Hoje Macau China / ÁsiaÍndia ameaça “resposta muito forte” contra qualquer novo ataque do Paquistão O ministro dos Negócios Estrangeiros indiano avisou ontem que um novo ataque do Paquistão provocará uma “resposta muito forte” da Índia, um dia depois do confronto militar mais violento das últimas duas décadas entre os dois países. “Não é nossa intenção provocar uma nova escalada” do conflito, disse Subrahmanyam Jaishankar, na abertura de um encontro com o homólogo iraniano, Abbas Araghchi. “Mas se formos atacados, não há dúvida de que responderemos com muita firmeza”, assegurou. A ameaça é feita um dia depois de o Paquistão ter garantido que vai vingar os mortos causados pelos ataques aéreos indianos que, segundo Nova Deli, foram uma resposta a um ataque em Caxemira. “Estamos empenhados em vingar cada gota de sangue destes mártires”, frisou o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, num discurso à nação na quarta-feira à noite. Em crescendo Nas últimas duas semanas, a tensão entre a Índia e o Paquistão tem crescido, na sequência de um atentado, a 22 de Abril, em Pahalgam, uma cidade turística na parte indiana da região disputada de Caxemira, no qual morreram 26 pessoas. A Índia acusou o Paquistão de apoiar o grupo extremista que responsabilizou pelo ataque, uma acusação que Islamabade negou veementemente. Depois de várias medidas diplomáticas e uma série de incidentes ao longo da fronteira que separa os dois países em Caxemira, Nova Deli lançou, na terça-feira à noite, ataques contra três zonas do Paquistão, que, segundo o Governo indiano, constituíam “locais terroristas”, na província de Punjab. Poucas horas depois, o Governo paquistanês anunciou ter abatido vários aviões militares indianos e, na quarta-feira de manhã, uma sequência de bombardeamentos realizados por Islamabade e Nova Deli provocou pelo menos 38 mortos, no maior confronto dos últimos 20 anos. Ontem, a Índia anunciou que 13 civis morreram e 59 ficaram feridos na Caxemira em retaliação pelo ataque paquistanês lançado na quarta-feira sobre o seu território e o Paquistão afirmou que abateu um drone indiano em Lahore. O Irão ofereceu-se para mediar o conflito entre as duas potências nucleares, tendo o ministro responsável pela diplomacia de Teerão reunido com responsáveis do Governo paquistanês na segunda-feira. À chegada à Índia, Abbas Araghchi admitiu que espera que “as partes tenham moderação para evitar uma escalada de tensões na região”. O Irão mantém boas relações com a Índia e com o Paquistão, com o qual faz fronteira.
Hoje Macau EventosFundação Rui Cunha acolhe “Polifonia” até à próxima semana A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe até sábado da próxima semana, dia 17, a exposição colectiva “Polifonia”, com trabalhos do artista Gu Yue e de seis doutorandos da Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), co-organizadora do evento. O projecto dá a conhecer 20 obras que representam as formas e estilos do renomado artista e Professor Gu Yue e dos seus discípulos Luo Su, Zhu Zhaohui, Wang Kongbin, Ding Song, Guo Weiwei, e Wei Dongsheng. Segundo uma nota da FRC, esta exposição apresenta “um banquete visual que transcende a tradição e a contemporaneidade, o material e o digital, o local e o global, através da colisão de diversos media e da ressonância de ideias”. Os trabalhos abrangem diversas formas de arte, “como instalações, pinturas a óleo, pinturas em laca, pinturas de areia e trabalhos a pincel de detalhe, exibindo o ecossistema artístico único de Macau como um ponto de convergência cultural”, é referido. O nome da exposição tem origem “na terminologia musical, referindo-se à oposição e simbiose de múltiplas vozes”. A apresentação da mostra refere que “a missão da arte é criar desorientação cognitiva”, sendo que “através do confronto entre o artesanato tradicional e os novos media, e do entrosamento de genes culturais locais e questões globais, ela quebra a narrativa linear e convida o público a calibrar a sua cognição no ‘fosso entre o brilho e a sombra residual'”. Trabalho conjunto O professor Gu Yue alinha os seus trabalhos e a investigação com o tema principal da exposição. As criações dos seis estudantes de doutoramento “partem de experiências individuais e respondem a proposições como a identidade, o tempo e a memória na era do capital digital, formando também uma ressonância multi-voz do pensamento”. A exposição não é apenas uma exibição concentrada de realizações académicas, mas também uma experiência especulativa sobre a essência da arte. “Neste lugar culturalmente estratificado de Macau, a ‘polifonia’ tenta usar a arte como um prisma para reflectir as possibilidades simbióticas de múltiplas realidades”, descreve a equipa, citada pela mesma nota.
Hoje Macau DesportoPrimeira Taça do Mundo de F4 será em Macau A Federação Internacional do Automóvel (FIA), anunciou na tarde de quarta-feira que o Grande Prémio de Macau de 2025 contará no seu programa com a primeira edição da Taça do Mundo de Fórmula 4. O Conselho Mundial do Automobilismo aprovou por votação electrónica a criação desta Taça do Mundo de Fórmula 4 em Macau, juntamente com o regresso ao território da Taça do Mundo de Fórmula Regional, que em 2023 veio ocupar o lugar da Fórmula 3, e da Taça do Mundo de GT da FIA. O conceito da Fórmula 4 foi introduzido pela FIA há mais de uma década e tem sido uma das maiores histórias de sucesso do desporto motorizado de formação, existindo neste momento 13 campeonatos nacionais diferentes dentro do enquadramento técnico e desportivo da FIA. Esta será a quarta vez que a disciplina corre em Macau, tendo sido presença assídua de 2020 a 2023, tendo inclusive sido “cabeça de cartaz” nos três anos em que o mundo esteve mergulhado na pandemia. A FIA não disse como será feito a escolha dos pilotos, apenas referindo em comunicado que haverá “um rigoroso processo de selecção de pilotos, com apenas os jovens mais talentosos a serem autorizados a competir”. A federação internacional salientou igualmente que a empresa chinesa “Mintimes, organizadora do Campeonato Chinês de F4, será o Operador Único, juntamente com a FFSA (Fédération Française du Sport Automobile), responsável por fornecer o apoio técnico à Taça do Mundo de F4 da FIA”. Quer isto dizer que todos os concorrentes terão que utilizar monolugares Mygale M21-F4, recentemente rebaptizados como Ligier JS F422. Apoio de Paris O Presidente da Comissão de Monolugares da FIA, o italiano Emanuele Pirro, afirmou que “Macau é uma parte essencial da formação de um jovem piloto, e temos o dever de proteger o seu legado e futuro. Há tão poucos desafios como o Grande Prémio de Macau que sentimos que era o momento certo para introduzir a Taça do Mundo FIA de F4. Vai permitir que os melhores pilotos a nível nacional aprendam o que é necessário para conduzir no Circuito da Guia num carro de F4, que é um pouco mais permissivo do que um carro de Fórmula Regional, para que, quando regressarem daqui a um ou dois anos para a Taça do Mundo de FR, estejam preparados para mostrar verdadeiramente do que são capazes”. Emanuele Pirro, um ex-vencedor da Corrida da Guia e um entusiasta da prova da RAEM, disse também que “estamos também a trabalhar arduamente para garantir que aproveitamos esta oportunidade para inspirar e educar os jovens pilotos de karting da região. O potencial de crescimento e desenvolvimento na China e na região Ásia-Pacífico é enorme, à medida que impulsionamos a participação no desporto motorizado”. A pensar em Macau O longo comunicado da FIA também refere que esta iniciativa “pretende também trazer estudantes de academias de karting de Macau, da China e da região em geral para assistir ao evento de forma observacional, oferecendo-lhes a oportunidade de vivenciar uma prova de automobilismo e de obter conhecimentos valiosos para os próximos passos nas suas carreiras”. Sem entrar em detalhes, a federação internacional, a mesma que não permitiu que recusou a participação de equipas chinesas na Taça do Mundo de Fórmula Regional no ano passado, diz que “este grande passo beneficiará indiscutivelmente os pilotos locais de Macau, que terão acesso a um leque completo de eventos internacionais – Karting, Fórmula 4 e Fórmula Regional – em solo nacional”. Em comunicado Chong Coc Veng, Presidente da Associação Geral Automóvel de Macau-China, declarou: “Estamos felizes por ver a FIA realizar uma Taça do Mundo de F4 no Circuito da Guia em Macau, o que representa uma oportunidade para os jovens pilotos da região encontrarem o seu caminho de desenvolvimento desde os eventos internacionais de karting até aos monolugares de F4 e FR, e tornarem-se campeões mundiais no futuro”. A participação dos pilotos da RAEM nesta corrida ainda não foi oficialmente divulgado, mas poderá estar limitado em número.
Hoje Macau China / ÁsiaXangai | Legoland vai abrir em Julho maior parque temático do mundo A marca dinamarquesa LEGO, especializada em blocos de construção, vai inaugurar no próximo dia 05 de Julho o seu maior parque temático do mundo em Xangai, no leste da China, avançou ontem a imprensa local. O complexo, situado a cerca de 52 quilómetros a sudoeste do centro da cidade, contará com mais de 75 atracções e espectáculos distribuídos por oito zonas distintas, que incluem milhares de figuras construídas com cerca de 85 milhões de peças LEGO. Os visitantes poderão ainda ver filmes da LEGO numa sala de cinema 4D, bem como alojar-se num hotel temático com 250 quartos, decorados segundo cinco ambientes diferentes inspirados neste universo de brinquedos reconhecido à escala global. Actualmente, o parque encontra-se na fase final de construção: a entrada principal está concluída e as principais 24 atracções estão praticamente prontas. Cerca de mil colaboradores integrarão a equipa desde a abertura. O grande destaque do parque será a zona “Miniland”, uma recriação, construída integralmente com blocos LEGO – com um peso total superior a 45 toneladas – de algumas das áreas mais emblemáticas de Xangai, assim como de outros ícones culturais e turísticos da China. Entre os espetáculos previstos, destaca-se o primeiro espetáculo do mundo dedicado à série “Monkie Kid”, da LEGO, inspirada no Rei Macaco, da obra clássica chinesa Jornada ao Oeste. A Legoland Xangai já iniciou a venda de passes de temporada e bilhetes para visitas exclusivas, que incluem estadias no hotel temático. “Conhecemos bem este mercado e estamos entusiasmados com o seu potencial. Este complexo será uma referência e ponto de encontro para todos os fãs da LEGO na China”, afirmou Fiona Eastwood, diretora executiva da Merlin Entertainments, o grupo britânico responsável pela gestão dos parques Legoland. De acordo com a empresa, mais de 55 milhões de pessoas vivem a duas horas – ou menos – de carro da localização do novo parque.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | China controla “rigorosamente” exportação de bens de dupla utilização A China afirmou ontem que “controla rigorosamente” a exportação de bens de dupla utilização, face a suspeitas de que a Rússia está a utilizar dispositivos tecnológicos de uso civil para fins militares na Ucrânia. “A China aplica controlos rigorosos sobre a exportação de bens de dupla utilização”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, ao ser questionado sobre relatos de que comandos de jogos de vídeo exportados para a Rússia estão a ser utilizados para operar drones. Lin Jian também denunciou que qualquer “cooperação tecnológica normal” da China “torna-se um problema” quando há tentativas de “difamar o país com acusações infundadas e manipulações políticas de má-fé”. O porta-voz não esclareceu se a China está a considerar restrições adicionais às exportações de tecnologia, remetendo para as autoridades competentes. As declarações surgiram depois de a Ucrânia ter manifestado preocupação com o envolvimento de empresas e cidadãos chineses na produção militar russa, uma queixa formal que apresentou ao embaixador chinês em Kiev em Abril, alegando ter provas. Esta semana, a Comissão Europeia afirmou que a China “continua a ser um facilitador fundamental” do esforço de guerra da Rússia e que sem este apoio “Moscovo não podia continuar a guerra com a mesma força”. Pequim defendeu que a sua posição sobre o conflito tem sido “consistente e clara” e está empenhada em “promover o cessar-fogo, o desanuviamento e as negociações”, e garantiu nunca ter fornecido armas letais “a nenhuma das partes” envolvidas na guerra.
Hoje Macau China / ÁsiaMoscovo | Xi saúda aprofundamento da confiança entre China e Rússia Xi encontra-se em Moscovo para participar nas celebrações do aniversário do Dia da Vitória sobre a Alemanha nazi na II Guerra Mundial O Presidente chinês, Xi Jinping, saudou ontem o aprofundamento da confiança entre a China e a Rússia, no início do encontro no Kremlin com o homólogo russo, Vladimir Putin, em Moscovo. “A confiança política mútua entre a China e a Rússia está a aprofundar-se e os laços de cooperação pragmática estão a tornar-se mais fortes”, disse o Presidente chinês, que se encontra em Moscovo para as comemorações do 80.º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial. Xi salientou que “perante a tendência internacional de unilateralismo e de comportamento de intimidação hegemónica, a China vai trabalhar com a Rússia para assumir as responsabilidades especiais das principais potências mundiais”. “Estou muito feliz com esta nova reunião”, disse Vladimir Putin no início do encontro com Xi, transmitido em directo pela televisão russa. O líder russo expressou gratidão por Xi ter decidido comparecer, em Moscovo, às comemorações dos 80 anos da vitória sobre a Alemanha nazi, tal como tinha acontecido no 70.º aniversário. O chefe de Estado russo lembrou que a antiga União Soviética (URSS) perdeu cerca de 27 milhões de pessoas na guerra, enquanto na China o número de mortos foi de 37 milhões, incluindo soldados e civis. Laços benéficos Putin disse que uma guarda de honra chinesa vai marchar na Praça Vermelha na sexta-feira, integrada no desfile militar, e prometeu comparecer às comemorações da vitória da China sobre o Japão, a 03 de Setembro. Para Putin, os laços entre a Rússia e a China são “mutuamente benéficos” e não se opõem a nenhum país terceiro. O chefe de Estado russo disse ainda que os dois países pretendem defender em conjunto a “verdade histórica” sobre a Segunda Guerra Mundial, com Putin a acusar o Ocidente de a tentar distorcer. “Juntamente com os nossos amigos chineses, defendemos firmemente a verdade histórica, protegemos a memória dos acontecimentos dos anos de guerra e lutamos contra as manifestações modernas de neonazismo e militarismo”, referiu Putin. De acordo com a Presidência russa, os líderes vão realizar reuniões em formatos pequeno e grande e adoptar duas declarações conjuntas. Novos acordos O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou ontem a assinatura de um novo acordo de promoção e protecção de investimentos, no âmbito das negociações com o homólogo chinês, Xi Jinping. Na abertura de uma reunião no Kremlin, Putin estimou em mais de 200 mil milhões de dólares o montante dos projectos de investimento tratados pela comissão intergovernamental. Manifestou também a convicção de que este acordo vai contribuir positivamente para a criação de uma atmosfera “mais favorável” e constituir “um importante impulso” para o desenvolvimento da cooperação económica, indicou o líder russo. Putin sublinhou que o actual intercâmbio comercial, que ascendeu a quase 245 mil milhões de dólares no ano passado, “está longe” do limite máximo para os dois países.
Hoje Macau Via do MeioInterpretar Confúcio: a volta estética e os seus desafios (continuação) Em contraste com a abordagem de Fang, Ni trata os Analectos como o texto primário e principal para a compreensão de Confúcio e usa-o como base para a sua interpretação de Confúcio; quando Ni recorre a outros textos, ele o faz apenas medida em que reforça a sua leitura gongfu de Confúcio. Na interpretação de Ni, os Analectos dão o tom para a compreensão de Confúcio. Ni e Fang representam duas abordagens diferentes para entender Confúcio. Essas duas abordagens apresentam dois retratos variados de Confúcio para nós. Qual deles é o verdadeiro Confúcio? Ou, mais precisamente, qual abordagem nos ajuda a entender melhor Confúcio? Se ambas são fundamentadas de alguma forma, qual é a relação entre elas? Permitam-me agora que examine uma outra relação a que aludi anteriormente, a relação entre Confúcio, “o homem”, como sublinhado no subtítulo do livro de Ni, por um lado, e o confucionismo, por outro. O livro de Ni trata principalmente de Confúcio, o homem, o professor e o pensador. Mas também estende o seu argumento ao confucionismo, a tradição filosófica que moldou em grande parte a cultura chinesa. Ni escreve: “Através da lente da perspectiva do gongfu, perceberemos ainda que, como forma de gongfu, os ensinamentos de Confúcio têm como objetivo final não regras morais para constranger as pessoas, mas sim fornecer orientação para permitir que as pessoas vivam vidas boas e artísticas. Por outras palavras, o confucionismo é mais do que moralista” (xiii). A afirmação de Ni de que o confucionismo é mais estético do que moralista é mais radical do que afirmar que devemos ler Confúcio nos Analectos de forma estética do que moralista. Contraria diretamente a opinião comum de que a filosofia confucionista é sobretudo uma filosofia moral. Para mim, tal afirmação parece-me, de um modo geral, totalmente implausível. No entanto, é uma questão demasiado vasta para ser abordada neste pequeno artigo. Aqui vou argumentar que, tecnicamente, a mudança de Ni de “Confúcio” para “Confucionismo” é problemática. A lacuna entre “Confúcio” e “Confucionismo” é muito maior do que pode ser encoberta por uma afirmação rápida. Se dissermos que há duas versões diferentes de Confúcio nas interpretações de Ni e Fang, respetivamente, também há versões variadas de confucionismo. A questão é: qual versão do confucionismo permitiria a Ni fazer um movimento legítimo de uma afirmação sobre Confúcio para a do confucionismo. Noutro lugar, observei que “filosofia de Confúcio” e “filosofia confuciana” (儒家哲学) não são o mesmo conceito.7 Enquanto a “filosofia de Confúcio” sem dúvida denotava a filosofia de Confúcio, o “homem”, “filosofia confuciana” refere-se à filosofia do confucionismo, incluindo as filosofias de Mencius, Xunzi e muitos outros. O termo “confucionismo” foi cunhado no Ocidente do século XIX depois de “Confúcio”, o nome latinizado que os missionários jesuítas do século XVI deram a Kongzi (“Kong Fuzi”),8 para designar a tradição cultural e a filosofia chinesas comummente designadas por “Rujia 儒家”, como a contraparte chinesa do cristianismo no Ocidente. O termo chinês “Rujia”, ou a “Escola do Ru”, não leva o nome de Confúcio, que é Kong Qiu 孔丘. “Rujia” tem sido usado na China para designar a tradição associada a Confúcio e seus seguidores. Por isso, a palavra inglesa “Confucionismo” significa “Ruismo.”9 Muitos dos ideais e ideias filosóficas promovidos por esta escola, no entanto, não foram inventados por Confúcio ou pelos seus seguidores. Confúcio evidentemente levou a sério a tradição Rujia que ele herdou. Ele disse: “Os Zhou olharam para baixo, para as duas dinastias anteriores. Quão rica e bem desenvolvida é a cultura deles! Eu sigo os Zhou”, e ele afirmou explicitamente que estava “transmitindo em vez de inventando (述而不作)” uma filosofia (Analectos 7.1). A tradição “transmitida” inclui não apenas o grande repertório dos ritos Zhou, mas também rituais como a observância do luto de três anos pelos pais falecidos.11Confúcio, sem dúvida, contribuiu muito para a transformação, o renascimento, o desenvolvimento e a operacionalização da tradição Ru. Considerado desta forma, o “Confucionismo” é mais análogo ao “Protestantismo” do que ao “Aristotelismo”. Embora todos os protestantes acreditem em Jesus como o seu Deus (na Trindade), as doutrinas específicas de cada uma das suas denominações, Baptistas, Calvinistas, Luteranos e Metodistas, são atribuíveis a diferentes figuras históricas. Embora o Confucionismo não esteja explicitamente dividido em várias denominações como o Protestantismo, não é atribuído a um único pensador como o Aristotelismo é atribuído a Aristóteles. Historicamente, Rujia tem sido entendida como a filosofia que se manifesta num conjunto de obras clássicas. O corpus dos clássicos confucionistas evoluiu ao longo do tempo. De acordo com o autor do Zhuangzi e dos Registos Históricos de Sima Qian, Confúcio estudou e editou os “Seis Clássicos”, ou seja, o Livro da Poesia, o Livro da História, o Livro dos Rituais, o Livro das Mutações e o Livro da Música e Os Anais da primavera e do outono (Chen 1983: 389; Sima 1959: 1936). Ao editar esses textos ortodoxos transmitidos pela dinastia Zhou, Confúcio fez deles as obras clássicas da tradição associada ao seu nome. Independentemente da precisão registos, não há dúvida de que, durante o período Han Ocidental (202 a.C. – 9 d.C.), os “Cinco Clássicos” (sem o agora perdido Livro da Música) foram considerados os textos confucionistas oficiais quando o governo elevou o confucionismo a filosofia ortodoxa e estabeleceu o cargo oficial de “Mestre Académico dos Cinco Clássicos (五经博士)”. Os Analectos de Confúcio e, em menor grau, o Mencius, provavelmente já eram influentes durante a dinastia Han, mas nenhum deles fez parte da lista dos clássicos ortodoxos (jing) do confucionismo, e nenhum deles foi coberto pelas descrições de cargos do “Mestre Estudioso dos Cinco Clássicos”. O número de textos canónicos confucionistas aumentou gradualmente durante a dinastia Tang (618-902) e as cinco dinastias subsequentes (907-960), para nove, para onze, depois para doze e, durante dinastia Song (960-1279), para treze, que persistiram até aos nossos dias, vulgarmente conhecidos como os “Treze Clássicos.”12Durante um longo período de tempo, os Analectos não foram o mais proeminente dos Treze Clássicos confucionistas. Por isso, quando interpretamos o confucionismo como tradição filosófica, devemos ter em consideração toda a gama de textos clássicos que lhe estão associados. Com base nessas evidências históricas, não podemos equiparar a “filosofia de Confúcio” à “filosofia confuciana”, ou equiparar o “ismo de Confúcio” – se é que podemos cunhar tal termo – ao “confucionismo”. O uso de “confucionismo” para a tradição Rujia é infeliz, particularmente no contexto da erudição ocidental que tem sido fortemente influenciada pelo individualismo, segundo o qual os académicos tendem a atribuir as ideias filosóficas a determinados pensadores individuais e para organizar sistemas filosóficos em conformidade. Por exemplo, o respeitado filósofo novo-confucionista Liu Shu-hsien afirmou que: “A mensagem confucionista deve ser rastreada até Confúcio, tal como a mensagem cristã deve ser rastreada até Jesus Cristo… É através do estudo dos ideais que Confúcio encarnou que podemos esperar encontrar a continuidade entre o neo-confucionismo e o confucionismo clássico”.13 Presumo que por “confucionista” de “mensagem confucionista” Liu queira dizer “Rujia” em vez de “de Confúcio”, pois de outra forma ele estaria afirmando uma tautologia sem sentido (“a mensagem de Confúcio deve ser rastreada até Confúcio”). Mas se ele quer dizer que a mensagem da tradição confuciana (Rujia) deve ser rastreada até a pessoa Confúcio, então a legitimidade da afirmação de Liu não é de forma alguma indiscutível. Por um lado, a mensagem “espiritual” do sistema ritual na tradição é rastreável até a era Zhou pré-Confúcio. Pelo relato do próprio Confúcio, a tradição que chamamos de “Rujia” (“confucionista”) é anterior a Confúcio, o homem, embora sua contribuição tenha moldado muito a tradição 14. Se o meu argumento for válido, mesmo que admitamos que a interpretação de Ni de Confúcio é válida em geral, ainda assim não se segue que essa interpretação se aplique à nossa compreensão do confucionismo sem qualificações. A este respeito, é esclarecedor comparar a abordagem de Ni à interpretação do confucionismo com a de alguns outros académicos, como Yong Huang. Na recente obra de Huang, Why Be Moral?: Learning from the Neo-Confucian Cheng Brothers,15ele opta por discutir ideias selecionadas dos irmãos Cheng que são consideradas “filosóficas” nas tradições ocidentais. Um projeto deste tipo não teria sido possível se Huang tivesse optado por se concentrar nos Analectos de Confúcio, pois tanto Huang como Ni concordariam provavelmente que não há muito de “filosófico” nesse sentido. No entanto, é negar que o trabalho de Huang é sobre o confucionismo e que o confucionismo tem coisas importantes a dizer sobre questões que são normalmente consideradas filosóficas no Ocidente. A minha abordagem pessoal é ver vários textos confucionistas clássicos como abrangendo (ou enfatizando) diferentes dimensões da filosofia confucionista. Evidentemente, os Analectos de Confúcio tratam principalmente, embora não exclusivamente, de se tornar uma boa pessoa e viver uma boa vida, como Ni demonstrou abundantemente no seu livro. O Yijing apresenta uma visão cosmológica do universo confuciano e como os padrões desse universo devem ou deveriam influenciar a sociedade humana e as vidas humanas. Se estudarmos o Yijing e o capítulo Zhongyong do Liji, por exemplo, não podemos deixar de aceitar que a harmonia é um conceito-chave que não se trata apenas de viver uma vida artística, mas também de compreender o padrão cósmico do mundo inteiro. Talvez, em vez de inferir de uma interpretação “estética” de Confúcio para a mesma leitura do confucionismo como um todo, devêssemos abraçar uma compreensão mais holística e inclusiva de Confúcio e do confucionismo. Confúcio e o confucionismo têm, de facto, uma dimensão “estética”, que é particularmente saliente em Confúcio e nos Analectos. No entanto, os ensinamentos de Confúcio também têm dimensões teóricas e filosóficas, embora estas dimensões sejam mais salientes noutros textos clássicos de Confúcio do que nos Analectos. Como filosofia abrangente, o confucionismo é muito mais do que ensinar-nos a viver artisticamente as nossas vidas. Contribui também para o conhecimento humano sobre metafísica, epistemologia, filosofia social e política, bem como sobre a vida ética. Temos agradecer a Peimin Ni pelo seu trabalho de chamar a atenção para um aspecto há muito negligenciado e a visão estética de Ni não deve ser tomada como uma ruptura com a leitura mais comum de Confúcio e do confucionismo. Pelo contrário, é um acréscimo valioso e um enriquecimento significativo da mesma.
Hoje Macau SociedadeSaúde | Residente em estado crítico devido a infecção bacteriana Um residente de 65 anos de idade está em estado crítico e necessita de ventilador para o auxiliar na respiração na sequência de uma infecção de vibrio vulnificus. Na tarde de 29 de Abril, o homem foi acidentalmente picado no dedo mindinho da mão direita enquanto manuseava camarões em casa. Na madrugada seguinte, surgiu no local da picada “inchaço e dor, que depois se alastrou para a palma da mão direita e antebraço direito”, indicaram ontem os Serviços de Saúde. O residente, que tem antecedentes de doenças crónicas, foi ao Centro Hospitalar Conde de São Januário, onde foi “diagnosticado com fascite necrosante do membro superior direito com choque séptico”. Os Serviços de Saúde informam que a vibrio vulnificus é uma bactéria que vive naturalmente em água quente do mar e as infecções podem acontecer quando alguém tem feridas abertas expostas à água do mar com vibrio vulnificus ou quando come marisco contaminado. As pessoas com fascite necrosante podem ter de proceder à amputação para salvar as suas vidas, e em cerca de 20 a 30 por cento dos casos, a infecção é fatal.
Hoje Macau PolíticaSaúde | Alvis Lo vinca aposta na competitividade profissional O director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, considera que o plano do Governo para aumentar o valor dos vales de saúde e lançar um programa de rastreio de doenças crónicas vai aperfeiçoar o sistema e acesso à saúde no território. A posição foi tomada durante a mais recente reunião do Conselho para os Assuntos Médicos. Para aumentar a competitividade dos profissionais de saúde, Alvis Lo indicou que o Executivo vai “proporcionar uma série de programas de formação, incluindo a criação de uma base de formação de medicina familiar” assim como disponibilizar “formação sistemática aos médicos das instituições públicas e privadas”. Para os médicos que pretendem focar-se numa especialidade, os SS prometeram abrir de forma permanente os concursos para o preenchimento de vagas de internato complementar, além de optimizar procedimentos e “encurtar o tempo” necessário para os concursos. Além disso, Alvis Lo destacou que o Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital tem como objectivo tornar-se numa instituição de “formação de alto nível em Macau”, pelo que nos próximos tempos deverão começar a ser enviados para Pequim médicos, enfermeiros e outros técnicos clínicos para receber formação. Nesta fase, existe também a possibilidade de as formações não se limitarem à capital chinesa. Seguindo a tendência de levar a população a deixar Macau, Alvis Lo indicou que o Governo vai apoiar a integração no desenvolvimento nacional, o que deve começar com a ida dos profissionais para Grande Baía e para a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, por serem considerados “pontos de partida mais fáceis e maduros”.
Hoje Macau PolíticaPatane | Centro de Comidas recebeu 300 mil clientes em 11 meses Entre Abril de 2024 e Março deste ano, o Centro de Comidas do Patane atraiu 300 mil residentes e turistas. Os dados foram divulgados pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), em resposta a uma interpelação do deputado Leong Hong Sai, dos Moradores. Contudo, o IAM afirma que vai continuar a promover o espaço, que fica situado no Mercado do Patane, com a colocação de um anúncio gigante na zona: “Presentemente, as vias em redor do Mercado do Patane já dispõem de placas indicativas e também foram colocadas tabuletas luminosas no acesso ao rés-do-chão do mercado”, foi indicado por Chao Wai Ieng, presidente o organismo. “Em paralelo, o IAM planeia a colocação de um reclamo de grande dimensão na fachada do Complexo do Mercado do Patane, com vista a atrair mais residentes e turistas para comerem naquele Centro de Comidas”, foi acrescentado. O IAM também prometeu continuar a “elevar a competitividade e atractividade” do espaço de restauração ao instalar “decorações” durante os feriados e festividades, assim como “o lançamento de troca de prémios com pontos obtidos e o convite aos meios de comunicação social para filmagem e promoção”. O IAM diz ainda que incentiva “os operadores das bancas a reforçarem a promoção” dos espaços, através da “inovação” e de “actividades de marketing online e offline”, com cupões de descontos.
Hoje Macau PolíticaWong Kit Cheng pede mais medidas de incentivo à natalidade A deputada Wong Kit Cheng considera que o Governo deve criar medidas complementares de incentivo à natalidade além do subsídio de assistência à infância anunciado nas Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano, e que visa a concessão de 1.500 patacas mensais para crianças até um limite máximo de três anos de idade. Segundo o Jornal do Cidadão, Wong Kit Cheng acredita que os incentivos à natalidade não dependem apenas de apoios financeiros, mas também de medidas que tenham em conta todas as necessidades enfrentadas pelas famílias locais. A deputada afirmou que são necessários mais esforços em áreas como a saúde, habitação, educação e instalações sociais para apoiar os casais com filhos. Tendo em conta que, na sua visão, os departamentos públicos não têm uma coordenação suficiente entre si, deveria ser criado um departamento próprio para a promoção de políticas de incentivo à natalidade de forma permanente. No tocante à área da saúde, a deputada, vice-presidente da direcção da União Geral das Mulheres de Macau, defende uma maior especialização nos cuidados a grávidas, nomeadamente ao nível de uma maior abrangência de exames de despistagem de doenças genéticas. Wong Kit Cheng pede ainda mais avanços ao nível dos cuidados de saúde pediátricos e novas medidas quanto à realização de partos sem dor. No que diz respeito ao programa de vacinação gratuita, a deputada pede que mais vacinas possam estar abrangidas. Casas para todos Outro ponto destacado pela deputada, prende-se com a política habitacional, que segundo Wong Kit Cheng deve dar resposta às necessidades das famílias em fases diferentes, ou seja, desde a infância até ao crescimento dos filhos. Esta referiu que o modelo de habitação social e económica tem um sistema de pontuação que dá prioridade às famílias, mas que deveria ser estudada a hipótese de troca de casas, para que as famílias possam mudar de habitação consoante o número de filhos que vão tendo. Para a legisladora, existe ainda necessidade de rever o planeamento das instalações de lazer para os mais novos. A deputada frisou que o número de instalações públicas deve estar ligado à densidade populacional de cada zona e ao número de crianças aí residentes.
Hoje Macau SociedadeMGM Resorts International alerta para apostas no Japão e Tailândia Um operador de casinos em Macau afirmou ontem que a abertura de casinos no Japão e a potencial legalização do jogo na Tailândia vão aumentar a concorrência no que toca aos apostadores asiáticos. O director para o desenvolvimento global da empresa norte-americana MGM Resorts International, que opera dois casinos em Macau, disse que as novas concessões de jogo aceleraram a transição de um modelo baseado em grandes apostadores para “uma economia de turismo e entretenimento mais diversificada”. Os seis operadores de jogo de Macau assinaram acordos de concessão de 10 anos em Dezembro de 2022, comprometendo-se a investir 108,7 mil milhões de patacas no turismo e na diversificação da economia. “O reforço das atracções culturais, do entretenimento para famílias (…) ajudou a atrair grupos demográficos mais vastos do que os tradicionais apostadores”, defendeu Ed Bowers. Mas o executivo alertou que “a competição está a intensificar-se nos mercados asiáticos, particularmente com o Japão e, potencialmente, a Tailândia”. A MGM arrancou em 24 de Abril com a construção do primeiro empreendimento integrado com um casino do Japão, em Osaka, com abertura prevista para 2030. O Governo da Tailândia apresentou uma proposta para legalizar o jogo. “Isto são excelentes notícias para pessoal do desenvolvimento de casinos como eu”, referiu Bowers, que recordou que a Tailândia “já beneficia de uma forte infraestrutura turística”. Mas a discussão da proposta no parlamento foi adiada, no início de Abril, “provavelmente devido ao aumento da oposição política” à ideia, admitiu o executivo. Outras apostas Bowers falava durante a Global Gaming Expo Asia, o maior evento da indústria do jogo realizado em Macau, que vai decorrer até sexta-feira. Numa outra sessão do mesmo evento, especialistas defenderam que, face à maior concorrência regional, a aposta em atracções não relacionadas com o jogo, como concertos, parques temáticos e gastronomia podem trazer mais pessoas aos casinos. “Construímos tudo isso para apoiar o nosso casino, o casino é o nosso motor financeiro”, afirmou Wade Howk, director de operações do Inspire Entertainment Resort, uma estância integrada na Coreia do Sul, com um casino exclusivo para estrangeiros. A sessão centrou-se na diversificação da economia de Macau, onde os impostos sobre os casinos representaram 88,4 por cento das receitas correntes da região nos primeiros três meses do ano. Mas as autoridades pretendem que o sector não relacionado com o jogo represente 60 por cento do Produto Interno Bruto de Macau até 2028. Como exemplo, Wade Howk frisou que o Inspire Entertainment construiu um espaço de entretenimento com 15 mil lugares sentados, a única arena cultural polivalente na Coreia do Sul, para aumentar o número de visitantes. “Estamos a ver enormes resultados com isso agora, e depois construímos um parque aquático coberto (…), apenas para nos certificarmos de que poderíamos impulsionar o tráfego para apoiar toda a propriedade, (…) e que isso poderia ser utilizado para apoiar o casino”, explicou Howk. Jeffrey Kiang, um analista do grupo de investimento CLSA, sublinhou que as componentes não relacionadas com o jogo devem “criar sinergias e complementar o negócio” dos casinos. Kiang observou um aumento do número de concertos realizados em Macau nos últimos dois anos e afirmou que os operadores dos casinos seleccionam cuidadosamente os eventos ou artistas que atraem os apostadores.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Nintendo com novo recorde de capitalização bolsista A Nintendo, fabricante e distribuidora japonesa de jogos de vídeo, registou um novo recorde de capitalização bolsista de aproximadamente 15,36 mil milhões de ienes (94.831 milhões de euros), ultrapassando pela primeira vez a Fast Retailing. No início de Maio, apenas a empresa automóvel Toyota, a multinacional tecnológica Sony, o banco Mitsubishi UFJ e a empresa de electrónica Hitachi tinham uma capitalização bolsista superior à da Nintendo, de acordo com os dados do operador da bolsa japonesa, Japan Exchange. A empresa com sede em Kioto já vendeu mais de 150 milhões de unidades da consola Switch em todo o mundo e cerca de 1,36 mil milhões de cópias de jogos para a plataforma. As ações da Nintendo subiram 1,77 por cento nas negociações de sexta-feira para um preço de fecho recorde 12.360 ienes (de 76,09 euros), em antecipação do lançamento, em 05 de Junho, da sucessora da consola, Switch 2, que já esgotou no Japão. O mercado da bolsa japonês esteve encerrado na segunda e terça-feira, dias feriados, e teve uma abertura volátil na quarta-feira, com os investidores a assimilar as novas ameaças tarifárias do Presidente dos EUA, Donald Trump, às indústrias cinematográfica e farmacêutica. Após os 20 primeiros minutos de negociação, a Nintendo continuava a registar níveis recorde, com uma subida de quase 0,3 por cento A empresa fechou a negociação com uma ligeira descida de 0,08 por cento, após a volatilidade que caracterizou as negociações.
Hoje Macau China / ÁsiaEspecialista timorense considera urgente domínio do português para coesão nacional O linguista timorense Benjamim Corte Real considerou ontem que a língua portuguesa é um factor de coesão em Timor-Leste e que é uma “urgência nacional” que os todos os cidadãos a passem a dominar. Benjamim Corte Real falava no seminário sobre “Políticas Linguísticas e Desenvolvimento da Língua Portuguesa em Timor-Leste: Desafios e Perspectivas”, organizado pela Universidade Nacional de Timor-Leste, no âmbito do seu 25.º aniversário e das celebrações do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se assinalou em 05 de Maio. Na sua intervenção, o professor lembrou que antes da chegada dos portugueses, os timorenses estavam dispersos por grupos tribais, que falavam a sua própria língua, e que as comunidades viviam isoladas umas das outras, também por causa do relevo montanhoso da região. “A chegada dos portugueses vem trazer uma novidade que é a introdução de um elemento que vai precisamente diluir essa nossa situação anterior de isolamento de comunidades. Desde que a língua portuguesa entrou em Timor, entrou a servir esse propósito de unir os timorenses comunicativamente”, salientou Benjamim Corte Real. E, segundo o linguista, apesar de não ter sido introduzida da mesma forma que a língua indonésia, cuja aprendizagem era uma questão de sobrevivência, os timorenses, principalmente os líderes, perceberam que para unificar o país e consolidar uma independência nacional a “língua portuguesa era imprescindível”. Urgência nacional Outra razão apontada por Benjamim Corte Real para a importância do português para a “coesão nacional” é o facto de as línguas maternas ou locais não terem “desenvoltura suficiente para absorver a prática administrativa, para a produção legislativa para o ordenamento do território”. Hoje, salientou, apesar da coesão nacional não ter sido alcançada em termos de domínio generalizado da língua portuguesa, já se começou a perceber que o Estado deve caminhar nesse sentido e fazer um esforço “mais propositado” para que o português seja dominado por todos. “Isto é uma urgência nacional. Portanto, nós estamos aqui a apelar para todas as instâncias operadoras da educação em todo o território que assumam a sua responsabilidade e cumpram as leis e façam cumprir as leis em torno da implementação do ensino da língua portuguesa e do ensino através da língua portuguesa”, disse Benjamim Corte Real. “Não podemos falar de uma sociedade harmonizada, unificada, sem investirmos na língua que é comum a todos nós. Devemos fazer isso por obrigação, vocação nacional, e, sobretudo, também por mandato constitucional”, insistiu.
Hoje Macau China / ÁsiaÍndia / Paquistão | Comunidade internacional pede contenção O ataque da Índia de terça-feira à noite contra três zonas do Paquistão fez escalar perigosamente o conflito entre as duas potências nucleares A comunidade internacional pediu ontem à Índia e ao Paquistão para terem contenção militar após a escalada do confronto entre as duas potências nucleares, que já causou dezenas de mortos civis em ambos os países. China, Rússia, França e Alemanha pediram contenção e mostraram preocupados com a escalada das tensões, destacando a necessidade de evitar situações de confronto e de proteger os civis. Também a Turquia manifestou preocupação e alertou para o “risco de uma guerra total” entre a Índia e o Paquistão. “O ataque da Índia na noite passada representa o risco de uma guerra total. Condenamos esta atitude provocadora e os ataques contra civis e infraestruturas civis”, disse, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco. Da mesma forma, o Irão manifestou “profunda preocupação” com o confronto entre a Índia e o Paquistão, país com quem faz fronteira. Antes, os Estados Unidos lamentaram a situação, tendo o Presidente, Donald Trump, considerado que o reinício dos confrontos “foi uma pena” e adiantado esperar que “pare muito rapidamente”. O líder da diplomacia norte-americana, Marc Rubio, exortou ainda os líderes dos dois Estados a abrirem um canal de diálogo para evitar uma maior escalada do conflito. “O mundo não se pode dar ao luxo de um confronto militar” entre a Índia e o Paquistão, afirmou, por seu lado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, referindo-se aos ataques das últimas horas, os mais graves das últimas duas décadas entre estes Estados. Numa reacção mais assertiva, o Reino Unido também pediu calma aos dois países, mas assumiu estar pronto para intervir caso seja necessário. A Índia e o Paquistão têm “interesse na estabilidade regional”, disse o secretário do Comércio britânico, Jonathan Reynolds, acrescentando que o Governo britânico fará “tudo o que puder em termos de diálogo para reduzir a tensão”. Mortos e feridos Os dois exércitos trocaram tiros de artilharia ao longo da fronteira disputada em Caxemira após ataques indianos em solo paquistanês em retaliação por um atentado, a 22 de Abril, na Caxemira controlada pela Índia, que matou 26 pessoas. A tensão entre a Índia e o Paquistão reacendeu-se a 22 de Abril, quando homens armados atacaram a região turística de Pahalgam, na Caxemira indiana, matando 26 civis. O ataque foi atribuído à organização Lashkar-e-Taiba e as relações deterioram-se ainda mais entre estes países vizinhos, rivais desde que se tornaram independentes do Reino Unido, em 1947. Os dois governos ordenaram a saída dos seus territórios de cidadãos do Estado vizinho e, ao longo dos dias, foram-se registando incidentes nas fronteiras, com tiros disparados na chamada Linha de Controlo em Caxemira. Na terça-feira à noite, Nova Deli lançou ataques contra três zonas do Paquistão, que, segundo o Governo indiano, constituíam “locais terroristas”, na província de Punjab. Poucas horas depois, o Governo paquistanês anunciou ter abatido vários aviões militares indianos e, ontem de manhã, uma sequência de bombardeamentos levados a cabo por Islamabade e Nova Deli provocou pelo menos 38 mortos, no maior confronto dos últimos 20 anos.
Hoje Macau China / ÁsiaDia da Vitória | Pequim justifica participação na parada de Moscovo como acto de respeito pela História Pequim defendeu ontem a presença de tropas chinesas na parada militar de 09 de Maio em Moscovo como uma demonstração de “respeito pela História” e não como um gesto de apoio à Rússia na guerra na Ucrânia. “A participação da China nas celebrações do 80.º aniversário da vitória soviética na Grande Guerra Patriótica reflete o respeito pela História e a firme determinação em defender as conquistas da Segunda Guerra Mundial”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lin Jian, em conferência de imprensa. O porta-voz lembrou que a vitória na guerra foi “o resultado da luta conjunta de todos os países e povos amantes da paz e da justiça” e tanto o povo chinês como os povos da antiga União Soviética “fizeram enormes sacrifícios nacionais e contribuições históricas indeléveis”. Os comentários surgiram um dia depois de a Ucrânia ter criticado a presença de tropas estrangeiras no desfile da Praça Vermelha como uma “manifestação de apoio ao Estado agressor”. Pequim evitou responder directamente à repreensão de Kiev, mas insistiu que a posição sobre a guerra “tem sido clara e consistente”. “Evitar uma nova escalada das tensões é agora a prioridade urgente. Todas as partes envolvidas devem chegar a um consenso e criar condições para atingir esse objectivo”, acrescentou. Sobre a cooperação bilateral entre a China e a Rússia, o porta-voz reiterou que “sempre se baseou nos princípios do respeito mútuo, do benefício partilhado e do sucesso comum”. O desfile em Moscovo vai contar também com unidades militares de mais 12 países. O Presidente chinês, Xi Jinping, vai estar presente, na primeira visita à Rússia desde Março de 2023. Está também prevista uma reunião bilateral com o Presidente russo, Vladimir Putin, a 08 de Maio.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia | Bolsas chinesas sobem com medidas de estímulo de Pequim As principais bolsas da China abriram ontem com ganhos, na sequência do anúncio de um novo pacote de medidas por parte de Pequim para impulsionar a recuperação económica, pressionada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. Durante a sessão da manhã de ontem, o índice de Xangai avançou 0,59 por cento e o de Shenzhen subiu 0,22 por cento. Em Hong Kong, o índice de referência Hang Seng subiu 0,79 por cento. Também a Bolsa de Pequim, inaugurada em 2021 e com menor expressão por estar centrada em pequenas e médias empresas, operava em terreno positivo, com uma valorização de 0,48 por cento. Meia hora antes da abertura dos mercados, o governador do banco central chinês, Pan Gongsheng, anunciou novos cortes nas taxas de juro, na taxa de reservas obrigatórias e nas taxas das operações de recompra a sete dias, uma das principais ferramentas de injecção de liquidez do banco central. O Banco Popular da China anunciou ainda reduções nas taxas de juro hipotecárias, medidas de estímulo ao crédito para compra de serviços e cuidados a idosos, apoios temporários ao financiamento para a aquisição de automóveis e aumento do crédito à inovação tecnológica.
Hoje Macau China / ÁsiaChina pede sinceridade aos EUA para o encontro deste fim de semana A China apelou ontem aos Estados Unidos para demonstrarem “sinceridade nas conversações” comerciais previstas para o fim de semana, sublinhando que aceitou o encontro com base nos seus interesses e nas expectativas da comunidade internacional. “Os Estados Unidos devem demonstrar sinceridade nas conversações, corrigir as suas práticas erradas, encontrar um ponto de equilíbrio com a China e resolver as preocupações mútuas com base na igualdade e no respeito”, afirmou o Ministério do Comércio chinês, em comunicado. O ministério reforçou que “todo o diálogo e negociação deve assentar no princípio do respeito mútuo”, em referência às reuniões que o vice-primeiro-ministro He Lifeng — principal negociador comercial da China — terá com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, no sábado e domingo, na Suíça. “Nos últimos tempos, responsáveis norte-americanos têm feito circular informações sobre possíveis ajustamentos às suas tarifas e transmitido essa intenção à China por diferentes canais, manifestando abertura para o diálogo”, lê-se no comunicado. “Tendo em conta as expectativas globais, os interesses da China e as exigências da indústria e dos consumidores dos EUA, a China decidiu aceitar conversar”, acrescentou. Ser racional O ministério acusou os Estados Unidos de terem adoptado, desde o regresso ao poder de Donald Trump, “medidas tarifárias unilaterais, ilegais e irrazoáveis”, que terão “afectado gravemente as relações económicas e comerciais bilaterais, perturbado a ordem internacional e criado sérios obstáculos à recuperação económica global”. “Para defender os seus direitos e interesses legítimos, a China tomou contramedidas firmes. A nossa posição é coerente: quer no confronto, quer no diálogo, a determinação da China em salvaguardar os seus interesses de desenvolvimento não mudará, tal como não mudará o seu compromisso com a equidade, a justiça e o multilateralismo”, vincou. O Governo chinês reiterou que mantém a porta aberta ao diálogo, mas advertiu que os Estados Unidos devem reconhecer “o impacto negativo das suas tarifas unilaterais”, respeitar as normas económicas internacionais e ouvir “as vozes racionais de todos os sectores”. Mas se os EUA “disserem uma coisa e fizerem outra” ou recorrerem à “coacção e chantagem sob o disfarce de negociações”, isso é algo que a China “não aceitará jamais”, frisou Pequim. “A China nunca sacrificará os seus princípios nem a justiça internacional em troca de um acordo”, realçou. Na mesma nota, o Ministério do Comércio garantiu que a China continuará a trabalhar com outros países para “reforçar a coordenação, resistir em conjunto ao protecionismo unilateral e à intimidação hegemónica, defender o comércio livre e o multilateralismo e promover uma globalização económica inclusiva e benéfica”. Encontro na Suíça O Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou ontem que He Lifeng — figura de confiança do Presidente chinês, Xi Jinping — visitará a Suíça entre 09 e 12 de Maio para encontros com Bessent, no âmbito dos esforços para aliviar a tensão entre as duas potências. Bessent já tinha anunciado na terça-feira que se reunirá com a delegação chinesa este fim de semana, após ter mantido uma videoconferência com He em 25 de Fevereiro, durante a qual discutiram as tarifas e o combate ao tráfico de fentanil, um poderoso opiáceo. Também na terça-feira, Donald Trump afirmou que haveria negociações “no momento apropriado”. Nos últimos dias, Washington indicou que já existiram contactos prévios e Trump alegou ter falado com Xi Jinping — algo que Pequim negou e que a Casa Branca não clarificou.
Hoje Macau China / ÁsiaGuerra comercial | China e Brasil puxam por integração regional face política dos EUA Lula da Silva vai estar em Pequim na próxima semana para participar na Cimeira China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Face à política económica agressiva de Donald Trump, Pequim e Brasília acertam agulhas para continuar a promover acordos bilaterais que beneficiem as duas nações O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, desloca-se na próxima semana à China, num momento em que os dois países procuram aprofundar a integração regional da América Latina, num contexto marcado pela guerra comercial desencadeada por Washington. Lula participará, em Pequim, na Cimeira China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), agendada para os dias 12 e 13 de Maio, tendo também previsto um encontro bilateral com o homólogo chinês, Xi Jinping. A deslocação coincide com as negociações entre Pequim e Brasília sobre a eventual construção de uma ligação ferroviária até ao porto de Chancay, construído pela China no Peru e inaugurado em 2024. No ano passado, Xi e Lula estabeleceram a integração do Brasil ao Pacífico como um dos quatro pilares estratégicos das relações sino-brasileiras, durante uma visita de Estado do líder chinês ao país sul-americano. De acordo com a imprensa chinesa, uma delegação chinesa, composta por 11 funcionários da empresa estatal China State Railway Group e do Ministério dos Transportes da China, visitou no mês passado o Brasil para “análises técnicas”. O Brasil já desempenha um papel importante na segurança alimentar da China, representando mais de 20 por cento das importações agrícolas e pecuárias do país asiático. A guerra comercial desencadeada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, deverá reforçar ainda mais essa procura. Washington aumentou as tarifas sobre produtos chineses até 145 por cento nas últimas semanas. Pequim retaliou com taxas adicionais de 125 por cento sobre produtos norte-americanos e suspendeu as compras de produtos agrícolas. O ministro da Agricultura e Pecuária brasileiro, Carlos Fávaro, assegurou que o Brasil vai aproveitar todas as oportunidades geradas pela guerra comercial entre Pequim e Washington. “Das crises nascem oportunidades. E o Brasil está atento às oportunidades e vai ampliar as trocas comerciais”, declarou, citado pela imprensa brasileira. Benefícios colaterais O Brasil tem beneficiado das disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo desde a primeira guerra comercial, iniciada durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump (2017-2021). Desde então, a China aumentou as compras de soja ao país para reduzir a dependência dos EUA. Em 2024, a China importou um total de 105 milhões de toneladas de soja, das quais 22,14 milhões provinham dos EUA, representando 21,1 por cento do total – uma queda de 13,3 por cento face a 2018. Durante o mesmo período, as importações chinesas de soja do Brasil atingiram 74,65 milhões de toneladas, representando agora 71,1 por cento do total, de acordo com dados das alfândegas chinesas. O acesso ao Oceano Pacífico permitiria ao Brasil e aos países vizinhos contornarem as rotas marítimas tradicionais do Atlântico, reduzindo significativamente os tempos de trânsito e os custos logísticos das exportações agrícolas, como a soja, a carne bovina e os cereais. O porto de Chancay também pode ajudar Pequim a diversificar as opções de transporte marítimo e reduzir a dependência do Canal do Panamá, uma rota que acentuou as tensões diplomáticas e geopolíticas com os Estados Unidos. Os objectivos estratégicos de Pequim e Brasília inserem-se na política de Lula para a CELAC. Lula promoveu o retorno do Brasil à organização intergovernamental, após o país se ter retirado do bloco em 2019. O movimento sinalizou a retomada da integração regional como prioridade da política externa brasileira, através do projecto Rotas de Integração da América do Sul.
Hoje Macau Via do MeioInterpretar Confúcio: a volta estética e os seus desafios Por Li Chenyang O livro de Peimin Ni sobre Confúcio: O Homem e o Caminho do Gongfu1 é notável não apenas por ser lucidamente escrito e rico em informações, mas também, o que é mais importante, porque lança uma grande mudança na interpretação de Confúcio. Na sua leitura, os ensinamentos de Confúcio são mais sobre como levar a vida artisticamente do que sobre conduta moral. Podemos chamar a mudança de Ni de “volta estética” na interpretação de Confúcio. Este trabalho merece uma atenção séria e um tratamento cuidadoso por parte das comunidades académicas pertinentes. O livro de Ni é composto por 6 capítulos. O capítulo 1 “Confúcio como figura histórica” coloca Confúcio em contextos históricos, cobrindo o seu nascimento, a sua vida e o seu legado ao longo dois milénios até aos tempos contemporâneos. Ele descreve Confúcio como um precursor de uma grande tradição viva que define a China desde a antiguidade. Capítulo 2 “Confúcio como um Líder Espiritual” introduz a religiosidade de Confúcio à luz de noções-chave como “Céu” (tian 天), “Mandato e Destino” (ming 命) e imortalidade. Ele destaca a dimensão religiosa da tradição de Confúcio em estreita conexão com sua compreensão do sentido da vida. O capítulo 3, “Confúcio como filósofo”, defende que a tradição confuciana deve ser considerada filosófica no sentido amplo da busca da sabedoria, centrando-se em questões-chave de tornar-se humano, ren e li, retificação de nomes e zhongyong. O capítulo 4, “Confúcio como um reformador político”, explica os esforços políticos exercidos por Confúcio e seus seguidores para alcançar a boa sociedade. O capítulo 5 é sobre “Confúcio como educador”, ilustrando a educação, filosofia e programa iniciados pelo mestre. Finalmente, o Capítulo 6 “Confúcio como pessoa” retrata o personagem principal do livro como uma pessoa histórica na vida real e discute questões relacionadas ao elitismo e ao sexismo. Ni deixa explícita a importância de concluir o livro dessa forma e escreve: “o Mestre era, afinal de contas, humano. Ao retratar Confúcio como uma pessoa real, que apreciava boa comida, gostava de música e canto, tinha preferências pessoais peculiares por roupas e estava sujeito a cometer erros e encontrar situações embaraçosas, a grandeza do Mestre parece muito mais real e acessível a todos”. Na minha opinião, a característica mais significativa do projecto de Ni reside no facto de abordar uma questão que há muito coloca desafios aos estudiosos da filosofia confucionista, nomeadamente uma diferença conspícua entre os Analectos de Confúcio e outros textos clássicos da tradição confucionista. Tem sido do geral, e de algum modo incómodo, que os Analectos não apresentam articulações altamente intelectuais, teóricas e filosóficas – no sentido de estudar a natureza fundamental do conhecimento, da realidade e da existência2- sobre assuntos de importância, apesar de tocar em muitos desses temas. Os leitores perguntam-se frequentemente: o que é que coisas como manter uma boa postura corporal, comer boa comida e, no entanto, não comer demasiado (Analectos 10.4, 10.8) têm a ver com a vida moral? Em comparação com alguns outros textos confucionistas clássicos, como o Yijing, o Zhongyong, o Mengzi e o Xunzi, os Analectos parecem bastante escassos e mínimos como texto filosófico. Podemos chamar a esta questão a caraterística não filosófica dos Analectos. A solução de Ni para o problema é morder a bala e argumentar que o intelectual, o teórico e o filosófico não são a de Confúcio. Confúcio, de acordo com Ni, é sobre como viver uma vida boa; Confúcio preocupa-se com a “arte” de viver bem. No centro do movimento de Ni está o conceito de “gongfu”, que significa “as artes da vida que exigem capacidades cultivadas e habilidades eficazes”. O “gongfu” serve como uma lente através da qual podemos ver as coisas de uma certa forma e compreendê-las de um determinado ângulo. Uma abordagem de gongfu pode ser melhor compreendida em contraste com um sistema teórico de ensino. Enquanto uma teoria geralmente começa com a apresentação de premissas e raciocínios para chegar a uma conclusão, um sistema de gongfu “parte da condição existente do praticante e, através de orientação e prática passo a passo, gradualmente alcança níveis mais altos de perfeição artística” (xii). Num tal sistema, os diferentes componentes estão ligados entre si através das suas implicações práticas e não teóricas. Ni observa que essa leitura de Confúcio não é sua própria invenção. Ele traça uma fonte de sua interpretação para Cheng Yi e Zhu Xi. Ele escreve: Cheng e Zhu apontaram a diferença entre duas abordagens à leitura – uma é intelectual e a outra é a abordagem gongfu. A primeira requer apenas compreensão intelectual, enquanto a segunda requer autorreflexão do que é aprendido e a sua aplicação na prática. A primeira leva apenas a um conhecimento livresco, enquanto a segunda leva a uma compreensão incorporada e a um crescimento holístico. O primeiro leitor recebe passivamente a informação do texto, mas o segundo interage com o texto, dando-lhe vida através do seu envolvimento pessoal. Na opinião de Ni, existe uma diferença fundamental entre as duas abordagens. Uma é proposicional, enquanto a outra é instrucional. Essas duas diferem tanto que “talvez não seja muito rebuscado dizer que usar a abordagem intelectualista para ler Confúcio é como comer o cardápio em vez da comida” (xiv-xv). No entender Confúcio, devemos optar pelo “alimento”, ou seja, a sua mensagem instrutiva sobre como viver bem a vida, em vez do “menu” intelectualista. A abordagem de Ni dá-nos uma saída para o dilema de dar sentido aos Analectos de Confúcio. Se pudermos ler Confúcio da maneira que Ni defende, podemos evitar alguns problemas sérios com a interpretação de Confúcio de uma “maneira intelectual”. Esse argumento, por si só, torna o livro de Ni digno de nota. Se bem entendi, o ponto de vista de Ni é diferente do daqueles que lêem os Analectos como defendendo uma vida moral, fornecendo dois relatos de uma filosofia moral que se complementam mutuamente. Ou seja, o texto não só apresenta ensinamentos teóricos e morais para a boa vida, como também fornece exemplos concretos de conduta humana na prática. Amy Olberding, por exemplo, argumentou que um propósito importante dos Analectos é fornecer “exemplares morais” para complementar e ajudar a operacionalizar os ensinamentos morais de Confúcio..(3) As várias descrições do comportamento de Confúcio no texto não só fornecem exemplos concretos de comportamento exemplar, mas também dão aos leitores uma forte sensação de como é agir virtuosamente na vida real. A principal diferença entre esse ponto de vista e o de Ni é que, para Olberding, embora os vários actos de Confúcio descritos nos Analectos possuam valor estético e artístico, seu real significado está em dar mais detalhes sobre o aspecto teórico de seus ensinamentos morais. Para Ni, no entanto, o valor estético e artístico da vida de Confúcio, conforme descrito nos Analectos, é de importância primária e deve ser considerado como tal em nossa compreensão do texto. O ponto de vista de Ni pode fazer-nos lembrar a separação que Kierkegaard faz entre a vida estética, a vida ética e a vida religiosa. Para Kierkegaard, a vida estética e a vida ética são incompatíveis e talvez até incomensuráveis. A estética é caracterizada pela imersão na experiência sensorial, pelo tédio niilista e pela fuga egoísta da mesma. A estética opõe-se à ética; no entanto, ambas devem ser ultrapassadas pela religião. Na opinião de Ni, a estética dos Analectos é muito mais profunda e sofisticada do que a que Kierkegaard caracterizou com o mesmo rótulo. Ni não vê a estética, no seu sentido confucionista, como oposta à ética; é antes uma perspectiva diferente da vida boa. Se pudermos usar o rótulo de “religioso” para o confucionismo, a perspetiva de Ni implica que, em vez de ser suplantada, a estética é também “religiosa”, na medida que torna a vida significativa e importante. No entanto, como acontece frequentemente na abordagem de problemas no discurso filosófico, a opção por uma solução pode dar origem a novos problemas. Na atitude de Ni, os leitores mais cautelosos podem sentir o perigo de uma tendência anti-intelectual. Mas esta preocupação pode não ser tão bem fundamentada como parece à primeira vista. Se há algo anti-intelectual no livro de Ni, é contra a leitura de Confúcio exclusivamente de forma intelectual ou contra a intelectualização excessiva dos ensinamentos de Confúcio, em vez de ser anti-intelectual em si. Ele opõe-se a uma abordagem intelectual para interpretar os ensinamentos de Confúcio em vez de tomar Confúcio ou seus ensinamentos como anti-intelectuais. Outros podem contestar o argumento de Ni para rejeitar interpretações teóricas dos Analectos e podem insistir que há uma base adequada para ler os Analectos como uma obra teórica e filosófica. Não vou entrar em tal disputa aqui. As minhas preocupações com o livro de Ni são diferentes. Embora eu ache persuasivo o argumento de Ni para sua interpretação de Confúcio nos Analectos, não me sinto totalmente confortável com o tratamento de Ni da relação entre o Confúcio apresentado nos Analectos e o Confúcio encontrado em outros textos clássicos da tradição confuciana, e da relação entre Confúcio, “o homem”, como destacado no subtítulo do livro de Ni , e o confucionismo, a tradição filosófica que tem intimamente associada com o nome de Confúcio. Primeiro, vejamos a relação entre o Confúcio apresentado nos Analectos e o Confúcio encontrado em outros textos clássicos da tradição confuciana. Ao explicar Confúcio como um mestre de gongfu, Ni baseia-se fortemente não apenas nos Analectos, mas também em outros textos, como o Zhongyong e o Yijing. Esses são, inegavelmente, textos altamente teóricos e filosóficos que retratam Confúcio como um pensador teórico e filosófico. Se esses retratos e explicações de Confúcio como confiáveis, como podemos nos basear apenas no aspecto “prático” do gongfu de Confúcio, deixando de fora o “Confúcio” teórico, filosófico e intelectual? Se tomarmos esses retratos e explicações como confiáveis, como Ni faz, deveríamos também aceitar um “Confúcio” teórico e intelectual? Se aceitarmos um Confúcio teórico, filosófico e intelectual com base numa leitura holística dos clássicos confucianos, a leitura estética, artística e de gongfu de Ni ainda se manteria? Podemos contrastar a solução de Ni para a questão da caraterística não-filosófica dos Analectos com a de Thome Fang (Fang Dongmei 方东美, 1899-1977). Embora reconheça os Analectos como um livro muito bom sobre os registros pessoais de Confúcio e seus ensinamentos sobre conduta pessoal, Fang também reconhece a falta de sofisticação filosófica do texto. Fang aceita os Analectos como um texto de sabedoria para a vida e reconhece o seu grande valor para orientar a vida das pessoas. Concordando com Ni, Fang defende que, apesar de se discutirem as virtudes morais, os Analectos não formam teorias éticas. Além disso, não cobre tópicos filosóficos tão importantes como a cosmologia e a ontologia. Por isso, chama ao Lunyu um texto de “moralogia (格言學)”. Na opinião de Fang, a moralogia não é filosofia, nem os Analectos são um texto clássico que contém a filosofia geral de Confúcio.4 Fang argumenta, no entanto, que seria um erro confinar a nossa leitura de Confúcio apenas aos Analectos e que devemos colocar o Confúcio dos Analectos no contexto de outros textos clássicos da tradição confucionista. Fang utiliza a ideia de ren 仁 de Confúcio para defender o seu ponto de vista. Fang argumenta que, nos Analectos, Confúcio diz que ser ren é “amar as pessoas”. No entanto, Confúcio não diz como amar as pessoas. É em textos como o Liji (Livro dos Ritos) e o Yijing que encontramos as explicações filosóficas de Confúcio sobre ren. Na opinião de Fang, a ideia de ren de Confúcio deve ser entendida tanto de forma negativa quanto positiva. Negativamente, trata-se de não fazer certos tipos de coisas a outras pessoas. É semelhante à Regra de Ouro de Confúcio, registada nos Analectos (15.24), e enfatiza a empatia ao lidar com os outros.5Além disso, Fang argumenta que existe também uma forma positiva de compreender o ren. Esta é a ideia do Dao do Céu e da Terra (Tiandi zhi Dao 天地之道), tal como se pode encontrar no Zhongyong. Significa o coração humano que se preocupa com todos os seres vivos do mundo. Podemos encontrar ideias semelhantes no Yijing, que afirma que as forças yin-yang de Qian e Kun (乾坤) são para ampliar e multiplicar a vida (是以大生焉… 是以广生焉). A segunda abordagem para ser ren também é encontrada nos Analectos, onde Confúcio diz que aqueles que desejam se estabelecer também (ajudam) a estabelecer os outros e que desejam ter sucesso também ajudam os outros a ter sucesso (6.30). Nas próprias palavras de Fang, isto significa que, porque valorizo e respeito a minha própria vida, valorizarei e a vida dos outros, alargando o amor-próprio e a auto-valorização ao amor pelos outros e à valorização dos outros. Isto aplica-se também às formas de vida não humanas.6Assim, ao interpretar o ren de Confúcio Fang recorre a outros textos para suplementar o que ele percebe como faltando ou inadequado nos Analectos. Os Analectos sozinhos podem nos dar um retrato incompleto ou mesmo distorcido de Confúcio; somente em conjunto com outros textos confucianos clássicos podemos entender completamente os Analectos. Em outras palavras, no que diz compreensão de Confúcio, o fato de os Analectos carecerem de elaboração teórica e filosófica não significa que Confúcio carece de elaboração teórica e filosófica, porque esta última pode ser encontrada em outros textos pertinentes. (continua)
Hoje Macau EventosKa Hó | Galeria “Hold On To Hope” acolhe “Our Time Zone” A galeria “Hold On To Hope”, gerida pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) na povoação de Ka-Hó, em Coloane, tem patente uma nova mostra, intitulada “Our Time Zone – Exposição Colectiva de Arte e Caligrafia Curativa” com trabalhos das artistas Kinki Wong e Belinda Chim. A exposição é organizada pela Macau Hope Paiting Association e, segundo palavras de Kinki Wong, que colabora não apenas como artista, mas também como curadora, “nasceu da ideia de que todos experienciam momentos de altos e baixos, de incerteza e confusão”. Assim, para a artista, “Our Time Zone”, focada em trabalhos de arte e caligrafia, pretende “usar a interacção sensorial para expressar teorias de arte-terapia, fomentando uma interacção diversa entre a arte, cultura e exposição”. Tendo em mente que a “arte reflecte o corpo”, “Our Time Zone” promove “a consciencialização da comunidade local para a saúde mental”, a fim de se conseguir “compreender o próprio corpo através da arte-terapia”. Kinki Wong é natural de Macau e tem trabalhado como terapeuta de artes expressivas, possuindo um mestrado nessa área e especialização em Psicologia pela European Graduate School, na Suíça. Já Belinda Chim faz trabalhos de caligrafia ocidental desde que foi para a Austrália estudar design. Tendo mais de dez anos de experiência nesta arte, Belinda destaca-se na criação de obras com temas de animais, utilizando linhas expressivas dentro da caligrafia ocidental. A artista já realizou exposições e cursos presenciais em Hong Kong, Japão e Malásia, tendo ensinado mais de quatro mil pessoas na área da caligrafia. A mostra pode ser visitada até ao dia 25 de Maio.
Hoje Macau EventosSão Lázaro | Exposição de Ng I Weng para ver até final do mês Está patente, até ao final do mês, na galeria 10 Fantasia, no bairro de São Lázaro, a exposição da artista Ng I Weng. Trata-se de uma iniciativa de diversas entidades, nomeadamente a Associação de Arte Juvenil de Macau, Sociedade de Artistas de Macau, Associação de Promoção das Indústrias Criativas do Distrito da Igreja de São Lázaro, e a galeria 10 Fantasia – Incubadora de Indústrias Criativas. A artista nasceu em Macau em 1993, tendo-se formado em 2015 no Departamento de Belas Artes e Design Criativo Cultural da Universidade Huafan, em Taiwan. Segundo uma nota oficial sobre a mostra, a artista tem sido, desde “tenra idade”, uma pessoa “curiosa sobre a vida, possuindo uma rica profundidade emocional”. Assim, o seu trabalho artístico “explora temas da humanidade, ligações emocionais e natureza através de várias formas, revelando uma proficiência particular em pintura a óleo e acrílico”. Ng I Weng participou em diversas mostras, como a Exposição de Arte da Universidade Huafan Dalun Mountain em 2013; a Exposição de Graduação Huashan, em 2015; e ainda a Exposição de Obras de Arte dos membros da Sociedade de Artistas de Macau. A artista, que também faz trabalho de curadoria, pertence a diversas entidades artísticas, como a Sociedade de Artistas de Macau, Associação de Educação Arte Visual de Macau ou Associação de Promoção da Leitura de Macau, entre outras.
Hoje Macau SociedadeAMCM | Sobem transacções móveis no 1.º trimestre Dados da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) mostram que nos primeiros três meses do ano aumentaram o número de transacções de pagamentos móveis em Macau, bem como o seu valor. Assim, o número de transacções deste tipo foram 90,4 milhões, um aumento de 11,6 por cento face ao primeiro trimestre de 2024. Além disso, o valor desses pagamentos móveis foi de 7,9 mil milhões de patacas, mais 8,7 por cento em relação a igual período do ano passado. Até finais de Março deste ano, um total de 108.749 aparelhos e unidades, incluindo suportes de “QR Code”, aceitavam pagamentos móveis. Os dados da AMCM mostram ainda que no uso de cartões de crédito houve também um aumento do número de transacções, no total de 11,8 milhões, um aumento de 9,7 por cento face ao primeiro trimestre de 2024. Além disso, o número de transacções realizadas com cartões de débito foi de 1,2 milhões, com um valor total de transacções de 464,9 milhões de patacas. De frisar que estes valores do uso de cartões de débito não incluem os levantamentos em dinheiro nas caixas ATM.
Hoje Macau SociedadeTerrenos | Governo faz despejos na Av. de Sidónio Pais O Governo realizou ontem uma acção de despejo e limpeza de um terreno situado na Avenida de Sidónio Pais. O espaço, com uma área de cerca de 121 metros quadrados, passou assim para a alçada do Governo, uma vez que estava a ser ocupado ilegalmente. Segundo uma nota da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), “o terreno recuperado estava pavimentado e, no local, eram perceptíveis obras não autorizadas, nomeadamente uma construção clandestina composta por um portão metálico, paredes de tijolo e cobertura de betão, assim como escadas, canteiro e muro de vedação”. A DSCCU explica que já tinha levado a cabo todos os procedimentos habituais para a desocupação do terreno, “ordenando ao ocupante ilegal que desocupasse o mesmo e o revertesse ao Governo da RAEM no prazo estipulado”. Porém, e como esse pedido nunca foi concretizado, as autoridades procederam ao despejo esta quarta-feira.