Diálogos sobre autismo e deficiência até sexta-feira

Decorre esta semana, e até sexta-feira, uma nova edição do festival “INCLUSION”, que pretende alertar os participantes para as necessidades de pessoas com espectro do autismo, portadoras de deficiência e necessidades educativas especiais.

O evento arrancou segunda-feira com uma série de palestras proferidas por académicos e especialistas, sendo que hoje e amanhã decorre, entre as 12h e as 18h, a competição “Macau Golf Masters”, considerado o “maior torneio de golfe do mundo para pessoas em cenários de neurodiversidade”, que se realiza desde 2017. Esta prova já contou com a participação de 400 atletas com necessidades educativas especiais de 36 países.

Por fim, na sexta-feira o festival “INCLUSION” traz o evento “Let’s Go for Another Movie Together”, no empreendimento Studio City, entre as 15h e as 17h, em que os participantes irão assistir a filmes que recentemente foram sucessos de bilheteira no Studio City, com condições especialmente concebidas para pessoas com autismo e outras “sensibilidades sensoriais”.

Minorias com direitos

O grande objectivo do festival “INCLUSION” é ajudar a compreender espectros de comportamento como o autismo ou vários tipos de deficiência ou de doença mental, a fim de melhor incluir estas minorias na sociedade. O evento é organizado pela Associação de Beneficência dos Leitores da Revista Macau Business, em parceria com diversas entidades locais, e inclui a realização de um concurso internacional no campo das artes intitulado “Creating Something Out of Nothing” [Criando Algo do Nada], que já vai na sua décima edição.

José Carlos Matias, jornalista, vice-presidente da associação e director da revista Macau Business, afirmou, citado por uma nota oficial, que sente “orgulho” por “poderem criar plataformas que dão voz à criatividade e destacam os talentos extraordinários de indivíduos neurodiversos”.

25 Jun 2025

Médio Oriente | Factos demonstram que via militar não traz paz

O Governo chinês afirmou ONTEM que “os factos demonstram que a via militar não traz a paz” ao Médio Oriente, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado um cessar-fogo e pedido às partes que o respeitem.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun transmitiu ontem em conferência de imprensa a sua esperança de que “a paz seja alcançada o mais rápido possível” e afirmou que “o diálogo pacífico é o caminho correcto para resolver os problemas”.

“Exortamos as partes envolvidas a retomarem o caminho certo para uma solução política o mais rápido possível”, acrescentou o porta-voz, assegurando que a China “está disposta a colaborar com a comunidade internacional para envidar esforços para manter a paz e a estabilidade no Médio Oriente” e “não deseja que as tensões se intensifiquem”.

O Governo israelita, liderado pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, afirmou ontem num comunicado ter aceitado a proposta de Trump para um “cessar-fogo bilateral” com o Irão após alcançar os seus objectivos em 12 dias de guerra, mas alertou que Israel responderá “com firmeza” a qualquer violação deste acordo.

“Israel agradece ao Presidente Trump e aos Estados Unidos pelo seu apoio na defesa e pela sua participação na eliminação da ameaça nuclear iraniana”, lê-se no comunicado, em referência aos bombardeamentos norte-americanos perpetrados no domingo contra três instalações nucleares iranianas em Fordo, Natanz e Isfahan.

Ainda não está claro se a operação, criticada por Pequim, frustrou o programa de enriquecimento de urânio do Irão e a sua capacidade de construir armas nucleares.

25 Jun 2025

Visita | Xi defende reforço da cooperação com Singapura

O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu ontem o “fortalecimento da comunicação estratégica” com Singapura, durante um encontro com o primeiro-ministro da nação insular, Lawrence Wong, em Pequim.

Xi, que felicitou Wong pela vitória nas eleições parlamentares do mês passado, indicou que, “perante a actual situação internacional de mudanças interligadas e caos, a China está disposta a fortalecer a comunicação estratégica com Singapura”, de acordo com um comunicado difundido pela televisão estatal CCTV.

O líder chinês exortou ambas as partes a “estreitar os laços de cooperação, trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios e gerar maiores benefícios para os povos de ambos os países”. Wong disse que “a importância das relações entre a China e Singapura é maior do que nunca numa situação mundial turbulenta”, de acordo com a CCTV.

“Podemos trabalhar juntos para construir relações bilaterais mais estreitas e fortalecer a cooperação no âmbito regional e multilateral, de forma a fortalecer o multilateralismo, proteger as normas e a ordem internacionais e beneficiar todos os países do mundo”, disse Wong, que escolheu a China como sua primeira viagem oficial internacional fora do Sudeste Asiático após as eleições de Maio.

Vitória incontestável

Wong ascendeu ao cargo de primeiro-ministro de Singapura em maio de 2024, quando o antecessor, Lee Hsien Loong, deixou o cargo após quase duas décadas no poder.

Nas eleições de Maio, o seu partido, o Partido de Acção Popular (PAP), que está no poder em Singapura há seis décadas, conseguiu travar a queda e travar a ascensão de uma oposição ainda reduzida, conquistando 87 dos 97 assentos no Parlamento.

A China mantém relações próximas com Singapura, para onde se estima que centenas de empresas chinesas se tenham mudado nos últimos anos, numa tentativa de evitar o impacto das tensões geopolíticas e comerciais entre Washington e Pequim. Singapura, que conta com um forte sistema regulatório e baixos impostos corporativos, revelou-se também a alternativa ideal a Hong Kong.

25 Jun 2025

Academia anuncia candidaturas a apoios para cinema até 20 de Julho

Decorrem até ao dia 20 de Julho as candidaturas e submissão de projectos para a iniciativa “Acampamento Internacional de Cinema” (IFC, na sigla inglesa), promovida pela Academia Asiática de Prémios de Cinema e apoiada pela Sands China.

Segundo um comunicado, este “acampamento” pretende “formar a nova geração de cineastas asiáticos”, contando com apoios das autoridades locais e de Hong Kong, tendo o Shaw Studios como parceiro oficial de pós-produção.

O IFC decorre entre os dias 11 e 15 de Setembro e pretende ser “uma plataforma para jovens cineastas de Macau, Hong Kong e outras regiões asiáticas trocarem ideias e passarem a ter os conhecimentos e competências necessárias para criar longas-metragens e desenvolver carreiras na indústria cinematográfica”.

Em troca, o IFC promete trazer “profissionais veteranos do cinema asiático para dar orientação individualizada aos participantes”, sendo que através da realização de diversas masterclasses e debates, será realizado um diálogo sobre “criatividade e aspectos comerciais da indústria”.

Destaque para a presença, este ano, de John Chong, um conhecido cineasta de Hong Kong, que será o mentor principal deste “acampamento”, e que já realizou mais de 100 filmes, incluindo “Cloud Atlas”, “Don’t Go Breaking My Heart”, “Initial D” e a série “Infernal Affairs”.

16 finalistas

Para participar neste “acampamento”, os candidatos devem enviar um argumento original com o tema “O meu melhor amigo”, sendo estas submissões avaliadas por um painel liderado por John Chong. Desta fase irão sair 16 finalistas que participam depois num programa intensivo de cinco dias em Macau.

Neste “acampamento” inclui-se uma sessão de mentoria individual “com profissionais consagrados da indústria”, a participação em masterclasses e a apresentação do projecto. No final só haverá oito vencedores, que vão receber 300 mil dólares de Hong Kong em financiamento para o seu filme, podendo desta forma “concretizar a sua visão criativa e ter a oportunidade de exibir as suas curtas-metragens em festivais de cinema em todo o mundo”.

No ano passado, o IFC atraiu mais de 500 inscrições de toda a Ásia. Dos 16 participantes saíram oito vencedores, sendo que duas produções de Hong Kong financiadas no âmbito do IFC, de nome “Sweet, Sour and Bitter…” e “Once upon a time there was a Mountain”, tiveram a sua estreia mundial em Abril deste ano no 27.º Far East Film Festival em Udine, Itália.

Citado por uma nota de imprensa, Grant Chun, director-executivo da Sands China, declarou que “os filmes são o melhor meio para contar a história de uma cidade e a forma mais directa para promover o turismo cultural”. Pretende-se, com o IFC, tornar “Macau num epicentro para produções cinematográficas”, sendo que com a Academia Asiática de Prémios de Cinema [Asian Film Awards Academy] pretende-se aproveitar “a indústria cinematográfica de renome internacional de Hong Kong e a forte base e força dos talentos cinematográficos”, ajudando “a diversificar a economia de Macau e proporcionar um terreno fértil para o desenvolvimento da indústria cinematográfica de Macau”.

25 Jun 2025

FRC | Vítor Carmona apresenta hoje “Demónios Portugueses”

A Fundação Rui Cunha volta hoje a acolher a apresentação de um livro de Vítor Carmona. Trata-se de “Demónios Portugueses – Catalunha 1794”, e que se segue à obra “A Campanha – Rossilhão 1793”, também apresentada em Macau. O livro de ficção, lançado em Portugal em Outubro do ano passado, aborda a verídica epopeia espanhola e portuguesa nos Pirenéus

 

Vítor Carmona, autor, está de novo em Macau para apresentar o seu mais recente livro, “Demónios Portugueses – Catalunha 1794”, com a chancela da Saída da Emergência, de Portugal. O evento de lançamento é acolhido pela Fundação Rui Cunha (FRC) e acontece hoje às 18h30.

A obra integra-se na saga sobre a “A Guerra dos Pirenéus”, também conhecida como a “Campanha do Rossilhão”, e que decorreu nos Pirenéus entre 1893 e 1795. Tratou-se de uma campanha militar em que Portugal se juntou a Espanha e ao Reino Unido contra a França. Assim, com mais um livro de ficção histórica, Vítor Carmona “recupera a memória histórica desta epopeia inspirada em factos reais”. Segundo a sinopse da obra, “a campanha de 1793 terminou com a chegada do Inverno aos Pirenéus Orientais”, sendo que “o Exército Auxiliar à Coroa Espanhola acantonou-se no inóspito Vallespir, tendo por companhia a fome, o frio e a doença”.

Era uma época em que os hospitais estavam “sobrelotados com centenas de soldados doentes e malnutridos”, sendo que as ordens eram “para aguentar, a todo o custo, a frágil e permeável linha de defesa, no flanco esquerdo do exército aliado, contra as incursões constantes dos temíveis ‘miquelets’, as tropas irregulares francesas”.

Depois, “a desunião e os conflitos no alto comando português agudizam-se com a continuação da campanha”, ocorrendo divisões no seio dos regimentos. O autor conta, em “Demónios Portugueses”, “a rivalidade entre os capitães Diogo Saraiva e António de Monte Cruz, que se acentua e dá início a uma guerra pessoal entre protagonistas, talvez mais mortal do que as armas inimigas”. Além disso, “uma jovem apaixonada por Diogo, e que o seguiu até à Catalunha, quer vingar-se dele”.

Lutas e paixões

O que os leitores podem encontrar em “Demónios Portugueses” é uma “trama rocambolesca” que vai sendo “tecida à margem do campo de batalha”, onde “os franceses procuram aniquilar o exército luso-espanhol” e “apenas os demónios portugueses (como lhes chamam os franceses) parecem ter a coragem e a determinação para os enfrentar”.

Vítor Carmona nasceu em 1973, em Lisboa. Licenciou-se em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa. Apaixonado por História, especialmente pelo período que vai da Revolução Francesa à epopeia napoleónica, criou, há dez anos, a Sociedade Napoleónica Portuguesa, um espaço de divulgação e discussão do universo napoleónico. Este é o seu segundo romance histórico, apresentado pelo próprio autor que se encontra de visita a Macau, depois de ter trazido o primeiro volume à Galeria da Fundação Rui Cunha em Agosto de 2024.

25 Jun 2025

GP Consumo | Receitas de mais de mil milhões

O Governo indicou ontem que a última edição do “Grande prémio para o consumo nas zonas comunitárias 2025” gerou receitas de 1,04 mil milhões de patacas para os cerca de 20 mil comerciantes participantes na iniciativa.

No total, durante o evento foram gerados cupões de desconto no valor de 290 milhões de patacas, dos quais perto de 250 milhões de patacas foram efectivamente gastos.

Os números foram avançados ontem durante a cerimónia de encerramento e o sorteio final do grande prémio para o consumo. A novidade desta ronda foi o desconto directo de 300 patacas em cartões Macau Pass para idosos, que terá gerado um consumo associado de cerca de 62 milhões de patacas.

Segundo a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, as empresas beneficiárias da medida abrangeram diferentes sectores, como o sector retalhista (que representou cerca de 61 por cento), o sector da restauração (29 por cento) e o sector dos serviços e outros sectores (cerca de 10 por cento).

25 Jun 2025

Celebrado novo acordo para mandar matérias inertes para o Interior

O Governo de Macau e Ministério da Ecologia e Meio Ambiente do Interior assinaram um acordo para a RAEM enviar para o outro lado da fronteira os materiais inertes que resultam das obras de construção. Os detalhes do acordo, como a duração e os eventuais pagamentos da RAEM, não foram revelados no comunicado de ontem do Gabinete do secretário para os Transportes e Obras Pública, que também não indicou a data em que foi assinado o acordo.

O documento assinado pelas duas partes tem como nome “Acordo de Cooperação para os Trabalhos de Gestão da Disposição de Materiais Inertes Resultantes de Demolições e Construções de Macau nas áreas marítimas do Interior da China” e foi justificado com “as necessidades urgentes de tratamento de materiais inertes resultantes de demolições e construções de Macau”.

Embora não se conheçam detalhes, foi indicado que o acordo resultou num “mecanismo eficiente de longo prazo para a disposição de materiais inertes resultantes de demolições e construções da RAEM nas áreas marítimas do Interior da China”. É ainda indicado que o envio de materiais inertes tem de respeitar “as normas nacionais”.

Limites atingidos

O acordo foi justificado com as obras de construção da Linha Leste do Metro Ligeiro, e a utilização de máquinas perfuradoras que vão atingir profundidades superiores a 40 metros abaixo da superfície do mar.

“Considerando que os solos a escavar com este tipo de perfuradora provêm das profundezas do subsolo e têm uma composição relativamente simples, e tendo também em conta que o único Aterro para Resíduos de Materiais de Construção existente em Macau já se encontra saturado, surge o problema do destino a dar aos solos resultantes das escavações”, foi indicado.

“Se este problema não for resolvido o mais rapidamente possível, terá um impacto sério no progresso dos principais projectos de infra-estruturas de subsistência de Macau”, foi explicado.

“Assim, os materiais inertes resultantes de demolições e construções de Macau que satisfaçam os requisitos nacionais (incluindo os solos produzidos por máquina perfuradora de túneis e os solos moles) serão tratados nas áreas marítimas do Interior da China”, foi acrescentado.

25 Jun 2025

Eleicões | Wong Wai Man definitivamente excluído

O presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa confirmou ontem o afastamento definitivo da lista de Wong Wai Man, após o activista, conhecido como ‘capitão Macau’, não ter recorrido da exclusão

 

“Não recebemos até agora qualquer recurso ou informação sobre qualquer recurso”, disse ontem numa conferência de imprensa o juiz Seng Ioi Man, que preside à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL).

De acordo com a cronologia do processo eleitoral, Wong Wai Man tinha apenas um dia para recorrer, para o Tribunal de Última Instância (TUI), da rejeição da candidatura, decisão anunciada pela CAEAL em 16 de Junho. O TUI teria depois cinco dias, até domingo passado, para tomar uma “decisão definitiva” sobre a exclusão.

Em 10 de Junho, a CAEAL deu a Wong Wai Man dois dias para recolher pelo menos 78 assinaturas em apoio à sua candidatura. Isto depois da comissão decidir que, das 395 assinaturas submetidas pelo activista, apenas 222 eram válidas. As candidaturas à AL devem ser apresentadas com o apoio mínimo de 300 eleitores. “A maior parte das assinaturas não era de eleitores que reúnem as condições, também há repetição de subscritores e assinaturas que não correspondem à do documento de identidade”, disse Seng Ioi Man em 16 de Junho, notando ainda problemas com o logótipo da lista Ajuda Mútua Grassroots.

No dia seguinte, Wong Wai Man, também presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, acusou as autoridades de perseguição política, disse que esteve detido entre 11 e 16 de Junho e rejeitou as acusações de corrupção eleitoral e exploração ilícita de jogo.

Espaço reduzido

A 14 de Junho, o Juízo de Instrução Criminal aplicou medidas de coação a cinco indivíduos, alegadamente por terem pagado subornos para obter o apoio a listas candidatas à Assembleia Legislativas ou por terem falsificado assinaturas.

Wong Wai Man, também conhecido como “Soldado de Mao” por aparecer frequentemente com um uniforme verde e uma mala com o rosto do antigo líder chinês Mao Zedong, garantiu não ter dinheiro para pagar subornos.

O presidente da CAEAL, Seng Ioi Man, disse ontem que não pediu nem irá solicitar informações ao Comissariado Contra a Corrupção, porque a investigação ainda está “sob segredo de justiça”. Estas serão as primeiras eleições após a exclusão, em 2021, de cinco listas e 21 candidatos, 15 dos quais pró-democracia, por “não defenderem a Lei Básica” e não serem “fiéis à RAEM “.

A comissão eleitoral validou oito pedidos de candidatura por sufrágio directo à AL, menos do que os 19 registados inicialmente nas anteriores eleições, em 2021. Trinta e três deputados integram a AL, sendo que 14 são eleitos por sufrágio directo, 12 por sufrágio indirecto, através de associações, e sete são nomeados pelo Chefe do Executivo.

24 Jun 2025

Hengqin | Sam Hou Fai quer complementaridade com Nansha

O Chefe do Executivo espera que Guangzhou e Macau possam fortificar o desenvolvimento conjunto de Nansha e Hengqin, complementando-se mutuamente e, usando as suas vantagens próprias, desempenhar bem as funções de cidades centrais do projecto da Grande Baía.

O desejo de Sam Hou Fai foi expresso em mais um périplo do governante pelas cidades da Grande Baía, desta feita na capital da província, Guangzhou. Nansha é um distrito da capital de Guangdong onde se situa o principal porto da cidade, uma zona industrial e de desenvolvimento tecnológico.

Sem mencionar como se articularia a complementaridade entre a zona de cooperação aprofundada na Ilha da Montanha e Nansha, Sam Hou Fai relembrou que “o Governo da RAEM está a implementar e concretizar o espírito do importante discurso do Presidente Xi Jinping, proferido aquando da visita a Macau, incluindo executar bem e concretizar o projecto de construção da Ilha Hengqin”.

Num encontro na segunda-feira à tarde com o secretário do Comité Municipal do Partido Comunista da China de Guangzhou, Guo Yonghang, o Chefe do Executivo defendeu que as duas cidades devem colaborar mais na área do desporto, aproveitando a oportunidade de Guangdong, Hong Kong e Macau co-organizarem a 15.ª edição dos Jogos Nacionais.

Esta é a segunda ronda de visitas de comitivas governamentais da RAEM, lideradas por Sam Hou Fai, a cidades da Grande Baía em menos de dois meses.

24 Jun 2025

Economia | Académico defende mudança estrutural

Samuel Tong, presidente do Instituto de Gestão de Macau, defendeu, num artigo de opinião publicado no jornal Ou Mun, que deveria haver uma mudança estrutural na economia, tendo em conta a lenta recuperação do sector.

Na sua opinião, todos os sectores económicos têm de ser flexíveis, no sentido de se poderem adaptar a novos cenários e tendências. No referido artigo, Samuel Tong lembrou que a elevada dependência económica do jogo e do turismo mostrou as vulnerabilidades da economia, sendo que o ajuste nos casinos-satélite, com o seu encerramento, pode trazer um desenvolvimento mais sustentável ao sector do jogo, elevando a concorrência na área do turismo.

Relativamente ao futuro da zona do ZAPE, cujo comércio poderá sofrer um grande impacto com o fecho dos casinos-satélite, Samuel Tong disse existirem condições para criar uma zona pedonal como existe em tantos outros países e regiões, incluindo China, Taiwan, Japão e Coreia do Sul.

Por esta razão, Samuel Tong sugere que os comerciantes que trabalham no ZAPE devem abraçar esta fase de mudança em prol de uma transformação tendo em conta a liderança e políticas adoptadas pelo Governo.

24 Jun 2025

NATO / Defesa | EUA insistem no aumento de 5% para todos os aliados

Os Estados Unidos insistiram ontem que o compromisso de aumentar para 5% os gastos com Defesa diz respeito a todos os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), reunidos em cimeira em Haia.

“Graças à liderança do Presidente [norte-americano] Donald Trump, a NATO está a caminho de alcançar um compromisso histórico, em que cada aliado se compromete a gastar pelo menos 5 por cento do seu PIB em defesa”, afirmou o embaixador dos Estados Unidos junto da Aliança Atlântica, Matthew Whitaker, frisando que “todos” terão de mostrar “progressos significativos” nos seus orçamentos para o sector.

Sobre os prazos para atingir a meta, Whitaker evitou avançar uma data, embora tenha reiterado que “não há um prazo ilimitado”, pelo que espera um “crescimento significativo e incrível dos aliados e dos seus orçamentos de defesa ano após ano”.

Nesse sentido, acrescentou que isso é determinado pelas ameaças à segurança que o bloco militar enfrenta e não pelas exigências de Trump ou do secretário-geral da NATO, Mark Rutte. “Os nossos adversários não vão esperar que estejamos preparados”, advertiu.

Desta forma, Whitaker reiterou que o Presidente norte-americano pede “um plano claro e credível” para atingir 5 por cento de investimento em defesa para “toda” a NATO. Para Whitaker, a situação de segurança exige que os parceiros europeus dêem passos em frente para reforçar o laço transatlântico, pelo que reiterou que a questão das despesas continuará na agenda de Washington.

“Esperaria que os aliados se mostrassem ainda mais vigilantes na hora de exigir responsabilidades uns aos outros pelos progressos realizados ano após ano”, referiu Whitaker, sem nunca mencionar o acordo alcançado domingo pelo presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, e por Rutte, para dar mais flexibilidade a Madrid na sua trajectória de gastos.

24 Jun 2025

Nobel da Paz | Paquistão critica Trump por atacar Irão

O Paquistão condenou o Presidente norte-americano, Donald Trump, por bombardear o Irão, menos de 24 horas depois de ter dito que merecia o Nobel da Paz por ter resolvido a recente crise com a Índia.

As relações entre os dois países do sul da Ásia agravaram-se após um massacre de turistas na Caxemira indiana, em Abril, com os dois países a atacarem-se até negociações lideradas por Washington terem resultado numa trégua atribuída a Trump.

Foi a “intervenção diplomática decisiva e liderança fulcral” de Trump que o Paquistão elogiou numa mensagem efusiva no sábado à noite, quando anunciou a recomendação formal para que recebesse o Prémio Nobel da Paz,

Menos de 24 horas depois, porém, condenou os Estados Unidos por terem atacado o Irão, afirmando que os ataques “constituíam uma grave violação do direito internacional” e dos estatutos da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, num telefonema no domingo com o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, manifestou a preocupação por os bombardeamentos terem visado instalações que estavam sob a salvaguarda da AIEA.

O Paquistão, que possui armas nucleares tal como a Índia, tem laços estreitos com o Irão e apoia os ataques contra Israel com o argumento de que Teerão tem o direito a defender-se, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).

24 Jun 2025

Israel/Irão | Conflito complica ligações aéreas entre Europa e Ásia

Os voos entre o leste asiático e a Europa estão cada vez mais longos, caros e imprevisíveis, apontam analistas, à medida que o conflito entre Irão e Israel se junta ao encerramento do espaço aéreo russo às companhias europeias.

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro de 2022, as transportadoras aéreas da União Europeia estão proibidas de sobrevoar o território russo, o que levou ao cancelamento de dezenas de rotas e obrigou as companhias a desviarem-se por corredores mais a sul ou pelo Ártico.

No caso das ligações com o leste da Ásia, como China, Japão ou Coreia do Sul, o impacto traduz-se em acréscimos de até quatro horas de voo, consumo extra de combustível e, consequentemente, aumento nos custos operacionais e nos preços dos bilhetes.

Nos últimos dias, a intensificação do conflito entre Israel e o Irão, com apoio militar dos Estados Unidos, agravou a situação, levando à suspensão de voos sobre o Irão, Iraque, Síria e Israel. Várias companhias, incluindo Qatar Airways, Lufthansa e Singapore Airlines, ajustaram as rotas ou cancelaram ligações para a região, citando razões de segurança.

Uma fonte de uma grande companhia aérea europeia citada pelo jornal britânico Financial Times sob anonimato disse que, embora as empresas estivessem acostumadas a lidar com encerramentos periódicos do espaço aéreo, a situação actual é “mais grave”, porque as companhias passaram a ter um “corredor realmente pequeno” para voar.

Com os principais corredores aéreos bloqueados a norte e a sul, os voos entre cidades como Pequim, Xangai, Seul ou Tóquio e destinos na Europa passam agora por vias mais estreitas, sobrevoando países da Ásia Central, Turquia ou a Península Arábica. A dependência desses corredores aumenta a pressão sobre os controlos de tráfego aéreo e torna qualquer perturbação local numa ameaça ao fluxo global.

Ganhos e perdas

Companhias aéreas chinesas, como a Air China e a China Eastern, que continuam autorizadas a utilizar o espaço aéreo russo, ganharam, porém, vantagem competitiva. Os seus voos são mais curtos e baratos, permitindo-lhes oferecer tarifas até 35 por cento inferiores às praticadas por operadores europeus nas mesmas rotas, segundo uma estimativa do Financial Times.

Além do impacto no transporte de passageiros, o setor logístico também regista dificuldades, com atrasos na entrega de mercadorias e aumento dos custos de frete.

O especialista Rosen Röhlig apontou num relatório como “o encerramento do espaço aéreo russo às companhias europeias afecta envios de carga aérea na rota Ásia Europa”, levando a “retrocessos em centros globais e aumento dos custos e atrasos”.

“A tendência geral é de um aperto adicional na capacidade das transportadoras. Como resultado (…), rotações de tripulação mais longas e aumento nos custos de combustível podem levar a tarifas mais elevadas e alterações nos horários”, destacou.

Também um estudo da OCDE demonstrou como “o encerramento do espaço aéreo russo a transportadoras de 36 países provocou aumentos significativos do tempo de viagem para passageiros em cerca de 80 por cento das rotas que ligam a Ásia à Europa”.

A mesma análise sublinhou que os corredores alternativos “não conseguem absorver totalmente estes fluxos”, originando atrasos na entrega de mercadorias e aumento dos custos de frete, com impacto directo nas cadeias de abastecimento globais.

A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), que mantém actualizações regulares sobre zonas de exclusão aérea, alertou que a situação permanece volátil, com o risco de novos encerramentos ou incidentes inesperados.

24 Jun 2025

FDC | Candidaturas para apoios à moda até ao dia 1 de Agosto

O Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) aceita, a partir de hoje e até ao dia 1 de Agosto, candidaturas a apoios financeiros na área da moda. Trata-se do “13.º Plano de Subsídio à Criação de Amostras de Design de Moda”, que tem como objectivo “apoiar a produção de amostras e a promoção de colecções de moda originais de designers locais, impulsionando continuadamente o desenvolvimento da indústria do design de moda em Macau”.

Os candidatos devem ser residentes da RAEM, com idade igual ou superior a 18 anos, e podem candidatar-se a título individual ou em grupo. As obras devem ser colecções de moda originais que não tenham sido exibidas ao público, produzidas ou fabricadas em amostras anteriormente, com um mínimo de 8 modelos, devendo ainda participar pelo menos numa actividade de moda durante o período de apoio financeiro.

A avaliação será feita em duas fases, sendo que na primeira selecção a Comissão de Avaliação de Actividades e Projectos do FDC vai analisar as propostas “com base nos critérios de criatividade e originalidade, qualidade, efeitos visuais globais”, bem como o “potencial de mercado, viabilidade e grau de perfeição do plano de participação em exposições e do plano de marketing e racionalidade orçamental”. Nessa primeira fase são escolhidos 15 projectos, que passam depois à segunda fase, quando será efectuada uma reunião de avaliação. Este encontro serve para o candidato “mostrar um modelo de amostra por um modelo contratado, fazer uma apresentação e responder às questões colocadas pelos membros da Comissão de Avaliação, os quais atribuirão pontuações”.

O período do apoio financeiro é de 12 meses e a quota de apoio financeiro contempla até oito beneficiários. O valor financiado máximo é de 180 mil patacas, destinado a financiar as despesas de produção de amostras, produção de materiais promocionais, participação em exposições, transporte e logística de toda a colecção da obra seleccionada.

24 Jun 2025

Médio Oriente | Maioria dos cidadãos chineses saem do Irão

A embaixada chinesa em Teerão indicou ontem que a “grande maioria” dos cidadãos chineses já foi retirada do Irão, face ao agravamento do conflito com Israel, intensificado por ataques israelitas e bombardeamentos norte-americanos contra instalações nucleares.

De acordo com o ministro conselheiro da missão diplomática chinesa, Fu Lihua, a embaixada coordenou a retirada em estreita colaboração com o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês e com as representações diplomáticas da China na Turquia, Arménia, Azerbaijão, Turquemenistão e Iraque.

As operações foram realizadas por via rodoviária desde Teerão e outras áreas de risco até às fronteiras terrestres com países vizinhos, como o Azerbaijão e o Turquemenistão, avançou no domingo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. Nos postos fronteiriços, como Astara ou Bajgiran, foram destacadas equipas de apoio para facilitar os procedimentos de saída e garantir a segurança dos cidadãos chineses, explicou Fu.

Segundo dados oficiais, residem actualmente cerca de 4.000 cidadãos chineses no Irão. A embaixada chinesa precisou que os poucos cidadãos chineses que permanecem no Irão já foram transferidos para zonas consideradas mais seguras.

A China realizou também operações de retirada em Israel, de onde cerca de 300 cidadãos chineses, maioritariamente estudantes, foram transportados por via terrestre através das fronteiras com o Egipto e a Jordânia, face ao risco de agravamento do conflito com o Irão. Pequim instou os cidadãos chineses que ainda permanecem em Israel a registarem-se para futuras operações.

Desde o início da recente escalada entre Israel e o Irão, a China manifestou “profunda preocupação” com a situação e apelou repetidamente ao “cessar imediato das hostilidades”, tendo condenado ainda os recentes ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas, que considera contribuírem para “exacerbar as tensões” no Médio Oriente.

24 Jun 2025

Ásia é destino de 84 por cento do petróleo que passa pelo Estreito de Ormuz

Cerca de 84 por cento do petróleo que atravessa o Estreito de Ormuz destina-se à Ásia, incluindo China, Índia, Coreia do Sul e Japão, economias muito vulneráveis a restrições ao tráfego marítimo em caso de escalada do conflito no Médio Oriente.

Cerca de 14,2 milhões de barris por dia de petróleo bruto e 5,9 milhões de barris por dia de outros produtos petrolíferos, ou seja, cerca de 20 por cento da produção mundial, passaram pelo corredor estratégico do Estreito de Ormuz, ao largo do Irão, no primeiro trimestre, segundo a Agência de Informação sobre Energia dos Estados Unidos (EIA).

É a rota praticamente única de exportação do crude da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, do Iraque, do Kuwait, do Qatar e do Irão.

Eis os principais países asiáticos a que se destina este petróleo:

China

Os peritos estimam que mais de metade do petróleo importado pela Ásia Oriental passa pelo Estreito. É o caso da China: segundo a EIA, no primeiro trimestre importou 5,4 milhões de barris por dia de petróleo bruto através de Ormuz.

A Arábia Saudita foi o seu segundo maior fornecedor de ‘ouro negro’ no ano passado, com 1,6 milhões de barris por dia, ou seja, 15 por cento do total das suas importações, segundo a EIA. O próprio Irão tornou-se uma fonte importante de hidrocarbonetos: em Abril, exportou 1,3 milhões de barris por dia para a China.

A maior parte é comprada por pequenas refinarias chinesas (conhecidas como “teapots”) que operam independentemente das companhias petrolíferas estatais – uma forma de evitar as sanções dos EUA. A China absorve mais de 90 por cento das exportações de petróleo do Irão.

Índia

A Índia importou 2,1 milhões de barris por dia de crude através do Estreito no primeiro trimestre, segundo a EIA.

A Índia está fortemente dependente do Estreito, com o Médio Oriente a fornecer cerca de 53 por cento das suas importações de petróleo no início de 2025, de acordo com a imprensa financeira local, nomeadamente do Iraque e da Arábia Saudita.

Isto é suficiente para deixar Nova Deli nervosa face à escalada das tensões, apesar de o país ter aumentado as suas compras de hidrocarbonetos russos nos últimos três anos. “Tomaremos todas as medidas necessárias para assegurar um abastecimento estável de combustível aos nossos cidadãos”, insistiu o ministro do Petróleo indiano, Hardeep Singh Puri, na X.

“Diversificámos os nossos fornecimentos nos últimos anos (…) Os nossos distribuidores dispõem de reservas para várias semanas e continuam a ser abastecidos através de vários canais”, declarou, sem dar mais pormenores.

Coreia do Sul

De acordo com os dados da indústria petrolífera do país, cerca de 68 por cento das importações de petróleo bruto da Coreia do Sul passam pelo Estreito de Ormuz – um volume de 1,7 milhões de barris por dia, segundo a EIA.

O país é particularmente dependente da Arábia Saudita, que no ano passado foi responsável por um terço das suas importações de petróleo, tornando-se o principal fornecedor do país.

“Até à data, não se registaram perturbações nas importações de petróleo bruto e de GNL (gás natural liquefeito) da Coreia do Sul, mas poderá surgir uma crise de abastecimento em função da evolução da situação”, reconhece o ministério da Energia sul-coreano em comunicado.

“O Governo e os intervenientes da indústria prepararam-se para situações de emergência, mantendo uma reserva estratégica de petróleo equivalente a cerca de 200 dias de abastecimento e reservas suficientes de GNL”, insistiu.

Japão

O Japão importa 1,6 milhões de barris por dia de petróleo bruto através do Estreito de Ormuz, segundo a EIA. E, segundo os dados aduaneiros japoneses, 95 por cento do petróleo bruto importado pelo arquipélago no ano passado veio do Médio Oriente.

As empresas de transporte de energia do país começaram a adaptar-se: “Estamos atualmente a tomar medidas para reduzir ao máximo o tempo de permanência dos nossos navios no Golfo”, declarou à AFP a Mitsui OSK.

O resto da Ásia (dois milhões de barris por dia), nomeadamente a Tailândia e as Filipinas, mas também a Europa (0,5 milhões) e os Estados Unidos (0,4 milhões) foram outros destinos do petróleo bruto que passou pelo Estreito de Ormuz no primeiro trimestre.

Alternativas limitadas

Os países asiáticos poderiam tentar diversificar as suas fontes de abastecimento – nomeadamente reforçando as suas compras de hidrocarbonetos americanos – mas seria impossível substituir os grandes volumes provenientes do Médio Oriente.

A curto prazo, “as elevadas reservas mundiais de petróleo, a capacidade de reserva da OPEP [Organização de Países Exportadores de Petróleo] e a produção de gás de xisto nos Estados Unidos poderão proporcionar uma certa protecção”, consideram especialistas do MUFG citados pela Afp.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos dispõem de infraestruturas que lhes permitem contornar o Estreito de Ormuz, o que poderia atenuar um pouco qualquer perturbação, mas a sua capacidade de trânsito, estimada pela EIA em cerca de 2,6 milhões de barris por dia, continua a ser muito limitada.

E o oleoduto Goreh-Jask, criado pelo Irão para exportar através do Golfo de Omã, que está inactivo desde o ano passado, só tem uma capacidade máxima de 300.000 barris por dia, também segundo a EIA.

24 Jun 2025

Israel/Irão | China pede esforços para evitar fecho de Estreito de Ormuz

O fecho do Estreito de Ormuz pode afectar seriamente não só a economia chinesa, mas todo o comércio internacional

 

A China pediu ontem esforços internacionais para “evitar um impacto no desenvolvimento económico mundial”, após o parlamento do Irão ter proposto o encerramento do Estreito de Ormuz, por onde transita cerca de 20 por cento do petróleo e gás mundial.

“O Golfo Pérsico e as suas águas circundantes são canais importantes para o comércio internacional de bens e energia”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, numa conferência de imprensa em Pequim.

Guo sublinhou que “manter a segurança e a estabilidade na região está no interesse comum da comunidade internacional” e defendeu que “os esforços para promover a distensão dos conflitos devem ser intensificados”.

O porta-voz reagia à proposta apresentada no domingo pelo parlamento iraniano, na sequência do ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irão, para que o Estreito de Ormuz seja encerrado ao tráfego marítimo – uma medida com impacto global no comércio de hidrocarbonetos e que terá ainda de ser aprovada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano.

Guo reiterou que a operação militar de Washington “exacerba as tensões no Médio Oriente” e revelou que a China, juntamente com a Rússia e o Paquistão, apresentou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projecto de resolução que apela a “um cessar-fogo imediato e incondicional” entre Irão, Israel e Estados Unidos.

“Atacar instalações nucleares sob as salvaguardas do Organismo Internacional de Energia Atómica constitui uma violação grave dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional”, declarou o porta-voz, pedindo “a todas as partes” que evitem uma escalada e defendendo o regresso ao “caminho da solução política”.

Sem comentários

Guo não comentou directamente as declarações do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que exortou a China a interceder junto do Irão para evitar o encerramento do estreito.

“Apelo ao Governo chinês, em Pequim, para que contacte Teerão sobre esta matéria, pois dependem fortemente do Estreito de Ormuz para o fornecimento de petróleo”, afirmou Rubio numa entrevista à estação televisiva norte-americana Fox News. O eventual encerramento do Estreito de Ormuz afectaria o comércio global e, em particular, a China – o maior importador de petróleo iraniano e parceiro estratégico de Teerão.

24 Jun 2025

Qing 情 como fundamento da ética naturalista de Xun Zi (3)

Por Li Chenyang

(continuação do número XXXXX)

Graham não nega que qing possa referir-se a sentimentos ou paixões no Xunzi. Insiste, no entanto, que nunca significa sentimentos ou paixões (Graham 1986: 64). De acordo com Graham, quando Xunzi usa “qing” para se referir a sentimentos, Xunzi quer dizer que esses sentimentos são genuínos; a afirmação de Xunzi de que “o gosto, o desgosto, o prazer, a raiva, a tristeza e a alegria de xing são chamados qing” significa que estes são chamados “o genuíno em nós” (Graham 1986: 65). No entanto, Graham comete um erro na sua descrição, porque qing pode significar sentimentos, emoções ou paixões na literatura pré-Han, e significa de facto estas coisas em vários locais do Xunzi. Em primeiro lugar, não é simplesmente verdade que qing nunca significa paixões ou coisas do género na literatura pré-Han. Por exemplo, o texto “Xìng Zì Mìng Chū” das Tiras de Bambu de Guodian contém a afirmação “zhì lè bì bēi, kū yì bēi, jiē zhì qí qíng yě 至樂必悲, 哭亦悲, 皆至其情也” (Liu 2003: 98). Diz que “quando a felicidade vai ao extremo, transforma-se em tristeza, e chorar também é tristeza; ambos são estados máximos de qing.” Esta afirmação corresponde a outra afirmação “yòng qíng zhī zhì zhě, āi lè wéi shèn 用情之至者, 哀樂為甚” no mesmo texto (Liu 2003: 101), que diz que as formas máximas de qing são exemplificado na tristeza e na felicidade. Nestas afirmações, qing não pode significar “actualidade” ou “genuíno”, como Graham afirma (4).Podemos certamente dizer que a tristeza ou a felicidade de uma pessoa é genuína. Mas “genuíno” aqui descreve como é e não o que é. A tristeza e a felicidade são emoções humanas. A tristeza e a felicidade são emoções humanas. Se são formas de qing, devem significar algum tipo de estado afetivo de consciência. Ligando os pontos entre estes usos de qing e a afirmação de Xunzi de que “o gostar, o não gostar, o prazer, a raiva, a tristeza e a alegria de xing são chamados qing”, só faz sentido se lermos qing de forma semelhante como estados afectivos de consciência.

Além disso, no capítulo 2, Xiushen, Xunzi diz:

“Se o vosso comportamento for respeitoso e reverente, se o vosso coração for leal e fiel, se usardes apenas os métodos sancionados pela propriedade ritual e pela moralidade, e se o vosso qing é de amor e humanidade, então, apesar de viajares por todo o império, e apesar de te encontrares a viver em tribos remotas e incivilizadas nas quatro direcções, todos te considerariam uma pessoa honrada.”

As quatro frases com “se” em chinês são paralelas em termos de estrutura, em que “coração” (xīn 心) corresponde a “qing”: enquanto o coração é leal e fiel, o qing é amoroso e humano. Qing aponta aqui inequivocamente para os sentimentos e não para a “actualidade” ou o “genuíno”, como afirmou Graham.

Os termos em inglês para o tipo de estados afectivos aqui abordados incluem “feeling”, “emotion” e “passion”. A emoção refere-se a sentimentos mentais, implicando frequentemente a presença de excitação ou agitação. Paixão é geralmente sinónimo de emoções intensas e convincentes.5 Talvez possamos dizer que gostar e não gostar são apenas sentimentos, enquanto que prazer, raiva, tristeza e alegria podem ser chamados de emoções. Por uma questão de sim- plicidade, usarei “sentimento” para qing neste sentido, uma vez que, quando usado de forma geral, abrange “emoção” e “paixão”. No Xunzi, podemos encontrar usos abundantes de qing nestes sentidos de sentimento, como mostraremos de seguida.

Qing como sentimentos humanos está directamente relacionado com a teoria ética de Xunzi. Em relação à moralidade, o qing é frequentemente visto como contrário à propriedade ritual. De acordo com Xunzi, antes da transformação da sua tendência natural inata e do desenvolvimento das suas capacidades morais adquiridas, os qing dos seres humanos são inatamente apaixonados por grandes sons, intensos cores e aromas ricos. Qing, neste sentido, é normalmente emparelhado com xing 性 como qing-xing 情性, especialmente quando Xunzi está a expor os seus pontos de vista sobre a tendência natural dos seres humanos ser má.

No capítulo 23, Xing-e, Xunzi confirma que “é a tendência natural inata na humanidade que, quando tem fome, deseja algo para comer, que, quando tem frio, deseja roupas quentes e que, quando está cansado, deseja descansar – esses são os seus sentimentos inatos (qing) e a sua tendência natural”. Portanto:

“Os seus sentimentos inatos (qing) e a sua tendência natural não são mostrar cortesia ou deferir aos outros. Mostrar cortesia e deferir aos outros contradiz os seus sentimentos inatos (qing) e a sua tendência natural.”

Xunzi defende que o amor pelo lucro e o desejo de o obter pertencem aos sentimentos inatos do ser humano (qing). Estes sentimentos levam as pessoas a lutar pelas coisas desejadas se não forem reguladas pelas normas sociais. “Assim, seguir os sentimentos inatos e a tendência natural de cada um conduzirá a conflitos mesmo entre irmãos e, quando estes forem transformados por um ritual de correção e moralidade, os irmãos cederão a sua pretensão a outros do seu próprio país”. Nesta perspetiva, qing (sentimentos inatos) e xing (tendência natural humana) estão intimamente ligados. Como disse Xunzi:

“Quando cada pessoa segue a sua tendência natural e se entrega aos seus sentimentos inatos, a agressividade e a ganância é certo que se desenvolverão. Isto é acompanhado pela violação das distinções de classe social e lança a ordem social racional na anarquia, resultando numa tirania cruel” .

Com base na sua análise do qing-xing 情性, Xunzi ficcionalizou a seguinte conversa A relação entre os reis-sábios Yao e Shun, no capítulo 23, Xing’e:

Yao perguntou a Shun: “Como são os sentimentos naturais (qing) da humanidade?”

Shun respondeu: “Os seus sentimentos naturais são coisas muito pouco amáveis. Mas porque precisas de perguntar sobre eles? Quando um homem tem mulher e filhos, as obrigações filiais que observa para com os seus pais diminuem. Quando ele satisfaz os seus desejos e obtém as coisas de que gosta, a sua boa fé para com os seus amigos diminui. Quando ele satisfaz plenamente seu desejo de ter um alto cargo e um bom salário, sua lealdade ao seu senhor diminui. Oh, os sentimentos naturais dos seres humanos! Os sentimentos naturais dos seres humanos – como são tão pouco amáveis! Por que é que é preciso perguntar por eles!”

De acordo com Xunzi, o qing humano inato estava num estado não amável, e qualquer tentativa de seguir o fluxo do qing não levaria a nada além do caos. Uma vez que esta é a verdade indiscutível, porque é que havemos de perguntar sobre eles?

É de salientar que a conotação negativa de qing é comummente aceite na leitura do Xunzi. No entanto, não esgota todo o significado de qing como sentimento. Por exemplo, no capítulo 19, Lilun, o Xunzi refere:

“Tentar superar-se mutuamente, aparentando estar desolado e emaciado, é o caminho dos homens maus. Não é a forma cultivada de correção ritual e moralidade, nem é o sentimento (qing) de um filho filial .”

Aqui, “o sentimento de um filho filial” refere-se ao tipo de sentimento próprio de um filho filial; é, portanto, um bom sentimento. Mesmo esses bons sentimentos, no entanto, têm de ser bem medidos. No capítulo Lilun, por exemplo, Xunzi sugere que o funeral de um pai falecido não se deve prolongar indefinidamente, mesmo que o filho enlutado se sinta assim. Para Xunzi, os sentimentos humanos enquadrados no sentido positivo não são inerentes à humanidade, como ele afirma, “os sentimentos [apropriados] são o que eu não possuo [à nascença], mas posso, no entanto, criar” (Knoblock 1990: 81, modificado). De acordo com o comentário do académico Tang Yang Liang, o que Xunzi diz aqui é que os sentimentos humanos positivos não são inatos aos seres humanos, mas os sentimentos inatos podem, no entanto, ser direcionados para o caminho certo com a ajuda de influências externas (Wang 1988: 144). Outro exemplo pode ser encontrado no capítulo 21, Jiebi:

O sábio segue (zòng 縱) os seus desejos e satisfaz (jiān 兼) os seus sentimentos, mas tendo-os regulado, ele está de acordo com os princípios racionais da ordem. Na verdade, que necessidade tem ele de força de vontade, de resistência ou de circunspeção?

O comentador Wang Xianqian, da dinastia Qing, entendeu a palavra zong 縱 aqui como cóng 從, que significa “seguir”. Yang Liang definiu jian 兼 como jin 盡, que significa “cumprir” (Wang 1988: 404). Em suma, Xunzi defende que o sábio pode seguir os seus desejos e satisfazer os seus sentimentos. Obviamente, esses desejos e sentimentos não são maus. Tal como Confúcio, aos 70 anos, quando alegadamente foi capaz de seguir os seus desejos sem transgressão, o sábio pode satisfazer completamente os seus sentimentos sem transgressão, porque os sentimentos, neste contexto, são bons.

Para além dos sentidos negativo e positivo de qing, Xunzi também o utiliza num sentido neutro, num sentido que não é nem bom nem mau. Por exemplo, no capítulo 20, Yuelun, Xunzi diz,

“A música é alegria. Sendo uma parte essencial dos sentimentos das pessoas, a expressão da alegria é, por necessidade, inescapável.”

No capítulo 3, Bugou, Xunzi escreve:

“Quem acabou de lavar o corpo sacode as vestes e quem acabou de lavar o cabelo tira o pó do gorro. Isto deve-se aos sentimentos naturais das pessoas.”

A primeira citação sugere que as pessoas não podem passar sem alegria porque a expressão da alegria é, por necessidade, inescapável. Por um lado, os sentimentos humanos aqui expressos não podem ser entendidos no sentido negativo; caso contrário, não há forma de explicar a necessidade e o valor da alegria. Por outro lado, não há nenhuma indicação de Xunzi de que eles tenham que ser entendidos no sentido positivo também. De acordo com a posição de Xunzi, as coisas boas têm de passar por um processo de cultivo e transformação, tal como “os sentimentos próprios do filho filial”, mas os sentimentos humanos discutidos nas duas passagens citadas são considerados inerentes à humanidade. Na segunda citação, diz-se que uma pessoa sacode instintivamente a roupa e tira o pó do boné depois de lavar o corpo e o cabelo. Os sentimentos humanos apresentados são claramente respostas emocionais naturais da pessoa média na vida quotidiana e devem ser entendidos num sentido neutro.

Em resumo, qing tem muitas conotações diferentes em Xunzi. Um grupo de significados inclui atualidade, qualidades essenciais e autenticidade; o outro grupo de significados abrange os sentimentos humanos. Quando qing é entendido como sentimentos humanos, pode ainda ser classificado em sentido negativo, positivo ou neutro.

Do ponto de vista de que seguir os sentimentos humanos inatos sem restrições levará a conflitos, caos e impotência, os sentimentos humanos são problemáticos ou maus. Mas a tendência natural dos seres humanos pode ser transformada, e as habilidades adquiridas no exercício adequado dos sentimentos podem ser desenvolvidas; assim, os sentimentos humanos podem tornar-se bons. Os estados positivos e negativos dos sentimentos são manifestações variadas de estados psicofisiológicos humanos brutos.

Na medida em que os sentimentos humanos existem ontologicamente antes de seguirem a sua tendência natural para se tornarem maus ou para se tornarem bons através da propriedade ritual, pode dizer-se que são neutros.

24 Jun 2025

CAEL | Programa político de Tim Wong realça emprego

A Macau Creative People’s Livelihood Force apresentou ontem à Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) a sua lista para as próximas eleições legislativas, liderada por Tim Wong, assim como o programa político.

O cabeça de lista apontou as questões económicas como prioridades no seu programa político, com destaque particular para o impacto do encerramento dos casinos-satélite, que Wong entende poder resultar numa grave crise financeira.

Ontem, em declarações à imprensa após a entrega da lista e programa à CAEL, Tim Wong defendeu a criação de um subsídio para ajudar à sobrevivência do comércio nas imediações dos casinos-satélite que vão fechar portas.

Outra das prioridades da lista da Macau Creative People’s Livelihood Force, constituída por sete candidatos, é a defesa do emprego dos residentes, razão pela qual sugere o corte de 15 por cento de trabalhadores não-residentes na restauração, hotelaria e construção civil. Tim Wong defende ainda o aumento do salário mínimo e a diminuição das rendas das Residências do Governo para Idosos.

23 Jun 2025

Eleições | Ma Io Fong fora da lista da Aliança do Bom Lar

O deputado Ma Io Fong não faz parte da lista da Aliança do Bom Lar apresentada as próximas eleições legislativas, e que é liderada por Wong Kit Cheng, actualmente deputada no hemiciclo. Em segundo lugar, fica Loi I Weng, vice-presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau.

Segundo um comunicado da Aliança do Bom Lar, a equipa mantém os objectivos políticos iniciais, não obstante a saída de Ma Io Fong, com foco na defesa dos direitos das mulheres e crianças.

Na mesma nota, Wong Kit Cheng referiu que os principais objectivos da candidatura são o aumento do subsídio de nascimento para 20 mil patacas, o aumento do período de licença de maternidade para 90 dias e de paternidade para 10 dias. Por sua vez, defende o aumento da idade limite de 3 para 6 anos no tocante ao novo subsídio para a infância.

Já Loi I Weng, defendeu ser necessária uma mudança na habitação económica, para que as famílias mais jovens tenham acesso a casas maiores. Loi I Weng defendeu também a simplificação da burocracia administrativa nas escolas para reduzir a carga laboral dos professores.

23 Jun 2025

Grande Baía | Sam Hou Fai em visita de três dias

Macau vai ter um “parque industrial de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico” e a construção do projecto pode ter em conta o modelo de Shenzhen adoptado em Qianhai e Hetao. As declarações foram prestadas por Sam Hou Fai durante uma visita a Shenzhen, onde foi recebido por Meng Fanli, secretário do Comité Provincial de Guangdong do Partido Comunista Chinês (PCC) e secretário do Comité Municipal de Shenzhen do Partido Comunista Chinês.

O Chefe do Executivo está numa visita oficial à Grande Baía desde domingo, que termina hoje, para promover Macau como uma plataforma para as vendas das empresas tecnológicas de Shenzhen para o exterior, através do território enquanto “ponto ligação entre a China e os países da língua portuguesa”.

Em relação à promoção cultural e do turismo, Sam pediu às autoridades de Shenzhen que ponderem um reforço da cooperação, sob a política ‘uma exposição nas duas cidades’, para que Macau possa beneficiar com o desenvolvimento da cidade chinesa a nível das exposições e convenções.

O roteiro de domingo de Sam Hou Fai incluiu também a passagem por Huizhou, onde foi recebido por Liu Ji, secretário do Comité Municipal de Huizhou do PCC e presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular de Huizhou. Nesta cidade, Sam Hou Fai apelou aos responsáveis do Interior por uma maior cooperação a nível do turismo.

23 Jun 2025

ATFPM | Lista adia apresentação de candidatos

A Nova Esperança, lista apoiada pela Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau, adiou ontem a apresentação do nome dos seus candidatos e do programa político. A apresentação era para ter acontecido ontem por volta das 15h, mas foi adiada para a mesma hora de amanhã, sem qualquer explicação oficial.

José Pereira Coutinho, deputado e cabeça-de-lista nas eleições anteriores, revelou anteriormente que Rita Santos, presidente da mesa da Assembleia Legislativa da ATFPM iria integrar a lista “num local elegível”.

No entanto, esta informação foi partilhada antes de o Ministério Público de Macau ter anunciado que tinha interrogado Rita Santos a pedido do “órgão judicial da República Portuguesa” sobre um “crime contra a Lei Eleitoral de Portugal em Macau”. Em 2021, a Lista Nova Esperança foi a terceira mais votada, ao recolher a preferência de 18.232 eleitores. Além de Coutinho, a lista elegeu Che Sai Wang.

23 Jun 2025

Sufrágio Indirecto | Chan Chak Mo trocado por Ma Chi Seng

Os empresários Ma Chi Seng e Ângela Leong On Kei vão ser os deputados dos sectores cultural e desportivo. A constituição da única lista que concorre neste sector foi apresentada ontem, tendo como novidade a saída de Chan Chak Mo, deputado desde 1996, e a entrada de Ma, que até agora era deputado nomeado pelo Chefe do Executivo.

Na apresentação da lista, Ângela Leong comprometeu-se a contribuir para o desenvolvimento do desporto, que considerou ser actualmente um dos pontos estratégicos do desenvolvimento do território. De acordo com as declarações citadas pelo jornal Ou Mun, a empresária e ex-mulher do magnata Stanley Ho destacou ainda que o desporto é um elo de ligação fundamental entre Macau e o mundo exterior, que deve ser alargado.

Por sua vez, Ma Chi Seng destacou que vai trabalhar para promover a cultura do amor pelo país e por Macau, apoiar a “governação compreensiva” do Governo Central e a governação do Executivo local.

Ma Chi Seng afirmou ainda que vai levar a voz dos sectores culturais e do desporto para a Assembleia Legislativa, esperando contribuir para o desenvolvimento destas indústrias e representá-las junto do Executivo.

Na apresentação da lista estiveram presentes o ainda deputado Chan Chak Mo, numa espécie de passagem de testemunho, e também Gabriel Tong, académico e ex-deputado nomeado pelo Chefe do Executivo.

23 Jun 2025

Ensino | IA entrou nas escolas locais, mas recursos são escassos

O Governo tem apostado na introdução da inteligência artificial nas escolas do território, mas com poucas horas no currículo. Além disso, as escolas queixam-se de poucos recursos para cumprir as metas governamentais

 

As escolas de Macau integraram ferramentas de inteligência artificial (IA) nas salas de aula, como quadros inteligentes e modelos linguísticos, mas alguns professores alertam que a maioria não está preparada para cumprir política delineada para o sector.

Depois das aulas, alunos da escola secundária Pui Va permanecem na sala de aula, distraídos a explorar um quadro inteligente. Estes quadros – explica Ruan Zhan Teng, professor de informática da escola – funcionam como projectores interactivos e são utilizados logo desde o primeiro ano, para escrever, ver vídeos ou participar em aulas com ‘media’ digitais.

“No terceiro ano, os alunos começam a aprender a identificar a inteligência artificial na vida quotidiana, programação básica e fotos e vídeos gerados por IA”, acrescentou à Lusa o professor de informática.

A mudança ocorreu em 2024 e está estipulada na lei: a IA deve ser incluída no ensino primário (com uma carga horária de 17 horas e 20 minutos por ano letivo), do 7.º ao 9.º ano (19 horas e 20 minutos) e do 10.º ao 12.º (18 horas e 40 minutos).

Apesar da exigência, Andy Chun Wai Fan, professor e director do Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Educação, da Universidade de Macau, nota que as escolas enfrentam dois entraves: falta de recursos e formação do corpo docente.

“Algumas escolas têm apenas um professor de Tecnologia de Informação”, sublinhou Fan, referindo ainda que, em geral, as instituições têm aulas de informática apenas uma vez por semana.

Não actualizar

Pedro Lobo, professor nesta área, com 30 anos de experiência no território, incluindo na Escola Portuguesa de Macau, está preocupado com a falta de formação. “A maior parte dos professores já tem uma certa idade, não cresceram com esta nova tecnologia (…) por isso, a mentalidade ainda está aquém de toda esta evolução, e a mudança está a ser tão rápida que dificilmente se consegue acompanhar”, explicou o português.

As autoridades de Educação exigem aos professores 30 horas de formação anual em IA, no entanto, Pedro Lobo considera não ser suficiente. Apesar de este ano já ter estudado quase 40 horas, o professor diz-se “pouco preparado”.

Sobre esta política governamental, Andy Chun Wai Fan lembra ainda que é exigido às escolas que abordem ética, inovação e colaboração no domínio da IA, embora caiba às instituições a criação dos próprios manuais. “Não temos um manual sobre o que ensinar (…), cada escola tem ideias próprias sobre o que fazer com os seus alunos”, reagiu Lobo, explicando que ensina a “transferir a IA para o trabalho escolar”, seja através da geração de imagens, desenvolvimento de pequenos jogos, abordagem da ética da IA e questões de direitos de autor.

Desde 2021 na Pui Va

Num registo diferente, a escola secundária de Pui Va, que introduziu a IA em 2021, assume estar “bem preparada” para “a mudança”. A instituição gasta cerca de dois milhões de patacas por ano em ferramentas de IA, emprega sete professores de Tecnologias de Informação (TI) e contratou um professor universitário de Pequim para dar apoio. “Queremos que os alunos sejam capazes de utilizar a inteligência artificial para identificar problemas e resolver problemas da vida real”, notou o director do gabinete de TI do estabelecimento de ensino chinês, Chong Wai Yin.

Aqui, os alunos trabalham, por exemplo, com linguagens de programação (Python, Tencent, iFlytek), e modelos de IA como o DeepSeek e o ChatGPT, envolvendo-se em projectos de cidades inteligentes, no primeiro ciclo, e na criação de aplicações, num estágio posterior, disse Zhao Qichao, antigo professor da Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Pequim, que lecciona na Pui Va.

“No primeiro ciclo, desenvolvemos cidades inteligentes, casas automatizadas e sistemas de estacionamento alimentados por IA (…). No segundo ciclo, os alunos criam aplicações móveis e projectos tecnológicos sustentáveis”, explicou.

Em Abril, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, anunciou que as reformas educativas de Macau para 2025 vão centrar-se na IA e incluem planos para uma sala de aula inteligente em todas as escolas.

O Governo de Macau atribuiu à rede de escolas sob a alçada da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) 15 milhões de patacas para software de IA para este ano lectivo.

Num email enviado à Lusa, a DSEDJ afirmou que o Governo “atribui grande importância” ao ensino de Tecnologias de Informação. “O Plano de Médio e Longo Prazo para o Ensino Não Superior (2021-2030) identificou o ‘reforço da criatividade e da educação tecnológica’ como uma das principais direções de desenvolvimento”, explica-se na nota.

No entanto, Pedro Lobo questiona a pressão sobre os jovens estudantes: “Estamos a ver crianças com 8, 9, 10 anos a desenvolver aplicações? Talvez 1 por cento seja capaz. O resto faz o melhor que pode. Têm aulas e trabalhos de casa que nunca mais acabam”.

Deputados preocupados

No último debate da Assembleia Legislativa, na passada quinta-feira, dois deputados, Iau Teng Pio e Kou Kam Fai, ligados ao ensino, defenderam a necessidade de “desenvolvimento de alta qualidade da educação em Macau”, nomeadamente com a aposta na IA.

Uma das sugestões, referidas no período de intervenções antes da ordem do dia, foi o reforço do “mecanismo de desenvolvimento coordenado entre a educação, a inovação científica e tecnológica e os talentos”, com o aumento de “recursos em STEM [Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática] e inteligência artificial ao nível do ensino básico, enraizando a base da literacia científica”.

No debate do dia 11 deste mês, coube ao deputado Ma Io Fong apelar à regulamentação sobre a IA para evitar burlas, mas também para aumentar a consciencialização da sociedade em relação a esta nova realidade.

“Com o rápido desenvolvimento da tecnologia nos dias de hoje, a utilização das funções da IA está a tornar-se gradualmente uma ajuda importante para a sociedade e os residentes na vida quotidiana e no trabalho. Porém, a IA pode dar origem a actos ilícitos, em especial, o agravamento de ataques cibernéticos e a difusão de informações falsas.”

Também no período de intervenções antes da ordem do dia, o deputado pediu ao Executivo para “reforçar a sensibilização e educação sobre a prevenção de fraude na IA, sensibilizar os idosos e os jovens, enfatizando que a divulgação de vídeos falsos gerados por IA pode constituir uma infracção legal com consequências graves”.

Nesse contexto, foi pedida a integração sistemática “dos conhecimentos de segurança da IA nos currículos escolares e a realização de diferentes actividades de sensibilização e educação com as associações comunitárias, para aumentar os conhecimentos do público sobre a tecnologia da IA e o risco derivado pelo seu abuso”.

“Deve-se ainda, através da cooperação entre o Governo, a sociedade, as escolas e a família, reforçar a capacidade de resposta à informação e ao discurso na Internet, permitindo reagir, esclarecer e dar seguimento aos trabalhos em tempo útil, quando o público enfrenta informações que podem causar influências negativas ou ser enganosas”, apontou Ma Io Fong no debate do dia 11.

23 Jun 2025