Habitação | Surto expôs más condições dos prédios antigos

Os edifícios San Mei On e Kat Cheong, na zona norte da península, estão selados há algumas semanas por terem sido decretadas zonas vermelhas. Os edifícios apresentam sinais evidentes de degradação e más condições de saneamento e higiene. Arquitectos ouvidos pelo HM afirmam que o surto evidenciou um problema de décadas: o da má habitação

 

Por estes dias, o lixo acumulado nas áreas comuns do edifício San Mei On, no bairro do Iao Hon, na zona norte da península de Macau, foi amplamente noticiado e alvo de comunicados das entidades públicas. O prédio, com cerca de cinco décadas de construção e designado como zona vermelha, está selado há quase um mês, apresenta sinais evidentes de degradação e falta de manutenção. Situações que agravam as condições de habitabilidade e segurança de quem está “preso” em casa, muitas vezes sem possibilidade de assegurar o distanciamento físico.

Dois arquitectos ouvidos pelo HM defendem que o surto de covid-19 veio evidenciar as más condições de habitabilidade nas zonas mais antigas do território. “A maximização do rendimento em detrimento de tudo o resto foi sempre uma prática comum em Macau”, defende André Ritchie. “Acrescenta-se a isso uma atitude geral de desinteresse pela manutenção dos edifícios, o que resulta em quarteirões inteiros com condições de habitabilidade muito pouco dignas.”

O arquitecto macaense não tem dúvidas de que factores como a falta de espaço, má higiene e pouca salubridade dos prédios “favorecem a propagação do vírus”, circunstâncias que acabam por afectar particularmente as classes mais baixas e vulneráveis.

“O caso do edifício San Mei On não se limita à arquitectura e ao desenho urbano. A classe menos favorecida da população vê-se obrigada a residir nessas condições, sendo escassas as alternativas economicamente viáveis. Famílias numerosas, às vezes contando até três gerações, partilham apartamentos de área reduzida para tal. A alta densidade urbana regista-se não só à escala macro, mas também dentro de casa”, frisou.

Tudo ao molho

A situação tem-se agravado nos últimos dias, com os moradores a queixarem-se de falhas na gestão do surto e de informações vagas quanto à continuação do confinamento. Por outro lado, entidades como o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) têm apontado o dedo a quem lá vive, atribuindo a responsabilidade pela falta de higiene e excesso de lixo doméstico nas áreas comuns a quem está fechado em casa.

Os moradores têm defendido que deveriam ter sido colocados num hotel para fazer a quarentena, como aconteceu no ano passado, ideia com a qual o arquitecto Mário Duarte Duque concorda.

“A gestão da pandemia deveria estar a corrigir essas situações quando isso passou a ser um factor de risco para a saúde pública”, disse. Isto porque estão em causa “moradores que pagam renda por cama a proprietários ou arrendatários”, sendo que “presentemente muitos seguram os seus postos de trabalho sem vencimento”.

O arquitecto ressalva que existe um “número máximo legal” de habitantes por apartamento, consoante a tipologia, que acaba por ser ultrapassado constantemente. “A gestão do surto pandémico não teve em conta as situações de grande parte da população trabalhadora não-residente, que habita em fogos convertidos em dormitórios. São situações que não deveria ser uma preocupação porque não deveriam estar a acontecer em prédios habitacionais”, concluiu o arquitecto.

Além da má qualidade dos prédios, acresce ainda o problema dos esgotos. Exemplo disso foi o incidente ocorrido na terça-feira, quando o IAM foi chamado para limpar esgotos num restaurante junto ao edifício Kat Cheong.

21 Jul 2022

Covid-19 | Período de consolidação mantém pedido para ficar em casa

O período de consolidação vai mesmo arrancar no sábado e prevê a abertura de espaços comerciais virados para a rua, mas as autoridades mantém o apelo para ficar em casa, à excepção de saídas para trabalhar ou comprar bens necessários que não apenas comida. Animais já podem ir à rua junto à zona de residência. Restaurantes permanecem em regime de take-away

 

Foi ontem publicado no Boletim Oficial o despacho assinado pelo Chefe do Executivo que dá conta do arranque, a partir deste sábado, do chamado período de consolidação, que determina um relativo alívio das restrições pandémicas. No entanto, as autoridades continuam a apelar à população para ficar em casa, à excepção dos empregados que não podem trabalhar remotamente.

Uma diferença que salta à vista em relação ao período de confinamento parcial é de natureza semântica. A palavra “essencial” é trocada por “necessário”. Apesar da aparente abertura a interpretações subjectivas, as autoridades deram alguns exemplos para diminuir as “zonas cinzentas” do que é permitido.

Assim sendo, as saídas para comprar bens necessários, que não apenas comida, ou para ir ao barbeiro e cabeleireiro, são permitidas. Os espaços comerciais nas vias públicas, incluindo bancos, abrem portas com horário normal, mas em centros comerciais mantém-se encerradas por não estarem asseguradas as condições de higiene e saúde pública.

Os estabelecimentos que vão poder abrir ao público devem seguir regras determinadas, como desinfectar os espaços, “principalmente superfícies e objectos tocados com frequência”. Os trabalhadores com código vermelho estão impedidos de voltar ao serviço, os que puderem trabalhar remotamente serão encorajados a fazê-lo. Por exemplo, os centros de apoio pedagógico complementar particular ou instituições educativas particulares só podem operar online.

Além disso, os empregadores só vão poder contar nos estabelecimentos com metade dos funcionários que “devem usar máscaras KN95 ou de padrão superior, o máximo possível durante o período de trabalho ou quando estiverem em locais fora de casa, após a saída do trabalho”, indicaram as autoridades numa lista de orientações.

Comer em casa

Durante a conferência de imprensa foi ainda reiterado que os restaurantes vão continuar a servir refeições apenas em regime de take-away e que as empregadas domésticas devem continuar a pernoitar nas casas dos patrões.

Uma das grandes questões era saber se os espaços de jogo voltariam a abrir, realidade que se confirma, apesar de condicionada. Como tal, os casinos podem voltar a operar. Porém, antes de abrirem portas, é exigida uma desinfecção geral e apenas 50 por cento dos funcionários podem voltar aos postos de trabalho, tal como nos outros estabelecimentos.

Foi ainda exigido que durante refeições, os trabalhadores estejam sozinhos, para corrigir problemas verificados no passado recente de contágios verificados nos refeitórios.

No outro lado do espectro, vão permanecer encerrados ginásios, cinemas, teatros, parques, bares, piscinas e demais recintos fechados de entretenimento.

Relativamente aos passeios de animais na rua, cuja proibição foi uma das medidas mais polémicas do período de confinamento parcial, podem voltar a realizar-se, mas apenas junto à zona de residência e com os donos protegidos pelas máscaras KN95.

Barba e cabelo

Na conferência de imprensa de ontem do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus, foram especificadas algumas situações em que se pode sair. “Os homens que têm o cabelo grande podem finalmente cortá-la, têm essa necessidade, mas as mulheres podem atar o cabelo. Caso as crianças necessitem de canetas ou tintas, os pais podem ir à loja comprar esses materiais. Quem precisar de comprar roupas novas pode sair, mas não devem passear na rua”, especificou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U.

“Se uma pessoa está chateada em casa e quer sair um bocado, nessa circunstância não convém. O princípio geral do despacho foca-se nas saídas necessárias. As pessoas que não se juntam a outras e usam máscara podem ter uma certa liberdade nas suas actividades, não somos inimigos dos residentes e não queremos que as deixem de fazer. Tudo tem uma razão”, acrescentou a governante.

Relativamente à prática desportiva, “se o cidadão achar que tem essa necessidade de sair e fazer desporto, achamos que pode fazê-lo”. “Porém, não convém correr com máscara por questões de saúde, e por isso não podem correr em certos circuitos”, acrescentou Elsie Ao Ieong U.

Alívio relativo

Em relação aos transportes públicos, o uso dos autocarros deixa de estar depende da autorização especial, mas será necessário mostrar o código de saúde verde à entrada. O director dos Serviços para os Assuntos do Tráfego, Lam Hin San revelou que o número de frequências diárias de carreiras vai aumentar, para evitar elevada concentração de passageiros. Além disso, a rede de transportes irá operar 83 carreiras, como no período antes do confinamento parcial. No entanto, a lotação no interior das viaturas não deve ultrapassar os 60 por cento.

As autoridades decretaram ainda novas regras para a realização de testes de ácido nucleico a grupos especiais. Trabalhadores de restaurantes, condutores de autocarros, pessoal de segurança e de limpeza, por exemplo, serão testados a cada dois dias, enquanto que as pessoas inseridas nos grupos chave serão testadas todos os dias, entre os dias 24 e 29.

Quanto à população geral, nos dias 30 e 31 deste mês será realizada uma nova ronda de testes em massa.
“Se a situação pandémica continuar controlada pondera-se uma maior flexibilidade das medidas. Esperamos poder retomar rapidamente a nossa vida normal. O princípio geral é ficar em casa se não tiverem de ir trabalhar”, disseram as autoridades.

Desde o dia 11 de Julho, os agentes policiais fizeram 608 avisos a pessoas que saíram de casa e foram deduzidas 28 acusações por violação da lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis.

Máscaras | Começa hoje distribuição para crianças entre 3 e 8 anos

Começa hoje um novo plano de fornecimento de máscaras destinado apenas a crianças entre os 3 e 8 anos (nascidas entre 22 de Julho de 2013 e 19 de Agosto de 2019). Até 19 de Agosto, as “máscaras infantis estão disponíveis para ser adquiridas nas 55 farmácias convencionadas dos Serviços de Saúde”, indicou ontem o Centro de Coordenação de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Nesta nova ronda não serão disponibilizadas máscaras para adultos O acesso é determinado pela data de nascimento do bilhete de identidade, devendo os pais deslocar-se às farmácias convencionadas com o original do Bilhete de Identidade de Residente de Macau da criança.

Toneladas do dia

O Instituto para os Assuntos Municipais informou que entraram ontem em Macau 357 porcos para o mercado de consumo e cerca de 280 toneladas de legumes e verduras. Segundo a Sociedade do Mercado Abastecedor de Macau Nam Yue, deram entrada ontem em Macau, através do Mercado Abastecedor, cerca de 153 toneladas de fruta e 760 mil ovos.

18 casos na terça-feira

Na terça-feira foram encontrados 18 novos casos positivos de covid-19, anunciou ontem o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Ao longo das 24 horas de terça-feira, foram detectados 13 casos nas zonas de código vermelho e hotéis de observação médica, duas infecções de contactos próximos, dois casos positivos nos testes massivos e grupos alvo, e uma infecção na comunidade. Desde 18 de Junho, Macau somou 1.783 casos acumulados. Até às 08h de ontem, as autoridades de saúde “efectuaram o acompanhamento de 22.100 indivíduos”, entre contactos próximos, pessoas com o mesmo itinerário de casos confirmados, contactos por via secundária e acompanhantes.

21 Jul 2022

DSAMA | Lixo nas zonas costeiras mais do que duplicou

A quantidade de lixo encontrado em locais como Porto Exterior, Ka-Hó, e nas praias de Cheoc Van e Hac-Sá mais do que duplicou nos últimos dias em relação ao habitual para esta época do ano. A Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) aponta como causas as chuvas torrenciais que têm caído na região e pequenas inundações que resultaram do excesso de pluviosidade.

Para responder às marés de lixo, foram contratadas empresas de limpeza e recrutados trabalhadores da DSAMA para proceder à remoção dos resíduos. Segundo uma nota de imprensa da direcção de serviços, desde o início do mês de Julho foram recolhidas nas zonas costeiras de Macau 35 toneladas de lixo, enquanto que nas praias têm sido recolhidas 10 a 15 toneladas de lixo nos dias mais problemáticos.

A autoridades indicam que a maior parte dos detritos são compostos por vegetação arrancada pelas enxurradas, mas também lixo doméstico.

20 Jul 2022

Jogo | 2022 pode acabar com perdas de 800 milhões de dólares

A correctora Morgan Stanley estima que as concessionárias de jogo podem chegar ao fim deste ano com quebras de EBITDA na ordem dos 800 milhões de dólares, quando as expectativas eram mais positivas no início do ano. As receitas brutas do segmento de massas no primeiro semestre do ano caíram quase 40 por cento

 

O confinamento parcial decretado pelas autoridades está a mudar novamente as regras do jogo em relação aos resultados dos casinos para este ano. Segundo um relatório da correctora Morgan Stanley, citado pelo portal Macau News Agency, os casinos deverão chegar ao final do ano com um EBITDA [lucros antes de impostos, amortizações, juros e depreciações] negativo de 800 milhões de dólares americanos.

Inicialmente, as previsões apontavam para um cenário de EBITDA positivo de 991 milhões de dólares americanos no final do ano. Porém, a realidade o panorama da indústria do jogo fui revisto em baixa, com as estimativas a apontarem para quebras das receitas do jogo a cair a rondar sete mil milhões de dólares americanos este ano, face aos 11 mil milhões de dólares americanos de receitas do jogo de massas registadas no ano passado.

“Acreditamos que as receitas do jogo de massas em 2022 serão piores do que em 2021 devido à ocorrência de surtos ocasionais de covid-19 e aos confinamentos decretados na China e Macau em 2022. Também esperamos que uma total abertura das viagens aconteça apenas a partir do segundo trimestre de 2023”, estima a Morgan Stanley.

Dinheiro deitado fora

O relatório da Morgan Stanley dá ainda conta do panorama de falta de liquidez que as operadoras estão a atravessar. Num cenário de zero receitas, as perdas podem representar uma hemorragia financeira de 2,2 mil milhões de dólares americanos

“A capacidade de liquidez da maior parte das operadoras suporta perdas de dinheiro (incluindo despesas de capital) por menos de dois anos. A Sands e a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) podem suportar [esta situação] por apenas 15 e 9 meses, respectivamente, enquanto a Wynn Macau, MGM China e Melco Crown suporta entre 19 a 20 meses. A Galaxy suporta 27 meses”, descreve o documento.

Entretanto, a Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) indicou que as receitas brutas do jogo nos primeiros seis meses de 2022 foram de 19,44 mil milhões de patacas, valor que representa uma quebra anual de 38,1 por cento.

20 Jul 2022

Metro Ligeiro | Leong Sun Iok exige mudanças contratuais

Leong Sun Iok entende que o Metro Ligeiro continua a representar muitos gastos para o erário público, dinheiro que poderia ser usado para apoiar residentes e empresas afectados pela crise originada pela pandemia. Em declarações ao jornal Ou Mun, o deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau pede mudanças no contrato de concessão para reduzir as taxas pagas pelo Executivo à empresa por serviços prestados.

A título de exemplo, o deputado refere que no ano passado as despesas relacionadas com o Metro Ligeiro foram de 836 milhões de patacas, sendo que 720 milhões, ou seja, 86 por cento, foram relativas a taxas de serviço. Por sua vez, as receitas da empresa foram de apenas dois milhões de patacas.

O deputado não deixou de referir a baixa taxa de afluência de passageiros que usam o meio de transporte, além de defender um planeamento mais eficaz depois de terminar o contrato de concessão, em 2024.

Leong Sun Iok entende que deve ser acrescentada uma taxa enquanto garantia de responsabilidade contratual por parte da concessionária do Metro Ligeiro, para que possam ser alavancados mais benefícios económicos.

20 Jul 2022

Bairro do Iao Hon | Deputado Ron Lam envia carta ao Governo

O edifício San Mei On pode deixar de ser zona vermelha no sábado depois de quase um mês selado. As queixas de moradores levaram Ron Lam a enviar uma carta à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. O deputado pede explicações sobre a actuação das autoridades no velho edifício e exige maior coordenação governamental

 

A forma como as autoridades têm gerido o surto de covid-19 no edifício San Mei On, no bairro do Iao Hon, levou o deputado Ron Lam U Tou a enviar uma carta a Elsie Ao Ieong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura.

Uma vez que o edifício pode deixar de estar classificado como zona vermelha a partir deste sábado, o deputado pede medidas concretas para esse processo. Na carta, Ron Lam U Tou cita críticas de moradores pela forma como as autoridades têm lidado com o surto no prédio, além de referirem que apenas se realizaram quatro rondas de testes de ácido nucleico no local. As condições de habitabilidade do edifício foram também referidas.

“Se o Governo não consegue manter a ordem no edifício deveria encaminhar os moradores para fazerem a quarentena num hotel, tal como aconteceu no ano passado, ao invés de manter as pessoas fechadas em casa sem a previsão de um prazo, alimentando receios de virem a ser infectadas”, lê-se na carta enviada às redacções.

Desde 29 de Junho que o edifício San Mei On está classificado como zona vermelha, uma vez que surgem sempre novos casos de covid-19, tornando-se no prédio que mais tempo esteve selado pelas autoridades sob a classificação de zona vermelha. “Os moradores desta zona estão preocupados por não conhecerem um prazo para o fim do confinamento, mas temem também casos de infecção na família, situações que agravam o enorme stress psicológico e físico”, acrescentou o deputado.

Vários problemas

Na carta enviada à secretária, o deputado faz ainda referência aos moradores das restantes zonas vermelhas, que também criticam a actuação das autoridades de saúde. “Apesar de o Governo afirmar que organizou as rondas de testes para que os moradores evitem o risco de infecção, a verdade é que quase todos os moradores se afirmam que a organização dos testes tem sido confusa. Não só não foi cumprido o calendário anunciado, como as pessoas esperavam sempre entre a entrada do prédio e o quarto andar. Alguns não foram informados de que tinham de fazer teste, outras tinham feito antes, e houve ainda pessoas encaminhadas para o Centro Hospitalar Conde de São Januário por não terem feito teste.”

Para Ron Lam, estes exemplos mostram como os diversos departamentos públicos que lidam com este processo não comunicam e cooperam de forma efectiva, pois “os erros só se repetem se o Governo não melhora [a actuação]”, defendeu. Neste sentido, o deputado sugere que a própria secretária lidere a gestão das zonas vermelhas.

Recorde-se que a situação do surto no edifício San Mei On tem gerado alguma controvérsia, nomeadamente sobre a questão da limpeza e da colocação de toneladas de lixo nas zonas comuns, com as autoridades a responsabilizarem sempre os moradores.

Na segunda-feira foi referido que, até domingo, tinham sido recolhidas nove toneladas de lixo do prédio. O Instituto para os Assuntos Municipais apontou responsabilidades aos moradores e apelou para não saírem de casa ou deitarem grandes quantidades de lixo no prédio.

20 Jul 2022

Pandemia | Período de consolidação pode chegar na próxima semana

O Governo pretende atingir o período de consolidação na próxima semana, o que poderá aliviar as medidas restritivas e o fim do confinamento parcial. A médica Leong Iek Hou referiu que será necessário “um baixo número de casos,” mas “se a situação epidémica mudar, o resultado será diferente”

 

Macau poderá estar a um passo do fim do confinamento parcial na próxima semana e a chegada ao chamado período de consolidação. Esse é o desejo demonstrado pelas autoridades, numa altura em que o território regista um total de 1,755 casos, com apenas oito casos encontrados na comunidade no último balanço diário. No entanto, na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia realizada ontem não foi referido o número exacto de casos necessário para atingir esse patamar.

“Queremos entrar no período de consolidação na próxima semana, mas queremos ter um número baixo de casos na comunidade. Se a situação epidémica mudar, o resultado será diferente”, adiantou a médica Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus.

A responsável frisou que a entrada no período de consolidação “não depende só do número de casos”. “Temos, neste momento, oito casos na comunidade de dois grupos diferentes, o que pode representar oito fontes de infecção com diferentes graus de risco. É difícil definir um número exacto [de casos]”, acrescentou.

O período de consolidação será marcado pelo “regresso gradual à normalidade”, embora se mantenham os testes em massa e as restrições nas fronteiras. Na prática, “serão restringidas as actividades realizadas, em coordenação com outras medidas de controlo epidémico”.

Entretanto, o representante dos Serviços de Polícia Unitários afirmou que até às 15h de ontem tinham sido feitos 542 avisos a pessoas que saíram de casa. Desde o primeiro dia de confinamento parcial, 11 de Julho, 27 pessoas foram julgadas por crimes ao abrigo da lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis.

Tratamentos continuam

Depois de o ex-deputado Sulu Sou ter tornado públicas algumas queixas de grávidas e mães sobre a alegada suspensão de exames e tratamentos médicos, foi ontem indicado que o Centro Hospitalar Conde de São Januário continua a fazer exames no serviço de obstetrícia, assim como a atender situações de urgência de grávidas e gravidezes de risco.

O médico Tai Wa Hou adiantou que, em média, cerca de 1000 pessoas não realizam o teste em cada ronda de testagem em massa. Há casos de pessoas que deixam o território e que, para isso, utilizam outro documento diferente do que apresentam no código de saúde. Após o primeiro contacto de aviso, “normalmente aparecem para realizar o teste”, disse o médico.

Ontem foi também anunciado que o Hospital da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST) está a inspeccionar os hotéis de quarentena e irá apresentar um parecer às entidades hoteleiras e aos Serviços de Saúde a identificar lacunas. A inspecção foi feita, por exemplo, no hotel Parisian, que neste momento tem 35 casos positivos e 17 pessoas em quarentena.

Em relação aos 1.755 casos positivos, as autoridades revelaram que 19 por cento não estão vacinados, enquanto 3,1 por cento tem apenas a primeira dose. Até ontem encontravam-se internados no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane 30 idosos diagnosticados com covid-19, e com outras doenças associadas, mas sem pneumonia associada à doença. Entre os internamentos, constam também crianças que não foram vacinadas.

Senhas a funcionar

Dados do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) revelam que o sistema de senhas para entrar em mercados, e controlar o fluxo de pessoas, levou à redução de 25 por cento de clientes desde o dia 11 de Junho.

Toneladas de lixo

O Instituto para os Assuntos Municipais afirmou que, até ontem, foram recolhidas nove toneladas de lixo no edifício San Mei On, que está situado numa zona vermelha. Por sua vez, no edifício Kat Cheong foi removida uma tonelada de lixo em três dias. O IAM indica que “uma grande quantidade de lixo continua a ser encontrada nos espaços comuns do bloco 2 dos edifícios San Mei On e Kat Cheong, mais precisamente nas escadas e átrios”.

Assim sendo, a entidade liderada por José Tavares apelou aos moradores para não deixarem sacos de lixo doméstico nas zonas comuns. Mais uma vez é atribuída aos moradores a responsabilidade sobre os problemas ambientais verificados no edifício, tendo sido referido que estes não devem “deitar lixo nos corredores, escadas e átrios” ou “descartar móveis e grandes electrodomésticos nos espaços comuns do edifício”.

500 técnicos para testes

Três entidades responsáveis pela realização dos testes em massa contrataram, por intermédio da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), 500 técnicos, destes 200 são não-residentes. As autoridades dizem seguir os critérios de contratação do Interior da China, com base no plano de controlo e prevenção da pandemia, que exige “formação nas áreas da biosegurança e técnicas de colheita” e um exame antes de iniciarem funções. Há ainda 200 médicos do sector privado a trabalhar nos laboratórios de testes.

No entanto, técnicos que trabalham na recolha de mostras queixaram-se ao ex-deputado Sulu Sou que os contratos não mencionam salários e benefícios, não definem horários de trabalho nem a identificação da empresa que os contrata. Além de se sentirem usados, os técnicos dizem que há diferenças de tratamento entre locais e não-residentes, pois estes últimos têm alojamento, transporte e refeições.

Corredor para idosos nos bancos

O vice-presidente da Aliança do Povo de Instituição de Macau, Lei Kit Fong, defendeu a criação de um corredor especial para idosos que necessitem de ir ao banco levantar a reforma ou dinheiro, pois, devido ao confinamento, alguns residentes estão a ficar sem dinheiro pagar despesas diárias. Segundo a imprensa chinesa, a maioria dos idosos costuma ter dinheiro físico em casa e não sabe usar plataformas electrónicas de pagamento.

22 novos casos

No domingo, Macau registou 22 novos casos de covid-19, elevando para 1.755 o total de infectados registados desde o dia 18 de Junho. Segundo o Centro de Coordenação, dos 22 novos casos confirmados, 14 foram detectados em zonas vermelhas ou hotéis de quarentena e oito encontrados na comunidade. Entre os casos comunitários, quatro são casos resultantes de contactos próximos, dois foram encontrados durante a testagem em massa e nos grupos alvo e dois “noutros grupos (…) encontrados na comunidade”. Até às 08h de ontem, foi feito o acompanhamento de 21.378 pessoas.

18 Jul 2022

Confinamento parcial prolongado até sexta-feira

As autoridades decidiram prolongar até sexta-feira o confinamento parcial do território, o que significa que locais e actividades não essenciais vão continuar encerrados e suspensas. O objectivo é reduzir o número de infecções antes da entrada num período de consolidação e alívio gradual de restrições. Governo continua irredutível com a proibição de levar animais à rua

 

Foi decretado no sábado o prolongamento do confinamento parcial, que vigora no território desde o dia 11 de Julho, em pelo menos mais uma semana para travar o surto de covid-19. O prolongamento do confinamento parcial, até ao final da próxima sexta-feira, consta de um novo despacho assinado pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, que entra hoje em vigor.

A população vai continuar a ser obrigada a permanecer em casa, “salvo por motivos de trabalho necessário e compra de bens básicos para a vida quotidiana ou por outros motivos urgentes”. Além disso, mantém-se também a obrigatoriedade de “usar máscaras do tipo KN95 ou de padrão superior”, ficando sujeitos em caso de incumprimento a pena de prisão até dois anos e pena de multa até 240 dias. Foram ainda decretadas três rondas de testes em massa, bem como a obrigatoriedade de fazer testes rápidos diariamente.

O objectivo destas medidas é a controlo do número de casos para depois passar à fase de consolidação do vírus. “Não vamos andar atrás da meta de zero casos, mas queremos reduzir as cadeias de transmissão, pois assim poderemos reduzir o número de novos casos. Podemos fazer um melhor rastreio, identificar fontes e cortar essas cadeias. Gradualmente, vamos relaxar as medidas e reabrir determinadas actividades”, disse a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U.

Os governantes exemplificaram o retorno progressivo à normalidade com a retoma de actividades como idas ao cabeleireiro ou ginásio com máscara, embora os restaurantes continuem a funcionar em regime de take-away.

“Não iremos aliviar as medidas de um dia para o outro, pois poderemos ainda descobrir alguns casos na comunidade.”

Questionado sobre famílias e trabalhadores não-residentes em dificuldades financeiras e de alimentação, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, referiu que os membros do Governo também fazem parte da população e também sofrem. “Compreendemos as dificuldades e também as sentimos, pois fazemos parte da população. Sabemos que pode haver sofrimento causado aos animais domésticos, ninguém escapa. Tomamos as medidas devido à alta transmissibilidade da variante Ómicron. Conseguimos controlar a explosão de casos na comunidade. Se relaxarmos as medidas podemos não ter este resultado. A Organização Mundial de Saúde diz que todos os países devem exigir o uso de máscara à população, não é apenas uma reacção do Governo de Macau.”

A decisão de confinar parcialmente a sociedade cinco dias e não sete foi “global”, com base nas opiniões do Chefe do Executivo e de “especialistas”. “O Governo está a actuar de forma rigorosa. Esperamos que nos próximos testes em massa, pelo menos até à próxima quarta-feira, possamos avaliar se mantemos as medidas ou se haverá relaxamento”, acrescentou.

Ficar pior?

Na conferência de imprensa de sábado, as autoridades voltaram a mostrar-se indisponíveis para permitir saídas para levar animais de estimação à rua. Recorde-se que associações de defesa dos direitos dos animais criticaram a medida devido aos problemas de saúde que pode originar.

“Compreendemos a situação dos donos dos animais e, na verdade, não é fácil alterar os hábitos. A polícia está a executar de forma rigorosa o despacho do Chefe do Executivo e a lei, não há abuso de poder. Implementamos esta medida especial para controlar a mobilidade das pessoas e, nessa circunstância, não há apenas impacto nos animais, mas também nos humanos. Os idosos já não podem passear nos jardins, nem as crianças. Algumas pessoas ganharam hábitos de sair à rua todos os dias e a nova medida pode influenciar esses hábitos, sobretudo quem mora nas zonas vermelhas.”

As autoridades adiantaram ainda que não pretendem dar, pelo menos, “cinco minutos para os cães passearem na rua”. Sobre a morte de um animal numa zona vermelha, o secretário André Cheong lamentou o sucedido. “Foi um caso infeliz. O cão morreu por asfixia e o dono contactou o veterinário e o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). Pelo que sei, o veterinário chegou uma hora e meia depois e lamentamos. Temos sete veterinários no IAM e diariamente prestam cuidados temporários aos donos que vivem em zonas vermelhas ou que cumprem a quarentena.”

As autoridades deixaram ainda um recado. “Imaginem se um dia entramos na gestão circunscrita. [Nesse caso], só poderá sair uma pessoa por fracção em determinado período e não haverá nenhum animal na rua. Se entrarmos nesse regime, será ainda mais doloroso, mas temos um plano para implementar esse tipo de gestão. Vamos sofrer um pouco nesta fase de confinamento relativo.”

10 mil milhões em apoios

O Governo de Macau anunciou no sábado uma nova ronda de apoios económicos no valor de 10 mil milhões de patacas para ajudar a população e empresas afectadas pela crise provocada pela pandemia de covid-19. O montante é injectado com recurso à Reserva Extraordinária e traduz-se na segunda alteração ao orçamento. “Após ouvir as opiniões de diversos sectores aperfeiçoamos os critérios do plano de apoio pecuniário aos trabalhadores. Em relação às receitas totais de 2020 e 2021, no valor entre seis e 480 mil patacas, este montante passa a ser superior a 600 mil patacas para abranger mais beneficiários, incluindo desempregados. Prevemos disponibilizar o apoio a profissionais liberais e estabelecimentos comerciais na primeira metade do mês de Agosto”, disse Lei Wai Nong. O secretário para a Economia e Finanças declarou ainda que estes são “planos económicos diferentes face ao previsto”. “Creio que todos estão a sentir uma pressão como nunca tínhamos tido. Encaramos este desafio em cerca de 30 quilómetros quadrados. Temos mais dez mil milhões de patacas e também medidas de apoio à população, que vão abranger idosos, domésticas e crianças”, referiu.

Badminton proibido

No sábado foi anunciado que um homem e uma mulher, agentes de segurança com mais de 30 anos, foram acusados de violar a lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis por terem jogado badminton antes do trabalho. O caso já foi encaminhado para o Ministério Público. Entretanto, um residente de 52 anos foi condenado no sábado a pagar uma multa de 4,800 patacas por fumar na rua sem máscara. Este poderá cumprir uma pena de prisão de 40 dias se não pagar o montante. Até sábado tinham sido feitas 509 avisos a pessoas que saíram de casa, e foram deduzidas 27 acusações.

Lacunas no Parisian

Foram diagnosticados 26 casos positivos de covid-19 em funcionários do Parisian, incluindo 15 pessoas que concluíram quarentena. Tudo começou com um trabalhador que testou positivo à covid-19 no dia 11 de Julho, tendo surgido mais casos dia 13. “Mobilizamos as pessoas de um andar para o outro, e quem já teve alta da quarentena pedimos para realizar testes durante quatro dias consecutivos”, foi referido. Com base num relatório de avaliação elaborado por uma entidade terceira independente, foram descobertas lacunas na actuação das autoridades neste local. “Foram encontrados alguns vícios na execução do trabalho, pois houve funcionários a comer na cantina sem medidas de protecção, tendo ainda usado o elevador das pessoas em quarentena. Para comunicar o levantamento de refeições no quarto bateram à porta em vez de ligarem e houve contacto mais próximo”, contou Lau Fong Chi, representante da Direcção dos Serviços de Turismo.

MP | Serviço aberto hoje, quarta e sexta-feira

O Ministério Público (MP) estará a trabalhar, apenas em casos urgentes, hoje, quarta e sexta-feira, no período entre as 90h e as 13h. Serão ainda “adoptadas medidas especiais para casos urgentes fora do tempo referido”, aponta uma nota de imprensa.

Relativamente aos tribunais, o Conselho dos Magistrados Judiciais declarou que até sexta-feira “não julgarão os processos e não receberão as diversas peças processuais apresentadas pelas partes, com excepção dos processos de habeas corpus, relativos aos internamente e isolamento compulsivos previstos na lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis ou processos criminais sumários”.

Estão ainda incluídos na lista os processos de intervenção judicial na fase de inquérito, a execução das penas de prisão, a detenção administrativa, os processos em que o arguido será libertado por estar prestes a ultrapassar o prazo de prisão preventiva, os processos criminais cujo procedimento será extinto por prescrição, e os processos em que, se for ultrapassado o prazo máximo de adiamento da audiência previsto causará a nulidade das provas.

Ho Iat Seng | Ausência justificada com quarentena

Questionado sobre a ausência do Chefe do Executivo durante o anúncio do prolongamento do confinamento parcial de Macau, o secretário para a Administração e Justiça André Cheong revelou que, depois de visitar Hong Kong, Ho Iat Seng encontra-se a fazer quarentena. Contudo, frisou, que a coordenação de todas operações esteve sempre a cargo de Ho Iat Seng.

“Desde o aparecimento do surto, que o Governo da RAEM, sob a liderança do Chefe do Executivo, começou a operar o Centro de Operações da Protecção Civil de acordo com o plano que temos. Como sabem, no dia 29 de Junho, o Chefe do Executivo foi a Hong Kong para participar nas celebrações dos 25 anos da transferência de soberania. Daí que teve que ficar sob inspecção sanitária durante este período e, quando chegou a Macau, segundo as instruções dos Serviços de Saúde, ficou sob observação médica e submetido ao período de auto-gestão de saúde. Por isso, durante este período, ele não consegue participar nos encontros com os jornalistas e a população”, disse no sábado, André Cheong.

17 Jul 2022

Casinos perdem 600 milhões de dólares todos os meses

Em pleno confinamento parcial, e depois de dois anos a tentar reerguer um negócio que outrora rendeu milhões, as operadoras de jogo estão neste momento a perder cerca de 600 milhões de dólares americanos todos os meses, além de enfrentarem sérios problemas de liquidez, com grandes quebras de receitas.

Os valores avançados pela Reuters traçam o cenário do duro período que os casinos vivem devido ao prolongamento das medidas para lidar com a pandemia. O analista e director da consultora de jogo 2NT8, Alidad Tash, considera que os casinos ainda vão ter de “jogar um longo jogo”. “É apenas uma questão de recuperação quando tudo começar de novo. A parte triste é que vai demorar anos até que o negócio regresse ao que costumava ser”, frisou.

Para se manterem à tona e lidar com o concurso público que irá renovar as licenças de jogo, as concessionárias estão a pedir empréstimos às empresas parcerias. À Reuters, o analista DS Kim, da JP Morgan, prevê que a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) irá pedir um empréstimo no valor de cinco mil milhões de dólares de Hong Kong à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM). O analista acredita que a SJM terá apenas dinheiro em caixa para um mês, caso os casinos permaneçam fechados.

Na segunda-feira a Sands China anunciou ter assegurado um empréstimo de mil milhões de dólares americanos à Las Vegas Sands. Isso dará, segundo a JP Morgan, capacidade de liquidez à Sands China para 15 meses. Em Junho, a Wynn anunciou o pedido de empréstimo de 500 milhões de dólares americanos à Wynn em Las Vegas.

O bom aluno

A Reuters escreve ainda que as operadoras de jogo têm tentado mostrar o seu papel social, mantendo trabalhadores e salários. Além disso, procuram também respeitar o papel em matéria de responsabilidade social corporativa, ao disponibilizar hotéis para quarentenas ou dar apoio a negócios locais. Questionadas pela Reuters, as operadoras não responderam às questões sobre esta matéria.

É também referida a questão do jogo VIP, seriamente afectado por casos como a detenção de Alvin Chau, ex-CEO do grupo Suncity, e a nova lei do jogo, que reduz as concessões de 20 para 10 anos e prevê que um contrato possa ser rescindido por questões de interesse público.

As contas feitas pela Reuters mostram que, desde 2002, as operadoras de jogo pagaram ao Governo um total de 160 mil milhões de dólares americanos em impostos.

Outro assunto elencado pela Reuters prende-se com as questões de segurança nacional levantadas pela nova lei do jogo, que assume agora uma posição importante na atribuição das licenças e da sua manutenção. “É uma questão de geopolítica e de segurança nacional, porque o panorama de norte-americanos dominarem 50 por cento da principal indústria económica de Macau é, provavelmente, um risco inaceitável em matéria de segurança nacional”, rematou Ben Lee.

15 Jul 2022

Saúde mental | Residentes criam programas gratuitos de nutrição e exercício

Catarina Rodrigues, coach de Nutrição Integrativa e Fome Emocional, e Cíntia Leite Martins, co-fundadora da plataforma Mana Vida, criaram programas online gratuitos de exercício e nutrição. O objectivo é promover a saúde mental em época de confinamento

 

Muitos têm sido os relatos sobre o difícil panorama que se vive em Macau em matéria de saúde mental, com cada vez mais pessoas a procurar ajuda psicológica. A pensar nisso, duas residentes decidiram criar programas online que combinam nutrição com exercício a fim de fomentar uma vida mais activa em casa.

Um deles é “Stayin Vida Challenge”, gratuito e sem horários pré-definidos, é uma ideia de Cíntia Leite Martins, co-fundadora da plataforma de bem-estar e exercício Mana Vida. As inscrições podem ser feitas através do Instagram cintia.milk.

“Todas as terças e sextas-feiras faço aulas online. Além disso, os participantes também recebem instruções e emails com conteúdos sobre nutrição e exercício. As pessoas podem inscrever-se até ao final do mês e não precisam concretizar todas as tarefas”, contou Cíntia, que lecciona vários cursos na área do desporto.

No ano passado, a plataforma Mana Vida lançou um programa semelhante, focado para quem cumpria quarentena, que fez sucesso. “Este programa ajuda as pessoas a manterem uma rotina saudável e a se focarem na descoberta de novos talentos. Podem traçar planos para poderem concretizar sonhos, que, muitas vezes com uma vida agitada, não conseguimos planear”, contou.

Num período em que o território está parado, com toda a população em casa, as especialistas ouvidas pelo HM destacam a importância de seguir a máxima “mente sã, corpo são”. “Um dos maiores desafios é fazer com que a pessoa tome posse e se responsabilize pela sua própria saúde. Um desafio destes, com o apoio da comunidade e de uma coach, permite que a pessoa encontre ferramentas e se dê conta dos bloqueios mentais que não a permitem atingir os seus objectivos.”

Integrar uma comunidade

Catarina Rodrigues é coach de Nutrição Integrativa e Fome Emocional, com formação feita nos EUA e experiência profissional em Macau desde 2007. Actualmente, reside em Portugal, mas acompanha de perto a situação no território onde é residente permanente. Desta forma, decidiu criar um programa vocacionado para quem se vê obrigado a ficar fechado em casa e quer ocupar melhor o tempo. O programa chama-se “Nutrir Corpo&Mente”, e funciona de forma gratuita no Telegram, onde são partilhadas receitas e dicas de nutrição para a perda de peso. De um grupo de 41 participantes, 17 são de Macau.

“Por estar a acompanhar algumas pessoas e ter amigos em Macau, estou ciente do que se está a passar, por isso quis criar algo gratuito que pudesse beneficiar quem aí vive. O mais difícil num lockdown é a sensação de ansiedade, desânimo, falta de controlo por um lado e a ausência de rotina por outro. Os desafios que criei foram no sentido de aumentar o bem-estar dos participantes. Concentrei-me nos pilares do autocuidado, redução do stress e exercício”, contou ao HM.

Catarina Rodrigues destaca que o mais importante neste processo de confinamento é cada um saber “que não está sozinho e que faz parte de uma comunidade”, o que “faz toda a diferença”.

15 Jul 2022

Animais | Sulu Sou critica decisão exclusiva do CPSP

Sulu Sou juntou-se ao coro de vozes que critica a proibição, decretada pelas autoridades, de passear animais nas ruas. O ex-deputado deu o exemplo de uma idosa que esteve detida mais de dez horas por ter saído de casa para passear o cão na rua, porque este não conseguia fazer as necessidades em casa.

Numa publicação nas redes sociais, Sulu Sou disse que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) é o organismo público mais qualificado para lidar com as questões dos animais, e que o despacho do Chefe do Executivo, em vigor desde domingo, deveria acompanhar as sugestões do IAM.

Sulu Sou entende que este organismo deveria definir horários para as pessoas levarem os animais à rua, não se devendo apenas seguir as orientações do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), que não tem competências técnicas para tal.

Importa recordar que, à TDM – Rádio Macau, o médico veterinário Henrique Galvão disse que a ordem que está a indignar os defensores dos animais partiu do CPSP e não do IAM.

Sulu Sou referiu também que o foco do IAM tem sido errado, uma vez que o maior problema não é o acolhimento dos animais, pelo facto de os donos estarem em quarentena, mas sim o facto de não poderem sair à rua satisfazer necessidades básicas.

14 Jul 2022

Animais | Petição exige permissão para passeios na rua

“Os passeios de cães deveriam ser permitidos durante o confinamento parcial” é o nome da petição que circula online desde ontem e que contava à hora do fecho da edição com quase 2700 assinaturas. O documento pede às autoridades que reconsiderem a proibição de levar animais à rua, para evitar problemas de saúde e até a morte

 

O Governo decidiu que até segunda-feira será proibido circular na rua, incluindo para levar cães a passear ou para fazerem as suas necessidades básicas. Uma medida que está a levantar muitos protestos por parte da sociedade. Depois de associações como a ANIMA e Masdaw se terem mostrado contra a decisão, surgiu ontem uma petição online com o objectivo de pedir o fim da proibição.

O documento, intitulado “Os passeios de cães deveriam ser permitidos durante o confinamento parcial” [Dog-walking should be allowed during partial-lockdown] alerta para os problemas graves de saúde que podem ser causados aos animais se estes não puderem fazer as suas necessidades fora de casa.

“Do ponto de vista humano, a maior parte dos cães em Macau urina na rua ou em casas de banho públicas para cães. É contra a natureza mudar os seus hábitos fisiológicos para que façam as necessidades em casa num curto período de tempo. Tal pode potencialmente causar sérios problemas de saúde e até a morte de alguns cães”, pode ler-se.

Desta forma, os autores da petição, que se intitulam “um grupo de cidadãos e donos de animais” descrevem que “um grande número de pessoas expressou preocupação e ansiedade tendo em conta a interpretação das autoridades do despacho do Chefe do Executivo”.

“Depois de dois dias de questões colocadas pelos media e pelas associações de defesa dos direitos dos animais, aparentemente a posição das autoridades não mudou. Ao apresentar esta petição, gostaríamos que o Governo tenha a percepção de que este não é um pedido de poucos donos de animais a título individual, mas sim um respeito pelos direitos básicos e interesses da maioria de cidadãos responsáveis.”

A petição cita ainda a lei da protecção dos direitos dos animais, nomeadamente o artigo relativo aos deveres dos donos. No diploma, em vigor desde 2016, lê-se que quem tem animais deve “proporcionar ao animal alimentação e água potável adequadas, bem como espaço suficiente para a sua movimentação”. O dono deve ainda “prestar ao animal os demais cuidados apropriados” ou “tomar as medidas necessárias para evitar que a saúde pública seja prejudicada pelo alojamento do animal”.

“Ao mesmo tempo, a fim de apoiar a luta governamental contra a pandemia, os cidadãos estão dispostos a cooperar, pelo que deveria ser permitido passear os seus estimados animais sozinhos, usando uma máscara KN95 nesse período”, escrevem os autores da petição. Os passeios seriam pequenos e de curta duração, apontam ainda.

Uma carta aberta

Entretanto, o grupo Everyone Stray Dogs Macau Volunteer Group enviou uma carta aberta ao Governo onde afirma que tem recebido muitas queixas apresentadas por donos de animais. A associação volta a reiterar que não levar os animais à rua constitui um perigo para a sua saúde, porque muitos deles não conseguem fazer as necessidades em casa.

Alguns problemas de saúde apontados pela associação prendem-se com uremia, disfunção da bexiga, insuficiência renal, doença da próstata ou problemas na coluna vertebral. A situação piora quanto mais velhos forem os animais, que também poderão sentir ansiedade por estarem fechados.

14 Jul 2022

Confinamento | Homem condenado a 5 meses de prisão suspensa por fumar na rua

Um residente foi ontem condenado pelo Tribunal Judicial de Base a pena de cinco meses de prisão, suspensa por dois anos, por fumar na rua, enquanto outro foi condenado a pena de quatro meses, suspensa por um ano. Desde segunda-feira, foram encaminhadas 19 acusações para o tribunal por violação das regras de confinamento

 

O Tribunal Judicial de Base (TJB) condenou ontem, em processo sumário, dois residentes por infracções às medidas sanitárias preventivas. Um dos residentes foi condenado a cinco meses de pena de prisão, suspensa por dois anos, por no dia anterior ter sido apanhado no Pátio Fu Van a fumar sem máscara. Ficou decidido que o homem tem de pagar dez mil patacas dentro de um mês. Esta foi a primeira condenação anunciada por infracção das regras de confinamento.

O homem “admitiu que depois de jantar na casa do avô materno quis fumar um cigarro, pelo que saiu, tirou a máscara, colocando-a no bolso direito das calças e começou a fumar” e, segundo as autoridades, terá confessado conhecer as regras do confinamento parcial.

Entretanto, desde segunda-feira, um total de 19 acusações foram encaminhadas para tribunal, além de que as autoridades realizaram esta terça-feira um total de 588 avisos.

“O Ministério Público (MP) encaminhou três dos arguidos ao Tribunal Judicial de Base para que fossem julgados, no mesmo dia, sob a forma sumária, pela prática do crime de infracção de medida sanitária preventiva, sendo um arguido condenado na pena de prisão de 5 meses, cuja execução foi suspensa por 2 anos, sob a condição de pagar uma contribuição de 10.000,00 patacas à RAEM, no prazo de um mês, e, um outro arguido condenado na pena de prisão de 4 meses, cuja execução foi suspensa por 1 ano”, adiantou ontem à noite o MP, sem referir a pena aplicada ao terceiro arguido.

Até ontem, o MP recebeu 16 casos suspeitos da violação das medidas de prevenção da epidemia, encaminhados pela polícia, que envolveram “16 indivíduos que não usaram máscara quando saíram, usaram máscara diferente da ordenada ou se sentaram para lazer, deram um passeio ou correram sem necessidade nos espaços públicos”, foi acrescentado.

O período de confinamento parcial termina na próxima segunda-feira, mas as autoridades não adiantaram o que se seguirá. “Conseguimos um resultado notório de controlo da transmissão do vírus, o risco baixou. Mas, mesmo assim, não podemos ficar descansados, porque não sabemos a fonte da transmissão. É ainda possível existirem cadeias de transmissão ocultas. O Governo vai avaliar de forma geral a situação e o plano que vamos ter num próximo passo.”

Leong Iek Hou disse também que “a definição do regresso à normalidade pode variar”. “Segundo o interior da China, se num local houver zero casos numa semana, uma parte das actividades pode regressar à normalidade, mas isso não significa que não há mais risco. Por exemplo, em Xangai, continuam a realizar os testes e, passo a passo, é que regressam à normalidade. Em Macau também teremos em consideração a situação real”, frisou.

Quatro mortes

Entretanto, registou-se ontem a quarta morte desde o início do surto. Trata-se de uma idosa de 94 anos, diagnosticada com covid-19 no passado dia 3 de Julho, dependente de cuidados permanentes e com doenças crónicas. “Nestes casos, não recomendamos a utilização de equipamentos vitais para salvar a idosa, os familiares perceberam”, foi referido na conferência de imprensa.

As autoridades revelaram ontem que dois dos quatro idosos que faleceram durante o surto pandémico estavam vacinados com duas doses da vacina. Porém, foi ontem referido que os falecimentos não se devem directamente à covid-19. “Não morreram de covid-19, mas de doenças crónicas que levaram a complicações de saúde que originaram a morte.”

Questionados sobre a situação das empregadas domésticas, que relatam más condições de trabalho nas casas dos patrões e discriminação, as autoridades apenas pedem diálogo com os patrões. “Apelamos aos empregadores que negoceiem com as empregadas para permitir que elas fiquem na sua casa, reduzindo as actividades e deslocações. As empregadas devem ter tempo de descanso. Esta é uma medida de curto prazo e podemos, em conjunto, ultrapassar as dificuldades, voltando à normalidade”, disse Leong Iek Hou.

Quanto ao panorama de saúde mental da população, foi garantido que existe resposta das autoridades. “Neste período de luta, a população tem a liberdade controlada e isso traz prejuízo à saúde mental. Nos lares em gestão de circuito fechado os trabalhadores sentem uma alta pressão. Queremos que os cidadãos fiquem cientes de que têm de colaborar com as medidas de prevenção da pandemia. Muitas pessoas em isolamento têm apresentado problemas psicológicos e destacamos os nossos profissionais de assistência social para ligarem a essas pessoas.”

Relativamente aos 27 casos de covid-19 detectados em Zhuhai, com ligação a um jardim de infância, as autoridades adiantaram que não têm, para já, conexão com Macau.

Casa Real e Venetian com casos

O hotel Casa Real, na avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, é neste momento uma zona vermelha, por terem sido detectados três casos positivos de covid-19 entre os trabalhadores. Também no Venetian foram descobertos três casos associados a um restaurante. Relativamente às áreas comuns dos edifícios residenciais, as “Club Houses”, onde funcionam ginásios, cafés e salas para actividades de entretenimento, não devem servir de locais de ajuntamento de moradores, disseram ontem os responsáveis do Centro de Coordenação de Contingência.

Mais uma ronda

Inicia-se hoje mais uma ronda de testes em massa, que termina amanhã. As marcações podem começar a ser feitas a partir das 7h de hoje, sendo que foi ajustado o horário de quatro postos de testes, que passam a funcionar entre as 09h de hoje à 01h, enquanto que amanhã o horário de funcionamento é entre 08h e 18h. Os restantes postos de testagem mantêm o mesmo horário de funcionamento.

1.615 casos positivos

Foi ontem anunciado que durante as 24 hora de terça-feira foram acrescentados 32 novos casos de covid-19 ao total de 1.615 infecções. Os novos positivos reportam-se a “22 casos nas zonas de código vermelho e hotéis de observação médica, que foram encontrados durante a fase de gestão e controlo; 5 casos de contactos próximos, 4 casos positivos encontrados nos testes massivos e grupos alvo, e 1 caso encontrado na comunidade. Até às 08h de ontem, as autoridades efectuaram o acompanhamento de 19.956 indivíduos, 3.110 contactos próximos, 11.080 com os mesmos itinerários de casos confirmados, 935 contactos próximos por via secundária, 254 contactos gerais e 766 acompanhantes.

Novo caso importado

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus revelou que na passada segunda-feira foi detectado um novo caso importado de covid-19. Num comunicado divulgado ontem, a proveniência do paciente, de 54 anos, não é indicada, sendo revelado apenas que foi enviado para “um local designado para efeitos de isolamento”.

COPC | Apelo para se evitar actividades desnecessárias em prédios

O Centro de Operações de Protecção Civil (COPC) lançou ontem um apelo para os cidadãos não participarem em actividades desnecessárias nos clubes recreativos dos prédios. “O COPC verificou que há pessoas a praticar actividades desnecessárias nos clubes recreativos dos prédios, podendo aumentar o risco de transmissão do vírus. O COPC lembra que todos os indivíduos que se encontram em Macau necessitam cumprir rigorosamente as medidas de prevenção epidémica previstas no despacho”, pode ler-se em comunicado. O COPC revelou ainda que já entrou em contacto com a Associação de Administração de Propriedades, com o objectivo de “lembrar as companhias de administração” para “reforçar a supervisão sobre as áreas públicas dos edifícios”, apelando às mesmas para encerrarem clubes recreativos dos prédios sob a sua jurisdição.

14 Jul 2022

Suicídio | Caritas recebeu mais de um terço do número de chamadas anuais em três semanas

Desde o início do surto comunitário, até ao final da tarde de ontem, a linha de apoio da Caritas Macau para a prevenção do suicídio recebeu 18 chamadas, além de mais de 500 pedidos de ajuda por outros motivos psicológicos. Em apenas três semanas, as chamadas ultrapassaram um terço das recebidas num ano inteiro. Duas psicólogas dizem que o panorama da saúde mental de Macau tem piorado

 

Desde que começou a luta para combater o surto comunitário de covid-19 que deflagra em Macau, o panorama da saúde mental da população agravou-se. Um dos dados que denota essa realidade foi o aumento considerável de chamadas recebidas pela linha de apoio de prevenção do suicídio e de apoio psicológico da Caritas Macau.

Desde 18 de Junho, até ao final da tarde de ontem, a linha de apoio foi contactada 18 vezes. Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau, descreveu ao HM uma tendência de aumento e apela a que a comunidade se ajude entre si. “Por norma, num ano, recebemos entre 45 e 50 chamadas, mas este ano temos tido mais pessoas a abordar este assunto. Neste momento, precisamos de mais recursos e colaboradores para podermos ajudar as pessoas. Temos funcionários a trabalhar 24 horas por dia”, contou ao HM.

Paul Pun revelou ainda que desde que começou o surto, a linha de apoio recebeu mais de 500 chamadas relacionadas com problemas psicológicos, como depressão, ansiedade e problemas resultantes de conflitos familiares.

“A minha expectativa é que durante o confinamento parcial deverá haver muito mais casos. Alguns dos pedidos que recebemos já estão relacionados com o confinamento que começou ontem [segunda-feira]. Há muitas pessoas que estão a sentir uma enorme tensão, e para os grupos vulneráveis essa pressão é ainda maior. Pelo menos, através desta linha directa, podem expressar o que sentem e os seus problemas emocionais, para enfrentar melhor os problemas e evitar cometer suicídio”, revelou Paul Pun.

Remédios profanos

Muitos residentes procuram ajuda psicológica fora do território, com profissionais com quem já tiveram consultas presenciais. É o caso de Goreti Lima, cuja agenda está praticamente preenchida com utentes a viver em Macau.

“As problemáticas que estão em cima da mesa são depressões e ansiedades, de pessoas que estão agarradas ao passado, do que foi, e do que vai ser. O problema é mesmo viver no presente, e é esse o trabalho que tenho estado a desenvolver.”

No caso dos portugueses, muitos querem ficar porque os filhos ainda estão a estudar, enquanto que outros já preparam o regresso definitivo a Portugal. “Alguns estrangeiros querem mesmo ir embora porque têm uma estrutura financeira diferente”, contou a psicóloga, que garante que “não há uma rede de apoio e as pessoas não confiam nos serviços de Macau, embora isso seja recorrente”.

A psicóloga dá conta também de casos de automedicação de pessoas que não conseguem dormir ou controlar sentimentos de ansiedade ou ataques de pânico. “Muitas das pessoas vão ter de recorrer à medicação, mas é um paliativo. Algumas começam a ficar revoltadas e precisam mesmo de comprimidos para dormir e para estarem mais calmas e tranquilas. Há muitos casos de automedicação.”

“Situação pesada”

A primeira semana de encerramento total de todos os serviços não essenciais em Macau começou com a notícia trágica de uma idosa de 87 anos que se atirou do apartamento onde vivia sozinha, tendo sido encontrada no parque de estacionamento situado no terceiro andar do edifício na Rua Norte do Patane.

As autoridades repetem recorrentemente a intenção de as medidas restritivas durarem o menor tempo possível. Mas a sua duração não é certa e isso pode representar um factor que potencia a instabilidade emocional. “É uma situação bastante pesada aquela que é vivida pelo povo de Macau, sobretudo quando sentimos que o resto do mundo tem já outro tipo de políticas para enfrentar a pandemia. Quando percebemos que as coisas são diferentes do outro lado do mundo, isso causa sentimentos de injustiça e de raiva. As pessoas estão saturadas e muitas são levadas a agir por impulso e por emoção. Há um cansaço epidémico muito grande”, disse Filipa Freire, ex-residente e psicóloga, que também atende muitas pessoas de Macau.

A profissional nota “que muitos estão conscientes de que é uma fase”, embora haja “sentimentos de revolta, ansiedade, com pessoas a ter ataques de pânico e a agir por impulso”.

Filipa Freire não tem dúvidas de que, se os alarmes soarem, o Governo tem capacidade para accionar uma rede de apoio. “Mas é importante haver essa consciência. Começa-se de facto a falar na questão da saúde mental, e isso é um começo. Mas deveria existir um atendimento nos centros de saúde ou a aposta numa rede de consultas gratuitas ou online.”

Recentemente a Pac Man Junior Chamber, uma organização sem fins lucrativos, organizou um evento online de apoio psicológico intitulado “RISE With SME – Strengthen Business Leaders Mental Health”, virado, como o nome indica, para as questões de saúde mental de empresários e comerciantes. Filipa Freire defende que a Associação dos Psicólogos de Macau deveria actuar neste sentido. O HM tentou contactar Elvo Sou, presidente da entidade local, para obter comentários sobre este assunto, mas este não quis prestar declarações “por não ter informações suficientes”.

Caso tenha pensamentos suicidas e necessite de auxílio, pode ligar para o Serviço de Auxílio da Caritas Macau, através do número 2852 5222, em chinês, ou do número 2852 5777, em inglês.

Idosos | Linha de apoio recebe quase 200 chamadas por dia

O Centro de Apoio de Teleassistência “Peng On Tung”, ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), tem recebido quase 200 pedidos de apoio de idosos, sobretudo os que moram sozinhos. Ao jornal Ou Mun, Pun Ka Lon, responsável pelo Centro, disse que, apesar da subida do número de chamadas, os idosos que precisam de assistência para admissão hospitalar tem-se mantido estável, rondando entre dez e 15 casos por dia.

Pun Ka Lon disse ainda que o encerramento de restaurantes afectou o estado emocional dos mais velhos, que costumavam passar tempo nestes locais com amigos ou familiares. O isolamento social foi, portanto, um dos factores elencados pelo responsável que mais contribuiu para os problemas psicológicos reportados por utentes.

Muitos referiram também que se sentem confusos com a realização dos testes rápidos, uma vez que não podem receber ajuda dos filhos. Assim sendo, o Centro disponibilizou mais funcionários para apoiar estas pessoas, sobretudo os idosos que vivem sozinhos e que sofrem de doenças crónicas.

13 Jul 2022

CPSP | TNR podem perder blue card por violação de confinamento

Foram ontem acusadas nove pessoas de violarem a lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis por situações como estarem na rua sem máscara. Desta forma, arriscam uma pena de até dois anos de prisão, no máximo, ou 240 dias de multa.

“São situações que continuam a acontecer, as autoridades policiais podem apanhar o detido em flagrante. Os colegas fazem reparos conforme as situações. Há pessoas que vão correr sem usar máscara por um longo período ou estão na rua sem máscara, e nesses casos fazemos uma acusação imediata. Nos outros casos menos graves, faremos apenas um reparo.”

No caso de trabalhadores não residentes, caso sejam acusados, “poderão sujeitar-se ao cancelamento do blue card”, disse o responsável do CPSP. Além das nove acusações, ontem foram ainda feitos 810 avisos a pessoas na rua. “Vamos adoptar medidas cada vez mais rigorosas. Apelo a todos os cidadãos que olhem para a lei e o despacho. Não queremos punir as pessoas, mas garantir que as regras são cumpridas.”

Situações como várias pessoas viajarem no mesmo carro, sem máscara, pode dar azo a um alerta das autoridades. “Se a pessoa for sozinha no carro de janelas fechadas, sem máscara, há baixa probabilidade de transmitir o vírus. Mas com a janela aberta e sem máscara a probabilidade é maior. Se todos estiverem dentro do carro devem usar a máscara”, foi referido.

13 Jul 2022

Lares | Governo estuda trabalho por turnos para quem está em circuito fechado

Cerca de 20 por cento dos lares subsidiados pelo Governo têm condições para implementar o trabalho por turnos, um desejo revelado por alguns trabalhadores, grande parte deles locais. As autoridades estudam a medida e prometem a concessão de subsídios e dias de férias como compensação. Ontem foi anunciada a terceira vítima mortal por complicações de saúde causadas pela covid-19

 

Muitos trabalhadores de lares de idosos, na sua maioria locais, revelaram vontade de sair do regime de gestão em circuito fechado, que vigora desde o dia 24 de Junho. Desta forma, o Governo está a analisar a possibilidade de colocar os funcionários de 20 por cento dos lares subsidiados em regime de trabalho por turnos. Choi Sio Un, chefe do departamento de solidariedade social do Instituto de Acção Social (IAS), disse ontem na conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus que dos 1.850 funcionários dos lares, 30 por cento são locais e 70 por cento são do exterior.

“É compreensível que queiram reunir com a sua família, mas nem todos os locais têm o desejo de trabalhar por turnos, porque compreendem a situação [da pandemia]. Já os trabalhadores do exterior têm uma situação completamente diferente”, adiantou.

Escolas ou centros de reabilitação poderão servir como locais para cumprir isolamento de sete dias quando os trabalhadores saírem do trabalho. Além disso, terão de fazer testes de ácido nucleico diariamente. Choi Sio Un adiantou que o trabalho por turnos “poderá melhorar a saúde e o estado mental” dos trabalhadores.

“Os funcionários dos lares estão saudáveis e não temos novos casos. Continuar com este cenário [de circuito fechado] é o ideal, porque minimizamos o risco de novos casos, mas não podemos ignorar os trabalhadores que querem reunir com a família”, disse Choi Sio Un.

Além desta medida, os funcionários vão ser compensados com subsídios ou mais dias de férias por estarem a trabalhar nestas condições, como “forma de agradecimento e incentivo”, frisou o mesmo responsável.

Registada terceira morte

Ontem foi anunciada a terceira morte por complicações de saúde agravadas pela covid-19. Trata-se de uma doente de 88 anos cujo caso positivo foi confirmado no dia 6 de Julho. “A mulher tinha doença crónica, problemas cardíacos e diabetes, além de outras complicações. Durante o internamento administrámos medicamentos anti-virais mas ontem [segunda-feira] a doente sofreu uma intoxicação devido à gravidade da situação de diabetes.

Após o tratamento não melhorou, e os familiares manifestaram o desejo de não hidratar [a doente] através de uma forma invasiva”, foi referido na conferência.

As autoridades lembraram, no entanto, que as três mortes são de idosos “portadores de doenças crónicas que já tinham complicações de saúde”. Em relação aos casos graves de covid-19 registados no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane, uma mulher deixou de estar ligada ao ventilador no domingo e passou a receber oxigénio, apresentando ainda um quadro clínico “frágil”.

Cinco idosos com idades entre 80 e 90 anos também necessitam de oxigénio, mas estão numa situação estável, apesar de serem “portadores de doenças crónicas, o que pode originar complicações durante o tratamento”, disse Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência. Há ainda duas grávidas que serão transportadas para o hotel, para quarentena, sendo que “a maior parte dos recém-nascidos também foram para os hotéis”.

O grupo de instalações para quarentenas foi reforçado com a inclusão na lista dos hotéis Studio City, que disponibiliza 680 quartos, e Broadway, com 235 quartos.

IAM acolhe animais

Desde as 15h de ontem, o centro de acolhimento temporário do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) está disponível para receber animais domésticos de pessoas que, por estarem em quarentena, não tenham condições para cuidar dos animais. Para tal, é necessário fazer marcação via telefone e pagar uma taxa diária.

1.583 casos positivos

Até ontem, o total de casos positivos de covid-19 acumulados fixou-se em 1.583. Leong Iek Hou frisou que a política dos testes rápidos e de ácido nucleico está a funcionar. “Terminada a sétima ronda de testes, e testes aos grupos alvos, vemos uma redução do número de casos encontrados, de 94 tubos [de amostras positivas] na quarta ronda passámos para 41 tubos na quinta ronda, enquanto que na sétima ronda, que terminou ontem, foram encontrados 17 tubos. Isso mostra que os testes contínuos são eficazes, o que contribui para a detecção precoce e tratamento dos infectados.”

A responsável referiu que Macau vai passar a adoptar o critério usado no interior da China quanto à classificação dos casos encontrados na comunidade ou na gestão de controlo. “Actualmente, as pessoas de contacto próximo, os casos positivos encontrados nos testes PCR ou rápidos, ou nos grupos alvo, são classificados como casos comunitários. Mas segundo os critérios do Interior da China os contactos próximos são classificados como casos encontrados sob gestão e controlo, e se seguirmos esses critérios, o número de casos identificados na comunidade vai diminuir.”

Zhuhai | Três casos levam a três rondas de testes massivos

A cidade vizinha de Zhuhai decretou três novas rondas de testes em massa, que começaram ontem, depois de terem sido encontrados três casos positivos de covid-19 num jardim de infância. Na segunda-feira, a primeira infecção foi descoberta numa professora de 24 anos e ontem foram identificados mais dois casos positivos referentes a outra professora de 32 anos e uma enfermeira de 40 anos. Em sequência dos casos, as autoridades enviaram para um hotel de quarentena 166 crianças e 33 profissionais da instituição em questão. Segundo o jornal Ou Mun, estão também a ser acompanhados 698 pessoas devido a contacto próximo, incluindo 33 pessoas que estarão em cidade próximas de Zhuhau.

13 Jul 2022

Rui Pedro Cunha, presidente da Câmara de Comércio Europeia em Macau: “RAE’s são apelativas para empresas europeias”

Acaba de assumir funções como presidente da Câmara de Comércio Europeia em Macau (MECC) em condições adversas, tendo em conta a pandemia. Ainda assim, Rui Pedro Cunha não baixa os braços e defende que a entidade nunca deixou de trabalhar nos bastidores para incentivar trocas comerciais, aguardando melhores dias para a cooperação económica

 

Como surgiu a oportunidade de estar à frente da câmara de comércio?

A MECC tem como membros as câmaras de comércio dos países europeus em Macau, e também sócios empresariais e individuais que compartilham dos objectivos da MECC. O desafio de liderar a MECC surgiu da Câmara de Comércio Britânica (BritCham), que propôs o meu nome para substituir o anterior Presidente, Henry Brockman, que se ia ausentar de Macau. A nomeação foi bem acolhida pelo conselho de administração e pela assembleia-geral, que aceitou a nomeação e me elegeu para completar o mandato até Outubro 2023.

Que projectos pretende desenvolver?

A mudança de presidente não altera os planos da MECC, que são definidos pelo conselho de administração. Os eventos presenciais estão suspensos devido à situação pandémica. No entanto, as iniciativas de bastidores como a organização de informação e preparação de eventos continuam a decorrer. A câmara vai continuar a procurar novas formas de dinamizar trocas comerciais e cooperação bilateral entre as comunidades de negócios de Macau e da Europa, perseguindo o objectivo de ajudar ao desenvolvimento da RAEM que, necessariamente, passa pela diversificação económica. A MECC vai também continuar a apostar na comunicação e cooperação entre as câmaras associadas.

Quais os grandes desafios em manter uma câmara de comércio a funcionar na sua plenitude tendo em conta a continuação de medidas restritivas?

Os tempos de incerteza que vivemos afectam toda a sociedade, e a câmara não é excepção, uma vez que a maior parte dos eventos que organiza estão suspensos e só poderão ser retomados quando as regras o permitirem e os membros se sentirem confortáveis para o fazer. Todos aguardamos com expectativa os melhores dias que virão depois de ultrapassada esta crise, e cá estaremos para ajudar os nossos membros a aproveitar as oportunidades que surgirão quando a retoma económica se tornar uma realidade. Não nos podemos focar nas dificuldades, mas sim procurar as oportunidades e manter esperança no futuro.

De que forma pode Macau potenciar as suas relações com a União Europeia (UE), sobretudo em termos comerciais?

Macau tem toda uma história de entreposto comercial entre a China e a Europa e também o resto do mundo. Dentro do contexto actual, as duas regiões administrativas especiais são as que têm um ambiente mais ocidentalizado e, portanto, são mais apelativas para empresas europeias que saibam ver as vantagens desse enquadramento, nomeadamente legal e fiscal. Para os negócios funcionarem, não bastam as trocas comerciais pontuais, são necessárias as pessoas que dão continuidade a esses negócios, e com certeza a RAEM saberá encontrar formas de atrair essas pessoas para benefício do desenvolvimento do território.

A câmara de comércio pode representar um papel importante para empresas do mercado da UE que querem chegar ao mercado chinês e, sobretudo, à Grande Baía?

A câmara tem todo o gosto em dar ajuda a empresas europeias que se queiram estabelecer em Macau. É natural que as empresas europeias reconheçam as vantagens da RAEM, e que se queiram basear aqui como primeiro passo para entrar no mercado da Grande Baía, ou até da China Continental.

Neste contexto, a ligação com Hengqin é também fundamental?

Hengqin é uma oportunidade de cooperação mais aprofundada entre a RAEM e a China Continental, e se para a RAEM Hengqin é uma parte fundamental do futuro desenvolvimento do território, para empresas europeias poderá ser também uma oportunidade que não deve ser ignorada. Depende muito do sector de actividade das empresas em questão estar ou não dentro da actual lista de sectores prioritários de Hengqin.

Quais os principais feitos obtidos pela MECC até à data?

Não me compete colher os louros do muito trabalho feito no passado, estando eu a entrar agora. Mas importa reconhecer que a MECC tem tido um papel importante na comunicação e cooperação entre as câmaras dos países europeus em Macau, e entre estas e as entidades oficiais. Não são feitos que tenham visibilidade pública, mas são importantes pelo efeito agregador que têm para a comunidade de negócios europeia no território. Hoje em dia, devido à pandemia, não há visitas oficiais de representantes europeus, mas quando estas visitas ocorriam a MECC teve uma participação activa e articulava sempre as suas actividades com as do escritório da UE em Hong Kong e Macau.

Que processos ou dossiers mais específicos de investimentos ou pedidos de consulta acompanharam nos últimos tempos?

Mais do que consultas, as câmaras de negócio potenciam ligações. Quem faz negócios precisa de sentir alguma segurança nas opções que faz, e o contacto com outras pessoas que enfrentaram questões semelhantes ajuda a tirar dúvidas e consolidar decisões e, por vezes, também surgem oportunidades de cooperação ou novos negócios nesses contactos.

Como descreve a ligação da Câmara de Comércio com as autoridades de Macau, nomeadamente com o IPIM [Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau], no fomento de relações comerciais?

A MECC mantém relações cordiais com as entidades oficiais da RAEM, sem razões de queixa, e não se substitui a nenhuma delas nas respectivas funções. O IPIM, em particular, tem apoiado bastante as câmaras de comércio, apesar das condições económicas adversas dos últimos anos. Como os objectivos da MECC se coadunam com os objectivos de desenvolvimento do território, existe uma saudável cooperação com as entidades oficiais que por certo se vai manter no futuro.

Acha que a UE tem encarado as RAE’s tendo em conta o potencial destes territórios?

A RAEM tem um grande potencial como porta de comércio para a China Continental, principalmente para os países lusófonos. Portanto, é natural que as estruturas geo-económicas estejam atentas às oportunidades que daí podem surgir. Existem em Macau várias empresas europeias a operar e a desenvolver bom trabalho. À medida que outras tomam conhecimento das vantagens de terem uma presença na RAEM, surgirão com certeza mais empresas interessadas. A UE já é o maior parceiro de comércio internacional da China, tendo ultrapassado os EUA em 2021, e a China é a maior fonte de importações da EU. Portanto, a interdependência económica entre a China e a UE é cada vez maior. Não nos devemos iludir quanto ao peso que as RAE’s têm neste enquadramento, mas faz sentido que, quer a China, quer a Europa, tenham a ganhar com o desenvolvimento económico da RAEM enquadrada do projecto da Grande Baía.

12 Jul 2022

Associações criticam proibição de levar animais à rua

As associações de defesa dos direitos dos animais criticam a proibição de passeios de animais na rua, alertando para problemas de saúde pública e mal-estar. A ANIMA recebeu mais de 50 chamadas desde domingo a pedir esclarecimentos e obteve no sábado diferentes explicações do IAM sobre o assunto. Autoridades só admitem idas ao veterinário

 

A ANIMA e a MASDAW, duas das maiores associações de defesa dos animais de Macau, criticam as autoridades por proibirem os passeios de animais de estimação na rua, à excepção das idas ao veterinário, alertando para a possibilidade de a medida potenciar problemas de saúde pública.

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) voltou ontem a reiterar, em comunicado, que é permitida apenas “a deslocação dos donos para levarem os seus animais para atendimento médico”, tendo sido passada a mesma mensagem na conferência de imprensa do Centro de Coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus.

“[No domingo] manifestei a posição das autoridades policiais e não tenho mais nada a acrescentar”, frisou Lei Tak Fai, chefe da divisão de relações públicas do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP).

“Foi referido de forma clara que passear o cão não é uma situação prevista no despacho [do Chefe do Executivo], mas levar os animais ao veterinário é possível”, foi ainda dito.

No entanto, Zoe Tang, presidente da ANIMA, declarou que, da parte do IAM, lhe foi comunicada, no sábado, uma informação diferente. “Mencionaram que os donos de cães são aconselhados a passeá-los junto às zonas de residência cumprindo os regulamentos, como usar a máscara N95 ou KN95, e não permanecerem muito tempo na rua. Também sugeriram que os donos tentem ensinar os cães a fazer as suas necessidades em casa”, disse ao HM.

Zoe Tang considera ainda que o despacho do Chefe do Executivo não explicita a proibição de levar os animais à rua. “Esperamos que o Governo possa clarificar e publicar directrizes para reduzir a ansiedade dos donos de animais. O CPSP deveria negociar com o IAM para clarificar esta questão. Recebemos directrizes do IAM de que levar os cães à rua para fazerem as necessidades ou para ir ao veterinário não é uma acção afectada [pelo despacho do Chefe do Executivo]. Parece que existiu falta de comunicação ou um mal-entendido”, disse.

Necessidades caninas

A ANIMA entende que levar os animais à rua é fundamental para o seu bem-estar e saúde, posição também assumida pela Masdaw. “Consideramos que esta situação é uma violência e completamente contranatura. Muitos cães estão habituados a ir à rua, e se não forem podem não fazer as necessidades, gerando-se problemas intestinais. Em termos de salubridade, não é higiénico que pessoas com cães grandes os tenham a fazer necessidades em casa. É um disparate e em mais nenhum sítio do mundo isto aconteceu”, disse Fátima Galvão, presidente da direcção.

A responsável diz conhecer pessoas que levam os animais ao parque de estacionamento do prédio onde vivem. “Sei de um caso em que o polícia teve uma postura compreensiva, mas já circula uma imagem de dois polícias a abordar uma pessoa a passear um cão grande. Caímos em extremos que não são vistos em mais lado nenhum do mundo. O ideal é levar os animais a passar quatro vezes por dia, mas duas vezes já seria bom.”

Sem cabimento

Quando Sara d’Abreu abriu a “All Pets Allowed”, empresa que presta apoio a animais, incluindo passeios, não imaginou a situação em que Macau se encontra esta semana. “Esta medida não tem cabimento. Há pessoas que têm animais e não os levam à rua, mas essa não é a realidade para a maioria dos animais de estrangeiros que residem em Macau. A lei de protecção dos animais, que está completamente desactualizada, diz que o dono não deve causar sofrimento aos animais. Muitos dos animais que trato, por exemplo, não conseguem fazer necessidades em casa, e muitos não conseguem sequer fazer em pavimento de cimento, precisando de uma zona com relva”, exemplificou.

Por estes dias, Sara d’Abreu não tem passeado cães nos trilhos de Coloane, como costumava, realçando as consequências na saúde e bem-estar dos animais por não poderem sair de casa. “Há cães de trabalho que precisam mesmo de sair para fazer exercício, e se não libertarem essa energia, que é própria da raça, começam a ser destrutivos, a sofrer de ansiedade e a ter problemas de saúde.”

Masdaw de bolsos vazios

Se a ANIMA se tem deparado com muitas dificuldades financeiras, a MASDAW não está numa situação diferente, tendo apenas dinheiro para pagar três rendas das instalações que ocupam, cada uma num valor superior a 50 mil patacas. “Estamos numa situação muito complicada com a falta de fundos. Tínhamos muitas pessoas que nos ajudavam a passear os cães, e agora isso não acontece. A maior parte deles estão numa cave”, contou Fátima Galvão.

12 Jul 2022

Jogo | Autoridades atentas à origem de fundos de candidatos a concessão

Já está publicado em Boletim Oficial (BO) o regulamento administrativo relativo ao novo concurso público para a atribuição das licenças de jogo. O documento revela algumas das regras que as empresas concorrentes devem cumprir para provar a idoneidade do seu negócio.

Um dos passos é o preenchimento de um formulário relativo à revelação de dados das concorrentes, das concessionárias, ou dos seus accionistas ou administradores. Deve ser comprovada “a experiência da concorrente ou da concessionária”, bem como a sua reputação não apenas da empresa a concurso, mas das suas sociedades.

Devem ser entregues relatórios de avaliação de risco não apenas da concorrente como das sociedades que dela fazem parte.

A comissão que analisa as propostas presentes a concurso público vai ainda prestar atenção “à forma como são conduzidos habitualmente os negócios ou a natureza das suas actividades profissionais”. Será tido em conta se a empresa concorrente “revela uma propensão acentuada para a assunção de riscos excessivos”.

Além disso, será avaliado “se existem razões fundadas de suspeita sobre a licitude da proveniência dos fundos destinados à participação ou sobre a verdadeira identidade do titular desses fundos”, ou se existem “transacções inadequadas com grupos criminosos”.

As autoridades terão também em atenção se o concorrente “foi acusado ou condenado pela prática de crime punível com uma pena de prisão igual ou superior a três anos”, sendo também verificada a idoneidade de accionistas com capital social de valor igual ou superior a cinco por cento, sem esquecer os administradores.

Relatórios à DICJ

Outra das novidades face ao diploma de 2001 prende-se com a obrigatoriedade de apresentação, a cada seis meses, por parte da concessionária, de um documento comprovativo das garantias de financiamento de terceiras entidades a investimentos feitos em Macau.

O documento, a entregar junto da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), deve demonstrar “o compromisso ou prestação de garantia” assumidos pela terceira entidade quanto aos “investimentos e obrigações que a concessionária se propôs realizar ou assumir”, incluindo ainda os dados que comprovem que “a concessionária tinha vindo a cumprir as obrigações subjacentes a tal compromisso ou garantia de financiamento”.

O regulamento administrativo aponta ainda que “não podem ser apresentadas propostas de adjudicação alternativas ou subsidiárias”, devendo ser indicado, se o programa do concurso público o permitir, “de forma clara a inequívoca que a proposta é alternativa e subsidiária”.

São apenas admitidas a concurso público para licença de jogo “as sociedades anónimas constituídas na RAEM”. Sempre que a concessionária não tenha uma sócia dominante, o Governo “pode exigir que a garantia seja prestada por accionistas titulares de valor igual ou superior a 5 por cento do seu capital social”.

11 Jul 2022

Justiça | Advogados exigem suspensão de prazos processuais

O Governo decretou o encerramento dos serviços públicos, mas os tribunais continuam a funcionar, mantendo-se os prazos processuais que podem não ser cumpridos. Advogados exigem clarificação por parte das autoridades. Miguel de Senna Fernandes teme aumento de recursos administrativos

 

Advogados ouvidos pelo HM temem não conseguir cumprir prazos judiciais relativos a processos que têm em mãos, uma vez que os tribunais permanecem abertos, enquanto que todos os restantes serviços públicos, que dão apoio no envio de peças processuais, estão fechados entre hoje e sexta-feira.

Miguel de Senna Fernandes declarou que o despacho assinado pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, que manda encerrar serviços, “deveria ser mais claro” neste ponto. “Os prazos são muito importantes, sobretudo para os advogados que estão na barra [dos tribunais]. Não se pode obrigar o profissional a cumprir os prazos quando os serviços judiciais não têm condições para trabalhar com a regularidade que se exige. Por mais que eu possa enviar a peça processual por fax, terei de enviar em papel físico no dia seguinte, e não está ninguém nos serviços para a receber”, declarou.

Miguel de Senna Fernandes entende que “os prazos terão de ser suspensos”, temendo que se abra “caminho a vários recursos administrativos”. “Podem haver recursos de processos que não são apresentados a tempo, porque o despacho não contempla estas situações”, acrescentou.

Outro advogado, que não quis ser identificado, considera a actual situação “um perfeito disparate”. “O Governo pede para as pessoas trabalharem a partir de casa, mas depois mantém os tribunais abertos e com os prazos a contar. Há trabalhos que não podem ser executados a partir de casa”, disse.

Questões pendentes

José Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), relata queixas de advogados que são associados desta entidade. “O Chefe do Executivo deveria abranger estas situações, suspendendo os prazos processuais judiciais. Alguns dos nossos associados têm acções cíveis pendentes nos tribunais e não conseguem obter os documentos necessário junto dos serviços públicos.”

Coutinho referiu ainda que muitos associados “estão extremamente preocupados porque estas acções podem ser arquivadas”, além de que há um problema associado às notificações de recusas de marcas. “A recusa sai em Boletim Oficial, o prazo começa a contar, mas os fundamentos estão na carta que não chega. Este assunto poderia ser tratado via on-line”, declarou Pereira Coutinho.

O assunto foi ontem abordado na conferência de imprensa do Centro de Coordenação e de Contingência do novo coronavírus, mas as autoridades não deram resposta.

11 Jul 2022

Trabalhadores dos lares queixam-se do modelo de circuito fechado

O Sindicato dos Assistentes Sociais de Macau acusa o Governo de não ter ouvido as opiniões dos dirigentes e trabalhadores dos lares de idosos que operam em gestão de circuito fechado praticamente desde que começou o surto.

Numa publicação no Facebook, a associação profissional denuncia a existência de muitos problemas para manter idosos e funcionários no mesmo espaço 24 horas por dia, sete dias por semana, tal como a falta de espaço, más condições de trabalho, falta de materiais e aumento dos problemas psicológicos.

Os funcionários têm de partilhar o espaço de descanso comum e a casa de banho, sendo muitas vezes obrigados a dormir no chão, havendo casos em que dormem em cima de tapetes de ioga.

A associação refere também que existem profissionais com problemas do foro psicológico, sofrendo de ansiedade e receio devido ao tempo prolongado em que estão afastados de familiares. Muitos funcionários dizem não ter tido sequer tempo para preparar bens essenciais que necessitam para estar no lar a tempo inteiro, e que estes também não foram providenciados mais tarde.

Ao trabalharem em regime de circuito fechado, muitos trabalhadores desconhecem garantias e direitos de que dispõem, incluindo as resoluções a adoptar caso fiquem infectados com covid-19 ou isolados.

A associação indica também que algumas instituições não mencionam se vão ser pagas compensações pelo facto de os funcionários terem de ficar no local de trabalho a tempo inteiro.

Desta forma, os profissionais pedem que a gestão em circuito fechado seja breve ou então que sejam asseguradas as devidas condições de privacidade, com melhor organização do trabalho por turnos.

No total, foram encaminhadas para a associação 60 cartas com queixas de associados, o que levou o organismo a sugerir que os funcionários possam ficar em hotéis de quarentena, fazendo apenas o percurso hotel-trabalho, além de exigir melhor comunicação com as autoridades.

IAS rejeita queixas

Segundo o jornal Ou Mun, Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau e presidente do Conselho Profissional dos Assistentes Sociais, frisou que há poucos pedidos de demissão por parte de pessoas que não se adaptam a este regime. O responsável espera que esta forma de gestão dure pouco tempo, acreditando que muitos preferem ficar a viver nos lares por temerem o contágio na comunidade.

Opinião semelhante tem Hon Wai, presidente do Instituto de Acção Social (IAS), que recusa as acusações de falta de diálogo. “Temos comunicado com os dirigentes dos lares para tentar saber a situação. Em casos urgentes esperamos poder disponibilizar mais locais [de descanso], mas não é fácil encontrá-los. Tem de ser um local independente, não pode ser de uma associação. Muitas vezes propomos lugares para descanso, mas os próprios trabalhadores preferem ficar dentro dos lares, conseguimos controlar a situação e eles não querem também correr o risco. Temos mais de três mil utentes nos lares”, declarou ontem na conferência de imprensa diária de balanço da pandemia.

11 Jul 2022

CCP | Rita Santos reuniu com Marcelo Rebelo de Sousa 

Rita Santos, na qualidade de representante do Conselho Regional da Ásia e da Oceania do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), reuniu com o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, tendo abordado “questões como o ensino, divulgação e o uso diário da língua portuguesa em Macau como língua oficial”.

Além disso, Rita Santos defendeu também, segundo uma nota de imprensa, “o incremento das relações bilaterais através Comissão Mista entre Macau e Portugal”. A responsável abordou ainda o regresso do voo directo Lisboa-Macau ou via Banguecoque, sem esquecer os problemas de recursos humanos e salariais registados no Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

Por sua vez, Marcelo Rebelo de Sousa “realçou a importância do papel dos Conselheiros e das Comunidades Portuguesas no estrangeiro”.

De frisar que os restantes membros do CCP têm reunido, em Lisboa, com diversos partidos políticos, tendo debatido os problemas verificados com as eleições, nomeadamente a importância de implementar o voto electrónico. Foi sugerido o aumento do número de conselheiros das comunidades portuguesas de 80 para 100, “atendendo ao aumento de recenseamento automático de mais de 350 mil eleitores portugueses residentes nos Círculos da Europa e Fora da Europa para quase 1 500 000 eleitores”, entre outras matérias.

Neste encontro, Rita Santos criticou o facto de os programas eleitorais dos partidos “terem poucas referências em relação aos portugueses da diáspora, atendendo a que muitos eleitores no interior da China, Macau e Hong Kong não dominam a língua portuguesa”.

8 Jul 2022

Registadas dificuldades na compra de bilhetes para autocarros dourados 

Vários residentes têm relatado ao HM a dificuldade na compra de bilhetes para os autocarros dourados, a fim de se poderem deslocar directamente para o aeroporto de Hong Kong. Um residente, que pediu para não ser identificado, contou ter estado vários dias a tentar adquirir bilhete online para a próxima sexta-feira, dia 16, sendo que os ingressos esgotaram “em poucas horas” na quarta-feira. Após várias tentativas, o residente conseguiu comprar bilhete para esta segunda-feira. “Com a actual situação pandémica, e com voos três vezes por semana via Singapura, deveriam aumentar a oferta de bilhetes para os autocarros dourados”, defendeu.

O HM tem conhecimento de outro caso em que dois residentes não conseguem sair de Macau até domingo, por não terem conseguido adquirir o bilhete, temendo ficar no território caso a situação pandémica se agrave. Sara Ng, funcionária da agência de viagens Travel Agency, confirmou que tem recebido muitos pedidos de apoio para a marcação destes bilhetes.

Pedidos de ajuda

Uma vez que muitos residentes portugueses têm viagens de férias marcadas para este período, o HM contactou o Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong que tem mantido um serviço de piquete para o serviço de documentos. Sobre a questão das viagens, foi dito que não há um canal especial de comunicação com empresas para resolver o problema.

“Nos nossos registos consta apenas um pedido de apoio deste género, e procurámos transmitir ao interessado as informações disponibilizadas por aquelas companhias transportadoras.” Sobre questões relacionadas com passaportes, cartões de cidadão ou outros documentos em período de pandemia, o Consulado diz ter “solucionado mais de uma centena de pedidos”.

De portas fechadas até hoje, o Consulado diz que vai continuar a coordenar o horário de funcionamento consoante o que o Governo determinar. “A retoma total dos serviços deste Consulado-Geral dependerá da evolução da situação pandémica e das medidas sanitárias tomadas pelo governo da RAEM”, foi referido.

7 Jul 2022

Confinamento geral | Autoridades rejeitam medida, para já, e mantêm política de testes 

As autoridades afastam, por enquanto, a possibilidade de Macau entrar em confinamento total, numa altura em que se registam 1215 casos positivos, com 750 assintomáticos. A política de combinação de testes rápidos com testagem em massa mantém-se activa. Há mais dois hotéis disponíveis para quarentena

 

A ideia de o território poder entrar em confinamento geral começa a circular nas redes sociais e a ser defendida por vários analistas, mas as autoridades afastam, para já, essa possibilidade. “Esta informação que circula nas redes sociais é falsa, não temos nenhuma intenção ou decisão quanto ao confinamento. Os bens essenciais são suficientes e temos os supermercados com bastante stock. Em relação ao plano de gestão circunscrita, ainda estamos a ver a situação e iremos divulgar o plano no momento oportuno”, adiantou Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus.

No entanto, a mesma responsável frisou que “só depois da sexta ronda [de testes em massa] podemos saber qual a tendência da evolução deste surto”, tendo em conta as próximas medidas a adoptar.

Confrontada com as declarações do epidemiologista Manuel Carmo Gomes, publicadas no HM, de que a realização frequente de testes não resulta com a variante Ómicron, Leong Iek Hou assegurou que essa medida é para continuar.

“O nosso objectivo é atingir zero casos e pôr termo à cadeia de transmissão. Os testes em massa e rápidos são medidas bastante importantes para o alcançarmos. Todas as rondas de testes são importantes para nós. Entre a quarta e a quinta ronda vimos que o número das amostras mistas reduziu.”

De fora, está também a possibilidade de as quarentenas dos infectados serem realizadas em casa, como acontece na maioria dos países ocidentais. “Queremos alcançar o plano de transmissão zero e temos de terminar a cadeia de transmissão na nossa sociedade. A redução da cadeia é para melhor proteger grupos como os idosos. Este é o nosso princípio e mantém-se inalterado”, frisou a responsável.

Mais quartos

Entretanto, foram ontem também anunciadas mais duas unidades hoteleiras que vão passar a receber, a partir de hoje, pessoas para quarentena. Trata-se da ala leste do Grand Lisboa Palace, no Cotai, que irá providenciar 470 quartos, enquanto que a torre B1 do Grand Hyatt irá disponibilizar 300 quartos. De frisar, que hoje começa mais uma ronda de testes em massa, com fim marcado para as 18h de amanhã. As marcações podem começar a ser feitas às 7h de hoje, existindo 63 postos de testagem.

Relativamente ao alojamento das empregadas domésticas, foi pedido “um consenso” entre empregadores e trabalhadores. “O dormitório das trabalhadoras domésticas é pequeno e nele vivem muitos trabalhadores de diferentes sectores, tal como da área da limpeza ou segurança. Neste momento existe um risco de transmissão, e uma vez que as trabalhadoras domésticas tomam conta das crianças e idosos, constituem um elevado risco. Espero que os empregadores possam negociar e chegar a um consenso”, foi dito.

Quanto ao caso do hotel Grand Lisboa, selado em virtude de um surto de covid-19, permanecem 504 pessoas no interior, incluindo 260 trabalhadores, 200 trabalhadores do casino e 30 hóspedes. Estas pessoas, recebem das autoridades comida e bens essenciais, como se estivessem numa zona vermelha.

Tem leite materno?

Um jornalista questionou as autoridades sobre a ocorrência de casos em que as mães são impedidas de levar leite materno aos recém-nascidos que estão na neonatologia. As autoridades dizem que só proíbem quando há um elevado risco de transmissão do vírus. “Nunca impedimos as mães de darem o leite materno aos bebés se não houver um risco de contágio. Se houver, aí haverá uma separação entre a mãe e o bebé, que não pode ser vacinado.”

MTC “não é tão científica”

A medicina tradicional chinesa (MTC) faz parte do plano de tratamento adoptado pelas autoridades para os casos covid-19 assintomáticos ou com sintomas leves, mas ontem Leong Iek Hou admitiu que “a MTC não é uma forma de intervenção tão científica como a medicação ocidental”. No entanto, “se o paciente consentir, enviamos uma lista de mestres de MTC que, através de uma consulta online, administram chás e medicamentos. Temos um número de pessoas que tomam o chá e os medicamentos de MTC. A maior parte dos doentes toma medicamentos antivirais para atenuar a febre e tosse.”

7 Jul 2022