UNESCO | Eixo Central de Pequim reconhecido como Património Mundial

Criado no século XIII, o Eixo Central de Pequim atravessa o centro da capital chinesa e define a sua ordem ideal. O conjunto foi classificado como Património Mundial da UNESCO, tal como o “Deserto de Badain Jaran – Torres de areia e lagos”, no noroeste do país. Xi Jinping destacou a importância da protecção do património e da história cultural do país

 

A lista do Património Mundial da UNESCO foi alargada recentemente com a inclusão de três marcos patrimoniais chineses, entre entradas de outros países, que não só contam parcialmente a história do país como da própria capital chinesa, Pequim. Uma das entradas na lista de património de interesse mundial foi o Eixo Central que atravessa todo o centro da cidade, estabelecido pela primeira vez em 1271, contendo um conjunto de palácios, jardins imperiais e edifícios cerimoniais e públicos.

A decisão foi tomada no âmbito da 46ª sessão do Comité do Património Mundial da UNESCO, realizada em Nova Deli, Índia.

Este conjunto patrimonial e arquitectónico apresenta a ordem ideal para a capital do país, pelo menos segundo a visão das autoridades à época. Segundo o website da UNESCO, o Eixo Central de Pequim “atravessa o centro histórico de Pequim de Norte a Sul”, testemunhando “a evolução da cidade e constituindo uma prova do sistema dinástico imperial e das tradições de planeamento urbano da China”.

Lê-se ainda que a localização deste eixo, o traçado, padrão urbano, ruas e desenho mostram a capital ideal “tal como prescrita pelo Kaogongji, um texto antigo conhecido como o ‘Livro dos Vários Ofícios'”. Ainda segundo a UNESCO, a área do eixo está situada entre dois rios paralelos que tem sido povoada há cerca de três mil anos, mas estima-se que o Eixo Central propriamente dito teve origem durante a dinastia Yuan, entre os anos de 1271 e 1368. Foi aí que se estabeleceu a capital da dinastia, Dadu, na parte norte de Pequim.

O Eixo Central “possui também estruturas históricas posteriores, construídas durante a dinastia Ming”, que governou o país entre os anos de 1368 e 1644, e que foram melhoradas posteriormente durante a dinastia Qing, que governou durante 1636 e 1912.

Citado pela agência Xinhua, o Presidente Xi Jinping destacou a importância desta nova classificação, que faz com que o país tenha actualmente 59 locais históricos inscritos na UNESCO.

A inscrição do Eixo

Xi Jinping exigiu “mais esforços para a preservação dos tesouros culturais e naturais do país”, a fim de “renovar o seu glamour na nova era” da China. O Presidente acrescentou que “a inclusão destes bens patrimoniais tem um significado positivo para a construção da modernização chinesa, que se caracteriza pelo avanço material e ético-cultural e pela harmonia entre a humanidade e a natureza”.

O líder máximo chinês apelou ainda ao aproveitamento das novas classificações da UNESCO “como uma oportunidade para reforçar ainda mais a protecção abrangente e sistemática do património cultural e natural”, fazendo “bom uso deles para melhor satisfazer as necessidades do povo”.

Xi Jinping considerou também ser importante “o reforço do intercâmbio e da cooperação internacional neste domínio, bem como aos esforços para dar um maior contributo para a prática da ‘Iniciativa para a Civilização Global’ e para a construção de uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade”.

Deserto, dunas e aves

Da reunião da UNESCO em Nova Deli saiu uma outra inscrição do património chinês. Trata-se do “Deserto de Badain Jaran – Torres de areia e lagos”, situado no planalto de Alashan, na região desértica do noroeste da China.

Segundo a UNESCO, o local é “um ponto de encontro de três regiões arenosas da China”, sendo o Deserto de Badain Jaran “o terceiro maior do país e o segundo maior deserto de areias movediças”, distinguindo-se dos demais pela “sua elevada densidade de megadunas e lagos interdunares”.

É ainda descrito que o sítio “possui espectaculares características geológicas e geomórficas permanentes, paisagens desérticas e características geográficas que podem ser inigualáveis”. Destaca-se uma megaduna de areia, estabilizada, tida como a mais alta do mundo, com um relevo relativo de 460 metros, a “maior concentração de lagos interdunares” e ainda a “maior extensão das chamadas ‘areias cantantes'”, que, segundo o portal da UNESCO, “descrevem a ressonância causada, por exemplo, pelo movimento do vento em areias secas e soltas”. Esta zona desértica tem também “formas de relevo erodidas pelo vento”, traduzindo-se numa “variedade da paisagem que traduz uma grande diversidade de habitats e, por conseguinte, de biodiversidade”.

Destaque ainda para a extensão da inscrição de um outro local bastante ligado à natureza. Trata-se dos santuários de aves migratórias na costa chinesa do Mar Amarelo e do Golfo de Bohai, que foi inscrito na lista da UNESCO, pela primeira vez, em 2019.

O local fica situado na “eco-região do Mar Amarelo, fazendo parte do maior sistema de zonas húmidas intertidais do mundo”, suportando habitats importantes para as aves migratórias “que utilizam a rota de migração da Ásia Oriental para a Australásia, estendendo-se por cerca de 25 países, desde o Ártico até ao Sudeste Asiático e à Australásia”.

Estas zonas húmidas “desempenham um papel ecológico único como locais de paragem essenciais para milhões de aves aquáticas e representam um exemplo significativo do património natural partilhado pelas aves migratórias”, é referido pela UNESCO.

Recorde-se que a 46ª reunião que inscreveu novos patrimónios mundiais na lista da UNESCO decorreu entre os dias 21 e 31 de Julho e contou com representantes do Governo de Macau.

Estas reuniões do Comité do Património Mundial da UNESCO, de cariz anual, visam, segundo uma nota oficial da secretaria dos Assuntos Sociais e Cultura, “apreciar a situação de protecção dos diversos locais listados como Património Mundial, a salvaguarda dos patrimónios em perigo e as candidaturas a Património Mundial”, abordando-se ainda “as formas de salvaguarda e gestão dos patrimónios mundiais”.

Sobre o Eixo Central de Pequim, que foi finalizado no século XVI, refere-se, na mesma nota do Governo de Macau, que forma “um complexo urbano bem ordenado e magnífico que testemunhou a reforma e transição histórica da sociedade chinesa de um regime dinástico para um país moderno”.

Outras inscrições

Da 46ª reunião do Comité da UNESCO destaca-se outras inclusões do património, como foi o “Conjunto Residencial de Schwerin”, na Alemanha, construído essencialmente na primeira metade do século XIX e que serviu de capital do Grão-ducado de Mecklemburgo-Schwerin na zona noroeste da Alemanha. O complexo é composto por uma propriedade com 38 edifícios, nomeadamente o Palácio Residencial do Grã-duque e casas senhoriais, edifícios culturais e sagrados.

A Arábia Saudita inscreveu na lista do património classificado pela UNESCO a paisagem cultural da zona arqueológica de Al-Faw, situada “num ponto estratégico das antigas rotas comerciais da península arábica e que foi abandonado abruptamente por volta do século V a.c.”. Hoje restam cerca de 12 mil achados arqueológicos que comprovam a passagem, por aquele lugar, “de três povoações diferentes e a sua constante adaptação à evolução das condições ambientais”.

Já a Tailândia foi destacada por “Phu Phrabat”, considerado pela UNESCO como um local “testemunho da tradição da pedra Sema do período Dvaravati”, que vigorou entre os séculos VII e XI d.c. Esta área montanhosa “preserva a maior colecção do mundo de pedras Sema ‘in situ’ do período Dvaravati, um testemunho da tradição que outrora prevaleceu na região”. A UNESCO destaca também que “as pinturas rupestres existentes na superfície de 47 abrigos rochosos fornecem provas físicas de que os seres humanos ocuparam a área durante mais de dois milénios”.

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