Desigualdade económica | Dados publicados no terceiro trimestre

A Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) vai publicar, no terceiro trimestre deste ano, os dados relativos ao coeficiente de Gini, relativo aos dados de desigualdade económica. A garantia foi dada pela subdirectora da DSF, Chong Seng Sam, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Hong Sai. Também no terceiro trimestre, serão divulgados outros dados estatísticos.

A responsável da DSF lembrou que, nos últimos anos, o Governo tem lançado diversas medidas para reforçar os apoios financeiros a grupos sociais mais vulneráveis, incluindo a criação do salário mínimo e respectivo aumento do montante, a concessão de subsídios para idosos ou para pessoas com dificuldades financeiras.

Na sua interpelação, Leong Hong Sai lembrou que “para se conhecer verdadeiramente a situação económica da população é necessário recorrer ao coeficiente de Gini, altamente representativo”. “Porém, as autoridades continuam sem divulgar os índices mais recentes, tratando-se de um indicador chave para os diversos sectores sociais avaliarem e examinarem, de forma objectiva, a eficácia das políticas adoptadas pelo Governo no combate à pobreza”, acrescentou.

2 Jul 2024

Óbito | Fausto Bordalo Dias morreu ontem aos 75 anos

Morreu, na madrugada desta segunda-feira, o músico português Fausto Bordalo Dias, um dos nomes maiores da música tradicional portuguesa e autor de um dos álbuns mais aclamados, “Por Este Rio Acima”, editado no início dos anos 80.

A confirmação da morte foi feita à agência Lusa pelo seu agente artístico. “Fausto Bordalo Dias morreu esta noite, em sua casa, vítima de doença prolongada”, disse o representante da agência Ao Sul do Mundo.

O falecimento deste vulto da música portuguesa levou o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, a emitir uma nota de condolências à família do falecido. “Fausto pertencia a uma constelação de músicos que traduziu para as canções de intervenção o sentimento do povo português, e é por isso inevitável associar o nome de Fausto aos nomes maiores da música portuguesa, como José Afonso, José Mário Branco ou Sérgio Godinho”, pode ler-se na nota publicada na manhã de ontem.

Desde 2011 que Fausto não lançava um novo trabalho, sendo que o último disco se intitula “Em busca de montanhas azuis”. O compositor, cantor e músico fechava, assim, a trilogia musical das “Descobertas”, iniciada em 1982 com a edição do álbum “Por este rio acima”, de onde saíram sucessos como “Lembra-me um sonho lindo” ou “Navegar, navegar”. Em 1994, ainda no seguimento do mesmo projecto musical, foi lançado “Crónicas da Terra Ardente”.

Músico de intervenção

O músico nasceu em 1948 a bordo do navio Pátria que fazia a viagem entre Portugal e Angola. Conhecido ao longo da sua carreira pela música de intervenção que fez em oposição à ditadura do Estado Novo, que vigorou em Portugal entre 1933 e 1974, Fausto Bordalo Dias esteve envolvido na criação do Grupo de Acção Cultural — Vozes na Luta (GAC), colectivo fundado com outros nomes da música tradicional portuguesa, como José Mário Branco, Afonso Dias e Tino Flores.

“Por este rio acima” foi escolhido pela revista Blitz, em 2009, como um dos 25 melhores álbuns da música portuguesa dos últimos 40 anos, figurando ao lado de outros trabalhos discográficos editados na década de 80, como “Ar de Rock”, de Rui Veloso; “Heróis do Mar”, álbum homónimo do grupo; “Os Dias de Madredeus”, de Madredeus; e “Independança”, dos GNR.

2 Jul 2024

Nancy Vieira, cantora cabo-verdiana: “As mornas não me fazem chorar”

Acaba de lançar um novo disco depois de um interregno desde 2018. “Gente” é o espelho de todos os músicos e compositores que têm trabalhado com Nancy Vieira, cantora cabo-verdiana que tem feito carreira em Portugal. O HM falou com a artista à margem do “Alentejo à Sombra – World Heritage Festival”, na vila de Cabrela, onde não foi esquecida a influência de Cesária Évora e o poder da morna em quem a ouve e dança

 

Tem um novo álbum, que acaba de ser lançado, “Gente”. Fale-me deste novo trabalho.

O nome diz tudo. “Gente, gente”. É a primeira vez que me aventuro na produção musical, mas não estive sozinha. Diria que a produtora principal é a Amélia Muge, o companheiro de vida e de música da Amélia Muge, José Martins, e eu. Chamei a minha “gente” destes anos todos, de quase 30 anos de vida de música para me ajudarem nos arranjos. Tive muito cuidado na escolha do repertório, não sou autora e tenho pouca coisa minha. Sou intérprete de vários autores cabo-verdianos e não só, no caso deste disco. As músicas chegaram em maquetes, com voz e guitarra, muito simples, mas já muito bonitas. Vinham já quase com uma vida própria e beleza. Este disco tem música tradicional de Cabo Verde, tem morna, tem coladeira, mas traz música da Guiné-Bissau.

País, aliás, onde nasceu.

Muitas pessoas não sabem, mas sou uma cabo-verdiana que nasceu na Guiné-Bissau. Essa é outra guerra minha porque não conheço bem a Guiné, nunca vivi lá, e a minha ligação com o país faz-se muito através da cultura e da música em particular. Por parte também de músicos e colegas que conheci já aqui em Portugal. Já tenho mais vivência de Portugal do que de Cabo Verde. Vim para Portugal com 14 anos. Não podia ficar de fora [do disco] a minha vivência com músicos portugueses que conheci aqui. Faço música com cabo-verdianos, e a base daquilo que faço é a música tradicional de Cabo Verde, mas fui recebendo, desde o primeiro momento, convites de músicos portugueses [para cantar], tal como Rui Veloso, a Ala dos Namorados, João Gil e o Júlio Pereira. Para este disco convidei alguns portugueses, como o António Zambujo que canta comigo o “Fado Crioulo”. “Rosa Sábi”, uma música deste novo trabalho, era, aliás, música tradicional portuguesa, mas demos um toque e aproximou-se do “sambinha” cabo-verdiano, a coladeira sambada.

Portanto, cabe mesmo toda a sua gente neste trabalho.

Cabe todos os que me têm acompanhado, que gostam de mim. Há a identidade da música de Cabo Verde, mas depois não há fronteiras. Aqui neste disco não tem mesmo: parte de Cabo Verde e viaja, vem de outros lugares até Cabo Verde. As nossas fronteiras são o mar.

É uma ode à lusofonia?

Também, mas sem pensar muito nisso. Tenho um músico peruano, por exemplo, o Jorge Cervantes, que produziu um disco meu de 2007. É um hispânico, e está comigo na estrada, agora, toca baixo e Charango. Tenho também o músico Olmo Marín, basco, espanhol, que toca comigo desde 2017. Há a lusofonia, mas há mais. Angola também aparece, pois tenho um dueto com Paulo Flores. “Fogo Fogo”, é um tema em que faço dueto com um grupo português que faz Funaná.

Porque é que não compõe mais?

Desde pequena que faço canções e duetos com os meus ídolos. Habituei-me a cantar grandes canções e poemas, grandes poetas cabo-verdianos, e não só. Sou muito exigente e tenho a certeza que não tenho esse dom. Canto (risos). Acho que fiz duas canções, com letra e música, tenho uma canção em co-autoria com a querida Sara Tavares. Foi feita em jeito de brincadeira, na minha casa.

Cesária Évora está ainda muito presente. Há quem diga que segue o seu legado, que é a nova Cesária. O que sente quanto a isso?

Não há ninguém parecido com a Cesária na sua interpretação e forma de estar. Isso não existe. A Cesária inspira-nos a muitos e muitas, e não me importo muito com a comparação, pois acho que quando o fazem é no sentido bom, é quase um elogio, mas não há ninguém como ela e não é intenção minha ser como a Cesária.

Quer ter a sua própria voz.

Cada um de nós tem a sua própria voz. A Cesária é única, cada um de nós, no nosso percurso, únicos. Mas é, sem dúvida, uma das grandes inspirações. É um orgulho ver nas minhas viagens e concertos em lugares longínquos a forma como ela deixou a imagem de Cabo Verde nas pessoas. Isso orgulha-me muito e comove-me, além de aumentar a minha responsabilidade. Eu, e muitos outros, continuamos esse legado.

Não gravava um novo disco desde 2018. Porquê?

Foi tudo muito natural. Houve alguma promoção e concertos com esse disco [Manhã Florida]. Os discos também têm um tempo de vida e de palco. Fiz muitos concertos, mas depois chegou a pandemia, que estragou tudo. Não foi nenhuma coisa pensada, e depois este disco [Gente], chegou a seu tempo.

Todos os discos têm o seu tempo para chegar.

Têm o seu tempo próprio. Tenho alguns anos de carreira e em 2025 conto com 30 anos desde o lançamento do meu primeiro disco, mas tenho poucos discos. Nunca senti necessidade nem pressa de gravar. Fui tendo a sorte de ter concertos, de cantar muito cada disco, cada repertório. Mas há muitos artistas que sentem que têm de fazer pausas, e posso vir a sentir isso. Mas agora tenho este rebento. Um disco é como um filho, e estou muito babada.

O que é que estes 30 anos lhe trouxeram?

Ensinaram-me muita coisa, sobretudo uma coisa importante: a magia da música de Cabo Verde. Como toca às pessoas, chega a elas, e ensinou-me também que é bom trabalhar em grupo. Tem tudo a ver, lá está, com este trabalho, “Gente”, em homenagem às pessoas que me ajudam. Continuo a aprender e vou continuar sempre.

O batuco é também tradicional de Cabo Verde, da ilha de Santiago. Tem estado mais nos palcos, é algo também positivo?

Claro que sim. Quantos mais géneros se popularizarem, melhor. A morna é a mais conhecida, mais transversal a todas as ilhas. O batuco é específico de Santiago.

Quais as grandes mensagens associadas ao batuco?

Inicialmente eram cânticos de trabalhos da terra, feitos por mulheres.

Então acaba por ter uma conotação colonial.

Sem dúvida. Houve alturas em que o batuco, sobretudo a dança, o “torno”, eram proibidos. É uma dança com alguma sensualidade, porque mexe muito com a parte do corpo feminino, e que foi proibido durante muito tempo. O funaná da ilha de Santiago também foi proibido e hoje é popular. Há muitos géneros de Cabo Verde que vão sendo divulgados. Há géneros específicos da ilha do Fogo, como o “Bandeira”, que não são muito conhecidos em Portugal, porque a morna e as batucadeiras foram avassaladoras.

O que é que a morna tem que faz deste estilo musical tão especial?

Diria que é muito difícil responder por palavras. Vou usar palavras do João Monge. Ele diz que é letrista, eu digo que é poeta. O João diz que a morna e estes géneros de Cabo Verde têm uma melancolia feliz. Algo que parece contraditório, mas que percebo perfeitamente. A mim as mornas não me fazem chorar, por mais tristes que sejam as letras. A nossa música é riquíssima em variedade de géneros, com as diferentes ilhas, mas a morna é transversal, e não toca apenas cabo-verdianos.

A classificação da morna como património pela UNESCO foi tardia?

Foi bem-vinda. Não penso na questão tempo, e tenho muito orgulho em ter estado em Bogotá, na Colômbia, nessa reunião, em Dezembro de 2019, onde a morna entrou para a lista dos patrimónios culturais imateriais da humanidade. Cantei uma hora e meia, muito nervosa, porque não estava no meu ambiente. Não era um ambiente de palco e espectáculo, era um ambiente de reuniões. Tínhamos espaço para um violão e um microfone para cantarmos morna e meia (risos).

Sentia a responsabilidade de estar a representar o seu país.

Estava. Nesse dia estávamos todos nervosos e eufóricos. Foi um dia muito feliz. A nomeação chegou em boa hora e posso dizer que essa candidatura foi muito inspirada pela candidatura do fado e pela equipa que a preparou, que deu um grande apoio.

O fado, que é também uma música melancólica, mas triste, ao contrário da morna.

Talvez triste, mas são músicas parentes, irmãs.

2 Jul 2024

Metro ligeiro | DSOP diz que adjudicações estão “num nível razoável”

A Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) assegurou ao deputado José Pereira Coutinho que “numa análise geral, os preços de adjudicação em relação a todos os itens dos trabalhos da obra da Linha Leste estão, neste momento, num nível razoável”, afastando cenários de gastos ou derrapagens excessivas.

Em resposta à interpelação escrita do deputado, a DSOP explica que “toda a Linha Leste do Metro Ligeiro é composta por estações subterrâneas e túnel escavado pela tuneladora, sendo todas estas obras executadas no subsolo e debaixo do mar, pelo que, comparando com o método de execução da obra para a estação elevada, estas obras são mais difíceis e é necessário de dispor de muitos equipamentos complexos”.

Além disso, são também referidos “os preços dos materiais e o salário dos trabalhadores da construção em Macau” que “são mais elevados do que os das regiões indicadas na interpelação”.

A DSOP assegura que todos os montantes envolvidos nos trabalhos de construção da Linha Leste do metro foram “sujeitos a avaliação” e que, na hora de definir orçamentos, importam “condições de construção que variam de região para região”.

“Devido ao impacto causado pelo valor da moeda, inflação, entre outros factores, os dados de outras regiões só podem servir como referência, não estando reunidas condições para uma comparação directa” com as regiões referidas por Coutinho nas questões colocadas ao Governo.

2 Jul 2024

Residência para idosos | Adjudicação justificada com experiência

O Instituto de Acção Social justifica a adjudicação directa dos trabalhos de decoração e gestão da residência para idosos à Companhia de Engenharia e Construção de Macau por esta já dominar o projecto desde a fase de construção. Isto apesar do valor da adjudicação ser superior às exigências legais que obrigam a concurso público

 

A Companhia de Engenharia e Construção da China (Macau) viu ser-lhe adjudicado o projecto, sem concurso público, para as “obras de decoração das residências para idosos e organização dos serviços de gestão de propriedades”, sob alçada do Instituto de Acção Social (IAS).

O HM questionou esta entidade sobre as razões da ausência de concurso público tendo em conta que este projecto tem um valor estimado superior ao que é permitido na lei para a isenção de concursos: 231,688 milhões de patacas.

Segundo o regime das despesas com obras e aquisição de bens e serviços em vigor, é obrigatório realizar concurso público sempre que as obras tiverem um valor estimado igual ou superior a 15 milhões de patacas, ou as aquisições de bens e serviços custarem mais de 4,500 milhões de patacas.

Porém, o IAS vem agora justificar a decisão com o facto de a empresa já dominar o projecto residencial desde a fase de construção.

“Dado que a concepção e construção das obras de decoração da Residência do Governo para Idosos devem articular-se com a estrutura e o sistema electromecânico da Residência, as obras foram adjudicadas, por ajuste directo, à Companhia de Engenharia e de Construção da China (Macau), responsável pela construção.”

O IAS adianta ainda, na mesma resposta escrita, que a empresa “domina e conhece as configurações da Residência” ao nível de toda a infra-estrutura. “A gestão inteligente das propriedades da Residência envolverá a operação dos sistemas inteligentes e software de plataforma de gestão, que é relativamente mais complexa do que os serviços gerais de gestão das propriedades.”

Assim, esclarece o IAS, a empresa deve, com base no contrato de adjudicação, “garantir que os serviços [de gestão] sejam executados por entidades qualificadas e experientes, sendo que o IAS supervisionará directamente se os serviços da Companhia atendem aos requisitos de adjudicação”, é referido.

Casas a caminho

O referido regime das despesas com obras e aquisição de bens e serviços em vigor prevê alguns casos excepcionais em que o Governo pode não realizar concurso público, mas até à data o IAS não tinha apresentado justificações sobre as razões para esta adjudicação directa.

A construção da Residência para Idosos, bloco de apartamentos para os mais velhos com dificuldades em ter uma casa construído na Areia Preta, ficou concluída no início deste ano. O processo de escolha das casas arranca já no dia 8 deste mês (ver caixa).

O bloco habitacional terá uma área de quase sete mil metros quadrados, 37 pisos e uma zona de parque de estacionamento com três pisos construídos na cave. Estarão disponíveis 1800 casas de tipologia T0.

Ver para escolher

Os utentes candidatos ao programa de residência para idosos, bloco de apartamentos situado na Areia Preta, podem consultar, a partir de hoje, todas as informações sobre o processo de candidaturas de forma online.

De frisar que as casas podem começar a ser escolhidas já a partir da próxima semana, dia 8. A partir de hoje podem ser consultados dados sobre os “apartamentos residenciais em vários andares e vistas diferentes, a vista fora dos apartamentos residenciais”, existindo ainda um “vídeo de demonstração para a escolha do apartamento residencial”, esclarece o Instituto de Acção Social em comunicado. Os utentes têm um prazo de 90 dias para escolher a casa onde vão viver.

No caso de os candidatos não completarem as formalidades da escolha do apartamento residencial dentro do prazo indicado, não serão beneficiados do desconto de 20 por cento da taxa de utilização, sendo transferidos automaticamente para a lista de espera.

2 Jul 2024

IAM | Exposição itinerante, jogos e visitas guiadas até ao fim do ano

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) organiza, entre os meses de Agosto e Dezembro, a exposição “Uma passeata pelas ruas de Macau – Conhecer Macau 2024”. Trata-se de uma mostra itinerante que irá passar por escolas, associações e instituições, complementada por jogos de perguntas e respostas. O objectivo é, segundo um comunicado, “aprofundar o conhecimento do público e dos jovens sobre a comunidade de Macau e assim reforçar o sentido de pertença a Macau”.

A mostra revela 19 itinerários de passeios, sendo aprofundado “o sentimento de reconhecimento e pertença do público à comunidade de Macau”, cultivando-se o sentimento de “Amor pela Pátria e por Macau”, descreve o IAM.

A exposição, com cariz itinerante, terá dois percursos, nomeadamente “Organizações de Beneficência” e “Traços de Comerciantes Chineses Famosos em Macau”. A mostra ficará no local de acolhimento durante duas semanas, sendo também realizados jogos e exibidos vídeos do itinerário temático.

Desta forma, o público pode “aprofundar o conhecimento das características e histórias comunitárias através de textos, imagens e jogos”. As inscrições para estas actividades já se encontram abertas.

Destaque para o facto de, entre 22 de Outubro e 22 de Novembro, serem colocados painéis itinerantes para a exposição no Parque Central da Taipa, Jardim de Lou Lim Ioc, Jardim de Luís de Camões, Parque Municipal Dr. Sun Yat Sen e Parque Urbano da Areia Preta.

Além da mostra e das actividades adjacentes, irão também realizar-se visitas guiadas em que os participantes irão passear pelas estradas e ruas de diferentes itinerários temáticos, “recordando o passado de Macau, explorando os traços das pessoas famosas e aprofundando os seus conhecimentos sobre a comunidade”. Para estas visitas é necessária marcação prévia.

1 Jul 2024

Cinemateca Paixão | “Encantos de Julho” já são conhecidos

São poucos os filmes que integram o cartaz deste mês, intitulado “Encantos de Julho”. Destaque para o filme “The Peasants”, uma obra dramática de animação para adultos, com exibições até ao dia 28. Por esta sala de cinema passam ainda os filmes “Close your Eyes” e “La Chimera”

 

Novo mês, novos filmes. Julho arranca na Cinemateca Paixão com o habitual cartaz “Encantos” dedicado a cada mês do ano. Tendo em conta que, nas próximas semanas, muitos filmes irão passar pelas telas da Cinemateca, nomeadamente os que integram o Festival Internacional de Cinema Infantil de Macau, serão exibidos apenas três filmes até ao final do mês desta selecção mensal.

Assim, “Encantos de Julho” traz “The Peasants”, em português “Em Nome da Terra”, um drama original de animação pensado para adultos da autoria de DK Welchman e Hugh Welchman.

Com exibições amanhã, às 19h30, e depois nos dias 4, 10, 13, 21 e 28, este filme centra-se em torno da trágica história da camponesa Jagna que foi obrigada a casar com um agricultor rico e muito mais velho do que ela, chamado Boryna. Jagna ama o filho do marido que lhe foi destinado, Antek. Com o tempo, Jagna torna-se objecto de inveja e ódio dos aldeões e tem de lutar para preservar a sua independência.

Segue-se “Close your Eyes” [Fechar os Olhos], exibido esta quarta-feira e depois sexta, domingo, e dia 12. Esta película estreou mundialmente no Festival de Cinema de Cannes no ano passado, na secção “Cannes Premiere”, tendo ficado em segundo lugar na lista dos dez melhores filmes de 2023 elaborada pela revista “The Movie Book”, uma das melhores publicações no mundo do cinema.

“Close your Eyes” [Fechar os Olhos] marca o regresso ao ecrã e à realização de Victor Arias, realizador espanhol, que esteve afastado do mundo do cinema durante 30 anos, sendo esta uma história que se centra em torno do desaparecimento do actor espanhol Julio Arenas.

Julio desaparece durante a rodagem de um filme, e as autoridades nunca conseguem encontrar o seu corpo. Porém, vão revelando alguns detalhes do que poderá ter acontecido no dia do desaparecimento, nomeadamente quanto à possibilidade de ter ocorrido um acidente.

Segundo o jornal espanhol “El Confidencial”, o filme é protagonizado pelo actor Manolo Solo, uma espécie de “alter ego” do próprio realizador, sendo “Close your Eyes” um filme sobre a memória e o passar do tempo. A personagem de Manolo Solo decide, anos depois, ir em busca do amigo desaparecido, Julio Arenas, interpretado por José Coronado.

Para rir

Depois de dois filmes mais intensos, o tom desce e é exibido uma comédia. “La Chimera”, de Alice Rohrwacher, é um filme que já passou por algumas salas de cinema europeias, nomeadamente no Festival de Cinema Indie de Lisboa.

“La Chimera” remete, como o nome indica, para a ideia de “quimera”, que é figura ligada à mitologia grega, mas também algo que se pretende alcançar, numa onda utópica ou de esperança.

Na sinopse deste filme, descreve-se uma história em torno de Arthur, um “arqueólogo de um grupo que procura tesouros antigos em tumbas, e um Orfeu que procura a sua quimera, o seu desejo impossível, apesar de todas as regras da realidade”. “La Chimera” viaja, assim, “entre o concreto e o fantasioso, desvendando-se mitos”. Este filme conta com actores como O’Connor, Carol Duarte, Vincenzo Nemolato, Alba Rohrwacher e Isabella Rossellini.

1 Jul 2024

Fronteiras | Passagem de veículos cresce mais de 30%

O movimento de automóveis nos postos fronteiriços de Macau foi, nos primeiros cinco meses do ano, de 3.551.027, o que representa um aumento de 32,2 por cento face a igual período do ano passado. Só no mês de Maio deste ano passaram pelas fronteiras 758.865 viaturas, mais 23,6 por cento em termos anuais.

Dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) mostram ainda que, em Maio, o movimento de automóveis ligeiros de passageiros nos postos fronteiriços equivaleu a 706.980, mais 23,3 por cento em termos anuais. Deste número, 127 milhares de entradas e saídas eram de automóveis com matrícula única de Macau que circularam entre Macau e Hengqin, um aumento anual de 14,6 por cento; 122 milhares de entradas e saídas eram de automóveis incluídos na medida “Circulação de veículos de Macau na província de Guangdong”, um aumento de 11,8 por cento, e ainda 22 milhares de entradas e saídas que foram de automóveis locais que circularam entre Macau e Hong Kong. Só neste último ponto o aumento foi de 54,8 por cento.

Relativamente a acidentes de viação em Macau, a DSEC indica a ocorrência, em Maio, de 1.404 acidentes de viação, mais 48,9 por cento em termos anuais, dos quais resultaram 514 feridos. Já nos primeiros cinco meses do ano, ocorreram 6.409 acidentes com duas vítimas mortais e 2.331 feridos.

Destaque também para o facto de o movimento de embarcações de passageiros ter sido de 33.465, um aumento de 38,5 por cento relativamente ao período homólogo de 2023.

1 Jul 2024

Grande Baía | Inaugurada nova ponte que liga Shenzhen a Zhongshan

Foi inaugurada este domingo a ponte Shenzhen-Zhongshan que promete um trajecto entre estas duas cidades chinesas em apenas 30 minutos, além de permitir ligações com outros locais do Delta do Rio das Pérolas. As portagens custam 66 yuan. Andy Wu espera que esta nova infra-estrutura venha potenciar ainda mais o turismo

 

É mais uma infra-estrutura de grandes dimensões a ser inaugurada na China e que até mereceu os parabéns do Presidente Xi Jinping. A ponte Shenzhen-Zhongshan, com 24 quilómetros de comprimento, começou a receber os primeiros veículos este domingo, prometendo ligar as margens oriental e ocidental do estuário do Rio das Pérolas. Um percurso que antes demorava duas horas entre as cidades de Shenzhen e Zhongshan, leva agora 30 minutos a fazer.

A construção iniciou-se em 2017, sendo esta infra-estrutura composta por duas pontes, duas ilhas artificiais e um túnel subaquático. A nova ponte está localizada cerca de 30 quilómetros a norte da Ponte Humen e 31 quilómetros a sul da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

Além de reduzir a distância entre as cidades que dão nome à ponte, existe agora uma maior conexão com as principais auto-estradas da região, como a de Guangzhou-Shenzhen, Jihe e a auto-estrada costeira Guangzhou-Shenzhen, a leste, e a de Zhongshan-Kaiping, Guangzhou-Macau e ainda a auto-estrada da Circunvalação Externa Oriental de Zhongshan, a oeste.

A ponte faz ainda conexão com a via rápida Nansha-Zhongshan, ainda em construção, e também a via rápida do porto de Nansha.

Parabéns presidenciais

Segundo a agência estatal Xinhua, o Presidente chinês enviou uma carta de felicitações pela abertura da ponte, tendo afirmado, na missiva, que este “é outro projecto de transporte em grande escala na área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, a seguir à ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”.

O Presidente destacou que o projecto “conseguiu ultrapassar vários desafios técnicos de nível mundial e estabelecer vários recordes mundiais”. “Todos os participantes, através do seu trabalho árduo e determinação inabalável, concluíram com êxito o projecto com elevada qualidade”, acrescentou.

Para Xi Jinping, o projecto “ilustra plenamente que a modernização chinesa só pode ser alcançada através de um trabalho sólido, uma vez que todas as grandes causas são realizadas através de acções concretas”.

A ponte Shenzhen-Zhonghsan poderá ainda potenciar o turismo em Macau pela maior facilidade de deslocações, destacou Andy Wu, sobretudo em termos do número de excursões.

O presidente da Associação da Indústria Turística de Macau prevê que os residentes locais se desloquem mais a Shenzhen ou zonas vizinhas, disse ao canal chinês da Rádio Macau. Além disso, poderão ser lançadas novas excursões a Shenzhen ou Dongguan, sobretudo passeios de dois dias, sendo que só no primeiro dia de abertura da ponte a excursão de Macau a Shenzhen contou com 100 pessoas.

Andy Wu frisou que os cidadãos chineses mudaram o comportamento como turista, viajando mais a nível individual ao invés de optar pelo formato excursão. Isto com base nos números, pois o dirigente destacou que o volume de excursões do interior da China para Macau reduziu-se em um terço face a 2019, mas o número total de turistas teve uma recuperação de cerca de 80 por cento face ao mesmo ano. Assim, Andy Wu defende que o sector tem de se adaptar a este novo cenário.

1 Jul 2024

Rota das Letras | Espectáculo de dança e teatro este fim-de-semana no CCM

Chama-se “Dearest” e é resultado de um projecto participativo de dança, escrita e teatro nascido do Festival Literário Rota das Letras, que contou com a obra de Virgínia Woolf como ponto de partida. O espectáculo sobe hoje e amanhã ao palco do pequeno auditório do Centro Cultural de Macau

 

O Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, hoje e amanhã, a partir das 19h45, o espectáculo “Dearest” [Querido], uma iniciativa criativa e artística que nasceu do projecto participativo “Um Quarto Próprio”, desenvolvido no âmbito de workshops realizados durante as últimas edições do Festival Literário Rota das Letras.

Trata-se de uma iniciativa artística com coreografia do bailarino de Pequim, Jay Zheng, e da bailarina de Macau, Tina Kan. O espectáculo conta com actuações da própria Tina Kan e Helen Ko, actriz e bailarina, bem como outros bailarinos de Pequim.

Segundo uma nota do CCM, este projecto é inspirado na vida e obra da escritora inglesa Virgínia Woolf, considerada como uma das pioneiras do feminismo e modernismo no século XX, e autora de romances como “Mr. Dalloway”.

“A performance combina uma estrutura de performance, dança, música, cenografia e figurino, explorando a condição feminina, a relação andrógina entre os sexos e a jornada final do eu”, com base no conteúdo da obra de Woolf, “A Room of One’s Own”.

Desta forma, descreve o CCM, ao tentar analisar a literatura da autora, “a performance levará o público [a construir] imagens psicológicas internas” associadas ao livro, “conectando-se com fragmentos das histórias”.

A primeira edição de “A Room of One’s Own” [Um Quarto Só Seu] data de 1929 e nasce de duas conferências dadas por Virgínia Woolf em colégios da Universidade de Cambridge. Trata-se de um ensaio alargado sobre a situação difícil vivida, à época, pelas mulheres romancistas sendo, ao mesmo tempo, um apelo à autonomia e reconhecimento.

Muitos consideram esta obra como o primeiro passo para traçar a história da literatura feminina numa época em que o mundo das letras era ainda dominado pelos homens, pois nem todas as mulheres tinham possibilidade de estudar.

Viver e escrever

Mais do que celebrar as letras e os livros, o Rota das Letras ousou ir mais além, criando um espectáculo de raiz com base em workshops que contaram com a participação do grande público, com mais ou menos experiência. A ideia foi celebrar a efeméride dos 140 anos do nascimento de Virgínia Woolf, tendo sido criados oficinas de literatura, teatro, música e prática de instrumentos com várias personalidades locais, onde os participantes eram convidados a escrever, a pensar e a criar.

Uma dessas personalidades foi Agnes Lam, ex-deputada e académica na área da comunicação da Universidade de Macau, que orientou a criação de histórias baseadas nas vivências pessoais dos participantes, num formato de diário anónimo. Esses textos foram, mais tarde, adaptados para o espectáculo que hoje e amanhã se apresenta.

Em Junho, Alice Kok, artista local e presidente da AFA – Art for All Society, e curadora deste espectáculo, falou da iniciativa. “A ideia surgiu das obras literárias de Virgínia Woolf, há dois anos, e a vontade de tentar explorar a condição da mulher contemporânea em relação ao pensamento crítico da autora, nascida há mais de um sáculo”, disse ao jornal Ponto Final.

Alice Kok lembrou que “Woolf falava sobre as mulheres precisarem de um ‘quarto próprio’, um espaço onde possam pensar, escrever e criar sem interferências ou distracções. Um ‘quarto mental’, para que as mulheres pudessem ultrapassar as barreiras impostas pela sociedade patriarcal da época. Argumento pertinente ainda nos tempos de hoje, infelizmente”, destacou.

28 Jun 2024

Torre de Macau | Obras não travam uso de campo desportivo

José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), adiantou que o campo desportivo situado junto à Torre de Macau vai continuar a ser utilizado enquanto decorrem as obras da segunda fase de construção do “Corredor Verde da Margem Sul da Península de Macau”.

O IAM promete, assim, “manter, na medida do possível, o campo desportivo existente na proximidade da Torre de Macau, esperando que este possa continuar a ser utilizado até à conclusão da obra”. Em resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Sun Iok, José Tavares adiantou também que o novo corredor verde vai incluir um campo de futebol de cinco, um campo de basquetebol e um campo de treino.

Aquando do arranque das obras, irá dar-se prioridade “à construção da parte que inclui o campo, para que os cidadãos possam utilizar, o mais rápido possível, o novo local”.

28 Jun 2024

Residência por investimento | Associação alerta para especulação

A associação Poder do Povo entregou ontem, na sede do Governo, uma carta onde exige prudência no relançamento da política de fixação de residência por investimento. Para a entidade, a medida apenas vai contribuir para aumentar a especulação em torno do imobiliário

 

A possibilidade do regresso da política de atribuição de residência por investimento imobiliário preocupa a associação Poder do Povo, cujos responsáveis entregaram ontem uma carta na sede do Governo. Na missiva, dirigida a Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, pede-se prudência caso o Executivo decida relançar esta política, algo que tem vindo a ser defendido por alguns sectores, nomeadamente o do imobiliário.

Lam Weng Ioi, presidente da Poder do Povo, afirmou que, a ser relançada, a política apenas vai fomentar a especulação imobiliária, não trazendo benefícios à população.

“Esta política será apenas uma forma de subsídio para quem compra casas, pois quem compra um imóvel ganha o direito a ter o bilhete de identidade de residente. Trata-se de uma medida que só beneficia os estrangeiros e estimula [o aumento] dos preços dos imóveis, não trazendo benefícios ao desenvolvimento de Macau”, acusou.

O dirigente associativo frisou ainda que “apenas os promotores imobiliários e grandes proprietários serão beneficiados, enquanto a população, incluindo pequenas e médias empresas, vão sofrer com os preços elevados das casas e rendas”.

A Poder do Povo deixou claro que não se opõe à medida, pedindo apenas cuidado e mais esclarecimentos na sua implementação, nomeadamente para que fique claro quais são as necessidades da economia local.

Lam Weng Ioi reconheceu que a política de atracção de investimento pode, de facto, atrair capitais do exterior, mas frisa que esta não é uma necessidade primordial para Macau. O responsável lembrou os dados da Autoridade Monetária e Cambial de Macau, que mostram que o território teria um fluxo de capitais positivo mesmo com uma nova pandemia.

O presidente da Poder do Povo disse também que já existe um regime de captação de quadros qualificados, pelo que não se deve sobrepor outra medida semelhante.

Casas e escritórios

A carta ontem entregue ao Chefe do Executivo aborda ainda a questão do aluguer de escritórios para serviços públicos e qual o calendário para a construção de edifícios, a fim de reduzir os custos com rendas.

A Poder do Povo lembrou a inauguração, em 2021, do edifício de escritórios para a Administração situado no ZAPE. “Passados três anos a taxa de utilização é inferior a metade do espaço, acho que este projecto não teve o progresso esperado”, acusou o presidente.

A associação entende que alugar espaços comerciais para serviços governamentais não passa de gastos evitáveis de erário público.

“O Governo tem imensos terrenos e propriedades, porque é que ainda precisa de alugar escritórios e espaços privados? Há poucos departamentos que fazem atendimento ao público, mas o aluguer de escritórios para acolher esses serviços ficam nas zonas mais caras, com rendas que podem chegar aos 50 ou 60 milhões por mês. Assim, esperamos que o Governo apresente, em breve, um calendário sobre o plano de mudança de escritórios [de espaços privados para públicos]”, rematou.

28 Jun 2024

Balança comercial | Défice desce em termos anuais

O défice da balança comercial foi, nos primeiros cinco meses deste ano, de 48,50 mil milhões de patacas, menos 5,78 mil milhões de patacas em relação a igual período do ano de 2023. Segundo dados ontem divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), as importações de mercadorias, de Janeiro a Maio deste ano, foram de 54,04 mil milhões de patacas, menos 9,1 por cento em termos anuais.

Enquanto isso, as exportações cifraram-se em 5,55 mil milhões de patacas, mais 7,1 por cento face aos mesmos meses de 2023. O valor total do comércio externo de mercadorias no período de Janeiro a Maio deste ano correspondeu a 59,59 mil milhões de patacas, uma quebra de 7,8 por cento em relação ao valor de 64,63 mil milhões de patacas registado no idêntico período de 2023.

Também nos meses de Janeiro a Maio deste ano, as exportações para os países que integram a iniciativa “uma faixa, uma rota” foram de 425 milhões de patacas, mais 142,3 por cento em termos anuais, enquanto para países da União Europeia foram de 97 milhões de patacas, mais 79,7 por cento.

Porém, os valores exportados de mercadorias para o Interior da China (310 milhões de patacas), Hong Kong (3,83 mil milhões de patacas) e EUA (101 milhões de Patacas) caíram 3,2, 3,6 e 36,9 por cento, respectivamente.

No que diz respeito às importações, destaque para as mercadorias oriundas da União Europeia, no valor de 16,49 mil milhões de patacas, seguindo-se as do interior da China, com o montante de 15,33 mil milhões de patacas, e ainda dos países de “uma faixa, uma rota”, com 12,35 mil milhões de patacas. Estes valores representam, respectivamente, quebras de 17,5, 2,9 e nove por cento.

28 Jun 2024

Autocarros | TCM e Transmac com lucros de 52 milhões em 2023

As concessionárias de transporte público de autocarros anunciaram ontem lucros conjuntos de 52,82 milhões de patacas, tendo em conta os relatórios anuais publicados em Boletim Oficial. Destaque para o aumento do número de passageiros e a aquisição de mais veículos eléctricos

 

As companhias de autocarros de Macau registaram um lucro total de 52,82 milhões de patacas no ano passado, anunciaram ontem a Transmac e a Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (TCM). Segundo os relatórios anuais das empresas publicados em Boletim Oficial (BO), a Transmac conseguiu lucros de 38,86 milhões de patacas, enquanto a TCM teve lucros inferiores, de quase 14 milhões (13.966.802 patacas).

A Transmac diz ter transportado mais de 101 milhões de passageiros em 2023, 279 mil por dia, tratando-se de um aumento de 29,6 por cento em relação a 2022. Relativamente ao quarto trimestre do ano, e face ao mesmo período de 2019, atingiu-se o volume de passageiros de 99,9 por cento, “chegando-se praticamente ao nível antes da pandemia”, lê-se.

Além disso, e “aproveitando as políticas de incentivo económico do Governo, em Fevereiro [deste ano], o número de passageiros ultrapassou o do mesmo período de 2019, com um aumento de cinco por cento”.

Em relação à TCM, esta transportou 112 milhões de pessoas no ano passado, mais 24,9 por cento face a 2022, “recuperando assim 91 por cento da lotação total de 2019”, lê-se no documento.

Apostas verdes

As duas concessionárias apostaram na compra de mais veículos sustentáveis do ponto de vista ambiental, movidos a electricidade. A TCM introduziu, em três fases, entre os anos de 2021 e 2023, 469 autocarros eléctricos, “tendo terminado, com sucesso, o trabalho de renovação da frota de exploração de acordo com o plano estabelecido”. Desta forma, a TCM diz ter feito “progressos substanciais no apoio às iniciativas de mobilidade verde em Macau”.

Posição semelhante tem a Transmac, que adquiriu 113 novos autocarros eléctricos. Também no início deste ano foram comprados 35 mini-autocarros eléctricos de alcance alargado e dois autocarros eléctricos “super-longos, de gama alargada e articulados”, com o comprimento de 18 metros. Desta forma, pretendeu-se “satisfazer a procura dos passageiros e reforçar os serviços ecológicos e elevar o nível dos serviços de transportes públicos”. A Transmac destaca também o “constante” aumento dos preços dos combustíveis, na ordem dos 4,3 por cento face a 2022.

26 Jun 2024

Zona A | Aberto concurso para construir edifício desportivo

A Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) abriu um concurso público para a construção do edifício de equipamentos recreativos e desportivos no Lote A9 da zona A dos novos aterros. O projecto, segundo informações públicas ontem divulgadas, estará próximo das habitações públicas e lar de idosos, ocupando uma área aproximada de 1.930 metros quadrados e com uma área bruta de construção de 12.500 metros quadrados.

O edifício terá a altura de 44,5 metros, com um parque de estacionamento subterrâneo e dois pisos. Por sua vez, no piso térreo e superiores, serão construídos quatro pavilhões no total, uma piscina de 25 metros de comprimento, seis campos de badminton, dois campos de basquetebol e uma sala de ping pong, entre outras infra-estruturas.

O prazo definido para a construção é de 975 dias, divididos em duas fases. Na primeira fase devem ser construídas as fundações e a estrutura da laje do rés-do-chão em 325 dias, enquanto na segunda fase se devem concluir as estruturas superiores desde a laje do rés-do-chão até à laje de cobertura, com o prazo máximo de execução de 590 dias de trabalho. Estas metas são de cumprimento obrigatório para o futuro concessionário.

26 Jun 2024

FRC | Influências do Sudeste Asiático na comida macaense hoje em debate

Autora de livros sobre a gastronomia macaense, Annabel Jackson dá hoje uma palestra na Fundação Rui Cunha, a partir das 19h, intitulada “Macau e o Mundo Malaio: Uma Perspectiva Gastronómica”. Ao HM, a autora lamenta a ausência de apoios para manter abertos restaurantes macaenses mais antigos e diz ser “redutor” e “um disparate” afirmar que a gastronomia macaense é uma mera fusão de paladares chineses e portugueses

 

Se há gastronomia que é uma verdadeira manta de retalhos é a macaense. Annabel Jackson, escritora e investigadora sediada no Reino Unido, e que viveu em Hong Kong durante mais de duas décadas, fala hoje sobre o assunto na Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 19h, em particular da íntima ligação que existe entre a culinária do Sudeste Asiático e a gastronomia macaense.

A palestra intitula-se “Macau e o Mundo Malaio: Uma Perspectiva Gastronómica” e destaca, precisamente, o facto de a comida macaense não ser uma mera junção de influências e fusões entre a comida chinesa e portuguesa.

“É tão redutor quando afirmamos que a comida macaense é uma espécie de fusão da comida portuguesa e chinesa. É realmente um disparate. [A gastronomia macaense] não é apenas indicativa de todo o Sudeste Asiático, mas podemos ir até algumas ilhas do Oceano Índico e algumas zonas da África Oriental. Não nos podemos esquecer que a comida macaense é, de certa forma, baseada nos ingredientes chineses locais, como o frango, porco, ovos, alhos, cebolas, azeite, mas é muito mais do que isso”, disse ao HM.

Annabel Jackson apresentou vários exemplos de nomes de receitas macaenses que são tudo menos chineses ou portugueses, como é o caso do “Porco Balichão Tamrindo”.

“Já sabemos que ‘Balichão’ não é uma palavra portuguesa, nem ‘Tamarindo’. Pensamos então de onde vêem estas palavras, e conseguimos então traçar ligações com a língua malaia ou com a língua ‘Tamil’, falada na Índia”, destacou.

Outra palavra sem origens portuguesas é “Chamuça”, incluindo o próprio alimento. “Quase todas as gastronomias têm um prato que é um tipo de proteína cozinhado com um tipo de massa, num pastel. Falamos também das empadas, que existem na cozinha francesa, e temos muitos exemplos nas comidas asiáticas.”

Influências malaias ou indianas podem encontrar-se também no chilicote, uma espécie de pastel com recheio muito conhecido na gastronomia macaense. “Chilicote é uma palavra muito parecida com ‘Chilikoti’, que existe na língua malaia, mas é também semelhante à linguagem ‘Tamil’. Então temos o exemplo desta semelhança num alimento que vai sofrendo alterações nos países por onde passa. Esta é apenas uma forma de construir a ideia de que existe uma relação muito forte entre os idiomas e os nomes das comidas”, explicou.

Comida do povo

Apesar de ter vivido em Hong Kong muitos anos, Annabel Jackson conhece bem Macau e dedicou-se a escrever sobre a sua gastronomia de fusão. É autora de 13 livros, incluindo seis com receitas sobre cozinhas asiáticas. Um dos livros sobre Macau intitula-se “Taste of Macau: Portuguese Cuisine on the China Coast”. Tem um mestrado em Antropologia da Alimentação pela Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, estando actualmente a frequentar o doutoramento.

A palestra que acontece hoje na FRC tem o apoio da Universidade de São José (USJ), integrando-se numa série de conversas em torno da história e património.

Hoje, olha-se para “as comparações com outras cozinhas ‘crioulizadas’ no Sudeste Asiático, como a comida Peranakan e Kristang na Malásia. Estas questões são abordadas através de uma análise histórica e política, mas também através das especificidades da etimologia e da cozinha.”

Pensando em termos históricos, Annabel Jackson aponta as influências que os Descobrimentos portugueses tiveram em toda esta mescla culinária, mas recorda que “quando os portugueses chegaram a Macau, provavelmente não faziam ideia de metade das comidas que aqui existiam”.

“[Os portugueses] não faziam ideia de como as preparar ou preservar. Vemos, então, diferentes tipos de relações [gastronómicas] a emergir por causa de todos estes tipos de culinárias que não foram criadas pelos colonizadores, mas sim pelas pessoas locais”, adiantou.

Pouca oferta

Annabel Jackson não tem dúvidas de que é necessário falar mais das influências asiáticas em torno da gastronomia macaense e de como persiste um profundo desconhecimento sobre este tipo de cozinha em Macau.

“Sinto que com a classificação de Macau como Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO houve mais reconhecimento, mas, apesar de todo o esforço feito pelo Governo de Macau, a mensagem não está a passar e os turistas não fazem ideia do que é a gastronomia macaense. Se falarmos com chineses locais, também não sabem o que é. Temos uma disconexão quando as pessoas vão a Macau, porque há poucos restaurantes macaenses.”

Apesar da legislação turística obrigar os espaços de restauração das operadoras de jogo a ter comida macaense nos menus, a verdade é que continuam a não ser servidos os pratos mais originais, existindo desconhecimento sobre o que é um verdadeiro prato macaense.

“Olhamos para um menu, vemos o nome de um prato e não é claro se é macaense ou português. As pessoas comem uma comida macaense, mas não sabem que o é por uma questão de comunicação, que não é apenas um problema a nível governamental. Penso que os funcionários dos restaurantes, por exemplo, também não estão a comunicar devidamente [o que é a comida macaense].”

Annabel Jackson não deixa de lamentar a ausência de apoios governamentais na preservação de restaurantes macaenses mais tradicionais e independentes em relação aos casinos. Um dos casos mais notórios foi o recente fecho da “Cozinha Aida”, restaurante fundado por Aida de Jesus que servia verdadeiros pratos macaenses e cujo negócio foi decaindo por uma série de factores. Aida de Jesus faleceu há dois anos.

“Nos últimos oito meses assistimos ao encerramento de dois restaurantes macaenses locais. Tratam-se de espaços que serviam comida autêntica com apenas alguns pratos portugueses, mas na maioria eram macaenses. E penso como é que estes restaurantes podem ter fechado. No caso de Aida de Jesus, ela era a madrinha da cozinha macaense. Porque é que o Governo não apoia os restaurantes macaenses locais ajudando-os a sobreviver, dando-lhes mais recursos?”, inquiriu a autora.

25 Jun 2024

Burlas | Coutinho pede estudo mais aprofundado sobre causas

O deputado José Pereira Coutinho exige que as autoridades estudem de forma mais aprofundada as causas para a elevada ocorrência de casos de burla. O responsável destaca, em interpelação escrita, a “discrepância” existente face aos dados apresentados pelo Conselho de Consumidores que falam de uma maior consciência dos estudantes sobre os perigos informáticos

 

A mais recente interpelação escrita do deputado José Pereira Coutinho entregue ao Governo chama a atenção para uma aparente contradição: como explicar o crescente número de casos de burla tendo em conta as inúmeras campanhas de consciencialização elaboradas pelo Conselho dos Consumidores (CC) junto da população e escolas?

Neste contexto, o deputado entende que deve ser realizado, por parte das autoridades, “uma análise mais aprofundada para entender os factores subjacentes a esta realidade aparentemente contraditória”, propondo-se “soluções eficazes para proteger os jovens contra fraudes e esquemas de burlas, apesar da suposta ‘alta consciência’ sobre os direitos dos consumidores?”, questiona.

Coutinho gostaria de ver apurados “os factores sociais, educacionais e tecnológicos que podem estar a contribuir para esta discrepância entre a percepção e a realidade”.

O deputado destaca, por exemplo, o inquérito divulgado pelo CC, no início deste ano, realizado com estudantes do ensino secundário. As conclusões apontam para números que, à partida, parecem animadores no que diz respeito à consciência de potenciais situações de burla. Dos cerca de sete mil inquiridos, 81 por cento disse que já fez compras online, sendo que 13 por cento comprou produtos online logo no ensino primário.

O CC concluiu que “93 por cento dos alunos afirmaram que costumam visualizar os comentários de outros clientes antes de fazer compras, a fim de evitarem ser ludibriados”.

Assim, o CC entende que “a maioria dos inquiridos demonstra ‘uma alta consciência sobre a defesa dos direitos do consumo e dos consumidores'”, cita Coutinho na interpelação.

Rosas e espinhos

Apesar da aparente maior consciencialização dos estudantes, a verdade é que o inquérito do CC não é totalmente animador. “O relatório também destaca um cenário preocupante, com o aumento dos casos de burla informática que afecta cada vez mais os jovens das escolas secundárias.”

Destaca Pereira Coutinho que só no primeiro trimestre deste ano, e segundo o inquérito do CC, “houve 96 fraudes telefónicas, sendo que, destas, 40 visaram estudantes”, um cenário que resultou em “perdas de dezenas de milhões de yuan”. Neste caso, as vítimas “demonstraram ‘uma baixa consciência dos seus direitos cívicos'”.

O deputado entende, portanto, que “os desafios de prevenção e protecção continuam ainda a ser significativos, porque, apesar da maior consciência de direitos, os consumidores estão ainda amplamente vulneráveis a esquemas de burla online”. As autoridades “enfrentam dificuldades acrescidas em acompanhar a evolução dos métodos criminosos e em fornecer respostas eficazes, pelo que as campanhas de educação e consciencialização sobre a segurança digital precisam de ser intensificadas para capacitar os consumidores”, rematou.

25 Jun 2024

Cinema | Já é conhecido cartaz do primeiro festival para os mais novos

O Instituto Cultural anunciou recentemente a realização, este Verão, do primeiro Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau que, além dos espectáculos, inclui cinema. O cartaz já é conhecido e podem ser vistos, na Cinemateca Paixão, clássicos como “Um Porquinho Chamado Babe”, “Shrek” ou “Família Addams”, sem esquecer “A.I. – Inteligência Artificial”, de Steven Spielberg

 

Decorre entre Julho e Agosto a primeira edição de um festival de cinema inteiramente dedicado a crianças e jovens. Trata-se do Festival Internacional de Cinema Infantil de Macau, iniciativa integrada na primeira edição do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau, uma estreia no panorama artístico local. Trata-se de uma iniciativa promovida pelo Instituto Cultural (IC) e que, na vertente de exibição de filmes, conta com o apoio da Cinemateca Paixão.

O festival divide-se em quatro secções, nomeadamente “Selecção Anual de Filmes Infantis”, “Êxitos Populares da Infância dos Pais”, para que os adultos também possam acompanhar os filhos à sala de cinema, “Clássicos para Todas as Crianças” ou “Projecções ao Ar Livre no Centro Cultural de Macau”, que passa pela exibição de filmes de animação seleccionados.

A 6 de Julho é exibido um clássico que permanece na memória dos graúdos, como é o caso de “Um Porquinho Chamado Babe”, de 1995. Trata-se da saga do “porquinho” protagonista do filme e da sua chegada à fazenda de Arthur Hoggett.

No mesmo dia é apresentado “Os Argonautas”, cuja exibição se repete no dia 20 de Julho. Sendo este um filme bem mais recente, de 2022, “Argonautas” centra-se na amizade do ratinho Rode e da gata Isabela. Ambos vivem na cidade portuária de Yolcos, na Grécia Antiga, que subitamente enfrenta a ameaça do deus dos mares, o que põe à prova a coragem de Rode e Isabela.

A 7 de Julho, domingo, é dia de voltar aos clássicos ainda mais antigos, desta vez com a película “O Espírito da Colmeia”, de 1973, de Victor Erice.

Este filme passa-se nos anos 40 quando, numa remota aldeia espanhola, Ana, com apenas oito anos, e a irmã mais velha, Isabela, ficam impressionadas quando assistem, pela primeira vez, ao filme “Frankenstein”. Quando as duas visitam um local abandonado, começam a fantasiar com um novo monstro, sempre sem esquecer as imagens do filme que viram.

Na sinopse lê-se que este filme retrata “a curiosidade e imaginação das crianças em relação ao mundo e ao mistério do desconhecido, de forma onírica”, sendo este considerado “um dos maiores filmes espanhóis de todos os tempos”.

No dia 9 de Julho é a vez de ser exibido “Não Sou Estúpido”, filme de Singapura, que volta a passar nos ecrãs da Cinemateca no dia 28 do mesmo mês. Esta comédia, de Jack Neo, faz rir e chorar ao mesmo tempo, tratando-se de uma história que aborda “as lutas travadas por três jovens crianças e suas famílias na procura de uma excelência académica, numa sociedade altamente competitiva”.

Shrek e companhia

A 13 de Julho é dia de ver um dos grandes sucessos do cinema infantil. Trata-se de Shrek, filme de 2001, cujo protagonista é um monstro grande, feio e verde, mas que acaba por se apaixonar por uma bela princesa. No mesmo dia é exibido “Pigsy”, de Taiwan, que repete a 3 de Agosto.

No domingo, 14 de Julho, exibe-se “Ernest & Celestine: Uma Viagem a Gibberitia”, uma produção de 2012 francesa, belga e luxemburguesa que foi indicado para o César na categoria de “Melhor Filme de Animação”.

Celestine é uma ratinha órfã que sempre se sentiu um pouco incompreendida no mundo dos seus pares, os ratos, tendo sido criada num orfanato. Lá sempre ouviu histórias terríveis sobre os ursos e a sua crueldade, sobretudo quando comem ratos ao pequeno-almoço. Um dia, Celestine deixou o orfanato e foi descobrir o mundo, travando amizade com o urso Ernest, que a faz quebrar todas as ideias pré-concebidas que achava serem verdade.

A.I. – Inteligência Artificial, de 2001, entra para a secção “Êxitos Populares da Infância dos Pais”, sendo exibido dia 18 de Julho. Esta produção norte-americana, do grande mestre Steven Spielberg, centra-se na história de Martin, filho de Mónica, que fica doente e que tem de ser internado. É então que a mãe decide adoptar David, uma criança-robot que tenta chamar a atenção de Mónica quando Martin regressa a casa vindo do hospital. “Sirocco e o Reino dos Ventos” é a escolha para o dia 19 de Julho, voltando a ser exibido dia 31 do mesmo mês.

A voz das curtas

Este festival não traz apenas cinema estrangeiro e asiático feito para os mais novos, apresenta também uma selecção de curtas-metragens com assinatura de realizadores de Macau. Estas serão exibidas, também na Cinemateca Paixão, dia 21 de Julho, a partir das 16h30. São elas “Nas Suas Costas”, de 2016, de Sam Kin Hang; “Mui”, de 2021, de Wong Weng Chon; “O Farol”, de Jay Lei, de 2019; “História de Morcegos”, de Peeko Wong e Wong Chi Kin; “Avó Pirata 2: O Conto da Baleia Espiritual”, de Lam Teng Teng ou “Céu Estrelado”, de Zue Ku, entre outras.

Dia 23 de Julho, integrado na “Selecção Anual de Filmes Infantis”, exibe-se “O Inventor”, que repete dia 3 de Agosto. Este é um filme de animação de época, passando-se no século XVI, com uma história centrada no artista Leonardo da Vinci e na sua ida para a corte francesa devido a conflitos com o Papa.

No dia 27 é exibido “Ilo.Ilo”, de Singapura, que traz uma conversa pós-exibição com a presença de Joyce Yang.

O festival regressa aos clássicos mais antigos com “Os Quatrocentos Golpes”, de 1959, e da autoria de um dos mais conhecidos realizadores franceses, François Truffaut. Também este filme conta com uma conversa pós-exibição com Joyce Yang.

Em “Os Quatrocentos Golpes” revela-se a história do pequeno Antoine, que enfrenta dificuldades de vária ordem em casa e na escola.

A 28 de Julho é dia de exibir outro clássico, mais contemporâneo, como é o caso da “Família Addams”, de 1991. Esta história intemporal de Barry Sonnenfeld foca-se na excêntrica família vestida de preto que habita numa mansão bastante sombria e assustadora. Esta vê a sua tranquilidade quando Fester, um irmão há muito desaparecido, decide voltar. “Para o Lado da Luz” exibe-se dia 11 de Agosto.

Destaque ainda para duas sessões de exibições ao ar livre no CCM nos dias 17 de Agosto, nomeadamente com os filmes “O Menino Nicolau: A Felicidade Não Pode Esperar” e as animações ” Linda quer frango!” e a Série “Pundusina”.

25 Jun 2024

Casal obrigado a pagar indemnização por impedir uso de fracção

O Tribunal de Segunda Instância (TSI) entendeu que um homem tem direito a receber uma indemnização superior a três milhões de patacas por, durante vários anos, ter sido impedido por um casal de usar a metade indivisa de uma casa que tinha comprado, casa essa habitada pelo casal.

O caso remonta a 5 de Setembro de 2012, quando o homem comprou a duas pessoas, descritas no acórdão da TSI como “A” e “D”, uma fracção, adquirida, em partes iguais, em 1983. O homem pagou ao casal cerca de 1.080 milhões de dólares de Hong Kong.

Porém, a escritura pública sobre este negócio contém dados errados sobre o estado civil de “A”, que se casou com “B” em 1979, na província de Guangdong. A escritura não só tinha o nome de “B” errado como também não ficou escrito correctamente o regime matrimonial de bens como o de separação.

Desta forma, “B” recorreu ao Tribunal Judicial de Base (TJB) para anular o negócio, mas este tribunal entendeu que este era casado com “A” e que os bens de ambos estavam “sujeitos ao regime previsto pela Lei de Casamento da República Popular da China”. Assim, o TJB entendeu anular o negócio de compra e venda de metade da casa, sendo “B” obrigado a considerar o homem agora indemnizado como o verdadeiro proprietário da parte indivisa da casa. Contudo, “A” e “B” usaram a parte indivisa a partir de 2013, impedindo o homem de a habitar.

Casa de todos

Na primeira instância, o homem recorreu aos tribunais exigindo a “A” e “B” o reembolso de metade do montante pago pela casa, cerca de 556 mil patacas, bem como uma indemnização por não poder usar o imóvel no valor de três mil patacas por mês.

O TJB entendeu que o homem tinha, de facto, razão a ser reembolsado do valor pago pela casa, tendo recebido pouco mais de 556 mil patacas, mas entendeu que este não merecia receber qualquer indemnização. O TSI veio agora considerar, com base no Código Civil, que “pertencendo o imóvel a vários comproprietários, e na falta de regulamento sobre o uso da coisa, a todos é lícito servirem-se dela de acordo com o fim a que se destina, não podendo algum deles privar os outros consortes do uso a que também têm direito”.

Assim, o pagamento da indemnização deve-se ao facto de o homem “ter sido impedido de usar a fracção em causa”, sendo o montante correspondente “à metade do referido valor multiplicado pelos meses de duração do impedimento [de residência]”. Entendeu o TSI que só se pode exigir o pagamento de indemnização a partir de 9 de Janeiro de 2013, “momento em que o [homem] manifestou a intenção de usar a fracção”.

25 Jun 2024

Idosos | Construtora de Residência ganha contrato por ajuste directo

A empresa que construiu o edifício de residência para idosos ganhou novo contrato público, desta vez por ajuste directo, para a gestão e decoração do edifício. Trata-se da Companhia de Engenharia e de Construção da China (Macau), Limitada, segundo dados divulgados pelo Instituto de Acção Social

 

Dados públicos divulgados pelo Instituto de Acção Social (IAS) revelam que a empresa responsável pela concepção e construção do projecto de residência para idosos, situada no Lote P dos Novos Aterros da Areia Preta, na Avenida do Nordeste, será a mesma a realizar, por ajuste directo, a gestão da residência e os trabalhos de decoração.

Num documento do IAS de divulgação ao público, datado de 4 de Dezembro do ano passado, lê-se que a Companhia de Engenharia e de Construção da China (Macau), Limitada foi a escolhida, por ajuste directo, para a concretização de “obras de decoração e organização dos serviços de gestão das propriedades” por um período de 340 dias, apresentando um orçamento de cerca de 231,688 milhões de patacas.

Segundo o regime das despesas com obras e aquisição de bens e serviços em vigor, é obrigatório realizar concurso público sempre que as obras tiverem um valor estimado igual ou superior a 15 milhões de patacas, ou as aquisições de bens e serviços custarem mais de 4,500 milhões de patacas

Há, porém, excepções para a ausência de realização do concurso público, conforme determinados critérios definidos por lei. O Executivo, porém, não apresentou esclarecimentos sobre este caso concreto.

O projecto de construção da residência para idosos ficou concluído no início deste ano, estando a ser realizado o processo de selecção de candidatos e a escolha de apartamentos.

A Companhia de Engenharia e de Construção da China (Macau) viu ser-lhe adjudicada, após realização de concurso público, o contrato relativo à “empreitada de concepção e construção de apartamentos para idosos na Avenida do Nordeste”. Por sua vez, os trabalhos de fiscalização ficaram adjudicados, no mesmo concurso, à Sociedade de Consultadoria em Engenharia Civil, Limitada, além de que o Laboratório de Engenharia Civil de Macau também realizou trabalhos de controlo de qualidade.

Espaço para partilhar

O edifício de residência para idosos terá uma área de quase sete mil metros quadrados, com 37 pisos e uma zona de parque de estacionamento com três pisos construídos na cave. Este edifício irá fornecer 1800 casas de tipologia T0. Recorde-se que, inicialmente, a construção deveria estar concluída em 2023, mas sofreu ligeiros atrasos devido à pandemia.

O IAS já divulgou as condições de utilização das casas, que podem ter, no máximo, duas pessoas. “Os apartamentos residenciais dividem-se em quartos de uma e de duas camas. As decorações-padrão são idênticas em todos os apartamentos residenciais, que estão equipados com artigos de limpeza e higiene para a casa de banho e cozinha, bem como mobílias, artigos electrodomésticos e acessórios de casa de banho. O design é simples, moderno e confortável”, refere o IAS. Estima-se que os primeiros moradores comecem a ocupar 1500 apartamentos em Outubro.

Escolhas a 8 de Julho

O processo de escolha das casas no âmbito do programa de residência para idosos arranca dia 8 de Julho, divulgou ontem o Instituto de Acção Social (IAS). O processo irá decorrer conforme a ordem de classificação dos candidatos habilitados a receber uma casa na primeira fase de candidatura.

Hoje, os mesmos poderão aceder aos dados relativos ao “andamento de candidatura” disponíveis no website do IAS relativo ao projecto de residência para idosos.

25 Jun 2024

Táxis | Infracções sobem 123% face a 2023

Dados divulgados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) revelam um grande aumento, acima dos 100 por cento, nos casos de irregularidades cometidas por taxistas. Se nos primeiros cinco meses do ano passado registaram-se 169 infracções, o número passou para 378 casos entre Janeiro e Maio deste ano, um aumento de 123,67 por cento.

De frisar, que no ano passado o número global de casos de violações à lei foi de 588. Os casos mais notórios são o da recusa de transporte, que passou dos 61 casos nos primeiros cinco meses de 2023 para 130 casos este ano, em igual período. Relativamente a outras irregularidades, passou-se de 99 para 237 casos, mais 139,39 por cento.

Quanto à cobrança abusiva de tarifas, o aumento foi ligeiro, de apenas 22,22 por cento, tendo-se passado de nove para 11 casos. O CPSP divulgou também outros números na área do trânsito, revelando-se um decréscimo ligeiro de 3,32 por cento nos estacionamentos ilegais, entre os cinco primeiros meses de 2023 e este ano, quando os casos de estacionamento ilegal foram de 268,154.

23 Jun 2024

Ilha Ecológica | Governo avalia situação dos golfinhos

O Governo continua a insistir na necessidade da criação de uma ilha artificial a sul de Coloane, dizendo agora que o impacto na espécie dos golfinhos brancos chineses será alvo de análise ambiental. É o que consta numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Ron Lam

 

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) assegura que todos os possíveis impactos na preservação da espécie do golfinho branco chinês, existente nas águas do Delta do Rio das Pérolas, serão avaliados no contexto da construção da chamada “Ilha Ecológica” a sul de Coloane.

A informação consta na resposta da DSPA, assinada pelo seu director, Raymond Tam, a uma interpelação do deputado Ron Lam U Tou. Referindo-se à segunda fase da avaliação de impacto ambiental do projecto, Raymond Tam declarou que “será publicado o texto de consulta sobre o ‘Relatório de Avaliação do Impacto Ambiental’, do qual constarão as informações da investigação feita sobre os golfinhos brancos chineses”. Enquanto isso, serão também divulgadas “as medidas de mitigação ambiental”.

A DSPA volta a esclarecer que a primeira fase de avaliação do impacto ambiental da “Ilha Ecológica” foi feita “com base nos critérios e modalidade constantes da Lei de Avaliação do Impacto Ambiental da República Popular da China (RPC) e das Medidas de Participação Pública na Avaliação do Impacto Ambiental”.

Recorde-se que a construção de uma “Ilha Ecológica” tem gerado polémica por se tratar de uma zona de aterro para materiais de construção numa área fértil na riqueza ambiental como é o caso de Coloane. A espécie do golfinho branco chinês está em vias de extinção e muitos ambientalistas têm defendido que a construção de uma “Ilha Ecológica” pode acelerar ainda mais o fim desta espécie animal.

A mesma resposta dá mais detalhes sobre o processo de avaliação de impacto ambiental. “A Lei de Avaliação do Impacto Ambiental da RPC especifica claramente que, caso a execução de um empreendimento só seja iniciada cinco anos após ter sido aprovada a avaliação do impacto ambiental, esta terá de ser novamente submetida para apreciação.”

Assim, “como está previsto que a construção da Ilha Ecológica ultrapasse o referido prazo, procedeu-se, primeiramente, à avaliação do impacto ambiental da primeira fase da obra, sendo que, quando for iniciado o planeamento da segunda fase, será tido em conta esse conteúdo da avaliação”, procedendo-se a uma “situação ambiental mais actualizada”. Far-se-á, assim, a segunda fase de avaliação ambiental “conforme os respectivos procedimentos”.

Sensibilidade e bom senso

Na resposta à interpelação escrita de Ron Lam U Tou, o Executivo volta a frisar a posição que mantém desde o início: que a “construção da ‘Ilha Ecológica’ é a solução a longo prazo para o tratamento de diversos tipos de resíduos de materiais de construção” e vai “beneficiar o futuro desenvolvimento urbano de Macau”.

“O Governo salientou várias vezes que a selecção do local da ‘Ilha Ecológica’ está dependente de factores como a natureza, a localização geográfica, as condições da qualidade da água e a situação actual da exploração e do aproveitamento das áreas marítimas, pelo que, após uma ponderação geral, a localização actual é a que apresenta melhor viabilidade”, adiantou ainda Raymond Tam.

23 Jun 2024

Cinemateca Paixão | Filmes e realizadores de Macau em foco

Nos próximos dias será possível descobrir, na Cinemateca Paixão, mais sobre o cinema feito em Macau e também conhecer as grandes inspirações dos realizadores locais. No cartaz “Panorama do Cinema de Macau” cabem longas-metragens, escolhas de realizadores, como é o caso de “O Atalante”, indicado por Ivo M. Ferreira. Destaque para a homenagem à actriz local Eliz Lao

 

A Cinemateca Paixão apresenta, até ao final do mês, o cartaz “Panorama do Cinema de Macau” que apresenta três secções: “Longa-metragem em curso”, que revela alguns dos filmes feitos por realizadores locais; “Realizadores locais e suas inspirações clássicas” e ainda “Feito em Macau”.

O filme “Beijando o chão que pisaste”, do realizador local Hong Heng Fai, foi exibido ontem, fazendo parte da secção “Longa-metragem em curso”. Também integrado nesta parte está “Sisterhood”, o filme premiado de Tracy Choi que a tornou num dos nomes mais conhecidos do panorama contemporâneo do cinema de Macau.

O filme é exibido amanhã às 16h30, num regresso à Cinemateca Paixão, cuja sessão contará com a presença da realizadora. Tracy Choi começou a filmar, de forma amadora, quando ainda estava no ensino secundário. Foi aí que percebeu a sua paixão pela imagem, que a levou a estudar cinema em Taiwan e Hong Kong.

Este domingo, às 16h30, será exibido “Chuva Passageira”, filme de 2017 que estreou numa das edições do Festival Internacional de Cinema de Macau. Este filme é da autoria de Chan Ka Keong, que sempre trabalhou nas áreas do design e artes plásticas antes de enveredar pelo cinema, algo que aconteceu em 2014. “Chuva Passageira” foi o seu primeiro projecto cinematográfico, que obteve apoio financeiro do Instituto Cultural, graças ao “Programa de Apoio à Produção de Longas-metragens” de 2013.

No domingo será também exibido “Embriagado de Amor”, filme de 2002 de Paul Thomas Anderson, integrado na secção “Realizadores locais e suas inspirações clássicas”. Para esta secção foi também escolhido, pelo realizador Ivo M. Ferreira, a obra “O Atalante”, um clássico de 1934 exibido na próxima quarta-feira a partir das 19h30.

Ivo M. Ferreira, realizador português ligado a Macau, onde rodou inúmeros filmes, nomeadamente “Hotel Império”, escolheu esta película que conta a história de Juliette, a rapariga da cidade, que se casa, após um namoro muito rápido, com o capitão Jean. É então que os dois vão morar no barco “L’Atalante”, começando o casal a traçar objectivos e perspectivas diferentes de vida. Quando Juliette decide sair do barco e ir para Paris, o marido começa a pensar que casar com ela foi um erro.

Este filme é de Jean Vigo, realizador que morreu de forma prematura aos 29 anos, resultado da doença pulmonar que o acompanhou ao longo da vida. Deixou apenas quatro filmes, sendo “O Atalante” o último da sua curta carreira. Apesar da curta vida, Jean Vigo tornou-se um dos cineastas franceses mais influentes do século XX.

Destaque ainda para a exibição, na próxima terça-feira, do filme “Uma Viagem na Primavera”, integrado na secção “Feito em Macau”.

A produção de 2023, de Taiwan, e com co-realização de Peng Tzu-Hui, conta a história de Khim-Hok, um idoso com deficiência numa perna que está dependente da esposa. Ambos vivem numa casa antiga nos arredores de Taipei, até que, com a morte repentina da esposa, Khim-Hok congela o corpo e continua a vida como se nada tivesse acontecido. É então que o regresso do filho de ambos força-o a alterar os planos até então traçados.

A vida de Eliz

Até ao final do mês decorre ainda a programação de “Descubra Macau – Actor em Foco”, desta vez dedicada a Eliz Lao. A actriz, apesar de ser natural de Macau, tem-se destacado em diversas produções de Hong Kong e China, não apenas no cinema, mas também em publicidade e apresentação de programas.

As exibições de filmes com Eliz Lao começam este sábado e estão agendadas para domingo, dia 23, sábado, dia 29, e domingo, dia 30.

Esta é a oportunidade para ver títulos como “Flor da Meia-Noite”, de Liu Yi-Hsuan, uma produção de Taiwan, ou “Até ao Fim do Mundo”, da realizadora local Emily Chan.

Este filme, passado no Inverno de 2012, numa noite em que “a lenda do fim do mundo chegou, um casal caminhou pelas ruas estreitas de Macau, relembrando os seus anos de amor e finalmente cumpriu a promessa que fizeram um ao outro”, lê-se na sinopse do filme.

Também de Emily Chan exibe-se a versão curta de “Our Seventeen”, uma história feita em 2017 polvilhada com “juventude, música e a história de um primeiro amor”.

A realizadora Tracy Choi escolheu também Eliz Lao para a sua curta-metragem experimental e narrativa “Caça”, de 2020. Trata-se de um filme feito com película analógica que, mais uma vez, aborda o universo das mulheres. Estas “estão sempre sob escrutínio”, pois “vestir-se com menos parece errado, mas fumar, ser rude e vestir de maneira masculina também parece estar errado”. Assim, a realizadora questiona, com o seu filme, as oportunidades que as mulheres têm para não ser observadas e, consequentemente, julgadas.

20 Jun 2024

Turismo | Estudo defende controlo de preços pelo Governo

Um estudo que analisa comportamentos de consumo dos turistas, tendo como exemplo as Ruínas de São Paulo, defende que os preços praticados em Macau podem tornar-se pouco vantajosos para os turistas chineses, pelo que é fundamental o Governo “estabelecer preços razoáveis” para estimular o consumo

 

Controlar os preços do turismo para que o consumo dos visitantes, sobretudo os oriundos da China, permaneça elevado deve fazer parte dos planos do Governo para os próximos tempos. A conclusão é do trabalho académico “Estudo Empírico sobre as Intenções de Consumo dos Turistas de Macau com base na regressão linear múltipla: O exemplo das Ruínas de São Paulo”, da autoria de Jiayang Cui, académico da Universidade Politécnica de Macau, com mestrado na área da ciência financeira. O artigo foi publicado recentemente na revista académica “SHS Web of Conferences”.

O artigo aponta que “para os residentes do continente os preços elevados de Macau podem constituir uma desvantagem”, tendo em conta que a “economia turística [do território] está a desenvolver-se muito rapidamente e os preços estão a subir”.

Assim, “se as condições forem as mesmas, quanto mais elevado for o preço de bens e serviços, menor será a procura por parte dos clientes”.

O trabalho acrescenta ainda que “quanto mais os preços de bens e serviços das atracções forem superiores aos preços médios locais, no mesmo período, maior será o efeito em termos de desincentivos”, pelo que “o controlo dos preços pelo Governo é fundamental”.

O autor tentou perceber o impacto de seis critérios no consumo de turistas tendo como base as Ruínas de São Paulo, nomeadamente a construção de infra-estruturas, serviços de transporte público, marketing, supervisão turística, nível de confiança e disposição dos visitantes para gastar dinheiro no local que visitam.

Conclui-se, assim, que “quando os turistas visitam as Ruínas de S. Paulo, as infra-estruturas, transportes públicos, serviços de mercado e a confiança dos turistas na atracção têm um impacto positivo significativo nas decisões de compra, enquanto os serviços turísticos locais”, nomeadamente a supervisão governamental, “não têm um impacto significativo na decisão de compra”.

Confiança é tudo

O estudo de Jiayang Cui denota também que “a construção de infra-estruturas tem um impacto positivo na intenção de consumo”, sendo que o papel cabe, novamente, ao Executivo, que deve “tomar medidas adequadas” de fomento ao consumo, criando “instalações públicas e prestando serviços à sociedade através da afectação racional de recursos”.

Também o grau de qualidade dos transportes públicos influencia a predisposição para gastar, pois “quanto mais conveniente for o transporte público para as Ruínas de S. Paulo, mais os turistas cultivarão o sentimento de consumo” neste local.

A única variável que não tem influência nos gastos dos turismos é a supervisão turística, pois raramente são “influenciados nas decisões de despesas pelo controlo governamental da qualidade e dos preços [do turismo], ou pelo mecanismo de reclamações”.

Mostra-se, assim, que “os serviços reguladores do turismo não têm grande influência” nos gastos dos turistas. Na sua grande maioria, estes visitam as Ruínas de São Paulo para “experimentar a gastronomia local e compreender o contexto histórico” deste monumento.

Destaca-se ainda neste trabalho a importância da confiança gerada no turista construída, por exemplo, com a informação que recebe em diversas campanhas publicitárias divulgadas nas redes sociais. Nelas são apresentadas “as famosas atracções de São Paulo” e as “especialidades, como a carne seca e os pãezinhos com carne de porco”, algo que “não difere daquilo que os clientes vêem nas visitas ao local”.

20 Jun 2024