o Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL) na Fortaleza de Peniche, a qual tinha sido convertida, em 1934, pelo salazarismo, em “prisão política de máxima segurança”.

De passagem por Portugal tive o privilégio de poder assistir a essa inauguração e compreender o sugnificado que teve para todos aqueles que lutaram por tamanho projecto ao longo destes anos destacando, para além de outras pessoas singulares ou colectivas, a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP).

Graças à luta de antifascistas ainda vivos apoiados pelos seus familiares e amigos conseguiram evitar que a Fortaleza de Peniche fosse transformada num hotel de luxo e apagada mais uma memória importantíssima como infelizmente aconteceu com a sede da antiga polícia política PIDE/DGS situada no número 22 da Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, que foi transformada num condomínio de luxo, perdendo-se a oportunidade de transformar esse espaço num memorial que registasse a repressão política durante o Estado Novo.

O Museu do Aljube Resistência e Liberdade, criado em 2015, constituiu um bom exemplo inspirador para a preservação dessa memória e é dedicado à memória do combate à ditadura e à resistência em prol da liberdade e da democracia, o qual “veio preencher uma lacuna no tecido museológico português, projetando a valorização dessa memória na construção de uma cidadania responsável e assumindo a luta contra a amnésia desculpabilizante e, quantas vezes, cúmplice da ditadura que enfrentámos entre 1926 e 1974”.

Apesar do exíguo espaço que ocupa e do riquissímo património que faz parte do seu espólio está muito bem organizado e numa das visitas que efectuei tive a agradável surpresa de constatar a presença de um número muito significativo de visitantes estrangeiros individuais ou em grupo.

A exposição de longa duração do Museu do Aljube apresenta aos visitantes a história do edifício, a caracterização do regime ditatorial português (1926-1974), os seus meios de repressão e opressão, assim como a resistência das oposições e da luta anticolonial e os movimentos independentistas de libertação, até ao derrube da ditadura e o 25 de Abril de 1974.

Podendo ser criticável o turismo político porque existem valores que não podem e nem devem ser mercantilizados, pode, no entanto, constituir uma das formas mais viáveis de salvaguardar o património histórico, social e cultural para fomentar os valores da liberdade e da democracia e que não deixem esquecer e apagar as atrocidades cometidas por uma ditadura de 48 anos que submeteu Portugal e os portugueses a um dos sistemas políticos mais opressivos e repressivos do Século XX.

No dia 27 de Abril de 2024, a Fundação José Saramago (FJS) organizou um passeio intitulado “Visita a Peniche: Uma prisão levantada em museu” com o objectivo final de participar na inauguração do Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL), mas antes desta cerimónia de inauguração deram início pela primeira vez a uma futura grande rota do 25 de Abril com o percurso “Antes da Liberdade, o fascismo passou por aqui”, a partir de algumas obras de José Saramago e de testemunhos, percorremos locais da repressão fascista em Lisboa. Iniciativa que, segundo as organizadoras, deverá continuar a ser realizada regularmente no âmbito das actividades da Fundação José Saramago (FJS).

Na passagem pela anterior sede da PIDE/DGS situada na Rua António Maria Cardoso n.º 22 em Lisboa, agora um condomínio de luxo, na parte exterior da fachada do edifício apenas está afixada uma placa de mármore que um grupo de cidadãos anónimos instalou em 1980, com a seguinte gravação: “Aqui, na tarde de 25 de Abril de 1974 a PIDE abriu fogo sobre o povo de Lisboa e matou: Fernando C. Giesteira, José J. Barneto, Fernando Barreiros dos Reis e João Guilherme R. Arruda. Homenagem de um grupo de cidadãos. 25-4-1980”. Este acontecimento foi recentemente registado no filme “Revolução (sem) Sangue” (2024) de Rui Pedro Sousa, que veio colocar em causa o mito da Revolução sem Sangue, o qual tem sido perpetuado através de discrusos políticos na memória e consciência colectiva do povo português.

Pessoalmente, foi um privilégio ter tido a oportunidade de participar na referida iniciativa, a qual me permitiu testemunhar a importante materialização da memória da ditadura fascista num espaço real e simbólico para a sua perpetuação com a instalação do Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL) na Fortaleza de Peniche.

O Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL) é desde logo classificado como um museu nacional, portanto, não circunscrito apenas à Cadeia do Forte de Peniche que teve como objectivo inicial o encarceramento de presos políticos e tem por missão “investigar, preservar e comunicar a memória da Resistência ao regime fascista português, a partir dos testemunhos e experiências daqueles e daquelas que lutaram pela Liberdade e pela Democracia” e “Resistência e Liberdade” é o título da exposição que assinala a inauguração do Museu com o objectivo de transmitir às gerações mais jovens e às futuras “a ideia de que a liberdade conquistada a 25 de Abril de 1974 é um desígnio comum”.

A criação do Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL) veio colocar Portugal no roteiro internacional dos chamados Museus de Memória, evocativos de lutas travadas em nome da liberdade e dos direitos humanos.

Depois de terem passado de 50 anos sobre a Revolução dos Cravos já existe algum distanciamento temporal suficiente para que o 25 de Abril possa ser tratado de uma forma mais científica com base em factos e testemunhos entretanto recolhidos que permitam, de uma forma o mais objectiva possível, descrever o terrível sistema político opressivo então vigente deixando eventualmente espaço a todas as possíveis e divergentes interpretações desses factos dada a complexidade desta temática em termos políticos e ideológicos.

A memória da ditadura deve converter-se em tema de musealização com a abertura de espaços museológicos que a preservem e o 25 de Abril é um fenómeno potenciador do turismo político e pode ser aproveitado se tiver um cariz de natureza essencialmente educativo e de formação cívica para as actuais e futuras gerações e o Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL) passou a constituir um extraordinário espaço museológico de memória e homenagem à resistência e à luta antifascista de todos aqueles que estiveram presos, foram tprturados e até morreram nas cadeias políticas do fascismo no Aljube, nos Fortes de Caxias e de Peniche ou no Campo do Tarrafal, na ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde.

Na passagem dos 50 anos do 25 de Abril fica aqui esta breve nota para que entre a memória e o esquecimento seja ainda possível registar o conhecimento actual de um cruel e poderoso aparelho repressivo fascista a que o povo português esteve submetido durante uma ditadura fascista de quarenta e oito anos que o golpe militar dos “Capitães de Abril” derrubou e que com o extraordinário apoio popular logo manifestado nesse dia inicial inteiro e limpo permitiu a “Revolução dos Cravos”, deixando aqui a minha singela homenagem aos que sacrificaram a liberdade e a vida na luta pela democracia na passagem dos 50 anos da libertação dos presos políticos que ocorreu no dia 27 de Abril de 1974 e que no dia 27 de Abril de 2024 ficou assinalado com a inauguração do Museu Nacional Resistência e Liberdade na Fortaleza de Peniche.

1. Cantado por Amália Rodrigues com música de Alain Oulman e que ficou conhecido como “Fado de Peniche”.

7 Mai 2024

Estudo indica que progresso tecnológico chinês está a remodelar geopolítica mundial

Um estudo ontem divulgado concluiu que os avanços tecnológicos da China estão a remodelar a geopolítica mundial, apesar dos esforços dos Estados Unidos para contrariar a influência crescente de Pequim.

“O poder crescente da China” e a expansão das tecnologias emergentes, incluindo na inteligência artificial, redes 5G e computação quântica, “são fundamentais para impulsionar mudanças na geopolítica mundial”, disse Maria Papageorgiou, uma das autoras do estudo e professora na Universidade de Exeter, no Reino Unido, num comunicado emitido pela instituição.

A análise, publicada na revista Chinese Political Science Review, baseia-se na teoria do “equilíbrio das ameaças”, segundo a qual os Estados consideram os níveis de ameaça externa juntamente com o seu poder interno quando tomam decisões. “Confrontados com uma ameaça, os Estados, num sistema internacional anárquico, podem equilibrar a ameaça ou alinhar com a fonte da ameaça”, explicou.

Os analistas afirmaram que uma “coligação de equilíbrio” global foi formada pelos Estados Unidos e países aliados, que utilizam sanções, proibições de exportação e a formação de alianças estratégicas para reduzir o alcance da China nas tecnologias emergentes.

O desenvolvimento de tecnologias emergentes, que têm “implicações imprevisíveis” na segurança nacional, “exige uma reavaliação do papel da tecnologia nos assuntos internacionais e do seu impacto no sistema internacional”, escreveu a equipa.

Embora as percepções do poder de um país sejam frequentemente limitadas pela proximidade geográfica, a natureza transfronteiriça dessas tecnologias emergentes torna-as “desimpedidas pelas defesas tradicionais do ar, da terra ou do mar”, lê-se.

De acordo com os autores, entre 2017 e 2023, a posição da China como um “concorrente quase par dos EUA” a nível tecnológico levou Washington a “investir mais do que a China e a restringir o seu acesso a certas tecnologias críticas, novos mercados e recursos necessários para o progresso tecnológico”.

Pé de igualdade

Em 2021, os EUA proibiram investimentos em 59 empresas chinesas no sector dos ‘chips’ semicondutores, incluindo a Huawei. No ano seguinte, entrou em vigor a Lei de Chips e Ciência, que visa impulsionar o investimento na indústria norte-americana de semicondutores.

Outros países “seguiram as pegadas”, referiu o estudo, apontando para o acordo entre EUA, Países Baixos e Japão, em Janeiro de 2023, para “travar a venda de algumas máquinas avançadas de fabrico de ‘chips’ e restringir as vendas de semicondutores avançados à China”.

“A aceitação das recomendações políticas dos EUA, que por vezes ocorre após meses de árduas negociações, representa um esforço conjunto dos aliados para impedir a aquisição pela China de tecnologia de ponta em semicondutores, com o objectivo de preservar a sua própria superioridade tecnológica”, escreveu a equipa.

Embora a China ainda esteja atrás dos EUA nas principais tecnologias de IA, este é um sector em que a China “passou a competir com os EUA” e começou a exportar a sua tecnologia, acrescentaram.

“Como resultado, mais de 60 países usam exclusivamente a tecnologia chinesa de vigilância de IA, a maioria dos quais em África e na América Latina”, referiu. A China tornou-se dominante na adopção global do 5G, com a Huawei a liderar a implementação global, sendo responsável por 91 contratos comerciais, principalmente com países em desenvolvimento na Ásia.

“Os EUA envolveram-se numa campanha agressiva para convencer os parceiros europeus a banir os fornecedores chineses da rede 5G”, escreveu a equipa. Os investigadores também apontaram para o Conselho de Comércio e Tecnologia UE-EUA, que sinaliza “uma potencial aliança para combater a expansão da tecnologia chinesa”.

O conselho foi criado em 2021 para se concentrar nos controlos de exportação e nas preocupações com as tecnologias emergentes.

7 Mai 2024

1º Maio | Viagens domésticas na China aumentam 7,6% durante feriados

A China registou cerca de 295 milhões de viagens turísticas domésticas nos feriados do Dia dos Trabalhadores, mais 7,6 por cento, em termos homólogos e mais 28,2 por cento relativamente ao mesmo período de 2019, foi ontem anunciado.

O número, divulgado pelo Ministério da Cultura e Turismo, ultrapassa assim os níveis anteriores à pandemia da covid-19. As autoridades já tinham previsto um aumento significativo da actividade turística durante este feriado, que decorreu entre 1 e 5 de Maio, com as reservas a apontarem para uma preferência por viagens de longa distância dentro do país.

A China registou ainda cerca de 8,47 milhões de viagens de entrada e saída das fronteiras durante o feriado, um aumento de 35,1 por cento em relação ao mesmo período de 2023, de acordo com a Administração Nacional de Imigração chinesa.

O número diário de viagens atingiu o pico na sexta-feira, com um recorde de mais de 1,8 milhões, disse a administração. Cerca de 4,77 milhões eram viajantes do continente, enquanto os viajantes de Hong Kong, Macau e Taiwan representaram 2,92 milhões e os visitantes estrangeiros 779.000.

Estes três números representam aumentos substanciais em relação ao ano anterior, com subidas homólogas de 38 por cento, 20,8 por cento e 98,7 por cento, respectivamente, disse a administração.

O sector do turismo, um dos mais atingidos pela pandemia e pela política “covid zero” que fechou as fronteiras da China durante três anos, dá agora sinais de retoma, impulsionado pelo aumento das despesas dos turistas chineses.

6 Mai 2024

Pequim insta Filipinas a “regressar ao diálogo” para resolver litígios territoriais

A China instou ontem as Filipinas a “resolver as diferenças através do diálogo e da consulta”, após repetidos confrontos entre navios de ambos os países em águas disputadas no Mar do Sul da China.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, sublinhou ontem, em conferência de imprensa, os “esforços e a sinceridade” da China para gerir as diferenças através do diálogo e da consulta.

Lin referiu-se a um “acordo de cavalheiros” alcançado no final de 2021 entre a China e as Filipinas, que “reflecte a intensa comunicação e negociação bilateral” entre as duas partes, embora o porta-voz tenha acusado Manila de não ter honrado o acordo em Fevereiro passado.

O porta-voz disse que o seu país “negociou repetidamente através dos canais diplomáticos com o comando militar filipino no início deste ano para estabelecer um ‘novo modelo'” para o fornecimento de bens essenciais ao Atol de Ayungin, onde as Filipinas têm um pequeno destacamento num antigo navio militar, o Sierra Madre, que está encalhado desde 1999 para reivindicar a soberania sobre o local.

Segundo Lin, este acordo deveria ter sido aplicado em Fevereiro passado, mas foi abandonado pouco depois por Manila.

“As declarações das Filipinas não podem negar os factos objectivos dos acordos alcançados, incluindo o ‘acordo de cavalheiros’, o entendimento interno e o ‘novo modelo'”, disse o porta-voz. Lin sublinhou que estes entendimentos e consensos têm como objectivo gerir as diferenças, evitar conflitos, criar confiança e manter a paz e a estabilidade na zona.

Meter água

Na passada terça-feira, navios da guarda costeira chinesa voltaram a disparar canhões de pressão de água contra navios filipinos, causando danos materiais, nas águas disputadas ao largo do Atol de Scarborough. Em Março passado, ocorreram incidentes em que navios da Guarda Costeira e milícias chinesas utilizaram canhões de água sob pressão contra navios filipinos em missões de abastecimento na Sierra Madre.

Desde que chegou ao poder, em Junho de 2022, o Presidente Ferdinand Marcos Jr. reforçou os laços de defesa com os EUA e criticou Pequim relativamente às reivindicações de soberania no Mar do Sul da China.

Em Julho de 2016, o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia decidiu a favor das Filipinas numa sentença contra a China sobre a soberania no Atol de Scarborough, que fica a menos de 321 quilómetros da ilha filipina de Luzon e estaria dentro da área económica exclusiva de Manila de acordo com o direito internacional.

Pequim não acatou a decisão, alegando razões históricas para a reivindicação de soberania sobre a quase totalidade do mar do Sul da China, uma reivindicação que entra em conflito com as de outros países, incluindo Vietname, Malásia e Brunei.

Por estas águas estratégicas, onde os Estados Unidos defendem o direito à livre navegação, passa 30 por cento do comércio marítimo mundial. A região alberga ainda 12 por cento das zonas de pesca do mundo, bem como jazidas de petróleo e gás.

6 Mai 2024

Xi Jinping na Europa | França deve procurar “meio termo”, escreve imprensa chinesa

A viagem a França do Presidente chinês, Xi Jinping, constitui uma “oportunidade” para Paris ser “sincera” e “chegar a um meio-termo”, com vista a “contribuir para a estabilidade da economia global”, defendeu ontem a imprensa chinesa.

“Espera-se sinceramente que a França chegue a um meio-termo com a China, promovendo uma maior cooperação bilateral em matéria de comércio e investimento, através de uma melhor comunicação e coordenação, contribuindo, em última análise, para a estabilidade e prosperidade da economia global”, afirmou o jornal estatal Global Times, em editorial, numa altura de crescentes tensões económicas e comerciais entre a União Europeia (UE) e a China.

A Europa tem de ver a China de uma “perspectiva global”, algo que “beneficiaria o mundo”, porque “a China é uma oportunidade”, afirmou He Zhigao, do Instituto de Estudos Europeus da Academia Chinesa de Ciências Sociais, citado pelo Global Times. “Mas se a Europa ficar do lado dos Estados Unidos, só verá a China como um desafio”, vincou.

Xin Hua, do Centro de Estudos da União Europeia da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai, considerou que a orientação estratégica da França desempenha “um papel decisivo” na UE e que, enquanto os dois países mantiverem uma interação positiva, as relações entre Pequim e o bloco permanecerão “estáveis”.

“Embora tenha havido altos e baixos nas relações entre China e UE, nos últimos anos, a atitude e a postura cooperativa da China e da França em muitas questões permaneceram estáveis. Desde o ano passado, os intercâmbios a todos os níveis entre a China e a Europa foram totalmente retomados e cada vez mais os europeus reconhecem a boa vontade da China”, apontou.

“Para a Europa, a China é uma oportunidade e não um risco. Somos um parceiro e não um rival. De um modo geral, a vontade da Europa de cooperar com a China está a aumentar”, acrescentou.

Espinhos atravessados

Os analistas citados pelo Global Times não mencionaram algumas das questões mais espinhosas da relação, como a situação dos Direitos Humanos na China ou as tensões comerciais, especialmente depois de Bruxelas ter anunciado medidas para combater práticas que considera injustas, nomeadamente a subvenção maciça de alguns sectores que inundam o mercado europeu.

Analistas citados pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, afirmaram ontem que as restrições europeias aos automóveis fabricados na China “não vão impedir” os principais fabricantes de automóveis chineses, desde a BYM à Chery Automobile, “de prosseguirem as suas ambições globais”.

6 Mai 2024

Xi Jinping na Europa | Paris e Pequim querem relação harmoniosa

O Presidente chinês, Xi Jinping, está em Paris, onde reuniu com Macron e Von der Leyen, naquela que é a sua primeira visita à Europa após o fim da pandemia. Depois de França, o périplo europeu inclui também visitas à Hungria e Sérvia

 

A França comprometeu-se ontem a manter uma relação equilibrada entre a China e a União Europeia (UE) num encontro dos Presidentes dos dois países em Paris, em que participou a presidente da Comissão Europeia. “A nossa vontade é ter uma relação equilibrada com a China”, afirmou o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, antes do início da reunião com Xi Jinping e Ursula von der Leyen no Palácio do Eliseu.

Macron exigiu “regras justas para todos” no comércio entre a Europa e a China, segundo a agência espanhola EFE. “O futuro do nosso continente dependerá claramente da nossa capacidade de continuar a desenvolver as relações com a China de uma forma equilibrada”, disse Macron, também citado pela agência francesa AFP.

Nas breves declarações à imprensa antes da reunião à porta fechada com Xi e Von der Leyen, o líder francês aludiu às tensões económicas e comerciais entre a China e a UE.

A UE anunciou nos últimos meses medidas de protecção contra práticas que considera injustas por parte de Pequim, nomeadamente a subvenção de certos sectores cujos produtos inundam o mercado europeu.

Macron disse que existem outras preocupações que serão discutidas com o Presidente chinês, e falou das guerras na Ucrânia e no Médio Oriente. “São duas grandes crises em que a coordenação entre nós é absolutamente crucial”, afirmou.

Xi apelou para que a China e a UE reforcem a “coordenação estratégica” e se mantenham parceiros, num contexto de numerosos litígios que vão do comércio aos direitos humanos.

“Como duas grandes potências mundiais, a China e a UE devem permanecer parceiros, prosseguir o diálogo e a cooperação, aprofundar a comunicação estratégica, reforçar a confiança mútua estratégica, consolidar o consenso estratégico e empenhar-se na coordenação estratégica”, disse Xi.

Segundo o líder chinês, “o objectivo é promover o desenvolvimento estável e saudável das relações entre a China e a UE, e dar constantemente novos contributos para a paz e o desenvolvimento no mundo”.

Diferenças de parte

A UE considera oficialmente a China como um parceiro, mas também como um concorrente e um rival sistémico. As relações entre Pequim e Bruxelas tornaram-se significativamente tensas sobretudo desde que a UE lançou uma investigação sobre os subsídios do gigante asiático aos carros eléctricos em 2023.

A China foi também criticada pelo Ocidente, nomeadamente pelos europeus, relativamente à questão da Ucrânia. Embora apele ao respeito pela integridade territorial de todos os países, incluindo a Ucrânia, a China nunca condenou publicamente a Rússia.

Pequim também reforçou as relações diplomáticas e económicas com Moscovo desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em Fevereiro de 2022. Apesar das diferenças, Pequim considera Bruxelas um parceiro mais estável e previsível do que os Estados Unidos, que nos últimos anos intensificaram as restrições comerciais e as declarações políticas hostis em relação à China.

“Esperamos que as relações sino-francesas e sino-europeias se reforcem mutuamente e se desenvolvam em conjunto”, disse Xi a Macron e a Von der Leyen. Xi Jinping iniciou ontem em França a primeira visita à Europa desde a pandemia de covid-19, que inclui também Hungria e Sérvia, dois países considerados próximas da China e da Rússia.

6 Mai 2024

Lu Xun – Como nasceu um gigante da literatura

Por Gong Yuhong

Em Setembro de 1881, na pequena cidade de Shaoxing, no sul da China, nasceu um bebé chamado Ah Zhong. Quando o rapaz foi para a escola, era conhecido pelo nome Zhou Zhangshou, que depois foi alterado para Zhou Shuren. Mais tarde, este rapaz viria a ser conhecido como Lu Xun, o gigante literário da China moderna e agitador que escreveu as seguintes palavras:

“Pensei: não se pode dizer que a esperança existe, nem que não existe. É como as estradas que atravessam a terra. Porque, na verdade, a terra não tinha estradas no início, mas quando muitos homens passam por um caminho, faz-se uma estrada.”

Lu Xun viveu numa época em que os últimos 3000 anos de glória dinástica já estavam enterrados sob ruínas vãs. O orgulho da nação chinesa esmorecia num sonho de ópio. Mas em vez de acreditar no esquecimento eficaz em posição reclinada, Lu Xun, o escritor, escolheu erguer-se na esperança. Para ele, o desespero era tão vazio e enganador como a esperança. Ambos eram hipocrisia para Lu Xun. O descontentamento levou-o a preservar a semente do futuro, impedindo que esse mesmo futuro fosse prejudicado por hipócritas políticos e literários.

Ansioso por deixar o passado para trás, Lu Xun estava grávido da aurora de uma nova era que o seu instinto criativo pressentia. A literatura era a sua missão auto-imposta. Não queria repetir os mesmos erros, utilizando as mentiras elegantes e as certezas falaciosas da tradição antiga, e as suas palavras correspondiam à sua ação. As suas letras, radicalmente armadas, defendiam a reforma cultural através da auto-reforma: “[…] um povo incapaz de se reformar também não será capaz de preservar a sua velha cultura.”

O espelho afiado da sinceridade e da clareza acabou por dar origem ao primeiro modernista da China, que inventou o “Fluxo de Consciência” – vários anos antes de Virginia Woolf.

A vida apresenta escolhas. A escolha inicial de Lu Xun foi medicina. Em 1902, recebeu uma bolsa para estudar no Japão, onde entrou em contacto com um grande número de obras filosóficas e literárias e começou a pensar na questão da natureza humana e da natureza da nação. Em 1904, Lu Xun foi formalmente inscrito na Escola de Ciências Médicas de Sendai (actual Universidade do Nordeste do Japão) para estudar medicina. Um dia, a escola organizou a projecção de um filme de propaganda sobre a guerra russo-japonesa, em que um chinês era executado por espionagem a favor dos russos. Lu Xun ficou furioso com a indiferença e a passividade da nação chinesa. Começou a aperceber-se de que a doença dos chineses não estava no corpo, mas na mente. Tinha de trabalhar em novas ideias.

Então o jovem dedicou-se à escrita e à tradução. Não era de estranhar. Desde tenra idade, Lu Xun tinha sido um fervoroso diarista que retratava os seus pensamentos e dores em palavras. Mas agora estava conscientemente à procura de uma estética autêntica que uma nação moderna necessitava para despertar. Foi uma bela luta que deu origem ao Diário de um Louco – um grito reprimido que manteve o escritor inteiro. Um remédio de luto que começou a sua lúcida cura a partir de dentro, através do fluxo imparável e aparentemente desarticulado de palavras que, desde então, tem sido decifrado, interpretado, traduzido e mantido vivo por leitores e académicos de todo o mundo.

Porque é que o louco (não) enlouqueceu?

Existem muitas obras sobre “canibalismo ritual” ao longo da história literária chinesa. O que torna a personagem de Lu Xun tão especial?

Para começar, é a primeira vez que a ligação entre um escritor e a cultura tradicional chinesa é escrutinada em estilo íntimo. Lu Xun fê-lo – segundo as suas próprias palavras – para salvar a alma chinesa. “Se dentro de uma casa de ferro, sem janelas e difícil de arrombar, encontrarmos muitas pessoas adormecidas, que em breve morrerão sufocadas, mas que, no entanto, não sentirão qualquer pena de morrer por terem durante muito tempo dormido. Mas agora levantastes a vossa voz e conseguistes despertar alguns dos mais despertos. Fazes com que esta minoria infeliz sofra infinitamente no seu leito de morte sem lhes dar uma cura. Achas que lhes fizeste bem?” Lu Xun escreveu em desespero que, para ele, era tão vão como a esperança.

Lu Xun optou pela literatura para exprimir a sua urgência, embora receasse que, mesmo que a férrea tradição fosse derrubada, a sua sombra permanentemente continuaria, incapaz de desaparecer, como um fantasma que para sempre ocupa o espaço mental chinês. É por isso que o seu louco está a ler linhas escritas entre linhas antigas, canibalizando o futuro da nação.

A linguagem do louco parece irregular e caótica. À procura de um género híbrido que combine ficção e notas pessoais, o escritor inventou uma poção mágica repleta de profundidade psicológica e drama. Uma nova narrativa nasce quando o louco acorda numa noite de luar. As treze secções de monólogo interno terminam com uma última frase de economia urgente: “Salvem as crianças!”

O louco apela finalmente a todos para que acabem com o canibalismo embelezado, a fim de libertar a geração seguinte da vitimização do ciclo vicioso de comer ou ser comido.

Para o mestre literário, a montanha-russa de disparates emocionais era a única coisa que fazia sentido! Somos sempre loucos quando estamos a fazer algo que mais ninguém faz. Tal como o protagonista de Kafka, Gregor Samsa, a riqueza de pensamentos e emoções do louco eram um heroísmo autónomo contra a rede familiar fria e corrupta do mundo. Uma declaração solitária de auto-defesa individual. A dor do louco é real e tão intensa como uma sombra interna, onde o amor se apagou, como o som dos cascos de um cavalo num pesadelo.

Sofrer a preto e branco

Após o declínio do movimento Arts and Crafts em Inglaterra e nos Estados Unidos, a Arte Nova ganhava terreno e evoluía para o Movimento das Artes Decorativas. Na China, o design moderno era ainda uma página em branco a ser preenchida.

Em 1912, Lu Xun foi convidado por Cai Yuanpei, o então ministro da Educação, para dirigir o Departamento de Educação Social do Ministério. Desde esse ano até 1917, dedicou-se à cópia e compilação de inscrições antigas e à revisão de textos do passado. Todas estas tarefas contribuíram para o seu conhecimento da estética visual. Lu Xun interessou-se cada vez mais pelas belas-artes e pelo design gráfico. É certo que este interesse do escritor esteva intimamente relacionado com a sua obra literária.

Em 1918, dois anos depois de Cai Yuanpei se ter tornado presidente da Universidade de Pequim, Lu Xun sentiu que a universidade precisava de um novo logótipo. Cai acreditava que Lu Xun tinha, sem dúvida, a visão estética e a capacidade técnica para criar um novo desenho que reflectisse a antiga raiz da caligrafia chinesa e injectasse uma vitalidade orientada para o futuro condicente com uma instituição moderna. Como resultado, Lu Xun fez jus à sua reputação ao desenhar o logótipo da Universidade de Pequim, que ainda hoje é utilizado. Depois disso, foi para ele natural continuar a desenvolver o design gráfico moderno.

A sua visão do design consistia num modernismo arrojado, combinado com raízes chinesas. Lu Xun admirava as obras da gravurista alemã Käthe Kollwitz, inserindo o seu estilo progressista no contexto chinês. O design gráfico de Lu Xun destacou-se pelo seu alcance criativo, acompanhado pelas suas muitas obras-primas literárias, escritas depois do Diário de um Louco, sendo este conto a primeira ficção de sempre em chinês moderno. Simples e conciso, o seu estilo gráfico centrava-se na tipografia. Como designer, gostava muito do desenho de tipos de letra e de motivos decorativos a preto e branco e, no desenho de tipos de letra, preferia um estilo caligráfico. A função fala e o esquema de cores reforça a mensagem transmitida. Actualmente, Lu Xun é também aclamado como o pai da gravura chinesa moderna, pioneiro em estilos de vanguarda trazidos da União Soviética e do Ocidente, como a Bauhaus. Era um sofrimento expresso numa composição e disposição provocadoras. O sofrimento não como um fardo, mas antes como uma âncora, que o mantém no lugar como um gigante destacado. O preto e branco como afirmação do ser, curando e remodelando a recém-encontrada integridade da China moderna.

A influência da visão estética de Lu Xun – vermelho extravagante em preto e branco – perdura até hoje.

6 Mai 2024

Instrumentos chineses dominam nova edição de conferência em Portugal

A sétima edição da “Conferência de Lisboa: Música Chinesa e Instrumentos Chineses” [7th Lisbon Conference: Chinese Music and Musical Instruments] decorre desde ontem em Mafra, terminando hoje o programa que se dedica a reunir músicos e académicos em torno dos instrumentos tradicionais chineses e académicos.

O evento é patrocinado pela Fundação Jorge Álvares (FJA) e conta com apoio do Centro Científico e Cultural de Macau e da Fundação Europeia para a Pesquisa da Música Chinesa [European Foundation for Chinese Music Research].

Segundo a FJA, uma das inovações desta edição é a abordagem “de algumas tradições musicais de outros países da Ásia, nomeadamente da Índia, da Indonésia e, ainda, de outros pontos do sudeste asiático”.

Participam neste evento 25 académicos, portugueses e estrangeiros, oriundos de 11 países. Nas suas comunicações serão apresentados temas relacionados com a música e os instrumentos musicais chineses, quer no âmbito da etnomusicologia, quer da musicologia histórica.

A par das comunicações académicas serão realizados alguns concertos e recitais cujo repertório inclui música chinesa, música indonésia e também a fusão instrumental de música chinesa e indiana.

A conferência mantém como principal objectivo “a sensibilização do meio académico para o estudo sistémico da música e respectivo instrumental asiáticos, assim como a divulgação de géneros musicais de outras culturas asiáticas junto de um público generalizado”.

Peregrinação e outras histórias

Hoje será apresentado, no programa que decorre no Palácio Nacional de Mafra, a conferência “Sons de Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto: Identificação e Caracterização dos Componentes mais Relevantes”, da autoria de Helena Santana, da Universidade de Aveiro.

Enio de Souza, pesquisador sobre a música tradicional chinesa, ligado ao Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa e presidente do comité deste evento, irá apresentar “A Música Chinesa e os Instrumentos Musicais em Fontes Portuguesas”. Destaque ainda para uma sessão em que se fará uma “aproximação à música tradicional da Indonésia”, por Arif Bakhtiar, da Embaixada da República da Indonésia em Lisboa.

6 Mai 2024

FRC | Inaugurada hoje mostra sobre caligrafia e pensamento sino-português

É hoje inaugurada na Fundação Rui Cunha, a partir das 18h30, a exposição “Caligrafia do Pensamento em Português e Chinês”, da autoria de Fernando António e Choi Chun Heng. O público pode, assim, ver, 60 obras que espelham 30 pares de aforismos em português e chinês, pintados com recurso à caligrafia

 

Quem aprecia a arte da caligrafia pode ver, a partir de hoje, às 18h30, na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC), uma nova exposição. Trata-se de “Caligrafia do Pensamento em Português e Chinês”, da autoria dos artistas Fernando António e Choi Chun Heng. A mostra reúne, no total, 60 obras com 30 pares de aforismos representados pela arte da caligrafia nas duas línguas de Macau, o português e o chinês.

Segundo um comunicado da FRC, o projecto que agora se apresenta nasceu pela mão de Fernando António que, já nos tempos de escola, começou a sentir interesse pela caligrafia. Citado pelo mesmo comunicado, Fernando António revelou que depois, ao longo da vida adulta, continuou “a praticar nas décadas seguintes e a melhorar substancialmente as capacidades”.

“Ao longo dos anos, tive a oportunidade de ter aulas de caligrafia e pintura tradicional chinesa, onde aprendi sobre o pincel chinês Hui e a tinta Hui, bem como o papel Xuan (papel de arroz) com o seu sabor distinto”, acrescentou.

Foi assim que surgiu a Fernando António a ideia de “escrever caligrafia portuguesa”, uma experiência que o “satisfez e agradou a outros”.

A pares

Quando percebeu que a sua ideia tinha sido bem-sucedida, Fernando António convidou o mestre de caligrafia Choi Chun Heng para fazer a exposição conjunta que agora se apresenta ao público. A ideia era expressar pensamentos caligrafados nas duas línguas oficiais de Macau.

Fernando António é um calígrafo e coleccionador local, além de ser presidente do Conselho Fiscal da Associação de Pintura e Caligrafia do Oriente de Macau. O seu nome já esteve presente na terceira exposição de obras dos membros da referida associação, co-organizada pela FRC em Setembro de 2019.

Já Choi Chun Heng é amador de caligrafia, pintura, música, arte popular e coleccionismo, sendo também presidente da Casa de Arte Da Feng Tang de Macau. Actualmente aposentado da Administração Portuguesa, tem-se dedicado à arte como instrutor do curso de formação em caligrafia chinesa na Universidade de Macau, além de diversas escolas primárias e secundárias e outras associações locais. Nos últimos 20 anos realizou muitas exposições de caligrafia e pintura em Hong Kong, Macau, Taiwan e outras cidades da região. O seu trabalho ganhou o Campeonato de Caligrafia de Macau em 1989, tendo apresentado programas de educação moral como “Disciple Rules” e “Normal Mind – Ordinary Things”, exibidos nos canais de televisão de Macau. A exposição na FRC fica patente até ao dia 18 de Maio.

6 Mai 2024

Hengqin | Arrancaram excursões sob nova política de vistos

O Governo acompanhou o primeiro grupo de 16 excursionistas, oriundos de Guangdong, que ontem realizou a primeira viagem a Macau ao abrigo da nova política de vistos com múltiplas entradas entre o território e Hengqin.

Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), este grupo esteve três dias e duas noites entre Macau e Hengqin, pernoitando nos dois locais. Em Macau, foi feito um passeio pelos bairros comunitários na península e ilhas, com destaque para o centro histórico, vila de Ka-Hó, em Coloane, Casas-Museu da Taipa ou Rua da Felicidade. Houve tempo para compras, experiências gastronómicas ou outras actividades de lazer.

A DST espera, com esta nova política de vistos, “explorar e promover mais itinerários característicos [das duas zonas]” além de “aproveitar o mercado das excursões conjuntas e continuar a expandir as fontes de visitantes”.

Recorde-se que a política de vistos de múltiplas entradas entre Macau e Hengqin foi aprovada oficialmente a 28 de Abril com a publicação do documento oficial pela Administração Nacional de Imigração da China. Assim, cidadãos do interior da China podem participar em excursões de sete dias com entrada e saída através do Posto Fronteiriço de Hengqin.

O primeiro dia da nova medida aconteceu ontem, esperando-se, com esta nova política, “alargar o mercado de visitantes do Interior da China para Macau e Hengqin, beneficiar os negócios das agências de viagens e a actividade dos guias turísticos dos dois lados”, além de “acelerar o desenvolvimento integrado entre a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.

6 Mai 2024

Economia | Mais sociedades no primeiro trimestre

Nos primeiros três meses deste ano foram constituídas em Macau 1.117 sociedades, mais 12 do que no mesmo período de 2023, e foram dissolvidas 228, menos três do que no primeiro trimestre do ano passado, segundo dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). É também indicado que o crescimento líquido do número de sociedades foi de 889.

Entre as sociedades constituídas, 372 eram do sector do comércio por grosso e retalho e 339 do sector dos serviços prestados a empresas.

O capital social das novas sociedades totalizou 203 milhões de patacas, valor que representa uma quebra trimestral de 15 por cento, dos quais 47 milhões de patacas, ou 23 por cento, diziam respeito a sociedades que se dedicam a “investigação e exploração de produtos de tecnologia de ponta, à venda destes produtos e à prestação de serviços de tecnologia informática”.

Em relação à origem do capital social, a DSEC revela que 54,7 por cento foi de Macau e 35,3 por cento da China. Analisando por escalão de capital social, 70,5 por cento das novas sociedades tinham capital social inferior a 50 mil patacas.

6 Mai 2024

IAS | Cerca de 6.000 idosos residentes no Interior em 2023

No ano passado, cerca de 6.000 residentes séniores de Macau, que receberam o subsídio para idosos, residiam no Interior da China. Destes, mais de 4.000 viviam nas nove cidades da Grande Baía, indicou o presidente do Instituto de Acção Social, Hon Wai, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Sun Iok.

O responsável aponta que “de acordo com as informações obtidas, os idosos de Macau voltam para a sua residência no Interior da China, onde passam a vida na velhice, principalmente, em casa de parentes e amigos, no domicílio e na comunidade”. Porém, Hon Wai salienta que o número de idosos que escolhem ficar em lares na China é menor, exemplificando a tendência revelando que actualmente menos de 80 residentes de Macau residem em lares de idosos em Zhuhai.

O presidente do IAS levanta também a hipótese de os cofres públicos da RAEM financiarem instalações no Interior. “O Governo da RAEM, com experiências de criação do centro de serviços para idosos, de uma forma pioneira e experimental, no projecto “Novo Bairro de Macau” […] em Hengqin, explora um modelo adequado para criar equipamentos de serviços para idosos no Interior da China.”

6 Mai 2024

AAM | Visita de intercâmbio a Portugal em Junho

A Associação dos Advogados de Macau (AAM), presidida por Vong Hin Fai, irá realizar, entre Junho e Julho, uma viagem de intercâmbio a Portugal com 18 membros para reunir com a Ordem dos Advogados portuguesa. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o presidente da AAM explicou que a viagem serve ainda para visitar entidades na área da arbitragem jurídica e diversas universidades portuguesas para apresentar a jurisdição de Macau e assinar acordos de cooperação em diversas áreas.

Vong Hin Fai declarou que, nos últimos três anos, registaram-se em Macau cerca de 450 novos causídicos por ano, número que se manteve semelhante aos anos anteriores. Além disso, 70 advogados pediram para cessar a actividade no território, sendo que a maioria o fez para ir trabalhar para a Administração pública ou outros órgãos judiciais. O responsável adiantou também que a AAM forma cerca de 25 novos advogados todos os anos.

Estas declarações foram proferidas ontem no âmbito da apresentação do programa anual do Dia do Advogado, realizado entre os dias 11 e 19 deste mês. Incluem-se, além de diversas actividades, consultas jurídicas gratuitas à população a decorrer no Largo do Senado no fim-de-semana de 18 e 19 de Maio.

6 Mai 2024

Fundação Jorge Álvares | Lançado livro “Encontros na Cidade Proibida”

O livro “Encontros na Cidade Proibida”, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, lançado na sexta-feira, leva o público infanto-juvenil numa viagem ao Oriente e ao encontro do padre jesuíta Tomás Pereira.

A narrativa centra-se “na histórica personagem do padre jesuíta português Tomás Pereira, que, entre 1673 e 1708, viveu em Pequim e adoptou o nome chinês Xu Risheng”, referiu em comunicado a Fundação Jorge Álvares (FJA), responsável pelo projecto editorial, que conta ainda com ilustrações de Rui Sousa.

Tomás Pereira “foi também músico, astrónomo, geógrafo, tecnólogo, tradutor e conselheiro diplomático do Imperador da China, Kangxi, com quem manteve uma relação muito próxima, a qual transcendeu um mero relacionamento formal e diplomático”, acrescenta a nota.

Esta ficção histórica destina-se “essencialmente a alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico” e combina “uma emocionante aventura de dois jovens irmãos, Francisca e Luís, em terras do Oriente, com a história e cultura de Macau e da China antiga”.

“Com este livro, a Fundação Jorge Álvares pretende continuar a preencher lacunas no conhecimento dos jovens sobre as relações de mais de 500 anos entre Portugal e a China”, indicou a presidente da Fundação Jorge Álvares, Maria Celeste Hagatong.

Neste sentido, referiu a responsável, a Fundação levou recentemente a cabo uma acção de oferta de dois exemplares da obra a mais de 1.500 bibliotecas escolares e colégios privados de Portugal continental.

Seguem-se as bibliotecas escolares e colégios privados dos Açores e da Madeira, “bem como as escolas de Macau e algumas escolas de língua portuguesa espalhadas pelos vários cantos do mundo”. “Encontros na Cidade Proibida” vai estar em breve também disponível na biblioteca digital da FJA.

5 Mai 2024

Exportações lusófonas para a China fixam novos máximos

As exportações dos países de língua portuguesa para a China registaram o melhor arranque de ano de sempre, ao atingir 35 mil milhões de dólares no primeiro trimestre do ano.

Este é o valor mais elevado para o período entre Janeiro e Março desde que o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) começou a apresentar este tipo de dados dos Serviços de Alfândega da China, em 2013.

As exportações aumentaram 23,6 por cento em termos anuais sobretudo devido ao maior fornecedor lusófono do mercado chinês, o Brasil, cujas vendas cresceram 25,8 por cento, para 29,3 mil milhões de dólares, um novo máximo para um primeiro trimestre.

As vendas de mercadorias de Angola para a China aumentaram 9,6 por cento para 4,32 mil milhões de dólares, enquanto as exportações de Portugal subiram 5,4 por cento para 743,7 milhões de dólares. Os dados, divulgados na quinta-feira, mostram que a maioria dos países de língua portuguesa exportou mais para a China, incluindo Moçambique, cujas vendas subiram 26,6 por cento, para 407,4 milhões de dólares.

Também Timor-Leste (+1.866 por cento), Cabo Verde (+72,2 por cento) e Guiné-Bissau (+686,7 por cento) viram as exportações para a China aumentar no primeiro trimestre de 2024, embora nenhum dos três países tenha vendido mais de 132 mil dólares (123 mil euros) em mercadorias.

Tendências opostas

Na direcção oposta, os países lusófonos importaram mercadorias no valor de 19,2 mil milhões de dólares da China, um aumento anual de 12,5 por cento e um novo recorde para um primeiro trimestre. O Brasil foi o maior parceiro comercial chinês no bloco lusófono, com importações a atingirem 16,1 mil milhões de dólares, seguido de Portugal, que comprou à China mercadorias no valor de 1,46 mil milhões de dólares.

Ao todo, as trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 54,3 mil milhões de dólares entre Janeiro e Março, mais 19,4 por cento do que em igual período de 2023 e um novo máximo para um primeiro trimestre. A China registou um défice comercial de 15,8 mil milhões de dólares com o bloco lusófono no primeiro trimestre de 2024.

5 Mai 2024

Automóvel | Tecnológicas prometem abalar sector com eléctricos inteligentes

Carros que estacionam autonomamente, equipados com assistentes de voz e baterias com autonomia de 700 quilómetros e carregáveis em 20 minutos fazem parte da nova geração de automóveis chineses que ameaçam a concorrência. “O período da China que copiava acabou”, afirmou à agência Lusa o director de marketing da fabricante alemã Volkswagen no país asiático, Jochen Sengpiehl. “A inovação está a acontecer aqui”, acrescentou.

A emergência das marcas chinesas, algumas fundadas há menos de uma década com os olhos postos no segmento eléctrico, promete ter “grande impacto” na indústria, advertiu Carlos Martins, que dirige uma fábrica da empresa portuguesa de componentes para automóveis Sodecia no nordeste da China.

Carlos Martins, que vive no país há dez anos, destacou à Lusa a velocidade “completamente diferente” de actuar dos fabricantes locais, em contraposição com as congéneres europeias, que têm estruturas organizacionais “muito pesadas” e que levam “muito tempo” a executar modificações.

No ano passado, os modelos eléctricos da série ID, da Volkswagen, não foram além de 3 por cento de quota de mercado no segmento eléctrico na China, que compõe 50 por cento das vendas a nível global do fabricante alemão.

Os eléctricos representaram 24 por cento das vendas de carros novos na China, em 2023, segundo dados do sector. Se forem incluídos os híbridos, a quota de veículos alimentados por novas energias nas vendas totais atingiu 36 por cento.

A Volkswagen está a preparar o lançamento de novos modelos em parceria com a Xpeng, a marca chinesa de carros eléctricos pela qual pagou 630 milhões de euros por uma participação de 4,99 por cento em 2023. “Já não podemos fazer tudo sozinhos”, admitiu Sengpiehl.

Em causa, está a reconfiguração do automóvel pelas tecnológicas chinesas Huawei, Xiaomi ou Baidu de um meio de transporte privado alimentado por um motor de combustão interna, para um dispositivo tecnológico movido a energia eléctrica.

“Criar Uma Casa Móvel” é, por exemplo, o lema da Li Auto, a fabricante chinesa cujos veículos estão equipados com tecnologia de controlo por gestos, sistema de karaoke, tomadas eléctricas, frigorífico ou um painel OLED de 17 polegadas onde é possível assistir a filmes ou jogar jogos.

“As marcas tradicionais estão a trazer brinquedos analógicos para um parque digital”, descreveu Tu Le, o director da consultora Sino Auto Insights, à Lusa. O título de uma reportagem publicada pelo jornal The New York Times é igualmente enfático: “Para o mercado automóvel da China, o eléctrico não é o futuro. É o Presente”.

A alastrar

O domínio chinês alarga-se também à indústria de baterias. As chinesas CATL e BYD são os maiores fabricantes mundiais. Pequim mantém ainda forte controlo no acesso a matérias-primas essenciais. Isto é resultado de mais de uma década de subsídios, investimento a longo prazo e gastos com infraestrutura. “Foi preciso uma política industrial focada, muita paciência e muito capital”, resumiu Tu.

Em 2014, o líder chinês, Xi Jinping, afirmou que o desenvolvimento de carros eléctricos era a única forma de a China se converter numa “potência do sector automóvel”, que passou a constar nos planos quinquenais delineados pelo Partido Comunista Chinês e, nos anos seguintes, foram criadas centenas de marcas de veículos eléctricos no país.

Isto gerou excesso de capacidade de produção e um problema de sustentabilidade financeira: mais de 60 por cento dos fabricantes chineses de eléctricos vendem menos de 10.000 carros por ano. Devido à feroz guerra de preços em curso, apenas a norte-americana Tesla e a BYD conseguem permanecer lucrativas, o que deverá conduzir a uma consolidação do sector nos próximos anos.

“Em nenhuma outra região do mundo a transformação da indústria automóvel é tão rápida como na China”, afirmou Oliver Blume, diretor executivo da Volkswagen, numa conferência de imprensa no Salão do Automóvel da China. “Este mercado tornou-se uma espécie de centro de alta performance para nós. Temos de trabalhar mais e mais depressa para o manter”, afirmou.

5 Mai 2024

Turismo | Governo promove acções nos bairros comunitários

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) irá promover este mês uma série de acções promocionais a fim de atrair turistas aos bairros comunitários e com menos visitantes, nomeadamente na zona norte da península. Desta forma, várias associações foram subsidiadas para realizar os eventos. Um deles é a acção “Divirta-se por Macau! Visitas Guiadas de Turismo Comunitário” e visa a organização de 36 visitas guiadas até ao dia 30 de Junho com três itinerários, que passam pela Rua da Felicidade, Praça de Santo Agostinho, Templo de A-Má ou Porto Interior.

Entre hoje e o dia 12 irá realizar-se, no antigo Canídromo, o evento “Desfrute do Desporto e da Diversão no Distrito Norte”, com a instalação de tendas para a realização de actividades desportivas, experiências gastronómicas e apresentação de produtos criativos de Macau, sem esquecer a realização de espectáculos.

Além disso, entre os dias 18 e 25 de Maio, realiza-se a “Aventura em Família no Carnaval da Cidade de Macau”, na zona do Jardim da Cidade das Flores. Este programa inclui uma feira com produtos locais, oficinas de artesanato, exposições e actividades de rua.

5 Mai 2024

Imobiliário | Mercado com ligeira melhoria em Abril

Na primeira metade de Abril, registaram-se mais casas vendidas e o preço por metro quadrado também apresentou uma subida, face aos primeiros 15 dias de Março. A informação consta dos dados publicados pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), que ainda não têm em conta o efeito das medidas de apoio ao mercado imobiliário, que entraram em vigor a 20 de Abril.

Segundo a informação disponibilizada, na primeira metade de Abril houve um total de 101 transacções de habitação, por uma média de 80.220 patacas por metro quadrado.

O cenário contrasta com a primeira metade de Março deste ano, em que se tinham registado 66 transacções, a um preço de 78.522 patacas por metro quadrado.

Em comparação com a primeira metade de Abril do ano passado, houve uma redução de 27 transacções, e o preço médio do pé quadrado apresentou uma redução significativa de 27,1 por cento. Na primeira metade de Abril do ano passado, o preço médio do metro quadrado era de 99.098 patacas.

Em comparação com 2019, o último ano antes do impacto da pandemia da covid-19, a primeira metade de Abril tinha registado 388 compras e venda de habitação, com o preço médio por metro quadrado cifrado em 108.464 patacas.

Desde de 20 de Abril, que entrou em vigor um pacote de medidas proposto pelo Governo para “garantir a estabilização do preço das habitações e aumentar o número de compras”. Os dados oficiais ainda não reflectem estas medidas que passaram pelo cancelamento do imposto do selo especial, do imposto do selo adicional e do imposto do selo sobre a aquisição de fracções habitacionais.

5 Mai 2024

Português | Os nomes de chineses que não falam a língua

Macau apresenta o quadro peculiar da existência de residentes de etnia chinesa que possuem nomes portugueses, apesar de não dominarem a língua. Ainda assim, e segundo uma reportagem da Lusa, o nome português significa casa e uma ligação ao território

 

João Paulo, João Pedro, Sónia e Jaquelina estão entre os muitos residentes de Macau que receberam um nome próprio português, língua que não falam, mas que consideram parte da identidade.

Se João Paulo tivesse nascido um ano mais tarde, já depois da transferência de Macau para a China, em 1999, seria hoje John Paul, versão inglesa do nome do antigo Papa. Era esse o desejo dos pais, e teria acontecido não fosse uma lei, em vigor durante a administração portuguesa, trocar-lhes as línguas, e unir para sempre este filho de filipinos católicos a Portugal, país que hoje, aos 26 anos, ainda não conhece.

Ficou registado como João Paulo Alfonso. O nome próprio da irmã é Joana Carla, e do irmão, já nascido no pós-transição, John Gabriel.

Portugal existe assim, na forma de um nome próprio, na vida de “muitas outras crianças, nascidas em Macau nos anos 1990”, diz à Lusa o designer gráfico, que admite mal falar a língua portuguesa e não saber se pronuncia correctamente o próprio nome.

“Sentia estranheza quando era pequeno, costumavam perguntar-me se falava português, e, além disso, era um nome estranho para a minha família nas Filipinas, para os meus amigos chineses, professores e colegas que não conseguiam pronunciar”, conta. “Mas é o nome que me foi dado, vai sempre fazer parte da minha identidade”.

No caso de João Pedro Lau, cumpriu-se uma tradição de família. Nascido também durante a administração portuguesa, este jornalista, na casa dos 30, é filho de João, que, por sua vez, tem como pais António e Maria Assunção, todos chineses de Macau, sem origem portuguesa. “Reflecte provavelmente a forma como a geração do meu pai olhava para a própria identidade, para a Macau daquela altura”, analisa.

Os passaportes portugueses, com direitos de cidadania plena, foram concedidos a quem nasceu no território até 1981, e a nacionalidade garantida aos descendentes. Daí a existência de milhares de pessoas com este passaporte em Macau, como é o caso de João Pedro Lau e da família.

Quanto ao nome português, várias razões terão pesado na decisão. “Talvez por necessidade, por causa do baptismo” ou para facilitar a comunicação com as autoridades portuguesas e amigos macaenses do pai, conta, ao referir-se à comunidade euro-asiática, composta sobretudo por lusodescendentes com raízes no território.

Mas a adopção do nome aconteceu só em adulto. Por ser criança e não ter acesso aos documentos de identificação, João Pedro ignorou durante muito tempo ter nome português. Na primária, era conhecido como Lau Wai Kin, também registado à nascença.

Ao avançar no percurso escolar, escolheu ser Peter, “por não conseguir pronunciar” a versão portuguesa, e, só já universitário, abraçou o nome do documento de identificação, João Pedro. Coincidiu com a altura em que se começou a relacionar com falantes da língua.

Alguns “arrependimentos”

Já Sónia Josefina da Silva Price, instrutora de pilates de 32 anos, tem raízes em Portugal, por parte do pai que é macaense. Define assim a língua portuguesa: “É casa, mas com arrependimentos”.

Aos 5 anos, o português deixou de ser língua materna, quando os pais se divorciaram e ficou a viver com a mãe. Sónia frequentou a escola chinesa e admite que, em Macau, há mais hipóteses de trabalho para quem segue essa via de ensino.

Mas o nome, diz, é identidade: “Sou uma espécie de última geração, que assistiu a todas estas mudanças com os Governos português e chinês. Ainda sinto hesitação em acrescentar o meu nome chinês ao bilhete de identidade. Este nome não é apenas uma parte de mim, mas é o meu todo, se é que isso faz sentido”.

Já Jaquelina Quintal – ou Chan In San -, 37 anos, vive entre dois nomes. Mas não entre línguas. “Por respeito ao pai”, a mãe, macaense, falava cantonês em casa, explica a supervisora na área da segurança da construção. “Apesar de ter nome e passaporte portugueses, nasci em Macau, que regressou há muito tempo para a China, e sinto-me chinesa”, diz a macaense, que assume “muita vergonha” por “não entender nada de português”.

Jaquelina reconhece “a importância” da língua – a par do chinês -, com “diferentes oportunidades de emprego”, numa altura em que Pequim aposta em Macau como ponte de ligação entre a China e os países de língua portuguesa.

Mas da parte desse grupo de países unidos pela língua, diz João Pedro Lau, falta “projecção cultural”: “Pessoalmente, é uma língua com valor significativo, seria prática de usar, dada a minha identidade e pelo facto de estar a viver em Macau, mas se fosse outra pessoa qualquer no mundo, não aprenderia português, talvez outra língua europeia ou asiática”.

Em Macau, 86,2 por cento da população fala fluentemente cantonês como meio de comunicação, 45 por cento mandarim, 22,7 por cento inglês, sendo que apenas 2,3 por cento é fluente em português, de acordo com os censos de 2021.

5 Mai 2024

Idosos | Wong Kit Cheng pede mais habitação

Após a divulgação do plano para construir mais 900 fracções habitacionais para idosos na Zona A dos Novos Aterros, a deputada Wong Kit Cheng apelou ao Executivo para aumentar o número de casas disponíveis. Segundo os argumentos da legisladora ligada à Associação das Mulheres, com o envelhecimento previsível da população a procura por este tipo de habitações apenas vai subir. Por isso, é necessário planear com mais antecedência.

As residências para idosos são um tipo de habitação pública que pode ser arrendada por pessoas independentes com mais de 65 anos. Nestes edifícios são disponibilizados alguns serviços a pensar na terceira idade, como centro de dia, espaços de convívio, entre outros.

Wong Kit Cheng também considerou que o Governo deve adoptar medidas para aumentar o número de vagas nos lares de terceira idade. A deputada mostrou-se preocupada com as longas filas de espera para quem pretende frequentar uma instituição deste género. No entanto, a deputada também sugere alternativas, e pede ao Governo que pondere um serviço mais flexível de consultas médicas ao domicílio, como forma de auxiliar idosos, sem que estes tenham de procurar instituições específicas.

5 Mai 2024

EUA | Conselheiros de Biden temem repercussão de protestos estudantis

Os conselheiros do Presidente dos EUA, Joe Biden, estão preocupados com a repercussão para a Casa Branca das manifestações pró-palestinianas nas universidades, que recordam protestos estudantis dos anos 60 do século passado.

Em recentes declarações ao jornal Washington Post, um assessor da recandidatura presidencial de Biden confessava que o debate sobre a posição da Casa Branca relativamente ao conflito no Médio Oriente pode tornar-se um tema de campanha que acabará por beneficiar o adversário republicano, o ex-presidente Donald Trump, sobretudo depois da escalada de conflito nos protestos estudantis nas universidades.

O argumento que sustenta as preocupações nas fileiras democratas prende-se com o radicalismo das posições assumidas pelo Governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que pode desmobilizar o eleitorado mais à esquerda do Partido Democrata, se Biden não se demarcar de algumas das suas decisões no conflito na Faixa de Gaza.

Por outro lado, os conselheiros do Presidente norte-americano estão preocupados com o facto de as manifestações pró-palestinianas em diversas universidades estarem igualmente a suscitar um debate sobre os limites da liberdade de expressão, o que poderá dar relevantes armas políticas a Trump, que tem acusado Biden de usar instrumentos da máquina judicial e política para procurar conter as posições conservadoras dos republicanos.

A história repete-se

Os conselheiros de Biden lembram ainda que a Casa Branca pode ser afectada por qualquer escalada no conflito social provocado pelas manifestações nas universidades, tal como aconteceu em 1968, quando, a propósito da luta pelos direitos civis e contra a guerra no Vietname, num cenário de manifestações estudantis, o Partido Democrata acabou por ser derrotado por Richard Nixon.

O paralelismo entre o que aconteceu na Universidade de Columbia em 1968 e agora, em 2024, é inevitável, sobretudo depois de a presidente da instituição, Minouche Shafik, ter apelado à intervenção policial para desmobilizar os estudantes ativistas pró-palestinianos, repetindo acções de detenção de alunos que se verificaram há mais de 50 anos.

Em 1968, os alunos protestavam contra a ligação da Universidade de Columbia a uma organização que fazia investigação de armas para a guerra do Vietname, bem como contra a forma como a administração tratava os alunos de minorias étnicas.

Tal como sucedeu nos últimos dias, a administração da universidade permitiu que agentes da Polícia de Nova Iorque entrasse nas instalações para expulsar os manifestantes, provocando duros confrontos físicos, que levaram a dezenas de detenções e feridos.

Os confrontos estudantis prejudicaram fortemente a imagem do então presidente democrata Lyndon Johnson, bem como as aspirações políticas do candidato do partido às eleições presidenciais de Novembro de 1968, Hubert Humphrey, que acabou derrotado pelo republicano Richard Nixon.

Charles Blow, analista político e colunista do jornal The New York Times, estabelece o paralelo entre o momento vivido em 1968 e aquele que agora se repete em várias universidades e lembra que há 50 anos os democratas sentiram na pele os efeitos dos protestos estudantis na convenção do partido que se realizou em Chicago.

Também em 1968 se debateu a questão do direito à liberdade de expressão dos estudantes e também a decisão de usar os agentes policiais para desmobilizar as manifestações acabou por afetar a imagem da Casa Branca, o que pode ser um aviso para a postura de Biden sobre esta matéria, como defende Blow.

Esta semana, Donald Trump preferiu comparar os protestos estudantis na Universidade de Columbia com a invasão do Capitólio, a 6 de Janeiro de 2021, pelos seus apoiantes, com o objectivo de tentar reverter a vitória de Biden nas eleições presidenciais de 2020.

“Os alunos ocuparam um edifício. Isso é um grande problema. Eu interrogo-me se o que acontecerá será comparável ao que aconteceu a 6 de Janeiro”, ironizou Trump, referindo-se ao facto de muitos dos seus apoiantes terem sido investigados e punidos judicialmente pela invasão do Capitólio.

3 Mai 2024

Timor Gap e Timor Resourse assinam acordo que põe fim a diferendo

A petrolífera estatal timorense Timor Gap e a Timor Resource, empresa privada australiana, assinaram ontem um acordo que põe fim ao diferendo que as opunha e abre a porta para o início da exploração de petróleo “onshore”.

“Este acordo resolve as diferenças que a Timor Gap e a Timor Resource tiveram no passado”, afirmou Rui Soares, presidente da Timor Gap. Segundo Rui Soares, os diferendos foram ultrapassados e encontrada uma solução, que foi aprovada por Conselho de Ministros.

“Hoje (ontem) é um dia muito importante para nós, enquanto empresa pioneira estrangeira na exploração ‘onshore’ em Timor-Leste. O que assinamos hoje foi um acordo mutuamente benéfico, que cria estabilidade e certeza para a entrada de investimento estrangeiro em Timor-Leste”, afirmou a presidente do conselho de administração da Timor Resource, Suellen Osborne.

As duas empresas mantinham um diferendo sobre direitos e obrigações do consórcio, detido pela Timor Resourse, Timor GAP e subsidiárias – nomeadamente sobre o financiamento das atividades para desenvolvimento da exploração, apesar de terem uma participação idêntica no consórcio.

A Timor Resource e a Timor GAP têm um contrato de partilha de produção para dois blocos terrestres, nomeadamente os blocos A (no município de Covalima) e o B (nos municípios de Manufahi e Ainaro). Entre 2021 e 2022, a Timor Resource completou a prospeção em três poços (Karau, Kumbili e Lafaek) e os resultados das perfurações exploratórias mostraram a descoberta de hidrocarbonetos (petróleo e gás).

Teste comercial

Questionado sobre o início da exploração comercial daquelas descobertas, Stuart Laque, director operacional da Timor Resource, começou por dizer que historicamente a operação foi um sucesso, mas que ainda falta provar se é comercial.

“Desde 1957 foram perfurados 26 poços em terra e temos apenas três sucessos técnicos. O nosso foco inicial serão as oportunidades petrolíferas, porque o petróleo está a menos de 1.000 metros de profundidade”, salientou.

Segundo Stuart Laque, apesar de se saber que “offshore” há petróleo e gás em Timor-Leste, “onshore” ainda não está provado que seja comercial, mas, caso seja, o objectivo é “chegar a cerca de 5.000 barris de petróleo por dia até ao final de 2025”.

3 Mai 2024

Sérvia | Presidente Aleksandar Vucic enaltece visita de Xi Jinping

O Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, disse na terça-feira que a iminente visita de Estado do Presidente chinês, Xi Jinping, é não só um grande evento diplomático para a Sérvia, mas também um grande evento digno da alegria de todo o povo sérvio.

Ao expressar a sua crença de que a visita de Xi trará uma nova esperança para o desenvolvimento da Sérvia, o Presidente afirmou: “Estou muito ansioso pela visita do presidente Xi”, inca a Xinhua. Vucic proferiu estas declarações ao reunir com o presidente da Agência de Notícias Xinhua, Fu Hua, em Belgrado.

Observando que a China é o “amigo de ferro” da Sérvia e que os intercâmbios entre os dois países são totalmente francos e abertos, Vucic disse que a Sérvia nunca esquecerá o apoio do povo chinês, acrescentando acreditar que Xi sentirá a simpatia e a amizade do povo sérvio durante sua visita.

A Sérvia apoia firmemente a posição da China em salvaguardar seus interesses centrais e grandes preocupações, enfatizou Vucic. Sobre a questão de Taiwan, Vucic disse que a Sérvia defende firmemente o princípio de Uma Só China e apoia a China na salvaguarda da sua soberania e integridade territorial.

3 Mai 2024