Andreia Sofia Silva EventosCCM | “Romeu e Julieta” de Londres para Macau para ver até domingo A eterna paixão proibida de Romeu e Julieta, de William Shakespeare, sobe aos palcos do Centro Cultural de Macau diariamente até domingo numa versão revisitada para dança contemporânea da autoria do coreógrafo Matthew Bourne. Aos jornalistas, antes do primeiro espectáculo, os profissionais que fazem “Romeu e Julieta” falaram dos desafios e expectativas de uma apresentação que já passou pelos palcos chineses no âmbito da digressão que dura há um ano É na versão de dança contemporânea que “Romeu e Julieta”, a clássica história do autor inglês William Shakespeare, sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) até domingo, depois da estreia de ontem. O espectáculo, coreografado e apresentado por Matthew Bourne em Londres, anda em digressão, tendo passado já pelas cidades chinesas de Pequim e Xangai. Num encontro com a imprensa ocorrido esta quarta-feira, um dia antes do primeiro de quatro espectáculos subir ao palco, Alan Vincent, encenador, disse ser “interessante perceber como o público em Macau irá receber o espectáculo, tendo como referência reacções anteriores. Andamos em digressão pelo mundo há cerca de um ano, e culturalmente tem sido bastante emocionante”, referiu o encenador, citado por uma nota enviada pelo Instituto Cultural (IC), que promove o espectáculo. O encenador falou também do enorme nível de exigência de “Romeu e Julieta”, sendo que os bailarinos “têm de dar o melhor de si, nomeadamente aqueles que assumem rotativamente os papéis principais”. “É incrível a forma como os bailarinos continuam a responder, sendo que estes papéis são bastante exigentes tanto na perspectiva física como na vertente emocional, por isso eles têm que se empenhar a 100 por cento”, destacou Alain Vincent. “Romeu e Julieta” é a história de um amor impossível em que os dois fazem de tudo para ficar juntos, mas o destino não ajuda. Trata-se de um clássico da literatura inglesa que já teve várias versões e adaptações no mundo das artes, inclusivamente no cinema. Este espectáculo é dançado ao som de uma versão musical reconfigurada de Prokofiev, apresentando algumas alterações em relação ao original, pois situa a acção num hospital psiquiátrico chamado Instituto Verona. A visão dos bailarinos Aos jornalistas, antes da estreia do espectáculo, Bryony Pennington, uma das bailarinas que interpreta Julieta, sublinhou a união existente no grupo de trabalho. “Estamos super-orgulhosos por levar este espectáculo mundo fora. A química existe verdadeiramente, em palco e fora dele. Damo-nos todos extremamente bem, sentimo-nos felizardos por estarmos a viver este momento, e cada vez que trabalhamos um par com uma pessoa diferente, surgem diferentes energias, julgo que é algo bastante especial”, afirmou. Uma ideia corroborada por Alan Vincent, que referiu que “o que tem de bom termos três pares de protagonistas a fazer de Romeu e Julieta, para quem queira ver um par diferente, é que cada um deles trará algo de diferente ao papel, por isso estamos em constante mudança, a trazer algo diferente à história”. Hannah Kremer, que neste espectáculo desempenha também um papel principal, disse estar em causa “um desafio”. “Já trabalhei com três Romeus, sendo que cada um deles traz algo de diferente ao papel o que não deixa de ser um bom treino e nos deixa sempre a postos”. Para além da dimensão física e do movimento, as produções de Matthew Bourne são bastante trabalhadas em termos de dramatização, exigindo dos bailarinos uma entrega como actores, uma componente que tem sido assimilada. “A maior parte de nós só tem formação em dança, desde que estou na companhia tem havido alguns elementos que já trabalharam como actores, neste grupo a formação é maioritariamente em dança, mas sob a direcção do Matt e dos restantes coordenadores, aprendemos técnicas de transmissão de emoções em palco”, revelou, na mesma sessão com a imprensa, Jackson Fisch, o intérprete de Romeu. As críticas a este espectáculo têm sido bastante positivas. Sobre ele o inglês “The Guardian” escreveu ser “dançado de forma espantosa, do princípio ao fim […] pleno de significado e inovação”. Já o “The Daily Telegraph” descreveu este “Romeu e Julieta” como sendo “electrizante” e “um dos espectáculos de Bourne mais inteligentes, sensuais e vibrantes de sempre”. Ainda é possível comprar bilhetes, cujos preços variam entre as 200 e as 500 patacas.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteAmílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra: “Há uma vontade de partilharmos conhecimentos” O reitor da Universidade de Coimbra (UC) Amílcar Falcão esteve recentemente em Macau para estreitar relações com o ensino superior local. O responsável, com formação em farmácia, destaca a colaboração de Macau no projecto europeu na área do envelhecimento saudável e o potencial da prática clínica da medicina tradicional chinesa, embora admita faltar ainda alguma evidência científica Esteve em Macau onde recebeu um doutoramento honoris causa pela Universidade Politécnica de Macau (UPM), além de ter feito outros contactos oficiais. Que balanço faz da visita? Foi a primeira vez que estive em Macau. A UC tem ligações fortes com Macau já há algum tempo. Temos um laboratório conjunto com a Universidade de Macau (UM), na área da engenharia informática, a funcionar. Queria muito ir a Macau na sequência dos contactos feitos pelo vice-reitor para as relações externas e receber o doutoramento honoris causa que generosamente a UPM me concedeu. Fomos recebidos ao mais alto nível e isso era importante para perceber como podemos cooperar no futuro. No geral, a visita correu bastante bem e confirmou as minhas expectativas, pois tenho uma impressão muito boa da China. Fui vice-reitor da UC durante oito anos e estive na génese da criação do Instituto Confúcio, além de ter estado ligado ao desenvolvimento da área da medicina tradicional chinesa (MTC) [na UC]. Este foi um dos temas abordados na viagem, nomeadamente ao nível de um projecto de investigação que temos na área do envelhecimento, um problema da China, Portugal e dos países mais desenvolvidos. Penso que existe uma confiança mútua com as autoridades chinesas e isso é importante para os projectos que iremos desenvolver e que já estão em andamento. Relativamente a Hengqin. Que papel pode ter esta região nas cooperações com a UC? Uma das razões componentes distintivas do Instituto Confúcio em Coimbra é ter o foco na MTC. Temos, aqui em Coimbra, formação nessa área. Sou farmacêutico de formação e há componentes da MTC que entendo, mas não parece que tenham fundamento científico evoluído. Mas, por outro lado, há áreas dessa mesma medicina que, pela evidência clínica, merecem mais estudos e conhecimentos. Quais? A MTC tem, sobretudo, um papel mais preventivo? Sim. Na questão da longevidade e qualidade de vida das pessoas pode ter impacto. Esse é o tema do projecto que temos em carteira e que no qual estamos a trabalhar de forma mais aprofundada. Aí a MTC tem muito a acrescentar ao que é a medicina ocidental, ao nível da compreensão do corpo e dos seus pontos, permitindo mitigar dores e situações de ansiedade. Temos muitos séculos de MTC que podem e devem ser aproveitados para aprendermos, aprofundando cientificamente alguns aspectos. No parque de MTC em Hengqin há duas áreas, relacionadas com a produção de medicamentos e com o controlo de qualidade, e há uma vontade de partilharmos conhecimentos e trabalharmos em conjunto. Vamos tentar perceber o que a UC pode contribuir para essa matéria, nomeadamente na identificação de componentes activos na MTC. Como esses componentes podem depois ser aplicados na prática? Podem depois de ser transpostos para medicamentos que usamos na Europa ou EUA, que não sejam propriamente plantas nem produtos medicinais, como chás ou infusões. O potencial desse trabalho é enorme. A China, juntamente com Macau e o nosso laboratório conjunto, está muito entusiasmada em usar a inteligência artificial (IA) para procurar moléculas e desenvolver novos medicamentos a partir da MTC. Creio que aí temos um papel importante como parceiros, porque podemos ajudar, quer pela experiência que temos no desenvolvimento de novos medicamentos, quer porque claramente faz falta a componente experimental e pré-clínica, com animais, à MTC. É algo que estamos habituados a fazer em Coimbra. Como explica esta ausência de fundamento científico em algumas áreas da MTC? Há questões dessa natureza que tenho dificuldades em responder porque não sou político. Diria que talvez uma mistura entre o facto de a China ter estado fechada ao mundo muitos anos e alguma resistência por parte da comunidade científica ocidental a esse tipo de medicina. Falamos aqui de Macau e da China, mas se formos para o Brasil ou África encontramos um cenário semelhante com as medicinas mais tradicionais, e até em Portugal. Temos as ervanárias que vendem chás diversos. O chá de valeriana tem uma componente ansiolítica importante para controlar a ansiedade, por exemplo. Há um potencial de prática médica chinesa de séculos que não está cientificamente provada, no sentido de dizermos que há ensaios clínicos feitos em pessoas e um dossier para colocar o medicamento no mercado, mas há uma evidência clínica muito forte que é de aproveitar e tentar procurar estimular. É natural que ao longo de séculos regiões que são mais longínquas que as nossas tenham desenvolvido as suas metodologias e se tenham baseado na evidência do poder curativo e preventivo. Os seus conhecimentos são, muitas vezes, empíricos, mas é um empirismo que mostra resultados. Cabe à ciência reproduzir esses resultados e tentar encontrar soluções. Macau pode ajudar a internacionalizar a MTC, ao nível da medicação e dos próprios profissionais? Penso que sim. Macau pode mesmo funcionar como uma porta para a entrada e saída de serviços e produtos trabalhados em conjunto com a República Popular da China. Fale-me mais desse projecto de investigação na área do envelhecimento que a UC está a desenvolver e onde as instituições de Macau irão colaborar. Temos um projecto em Coimbra muito relevante, em que somos referência, relativamente à vida activa e envelhecimento. É um dos maiores projectos financiados que existem na Europa e que pretende ter várias componentes e dimensões, podendo beneficiar muito com a colaboração de Macau e da China. Uma das componentes dessa iniciativa tem a ver com a criação de empresas na área da saúde e do envelhecimento. Temos a intenção de criar conhecimento sobre o envelhecimento e os factores que o causam, e que podem estar relacionados com a genética. Falamos de uma população caucasiana, em Portugal, e de uma população asiática em Macau e China. Temos com os brasileiros um projecto semelhante. O aumento da população envelhecida e da esperança média de vida é comum a Portugal e a China, embora sejamos países muito diferentes. Queremos estudar essas diferenças e como se pode contribuir para que haja um melhor envelhecimento, com mais qualidade de vida. Há um grupo de pessoas que está a ser trabalhado em Macau e outro em Portugal. Queremos a internacionalização do nosso próprio projecto através de Macau, atingindo assim objectivos que, de outra forma, não iríamos conseguir, pois limitados a Portugal não íamos conseguir fazer esse tipo de estudos com caracterização genética. É um projecto de investigação de sete anos que será concluído em 2027. Do encontro com o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, saíram novas ideias sobre a cooperação, algo de concreto? Sim. O Chefe do Executivo foi muito amável e aberto às ideias que levávamos, tendo demonstrado muito interesse, quer ao nível da ciência e do que é a componente empresarial, com a criação de empresas da área. Mostrou vontade de apoiar, até financeiramente, projectos. A possibilidade de termos um laboratório conjunto nesta área [MTC], associado ao que já temos na área da informática, é importante para movimentar investigadores. Uma das coisas que fizemos em Macau foi também ao nível do programa de doutoramento na área do envelhecimento que temos na UC. Iremos introduzir uma componente de IA nesse programa de doutoramento cuja gestão foi atribuída a Macau. Iremos começar já a fazer esse doutoramento conjunto.
Andreia Sofia Silva PolíticaCoutinho questiona ajuste directo na Linha Leste do Metro Ligeiro Pereira Coutinho interpelou o Governo sobre o ajuste directo feito à empresa Mitsubishi Heavy Industries para a construção do sistema de circulação da Linha Leste do Metro Ligeiro. O deputado questiona as razões para não se ter feito um concurso público de cariz internacional tendo em conta a ocorrência de várias falhas no sistema, num total de 18 avarias em menos de dois anos, “com a agravante de ter sido necessário substituir todos os cabos eléctricos”, o que levou o Metro Ligeiro a suspender a operação durante mais de cinco meses. “A Mitsubishi Heavy Industries não é a única empresa que fornece este tipo de sistema. Na Alemanha, França, na China, Coreia do Sul ou Japão existem outros fornecedores que poderiam assumir a construção do sistema de circulação do Metro Ligeiro.” Coutinho lembra também que a referida empresa “possui um histórico de avaliação negativa do seu trabalho”. Para o deputado, foi feito o ajuste directo da obra “sem se realizar uma consulta pública”, além de que não foram “prestados esclarecimentos suficientes sobre esta decisão de adjudicação, nem sobre a possibilidade de outras empresas participarem no referido projecto”. A decisão de não se realizar um concurso público internacional “resultou na perda de oportunidades de negociação e comparação de preços com outras empresas”, considerou Cenário de “monopólio” O deputado recorda que o custo da construção do sistema de circulação da Linha Leste, incluindo o fornecimento de veículos, é de aproximadamente 300 milhões de patacas por quilómetro. “Considerando que o comprimento total da Linha Leste é de 7,65 quilómetros, e que não havendo necessidade de o empreiteiro fornecer mais veículos, o preço de adjudicação não deveria ultrapassar os 2 mil milhões de patacas. Portanto, o preço da adjudicação é muito mais elevado do que o que outras empresas, com semelhante capacidade, poderiam oferecer para a realização da obra.” Coutinho fala num cenário de “monopólio” para a Mitsubishi Heavy Industries, que resulta “na perda de iniciativa e de alavancagem do Governo na negociação de preços para as novas linhas do Metro Ligeiro”. O deputado pretende, assim, saber que estudos foram efectuados sobre esta matéria para fundamentar a adjudicação directa à Mitsubishi Heavy Industries.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteJoão Graça Gomes, engenheiro e membro do Conselho Mundial de Energia: “Macau podia ser um caso de teste” João Graça Gomes, engenheiro sénior numa joint-venture ligada à EDP e China Tree Gorges, e membro do Conselho Mundial de Energia, falou na terça-feira, em Lisboa, sobre o panorama do sector da energia na China e no mundo e de como o país irá liderar nesta área. Em entrevista ao HM, o também membro do Conselho da Diáspora Portuguesa avança algumas sugestões que podem tornar Macau um exemplo em matéria de políticas ambientais sustentáveis Como descreve a evolução do sector energético na China nos últimos anos? A China tem registado um aumento expressivo do consumo energético, o que reflecte o seu rápido crescimento económico. Nos últimos 20 anos, o consumo primário de energia na China cresceu de 11.800 TWh [Terawatt Hours, medida de consumo energético] em 2000 para 47.428 TWh em 2023. Este crescimento foi particularmente acentuado nas regiões costeiras do país. Houve uma redução na dependência do carvão, embora este ainda represente 54 por cento do consumo energético. Em contrapartida, houve um aumento significativo no consumo de gás natural e de fontes renováveis, especialmente energia eólica e solar. A dependência externa da China aumentou de cerca de seis por cento em 2000 para 22 por cento em 2020. Essa tendência é especialmente evidente nas importações de produtos petrolíferos e gás natural. A China importa principalmente petróleo da Rússia, Arábia Saudita e Iraque. Já nas importações de gás natural, destacam-se a Austrália, Países Baixos e Emirados Árabes Unidos como principais fornecedores. E relativamente às exportações de energia? A China destaca-se por uma presença robusta na “supply-chain” [cadeia de fornecimento] mundial das energias renováveis. O país é um dos maiores produtores e exportadores de aerogeradores, painéis solares, baterias eléctricas e electrolisadores. A China também se destaca pelas elevadas taxas de extração e processamento de terras raras, cobalto, lítio e outros minerais essenciais para o desenvolvimento e suporte da infra-estrutura eléctrica. O país tem-se consolidado como um líder global no fornecimento de tecnologia que possibilita a transição energética. O processo de Reforma e Abertura, iniciado por Deng Xiaoping contribuiu para que o sector energético tenha crescido, em termos de segmento de mercado, no país? Desde esse momento, em 1978, que o país tem experimentado um rápido desenvolvimento socioeconómico, que se traduziu num crescimento médio do PIB [Produto Interno Bruto] de nove por cento ao ano. Entre 1978 e 2023, o consumo energético primário cresceu impressionantes 924 por cento, passando de 4.632 TWh para 47.428 TWh. Várias previsões indicam que essa trajectória de crescimento continuará nas próximas décadas. Para ilustrar a magnitude desse avanço, podemos comparar a realidade chinesa com a portuguesa. Em 1978, o consumo energético per capita em Portugal era de 13.054 kWh, enquanto na China era de apenas 4.850 kWh, menos da metade de Portugal. Em 2023, o consumo per capita na China subiu para 33.267 kWh, superando o consumo per capita português de 25.709 kWh. Em termos de segmentos de mercado, a indústria é preponderante, correspondendo a quase 49 por cento do consumo energético total da China. Este é o sector que mais evoluiu, impulsionado pelas reformas económicas que estimularam a industrialização massiva. O segundo sector com maior crescimento é o dos transportes, que agora representa 15 por cento do consumo energético. O sector residencial representa cerca de 16 por cento do consumo energético e tem-se mantido relativamente estável ao longo do tempo. De que forma Macau pode contribuir para este desenvolvimento do setor energético na China? Macau é uma região altamente urbanizada e com uma área bastante reduzida. Essas características limitam a instalação de grandes centrais de electricidade renovável. Mas Macau pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento do sector energético na China de diversas formas, especialmente na investigação e inovação. De que forma? Criando-se um laboratório urbano para comunidades sustentáveis, em que Macau poderia servir como um caso de teste para o conceito de comunidade energética sustentável e autónoma. A região poder-se-ia focar no desenvolvimento e criação de tecnologias ligadas a energias renováveis, como painéis solares e sistemas de armazenamento de energia com baterias. Essa abordagem pode transformar Macau num modelo de eficiência energética e autossuficiência. Pode-se também apostar na descarbonização dos transportes, reduzindo as emissões de carbono e aumentar a qualidade do ar. A implementação de veículos eléctricos e a construção de uma infra-estrutura de recarga robusta podem posicionar Macau como líder na mobilidade sustentável. Mas pode também ser feita uma aposta no desenvolvimento de tecnologias de dessalinização. De que forma poderia ser feito? Através da instalação de centrais de dessalinização abastecidas por energia renovável, que poderia garantir o abastecimento de água de Macau de forma sustentável, minimizando a dependência de recursos hídricos externos e contribuindo para a segurança hídrica. A nível académico, o que poderia ser implementado nesta área? Macau pode utilizar as suas universidades e instituições para estimular estudos avançados em sustentabilidade energética. A colaboração com países de língua portuguesa pode trazer novas perspectivas e tecnologias, fortalecendo a posição de Macau como um “hub” de inovação energética. Macau pode estabelecer parcerias para troca de conhecimentos e tecnologias no sector energético. Isso pode incluir projectos conjuntos de pesquisa, desenvolvimento de novas tecnologias e capacitação de recursos humanos. Usando estes princípios, Macau alcançar a neutralidade carbónica, servindo como exemplo inspirador para outras regiões da China e tornar-se um exemplo global de sustentabilidade urbana e inovação tecnológica. Como descreve o futuro da China no mercado energético mundial? O Governo da China anunciou em 2020 uma meta para alcançar a neutralidade carbónica até 2060, algo extremamente ambicioso considerando que o país é actualmente o maior emissor de dióxido de carbono do mundo. Estas emissões devem-se principalmente à elevada dependência do carvão para produção eléctrica. No entanto, se a China continuar no caminho da descarbonização, poderá tornar-se uma superpotência energética. O país já é o maior investidor em tecnologias de energia renovável, e essa tendência deve continuar a crescer. A China tem consistentemente superado as suas metas de integração de energias renováveis, estabelecidas nos planos quinquenais do Governo Central. Nos três últimos planos quinquenais, o país ultrapassou largamente as taxas de crescimento previstas para a capacidade instalada de fontes de energia de baixo carbono, tanto renováveis como nuclear. Se a China continuar neste caminho, não só alcançará os seus próprios objectivos ambientais, mas também definirá o futuro do mercado energético mundial. O seu compromisso com a expansão de energias renováveis e a redução de emissões de carbono poderá influenciar políticas energéticas globais. A energia é, cada vez mais, um factor fundamental nas relações diplomáticas? A China, neste capítulo, tem-se posicionado da melhor forma? Sim. Citando Henry Kissinger: “Quem controla a energia pode controlar continentes inteiros”. Neste contexto, a China tem se posicionado de maneira estratégica e eficaz. O país desempenha um papel crucial no futuro do sector energético mundial, evidenciado pelo facto de que, entre os dez maiores produtores de painéis solares, sete são empresas chinesas, e quatro dos dez maiores produtores de aerogeradores também são chineses. No mercado de carros eléctricos, que se correlaciona com a transição energética, a BYD, destaca-se como a maior produtora mundial. Além disso, nos últimos anos, a China tem assegurado a aquisição de minas de metais essenciais em diversos países, necessários para a manufactura de baterias eléctricas, microchips e outros equipamentos vitais para a transição energética. Actualmente, a China produz mais de 80 por cento do total global de metais raros, posicionando-se como líder incontestável no suprimento desses recursos críticos. Esta estratégia tem sido extremamente positiva para a China, demonstrando como o país tem investido em áreas-chave para o futuro do sistema energético mundial. Têm sido evidentes os acordos e investimentos feitos com outros países nesta área? A China tem investido além de suas fronteiras para aprender mais e facilitar a cooperação energética. Um exemplo claro é Portugal, onde algumas das maiores investidoras no sector energético são empresas chinesas. A maior accionista da EDP é a China Three Gorges, enquanto a maior accionista da REN é a China State Grid. Contudo, é importante lembrar que não é positivo criar uma dependência excessiva de qualquer país, incluindo a China. Os países devem trabalhar para assegurar a sua independência energética, diversificando as suas fontes de energia e fornecedores. A busca por uma matriz energética diversificada e segura é essencial para evitar vulnerabilidades económicas e políticas. Portanto, embora a China tenha se posicionado de maneira muito eficaz no sector energético global, oferecendo oportunidades de cooperação e desenvolvimento, é fundamental que outros países mantenham uma abordagem equilibrada e estratégica para garantir a sua segurança energética a longo prazo. Acredita no estreitar de relações com Portugal na área energética? Vejo de forma bastante positiva o investimento chinês no sector energético português. Tem sido duradouro, estável e permitido a várias empresas um crescimento acentuado. No entanto, nos últimos anos, a tensão geopolítica entre a China e os Estados Unidos tem, infelizmente, colocado algumas dificuldades na relação entre Portugal e a China. Como vê, então, o futuro? É difícil prever como evoluirá a relação entre os dois países. Espero que os governantes de ambos os países priorizem o realismo político sobre concepções ideológicas e procurem o melhor para ambos os países. Esse enfoque pode se traduzir numa relação mais estreita, com mais oportunidades de negócios e benefícios mútuos. Portugal deverá continuar a aproveitar o dinamismo e a capacidade de investimento da China no sector energético, enquanto a China poderá beneficiar da experiência e inovação de Portugal em energias renováveis e sustentabilidade.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteLGBT | Estudo recomenda políticas de saúde específicas para minorias Um estudo realizado por uma licenciada da Escola de Enfermagem do Hospital Kiang Wu aponta para a necessidade de criar políticas de saúde destinadas às minorias LGBTQ+. Os entrevistados para o estudo reportaram incompreensão e falta de adaptação do sistema de saúde às necessidades específicas dos utentes homossexuais ou transgénero Naquele que é o primeiro estudo sobre o acesso a cuidados de saúde por parte da comunidade LGBTQ+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Queer), Xin Lei Yang, licenciada em Enfermagem pela Escola Superior de Enfermagem do Hospital Kiang Wu, conclui que existem diferenças entre as necessidades destes utentes e os tratamentos e acompanhamentos disponibilizados pela comunidade médica e de saúde. A académica sugere a criação de políticas de saúde específicas para estas minorias, bem como cursos de formação para médicos, enfermeiros e pessoal da área sobre as necessidades concretas destes doentes. Refere-se a importância de “mais apoio em termos de referências médicas para os residentes sobre a comunidade LGBTQ+”, ou a implementação, nos hospitais públicos, de um guia de tratamento específico para homossexuais, bissexuais ou transgénero. É também sugerida a realização de mais formações específicas para médicos e enfermeiros. Além disso, Xin Lei Yang destaca que podem também ser adicionados mais conteúdos sobre cuidados médicos a aplicar a pessoas LGBT nos currículos de licenciatura em enfermagem. O estudo intitula-se “An exploration of LGBTQ+ People’s Experiences and Needs of Health Care in Macau using Interpretative Phenomenological Analysis (IPA)” [Exploração das Experiências e Necessidades das Pessoas LGBTQ+ no Sistema de Saúde de Macau usando a Análise Fenomenológica Interpretativa (IPA)] e foi apresentado no domingo. Referiu-se, assim, à “existência de diferenças entre os cuidados de saúde locais e as reais necessidades desta população”, nomeadamente casos de “conflitos”. Estas situações prendem-se com “falta de tolerância e incapacidade pessoal dos médicos em prestar cuidados de saúde” adequados para estas pessoas que, muitas vezes, podem não se identificar com o género sexual com que nasceram ou estar em processo de mudança de sexo, por exemplo. Como tal, o estudo sugere a “necessidade de implementar um sistema de cuidados de saúde mais próximo da diversidade de géneros”. A autora recomenda que seja criado “um completo mecanismo de referência” e potenciada “mais educação para o pessoal médico [sobre a área LGBTQ+], sendo fundamental “um ambiente de mais tolerância e sensibilidade cultural” quanto a estas matérias. A responsável aponta ainda para a importância de um “sistema de saúde próximo da comunidade LGBTQ+ que possa servir uma população divergente, com diversidade de géneros e diferentes orientações sexuais, que possa focar-se no respeito”. Em entrevista ao HM, Xin Lei Yang destaca que este tipo de situações, que categoriza como “micro-agressões”, não são mais conhecidos e discutidos porque estas pessoas optam por viver na sombra. No entanto, “existem actualmente em Macau alguns fenómenos de micro-agressões”, destacou. “Procurei perceber as necessidades e os sentimentos de grupo da comunidade LGBTQ+ na hora de consultarem um médico. O meu estudo conclui que uma parte dos inquiridos sentiu que o pessoal médico tinha alguma sensibilidade em relação as estas minorias, por isso foi possível criar relações de confiança. Assim, o meu estudo demonstra que existem boas e más experiências, e que, na busca por um médico, nem sempre houve casos de discriminação”, frisou. Desconforto em consulta A autora decidiu realizar a investigação quando foi abordada por um amigo LGBT que confessou estar angustiado por ter de procurar um médico, questionando-a sobre qual a especialidade que devia escolher. Xin Lei Yang recorda não ter conseguido responder às dúvidas apresentadas conforme os seus conhecimentos, pelo que tentou perceber como seria o mesmo cenário num consultório médico. “Os meus entrevistados descrevem alguns casos de micro-agressões de que foram vítimas, tal como os médicos não entenderem que eles têm uma sexualidade diferente, tratando-os como se fossem heterossexuais e cisgénero [identificação com o género sexual de nascimento]. Houve também certo tipo de olhares e toques que deixaram os entrevistados desconfortáveis” durante a consulta, apontou a autora do estudo ao HM. No estudo, apontam-se cenários de “paternalismo” por parte dos médicos em contexto da consulta quanto à autonomia do doente, a pouca formação específica para situações vividas pela população LGBT, a “falta de compreensão pelas necessidades de saúde da população LGBT” ou situações de “homofobia”. Além disso, foi reportado à académica a “falta de tratamentos” específicos para a população transgénero, nomeadamente na “área hormonal, cirurgias ou aconselhamento”. No trabalho não é mencionado se estas consultas decorreram no serviço público ou privado de saúde. Para este trabalho, a autora entrevistou apenas seis pessoas que assumiram pertencer à comunidade LGBTQ+, além de terem mais de 18 anos e residir em Macau. Outro critério para participar no estudo foi ter tido, no passado, uma experiência desagradável ou inesquecível, pelas más razões, no processo de acesso a cuidados de saúde no território. Os entrevistados dominam apenas a língua chinesa. Questionada sobre o uso desta metodologia, a IPA, e um baixo número de entrevistados, a autora lembrou a dificuldade primária em encontrar pessoas que se assumam como LGBT. “O estudo foca-se nas experiências vividas pelo grupo LGBT e as opiniões com base nas consultas médicas, e não na nossa verificação ou interferência. Segundo um estudo da Associação Arco-Íris de Macau, de 2019, 82,8 por cento das pessoas LGBT escondem a sua orientação sexual ou identidade de género, pelo que foi difícil encontrar entrevistados. O modelo IPA exige um número baixo de entrevistados, de quatro a seis, o que correspondia às características do nosso estudo.” Do grupo de entrevistados, cujas idades vão dos 18 aos 28 anos, existem três pessoas transgénero, dois homossexuais, dois bissexuais, uma pessoa que se identifica como pansexual [atracção pelas pessoas independentemente do género] e ainda uma pessoa não-binária [que não se identifica com nenhum género em particular, homem ou mulher]. As entrevistas tiveram uma média de 46 minutos, sendo que os entrevistados “prosseguiram as conversas sem interrupções ou bloqueios do foro emocional”. Que políticas criar? Tendo em conta que o estudo alerta para a necessidade de avaliar melhor a resposta a necessidades médicas por parte da comunidade LGBTQ+, para que haja uma melhor percepção dos casos de HIV no território, a mestre em enfermagem lança ainda ideias para futuras investigações. Ao nível das associações locais, é descrito que os Serviços de Saúde podem “providenciar recursos e serviços psicológicos para a comunidade LGBTQ+ e especificamente sobre as infecções por HIV”, a fim de “garantir um apoio sustentado” a estas minorias. Em termos académicos, é referido que são necessários mais estudos sobre estes grupos e também sobre a postura da comunidade médica em relação aos doentes com estas necessidades.
Andreia Sofia Silva EventosLisboa | Mahjong ensina-se na Casa de Macau A Casa de Macau em Lisboa vai passar a ensinar mahjong, o tradicional jogo chinês, tendo como professor o macaense Miguel Silva, membro da direcção. A iniciativa “Tardes de Mahjong” teve a primeira sessão no passado dia 1, numa tentativa de revitalizar as actividades da Casa e atrair mais pessoas Só se aprende a jogar mahjong jogando muito. Esta é a máxima de Miguel Silva, macaense que desde o dia 1 de Julho ensina este tradicional jogo chinês na Casa de Macau em Lisboa, numa iniciativa intitulada “Tardes de Mahjong”. A ideia é chamar mais pessoas à Casa e transmitir às novas gerações um jogo tão ligado à cultura chinesa e que é bastante comum em Macau e Hong Kong, jogando-se, muitas vezes, na rua, nomeadamente em alguns locais do Porto Interior, isto no caso de Macau. “Não há grandes desafios” no ensino deste jogo em Portugal, à excepção das peças com caracteres chineses, que impõe aos jogadores uma “dificuldade adicional”. É assim que Miguel Silva começa por falar da sua experiência como professor. “O mais complicado neste jogo é a quantidade de peças e naipes que o jogo tem. É um jogo que tem muitos detalhes e as pessoas têm de fixar tudo. É também um jogo de arranque, pois basta saber as regras fundamentais e a pessoa começa a jogar. Até pode cometer erros, mas isso não invalida que o jogo prossiga. Não há grandes desafios, e [o rumo de aprendizagem] depende sempre da boa vontade de quem quer aprender.” Miguel Silva, sendo macaense, viu jogar este jogo desde pequenino, mas só o aprendeu a sério quando terminou a licenciatura em Portugal e regressou à sua terra natal. “Nessa altura Macau não tinha os grandes casinos que tem hoje e a malta, para ocupar os fins-de-semana, passava as noites a jogar mahjong. Fui aprendendo.” Da versatilidade Miguel Silva destaca que o grande segredo do mahjong é ser “um jogo muito versátil”, pois “as regras podem ser convencionadas no início do jogo”. “Há duas modalidades, uma em que determinamos que, para ganhar, basta um ou dois pontos, e outra em que se ganha a partir dos três pontos. A diferença é que, na primeira modalidade, a pessoa não pensa e só quer formar o jogo o mais depressa possível, enquanto na segunda modalidade já é mais sério, implica pensar um pouco.” Aos jogadores cabe ter “uma grande capacidade de observação daquilo que os parceiros vão jogar, as peças que podem interessar, definir uma estratégia consistente”. Na primeira sessão, que teve casa cheia, não faltaram as perguntas típicas dos primeiros aprendizes. “Um dos meus formandos perguntou-me se poderia sacrificar o seu jogo para que o adversário não ganhe. Respondi que é uma estratégia válida, mas que, se seguirmos isso, a pessoa nunca vai conseguir formar o jogo e ganhar, o que torna tudo mais aborrecido.” O mahjong é também “um jogo de definição de estratégias que têm de ser flexíveis, em função do dia em que jogamos, se é de sorte ou de azar, e com quem jogamos. A estratégia vai sendo definida em função do estilo que os outros parceiros adoptam. Se tivermos pessoas que gostam de fazer grandes jogadas, nós acompanhamos.” Miguel Silva destaca o lado social do mahjong, jogo que se joga em casa e nunca no casino, pois o dinheiro circula apenas entre os jogadores. “Nos casamentos chineses a cerimónia ocupa o dia todo e os convidados aproveitam o tempo morto jogando mahjong no restaurante até à hora de jantar. É essa a grande vantagem do jogo, reunir as pessoas. Nos fins-de-semana as famílias juntam-se para jogar. A pessoa que ganha uma parada pode guardar parte do dinheiro para pagar o aluguer do espaço onde decorre o jogo ou pagar o jantar. É um jogo essencialmente social.” Miguel Silva deixa, porém, um alerta para aqueles que se querem aventurar a ganhar grandes quantias de dinheiro. “Quem quiser fazer fortuna pode sempre ir para outra sala jogar com estranhos, mas é bom que seja um mestre dos grandes, pois a probabilidade de perder é maior.” As inscrições para este evento devem ser feitas junto dos canais de comunicação habituais da Casa de Macau em Lisboa, sendo uma iniciativa gratuita. Porém, e tendo em conta as dificuldades financeiras que a entidade atravessa, como já foi noticiado, é pedida uma contribuição solidária por parte dos inscritos.
Andreia Sofia Silva SociedadeDeficiência | Desemprego piorou face a 2019 Hetzer Siu, presidente da associação Macau Special Olympics, dá conta de que o panorama de desemprego para portadores de deficiência está ainda pior do que no ano de 2019, ou seja, no período pré-pandemia. Ouvido pelo jornal Ou Mun, Hetzer Siu explicou que, apesar de a economia ter registado alguma recuperação, o foco manteve-se nas actividades ligadas ao sector do turismo, pelo que é difícil aos portadores de deficiência acederem a este tipo de trabalhos sem o tempo de formação adequado, pois têm mais dificuldades em realizar tarefas de forma rápida num curto espaço de tempo. O responsável apontou ainda que as pequenas e médias empresas locais não conseguem proporcionar acções de formação no local de trabalho, além de que muitos empregadores esperam que os portadores de deficiência sejam produtivos no imediato, mas a verdade é que depois de serem contratados deixam de ter formações. Outra questão mencionada por Hetzer Siu ao Ou Mun, prende-se com a falta de abrangência do cartão de registo de avaliação de deficiência do Instituto de Acção Social, uma vez que existem muitas pessoas com a formação feita em escolas de ensino especial, mas que não conseguem obter esse cartão por não cumprirem os requisitos, o que lhes aumenta as dificuldades no dia-a-dia.
Andreia Sofia Silva PolíticaPesca | Maioria de embarcações pediu certificado de navegação Praticamente todas as embarcações de pesca de aço existentes em Macau, 45 de um total de 47, pediram, desde 2019, certificado de estabilidade para navegação junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA). A informação consta numa resposta assinada por Susana Wong, directora da DSAMA, à interpelação escrita do deputado Leong Sun Iok. O pedido de certificado deve ser feito para “satisfazer as condições de navegação”. A DSAMA destaca que “após análise das informações técnicas, verificou-se que as mesmas cumpriram as condições de navegação de não exceder 120 milhas náuticas do Mar do Sul da China (não superior a 50 milhas náuticas da costa leste e sul da Ilha de Hainan)”. Além disso, Susana Wong deixou a promessa de rever os moldes do “Programa de Formação para Pescadores durante o período de defeso da pesca”, quando estes não podem pescar devido ao regime referido no mar do sul da China, o que afecta o seu sustento. “Tendo em conta as mudanças do ambiente socioeconómico, o montante do subsídio de formação atribuído já foi actualizado várias vezes. Actualmente, aos formandos que concluem a formação, é atribuído um subsídio máximo de dez mil patacas. O Governo irá continuar a acompanhar de perto o programa, mantendo uma comunicação estreita com o sector, procedendo à sua revisão em tempo oportuno”, lê-se ainda.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteKung Fu | Clube em Portugal celebra 22 anos com lançamento de livro O Clube de Kung Fu Hong Long – Escola de Artes Marciais Chinesas, situado em Oeiras, ensina há 22 anos uma arte que prepara corpo e mente para a competição e para a vida. Mário Lameiras, que treinou cinco anos com um mestre de Macau, é hoje carinhosamente apelidado de “Lam Sifu” e ensina miúdos e graúdos. No clube praticam-se também as danças do leão e dragão Mário Lameiras, “Lam Sifu” para os alunos (Sifu em chinês significa mestre, professor ou pessoa qualificada), está há muitos anos ligado não só às artes marciais chinesas como também à sua cultura. Depois de ter treinado cinco anos com o mestre Yin Chang Li em Macau, Mário Lameiras criou o Clube de Kung Fu Hong Long – Escola de Artes Marciais Chinesas, que há 22 anos existe em Portugal, mais concretamente em Oeiras. É aí que os alunos treinam o estilo tradicional de Kung Fu de Shaolin do Sul, região chinesa célebre pelos milenares treinos desta arte marcial. O treino pode começar a partir dos sete anos, sendo de “alto rendimento e com exercícios físicos e mentalmente exigentes”. São ensinadas as técnicas “TaoLu”, que transmitem o espírito marcial ao aluno, ou ainda as técnicas de combate, que incluem defesa pessoal. Os alunos são ainda ensinados a praticar a “Jiao Xu”, ou “Sombra”, uma técnica de combate com adversários imaginários, ou ainda o manuseamento de armas tradicionais chinesas, como é o caso da vara, espada, Kwan Dao e Pu Dao. Não faltam ainda treinos de Chi Kung e Qi Gong, nomeadamente ao nível dos exercícios respiratórios, “com o objectivo de promover a saúde”, lê-se na página oficial do clube. Em entrevista ao HM, o português Mário Lameiras não esconde o orgulho que sente pelo percurso do clube que ajudou a criar. Sifu Lam foi também o coordenador de material para um álbum fotográfico que recorda os melhores momentos dos 20 anos de existência do clube, que só agora é materializado em livro, após a adiamentos motivados por questões logísticas. “O clube produziu vários campões nacionais e atletas que representaram o país em competições internacionais. Temos uma vertente cultural com a divulgação das danças do leão e do dragão e já fizemos diversas apresentações em eventos, nomeadamente com a dança do leão que é a nossa especialidade”, contou. Mário Lameiras confessou ainda que a escola conta actualmente com 80 atletas e formandos, estando “numa fase de expansão”. O estilo dos “5 Animais” Mário Lameiras treinou artes marciais na China, mas a sua formação académica de base é na área do Direito. Contudo, o amor pela arte marcial levou-o a outros golpes, nomeadamente com diversas formações em medicina tradicional chinesa. Foi ainda, até 2022, presidente do conselho disciplinar da Federação Portuguesa de Artes Marciais Chinesas, bem como vice-presidente da Federação Portuguesa de Artes Marciais Chinesas entre os anos de 2006 a 2009, de 2012 a 2016 e depois até 2020. Mário Lameiras recorda os treinos com o mestre Yin Chang Li. “Ele veio para Lisboa de Macau nos anos 70. Emigrou muito cedo de Cantão para Macau. Em 1976, ainda eu era muito jovem, pois estava no liceu, comecei a treinar com ele. Na altura o grupo que o mestre Yin tinha era apenas com jovens chineses. Ele acabou por voltar para Macau nos anos 80.” “Lam Sifu” treinou ainda segundo o estilo do “Punho dos 5 Animais”, que se inspira “na biomecânica do Leopardo, Tigre, Garça, Serpente e Dragão”, e que em chinês tem como nome “Ng Yin Kuen / Wu Xing Quan”. Datam do século VIII as primeiras práticas deste estilo muito particular de treino. Trata-se de um estilo ” praticamente desaparecido”, que esteve na base dos treinos feitos nos templos de Shaolin, conhecidos pela dureza e exigência física imputados aos alunos. “Discute-se muito se terá existido, de facto, este estilo, mas existem provas, nomeadamente escritos de ocidentais que dão conta da sua existência. Conta a lenda que o ‘estilo dos 5 Animais’ era a base de preparação do treino do templo, mas que depois haveria vários estilos de especialização consoante o mestre que ensinava e o aluno que aprendia.” Mais do que treinar, Mário Lameiras aprendeu com o mestre “uma maneira de estar na vida”. “Era um ensino muito tradicional. Hoje em dia os instrutores de Kung Fu usam estilos mais modernos, ligados ao desporto, mas o ensino dele tinha uma vertente mais filosófica, com ideias muito importantes. O ponto principal é mesmo o aspecto humano e filosófico que esta arte envolve”, frisou. Altamente defensível Praticar Kung Fu não diz apenas respeita ao corpo, mas à mente. “Os valores do Kung Fu estão muito ligados a questões como auto-confiança, preparação física, defesa pessoal, um pouco os chavões associados à prática das artes marciais. Mas transmite também uma maneira racional e objectiva de ver a vida, afasta os medos e receios que as pessoas têm e todos esses bloqueios psicológicos.” “Lam Sifu” dá mesmo o exemplo de alunos que, sendo vítimas de bullying na escola, deixam de o ser. “Não porque comecem a bater em toda a gente, mas porque ganham uma atitude diferente em relação aos outros, deixando de ser vítimas. Essa parte filosófica, aliada aos treinos físicos, é muito importante. Também temos pessoas que apenas nos procuram pela parte física ou para ganhar medalhas, mas o Kung Fu tem mais para oferecer do que o lado desportivo.” Manuel Garcia, praticante de Kung Fu nesta escola há dois anos, descreve numa nota enviada ao HM a presença dos ensinamentos do mestre Yin Chang Li. “Já há muitos anos que regressou a Macau, numa época em que as comunicações não eram tão fáceis, perdendo-se a ligação à raiz. No entanto, o clube, composto maioritariamente por portugueses, desenvolve um trabalho contínuo por manter viva esta herança cultural.” Manuel Garcia destaca também o facto de o Kung Fu, apesar de “estar muitas vezes associado a desportos de combate ou a filmes de acção”, ser um símbolo de “uma cultura imaterial, de transmissão oral, muito importante de preservar”. “Esta associação procura fomentar os valores do Kung Fu tradicional em pleno, transcendendo a vertente marcial”, frisou. Também “Lam Sifu” defende que deveria haver uma maior preservação desta arte marcial e das histórias que traz consigo, destacando que, na China, é cada vez maior a aceitação social. “Em 2008 estive um mês na China e verifiquei que há cada vez mais uma aceitação dos valores tradicionais. As artes marciais chinesas são um legado cultural da humanidade que deveria ser preservado pela mais valia que trazem ao ser humano. Felizmente que a China tem aceite com mais facilidade o retorno deste tipo de cultura.” No Clube de Kung Fu Hong Long há ainda outros treinadores, todos discípulos de Mário Lameiras: Luís Moreira, actual presidente, começou a praticar artes marciais chinesas em 2007, possuindo a graduação de nível seis, ou seja, como aluno avançado, do estilo de Shaolin do sul. É também treinador de Wushu, outra modalidade chinesa de artes marciais. João Barroso começou os treinos em 2009, também ensina Wushu e é campeão nacional de Wushu Kung Fu, em “Formas de Armas”, distinção obtida em 2012. O tradicional é bom No website oficial da escola lê-se uma descrição do projecto em plena consonância com as práticas e ideias mais tradicionais do Kung Fu. “Não aceitamos a figura de Bodhidarma ou Tamo como patrono do Kung Fu. Aliás, até é duvidoso que tal personagem alguma vez tenha praticado artes marciais. E não usamos o nome de Shaolin em vão. A formação dos nossos praticantes inclui a abordagem da verdadeira evolução do Kung Fu, com a ajuda da metodologia científica da disciplina de História.” O Clube Hong Long disponibiliza “um treino duro que requer muita força de vontade”. “Não se fazem passagens administrativas nem exames pagos. A escola recusa qualquer escala de graduações que não seja o método tradicional das escolas chinesas. Não há cintos às cores, a não ser as faixas com a cor da escola. Os novos alunos entram para o primeiro nível e têm de mostrar empenho e progresso para ascenderem aos níveis imediatos”, é referido. A cerimónia de celebração do aniversário do clube decorreu este domingo em Oeiras.
Andreia Sofia Silva EventosMGM | “Summer Hype” mistura arte, cultura e retalho na Barra Chama-se “Summer Hype” e é o nome dado à nova série de eventos realizados na zona da Barra este mês, promovidos pela concessionária de jogo MGM. A arte e cultura são os convidados para criar nesta zona da península, junto ao templo de A-Má, um “distrito vibrante”. Para já, pode ser vista a instalação artística “BERTILO Drifts in Barra” e uma exposição para crianças oriunda do Centro Georges Pompidou Foi lançada, na sexta-feira, mais uma iniciativa cultural que pretende aliar o empreendedorismo, arte e cultura locais aos bairros históricos de Macau. A iniciativa “Summer Hype” agrega uma série de actividades culturais a fim de revitalizar a zona da Barra junto ao templo de A-Má, uma das mais visitadas pelos turistas e também um dos espaços históricos mais tradicionais de Macau. Segundo um comunicado da MGM, com a iniciativa “Summer Hype” pretende-se estabelecer uma sinergia com pequenas e médias empresas (PME) locais e “parceiros criativos”, transformando, assim, a zona da Barra “num centro vibrante repleto de actividades artísticas, de lazer e de comércio”. Destaque para a exibição, durante este mês, da instalação de arte pública com um insuflável cor-de-rosa intitulada “BERTILO Drifts in Barra”, que pode ser vista junto ao Museu Marítimo. Associados a esta instalação, estarão disponíveis na zona da Barra várias tendas com comidas e bebidas com o tema cor-de-rosa, nomeadamente gelados, bolos e outras iguarias, disponibilizados por empresas locais. Ainda este mês, será inaugurada a exposição “Mundo de Arte Fantástica do Centre Pompidou: Os Plantamouves”, no antigo Matadouro da Barra, recentemente revitalizado. Trata-se de uma colaboração entre a operadora de jogo, o Instituto Cultural e o Centro Georges Pompidou, em França. Segundo uma nota do MGM, esta exposição foi “especialmente concebida para crianças”, permitindo que estas, juntamente com os pais, criem “uma instalação de arte gigante vibrante utilizando luz, cor e linhas”. A mostra pretende ser “um espaço criativo que serve não só como um parque infantil, mas também como uma plataforma educacional interactiva para estimular o potencial artístico das crianças”. Destaque ainda para a organização, juntamente com a Associação de Ilustradores de Macau, do “Concurso de Design de Identidade Visual da Zona da Barra”, pretendendo-se “criar um sistema único de símbolos visuais para o bairro da Barra” através da “co-criação criativa da comunidade”. O concurso “visa revitalizar a história marítima e o património industrial da zona”. Expectativas de futuro Leong Wai Man, presidente do Instituto Cultural (IC), afirmou, no sábado, esperar que esta iniciativa conjunta dê uma nova vida à zona da Barra. “No passado os projectos de revitalização envolviam sobretudo o Governo e os proprietários. Agora, com o envolvimento da MGM e de uma variedade de PME, a revitalização da zona da Barra atingiu uma nova dimensão, permitindo uma cooperação mais aprofundada e modelos inovadores.” A presidente do IC destacou que, apesar da zona da Barra ser histórica, pode atrair “muitas possibilidades no futuro e acolher uma série de projectos criativos”. “Acredito que a futura revitalização deste espaço pode combinar elementos históricos e culturais com a injecção de elementos inovadores, conduzindo gradualmente esta zona para uma nova fase de vitalidade”, acrescentou. O cartaz de eventos do “Summer Hype” inclui ainda, em Agosto, a exposição de ilustração “Matsui’s – The Dog Exhibition”, organizada em parceria com a marca local “THE BIG APPLE”, que comemora em 2024 dez anos de existência no mercado da moda e do retalho. Assim sendo, apresenta-se, pela primeira vez em Macau, os trabalhos de Matsui, artista japonês. A zona da Barra terá ainda outros espaços temáticos em consonância com esta exposição.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteDaniel Cheng, autor de “How I built an Integrated Resort”: A ausência de um “plano abrangente” para a diversificação O analista de jogo e antigo executivo do sector dos casinos Daniel Cheng lançou, em Maio, o livro “How I Built an Integrated Resort” [Como Construí um Resort Integrado], um manual de boas práticas para operadores, investidores e académicos. O autor lamenta que o ónus da diversificação económica de Macau esteja nas concessionárias e aponta a falta um “plano abrangente” do Governo para atingir esse objectivo Porque decidiu lançar um livro sobre este tema? Um resort integrado é a resposta para o desenvolvimento futuro na área do turismo e lazer para muitas regiões? O conceito de resorts integrados ajudou a tornar o jogo em algo mais aceitável em muitas jurisdições, particularmente na Ásia. Especialmente em países e regiões que anteriormente evitavam a legalização dos casinos devido a preocupações sociais e de segurança, e que ultrapassavam os potenciais benefícios económicos. No entanto, muitos dos novos resorts funcionam apenas no nome, não cumprindo os verdadeiros princípios do conceito. Qual é, então, o resort integrado ideal em termos de confiança dos consumidores e de segmento de mercado? Há muitos preceitos fundamentais, mas o mais importante é uma visão partilhada que alinhe os objectivos macro do Governo e os objectivos comerciais dos operadores. Como encara actualmente o mercado de resorts integrados em Macau após as novas licenças de jogo? Quais são as hipóteses de expansão e modernização em relação ao que já existia? O novo regime de jogo de Macau procura realinhar o desfasamento entre a indústria e a visão do Governo, segundo a qual a “Macau 1.0” era meramente uma legitimação da antiga estrutura de jogo existente antes da liberalização do sector. Embora o valor económico do mercado sofra um golpe, principalmente devido à erradicação do sector dos jogos de fortuna e azar e de todos os seus elementos mais obscuros, o novo regime proporcionará uma estabilidade de longo prazo, mesmo que o sector volte a atingir os níveis de glória que rondavam os 50 mil milhões de dólares no passado. Acredita na diversificação do segmento não-jogo em Macau? Acredito, se for orientada pelo mercado. Actualmente, as seis concessionárias estão a investir em activos não relacionados com o jogo de acordo com as directivas da nova lei e não necessariamente com o objectivo principal de gerar receitas não relacionadas com o jogo. Esta situação poderá conduzir a atracções que não correspondem à procura do mercado, levando a que haja um exagero em torno da ideia de Macau ser um grande destino para o segmento não relacionado com o jogo [nas áreas do lazer e entretenimento]. Que diferenças pode apontar entre o modelo de resort integrado de Singapura, como o Marina Bay Sands, e as restantes jurisdições de jogo, tanto na Ásia como nos Estados Unidos? Se colocarmos Singapura e Macau lado a lado, e aplicarmos a lente de um consumidor, a distinção é clara, na medida em que as duas jurisdições possuem sistemas de “hardware” [infra-estruturas e empreendimentos] e “software” [modelos de negócio, sistemas] muito diferentes. No caso de Singapura, trata-se de um importante centro financeiro internacional e uma porta de entrada com uma população muito maior, e altamente qualificada. Enquanto a economia de Macau continua a depender quase exclusivamente dos casinos, Singapura tem uma economia que assenta numa vasta gama de sectores de actividade. O modelo de resort integrado não existe de forma isolada, mas insere-se neste tecido económico e social mais vasto. Assim, se fosse possível reproduzir o modelo do Marina Bay Sands para o Cotai, este não conseguiria atrair tantos visitantes devido às características subjacentes diferentes, além de que iria continuar a servir principalmente os visitantes do Interior da China. O modelo de resort integrado é uma variante do modelo existente em Las Vegas, onde há uma integração do entretenimento nas instalações do casino a fim de atrair segmentos mais vastos de clientes. O que o Governo de Singapura fez foi elevar o segmento não relacionado com o jogo ao mesmo nível do casino, introduzindo salvaguardas sociais. Embora os operadores de Macau e das Filipinas tenham posteriormente adoptado a designação de “resort integrado”, a verdade é que, nestes casos, são empreendimentos categoricamente diferentes, uma vez que são semelhantes aos resorts existentes em Las Vegas, onde o casino tem maior visibilidade e é o centro das atenções. Como vê a evolução do comportamento de consumo dos turistas chineses nos próximos anos, à medida que os mercados de jogo asiáticos se desenvolvem? Dada a enorme dimensão da China, é provável que o seu desenvolvimento económico continue a crescer a partir das áreas metropolitanas durante as próximas décadas. Este crescimento continuará a alimentar a economia de Macau num futuro previsível, dada a sua proximidade com a China, mesmo que a “Macau 2.0” não atinja a visão do Governo de transformar o território num centro mundial de turismo. À medida que os consumidores chineses se vão tornando mais sofisticados, os clientes dos segmentos “premium” e mais experientes passarão a deslocar-se a resorts integrados mais ao estilo de Singapura. Porém, o mercado [de jogo] irá continuar a ser suficientemente grande para sustentar resorts centrados em casinos, como é o caso das Filipinas. Acredita na diversificação económica de Macau como um todo, com a redução do peso do jogo? Concordo com a visão, mas tenho uma dupla posição em relação ao seu sucesso. Porquê? Há um claro desejo de Pequim manifestado na nova lei e licenças de jogo atribuídas. No entanto, o Governo de Macau não pegou nessa visão e não a articulou num plano abrangente, transferindo para as concessionárias o ónus de apresentação de ideias para atracções não relacionadas com o jogo. Este facto sugere que a missão de criar a “Macau 2.0” não é da responsabilidade de uma única entidade. Para agravar esta falta de responsabilidade exclusiva de uma só entidade, o sistema de “harware” turístico do pequeno enclave é limitado, além de que não há muito que se possa fazer em termos do desenvolvimento de novas atracções turísticas para aumentar o seu lado atractivo. Qual é o mercado de jogo asiático mais prometedor actualmente, além de Macau? Quer esteja em desenvolvimento, como a Tailândia, quer já esteja a funcionar em pleno. O Japão e a Tailândia têm ambos um potencial fantástico. No entanto, o seu sucesso depende, em grande medida, do quadro regulamentar e da execução. Já assistimos a alguns erros do Japão e espero que as autoridades tailandesas tenham observado atentamente o desenvolvimento da região nos últimos 20 anos. Se adoptarem as melhores práticas e evitarem os erros do passado, poderão maximizar o seu potencial.
Andreia Sofia Silva EventosIC | Primeira edição do Festival Internacional de Artes para Crianças arrancou ontem Estão aí os primeiros espectáculos relativos à primeira edição do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau. A iniciativa organizada pelo Instituto Cultural traz, até domingo, a peça de teatro infantil “A Lua numa Caçarola”, da companhia La Petita Malumaluga, de Espanha. Segue-se, na próxima semana, a peça “Laika”, da companhia espanhola Teatro Xirriquiteula Já começou a primeira edição de um festival recheado de eventos destinados a crianças, mas também aos graúdos que as acompanham. O Festival Internacional de Artes para Crianças teve ontem a sua primeira exibição, que se apresenta até domingo. Trata-se da peça de teatro infantil “A Lua numa Caçarola” da companhia espanhola La Petita Malumaluga. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), entidade promotora do evento, trata-se de um espectáculo que combina “música, dança, teatro e efeitos especiais”, sendo indicado para crianças a partir de um ano de idade. Assim, estas poderão “explorar os recantos mais emocionantes da lua através de uma abordagem interactiva”. Existem vários horários disponíveis para assistir a este espectáculo, que se apresenta no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM). Com cerca de 40 minutos de duração, o espectáculo tem “a felicidade como ingrediente principal para a autodescoberta”, convidando as famílias a sentarem-se em palco com os mais pequenos. Depois, usa-se uma “poção mágica para ‘borrifar’ meninos e meninas nas suas novas abordagens ao teatro infantil”. Esta companhia é considerada uma das pioneiras nas artes performativas para os mais pequenos, tendo “espalhado a sua visão artística e imaginação pelo mundo fora, actuando em alguns dos maiores festivais e salas de teatro”. A companhia espanhola já fez um espectáculo intitulado “Beatles para Bebés”, que passou por Macau. Mas desta vez, é altura dos mais pequenos se deslumbrarem “com os segredos de uma bonita e misteriosa lua”. Laika em Moscovo Na próxima semana, nomeadamente nos dias 13 e 14 de Julho, é apresentada a peça “Laika”, também de uma companhia espanhola, o Teatro Xirriquiteula. “Recorrendo a várias formas de expressão artística, como teatro de sombras, fantoches e montagem cinematográfica, o espectáculo levará o público através do túnel do tempo até à década de 1950 para uma experiência histórica animada, adequando-se a qualquer pessoa a partir dos quatro anos de idade”, descreve o IC. A história de “Laika” passa-se em Moscovo, Rússia, em 1957. “Laika” é uma “cachorrinha vadia, inteligente e gentil” que “após completar o treino num programa espacial, recebe um bilhete para ir ao espaço”. A sua missão é “explorar e desvendar os mistérios das estrelas cintilantes que adornam o céu nocturno”, sendo que, “ao embarcar nesta viagem interestelar, Laika marcará o seu nome na história como o primeiro ser vivo a aventurar-se no grande desconhecido cósmico”. Esta é a primeira iniciativa do género, em formato de festival, apenas dedicado aos mais pequenos. Com duração até Agosto, inclui, além dos espectáculos, um festival de cinema, que decorre na Cinemateca Paixão, bem como workshops que convidam toda a família a participar. Para o IC, trata-se de “um programa de actividades emocionantes”. O IC quer também estimular o interesse dos mais novos pela leitura, com foco nos livros artísticos, pelo que a Livraria para Crianças, num formato “pop-up”, ou seja, temporário, estará aberta todos os fins-de-semana durante este mês no DOT ART, no primeiro andar do Centro Cultural de Macau. Incorporando elementos de um parque de diversões, a livraria incluirá mais de 200 géneros de livros ilustrados, para jovens leitores, com imagens, cartilhas e outros produtos culturais e criativos de mais de dez países e regiões. Haverá também dispositivos para fotografias e uma área de leitura para pais e filhos, onde pequenos e graúdos poderão desfrutar juntos da leitura. Estão programados 20 workshops, num total de 60 sessões, “proporcionando às crianças e aos seus pais a oportunidade de participarem em diversas actividades, incluindo música, teatro, pintura e dança”. Um deles é o “Alma Musical”, exclusivo para adolescentes e destinado a promover o prazer da música através de expressões como a representação, canto e dança. Haverá ainda o workshop “Dança Conexão Corpo-Mente”, destinado aos mais idosos, que, assim, são convidados “a mover o seu corpo e a revelar o seu charme”. Para estas actividades é necessário fazer inscrição na plataforma “Conta Única de Macau”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeIPIM | Jackson Chang condenado a mais três anos de prisão O antigo presidente do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau, Jackson Chang, foi condenado, em Segunda Instância, a uma pena de prisão efectiva de oito anos, apesar de ter sido absolvido de três crimes de abuso de poder. Na Primeira Instância, a condenação, em 2022, foi de cinco anos Jackson Chang, também conhecido por Cheong Chou Weng, antigo presidente do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM), viu a pena de prisão aumentar com a avaliação do seu recurso por parte do Tribunal de Segunda Instância (TSI). Segundo o acórdão ontem divulgado, o arguido passa a ser condenado a uma pena de prisão efectiva de oito anos, por cúmulo jurídico, mais três anos em relação à condenação decretada no segundo julgamento do Tribunal Judicial de Base (TJB), em Maio de 2022. Nessa altura, o antigo dirigente foi também condenado por três crimes de abuso de poder, em autoria material e forma consumada, sendo agora absolvido pelo TSI desses crimes. Porém, o recurso foi negado no que diz respeito aos crimes de corrupção passiva e prática de branqueamento de capitais. O TSI decidiu, assim, condenar o antigo presidente do IPIM pelos quatro crimes de corrupção passiva para acto ilícito, aplicando-lhe uma pena de três anos e três meses de prisão por cada crime. Jackson Chang foi ainda condenado por três crimes de branqueamento de capitais, dois deles em co-autoria e de forma consumada, a dois anos de prisão por cada crime. Além disso, o arguido foi também “condenado pela prática de três crimes de inexactidão dos elementos, na pena de sete meses de prisão cada”. Recorde-se que, no julgamento repetido no TJB, em Maio de 2022, Jackson Chang tinha sido condenado a um crime de corrupção passiva, três crimes de branqueamento de capitais e ainda três crimes de abuso de poder. Empresário condenado O TSI rejeitou ainda o recurso apresentado pelo arguido Ng Kuok Sao, condenando-o a 24 anos de prisão efectiva pela prática de quatro crimes de corrupção activa, três crimes de branqueamento de capitais, um crime de associação criminosa e de 23 crimes de falsificação de documento. Desta forma, aumenta a pena aplicada em um ano de prisão face ao segundo julgamento no TJB. Recorde-se que ficou provado que Ng Kuok Sao, empresário, criou uma associação criminosa juntamente com a mulher, Wu Shu Hua, para vender autorizações de fixação de residência em Macau. Os crimes de que é acusado o antigo presidente do IPIM também estão relacionados com a atribuição de Bilhetes de Identidade de Residente de forma ilícita. Também o Ministério Público recorreu da segunda decisão do TJB, juntamente com os arguidos Ng Kuok Sao e Jackson Chang.
Andreia Sofia Silva SociedadeCTM | Obras na via pública danificam ligações de internet A Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) emitiu ontem um alerta sobre os estragos causados às instalações subterrâneas de telecomunicações devido à realização de obras nas vias públicas. Mais concretamente, o comunicado destaca os casos recentes, ocorridos entre o mês passado e ontem, em que cabos de fibra subterrâneos foram danificados devido a trabalhos de construção de estradas junto à Ponte 6B e Ponte 5B, no Porto Interior, na Rua das Lorchas e Rua do Comandante João Belo. A CTM diz ter enviado equipas técnicas aos locais assim que os incidentes foram reportados para proceder a trabalhos de reparação para que as ligações de internet voltassem à normalidade. A concessionária defende também que os empreiteiros devem “supervisionar as operações e reforçar a formação para evitar causar danos às instalações do serviço de utilidade pública, acabando por afectar a vida quotidiana dos residentes”. É também pedida a intervenção do Governo, para que exija “aos empreiteiros que supervisionem os trabalhos de construção com orientações cuidadosas e minuciosas para garantir a integridade das instalações de serviços públicos, com o objectivo de proteger os interesses do público em geral”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTUI mantém condenações no caso Suncity O Tribunal de Última Instância (TUI) decidiu manter todas as penas aplicadas aos arguidos do caso Suncity, antiga empresa de promotores de jogo liderada por Alvin Chau. Segundo o acórdão ontem divulgado, foram negados os recursos apresentados por Alvin Chau, Si Tou Chi Hou, Cheung Yat Ping Ellute, Ali Celestino, Cheong Chi Kin, Chau Chun Hee, Lou Seak Fong, Wong Pak Ling Philip e Leong Su Weng relativamente às penas decididas pelos juízes da Segunda Instância. Desta forma, Alvin Chau terá mesmo de cumprir a pena de 18 anos de prisão, seguindo-se a pena de dez anos de prisão para Si Tou Chi Hou, outros dez anos para Cheung Yat Ping Ellute, 12 anos e seis meses de prisão para Ali Celestino, Cheong Chi Kin, Chau Chun Hee e Philip Wong Pak Ling, enquanto Leong Su Weng terá mesmo de cumprir a pena de nove anos de prisão. O arguido Lou Seak Fong terá ainda de cumprir a pena de 12 anos e três meses de prisão a que foi condenado. Compensação de quase 25 milhões Destaque também para o facto de o TUI ter revogado a decisão do TSI no que diz respeito ao valor compensatório a pagar à RAEM por parte de todos os arguidos. Assim, deverá ser pago o montante de 24.865 mil milhões de dólares de Hong Kong pelos “produtos ilícitos obtidos através da exploração ilícita de jogo”. Foi ainda revogada a decisão do TSI “na parte em que condenou os arguidos no pagamento solidário à RAEM das vantagens obtidas através das actividades de branqueamento de capitais”. Mantêm-se ainda as restantes decisões do TSI, nomeadamente a que obriga Alvin Chau a prestar uma caução económica mínima de 6,5 mil milhões de dólares de Hong Kong, bem como o arresto de contas bancárias e bens imóveis que o arguido possui juntamente com a empresa “Sawalana Limited” em Londres.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeVila da Taipa | Novos investimentos em turismo e lazer até 2025 A Sniper Capital, empresa de investimentos imobiliários, anunciou ontem a aposta em seis novos projectos ligados às áreas da restauração, lazer e turismo no coração da vila da Taipa, que deverão estar concluídos até 2025. Trata-se de mais 50 mil pés quadrados de área comercial com “amplos terraços ao ar livre”, onde o retalho também tem lugar A histórica vila da Taipa vai receber, até 2025, seis novos empreendimentos ligados às áreas da restauração, retalho e lazer, com um total de 50 mil pés quadrados. Os projectos devem-se ao investimento da empresa de investimentos imobiliários Sniper Capital, que anunciou ontem esta aposta onde se promete revitalizar alguns espaços desta zona antiga e um dos pontos centrais para quem visita o território. Segundo um comunicado ontem divulgado, “os novos empreendimentos apresentam amplos terraços ao ar livre” e espaços “concebidos tanto para operações de restauração e bebidas como de retalho”, sendo inspirados “na rica história mercantil da vila da Taipa”. Um dos projectos consiste num edifício espelhado de cinco andares, localizado numa pequena rua da vila, que irá disponibilizar lojas e restaurantes, com 30 mil pés quadrados de dimensão. Seguem-se mais cinco projectos em outras zonas da vila da Taipa com um total de 20 mil pés quadrados. Design e história Apesar de assumirem a inspiração na história de uma zona tão visitada em Macau, a Sniper Capital explica que estes novos empreendimentos terão “um design mais contemporâneo, proporcionando áreas comerciais luminosas e espaçosas, bem como terraços abertos e arejados que visam atrair marcas e estabelecimentos que procuram espaços operacionais atraentes e flexíveis”. Esta não é a primeira vez que a Sniper Capital investe na vila da Taipa, tendo-o feito já em parceria com a Taipa Village Destination. Pamela Chan, directora-geral desta entidade, destacou, citada pela mesma nota, que “os últimos empreendimentos representam um investimento substancial no futuro da Vila da Taipa”. A responsável não esqueceu a proximidade ao Cotai. “As nossas propriedades foram cuidadosamente seleccionadas para satisfazer os visitantes que afluem à vila da Taipa. Com o espaço adicional que os nossos projectos estão a trazer para a área, combinado com o aumento de visitantes mais jovens a este bairro vibrante, a vila da Taipa está preparada para uma década emocionante, à medida que continua a evoluir como um dos principais destinos de Macau.”
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaSaúde | Pedidas mais medidas de controlo da covid longa Os efeitos adversos e prolongados da covid-19 é o tema da nova interpelação de Leong Sun Iok. O deputado entende que os Serviços de Saúde de Macau devem aplicar medidas eficazes para controlar sintomas e patologias que continuam a manifestar-se após a infecção, numa situação chamada de “covid longa” Leong Sun Iok está preocupado com a forma como as autoridades de saúde estão a lidar com os casos de covid longa, ou seja, quando há sintomas e patologias decorrentes de casos de covid-19 em residentes. Numa interpelação escrita enviada ao Governo, o deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) destacou que há muitas pessoas a queixarem-se de sintomas prologados após deixarem de ter covid-19, questionando os Serviços de Saúde de Macau (SSM) sobre como estão a lidar com a situação. “O Governo está a seguir as práticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do país em relação ao tratamento das sequelas da covid-19, para que haja um estudo, acompanhamento e conhecimento da situação da população? Que medidas de resposta tem o Executivo?”, questionou. O deputado cita mesmo informações da OMS que referem como sintomas mais comuns de covid longa, nomeadamente fadiga persistente, dificuldades respiratórias e de concentração, dores musculares e articulares, distúrbios do sono, ansiedade e depressão. E as crianças? Leong Sun Iok lembrou que, no caso das crianças, estas podem continuar a registar sintomas do foro respiratório depois de terem covid, pelo que, para o deputado, cabe às autoridades prestarem mais atenção aos casos de covid longa, lançando tratamentos adequados. O responsável destaca a possibilidade de ocorrência de outras infecções respiratórias que se sobrepõem aos sintomas de covid longa, como é o caso da gripe, e que podem originar sintomas mais graves nos doentes e maior tempo de recuperação. Neste sentido, Leong Sun Iok questiona-se sobre a actual situação de casos covid-19 na sociedade. “Como está a prevalência de covid-19 em Macau agora? Quais os sintomas principais registados?”, interpelou. De destacar que vários países do mundo continuam a registar um elevado número de casos covid, embora já com muito menos mortalidade em relação aos primeiros tempos de descoberta da pandemia. Em Portugal, desde finais de Maio que se regista um aumento do número de casos. Os dados oficiais mostram que a 14 de Junho ocorreram 616 infecções, o número mais elevado desde 8 de Setembro de 2023, quando se registaram 629 casos. Por sua vez, no passado dia 26 de Junho morreram 18 pessoas, considerado o número mais alto desde 15 de Julho de 2022, dia com 24 óbitos.
Andreia Sofia Silva SociedadeLisboa | Restaurante “Patuá” fecha portas O restaurante “Patuá”, localizado em Lisboa e que servia comida macaense, fechou portas devido ao aumento da renda do espaço. A notícia foi divulgada pelos proprietários nas redes sociais. “Caros comensais. É com muita tristeza que o Patuá fecha permanentemente. Queremos agradecer todas as vezes que vieram, os amigos que trouxeram, o bocadinho das vossas vidas que partilharam connosco e o carinho que nos deram e fizeram, connosco, o Patuá acontecer. Como costumamos dizer, ‘sobrevivemos à covid-19, mas não sobrevivemos à especulação imobiliária'”, pode ler-se. Numa entrevista realizada em 2021 com o HM, Francisco Rodrigues e Daniela Silvestre falavam dos segredos do espaço e de como queriam contribuir para a preservação da gastronomia macaense. Francisco Rodrigues, com família macaense, mas que nunca viveu em Macau, trazia aos clientes sabores exóticos para uns, bem conhecidos de outros. Na rua Ilha de São Tomé, eram servidos o tradicional minchi, mas também caril de quiabos ou bacalhau macaísta, entre tantos outros.
Andreia Sofia Silva EventosGalaxy | Exposição “Eggspression” para ver até Outubro A galeria GalaxyArt apresenta, até Outubro, uma exposição fora do comum que mostra ao público de Macau trabalhos do artista holandês Henk Hofstra e instalações da “The Egg House”, em Nova Iorque. “Eggspression” pretende ser uma “experiência de arte imersiva” Os ovos são os protagonistas da nova exposição de arte apresentada pela operadora de jogo Galaxy desde o dia 28 e que pode ser vista até 7 de Outubro. “Eggspression”, ou a “expressão do ovo” promete ser uma “experiência de arte imersiva” que apresenta trabalhos internacionais: por um lado, as instalações públicas do artista holandês Henk Hofstra e, por outro, as obras da “The Egg House”, localizada em Nova Iorque. Citado por um comunicado, Kevin Kelley, ligado à “GalaxyArt”, disse que esta mostra “é mais uma demonstração da visão e intenção” da operadora de jogo em relação aos sectores da cultura e turismo. “Os ovos são um alimento comum em diversas culturas. Esta exposição amplia objectos do quotidiano, lembrando-nos que a arte está presente nas nossas vidas diárias”, adiantou. Também segundo a mesma nota, o artista holandês explicou o conceito criativo por detrás das suas obras. “Todos os meus projectos têm algo a ver com a forma como vemos as coisas, o que está a acontecer, de onde vimos, o que fazemos e o que fazemos com o nosso planeta.” No caso das instalações da “The Egg House”, já passaram por Los Angeles e Xangai. “Estamos entusiasmados por trazer a Casa a Macau, uma cidade conhecida pelo seu rico património cultural e mistura dinâmica de tradições. A energia única de Macau e o seu apreço pela criatividade fazem dela o cenário perfeito para a nossa exposição”, disse Vivian Cai, directora artística da galeria. Assim sendo, “Eggspression” gira em torno “de ovos que simbolizam a vida, novos começos, bem-estar ou sabedoria”, entre tantos outros conceitos, “estimulando-se a contemplação da arte, da vida e do mundo, bem como a sua ligação íntima”. Peças e instalações A obra que compõe a primeira parte da mostra, da autoria de Henk Hofstra, intitula-se “Eggs Fall from the Sky”, tratando-se de “uma obra-prima” que, pela primeira vez, é apresentada em Macau. “A enorme instalação ‘Ovo Ensolarado’ não só é visualmente impressionante como também tem como objectivo sensibilizar para o aquecimento global. Assemelhando-se ao sol, estas instalações oferecem aos visitantes o calor da luz solar na Galaxy Promenade e na GalaxyArt na estação do Verão”, é descrito. Hofstra apresenta ainda outra instalação intitulada “Loving Birds”, uma “instalação única em forma de ovo, adornada com ovos em forma de coração, pétalas de flores, nuvens e árvores”. Trata-se de uma peça que sublinha “a importância da vida, do amor, da integridade e da energia positiva”. Henk Hofstra tem transformado, ao longo da sua carreira, objectos simples do quotidiano “em cativantes instalações de arte pública em grande escala”. Já expôs em cidades como Roterdão, São Paulo ou São Petersburgo, ou ainda Pequim e Wuhan. “As criações de Hofstra abrangem diferentes temas, incluindo animais, plantas e paisagens. Apresenta frequentemente o seu trabalho de forma inovadora e surpreendente, incentivando as pessoas a explorar o mundo a partir de novas perspectivas e a reflectir sobre questões importantes”, aponta a organização. A segunda parte desta exposição traz as instalações da “The Egg House”, que não é mais do que uma “experiência multisensorial criada por Biubiu Xu juntamente com um grupo de jovens artistas e designers de Nova Iorque”. Nesta parte da exposição apresenta-se “Ellis”, nome dado a um ovo que “evoca a história de ‘As Aventuras de Alice no País das Maravilhas'”. Aqui, “os artistas misturam engenhosamente elementos do ovo no hall de entrada, na sala de estar, no quarto, na cozinha e até na casa de banho, enchendo cada canto de surpresas e transformando o ovo vulgar em algo extraordinário”. Assim, nesta espécie de casa, “os visitantes podem interagir com as peças expostas e mergulhar numa atmosfera alegre partilhada com amigos e familiares, tornando-a um local imperdível para fotografias”. Além da exposição propriamente dita, há actividades paralelas, como menus inspirados no tema da “Eggspression” em oito restaurantes no empreendimento Galaxy Macau, bem como sorteios e workshops temáticos a ter lugar na própria GalaxyArt.
Andreia Sofia Silva SociedadeDinheiro | Combate a casas de câmbio pode afectar fluxo financeiro Vitaly Umansky, analista de jogo da Seaport Research Partners, emitiu uma nota esta segunda-feira onde alerta para o impacto negativo do combate que se avizinha às casas de câmbio, locais onde muitas vezes acontecem trocas ilegais de dinheiro. Segundo noticiou o portal Macau News Agency (MNA), este combate pode afectar o fluxo de dinheiro que circula no território, bem como levar a um adiamento das viagens a Macau. “Muitas dessas redes recorrem à criptomoeda para transferência de dinheiro (algo que ganhou maior atenção das autoridades na China) juntamente com actividades de agiotagem”, escreveu o analista. Vitaly Umansky apontou ainda que Macau “tem registado um aumento da actividade criminosa relacionada com a troca ilegal de dinheiro ao longo do último ano. Este problema foi elevado a um nível nacional em conjunto com as autoridades chinesas que analisam o uso contínuo de criptomoeda para mover dinheiro para fora da China, não estando necessariamente vinculado a Macau”. Esta repressão às casas de câmbio pode acontecer “nos próximos um ou dois meses”, sendo que se espera uma diminuição a curto prazo. “Esperamos que a liquidez em Macau não seja significativamente afectada a médio prazo”. No início de Junho, a agência de notícias oficial chinesa Xinhua avançou que o Ministério da Segurança Pública da China organizou “uma reunião especial de trabalho a nível nacional” dedicada ao câmbio ilegal em Macau. A tutela da segurança alertou que a escala dos grupos dedicados a esta actividade “cresceu rapidamente” nos últimos anos, “graças aos enormes lucros” vindos não apenas da troca de dinheiro, mas também da usura, o empréstimo de dinheiro a juros muito elevados.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeADM | Cantina volta a funcionar em período experimental O serviço de cantina volta hoje a funcionar na sede da Associação dos Macaenses, na Rua do Campo, mas apenas para sócios. Suspenso devido à pandemia, por ser incomportável à entidade lidar com os custos, o serviço de refeições regressa de forma experimental até ao dia 16 e com um limite de pratos A Associação dos Macaenses (ADM) começa a servir, a partir de hoje e até ao dia 16, refeições na cantina, localizada na sede da entidade, na Rua do Campo. Segundo uma nota de imprensa assinada por Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM, a cantina irá funcionar durante um período experimental de dez dias úteis, terminando na terça-feira, dia 16, com um limite de 25 refeições por dia a 85 patacas cada prato. Na referida nota, Miguel de Senna Fernandes destaca que a reabertura da cantina “corresponde a um importante anseio” dos sócios da ADM. “Como o tempo do fecho da cantina foi considerável, e encontrando-se renovada a equipa da cozinha, torna-se necessário testarmos tudo, desde os custos por refeição e os sabores que a nova cozinha irá apresentar”, bem como “a capacidade da nova equipa para dar corpo ao serviço de cantina, antes da retoma normal do serviço”, o que explica o período experimental. O presidente da ADM acrescentou que foram convidados sócios “que têm sido regulares nos almoços antes do encerramento anterior” para voltarem a frequentar a cantina nesta nova fase. “Tal medida não pretende discriminar ninguém, mas serve apenas para atingir os objectivos para os quais será feita a experiência. Os sócios regulares podem dar-nos um contributo importante para isso”, frisou. Sem “tapao” Miguel de Senna Fernandes aponta ainda que o custo de 85 patacas por refeição poderá sofrer ajustes “consoante os custos inerentes”, além de que “o menu pode sofrer modificações de última hora, sem pré-aviso”. Está também afastado, para já, o serviço de “tapao” [takeaway]. O responsável adianta que, no futuro, “a cantina estará aberta para sócios e convidados”. “Procuraremos formas de alargar o universo de utentes. Neste momento experimental não aceitamos reservas no próprio dia, mas sim até às 15h do dia anterior”, explicou. O presidente da ADM destaca ainda que a reabertura da cantina, depois de um longo período encerrada devido à pandemia e consequente impacto nos custos, é importante para a vida da comunidade macaense. “A reabertura da cantina é algo fundamental para a retoma da vida social na sede, o núcleo do convívio macaense”, rematou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCCAC | Chefe de departamento de empresa recrutou mediante subornos Um quadro de uma empresa da área do turismo e lazer terá alegadamente recebido 190 mil renminbis em subornos exigidos a cidadãos do Interior da China que pretendiam trabalhar em Macau e que foram recrutados como administradores de bens. Uma investigação do Comissariado contra a Corrupção aponta para um caso de corrupção no sector privado O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) divulgou ontem dados sobre mais um caso de alegada corrupção no sector privado, nomeadamente numa empresa de turismo e lazer. O processo de investigação arrancou graças à denúncia apresentada por um cidadão, aponta o CCAC em comunicado. O homem indicou que o chefe de departamento de gestão da empresa estaria a recrutar pessoas do Interior da China que pretendiam trabalhar em Macau. Neste caso, eram contratados como ecónomos, ou administradores de bens, pagando por isso “comissões de recomendação” que atingiram o total de 190 mil renminbis. O CCAC diz ter descoberto que “o chefe de departamento envolvido no caso era responsável pelo recrutamento do pessoal, entre outros assuntos”, e que, desde o ano passado procurava, juntamente com a namorada, com quem vivia, e outro intermediário, “residentes do Interior da China interessados em vir trabalhar para Macau, atraindo-os com a ideia de ‘não ser necessária nenhuma entrevista’ ou com o ‘ingresso directo’, cobrando a cada um deles uma ‘comissão de recomendação’ de 15 mil a 25 mil renminbis”. Desta forma, o homem conseguiu “ajudar pelo menos nove residentes do Interior da China no referido ingresso com sucesso”. Sem qualificação A mesma nota dá conta de que as pessoas recrutadas para Macau não tinham qualificações e ainda assim dispuseram de acesso directo à empresa, uma vez que foram contratadas “sem necessidade de participar em entrevistas”. “Alguns deles não reuniam sequer os requisitos mínimos de habilitações académicas ou eram analfabetos, o que violou manifestamente os requisitos e as regras de ingresso definidos pela referida empresa”, aponta o CCAC. No processo de investigação o CCAC diz ter notado interferências para “encobrir o facto de terem sido recebidas ‘comissões de recomendação'” através da “destruição de provas”. Tal levou “os restantes trabalhadores envolvidos a encobrirem a respectiva situação”. Desta forma, o chefe de departamento da empresa, a namorada e o intermediário são suspeitos da prática do crime de corrupção passiva no sector privado. Além disso, os restantes nove residentes do Interior da China que foram contratados são suspeitos da prática do crime de corrupção activa no sector privado. O caso foi encaminhado para o Ministério Público para posterior investigação. Na mesma nota, o CCAC destaca que “este é o segundo caso de corrupção no sector privado recentemente descoberto, pelo que se apela mais uma vez à sociedade para ser íntegra e cumprir a lei”.
Andreia Sofia Silva SociedadeViolência doméstica | Homem detido por bater na esposa Um residente foi detido por bater na mulher que, alegadamente, o traiu, forçando-a a pedir desculpa. Segundo o jornal Ou Mun, foi a própria vítima que denunciou o caso de agressão, ocorrido em Junho. Numa noite, ao voltar para casa depois de ter estado numa festa, o homem acusou a mulher de ter um amante, dando-lhe socos e pontapés e tirado-lhe a roupa. Posteriormente, o homem exigiu que a mulher se colocasse de joelhos diante dele, confessasse a traição e pedisse desculpa. O homem amarrou depois a esposa com um cabo de telefone fixo e tapou-lhe a boca com um pano, agarrando-a a fim de fazer com que esta batesse com a cabeça num banco de madeira. Todos estes actos de violência terão sido filmados. A Polícia Judiciária (PJ) recebeu a denúncia através do Corpo de Polícia de Segurança Pública. Foi aí que as autoridades descobriram que, desde 2022, o homem atacava muitas vezes a mulher devido a questões familiares. A mulher chegou a chamar a polícia no ano passado, mas desistiu da queixa. Novas agressões ocorreram mais recentemente, mas a mulher nunca apresentou queixa por querer manter o casamento e a relação familiar. O caso foi agora encaminhado para o Ministério Público, sendo o homem suspeito da prática de gravações ilícitas e do crime de violência doméstica. A fim de proteger a vítima e demais pessoas envolvidas no caso, a PJ não divulgou dados sobre a identidade do suspeito.
Andreia Sofia Silva PolíticaCódigo Registo Civil | Alterações em vigor desde segunda-feira Entraram esta segunda-feira em vigor as alterações ao Código do Registo Civil que se encontra implementado em Macau desde 1 de Novembro de 1999, cerca de um mês antes da transição. Assim, uma nova lei que altera o referido código visou “concretizar a simplificação, optimização e electronização do processo de registo”, descreve uma nota do gabinete do secretário para a Administração e Justiça, André Cheong. Desta forma, “irá reforçar-se a colaboração e a interligação de dados entre a Conservatória do Registo Civil e os hospitais e serviços públicos”, além de se “simplificar o processo de pedido e redução do número de documentos necessários a apresentar”. Assim sendo, promove-se “a electronização dos procedimentos e serviços de registo”, a fim de “facilitar a vida da população e elevar a eficiência administrativa”. Uma das alterações prende-se com a concessão de “competência funcional aos notários privados para a celebração do casamento” fora da Conservatória do Registo Civil, tratando-se depois o registo do casamento neste local. Foi ainda cancelado o boletim de nascimento, conhecido como “cartão branco” e o boletim de óbito, “sendo gratuita para o requerente a primeira emissão da certidão pela Conservatória do Registo Civil. Foi também criada a “interligação de dados com os hospitais locais, pelo que os residentes não necessitam de se deslocarem à referida Conservatória para tratamento do registo de óbito”. Na mesma nota, é referido que serão lançados, em breve, os “Serviços Integrados de Casamento” e “Serviços Integrados de Nascimento” disponibilizados na plataforma da “Conta Única de Macau”. Pretende-se, com esta medida, digitalizar por completo o registo de nascimento e pedido de casamento.