Andreia Sofia Silva SociedadePopulação de golfinhos brancos chineses cai 30 % Várias associações ligadas a questões ambientais e à preservação dos golfinhos brancos chineses promovem esta quinta-feira a exibição de um documentário online sobre este tema. Viena Mak, promotora da iniciativa e investigadora em Hong Kong, revela que, no espaço de um ano, a população de golfinhos brancos chineses desceu 30 por cento [dropcap]S[/dropcap]ão recorrentes as notícias de golfinhos brancos chineses que dão à costa em Macau já sem vida. É um sinal claro da necessidade de preservação de uma população que teve uma redução de 30 por cento no espaço de um ano, disse ao HM Viena Mak, investigadora no Hong Kong Dolphin Conservation Society. “Dados de um estudo feito na China mostra que a população destes golfinhos baixou em cerca de 30 por cento em apenas um ano, isto comparando com dados de 2018 e 2019. É uma enorme queda”, alertou. Para chamar a atenção da população sobre este tema, Viena Mak está a promover a exibição online de um documentário sobre os golfinhos brancos chineses esta quinta-feira às 20h30. Os interessados podem ter acesso ao documentário através da página de Facebook Breathing Room Macau. A investigadora denota que, nos últimos tempos, a população de Macau tem revelado mais interesse sobre uma espécie em vias de extinção. “Muitas pessoas perceberam que os golfinhos nadam muito perto dos edifícios e começaram a levantar questões sobre a protecção destes animais e sobre a possibilidade de os ferries poderem magoar estes animais, por exemplo. Com este evento, queremos responder a perguntas e dar sugestões de como podem contribuir mais a sua preservação.” A investigadora, que trabalha em Hong Kong, assegura que o acesso a informações sobre a preservação dos golfinhos chineses brancos é maior. “Há poucas informações sobre os golfinhos em Macau, quer sejam informações públicas ou junto de investigadores. Por isso tentamos promover este documentário e esperamos que os residentes e as entidades governamentais, ou grupos ligados à protecção ambiental, possam aprender mais sobre os desafios existentes quanto à preservação dos golfinhos brancos chineses.” Mais investigação precisa-se Questionada sobre a situação da protecção desta espécie em Hong Kong, Viena Mak assegura que há uma maior consciência cívica sobre o assunto. “O Governo em Hong Kong não está, na verdade, a proteger os golfinhos, mas há mais políticas ou maior consciência da sociedade quanto à necessidade de proteger estes animais. Esta consciência está mais desenvolvida em Hong Kong, o Governo faz mais esforços no sentido de promover uma investigação e uma educação ambiental nas escolas.” Quanto a Macau, a investigadora deixa sugestões. “Espero que o Governo possa fazer mais investigação e estudos sobre estes golfinhos. Também deveria haver um plano mais abrangente para a conservação dos golfinhos, ou o estabelecimento de áreas marítimas protegidas perto dos habitats naturais destes animais.” Um acesso mais facilitado à informação científica é também um pedido deixado por Viena Mak. O evento desta quinta-feira conta ainda com a colaboração da associação Macau for Waste Reduction.
Andreia Sofia Silva SociedadeDroga | TSI aumenta penas da primeira instância para traficantes [dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) decidiu a favor do Ministério Público (MP) que pedia penas mais pesadas num caso de tráfico de droga. Segundo o acórdão ontem divulgado, o processo envolve quatro indivíduos, sendo que “A responsabilizava-se pelo controlo da venda de droga e pelo transporte do produto do tráfico de droga para Hong Kong aquando da ausência de Macau de um outro arguido do mesmo caso, C.” No caso de B, este “responsabilizava-se pela prestação de auxílio a C na prática do tráfico de droga em Macau e, quatro vezes, se deslocara, juntamente com C, a vários lugares para a prática do tráfico de droga”. O Tribunal Judicial de Base (TJB) condenou A pela prática, em autoria material e na forma tentada, de um crime de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, o que se traduz numa pena de dois anos e nove meses de prisão com pena suspensa por quatro anos, além de ter sido interdita a sua entrada na RAEM durante seis anos. Já B foi condenado por dois crimes e uma pena de prisão de dois anos e dois meses suspensa na sua execução por três anos. O MP não concordou com as penas aplicadas e o TSI decidiu aumentar as penas. Desta forma, A passou a ser condenado a uma pena de seis anos e nove meses de prisão pelo crime de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, enquanto que B foi condenado a cinco anos e oito meses de prisão. Além disso, fica proibido de entrar em Macau durante seis anos.
Andreia Sofia Silva EventosArmazém do boi | Trabalhos de Dennis Wong e Xiaoqiao Li em exposição a partir de 2 de Junho [dropcap]O[/dropcap] Armazém do Boi prepara-se para receber duas exposições de dois artistas residentes, intituladas “Eerie Scenery”, do fotógrafo de Hong Kong Dennis Wong, e “Journey-Memory-Fragment”, do artista multimédia Xiaoqiao Li. A inauguração das duas mostras acontece a 2 de Junho. No caso de Dennis Wong Chun-keung, será exposto um trabalho de fotografias tiradas essencialmente a “estranhos, vagabundos, na zona de Sham Shui Po e imagens de corpos humanos”, descreve um comunicado do Armazém do Boi. “Muitas vezes as suas fotografias levam-nos a um jogo de adivinhação, e quanto mais olhamos para elas, mais dúvidas encontramos. As conexões lógicas demoram tempo a encontrar-se e as ‘pessoas’ que surgem nas imagens são peças intrigantes das crónicas da vida contemporânea”, acrescenta a mesma nota. Como parte da série de exposições intitulada “Art-City-People” surge a mostra “Journey-Memory-Fragment”, do artista multimédia Xiaoqiao Li. Este encontra-se a fazer o doutoramento em artes visuais na Universidade Baptista de Hong Kong e apresenta agora uma exposição em nome próprio composta por vídeos, fotografia, jogos interactivos e trabalhos impressos a três dimensões. A parte multimédia desta exposição pode ser vista no primeiro e segundo andar do pequeno edifício que alberga o Armazém do Boi. Tempo e espaço O trabalho de Xiaoqiao Li pretende revelar ou quebrar com as limitações da arte a duas dimensões. Esta ideia reflecte-se quando o artista decide combinar a fotografia com impressões a três dimensões numa reconstituição de fragmentos, sendo este um “trabalho experimental elevado à lógica da impressão e da sintaxe”. “Num outro trabalho, ‘Fragment-Don’t clear’, o jogo instalado permite ao artista uma forma alternativa de comunicar através da aplicação digital, num estudo em como as imagens se manifestam no tempo e no espaço”, acrescenta o mesmo comunicado. Estas exposições contam com o apoio da Fundação Macau e podem ser vistas até ao dia 12 de Julho. Trata-se da segunda mostra do Armazém do Boi desde que a associação se viu obrigada a fechar portas devido à pandemia da covid-19. Oscar Cheong, colaborador do espaço, disse ao HM que as coisas voltaram à normalidade com algumas mudanças. “Temos vindo a fazer um novo agendamento dos projectos e mantemos o funcionamento da nossa associação com um ambiente seguro. Tivemos o nosso espaço encerrado até meados de Fevereiro e garantimos que todo o espaço é esterilizado para visitas do público.” O facto de Macau ter ainda poucos turistas não é sinónimo para que a arte não aconteça. “Não temos muitos visitantes por dia, mas isso não significa que tenhamos de fechar portas e pôr um fim às nossas tarefas normais. Temos alguma responsabilidade para proporcionar ao público alguma experiência cultural neste período”, frisou Oscar Cheong.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Burnie, DJ local, lança EP em editora britânica este Verão Há 10 anos a produzir música electrónica e a animar pistas de dança, Burnie é um dos bravos DJs locais que tentam trazer ritmo a uma Macau sem grande cultura de clubbing. Na calha tem um disco, que deverá ser lançado por uma editora de Macau, e um EP através de uma label britânica [dropcap]A[/dropcap]s ruelas estreitas do Porto Interior são o habitat de Burnie, um DJ local apaixonado pela música electrónica desproporcional à popularidade do género em Macau. Durante a adolescência, os sons alternativos do Indie Rock praticamente monopolizaram as colunas e headphones do jovem residente. Entretanto, chegou a altura de ir para a universidade e, com toda a sociabilização que esses tempos implicam, foi apresentado ao mundo da música electrónica por um grupo de amigos. Burnie estudou na Universidade de Macau e, apesar de nunca ter vivido no Reino Unido, a ligação à onda electrónica britânica foi-se aprofundando, disco após disco. “Comecei a conhecer a cena dos clubes de música de dança com amigos e apaixonei-me pela electrónica, em especial house, garage, breaks e drum & bass”, recorda o músico ao HM. Aos poucos, a vontade de fazer a sua própria música foi crescendo até que em 2010 começou a produzir as primeiras faixas no MacBook. As músicas foram ocupando cada vez mais espaço no computador, sem nunca saírem da esfera privada, além de partilhas no portal Soundcloud. Havia chegado à altura de procurar formas para editar as faixas que produzira. “Fiz uma pesquisa sobre lojas online e uma lista de editoras discográficas que poderiam estar interessadas no meu som e comecei a enviar demos”, recorda. Muitas vezes, o DJ local não recebia resposta, ou então a réplica vinha com bónus pedagógicos e conselhos ao nível da produção. Trabalho árduo “Obviamente, não sou um génio. Tive de reeditar algumas demos incessantemente, desde a primeira vaga de faixas que enviei a editoras”, refere. O trabalho deu frutos e, um ano e meio depois, voltou à carga no contacto com labels que poderiam dar outra visibilidade à música que tinha o computadore e no Soundcloud. A aposta resultou na primeira hipótese para editar um EP pela britânica Slime Recordings e, assim, nasceu “Atlantic EP” em 2013. “Depois da edição do meu primeiro EP, voltei a tentar melhorar as faixas que tinha composto e a bombardear editoras com novas versões. Um método que me ajudou a melhorar”. O resultado foi a edição de mais quatro EPs. Depois de vários anos a produzir batidas inspiradas em estilos musicais que rebentaram em pistas longe de Macau, Burnie decidiu remisturar, dar novas roupagens e ritmos, a alguns temas de cantopop muito populares na região. “Vivo nesta cidade. Como poderei mostrar a um público global que sou de Macau. Além disso, de que forma posso chegar às pessoas de Macau, que apenas ouvem pop, através da minha música como DJ?” Apesar da ponte sonora através da introdução de remixes de músicas mais populares de Macau e Hong Kong nos seus sets, Burnie, como tantos outros DJs locais, vive as dificuldades de estar situado num mercado pequeno para o tipo de música que faz. “Algumas pessoas conseguem ser DJ a tempo inteiro em Macau, mas é algo muito difícil de manter. Portanto, para mim, ser DJ e produzir música é um hobby, algo que faço por prazer nos tempos livres”, conta. Burnie tem um emprego a tempo inteiro, o que significa que não depende monetariamente da música, algo que o liberta em termos criativos. “Só toco aquilo que gosto de tocar, não preciso de me preocupar com dinheiro, não tenho essa pressão e assim posso focar-me na música apenas como forma de me expressar livremente, e de partilhá-la com quem quiser. Sinto-me muito confortável com este método.” Em relação a projectos que tem na calha, Burnie prepara-se para lançar um novo EP pela label britânica Downplay Recordings, enquanto trabalha num disco para o próximo ano. “Estou em conversações com uma editora de Macau, a 4daz-le Records, mas também tenho algumas datas este ano em Macau, Hong Kong e noutros sítios, mas tudo depende da evolução da pandemia da covid-19”.
Andreia Sofia Silva SociedadeEPM | Direcção rejeita críticas apontadas pela APEP em carta aberta Depois da carta aberta da Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau, que faz acusações relativas à forma como a escola geriu o ensino à distância em tempos de covid-19, eis que a direcção, presidida por Manuel Machado, vem refutar muitas das críticas. Direcção, docentes, psicólogos e professores de ensino especial reuniram ontem [dropcap]A[/dropcap] direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM) rejeita as críticas apontadas na carta aberta da Associação de Pais da EPM (APEP), relativas à forma como tem vindo a funcionar o ensino online em tempos de pandemia. Ainda assim, Manuel Machado, presidente da direcção, assume que há sempre espaço para melhorar e que está disposto a ouvir os pais. Num comunicado enviado ontem às redacções, a direcção da EPM começa por rejeitar as críticas de que o ensino à distância não foi uniforme a todos os níveis de ensino. “Assim que a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude anunciou a suspensão das actividades lectivas presenciais a 24 de Janeiro, a EPM desenvolveu de imediato um mecanismo que envolveu todo o corpo docente e o serviço de psicologia e ensino especial para viabilizar as aprendizagens de ensino à distância a todos os alunos, mobilizando, com celeridade, os recursos que permitiram dar formação ao corpo docente sobre as plataformas a utilizar neste tipo de ensino.” O comunicado acrescenta que “só esta pronta actuação permitiu que as actividades não presenciais destinadas aos alunos de todos os níveis de ensino da EPM se iniciassem a 5 de Fevereiro em plataforma assíncrona”. A acusação de que houve falhas de comunicação entre a direcção da EPM e os encarregados de educação é também rejeitada. “A direcção da escola enviou aos pais e encarregados de educação 24 notas informativas entre 24 de Janeiro e 20 de Maio relativas ao início do acompanhamento domiciliário síncrono e assíncrono, procedimentos e recomendações de segurança nas aulas de videoconferência, datas e procedimentos sanitários relativos ao regresso às aulas, avaliação, entre outras.” Além disso, “a direcção da escola procurou acompanhar as preocupações dos encarregados de educação ao longo deste período, quer através dos seus directores de turma e professores titulares quer através de reuniões realizadas com a APEP, mobilizando diversos canais de comunicação”. Autoridades acompanharam Na carta aberta da APEP questiona-se o cumprimento, por parte da direcção da EPM, das disposições legais relativamente ao ensino especial e demais actividades lectivas. Algo que a direcção da escola também repudia. “Estes trâmites foram acompanhados pela DSEJ e reportados ao Ministério da Educação em Portugal, indo ao encontro das orientações de ambas as tutelas, ao contrário do afirmado pela APEP.” Aquando do regresso às aulas, a EPM afirma ter procedido “ao reajustamento dos horários lectivos de forma a assegurar, a bem da protecção e segurança de todos os alunos, o cumprimento das directrizes sanitárias”. “É, portanto, falsa a afirmação da APEP relativa ao incumprimento das orientações da DSEJ e do Ministério da Educação de Portugal”, frisa o comunicado assinado por Manuel Machado. A divulgação da carta aberta nos media locais levou a direcção da escola a convocar uma reunião com docentes e psicólogos, que decorreu ontem por volta das 17h. O HM tentou obter uma reacção da APEP, mas até ao fecho desta edição não foi possível obter esclarecimentos adicionais.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaHK | Lei da segurança nacional na agenda da APN [dropcap] V[/dropcap]ários media de Hong Kong noticiaram ontem que a lei de segurança nacional em Hong Kong deverá ser um dos temas da agenda das sessões plenárias da APN. Em particular, a necessidade de legislar o artigo 23 da Lei Básica de Hong Kong relativo à garantia da segurança do Estado, tema que sempre gerou controvérsia e que nunca foi legislado, ao contrário de Macau. Ao canal RTHK, Maggie Chan, delegada de Hong Kong à APN, disse que vai propor a possibilidade de introduzir a legislação sem que esta tenha de ir a plenário no Conselho Legislativo, uma vez que, de acordo com o artigo 18 da Lei Básica, podem ser anexadas à mini-constituição leis relativas à segurança nacional, sem promulgação e escapando ao debate e votação no parlamente de Hong Kong. O jornal South China Morning Post noticiou que Pequim vai introduzir um projecto de lei para proibir actividades subversivas, interferência estrangeira e actos de terrorismo no território. Além disso, o órgão de Hong Kong, escreve que o Governo Central concluiu que é impossível a lei da segurança nacional ser aprovada no Conselho Legislativo de Hong Kong, pelo que a responsabilidade da legislação do artigo 23 passou para a APN.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaAPN | Crise económica e projecto do Código Civil na agenda da 13ª sessão anual A 13ª sessão anual da Assembleia Popular Nacional começa hoje em Pequim depois do adiamento de 78 dias causado pelo novo coronavírus. Três mil delegados deverão discutir uma agenda marcada por medidas económicas de combate à crise e o projecto do Código Civil, que marca o início da reforma legislativa. A Conferência Consultiva Política do Povo Chinês arrancou ontem [dropcap]A[/dropcap] segunda maior economia do mundo deverá anunciar hoje previsões económicas e medidas para lidar com uma crise sem precedentes, causada pelo novo tipo de coronavírus. Depois de o adiamento de 78 dias devido à pandemia da covid-19, começa hoje a 13ª reunião anual da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão legislativo do país. Três mil delegados vão discutir os planos económicos e políticos a implementar, num encontro que não dura mais do que dez dias no Palácio do Povo, em Pequim. Os tempos adversos obrigam a que a reunião se realize com o cumprimento do distanciamento social. A agência Reuters avança que os delegados devem evitar contactos com pessoas do exterior, o que significa que muitos poderão assistir às sessões por videoconferência. Outra das medidas preventivas obrigou os diplomatas que observam as sessões da APN a passar a noite num alojamento estatal para serem testados à covid-19. Além da APN, decorre desde ontem a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), órgão de carácter consultivo composto por delegados representantes das diversas províncias chinesas e regiões administrativas especiais. A sessão da APN arranca com a apresentação, pelo primeiro-ministro Li Keqiang, de medidas económicas numa altura em que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês sofreu, no primeiro trimestre, uma quebra de 6,8 por cento, a primeira em décadas. A Reuters escreve que Li Keqiang deverá anunciar um crescimento económico abaixo dos seis por cento previstos, mas os conselheiros e think-tanks subordinados ao Governo Central são bem mais modestos, ao proporem crescimento na ordem dos 2 a 3 por cento. À agência noticiosa, Zhao Xijun, director da Escola de Finanças e Economia da Universidade Renmin, disse que “a APN deste ano é bastante fora do normal”, uma vez que “há mais preocupações no trabalho de combate ao vírus e nas formas para reavivar a actividade económica”. Esta segunda-feira foi aprovado o relatório de trabalho que será hoje discutido, enquanto que na sexta-feira anterior, o Presidente Xi Jinping reuniu com o Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC) para endereçar o relatório de trabalho da APN. As palavras de ordem foram “a guerra contra o vírus” e o cumprimento de “resultados decisivos”. Tang Renwu, director da Escola de Administração Pública da Beijing Normal University, adiantou à Reuters que “líderes e delegados vão discutir o próximo passo no controlo da pandemia, como prevenir uma segunda vaga de infecções e como resolver o problema das investigações e compensações exigidas por alguns países ocidentais”. Além das medidas de combate ao novo coronavírus, espera-se o anúncio de estímulo fiscal na ordem dos 5 a 6 triliões de yuan, ou 5 a 6 por cento do PIB. Contra pobreza e desemprego A agência chinesa Xinhua traçou os tópicos principais da agenda da APN para este ano, com as políticas económicas a encabeçarem a lista. Mais do que anunciar previsões de crescimento, as autoridades chinesas querem encontrar soluções para controlar o aumento do desemprego e o alívio da pobreza, além de meios para fomentar o consumo interno. A Xinhua escreve que o país tem ainda 5.51 milhões de habitantes abaixo do limiar da pobreza e que a pandemia “trouxe mais desafios”, mas “uma vez que o ano está a meio, é quase impossível atingir os objectivos para a erradicação da pobreza”. Tang Chengpei, vice-ministro chinês dos Assuntos Sociais, disse que aqueles que vivem abaixo do limiar de pobreza são os idosos, crianças e os que sofrem de doenças graves ou deficiência, com acesso à assistência social. Relativamente ao desemprego, os últimos dados oficiais revelam uma taxa de 6 por cento nas zonas urbanas em Abril, face aos 5,5 por cento registados em igual período de 2019. Numa população de 1,4 mil milhões de pessoas, o Governo Central tem feito esforços para travar lay-offs usando pacotes de apoios fiscais, monetários, segurança social. Espera-se, por isso, que a 13ª sessão da APN venha reforçar tudo isso. Ouvido pela Xinhua, Qu Hongbin, economista-chefe do banco HSBC para a China, disse num comunicado que o anúncio de planos de estímulo e medidas mais significativas serão o tubo de escape para pequenas e médias empresas, trabalhadores por conta própria e empresas do ramo de importação-exportação, que compõem a maior parte da força laboral chinesa. O código civil Anunciado em 2014, o projecto do Código Civil deverá ser aprovado nesta sessão da APN e representa uma mudança legislativa que visa a modernização do sistema jurídico chinês e aumentar a capacidade governativa, descreveu Wang Yi, director da Escola de Direito da Universidade Renmin. A Xinhua aponta que o projecto do Código Civil contém disposições gerais e seis partes sobre propriedade, contratos, direitos de personalidade, casamento e família, sucessão e responsabilidade civil. Este projecto “integra leis civis e regulamentos já existentes e modifica-os, adaptando-os a novas realidades”. Shen Chunyao, director da Comissão de Assuntos Jurídicos do Comité Permanente da APN, disse que a parte da responsabilidade civil traz “melhorias necessárias ao sistema ao implementar práticas úteis para interpretações judiciais”. Meng Qiang, professora de Direito no Beijing Institute of Technology, disse que o novo Código Civil melhora o regime de indemnizações em casos de sofrimento emocional causado por outrem. Tal mostra que as leis chinesas “estão a prestar mais atenção à protecção dos direitos pessoais e das questões de saúde mental”, disse a docente, citada num comunicado oficial da APN. Este projecto legislativo também se foca na protecção dos direitos dos consumidores que compram produtos com defeito ou sem qualidade. São também introduzidas punições para quem viola a lei de direitos de propriedade intelectual. Analistas ouvidos pela Reuters acreditam que o projecto do Código Civil mostra que o PCC quer dar mais protecção ao sector privado que tem estado numa situação vulnerável devido a abusos burocráticos e administrativos, e às dificuldades de acesso a mercados ou a créditos bancários. Rica Defesa A sessão anual da APN deverá incluir a aprovação do reforço orçamental para a pasta da defesa, mesmo em período de crise económica. O investimento explica-se com a relação com os Estados Unidos, que nunca esteve tão má, a questão de Taiwan, sem esquecer os conflitos no mar do sul da China. Aliás, ontem os Estados Unidos anunciaram a venda de equipamento militar à Ilha Formosa no valor de 180 milhões de dólares, com o objectivo de manter “o equilíbrio de forças” na região. Em 2019, o orçamento para a defesa aumentou 7,5 por cento, num contexto em que a economia chinesa cresceu 6,1 por cento. Mas com as quebras deste ano, o cenário parece desafiante, mas a China não dá sinais de querer deixar o seu posicionamento militar para segundo plano. “De um ponto de vista da segurança nacional, a China precisa de se fortalecer perante o Ocidente, sobretudo perante os Estados Unidos, que tem vindo a colocar mais pressão na China em todas as frentes, incluindo a militar”, disse à Reuters Xie Yue, professor de ciência política da Shanghai’s Jiao Tong University. Para o analista, é difícil fazer uma previsão relativa ao orçamento para a defesa, mas vai sem dúvida crescer. “Mesmo que o Governo corte em tudo o resto, não vai cortar no orçamento para a defesa”, apontou Tang Renwu, director da Escola de Administração Pública da Beijing Normal University. Em 2019, o orçamento da defesa foi de 119 triliões de yuan, o que representou 5 por cento do orçamento total do país e 1,2 por cento do PIB.
Andreia Sofia Silva SociedadeTerrenos | Concessionárias voltam a perder contra o Governo [dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) voltou a dar razão ao Governo em mais três casos de terrenos cuja concessão foi declarada nula pelo ex-Chefe do Executivo Chui Sai On. Em causa, estão três terrenos situados nas zonas C e D do Fecho da Baía da Praia Grande, e que tinham sido concessionados à Sociedade de Empreendimentos Nam Van, S.A. Esta concessão foi posteriormente transmitida às Sociedade de Investimento Imobiliário Wui Keng Van, S.A., Sociedade de Investimento Imobiliário Pak Keng Van, S.A e Sociedade de Investimento Imobiliário Pou Keng Van, S.A. Também na zona C do Fecho da Baía da Praia Grande o TSI decidiu a favor do Governo relativamente à decisão de despejo de um terreno, concessionado à Sociedade de Investimento Imobiliário Pak Keng Van, S.A. O TSI proferiu também duas decisões relativas à declaração de nulidade da concessão de mais dois terrenos, um deles situado na Estrada de Nossa Senhora de Ká-Hó, em Colone, concessionado à Sociedade de Investimento e Indústria Sun Fat. O outro espaço está situado na Zona Industrial de Seac Pai Van e tinha sido concessionado à Baía do Dragão Investimento Imobiliário Lda. Também o Tribunal de Última Instância (TUI), entendeu que o Governo tinha razão quando declarou nula a concessão de um terreno situado na Estrada Marginal da Ilha Verde e que foi concessionado à Companhia de Géneros Alimentícios Congelados Macau, Limitada.
Andreia Sofia Silva EntrevistaSara F. Costa, tradutora de “Poética Não Oficial – Poesia Chinesa Contemporânea”: “Há um trauma colectivo nestes poemas” Depois de “Transfiguração da Fome”, Sara F. Costa decidiu embrenhar-se no mundo da tradução de poemas chineses escritos após um dos períodos mais conturbados da história da China. “Poética Não Oficial – Poesia Chinesa Contemporânea” traz uma selecção e tradução para português de 33 poemas escritos após a Revolução Cultural [dropcap]P[/dropcap]orquê a escolha de autores do período pós-Revolução Cultural? Apesar de eu me ter guiado por um certo enquadramento tanto a nível temporal como conceptual, realço que se trata de uma selecção que tem muito de pessoal. Vão encontrar nomes sonantes como Bei Dao, Hai Zi, Gu Cheng, mas vão encontrar nomes que só se encontram deambulando de leitura em leitura pela cena literária dos hutongs em Pequim ou no bar da poeta Zhai Yongming em Chengdu, sem terem necessariamente publicado fora de revistas literárias independentes. O período da Revolução Cultural e o Pós-Revolução Cultural fascina-me particularmente quando falamos da poesia moderna porque é quando surgem movimentos como os “poetas obscuros” (朦胧诗⼈). É quando surgem as revistas não oficiais e os salões literários (沙⻰) que, no fundo, nunca deixaram de existir nos meandros citadinos da China. Acho que é, no seu conjunto, um trabalho que pode fornecer pistas para quem quiser aprofundar o seu conhecimento sobre poesia moderna chinesa. Que China que existe nestes poemas? Diria que há, sem dúvida, sintomas de um trauma colectivo nestes poemas. Há uma certa China desmistificada, um desalento face à privação de uma primordial mudança. De salientar que nem todos os poetas deste livro têm uma postura abertamente política. Alguns apenas quebram com determinadas barreiras estéticas e optam pelo recurso a uma linguagem mais vernacular. Na sequência dessas opções estéticas, acabamos por ter acesso a uma China moderna, simultaneamente intercultural e aculturada. Uma visão crítica face à sociedade de consumo e uma pertinente revisão do conceito de “sofisticação” que a sociedade chinesa adoptou (sobretudo em relação aos produtos estrangeiros). Qual o impacto que a Revolução Cultural terá tido nestes autores? É possível estabelecer alguma comparação com a poesia que se fazia antes desse período da história chinesa? Após o fim da era imperial e o surgimento da República em 1911, Hu Shi e Cen Duxiu, proclamam a utilização de uma linguagem vernacular em detrimento do chinês clássico na produção literária, naquela que ficou conhecida como a Revolução Literária. É também nesta altura que surge o verso livre. Depois da institucionalização da poesia, a poética não oficial (⾮官⽅诗坛) opõe-se à poesia oficial ortodoxa e institucional e quebra com imposições estéticas e de conteúdo, libertando-se dos espartilhos ideológicos que a poesia oficial impunha. É por isso uma poesia com maior liberdade. Contudo, esta poesia não rompe completamente com a longa linhagem histórica que continua a influenciar muitos valores estilísticos e mesmo de conteúdo na produção poética actual. Há caractectísticas que já se encontravam até antes da época de ouro da poesia chinesa, (dinastias song e tang) como a importância do ritmo, a imagética sofisticada, muitos conceitos taoistas (nas metáforas sobre silêncio, vazio, contemplação estóica, a não-acção enquanto acção, etc), a relação alegórica entre o natural e o humano e as reflexões sobre destino e poder. É interessante verificar que a relação entre política e poesia na China é também uma conexão ancestral. Desde Qu Yuan passando pelo poeta imperador Li Yu e os inúmeros estadistas que eram poetas durante a Dinastia Tang como Yuan Zhen, quando o acesso ao poder era feito através dos conhecidos exames confucianos que avaliavam, entre outras coisas, a capacidade de escrever poesia. O que é que a surpreendeu mais nestes poemas, no que diz respeito à mensagem que transmitem, à forma da escrita? Rompem com o que se vinha fazendo desde então na poesia chinesa? Surpreendeu-me essa lealdade à tradição ancestral que referi na questão anterior, mas ainda me surpreendeu mais a forma como o melhor dessa tradição se combina com uma certa dose de ousadia. Há uma harmonia entre classe, subtileza e a função disruptiva do poema moderno. É uma poesia de pormenores, com muitos traços experimentais. É um bom exemplo da criatividade que se encontra nos artistas chineses contemporâneos em geral. Um facto curioso: apercebi-me que vários dos autores dos poemas que traduzi se suicidaram. É uma coincidência interessante. No caso de Gu Cheng, enforcou-se depois de ter assassinado a esposa. Apesar de saber perfeitamente disso, fico na mesma perplexa perante esta confirmação sobre a natureza da poesia: é um assunto sério, intenso e muitas vezes violento. Que expectativas coloca em relação à resposta por parte do público português a este livro? Quem já se interessa por poesia, terá certamente curiosidade em dar uma vista de olhos naquilo que se anda a fazer naquela parte do mundo nesta matéria. Digo “anda a fazer” porque este trabalho é sobre contemporaneidade. Há outras formas de se aceder aos clássicos – dinastias song e tang – mesmo em português, com boas traduções. Mas há muito pouco em português sobre poesia chinesa actual. Este livro pretende ser precisamente um ponto de partida, facultando pistas e deixando referências. Grande parte dos poemas seleccionados neste trabalho não se encontram traduzidos noutras línguas mais amplamente estudadas por cá como o inglês ou o francês e a única forma de aceder a esses poemas é indo directamente à fonte em mandarim. Nesse sentido, encontro assim duas vantagens para quem quer complementar e aprofundar o seu conhecimento da literatura chinesa: uma visão – na organização e selecção que fiz daquilo que considero representar o avant-garde e a poesia “não oficial” e, por outro, o acesso exclusivo a um trabalho que incorpora alguns incontornáveis poemas traduzidos para outras línguas mas que é composto, maioritariamente, por poemas que até agora só estariam acessíveis a quem lesse mandarim. Quando se deu o seu primeiro contacto com esta literatura “underground” e porque lhe interessou esta cena literária? Quando fui para Pequim no início de 2018, o editor João Artur Pinto, da Labirinto, já me tinha lançado o repto para traduzir poesia chinesa para português, mas eu estava ainda a tentar encontrar exactamente o que gostaria de traduzir. Depois de conhecer a organização com a qual vim a trabalhar, o colectivo artístico Spittoon, foi quando tive um contacto próximo com a vida dos artistas boémios dos hutongs de Pequim e quando veio o ímpeto de me desafiar mim própria para este projecto. Depois de publicar “A Transfiguração da Fome”, como foi a transição para um trabalho de tradução deste nível? Um escritor tem necessariamente que ler. Ler o máximo que puder. Muitas vezes, ler coisas que são muito diferentes daquilo que escreve. Traduzir é uma forma de leitura contemplativa. É uma forma de interpretar um poema e dar-lhe uma nova casa. Uma casa linguística. Sem dúvida que traduzir faz parte de um processo criativo que complementa a escrita. Este foi um projecto muito pessoal e fi-lo sobretudo para aprender com ele. Desde ler bastante, seleccionar, aprender a traduzir, aprofundar conhecimento linguístico, etc. Foi um acto de imensa aprendizagem e de auto-formação. Esta obra estará disponível em Macau? Sim! O editor já está a tratar de fazer com que alguns exemplares se encontrem à venda fisicamente em Macau. O livro pode sempre ser encomendado à editora que enviará para qualquer destino.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEPM | Pais revelam descontentamento em carta enviada à direcção Falhas de comunicação entre a direcção e os pais, falta de coordenação e de uniformização na gestão do ensino à distância e pouco apoio a alunos com necessidades educativas especiais. São estas as queixas que constam numa carta enviada pela Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau à direcção presidida por Manuel Machado, bem como à DSEJ e ao Ministério da Educação em Portugal [dropcap]A[/dropcap] Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (APEP) realizou uma assembleia-geral no passado dia 13 com a gestão do ensino à distância no período em que as escolas estiveram encerradas, devido à covid-19, a ser um dos pontos em debate. O HM teve acesso a uma carta, repleta de críticas à direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM), que não se fez representar nessa reunião. A missiva foi enviada ontem. “Vimos comunicar que alguns pais e encarregados de educação têm mostrado desagrado pela forma como a situação foi gerida ao longo destes 4 meses, tendo sido visível a descoordenação e a falta de comunicação da direcção da EPM, tanto interna como externa”, começa por apontar a carta que também foi enviada à Fundação da EPM, Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Ministério da Educação em Portugal e Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A APEP considera que a forma como a EPM geriu o ensino à distância apenas permitiu o cumprimento “dos mínimos exigíveis e necessários, sem ambição nem inovação, e uma enorme falta de coordenação interna da escola, que não permitiu a adopção de procedimentos consistentes e uniformizados”. São também apontadas falhas na comunicação com os pais, algo que “foi particularmente sentido neste período específico”. Em causa estão mudanças nos horários de aulas online agendadas em cima da hora ou a ausência de informações de vária ordem. “E não se diga que estas falhas de comunicação são fruto das circunstâncias excepcionais que vivemos, pois a direcção da EPM sempre habituou os pais e encarregados de educação a viver com ausências de informação, bem como a receber a informação em cima da hora.” “Medida simbólica” A APEP aponta ainda o dedo quanto à “falta de uniformização de práticas e procedimentos entre professores e turmas, nomeadamente quanto aos meios de leccionação utilizados, quanto ao volume de trabalhos e de matéria leccionada e ao acompanhamento de cada aluno, o que não permitiu estabelecer um padrão mínimo de qualidade para todos os professores.” É ainda referida a falta de apoio sentida pelos alunos com necessidades educativas especiais. Esses apoios foram “manifestamente insuficientes e, de fins de Janeiro até ao presente momento, foram, em alguns casos, inexistentes”. A APEP questiona, portanto, se a EPM “está a promover verdadeiramente uma educação inclusiva”. Outro ponto de discórdia, prende-se com o final do ano lectivo. A APEP diz “não compreender a decisão” de adiar o final do ano lectivo até 3 de Julho, quando a DSEJ permite o seu prolongamento até 31 de Julho. “Não passa de uma medida simbólica que terá um reduzido efeito na recuperação da aprendizagem de conteúdos essenciais”, pode ler-se. Tendo em conta a possibilidade de ocorrência de um novo surto, a APEP deseja saber que formações vão ser dadas aos professores e quais os planos para a ocorrência de aulas em tempos de pandemia. O HM tentou chegar à fala com Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, mas até ao fecho da edição não foi possível estabelecer contacto.
Andreia Sofia Silva VozesO elo mais fraco [dropcap]S[/dropcap]erve esta crónica para traçar um breve olhar sobre a politização que há muito se faz da pandemia da covid-19 e do trabalho da Organização Mundial de Saúde (OMS). Repare-se no jogo de pingue-pongue entre a China e os EUA que, até há bem pouco tempo, se fazia sobretudo a nível comercial. Os EUA cortam no financiamento à OMS, a China anuncia apoios de 2 mil milhões de dólares americanos para países necessitados e mantém o seu financiamento à OMS, criticando a postura de Donald Trump. Pelo meio está Taiwan, pequenina como há muito é em termos diplomáticos, mas um caso bem sucedido no combate à covid-19 que não tem hipótese de ser membro observador da OMS porque está lá a gigante China a predispor-se a financiar e a ajudar. Tudo isto numa altura em que os americanos cortam no financiamento. Perante isto, não surpreende o resultado do primeiro dia da assembleia-geral da OMS esta segunda-feira. China anuncia ajuda a tudo e todos, a lançar mais uma jogada de soft power, o mundo observa e a OMS curva-se. Quase que nos esquecemos da politização que também houve com o início de uma pandemia que mudou a vida de todos.
Andreia Sofia Silva SociedadeRetalho e restaurantes com quebras entre 1 a 3 por cento em Março [dropcap]D[/dropcap]ados oficiais divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que o sector da restauração e retalho sofreram quebras entre 1 a 3 por cento em Março. Segundo um comunicado, 97 por cento dos proprietários dos restaurantes falaram de perdas de 1 por cento em relação a Fevereiro, enquanto que no sector do retalho 87 por cento dos comerciantes apontou para perdas de 3 por cento em termos anuais em relação ao mês de Fevereiro. Apenas 2 por cento dos donos de restaurantes asseguraram ter tido acréscimos no volume de negócios em Março, uma proporção semelhante à de Fevereiro. No caso dos retalhistas, apenas 10 por cento disse ter registado um aumento do volume de vendas. Questionados sobre as expectativas em relação ao desempenho dos seus negócios no mês de Abril, “os proprietários da restauração e os retalhistas do comércio a retalho estavam, de um modo geral, menos confiantes em relação ao comportamento do mercado devido ao contínuo impacto gerado pela epidemia”. A DSEC aponta que 56 por cento dos donos de restaurantes e 62 por cento dos comerciantes do ramo de retalho “anteviram que o volume de negócios para Abril diminuísse cinquenta por cento ou mais em termos anuais”.
Andreia Sofia Silva SociedadeCrime | Uso de documentos alheios aumenta mais de 100 por cento No primeiro trimestre deste ano a criminalidade sofreu, no geral, uma grande quebra. O impacto do fecho das fronteiras e das medidas de confinamento foi tão grande no sector do jogo que o Governo não avaliou o impacto da indústria na segurança pública do território. Há, no entanto, um crime que se destaca: o uso de documento de identificação alheio, com um aumento de 152,9 por cento face a 2019 [dropcap]A[/dropcap]s medidas de confinamento e de encerramento das fronteiras devido ao surto de covid-19 trouxeram números relativos à criminalidade do primeiro trimestre nunca antes vistos. Os dados ontem revelados mostram uma quebra de 28,3 por cento no número de casos de inquérito criminal instaurados nos primeiros três meses do ano. São menos 952 casos face a igual período de 2019. Os números foram revelados através de um comunicado, uma vez que, devido à pandemia, o gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, não realizou a habitual conferência de imprensa. Apesar da ocorrência de menos crimes, o uso de documento de identificação alheio teve um aumento significativo de 152,9 por cento, com a ocorrência de 43 casos no primeiro trimestre por oposição aos 17 do ano passado. Outro crime a registar um aumento, embora ligeiro, foi o de tráfico de droga de Hong Kong para Macau, com a ocorrência de mais dois casos face a 2019. No total, registaram-se nos primeiros três meses do ano 79 casos, o que corresponde a mais 2,6 por cento. O aumento da criminalidade também se verificou ns casos de excesso de permanência relativos a pessoas de outras nacionalidades que não a chinesa. Houve mais 12 casos de excesso de permanência no primeiro trimestre, um aumento de 2,6 por cento. Ainda assim, em termos gerais, os casos de excesso de permanência no território registaram uma queda de 14,4 por cento, num total de 975 ocorrências. Jogo com impacto nulo Por norma, a criminalidade associada ao sector do jogo é um dos pontos fortes dos balanços feitos pelo Governo em termos de segurança, mas o fecho temporário dos casinos e das fronteiras alterou este panorama. “Em consequência da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus, o número de entrada de turistas diminuiu significativamente, o que provocou um enorme impacto no sector do jogo. Por conseguinte, tendo em conta que os dados estatísticos relacionados com o sector do jogo no primeiro trimestre do ano 2020 não são relevantes, não se procede à avaliação do impacto que o desenvolvimento da indústria do jogo tem relativamente à segurança pública de Macau”, aponta o gabinete do secretário Wong Sio Chak, em comunicado. De destacar, no entanto, o aumento de casos de troca de dinheiro fora do casino. As autoridades detectaram mais 24 casos no primeiro trimestre, num total de 48 casos contra 24 registados em 2019. Em termos gerais, foram instaurados 2.142 casos de inquérito criminal, menos 28,3 por cento face a 2019, com uma redução de 952 casos. A criminalidade violenta, onde se incluem crimes como o tráfico de droga, violações ou abuso sexual de criança, teve uma quebra de 50 por cento. No caso do tráfico de droga, a quebra foi de 32,1 por cento. Os crimes contra o território tiveram uma quebra de 38,8 por cento, enquanto que os crimes contra a pessoa registaram uma queda de 29,7 por cento. No total, o número de indivíduos presentes ao Ministério Público foi de 937 entre Janeiro e Março, enquanto que no igual período de 2019 foi de 1631 pessoas.
Andreia Sofia Silva SociedadeAviação | Trabalhadores da Menzies queixam-se a Pereira Coutinho Os trabalhadores da Menzies, empresa de handling do Aeroporto Internacional de Macau, enviaram uma carta ao deputado Pereira Coutinho a pedir que exponha os seus problemas ao Governo. Os trabalhadores não residentes, que terminam contratos esta quarta-feira, exigem compensações e comunicação directa com a empresa [dropcap]A[/dropcap] Menzies Aviation, empresa que gere o sistema de bagagens do Aeroporto Internacional de Macau, vai despedir 400 trabalhadores não residentes da sua empresa devido à grave crise que o sector da aviação atravessa. Neste contexto, os trabalhadores enviaram uma carta ao deputado José Pereira Coutinho a pedir que interceda junto do Governo a seu favor. A carta, a que o HM teve acesso, começa por dar conta que os contratos dos funcionários terminam já na quarta-feira, e que não foram renovados. A Menzies Aviation terá feito um aviso prévio, através de agências de emprego que realizaram recrutamento para a empresa. “Depois deste aviso, a empresa obrigou-nos a assinar licenças sem vencimento e declarações voluntárias da não renovação do contrato. Isto significa que, caso não assinássemos as declarações das licenças sem vencimento, a empresa iria tratar do nosso caso como se não tivéssemos feito a renovação do contrato”, lê-se na carta, assinada por um funcionário de nome Dai Miao. Segundo adiantou ao HM, há funcionários que ainda não receberam quaisquer avisos relativos à sua situação laboral. Os funcionários exigem uma comunicação directa com a Menzies Aviation. “Até ao momento, ainda não recebemos quaisquer notificações escritas da empresa, apenas comunicações através das agências de emprego. Por isso, contamos com o apoio do deputado para a situação em que nos encontramos. Desejamos que o deputado fale com o Governo por nós, lutando pelos nossos direitos.” Plano global precisa-se Dai Miao contou ao HM que ainda recebeu o salário do mês de Fevereiro, mas que o mesmo não se verificou em Março e Abril, pedindo, por isso, os pagamentos devidos por parte da Menzies. Apesar de assinar a carta, o trabalhador admitiu não ter conhecimento da situação geral de todos os despedidos. Na carta, os trabalhadores defendem o reembolso do pagamento feito pelos serviços das agências de emprego nos meses de Março, Abril e Maio, dadas as restrições globais impostas pelo combate à covid-19. Para os trabalhadores, a Menzies deve ainda apresentar um plano global na área dos recursos humanos e “prestar o tratamento apropriado aos colegas que tinham acabado de renovar o contrato” antes do surgimento da pandemia. O HM tentou obter esclarecimentos do director-geral da Menzies Aviation em Macau, de Raymond Lo, mas até ao fecho desta edição não houve resposta. O deputado José Pereira Coutinho também não reagiu às questões do HM.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaZhuhai | Macau aguarda resposta sobre alegada venda de certificados falsos Começaram ontem a circular nas redes sociais e na imprensa chinesa informações que remetem para a alegada venda de certificados falsos de saúde em Zhuhai. Alvis Lo, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, confirmou que as autoridades de Zhuhai já foram contactadas sobre este assunto [dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau está atento às informações que circulam nas redes sociais e nos media em língua chinesa sobre a alegada venda de falsos certificados de saúde em Zhuhai junto aos locais onde são realizados os testes à covid-19. Estes certificados são obrigatórios para cruzar a fronteira com Macau. “Estamos a acompanhar estas informações sobre a compra de testes [com resultados] negativos. Damos muita importância à situação e por isso já notificamos as autoridades de Zhuhai. Estamos a aguardar as suas informações”, disse ontem Alvis Lo, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, na habitual conferência de imprensa do Centro de Coordenação e Contigência do Novo Coronavírus. Ainda assim, o responsável assegurou que a veracidade de todos os certificados é sempre verificada. “Se um comprovativo consegue enganar os responsáveis não conseguimos fazer nada, mas temos conseguido verificar todos os certificados que as pessoas trazem”, acrescentou. As autoridades de Zhuhai determinaram este fim-de-semana as datas de validade e de entrada em vigor dos certificados de saúde. Este documento só entra em vigor 24 horas depois da pessoa realizar o teste à covid-19, tendo um prazo de validade de sete dias. Os mesmos prazos são seguidos pelas autoridades de Macau. Entre as 6h e 16h de domingo 147 pessoas, de um total de 161, tiveram de esperar pelo cumprimento do prazo de 24 horas para poder cruzar a fronteira, tendo declarado um local para a observação médica. Quem não indicou qualquer local teve de esperar no posto fronteiriço do Pac On. Deixem-nos voltar Inês Chan, responsável da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), adiantou que estão ainda pendentes 79 pedidos de ajuda, relativos a 161 residentes espalhados pelo mundo, para regressar a Macau. No entanto, o Governo está a avaliar a forma como esta ajuda poderá ser concedida, uma vez que o corredor especial para transporte de residentes desde o Aeroporto Internacional de Hong Kong deixou de funcionar a 31 de Março. “Algumas pessoas manifestaram a vontade de só regressar em Junho. Ainda faltam duas semanas e estamos a acompanhar a evolução da epidemia. Em relação aos restantes, queriam voltar já na segunda quinzena de Maio. Vamos prestar apoio a estas pessoas, mas dependendo das suas necessidades.” Em relação aos estudantes do ensino superior, “cerca de 80 por cento pediu para voltar nos meses de Julho ou Agosto, durante as férias de Verão”, disse Inês Chan. “Temos de estar a par das alterações dos voos. Praticamente 90 por cento das companhias aéreas têm os seus voos suspensos, pelo que para os voos de Julho e Agosto ainda não sabemos quais são as políticas seguidas pelas companhias aéreas e quais as medidas que os países vão adoptar”, concluiu a responsável. De momento, resta apenas um doente com covid-19 internado, considerado “um caso ligeiro, encontrando-se em situação estável e sem dificuldades respiratórias, não necessitando de oxigénio”. No sábado, foi concedida alta a uma paciente sul-coreana, de 27 anos, que foi o primeiro caso registado da segunda vaga de infecções importadas. A jovem foi internada com o diagnóstico de covid-19 a 15 de Março, depois de ter visitado a cidade do Porto, em Portugal, com o namorado. Uma vez que se trata de uma trabalhadora não residente, a doente recuperada terá de pagar 18 mil patacas relativas a despesas médicas, noticiou a TDM Rádio Macau. APN | Tratamento igual Realiza-se sexta-feira, dia 22, a sessão anual da Assembleia Popular Nacional em Pequim, o que vai obrigar à deslocação dos delegados de Macau à capital chinesa. Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Coronavírus, assegurou que estas personalidades terão de realizar testes e de possuir toda a documentação necessária para sair e entrar em Macau. “Todos são tratados da mesma forma. Quando voltarem para Macau têm de apresentar o certificado da realização do teste de ácido nucleico e quando embarcarem no avião também têm de ter este certificado.”
Andreia Sofia Silva EventosLMA | Projecto None of Your Business reúne músicos e djs esta noite Manuel Correia da Silva e Rui Simões estão juntos num novo projecto ligado à música intitulado None Of Your Business (NOYB) que apresenta esta noite, pela primeira vez, um pouco daquilo que poderá ser visto e ouvido daqui para a frente. O evento de hoje no Live Music Association é uma tentativa de regresso à normalidade em tempos de pandemia e conta com a presença de Burnie, Rui Rasquinho e outros djs [dropcap]O[/dropcap] espaço Live Music Association (LMA) abre portas esta noite com um evento cheio de música mas, acima de tudo, de experimentação de sons. O novo projecto de Manuel Correia da Silva e Rui Simões, intitulado None Of Your Business (NOYB), leva ao palco uma série de músicos e djs, uns mais profissionais do que outros, com o objectivo de pôr todos a dançar e esquecer um pouco os tempos de confinamento. “Sentimos que ainda falta algum tempo para estarmos descontraídos e esta festa pode contribuir, de alguma maneira, para que haja um espírito mais positivo”, disse Manuel Correia da Silva ao HM. “Vamos ter a presença de um grupo muito diversificado de convidados que vão fazer desta a primeira de futuras acções daquilo que vai ser o projecto NOYB em Macau. Vamos ter um grupo muito diferenciado de pessoas que não são necessariamente todas profissionais. São todos amantes de música e vamos querer promover uma noite com um leque de músicas muito diferente”, frisou. Actuações inéditas A noite promete arrancar com BURNIE, natural de Macau e ligado à música electrónica. BURNIE conta com 5 EPS no currículo, gravados no Reino Unido. Em 2013 gravou “Lotus City” com a editora local 4daz-le Records. Segue-se a actuação de Rui Rasquinho, artista plástico, designer e ilustrador que, pela primeira vez, vai pisar um palco como músico. Será “uma apresentação inédita, num formato quase de música experimental”, descreve Manuel Correia da Silva. “A música do BURNIE é mais dançante, quase pop, mas no caso do Rui Rasquinho apresentamos algo muito experimental, com ambientes e paisagens sonoras, em que ele toca ao vivo com a sua guitarra a solo.” Seguem-se os djs, alguns que já fazem parte da casa. José Carlos Matias, jornalista, transforma-se em DJ Soneca e leva ao público sons mais punk-rock, algo “muito old school mas com muita energia e festa”. A DJ Minchi é Patricia Neves que promete abraçar outros registos musicais. A noite encerra com Manuel Correia da Silva e Rui Simões, ou seja, os NOYB. “Cada um de nós tem abordagens da música bastante diferentes, e gostamos disso. Vamos apresentar coisas que não são tão habituais e queremos mostrar algumas das músicas que andamos a explorar aqui da região, das cidades à nossa volta como Cantão e Pequim. É música feita na China, bandas novas.” Os NOYB vão também passar sons de “artistas conhecidos e com quem trabalhamos muito em Portugal”. “Esse é o início daquilo que está por detrás da NOYB e que queremos que o público perceba”, rematou Manuel Correia da Silva. As portas abrem hoje às 21h30 e a entrada tem o valor de 150 patacas.
Andreia Sofia Silva SociedadeTurismo | Professor da UM defende parcerias entre Governo e privados para recuperar da crise Glenn Mccartney, professor da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau, acaba de publicar um novo estudo onde defende que são necessárias mais parcerias público-privadas para a recuperação do sector do turismo e do jogo. O académico defende que esta pode ser uma boa oportunidade para a diversificação, mas alerta para a necessidade de um desconfinamento gradual [dropcap]C[/dropcap]om os sectores do jogo e do turismo a sofrerem uma crise sem precedentes devido ao surto causado pelo novo coronavírus, é importante olhar para novas estratégias e apostar nas parcerias entre o sector público e privado. São estas as ideias defendidas por Glenn Mccartney, professor da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau (UM), no seu mais recente estudo intitulado “The impact of the coronavirus outbreak on Macao. From tourism lockdown to tourism recovery”. O académico distingue três fases nesta crise. A fase 1 diz respeito à implementação das medidas de confinamento e ao encerramento dos casinos e fronteiras. A fase 2 foi marcada pelo surgimento dos casos importados de infecção, enquanto que a fase 3 é a de aceitação e de resposta. E é nesta última fase que importa apostar numa maior parceria público-privada, com foco na responsabilidade social dos casinos. “A diversificação do sector [do turismo] além do jogo tem sido pouco diversificada desde a liberalização dos casinos. Poder-se-ia utilizar a fase 3 como uma oportunidade para estabelecer um compromisso com a indústria e uma aproximação de forma mais colaborativa com o sector privado”, defende o autor do estudo. Glenn Mccartney acredita que chegou a altura de “discutir cenários de recuperação”. “Mudar para uma terceira fase de recuperação da crise deveria envolver o sector público e privado de um ponto de vista colaborativo, ao invés de manter uma estratégia ‘de cima para baixo’, providenciando uma oportunidade de diversificação do turismo”, frisou. Neste sentido, para que não se voltem às mesmas estratégias do passado, o académico defende que se deve analisar o mercado chinês de visitantes e o foco principal do sector do turismo e do jogo em Macau. Glenn Mccartney destaca o facto de muitas das medidas restritivas para combater o surto terem sido adoptadas sem uma prévia consulta ao sector privado. As medidas foram implementadas “de forma rápida, com uma consulta limitada ou inexistente às comunidades e ao sector privado, nomeadamente os casinos ou às pequenas e médias empresas (PME)”. A pouca colaboração entre o sector público e privado já foi referida como tendo contribuído para “uma maior dependência dos casinos”. Caso não haja esta parceria público-privada, poderão existir “mudanças limitadas em relação à trajectória do sector do turismo e do jogo antes de Janeiro”, defendeu o autor. Desconfinar, mas devagar Depois do surgimento de casos importados, Macau tem agora a situação novamente controlada, restando poucos pacientes internados. Glenn Mccartney defende que está na altura de avançar para um desconfinamento gradual, uma vez que o impacto do confinamento “vai além das questões sócio-económicas”. Estão em causa “milhares de trabalhadores do sector do turismo e hotelaria”, que permanecem em espaços quase vazios. O professor da UM frisa que se devem ter em conta “os impactos económicos crescentes no sector privado, tanto nos casinos como nas pequenas e médias empresas, e os possíveis impactos sociais na comunidade com um confinamento prolongado”. Apesar disso, o académico acredita que este desconfinamento não deve ser feito de forma repentina. “As proibições de viagem necessitam de ser reduzidas gradualmente por parte dos governos da China e de Macau para recuperar o sector do turismo, com a consciência de que não se pode reiniciar o relógio caso surjam novos casos de infecções com o novo coronavírus”, conclui.
Andreia Sofia Silva SociedadeIPM | Coutinho questiona redução de vagas em tradução [dropcap]O[/dropcap] deputado Pereira Coutinho interpelou o Governo sobre a redução do número de vagas por parte do Instituto Politécnico de Macau (IPM) no curso de Tradução e Interpretação Chinês-Português/Português-Chinês (ensino pós-laboral) e Tradução e Interpretação Chinês-Português/Português-Chinês, no regime diurno. Neste último caso, “só foram abertas vagas para uma turma, impedindo-se a criação de vagas para uma segunda turma”. Coutinho questiona a medida por considerar que existe “uma elevada procura local para a aprendizagem das línguas oficiais”. No que diz respeito ao ensino da língua chinesa como língua estrangeira “o curso tinha duas vertentes, uma para estudantes de língua nativa chinesa e outra para nativos de língua materna não chinesa”. Mas, “por razões desconhecidas, no ano lectivo 2019/2020, não foram abertas vagas para o ramo destinado a não nativos de língua chinesa, prejudicando muitos cidadãos da oportunidade na aprendizagem das línguas oficiais”, destaca. O deputado denota ainda que, em 2019, o IPM não apresentou candidaturas ao financiamento para a elaboração de materiais pedagógicos e científicos, o que mostra “confusões na sua gestão interna, situações essas consideradas repetitivas e outrora (2011) objecto de investigações por parte do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC)”. O deputado deseja saber as razões para a redução do número de vagas e qual o acompanhamento que está a ser dado no âmbito do referido relatório do CCAC.
Andreia Sofia Silva EventosNova exposição de Crystal M.Chan e Benjamim Hodges reflecte sobre o desenvolvimento de Macau Crystal M.Chan, pintora e estudante de mestrado em Nova Iorque, está de regresso a Macau para uma nova exposição, desta vez feita a quatro mãos com Benjamin Hodges. “Mountain Surrounded by Sea” é composta por quadros e sons que olham para o desenvolvimento que Macau sofreu nos últimos anos, ao mesmo tempo que convidam a uma contemplação e introspecção [dropcap]A[/dropcap] nova exposição dos artistas Crystal M.Chan e Benjamin Hodges, que inaugura na próxima terça-feira no espaço Creative Macau, é um olhar sobre a terra natal da artista, actualmente a frequentar um mestrado em artes em Nova Iorque. Pela primeira vez, Crystal M.Chan expõe com a ajuda da instalação de som e imagens, numa mostra onde se reflecte o efeito da quarentena, que a artista cumpriu em Nova Iorque. Em “Mountain Surrounded by Sea” visualiza-se a reflexão de Crystal M. Chan sobre a Macau antiga e a Macau dos novos aterros, dos que já foram construídos e dos que estão por erguer. Mas quem visitar a exposição vai deparar-se com uma nova forma de olhar as obras. “A projecção e os sons convida as pessoas a estar e a ouvir. Há um lado meditativo e penso que se deve a esta pandemia. Espero que as pessoas tenham uma nova perspectiva sobre a forma como trabalhamos e o ambiente, e que possam ver os trabalhos de uma forma mais contemplativa e não tão apressada”, contou ao HM. Primeiro era a península e duas ilhas, mas rapidamente a paisagem de Macau foi ganhando novos contornos nos últimos anos. A exposição é também sobre isso. “Nos últimos meses, quando começamos a atravessar a nova ponte, podemos ver os pedaços de terra a surgirem do mar e esta mudança dá-nos a sensação de que o mar está a desaparecer”, disse Crystal M. Chan. Benjamin Hodges fala também de um território habituado a acolher muita gente de fora, estando em permanente mudança. “A reclamação da terra ao mar tem acontecido nos últimos anos enquanto processo natural, e penso que terá começado já na Administração portuguesa. E neste momento os novos aterros visam a construção de mais casas para os residentes. É uma necessidade para o futuro de Macau, é também um desejo. Tudo isto tem a ver com a forma como as pessoas vêm para Macau.” “No meu caso sou um americano que tem vivido em Macau nos últimos anos, e tenho vindo a aprender mais coisas sobre a história de Macau e a comunidade imigrante, pessoas que surgem de vários lugares. Por isso, também abordamos essa temática”, acrescentou. Espaços distintos As obras de Crystal M. Chan remetem também para um certo saudosismo daquilo que Macau já foi e numa análise daquilo em que se tornou. “Esta tem sido uma experiência muito boa que me está a fazer regressar aos meus tempos de adolescente. Ultimamente tenho passado mais tempo a pintar e nas minhas obras está muito presente um sentimento de perda, que está relacionado com as obras relativamente ao tempo da Administração portuguesa.” Os dois artistas decidiram olhar para o espaço da Creative Macau sob dois ângulos. “Num dos espaços trabalhamos bastante sob o ponto de vista da construção, com a visão que temos dos novos aterros e do meio ambiente envolvente. Do outro lado, temos uma espécie de cenário de filme, com um local onde as pessoas se podem sentar e desfrutar dos sons e das obras”, explicou Benjamin Hodges. O minimalismo foi a linha orientadora, convidando as pessoas a reflectir. E, aqui, a quarentena cumprida pela pintora revela-se nos detalhes. “A Crystal esteve de quarentena e regressou há pouco tempo de Nova Iorque, onde viveu esta sensação de isolamento. Está presente este tema de olhar para o mundo lá para fora de forma remota, através de uma janela. É um ponto com o qual trabalhamos num dos espaços, enquanto que no outro trabalhamos muito com a terra e o mar.” O efeito quarentena neste trabalho revela-se também na vontade de o expandir a um público cada vez maior, tornando-o interactivo. “Estamos a pensar fazer um pequeno filme sobre a construção deste cenário, num projecto para continuar e partilhar online. Não queremos que se limite a este espaço físico e queremos que chegue a um público mais vasto”, rematou Crystal M.Chan.
Andreia Sofia Silva SociedadeAeroporto | Receitas da CAM aumentam 16,5% em 2019 A CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau registou um aumento de receitas na ordem dos 16,5 por cento devido ao bom desempenho das receitas de aviação e dos negócios não aeronáuticos. Ma Iao Hang, presidente do conselho de administração, fala de mudanças no sistema de segurança e promete novas medidas em tempos de crise [dropcap]A[/dropcap] CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau registou um aumento da receita total na ordem dos 16,5 por cento, revela o relatório e contas da empresa publicado ontem em Boletim Oficial (BO). O montante das receitas relativo ao ano passado foi de 1,82 mil milhões de patacas. Estes números devem-se “ao aumento de 15,3 por cento das receitas de aviação e de 17,4 por cento das receitas de negócios não aeronáuticos”. No que diz respeito às principais operadoras do Aeroporto Internacional de Macau, as receitas totais foram de 6,27 mil milhões de patacas, um aumento de 13,6 por cento. A CAM denota ainda um aumento de 17,9 por cento no movimento de aeronaves para um total de 77.581 voos. No entanto, o sector dos jactos privados teve uma quebra de 15,5 por cento, que se traduziu em 2.768 voos, devido à “austeridade da indústria mundial”. De frisar que, o ano passado, o aeroporto registou “novo recorde do número de passageiros”, com um volume anual superior a 9,6 milhões, ou seja, “catorze vezes mais que a população local”. Mais segurança A mensagem do presidente do conselho de administração da CAM, Ma Iao Hang, dá ainda conta de que foi iniciada a expansão da zona sul do terminal de passageiros do aeroporto. Trata-se de um projecto que irá adicionar uma área de 17 mil metros quadrados e três novas portas de embarque. Foram abertos centros de serviço de embarque em Jiangmen e Zhongshan, além de serem disponibilizadas 12 instalações de auto-serviço de check-in no terminal de passageiros. O aeroporto conta hoje com mais seis estabelecimentos nos sectores de restauração, comunicação e viagens. A CAM fez ainda uma aposta na segurança, uma vez que foram “substituídas as instalações de estacionamento para aeronaves e divisórias de segurança”. Foi também instalada “uma cerca de segurança de camada dupla com quase 12 quilómetros de comprimento, equipada com um sistema de detecção de intrusões na fronteira”. Ainda ao nível da segurança, o aeroporto conta hoje com um total de 921 câmaras de rede de alta precisão, tendo a vigilância de circuito fechado de televisão aumentado em 30 por cento. Foram também introduzidos 40 novos equipamentos, além de ter sido feita “a optimização das verificações de segurança”. Depois de um ano com resultados positivos, a crise causada pelo surto de covid-19 trouxe a necessidade de novas respostas. Na mensagem de Mao Iao Hang lê-se que o aeroporto mantém contactos com parceiros para que haja uma “revitalização do volume de tráfego aéreo após a epidemia”, além de serem feitos “todos os esforços possíveis para desenvolver rotas de médio e longo curso com vista a atrair mais passageiros internacionais e locais”.
Andreia Sofia Silva SociedadeCovid-19 | Marcação online de testes alargada a portadores de vistos e passaportes Desde a meia noite de hoje que é possível aos portadores de vistos de trabalho, familiares ou executivos, e também aos que viajam com passaporte, fazer a marcação online para a realização do teste de ácido nucleico em Macau. No entanto, Alvis Lo, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, deixou claro que esta alteração não é sinónimo de mudanças nas proibições de entrada aos trabalhadores não residentes [dropcap]O[/dropcap] Governo decidiu expandir a marcação online de testes de ácido nucleico nas fronteiras a mais pessoas. Alvis Lo, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, adiantou ontem em conferência de imprensa que, desde a meia-noite desta quinta feira que é possível aos portadores de vistos ou de passaporte marcarem previamente a realização dos testes. “Quem tem autorização de entrada [no território] pode fazer a sua marcação online para a realização do teste junto do nosso centro de coordenação, devendo pagar 180 patacas logo no primeiro teste. Temos vagas limitadas para a marcação prévia e temos de garantir primeiro os testes para os residentes de Macau”, adiantou. Estão incluídas pessoas “com vistos executivos, familiares ou de trabalho, ou aqueles que entram com passaporte”, mas isso não significa mudança na proibição de entrada de trabalhadores não residentes estrangeiros. “Só alargamos o serviço, não tem a ver com a entrada e saída de pessoas”, disse Alvis Lo. Quanto à capacidade diária da realização de seis mil testes, o médico garantiu que o número pode variar. “Vamos, gradualmente, aumentar a capacidade de fazer testes e este número pode ter um ajustamento de acordo com a situação do dia-a-dia. Se há menos residentes restarão mais vagas para os visitantes, por isso não podemos definir um número exacto para todos os dias.” Mais uma alta Há 35 dias consecutivos sem registo de novos casos importados de infecção com o SARS-Cov-2, as autoridades deram ontem alta a mais um paciente, que corresponde ao 23.º caso de infecção confirmado. Trata-se de um jovem de 12 anos, residente de Macau, mas a estudar no Reino Unido. Este voou de Londres para Hong Kong a 20 de Março, tendo começado a registar os primeiros sintomas, como tosse e febre, quando já se encontrava a cumprir quarentena num hotel em Macau. A 22 de Março, os testes deram positivo para a covid-19. Restam apenas dois pacientes internados “com sintomas ligeiros, uma situação estável e sem dificuldades respiratórias”, explicou Alvis Lo. Actualmente há 214 pessoas a cumprir quarentena em hotéis. Hong Kong | Novos casos Alvis Lo, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, foi ontem confrontado com a possibilidade dos novos casos de infecção local registado em Hong Kong poder afectar as negociações entre os dois territórios sobre a reabertura de fronteiras. “Sim, claro que pode ter alguma influência nas nossas negociações, porque estamos a comunicar a situação de perto, mas de momento não tenho mais informações a comunicar.” Os casos registados em Hong Kong são de uma paciente de 66 anos que não viajou para fora do território nos últimos meses e da sua neta de cinco anos, ambas casos de transmissão local, estando-se agora a tentar determinar como a avó foi contaminada. Máscaras | Uso obrigatório As autoridades de Zhuhai decidiram terminar com a obrigatoriedade do uso de máscaras nas escolas, mas o Governo de Macau assegura que vai manter essa medida, pelo que “não há a preocupação de os alunos transfronteiriços não usarem máscaras nas escolas”, disse Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação e Contigência do Novo Coronavírus. “Todos os alunos e professores em Macau têm de usar máscaras nas escolas e o rigor é diferente, depende das várias regiões da China. Em Zhuhai há directrizes que determinam que não é obrigatório usar máscaras nas escolas, mas há outros locais em que é obrigatório o seu uso. Vamos ter em conta essas directrizes mas também vamos ponderar a situação de Macau”, concluiu.
Andreia Sofia Silva EntrevistaPaula Machado, sobre covid-19: “Macau tem a vantagem de rapidamente ganhar a confiança dos visitantes” Não fossem os protestos em Hong Kong, Macau teria recebido mais de 16 mil visitantes portugueses o ano passado. O aparecimento do surto de covid-19 obrigou o Centro de Promoção e Informação Turística de Macau a repensar estratégias e, para voltar a esses números, Paula Machado acredita ter de trabalhar na promoção de Macau por mais dois anos. A mudança do Turismo para a pasta da Economia e Finanças é positiva e implica a aposta no turismo de negócios, defende [dropcap]E[/dropcap]m plena crise pandémica, como tem sido o trabalho do Turismo de Macau em Portugal? Mantêm os objectivos anteriormente traçados? Este ano começou com boas perspectivas e tinha tudo para ser de sucesso, na medida em que 2019 foi um ano muito especial para o nosso mercado. Tínhamos traçado um plano de marketing para 2020 muito activo por forma a dar seguimento à posição que tínhamos alcançado no mercado, com a implementação de várias acções de promoção turística e que tinham como objectivo conseguirmos aumentar o número de visitantes portugueses para Macau para perto dos 17.000. Contudo, no fim de Janeiro, com o aparecimento dos primeiros casos em Macau da covid-19 e com o fecho dos casinos, suspendemos algumas acções promocionais, mas não desistimos dos projectos em curso, que acabariam também por ser cancelados ou adiados para 2021. Vão fazer algumas alterações? Começamos a estudar campanhas de captação de turismo e a rever estratégias de promoção para o pós epidemia. Procuramos agora, à semelhança dos demais países, reinventarmo-nos, por forma a manter a nossa presença nos mercados português e espanhol. De que forma isso será feito? A nossa aposta passa por mantermos os conteúdos publicitários quer em papel, quer online, e usarmos as redes sociais para continuarmos a comunicar, uma vez que dificilmente vamos marcar presença em eventos durante os próximos meses. Estamos a estudar outras soluções como webseminars com as agências de viagens. As atenções estão agora concentradas na retoma da actividade e as questões que mais preocupam o sector são de como será o comportamento do consumidor quando a normalidade regressar e o que farão, em particular, os turistas e os viajantes. Perante esse facto, que respostas existem? A aposta nos mercados internos é agora a solução possível, pelo menos neste cenário de abertura condicionada e até surgir uma vacina, e penso que Macau não é excepção. A retoma dos voos está também muito dependente das medidas restritivas de entrada em cada destino, para que haja confiança por parte do consumidor em viajar e, ainda da própria operacionalidade dos voos que vão ver a sua ocupação reduzida. Como Macau foi dado como um exemplo de sucesso no combate ao vírus pela prontidão e eficiência com que actuou, obviamente que o território tem a grande vantagem de mais rapidamente ganhar a confiança dos visitantes. Mas, e até lá chegar? Como explica que em Portugal ainda se olhe para Macau com algum distanciamento? Quando se pensa em Macau é inevitável não lembrar o legado deixado e mantido entre as culturas chinesa e portuguesa, entre o tradicional e o moderno. Além dos habituais atractivos temos dado a conhecer os novos produtos turísticos aos portugueses, como por exemplo a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Temos estado atentos às preferências das gerações mais novas por forma a conseguirmos chegar da melhor forma a esse segmento, que privilegia viagens “multidestinos”, para que Macau possa assim fazer parte desses itinerários. O Governo de Macau deseja que os visitantes fiquem mais dias no território. É possível concretizar isto a curto prazo? O segmento dos congressos e incentivos tem um enorme potencial para aumentar a estada média em Macau. O território tem, nesta área, todas as valências necessárias para a organização deste tipo de viagem e tem incentivos, nomeadamente do mercado português. Existe um fundo de captação de congressos em Macau, e se for mais conhecido, sobretudo ao nível das normas da sua utilização, por parte das agências, provavelmente teremos mais negócio com Macau neste vector. Mas, sem querer ser pessimista, para voltarmos aos números de 2019 vamos ter de trabalhar muito na promoção de Macau nos próximos dois anos. Quantos portugueses visitaram Macau o ano passado? O ano passado 15.967 turistas portugueses visitaram Macau, mais 2,4 por cento face a 2018. Os números de chegadas de portugueses oscilam entre os 15.000 e os 16.000 visitantes desde 2013, excepto quando grandes reuniões ou encontros decorrem em Macau. No entanto, o nosso mercado foi o que apresentou o tempo médio de permanência no território mais elevado dos mercados europeus. Em 2019, o nosso mercado apresentou uma média de estadia de 5,6 dias. Em 2019 teríamos, muito provavelmente, superado os 16.000 visitantes, mas a crescente instabilidade política em Hong Kong teve um impacto muito negativo. Em números absolutos, Outubro foi o segundo mês mais forte, sendo que em Abril se registou o pico de chegada de visitantes portugueses. Quais os factores que mais dificultam a promoção de Macau em Portugal? A grande distância entre os dois territórios e o custo elevado dos voos. Além disso, existe a condicionante dos baixos salários de uma grande percentagem da população activa portuguesa. Devido às restrições financeiras muitos portugueses planeiam passar as suas férias em Portugal, na vizinha Espanha, ou num destino de praia, se conseguirem um bom pacote. Falou-me dos planos de expansão da livraria para um projecto online. Em que fase está? Esta livraria visa promover o legado cultural de Macau e o espólio é constituído essencialmente por livros escritos por autores de Macau ou relacionados com Macau. Acaba por ser um importante complemento às nossas actividades promocionais, pois participamos na Feira do Livro de Lisboa e na Festa do Livro de Belém. Nestas feiras acabamos por vender mais livros do que em nos outros meses do ano. Ainda assim, penso que ainda há muito a fazer para atrair mais pessoas às nossas instalações. Como por exemplo? Uma das primeiras medidas que tomei quando assumi este novo cargo foi precisamente a reestruturação da livraria, pois não me identifiquei com a forma como a mesma estava organizada. Foi contratada uma empresa para elaborar um novo inventário, o que implicou a implementação também de um novo sistema informático e o abate de livros antigos e desactualizados, que tínhamos em demasia e nunca conseguiríamos escoar. Paralelamente, foram feitas obras no armazém para podermos organizar os livros por ordem alfabética e por autor. Vamos ainda criar um novo sistema de gestão das consignações em conformidade com o que se faz nas outras livrarias em Portugal e sim, o passo seguinte é termos o nosso site reestruturado no segundo semestre. Qual o impacto para o vosso trabalho da mudança da área do turismo da tutela dos Assuntos Sociais e Cultura para a pasta da Economia e Finanças? Em termos práticos não vai constituir uma grande mudança, uma vez que o nosso trabalho é coordenado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Mas a aposta na área do turismo de negócios poderá representar um acréscimo do nosso trabalho, mas será ao mesmo tempo muito gratificante podermos propor a realização de congressos de diferentes áreas em Macau, atraindo assim mais visitantes. É um segmento com um enorme potencial. Mas esta mudança não é surpresa e penso que nunca foi feito porque não se queria dissociar o turismo da cultura. Então, porquê agora? O turismo constitui o principal pilar da economia e emprega uma grande percentagem da população activa de Macau e não deixa de estar relacionado com o sector do jogo. Encaro com optimismo esta mudança, principalmente porque o turismo e a cultura já têm uma relação muito consolidada, o que vai permitir que continuem a trabalhar em parceria. Por outro lado, o acelerado desenvolvimento de Macau tem permitido dotar a cidade de relevantes infra-estruturas públicas e privadas, de condições excepcionais para a programação e organização de eventos de grande envergadura em outras áreas, no sentido de tornar este sector emergente. Neste sentido poderão existir muitas vantagens nas sinergias que podem ser criadas com os outros serviços sob a tutela do Secretário para a Economia e Finanças. Receberam novas directrizes para o segmento do turismo de negócios? Em Janeiro foi dado a conhecer aos representantes de todos os escritórios de representação da DST no exterior a zona de Hengqin. Confesso que fiquei impressionada com o desenvolvimento operado nos últimos anos e com o potencial que pode vir a ter para a realização de eventos de grande envergadura. Desde logo porque dispõe de infra-estruturas adequadas como por exemplo o parque Industrial de Ciência, Tecnologia e de Medicina Tradicional Chinesa. Quando estiver concluído permitirá aos visitantes terem experiências únicas na área da saúde e bem-estar, além de ser um local apropriado para, por exemplo, acolher congressos na área da medicina, mas não só. Com a covid-19 a obrigar ao cancelamento de muitos eventos, como será feita este ano a promoção de Macau? Este ano não vamos ter participação em eventos presenciais. A Feira do Livro foi adiada para Setembro, mas ainda antes desta decisão ter sido tomada manifestamos logo a nossa posição de não participarmos este ano. Acho que foi uma medida prudente, pois não creio que vá acontecer. Quanto à BTL, foi cancelada este ano, pelo que terá lugar como habitualmente em Março de 2021.
Andreia Sofia Silva VozesRaimundo não é político [dropcap]R[/dropcap]aimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, não é um político, mas também não é um funcionário público típico. Está no meio, onde mora a virtude, mas neste caso onde se aloja a eficiência e a brutal honestidade. Se olharmos para a tutela das Obras Públicas dos últimos anos, só temos corrupção, silêncio e ineficiência. Ao Man Long encontra-se a cumprir pena no Estabelecimento Prisional de Coloane, Jaime Carion, ex-director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, está em parte incerta e Lau Si Io desapareceu na presidência do conselho de administração do Centro de Ciência de Macau para não mais falar sobre o passado. Agora temos Raimundo do Rosário, um secretário que explica sempre tudo numa tentativa constante de transparência e que resolve problemas de verdade. Além disso, é honesto: pela primeira vez, tivemos um governante na Assembleia Legislativa a assumir que não queria este cargo, nem no primeiro mandato, nem no segundo. Há ainda muito a resolver no que diz respeito à eficiência nas Obras Públicas, mas as coisas estão a andar. Será difícil encontrar um nome para o substituir.
Andreia Sofia Silva SociedadeCFO do grupo Suncity ligado a compra bilionária da Imperial Brands O director financeiro do grupo Suncity faz parte do conselho de administração de uma empresa de Hong Kong que acaba de adquirir parte da Imperial Brands, uma das maiores produtoras e distribuidoras de charutos do mundo. O jornal South China Morning Post questiona o negócio devido ao embargo comercial a Cuba [dropcap]C[/dropcap]hiu King-yan, director financeiro do grupo Suncity, faz parte do conselho de administração da Allied Cigar Corporation, a empresa que adquiriu, por 1,1 mil milhões de dólares americanos, parte da Imperial Brands, uma das mais importantes empresas de produção e comércio de charutos do mundo. De acordo com o diário South China Morning Post, não há provas que relacionem a empresa de junkets com o negócio bilionário. Um representante da empresa, presidida por Alvin Chau, disse ao jornal de Hong Kong que o negócio da Allied Cigar não está ligado ao grupo Suncity, tendo rejeitado o pedido de entrevista feito a Chiu King-yan. Do outro lado do negócio, a Imperial Brands recusou comentar a notícia. A transação concretizou-se a 27 de Abril e visa o fim da produção de charutos do segmento premium, que inclui marcas como a Cohiba, Romeo y Julieta e Montecristo. No entanto, e de acordo com o jornal Evening Standard, a empresa irá manter a produção de charutos noutros segmentos. A Imperial Brands vendeu à Gemstone Investment o seu segmento de produção de charutos de luxo nos Estados Unidos por 161 milhões de dólares americanos, enquanto que a Allied Cigar Corporation fica responsável pela produção no resto do mundo. A Allied Cigar chegou ao mercado de Hong Kong a 10 de Março e, além de Chiu King-yan, tem também Chiu Ping-shun e Joyce Lam como directores adjuntos. Perguntas por responder Um dos mistérios relativos ao negócio prende-se com o facto de a venda à Allied Cigar incluir a joint-venture entre a Imperial Brands e o Governo de Cuba destinada à produção de charutos de alta qualidade. Esta empresa, um dos grandes investidores em Cuba, detém marcas importantes como a Cohiba, Romeo y Julieta e Montecristo. O South China Morning Post recorda que permanecem as sanções comerciais dos Estados Unidos a Cuba, o que torna “difícil, se não impossível, às empresas fazer negócios com os dois países”. No ano passado, o Governo de Donald Trump decidiu ampliar o embargo a Cuba, ao activar o dispositivo de uma lei que permite aos norte-americanos processarem empresas europeias que usem propriedades confiscadas durante a revolução cubana. Esta decisão dificulta os investimentos externos em Cuba.