HK | Descoberto caso de contrabando no valor de 200 milhões de dólares

Barbatanas de tubarão, charutos, telemóveis, produtos farmacêuticos e até pele de burro. Estes são os produtos descobertos em mais dois casos de contrabando descobertos pelos Serviços de Alfândega (SA) de Hong Kong nos dias 3 e 7 deste mês.

Segundo um comunicado deste organismo, o valor das mercadorias é de cerca de 200 milhões de dólares americanos, estando envolvidos dois navios, um deles destinado ao comércio fluvial. Este navio destinava-se a Macau e foi apanhado pelas autoridades no dia 3 de Outubro. Foram ainda inspeccionados cinco contentores que teriam Taiwan como destino e que foram declarados como transportando alimentos congelados. A 7 de Outubro, os SA de Hong Kong perceberam que aqui circulavam 150 toneladas de pele de burro e não os alimentos declarados.

O mesmo comunicado indica que a investigação prossegue e que “não se exclui a possibilidade de ocorrência de detenções”. Segundo a Lei de Importação e Exportação de Hong Kong, qualquer pessoa considerada culpada de importar ou exportar carga não declarada está sujeita a uma multa máxima de 2 milhões de dólares e a uma pena de prisão de sete anos após condenação.

Sete casos na semana passada

Tendo em conta a realização dos Jogos Nacionais a partir do próximo mês, os Serviços de Alfândega (SA) querem mostrar serviço e admitiram terem reforçado os esforços de inspecção no Posto Fronteiriço das Portas do Cerco. Como resultado destes esforços, foram registados sete casos de contrabando entre 21 e 25 de Outubro.

Segundo um comunicado dos SA de Macau, no âmbito dos sete casos, os agentes alfandegários encontraram um total de 120 telemóveis antigos, muitas vezes utilizados para contornar as limitações de acesso à internet, 85 peças de produtos electrónicos e 1344 gramas de charuto.

Os contrabandistas envolviam residentes de Macau e do Interior, com idades entre 38 e 64 anos. Os envolvidos foram multados, anunciaram os SA, ao abrigo das disposições da lei do comércio externo.

28 Out 2025

Grande Baía | Projecção de aumentos salariais de 3% em Macau

No mais recente Relatório de Inquérito às Remunerações e Benefícios da Grande Baía 2025, 15,4 por cento de 39 empresas de Macau apontam para um aumento salarial na ordem dos 3 por cento para 2026. A área da tecnologia é a que paga mais a um recém-licenciado, com um salário de 19 mil patacas

Já são conhecidos alguns dados do panorama salarial e benefícios concedidos a trabalhadores no contexto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau 2025, graças a um novo inquérito divulgado na sexta-feira.

Segundo um comunicado oficial, Macau faz-se representar com 39 empresas inquiridas, sendo que, destas, 15,4 por cento prevê um aumento salarial de três por cento para o próximo ano. Enquanto isso, há “33 organizações que ainda não decidiram a previsão de aumento salarial”, e “nenhuma organização indicou um congelamento salarial”.

As previsões para 2026 apontam para um ajuste salarial de 3,1 por cento em posições de gestão ou cargos séniores, posições de supervisão ou funcionários gerais, enquanto que os funcionários em funções operativas ou de atendimento podem receber aumentos de 3 por cento. Trata-se de números mais simpáticos face a este ano, cujas percentagens de aumento rondam os 1,3 por cento e os 2,9 por cento consoante as diversas posições profissionais. Em 2022, ano da pandemia, os ajustes salariais não foram além de 1 por cento, sendo que nas posições séniores ou de pessoal de gestão houve até uma quebra de 0,1 por cento.

Entre os meses de Julho de 2024 e Junho de 2025, registou-se um aumento salarial médio de 1,6 por cento nas 39 empresas inquiridas em Macau, enquanto 24 relataram um panorama de congelamento salarial. Excluindo estas empresas que não subiram valores, “o aumento salarial médio real foi, em termos gerais, nas restantes organizações, de 3,4 por cento”.

Estes dados dizem respeito ao Relatório do Inquérito sobre Remunerações e Benefícios da Grande Baía 2025, que no caso de Macau inclui empresas ligadas a seis sectores de actividade, nomedamente hotelaria e restauração, banca, seguros, finanças, cultura e entretenimento, ou ainda comércio e engenharia. O inquérito abrangeu, em Macau, um total de 54.195 funcionários.

Quem paga mais?

A apresentação do Inquérito decorreu na última sexta-feira na Faculdade de Administração de Empresas da Universidade de Macau (UM), tendo sido realizado por esta universidade, a Associação de Recursos Humanos da Grande Baía de Macau e diversas instituições do ensino superior da região da Grande Baía, incluindo o Centro de Estratégia e Desenvolvimento de Recursos Humanos da Faculdade de Administração da Universidade Baptista de Hong Kong, entre outras.

Ainda no caso de Macau, é destacado que os licenciados na área das tecnologias de informação são aqueles com o salário mais elevado em início de carreira, na ordem das 19 mil patacas, enquanto que na província de Guangdong, para o mesmo tipo de trabalho, um recém-licenciado ganha cerca de 6 mil renminbis. Caso possua estudos mais avançados, como pós-graduação ou mestrado, o salário passa a 8,500 renminbis. Na província de Guangdong, os salários mais elevados para um recém-graduado são na área de “R&D”, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, com 6,500 renminbis. Quem tem estudos mais avançados do que a licenciatura pode chegar a um salário de 9,500 renimbis.

No caso de Hong Kong, os salários para quem acaba de sair da universidade são mais elevados na área da engenharia, pagando-se uma média de 21,500 dólares de Hong Kong actualmente.

O inquérito foi realizado em Junho deste ano a mais de três mil empresas da Grande Baía, sendo que entre os meses de Julho e Setembro foram recebidos 258 questionários válidos: 39 da RAEM, 141 da província de Guangdong e 78 de Hong Kong. No total, abrangem 244 mil funcionários que participaram através de um sistema de painel individualizado com recurso a inteligência artificial, intitulado “My AI Salary Consultant”.

28 Out 2025

Dirigente associativo diz que HK aprende com eleições de Macau

Hong Kong vai a eleições para o Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento local, a 7 de Dezembro e a propósito desse acontecimento, Lo Man-tuen, presidente da associação China Peaceful Development General Summit of Hong Kong-Macao-Taiwan Diaspora, afirmou que os governantes de Hong Kong já foram a Macau para aprender com as experiências do último acto eleitoral, que elegeu os deputados pela via directa e indirecta para a Assembleia Legislativa (AL).

Esta informação foi expressa num artigo de opinião publicado pelo jornal Ming Pao, onde o dirigente destaca a elevada afluência dos eleitores de Macau às urnas, com uma taxa de participação de 53,35 por cento. Lo Man-tuen lembrou ainda que a taxa de participação nas eleições por parte dos funcionários públicos foi muito elevada, pelo que o político entende que a aprendizagem da experiência eleitoral de Macau serve de exemplo para a mobilização nas eleições de Hong Kong, recorrendo-se a “todos os esforços”.

“Todas as associações e entidades de Hong Kong vão organizar actividades eleitorais. Acredito que vai haver uma grande mobilização sem precedentes e que a sociedade de Hong Kong vai aparecer [para votar]. Claro que a taxa de afluência vai subir e ultrapassar os números das eleições anteriores”, lê-se no artigo de opinião.

Posições concordantes

Esta opinião de Lo Man-tuen surge depois de o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau ter publicado um artigo na semana passada onde destacou a importância da realização das eleições em Hong Kong, alertando para as forças anti-China que podem perturbar o território, interferindo ou mesmo interrompendo o acto eleitoral.

Lo Man-tuen faz referências a esse artigo, relatando que recentemente surgiram “várias teorias bizarras que interrompem as eleições”, como a “falsa alegação fabricada de que há ‘interferência do Governo Central nas eleições”, ou quando foi divulgada a “lista de bençãos [de candidatos aceites pelo Governo Central]”. O autor do artigo dá também o exemplo de discursos que boicotam as eleições.

Recorde-se que as eleições para a VIII AL de Macau terminaram a 14 de Setembro, registando-se uma participação eleitoral de mais 11 por cento face às eleições anteriores, em 2021, tendo votado 175 272 eleitores. Este número de eleitores bateu o recorde histórico depois de 1999, quando a administração do território passou de Portugal para a China.

O porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau discursou no dia a seguir às eleições, falando da realização bem-sucedida das eleições, algo que consistiu numa “conquista marcante quanto à implementação plena do princípio de ‘Macau governado por patriotas’ e na promoção de uma democracia de alta qualidade que se adapta às condições reais de Macau”.

28 Out 2025

Waldo e Emperor | Governo coordena mudanças de 182 trabalhadores

Os casinos-satélite Waldo e Emperor Palace, ligados à Galaxy e Sociedade de Jogos de Macau, respectivamente, encerram esta semana o que vai obrigar a mudanças nas mesas de jogo e nas funções de 182 trabalhadores. A Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos diz estar a coordenar a situação com as operadoras

Os casinos Waldo e Emperor Palace fecham definitivamente portas esta semana. No caso do Waldo, ligado ao grupo Galaxy, o fecho está marcado para sexta-feira, 31, às 23h59, enquanto que o casino Emperor, ligado à Sociedade de Jogos de Macau (SJM), o encerramento acontece na quinta-feira, 30. O fecho destes dois espaços de jogo ocorre no contexto do fim dos casinos-satélite até ao final do ano, 31 de Dezembro.

Em comunicado, a Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) promete “supervisionar de forma rigorosa os procedimentos de encerramento dos referidos casinos, de forma a assegurar que decorram de forma estável e ordenada e que todos os procedimentos legais estejam a ser devidamente cumpridos”.

Em causa, estão mudanças nas mesas de jogo e nas funções de 182 trabalhadores, 71 do casino Emperor Palace e 111 do Waldo. Em comunicado, a Galaxy determinou que as mesas de jogo do Waldo “serão realocadas para outros casinos” sob operação do grupo, estando “empenhada em salvaguardar o emprego local”.

Em termos concretos, “os membros que actualmente trabalham no Waldo Casino serão transferidos para outros casinos ou funções não relacionadas com o jogo, com base nas necessidades operacionais, mantendo-se inalterados todos os termos contratuais de emprego”.

A Galaxy promete ainda disponibilizar a estes trabalhadores “uma série de programas de formação profissional para apoiar a sua transição para novos ambientes de trabalho e garantir a continuidade da estabilidade profissional”.

Já no que diz respeito ao Emperor Palace, fica também a mesma promessa da “protecção do emprego local”. Todos os funcionários “permanecerão empregados, sendo transferidos para outros casinos da empresa para desempenhar funções relacionadas com jogos, de acordo com as necessidades operacionais”, destaca a SJM numa nota.

No caso dos residentes que trabalham para o Emperor e que não são directamente contratados pela SJM Resorts, “serão convidados a candidatar-se a vagas relacionadas dentro do grupo, com prioridade na contratação em circunstâncias iguais, e receberão o apoio necessário, dependendo da situação real, para facilitar uma transição suave”, é referido.

A DICJ promete, com conjugação com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, “assegurar o cumprimento rigoroso dos compromissos assumidos pela SJM e Galaxy, no que respeita à recolocação dos mesmos trabalhadores, bem como às garantias efectivas quanto à remuneração, regalias e condições de trabalho”.

Dinheiro por traçar

No que diz respeito ao resgate de fichas de jogo, a partir do dia 1 de Novembro, sábado, “as fichas válidas com o logótipo Galaxy Waldo poderão ser resgatadas nos balcões designados no Galaxy Macau Casino ou no StarWorld Casino”.

No caso do casino Emperor Palace, a SJM descreve que todas as máquinas e mesas de jogo “serão transferidas para outros casinos da empresa, a fim de continuar a servir os nossos estimados clientes”, enquanto que “os clientes que possuírem fichas, depósitos ou descontos em dinheiro acumulados no casino Emperor Palace, e que não tenham sido resgatados após o seu encerramento, poderão visitar outros casinos operados pela SJM Resorts a partir de 31 de Outubro para acordos de acompanhamento”, pode ler-se.

Sobre este aspecto, a DICJ promete “designar funcionários para fiscalizar, ‘in loco’, o processo formal de encerramento, assegurando a conformidade dos procedimentos no que respeita ao tratamento adequado dos numerários e fichas de jogo guardados na tesouraria”, entre outras matérias.

28 Out 2025

Somos! | Concerto “Trilogia das Sombras” para ver e ouvir na Casa Garden

A “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” traz a Macau o espectáculo “Trilogia das Sombras”, que é também um disco dos “Mano a Mano”, um duo com os irmãos André e Bruno Santos. Este é um projecto musical inspirado na obra da artista plástica Lourdes Castro acolhido pela Casa Garden. A música faz-se ouvir no dia 8 de Novembro

Chamam-se “Mano a Mano” e, como o nome indica, é um grupo musical composto pelos irmãos André e Bruno Santos. Vêm a Macau apresentar o seu mais recente disco, “Trilogia de Sombras”, com um espectáculo na Casa Garden, agendado para o dia 8 de Novembro. Trata-se de uma iniciativa com o cunho da “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP), e que se inspira na obra da artista plástica Lourdes Castro.

No dia 8, na sede da Fundação Oriente (FO) em Macau, pode-se ver algo diferente de um concerto normal: Tiago Martins apresenta uma performance num cenário criado pelo Ponto Atelier, enquanto que à música original dos “Mano a Mano” juntam-se textos de Tolentino Mendonça. Não falta ainda a presença de um “disco-livro” criado por Carla Cabral.

O que dizer de “Trilogia de Sombras”? Segundo um comunicado da Somos – ACLP, os “Mano a Mano” são irmãos e guitarristas da ilha da Madeira e fizeram, neste disco, uma mescla de “música, poesia, performance e artes plásticas”, tratando-se do quinto trabalho discográfico.

Esta obra “tem o formato de disco-livro, concebido por Carla Cabral com inspiração nos livros de artista de Lourdes Castro, e recurso a costura, pintura, desenho e ‘transfer’ sobre tecido e papel”, com um texto de José Tolentino Mendonça e “declamação do poema Lourdes Castro, o ‘Rua da Olaria’, num dos dez temas” que compõem o álbum.

Convidado especial

O espectáculo começa às 20h e dura cerca de 70 minutos sem intervalo, tendo entrada gratuita. Pode-se esperar uma “parafernália de guitarras e cordofones dos irmãos” e, como já foi referido, a performance de Tiago Martins que “atrás de uma tela, e inspirado pelo Teatro de Sombras de Lourdes Castro, interage com a música”.

Sobre este projecto José Tolentino Mendonça escreveu que “a obra visual incrível que a artista Lourdes Castro deixou é demasiado intensa e poliédrica para ficar limitada a um campo só”, sendo “o seu alcance maior”. “A obra de Lourdes Castro ajuda-nos a ser. Dá-nos música. E que música!”, adiantou.

A Somos – ACLP decidiu ainda promover “a fusão de culturas e identidades”, convidando o instrumentista Fang Teng, concertino da Orquestra Chinesa de Macau, para interpretar, em palco, obras emblemáticas da cultura musical portuguesa.

Desta forma, destaca a associação, fortalecem-se “laços que unem os nossos povos há séculos, criando-se um momento de perfeito vínculo musical e cultural”. No concerto, Fang pontuará as notas da música portuguesa com a capacidade dramática e melancólica do erhu, um instrumento tradicional chinês de duas cordas e tocado com um arco. Um apontamento que promete encantar e comover a audiência.

27 Out 2025

“Salão de Outono” abre hoje ao público na Casa Garden

É hoje inaugurada a exposição anual “Salão de Outono AFA 2025”, organizada pela AFA – Art for All Society, e que é acolhida na Casa Garden, sede da Fundação Oriente (FO) em Macau. A partir das 18h30, e até ao dia 6 de Dezembro, podem ser vistas cerca de 100 obras de artistas locais e ainda uma mostra da AFA com curadoria de Alice Kok, intitulada “Chinoiserie Surrealista: Golden City of Seres – Uma Exposição e Espectáculo de Intercâmbio Cultural e Artístico entre Macau e Antuérpia”.

Trata-se de um projecto de “colaboração interdisciplinar que reúne artes visuais, dança e música”, sujeito ao tema “Chinoiserie Surrealista”, e onde se proporciona um “diálogo artístico entre as culturas oriental e ocidental que se entrelaçam e onde o clássico se encontra com o futurista”. Depois de uma primeira apresentação em Antuérpia, na Bélgica, este projecto de Alice Kok estreia-se agora em Macau.

O tema desta edição do Salão de Outono, a 16.ª, é “Regresso a Casa: Um Reencontro entre a Luz e a Sombra da História” e apresenta obras de 50 artistas de Macau que expõem, assim, uma diversidade de trabalhos em termos de temas e estilos.

Destaque também para a apresentação da secção especial chamada de “Exposição dentro da Exposição”, composta pela mostra individual de cerâmica “The Whims of Creation” [Os Caprichos da Criação] de Lio Pou I, vencedor do Prémio de Arte da FO em 2024. Aqui, “as formas características de nuvens e corpos exploram o profundo significado da vida e da existência”, destaca-se numa nota da AFA.

Diversidade criativa

A edição deste ano do Salão de Outono conta com curadoria de Juliam Lam Tsz Kwan e Leong Kit Man. Ao HM, Julia Lam destaca que esta edição revela “a diversidade e vitalidade do panorama artístico contemporâneo de Macau”, mostrando-se também “talentos emergentes e uma herança e energias do ecossistema artístico” local.

Julia Lam salienta também a apresentação do prémio da FO. “Nesta mostra, Lio Pou I mergulha nos profundos mistérios da existência através da sua arte cerâmica, criando formas que lembram nuvens e figuras humanas para explorar o significado da vida e do viver. Esta série está exposta na galeria do rés-do-chão da casa histórica [Casa Garden], com acesso directo a partir do jardim, e este cenário único cria um diálogo íntimo entre as fundações históricas do espaço e a prática contemporânea que ele abriga, convidando os visitantes a experimentar a profunda conexão entre património e inovação.”

Ainda segundo Julia Lam, os trabalhos que integram esta edição do Salão de Outono “incorporam a confluência de investigação filosófica, património visual e inovação visionária que inspira os artistas de Macau e que se alinha com a visão e os princípios da FO e da AFA – Art For All”.

A curadora revelou que, ano após ano, “há mais projectos multimédia e instalações seleccionadas para o Salão de Outono, mas o ponto de atracção da exposição permanece inalterado”, que é “a interacção emocional, as mensagens transmitidas que tocam o ‘eu’ interior e a responsabilidade por uma consciência natural, humana e patrimonial, que tornam as obras de arte intemporais”.

24 Out 2025

Fotografia | “As Prisões do Norte da Birmânia”, de Lu Nan, expostas em Lisboa

A Ochre Space, galeria fundada pelo advogado e residente de Macau João Miguel Barros, em Lisboa, acolhe, desde ontem, uma nova exposição de fotografia, e desta vez com um dos maiores fotógrafos chineses. Lu Nan fez “As Prisões do Norte da Birmânia” onde retrata a vida difícil de quem lá esteve. O público pode ainda ver o filme “Trilogia”, sobre diversos projectos do fotógrafo

São rostos do sofrimento, da ausência de algo, da dureza da vida. É deste conteúdo que se fazem as imagens do projecto “As Prisões do Norte da Birmânia” [Prisons of North Burma”, da autoria de Lu Nan, um dos maiores fotógrafos chineses que vê agora o seu trabalho apresentado ao público português na galeria Ochre Space, fundada pelo advogado e residente de Macau João Miguel Barros.

Até ao dia 29 de Novembro, é possível ver um total de 63 fotografias analógicas que fazem parte do projecto que Lu Nan desenvolveu na Birmânia entre os meses de Junho a Setembro de 2006. Esse trabalho foi realizado na Prisão de Yanglongzhai e no Reformatório da Zona de Kokang, ambos localizados na Zona Especial n.º 1 (também chamada Kokang) do Estado de Shan, na Birmânia.

Segundo o catálogo da exposição, que contém uma mensagem do próprio Lu Nan, de 2009, tanto a prisão como o reformatório albergavam, à data da captura das imagens, “95 por cento dos reclusos detidos e encarcerados por concentração, transporte e tráfico de droga”, tendo em conta o anterior cultivo de papoila, entretanto banido.

Segundo Lu Nan, “após a proibição, os habitantes das montanhas tentaram plantar outras culturas comerciais, como borracha, fruta, café, etc., mas nenhuma destas tentativas foi bem-sucedida”, sendo que “apenas o cultivo da cana-de-açúcar obteve algum sucesso”.

“Embora a papoila do ópio já não seja vista em Kokang, grandes áreas nos distritos vizinhos ainda são cultivadas com papoila. Além disso, as consequências do cultivo da papoila, juntamente com o influxo de novas drogas sintéticas, continuam a causar graves problemas de abuso, contrabando e tráfico de drogas”, descreveu.

Os consumidores que andavam na prisão ou no reformatório eram de heroína ou de drogas sintéticas, sendo que o seu dia-a-dia era tudo menos fácil, segundo a descrição de Lu Nan. “Independentemente de terem consumido heroína ou drogas sintéticas, após a detenção, os reclusos não recebem qualquer alimento. Os consumidores de heroína passam por uma provação difícil, especialmente durante a primeira metade do mês: têm de suportar duas semanas de vómitos e diarreias frequentes antes de se sentirem quase normais. Após a libertação, todos os reclusos que consumiam estupefacientes regressam ao vício, sem excepção.”

Trilogia humanitária

Além destas imagens, há a possibilidade de visualizar um vídeo, de 28 minutos, com diversos projectos fotográficos de Lu Nan, e que fazem parte de uma série a que o próprio chamou de “Trilogia”. O vídeo é composto por 225 fotografias, em que a primeira parte contém o projecto “The Forgotten People” (1989-1990), sobre a doença mental na China, com 56 fotografias. Segue-se “On the Road” (1992-1996), sobre a Igreja Católica na China, que contém 60 imagens, e ainda “Four Seasons (1996-2004), sobre a vida diária dos camponeses Tibetanos, com 109 fotografias.

Neste vídeo espelha-se a “Trilogia”, realizada entre os anos de 1989 e 2004, que “mais do que um conjunto de séries fotográficas, é uma meditação visual sobre a condição humana”, tratando-se de “três capítulos, três mundos, três formas de resistência”, descreveu João Miguel Barros, também ele fotógrafo e curador.

Para Barros, Lu Nan, nascido em 1962, é “hoje uma figura incontornável da fotografia chinesa”, com uma obra que se distingue “não pela quantidade, mas pela densidade”. A primeira série, “The Forgotten People”, explora a realidade dos hospitais psiquiátricos na China, sendo também “uma viagem pela doença mental no interior da China”, verificando-se “abandono, mas também dignidade”.

Segue-se “On The Road”, em que o fotógrafo chinês acompanhou comunidades católicas no país. “O terceiro e último capítulo, ‘Four Seasons’ (1996-2004), é uma ode à vida dos camponeses tibetanos. Durante oito anos, Lu Nan acompanhou o ciclo das estações, os rituais budistas, o trabalho agrícola, a intimidade das famílias. Aqui, a espiritualidade não é clandestina, é integrada. A vida é dura, mas vivida de forma plena”, descreve João Miguel Barros no catálogo da exposição.

As imagens das prisões da Birmânia também pertencem a esta trilogia. “No conjunto das 63 fotografias que constituem o projecto, vimos homens acorrentados, corpos marcados pela dependência, olhares vazios. Mas também momentos de cuidado, de partilha, de humanidade. Mais uma vez Lu Nan não julga: observa, escuta, revela. Este projecto é um epílogo sombrio da Trilogia – um retorno do paraíso ao inferno, agora marcado pela violência estrutural do narcotráfico e do encarceramento”, descreve João Miguel Barros.

24 Out 2025

Hengqin | Morador queixa-se da qualidade das habitações

Infiltrações e janelas de má qualidade. Estes são alguns dos problemas apontados por um dos moradores do Novo Bairro de Macau na ilha de Hengqin sobre as casas do complexo residencial. Ao participar no programa matinal Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, o homem, de apelido Sou, diz que já houve queixas e espera melhorias

Um morador do Novo Bairro de Macau na ilha de Hengqin queixou-se ontem da má qualidade das casas, ao participar no programa matinal Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau. O homem, de apelido Sou, afirmou que reside no complexo habitacional há cerca de um ano e já encontrou alguns problemas na construção recente, sendo que outros proprietários também se queixam da má qualidade de algumas infra-estruturas.

“A qualidade das janelas nos quartos é muito má, e temos proprietários a partilhar fotografias em grupos de chat em que se vê infilitrações em casa através das janelas. Eu próprio já resolvi esse problema, tendo pedido a uma empresa para mudar as janelas”, confessou Sou no programa.

O cidadão afirmou também que outros proprietários se queixam, nos referidos grupos de conversação, de casos ainda mais graves, como janelas das casas de banho que também causam infiltrações nos apartamentos ou que já apresentam ferrugem. Sou disse que apesar dos donos das casas irem fazendo a manutenção, retirando a ferrugem, ela volta a aparecer.

Há também problemas com os sistemas de ar condicionado. “A estrutura exterior do ar condicionado da sala de estar está colocada num suporte colocado na varanda da cozinha, no andar de cima. Este design não é razoável e foi feito apenas para se poupar nos materiais”, acusou.

Queixas e mais queixas

São ainda poucos os residentes no Novo Bairro de Macau, mas a verdade é que já foram apresentadas queixas por parte deste grupo de proprietários, onde se inclui o próprio ouvinte do programa Fórum Macau. Porém, segundo o seu relato à rádio, o Departamento Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural de Zhuhai, responsável por este complexo habitacional, respondeu que é necessária uma coordenação com o condomínio para alterar o sistema de instalação do ar condicionado.

O ouvinte explicou que não foram ainda criados condomínios no Novo Bairro de Macau porque só foram vendidos 1.500 apartamentos até à data, sendo que a proporção não é muito elevada para a constituição de um condomínio.

De acordo com o relatório anual de 2024 da Macau Renovação Urbana, empresa responsável pela construção do Novo Bairro, até 31 de Dezembro tinham sido vendidas 1.388 fracções e residiam no local 2.500 residentes. O projecto foi construído com cerca de 4.000 habitações. Em Setembro, iniciou-se o processo de venda de casas para uma das torres do Novo Bairro.

24 Out 2025

Governo em fase de estudos para novas medidas de apoio a empresas

A Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) garantiu ao deputado Ngan Iek Hang que as medidas anunciadas para a criação de novos fundos de apoio a empresas e empreendedorismo estão na fase de estudos.

Numa interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado questionou em que fase estariam os trabalhos de criação “de um fundo para as indústrias do Governo, de um fundo para a transformação e orientação dos resultados científicos e tecnológicos” e ainda a criação do “parque industrial de investigação e desenvolvimento das ciências e tecnologias de Macau”. Tudo promessas feitas nas Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano.

Na resposta da DSEDT, lê-se que este parque “é um projecto importante para promover o desenvolvimento da indústria tecnológica de Macau”, tendo sido criado “um grupo de trabalho interdepartamental para coordenar o projecto” e encomendado, a “uma equipa profissional de investigação”, um “estudo aprofundado e análise da posição, plano de construção e instalações de apoio do parque, de modo a garantir que o projecto corresponda às necessidades reais de desenvolvimento de Macau”.

O Governo assegura que este parque vai ter em conta os exemplos de “vários parques tecnológicos na China continental, em Hong Kong e no estrangeiro”.

Com cuidado

Quanto à criação de dois novos fundos de apoio, a DSEDT assegurou ao deputado que “foi formado um grupo de trabalho interdepartamental para impulsionar esse trabalho”, tendo sido contratada “uma equipa de investigação independente para realizar um estudo aprofundado, analisando-se de forma cuidada a direcção a tomar nesses possíveis fundos”.

A ideia é que esses apoios se “concentrem mais na base industrial local e promover o desenvolvimento económico diversificado, de forma moderada, em Macau”. Na mesma resposta, salienta-se outros apoios que têm sido dados à investigação científica por parte do Fundo de Desenvolvimento para as Ciências e Tecnologia (FDCT) em conjugação com Hengqin, nomeadamente os 25 projectos de “I&D” [Investigação e Desenvolvimento] que foram “aplicados ou transformados em Hengqin”, sendo que “dez são projectos-chave, abrangendo áreas como design de chips, células estaminais, digital ou energia”, entre outras.

24 Out 2025

D’As Entranhas | “Visão Comum” de Pedro Pascoinho para ver em exposição

É este sábado que a D’As Entranhas Macau – Associação Cultural apresenta ao público uma nova exposição na galeria Lotus Art Space. Trata-se do trabalho do artista português Pedro Pascoinho, integrado na mostra “Common Vision”. São 20 desenhos a carvão feitos em papel “fabrianno artístico” onde se revelam composições e visões muito próprias

Tudo começou na beleza do jardim Lou Lim Ieoc, local icónico de Macau que Pedro Pascoinho, artista português, visitou pela primeira vez em 2019. Essa foi também a primeira vez que o artista pisou o território e agora volta a fazê-lo com a exposição “Common Vision”, organizada pela D’Entranhas – Associação Cultural e com curadoria de Vera Paz.

“Common Vision” começou, portanto, a ser imaginada no jardim de inspiração chinesa, mas pretende mostrar uma certa visão comum de coisas aparentemente diferentes podem ter pontos em comum. “Gosto muito de pintura chinesa, se bem que a pintura chinesa é bastante vasta, mas gosto sobretudo da pintura antiga dos séculos XIII e XIV. Foi aí [na visita ao Lou Lim Ieoc] que pensei em estabelecer algum paralelo”, contou ao HM.

E segundo uma nota D’As Entranhas, o que se apresenta a partir deste sábado, às 18h30, na galeria Lotus Art Space, são 20 trabalhos a carvão sobre papel “fabrianno artístico”, tratando-se de “desenhos de dimensões variáveis, nos quais Pascoinho nos dá a ver composições intimistas, sóbrias e depuradas, que o próprio considera universais”.

Existe em “Common Vision” uma “escolha intencional dos elementos na construçāo narrativa”, como é o caso de “fragmentos, objectos, figuras e paisagens representadas que evocam espaços enigmáticos, quase fantasmáticos que nos remetem para a passagem do tempo”.

Estes desenhos são pensados de forma individual, mas “nascem da vontade de criar um espaço de memória comum”, numa “tentativa de encontrar novos caminhos e referências, em qualquer época ou lugar”. Essa é uma “condição essencial” do trabalho do artista: uma “observação interior e pensamento crítico”, espelhados nesta exposição.

Em entrevista ao HM, o artista destacou que esta mostra “traz uma visão um pouco comum, no sentido em que a nossa estética ocidental é diferente da oriental, mas não deixa de haver uma proximidade”.

Sempre o desenho

O olhar de Pedro Pascoinho traduz-se sempre na vontade de fazer desenho, e não fotografia. “O que faço é partir de fragmentos de base quase fotográfica, embora a minha intenção não seja produzir fotografia, mas sim desenhos. No fundo é como se estes trabalhos tivessem um código, mas um código que é bem universal, em que conseguimos depreender bem a imagem, de certa forma. Daí essa lógica da ‘common vision’, de uma visão comum sobre as coisas.”

Pedro Pascoinho fala de como “as imagens e fragmentos fossem comuns, com uma abordagem um pouco universal”, em que “se consegue prender o objecto, que acaba por ser figurativo”.

“Não há aqui uma forma de ver, mas sim de observar. As coisas estão à nossa frente, mas depois a observação já depende de cada um. Há várias mensagens e leituras que se podem fazer. É um trabalho figurativo, mas não vai só num sentido e eu gosto de ter as coisas assim em aberto, porque depois depende de cada um a maneira como observar as coisas.”

Sobre a paixão em relação à pintura chinesa, Pedro Pascoinho fala de uma “pintura bastante avançada para a época”, sendo “esteticamente diferente” da pintura portuguesa desses anos, e até europeia. “Apesar disso consegue-se aprender bastante, até pelos próprios temas, tanto em termos da paisagem, desse lado contemplativo das peças.”

Em 2019, Pedro Pascoinho levou “Establishment” a Macau, nomeadamente à Casa Garden. Desde então deram-se “mudanças significativas” no seu trabalho. Nesse ano ocorreram alterações na “própria composição” dos trabalhos e na escolha de cores, ou na ausência delas.

“Penso o trabalho antes de o executar, e para mim é como se fosse uma pintura sem cores, um desenho a preto e branco. E nesta exposição “Common Vision” há apenas um trabalho com cor. Houve então essa mudança, desde 2020 para cá, em que só me tenho dedicado ao desenho em grande escala e em que há ausência de cor. Fiz um debate sobre o branco, porque é uma cor com a qual não lido muito bem, nem é uma cor sequer.”

Pedro Pascoinho sempre abordou a cor e “trabalhava por séries”, mas no final de 2019 já era “difícil pensar ao nível da cor, e depois, até pela forma como o mundo mudou, a partir dessa altura tornou-se mais difícil pensar nas cores”. “É difícil ver as coisas e produzir a cores, e comecei a ver o mundo a preto e branco. Não digo que não faça coisas a cores, mas, para mim, o preferencial e a maneira como penso, a ausência de cor faz parte disso. É difícil pensar a cor”, frisou.

Sobre Macau diz ter ficado surpreendido. “É o ter contacto com uma cultura completamente diferente, parece que vamos sempre à procura do que existe de português”, analisando uma espécie de relação com um território “que é diferente da China”. “Há sempre esse lado interessante, em que consegui ver pontos que, para mim, acabaram por ser fascinantes, desde os mercados à comida”, disse. A exposição fica patente na galeria Lotus Art Space até ao dia 19 de Novembro, de terça-feira a domingo, das 13h às 19h.

22 Out 2025

Lam Lon Wai pede mais apoios depois de alerta da presidente do TUI

O deputado Lam Lon Wai considerou que devem ser reforçados os apoios às famílias para que possam lidar com os problemas comportamentais e desviantes dos jovens. O deputado reagiu, assim, ao jornal Ou Mun, depois do discurso de Song Man Lei, presidente do Tribunal de Última Instância (TUI), apresentado esta terça-feira na abertura do ano judiciário 2025/2026.

Lam Lon Wai, recentemente reeleito e ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), salientou que o aumento da criminalidade associada a menores de idade envolve vários factores, como mudanças do foro social ou o desenvolvimento tecnológico, sendo cada vez mais fácil os jovens terem acesso a informações que possam trazer complicações ou levar a comportamentos desviantes.

O também subdirector da Escola Secundária para Filhos e Irmãos dos Operários falou também do facto de a família ter pouca capacidade de supervisão do comportamento dos jovens, enquanto as escolas têm falta de educação jurídica e não existe uma grande abrangência de medidas na área da saúde mental. Lam Lon Wai entende que deve haver um reforço em todas estas áreas, sugerindo uma reforma do regime tutelar educativo dos jovens infractores, a fim de responder ao panorama actual.

Esforço colectivo

No discurso desta terça-feira, Song Man Lei lembrou que “pelo segundo ano consecutivo registou-se um aumento do número de processos cíveis entrados nos Juízos Cíveis do Tribunal Judicial de Base (TJB)”, sendo “cada vez mais graves os problemas de desvio de comportamento de menores e de ofensas “.

“No ano judiciário transacto, os processos relativos ao regime de protecção social geral e ao regime tutelar educativo, entrados no Juízo de Família e de Menores do TJB, aumentaram de 45 e 54 para 72 e 85, respectivamente, registando aumentos de 60 e 57 por cento”, lembrou.

Song Man Lei descreveu que estes dados “evidenciam a tendência ascendente de situações em que os menores se encontram em risco ou em ambientes desfavoráveis para o seu crescimento e da situação de delinquência juvenil”. Trata-se de processos “intimamente relacionadas com o ambiente familiar, e o aumento simultâneo dos números demonstra que algumas famílias apresentam disfunções em termos de educação, comunicação e apoio emocional”, onde “os pais não conseguem exercer eficazmente as suas responsabilidades parentais por estarem ocupados com o trabalho, por não possuírem conhecimentos na área da educação ou por enfrentarem pressões emocionais e económicas”.

22 Out 2025

CCPPC | Visita a Portugal com pedido a chineses ultramarinos

Iniciou-se a 14 de Outubro uma visita a Portugal do Comité de Ligação com Hong Kong, Macau, Taiwan e Chineses Ultramarinos da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Num colóquio, Liu Cigui, director do Comité, defendeu um maior trabalho dos chineses que vivem fora do país na defesa da unificação do país

O Comité de Ligação com Hong Kong, Macau, Taiwan e Chineses Ultramarinos da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) está em Portugal em visita oficial, iniciada a 14 de Outubro. Segundo o jornal Ou Mun, Liu Cigui, director do referido Comité, defendeu, num colóquio, que os chineses a residir em Portugal devem defender de forma firme a unificação do país, opondo-se a todas as ideias de independência.

Liu Cigui, também chefe da delegação, participou no colóquio juntamente com representantes das empresas portuguesas com capital chinês investido, da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa e dos chineses ultramarinos.

O responsável disse ainda no colóquio que a união e uma ligação alargada com os chineses a residir no estrangeiro são trabalhos essenciais do Comité da CCPPC, esperando-se que estes chineses se unam para construir uma comunidade harmoniosa fora do país, promovendo o crescimento de novas gerações de chineses.

Ponte cultural

O director desejou ainda que os chineses ultramarinos recorram à cultura como ponte de ligação ao país, divulgando as vozes positivas da China. Liu Cigui lembrou que este ano se celebram os 20 anos de estabelecimento, entre a China e Portugal, de uma parceria estratégica abrangente, sendo que ao longo desse tempo ambos os países têm reforçado a confiança política mútua. Para Liu Cigui, há resultados profícuos dessa cooperação em várias áreas.

Em relação ao futuro da relação bilateral, o responsável disse esperar que a China e Portugal continuem a manter os laços tradicionais de amizade e possam reforçar o alinhamento de estratégias de desenvolvimento, expandido a cooperação em áreas como a inovação, economia verde, oceanos e medicina, entre outras.

Liu Cigui falou também sobre o papel de Macau nesta relação. Segundo noticiou o Ou Mun, este considerou que a RAEM pode ter um papel único como ponte de ligação entre os dois países, devendo aproveitar bem o mecanismo do Fórum Macau e incentivar o intercâmbio cultural, educativo, turístico e da investigação científica.

Liu Cigui deixou também o desejo de que as empresas com capital chinês em Portugal e a comunidade chinesa assumam as vantagens que possuem e dêm um contributo reforçado à cooperação e amizade entre os dois países. No âmbito desta visita a Portugal, a delegação deslocou-se ainda à Quinta da Marmeleira, situada em Alenquer, um projecto de produção vinícola com investimento do empresário de Macau já falecido, Wu Zhiwei. Liu Cigui deixou elogios ao projecto e lembrou que, nos últimos anos, tem desempenhado um papel de ponte entre Macau, China e Portugal, participando de forma activa nos projectos da Grande Baía e desenvolvimento de Hengqin. Trata-se, para o responsável, de um bom exemplo de uma empresa de Macau que se integra no desenvolvimento nacional e chega ao exterior através da RAEM.

22 Out 2025

Festival da Lusofonia | Calema, de São Tomé, actuam este sábado

O concerto dos Calema acontece já este fim-de-semana em mais uma edição do Festival da Lusofonia. A dupla de irmãos sobe ao palco das Casas Museu da Taipa no sábado, a partir das 21h30. Há, porém, sonoridades de outros países do universo da lusofonia, como Rui Orlando, de Angola a actuar domingo ou Memu Sunhu, Carimbó Paidégua e Negros Unidos, grupo da Guiné Equatorial

São os irmãos António e Fradique Mendes Ferreira e juntos compõem os Calema. Oriundos de São Tomé e Príncipe, e a residir em Portugal, os dois irmãos deslocam-se esta semana a Macau para participar em mais uma edição do popular Festival da Lusofonia. As luzes e a música fazem-se sentir no palco das Casas Museu da Taipa, este sábado, a partir das 21h30, num espectáculo com entrada gratuita.

Em Portugal, os Calema têm sido um caso de sucesso. Iniciaram a carreira há cerca de 15 anos e já actuaram em palcos imponentes como o Estádio da Luz e em dezenas de festivais de música. O primeiro álbum foi editado em 2010, intitulando-se “Ni Mondja Anguené”, seguindo-se “Bomu Kêlê”, lançado em 2014, e ainda “A Nossa Vez”, em 2017. Segue-se “Yellow Voyage”, editado em 2020″, e “Voyage – Part II”, editado quatro anos depois, e ainda “Voyage – Part III”. Em 2019, chegou um álbum que parece ser uma espécie de consagração, quando a dupla editou “Ao Vivo no Campo Pequeno”, uma das mais importantes salas de espectáculos em Lisboa.

O single “Maria Joana”, gravado com os cantores Nuno Ribeiro e a fadista Mariza, lançado mais recentemente, venceu os Play – Prémios da Música Portuguesa na categoria de Canção do Ano.

Mas os Calema têm estado imersos em projectos de solidariedade, indo além da música. Um dos exemplos é o facto de, em Agosto deste ano, a dupla ter recebido a designação de embaixadores da boa vontade da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na área da cultura e música, tendo frisado que querem ser um exemplo para os jovens.

“Nós, quando estávamos a começar, não tínhamos nenhum exemplo porque tudo parecia muito difícil. (…) Eu acho que, de uma certa forma, podes mostrar-lhes [aos jovens] que é possível, que há um processo e que se trabalhares, se acreditares, o teu sonho pode-se tornar realidade, mas depende muito de ti. É essa luz que a gente quer”, declarou Fradique Mendes Ferreira à Lusa, aquando da recepção desta nomeação.

Já António Mendes Ferreira, frisou que a designação de embaixadores da CPLP é um orgulho. “Nós sempre fizemos música com o intuito de alegrar as pessoas, de comunicar com elas, conectar com elas, e fazer parte desta família que é a CPLP é incrível. Nós crescemos dentro da comunidade e da sua cultura”, referiu António.

Outros sons

O palco da Lusofonia vai preencher-se com outras sonoridades em língua portuguesa, como é o caso de Rui Orlando, que actua no domingo, 26, a partir das 20h40. Oriundo de Angola, Rui é músico, compositor e instrumentista, tendo vencido o concurso televisivo “Angola Encanta” em 2011.

Rui Orlando é formado em contabilidade e gestão, mas a paixão pela música venceu. Aos 20 anos fez um curso intensivo em Lisboa e aí começou a dedicar-se à carreira artística. Da Guiné-Bissau chegam os Memu Sunhu, que actuam esta sexta-feira a partir das 20h40. Trata-se de um grupo bem recente, formado em 2021 por quatro músicos:

Ninanca Alfredo Carlos Banca, Desejado Carlos Gomes Sadjó, Sadibo Coté e Malam Djudju Mané. O colectivo é conhecido por misturar diversos géneros musicais com a música mais tradicional da Guiné-Bissau.

Do Brasil, chegam ainda os Carimbó Paidégua, que actuam no domingo a partir das 19h10. Esta banda assume-se como um colectivo de pesquisa em música e danças ligadas à floresta da Amazónia e que está sediada na cidade de São Paulo. Destaque ainda para a actuação dos Negros Unidos, vindos da Guiné Equatorial, com actuação marcada para sábado a partir das 19h55. O festival da Lusofonia prossegue no fim-de-semana seguinte com mais actuações musicais, gastronomia e espaços de artesanato. Com Lusa

22 Out 2025

UM / Direito | Estudo destaca “sucesso” da licenciatura bilingue

Um estudo desenvolvido por três docentes da Faculdade de Direito da Universidade de Macau fala do “sucesso” da licenciatura bilingue nessa área, defendendo que pode servir como um “modelo”. Outra conclusão, é a de que quase metade dos alunos do curso conseguiu um melhor nível de português com um período de estudos em Portugal face aos que ficaram em Macau

A licenciatura em Direito Chinês-Português da Universidade de Macau (UM) é tida como um caso de sucesso e um exemplo a ser tido em conta na academia local. Esta é uma das conclusões do estudo “Experiences in Bilingual Legal Education: The Case of Macau SAR’s Chinese–Portuguese Bachelor of Law” [Experiências na Educação Jurídica Bilingue: O caso da Licenciatura em Direito Chinês-Português da RAEM], da autoria dos docentes Teresa Lancry Robalo, Cheng Hang Leong e João Ilhão Moreira, da Faculdade de Direito da UM.

Os autores falam do “sucesso” deste programa de licenciatura, que “combina a formação jurídica rigorosa com imersão linguística estratégica”, consistindo num “modelo para a educação jurídica bilingue”. É ainda defendido que esta licenciatura constitui “um modelo para outras jurisdições que procuram desenvolver uma educação jurídica bilingue ou multilingue, independentemente de operarem em sistemas bilingues”.

O estudo analisa uma década de dados, de 2014 a 2024, e um universo de 333 estudantes. Em dez anos “o programa formou 99 estudantes bilingues, com flexibilidade que permite transferências para um curso apenas em chinês se os padrões de referência linguísticos não forem atingidos”. O facto de 99 alunos do curso terem concluído o curso “demonstra a capacidade do programa para formar profissionais do direito tanto em chinês como em português”, defendem os autores.

Além disso, houve “67 estudantes considerados como não tendo alcançado proficiência bilingue suficiente”, e que passaram “para o Bacharelato em Direito em Chinês, formando-se nesse programa”, é referido.

Desta forma, considera-se que, “após uma década de implementação e cinco turmas de formandos a entrar no mercado de trabalho, o programa provou que pode cumprir os objectivos ambiciosos e demonstrou que é possível uma educação jurídica bilingue eficaz, mesmo em jurisdições onde uma das línguas jurídicas não é amplamente falada pela população”, lê-se.

Questão de línguas

Outra conclusão do estudo, prende-se com os maiores benefícios obtidos pelos alunos que optam por estudar português em Portugal. Isto porque “48,77 por cento dos estudantes que estudaram em Portugal alcançaram a proficiência B2” em língua portuguesa, que no Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas significa um “usuário independente”, alguém capaz de compreender as ideias essenciais de um texto mais complexo, e ter diálogo com alguma espontaneidade com falantes nativos.

Enquanto isso, apenas 20,83 por cento dos alunos que permaneceram em Macau atingiram esse nível de proficiência em português. O estudo destaca que “a pandemia da covid-19 interrompeu a mobilidade internacional, reduzindo drasticamente os ganhos de proficiência nas turmas afectadas”.

A análise feita no estudo demonstra que a taxa de graduação mais alta “foi registada no ano inaugural do programa (2014-2015), com 96,43 por cento dos estudantes inscritos a formarem-se”. Trata-se, para os autores, de um “resultado excepcional”, que “pode ser atribuído à utilização de uma definição mais flexível de proficiência bilingue durante a implementação inicial do programa”.

Pelo contrário, “a taxa de graduação mais baixa ocorreu no ano lectivo de 2019-2020, com apenas 13,64 por cento dos alunos matriculados a concluírem o programa”. O estudo descreve que “uma razão provável para este declínio são as restrições impostas durante a covid-19”.

Mas há um “desafio” no meio do sucesso: o facto de “alguns licenciados apresentarem níveis variados de proficiência em português, o que prova a necessidade de um aperfeiçoamento contínuo dos métodos de ensino”, devendo pensar-se a “incorporação de novas abordagens tecnológicas, que podem ajudar a superar estes obstáculos”.

Na licenciatura em Direito Chinês-Português o primeiro ano é composto por disciplinas básicas como Introdução ao Direito ou História do Direito, sendo que logo aí os alunos “iniciam uma formação linguística intensiva, com um currículo destinado a desenvolver a proficiência oral e escrita”, com foco na compreensão oral e escrita. No segundo ano, há uma concentração na aprendizagem da língua, quer em Macau ou Portugal, e nos três anos seguintes “os alunos continuam os seus estudos com uma combinação de disciplinas de Direito ministradas em ambas as línguas”, sendo que os alunos do curso bilingue “não frequentam aulas separadas, mas sim aulas dos programas de bacharelato em Direito em chinês e de bacharelato em Direito em português”.

Os autores do estudo deixam várias sugestões, como a ideia de as “instituições poderem introduzir um programa bilingue adicional com custos de incremento mínimos, melhorando a sua oferta académica e atraindo um grupo mais amplo de potenciais estudantes”.

22 Out 2025

AAM | Parca publicação de acórdãos é pouco transparente

Na abertura de mais um Ano Judiciário, Vong Hin Fai, presidente da Associação dos Advogados de Macau, lamentou que haja uma “publicação parcial e limitada” de acórdãos judiciais, o que traz problemas quanto à “transparência judicial”. Quanto à advocacia, o panorama é de estabilidade

O presidente da Associação de Advogados de Macau (AAM), Vong Hin Fai, alertou para a parca publicação de alguns acórdãos judiciais, o que, no seu entender, levanta questões de falta de transparência. Esta ideia foi deixada no discurso proferido em mais uma abertura do Ano Judiciário.

Há, no seu entender, “uma publicação parcial e limitada a algumas instâncias, estando longe das expectativas do público em relação à transparência judicial”. O responsável dá o exemplo “das decisões do Tribunal Judicial de Base, nomeadamente aquelas decisões da primeira instância irrecorríveis, que não são publicadas de forma sistemática e regular, o que poderá levar a uma falta de uniformidade das opiniões jurídicas em diferentes casos”. Tal resulta também em “limitações à investigação e educação jurídicas devido à falta de material prático suficiente”.

Publicar mais acórdãos levaria ao aumento “da transparência das decisões judiciais finais” e permitiria “uma maior revelação da justiça judicial”, além de permitir “ao público compreender melhor as consequências jurídicas para cada tipo de actos”.

“Desenvolvimento estável”

No que concerne à advocacia, Sam Hou Fai referiu números que dão um sinal de estabilidade: actualmente, a AAM sextuplicou o número de advogados inscritos face “aos 74 advogados inscritos em 1991”. Há, portanto, um “desenvolvimento estável”, com 449 advogados inscritos, o que, ainda assim, “representa uma diminuição de 15 advogados inscritos, cerca de 3,2 por cento, em comparação com os 464 advogados inscritos no mesmo período do ano anterior”. Há ainda 142 advogados estagiários.

No seu discurso, Vong Hin Fai não deixou de salientar que “a AAM enfrenta alguns desafios”, tendo em conta o “desenvolvimento contínuo dos nossos trabalhos”, nomeadamente a falta de espaço. “O espaço actual da Associação é muito limitado e insuficiente para a instalação de salas dos tribunais arbitrais, salas de mediação, equipamentos e instalações conexos, o que dificulta o cumprimento das suas funções atribuídas”.

O dirigente destacou ainda a existência de mais 602 processos pendentes em relação ao Ano Judiciário anterior (2024/2025), um aumento de 4,9 por cento, tendo em conta que no ano passado houve 12.379 casos pendentes. “Isto demonstra que o número de processos judiciais continua a crescer e que a carga do sistema judicial continua a aumentar”, alertou.

22 Out 2025

Lisboa | Eric Fok apresenta “Great Voyage Nº 1” em exposição colectiva

A residir em Portugal, o artista local Eric Fok é um dos artistas integrantes da exposição colectiva “Drawing Room Lisboa 2025”, apresentando a peça “Great Voyage Nº 1” ao lado dos trabalhos de Clara Leitão, João Castro Silva e Nicoleta Sandulescu. Para ver na Sociedade Nacional de Belas Artes

Decorre esta semana, em Lisboa, uma feira de arte intitulada “Drawing Room Lisboa 2025”, acolhida pela Sociedade Nacional de Belas Artes entre quinta-feira e domingo, e que conta com a participação do artista de Macau Eric Fok, actualmente a residir em Portugal. Além disso, o público pode ainda ver trabalhos de outros artistas, nomeadamente Clara Leitão, João Castro Silva e Nicoleta Sandulescu.

Nascido no território ainda no período da administração portuguesa, em 1990, Eric Fok “transforma mapas históricos em composições que tencionam a relação entre o passado e o presente, reflectindo também sobre a sua própria identidade”, destaca uma nota da organização.

O artista apresenta “um traço minucioso em caneta isográfica”, desenhando “cartografias que partem da história da era dos descobrimentos, investigam as mudanças nas cidades causadas pelo desenvolvimento urbano e discutem os fenómenos pós-coloniais”.

A obra apresentada nesta feira intitula-se “Great Voyage Nº1” e, segundo uma nota escrita pelo próprio artista, “retrata o arco da Praça do Comércio, simbolizando a antiga realeza portuguesa e a era das grandes navegações”.

“Como pioneira da Era dos Descobrimentos, Portugal, impulsionada pela tecnologia e pela fé, possibilitou o contacto entre povos de diferentes continentes, permitindo que as diversas culturas do mundo fossem mutuamente descobertas. Macau também participou desse processo de globalização no século XVI, sendo um ponto de encontro entre o Oriente e o Ocidente, onde trocas culturais e de espécies moldaram o mundo que conhecemos hoje”, destacou.

O quadro recorre a uma “porta” que serve de moldura, “simbolizando a conexão entre dois lugares, como se o espectador atravessasse a porta para chegar a outro mundo, outra cultura”. Além disso, descreveu Eric Fok, “há, na porta, diferentes animais, incluindo o polvo, que simboliza a cultura marítima e a exploração do desconhecido pelos humanos, e animais representando diferentes regiões, como a girafa da África e o rinoceronte da Ásia Central”.

“Esses animais também remetem à participação dos animais na Era dos Descobrimentos e à Arca de Noé. Dentro da porta, encontra-se o mapa de Portugal, um ponto de convergência de rostos e culturas”, frisou na mesma nota.

Entre Lisboa e a Bienal

Além da participação nesta exposição, Eric Fok tem ainda em mãos um novo projecto relacionado com Macau, tendo em conta que é co-autor da obra “Polifonia de Jacone”, ao lado de O Chi Wai e Lei Fung Ieng. Trata-se do projecto escolhido para representar a RAEM na 61ª Bienal de Arte de Veneza no próximo ano. “Polifonia de Jacone” tem curadoria de Feng Yan e Ng Sio Ieng e remete para a vida do artista chinês Wu Li, cujo nome português era Jacone e que estudou teologia em Macau no início da dinastia Qing.

Numa entrevista concedida à agência Lusa no ano passado, Eric Fok confessou que se mudou para Portugal quando, em Macau, “deixou de saber sorrir”. Aos 34 anos, quando Eric Fok quis partir, Portugal fazia todo o sentido, por razões históricas e de trabalho, pelo “sentimento de proximidade”. E outros países europeus não conhecem Macau, assumiu na entrevista.

“Espero também que os meus trabalhos cheguem a outros lugares, como a Europa, sejam conhecidos por mais pessoas e se aproximem do âmbito da minha criação”, diz. Fok, formado em Artes Visuais pelo então Instituto Politécnico de Macau (actualmente Universidade Politécnica de Macau) e com mestrado em Belas Artes concluído na Universidade Nacional de Taiwan, é uma espécie de artista-cartógrafo.

No início da carreira de Fok apanhou Macau entre “mudanças velozes”, após a transição do território para a China e a liberalização do sector do jogo, que contribuíram para o rápido crescimento da economia local.

Fok pegou nessa nova cidade e explorou-a. Num dos quadros, pintado há cerca de dez anos, abordou a construção da primeira linha de metro do território, “com constantes atrasos e derrapagens”. Passou para o papel “as fundações do metro, como se de antigas ruínas greco-romanas se tratassem”.

Depois, este ávido consumidor de História quis saber de outros mundos. Seguiu-se a “era das descobertas geográficas, incluindo a globalização, bem como o colonialismo, e nos tempos modernos, os efeitos da Guerra Fria, as ondas de imigração”, recorda.

21 Out 2025

Justiça | CE diz que há “leis claras” e ” eficientes” para atrair investidores

Ao falar, ontem, na XIII Conferência do Fórum dos Presidentes dos Supremos Tribunais de Justiça dos Países e Territórios de Língua Portuguesa, Sam Hou Fai, Chefe do Executivo, defendeu como a estabilidade jurídica existente em Macau e as “vantagens do segundo sistema” ajudam a atrair investidores para o território

Macau “aproveita as vantagens do segundo sistema” e possui “leis claras que aumentam a confiança dos investidores”, bem como uma “justiça eficiente que garante o cumprimento de contratos”. Foi desta forma que Sam Hou Fai, Chefe do Executivo da RAEM, deixou ontem, num discurso, elogios ao sistema judicial e político do território, a propósito da realização da 13.ª edição da Conferência do Fórum dos Presidentes dos Supremos Tribunais de Justiça e Territórios de Língua Portuguesa, que decorreu em Macau.

O governante falou ainda da existência de “mecanismos alternativos de resolução de litígios que reduzem os custos de transacções, justiça e imparcialidade que consolidam a ligação entre os nossos povos”, sendo que Macau tem tido a capacidade de “realizar um desempenho de qualidade e de promover a ‘interligação jurídica, a confiança mútua a nível judiciário e benefícios mútuos para o Estado de Direito'”.

Sam Hou Fai destacou a realização, há 22 anos, da V Conferência dos Presidentes dos Supremos Tribunais de Justiça dos Países e Territórios de Língua Portuguesa, a primeira realizada na RAEM e que foi presidida por si mesmo, quando era presidente do Tribunal de Última Instância da RAEM, cargo que ocupou até ser eleito Chefe do Executivo.

O líder de Macau salientou que, no Fórum, a “RAEM passou de um novo membro para um participante e promotor activo, o que demonstra a salvaguarda firme da independência judiciária sob o princípio ‘um país, dois sistemas'”. O governante destacou ainda que o território “goza do poder judicial independente, incluindo o de julgamento em última instância, o que nos permite consolidar, dentro do enquadramento legal, o Estado de Direito”.

Além disso, existem “vantagens únicas” no facto de existir um sistema bilingue, pois permite a Macau ser “naturalmente a ponte entre a China e o mundo lusófono”.

A importância do Direito

A 13.ª edição desta Conferência teve como tema “O Direito e a Justiça como factor de aproximação dos povos e o seu desenvolvimento económico-social”. Sam Hou Fai salientou que “perante grandes mudanças, sem precedentes nos últimos cem anos, o que o mundo precisa é de diálogo e não de confronto, a cooperação e não a divisão”.

Neste sentido, é necessário “usar a certeza jurídica para contrariar as ‘variedades do mundo'” e também “usar a imparcialidade do sistema judicial para proporcionar garantias ao desenvolvimento socioeconómico”, devendo ainda “usar o carácter aberto do Estado de Direito para aproximar as nações e os países”.

Sam Hou Fai não esqueceu os sistemas comercial e de cooperação onde a RAEM se pretende mover, nomeadamente o universo dos países de língua portuguesa, que “abrangem a Ásia, a África, a Europa e a América Latina, com uma população de quase 300 milhões de pessoas”, enquanto a China “é a segunda maior economia global”. No que diz respeito ao projecto de construção da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau, composto por 11 cidades chinesas da província e as duas regiões administrativas especiais, “está em pleno desenvolvimento”, rematou Sam Hou Fai.

21 Out 2025

UPM | Creative Macau acolhe mostra com trabalhos dos alunos

A galeria da Creative Macau acolhe, até ao dia 8 de Novembro, a exposição “Prototype – Exposição de Trabalhos dos Alunos do Curso de Licenciatura em Artes Mediáticas”, da Universidade Politécnica de Macau. São 30 trabalhos de mais de 20 alunos que frequentam este curso e que mostram aqui toda a sua criatividade

A Creative Macau acolhe uma nova exposição composta por obras de arte dos alunos da Universidade Politécnica de Macau. Trata-se de “Prototype” – Exposição de Trabalhos dos Alunos do Curso de Licenciatura em Artes Mediáticas da Universidade Politécnica de Macau (UPM) 2025″, e pode ser vista até ao dia 8 de Novembro, com entrada gratuita.

A exposição apresenta mais de 30 obras de arte de cerca de 20 alunos que frequentam o programa de licenciatura na UPM, podendo o público ver “uma selecção com curadoria de trabalhos notáveis dos alunos do primeiro ao terceiro ano” do referido curso, explica uma nota da Creative Macau.

Poder-se-á ver uma “diversidade dos trabalhos, que vão desde experiências digitais interactivas a criações físicas, reflectindo a ênfase equilibrada do programa tanto nos fundamentos teóricos como na aplicação prática”. Assim, “através de trabalhos práticos em vários cursos, os alunos adquiriram proficiência numa ampla gama de ferramentas de design e técnicas de produção, transformando ideias abstratas em obras totalmente concretizadas”.

“Marco importante”

A Creative Macau descreve ainda que esta mostra, e a oportunidade que os estudantes têm de mostrar o resultado do seu trabalho, “constitui um marco importante na sua jornada académica”. “Ao partilhar estas criações com o público, esperamos estimular um diálogo e um intercâmbio mais amplos sobre artes mediáticas, tecnologias emergentes e o futuro cultural que elas continuam a moldar”, é ainda referido.

A Creative Macau – Centro de Indústrias Criativas nasceu em 2003 e tem sido gerido pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau. Em todos estes anos a Creative Macau tem apoiado projectos e trabalhos artísticos em 12 áreas das indústrias criativas, incluindo publicidade, arquitectura, design, moda ou artesanato. “O seu objectivo é ajudar estas indústrias a atingir o seu pleno potencial económico, acrescentando valor e promovendo o reconhecimento na sociedade”, é ainda descrito.

No caso da licenciatura em Artes Mediáticas da UPM, o objectivo é “formar profissionais de artes mediáticas de alta qualidade através de um currículo que enfatiza a aprendizagem multidisciplinar nas áreas das artes, do design e da tecnologia”. Pretende-se aqui que os “alunos desenvolvam competências de comunicação, visão internacional, compreensão intercultural e pensamento inovador, ao mesmo tempo que adquirem conhecimentos e competências em artes mediáticas nas áreas da interação em jogos, arte tecnológica e narrativa em vídeo”.

20 Out 2025

Pontes | Conselheiro sugere portagens e gera coro de críticas

No passado dia 10 de Outubro, Leong Chi Hang, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários das Ilhas, sugeriu a introdução do pagamento de portagens nas quatro pontes que fazem a travessia entre a península de Macau e a Taipa. A opinião gerou polémica nas redes sociais e até levou um ouvinte a ligar para o programa matinal do canal chinês da Rádio Macau

 

O conselheiro Leong Chi Hang, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários das Ilhas, defendeu numa reunião deste organismo, no passado dia 10 de Outubro, que se deveria pagar portagem nas quatro pontes que fazem a travessia entre a península de Macau e as ilhas.

Esta sugestão foi feita no período de intervenções antes da ordem do dia do referido organismo, tendo Leong Chi Hang, que também é vice-presidente da Associação Promotora para o Desenvolvimento da Comunidade da Taipa, defendido que é necessário o Governo melhorar e reformar o sistema de gestão das pontes devido aos frequentes engarrafamentos nestas infra-estruturas viárias.

“Sugiro que se crie um sistema de cobrança electrónica com portagens nestas quatro pontes, sendo que a cobrança seria feita conforme os diferentes períodos, veículos. Poder-se-ia acrescentar uma tarifa adicional em épocas com maior circulação”, disse.

Segundo Leong Chi Hang, o objectivo da cobrança de portagens seria equilibrar o fluxo dos veículos nas quatro pontes através do ajuste à cobrança dos valores, pois para algumas pessoas o aumento dos custos para atravessar a ponte de carro pode fazer com que optem mais pelo transporte público. Desta forma, dar-se-á prioridade aos transportes públicos e a deslocações mais amigas do ambiente.

Rastilho ateado

Esta opinião foi divulgada nas redes sociais durante a reunião do Conselho Consultivo, sobretudo em grupos de Facebook, o que gerou uma onda de opiniões críticas.

E a onda de contestação não se ficou pelas redes sociais: na sexta-feira um residente, de apelido Ma, ligou para o programa matinal Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, a criticar esta medida, defendendo que, para aliviar a situação do tráfego nas pontes, deveriam simplificar-se os procedimentos para lidar com acidentes de viação.

“Não acho que seja uma sugestão viável [a cobrança de portagens], pois as pontes estão sempre com muito trânsito e ainda se defende uma cobrança adicional. Muitas vezes os engarrafamentos acontecem nas pontes não devido ao excesso de carros, mas sim à ocorrência de acidentes de viação. Porque é que não podemos simplificar os procedimentos à semelhança do que acontece no Interior da China?”, questionou.

Este ouvinte defendeu que “se [um acidente de viação] não envolver um processo penal, e bastar tirar fotografias ao acidente, os veículos envolvidos no acidente podem ser removidos do local” de forma mais rápida.

Ma queixou-se ainda do facto de Macau continuar a manter um sistema desactualizado para lidar com acidentes de viação, ainda que o território tenha adoptado, nos últimos tempos, soluções digitais, como a instalação de câmaras de videovigilância, que acabam por não ser bem aproveitadas para lidar com este tipo de casos.

20 Out 2025

Reformulação governativa | Chan Tsz King assume ter pouca experiência na área

O novo secretário para a Segurança, Chan Tsz King, assumiu ontem ter pouca experiência para o cargo que ocupa desde ontem, em substituição de Wong Sio Chak. “Para mim este é um desafio muito grande porque nunca tive contacto com a área de segurança e tenho uma experiência fraca neste âmbito”, disse, segundo declarações reproduzidas pela TDM. O novo secretário salientou a qualidade da equipa com que vai trabalhar, que tem “pessoal com experiência”, nomeadamente o director-geral dos Serviços de Alfândega e dos Serviços de Polícia Unitários.

De resto, Chan Tsz King salientou que “a questão da segurança nacional é muito importante para a sociedade de Macau”, esperando-se “desenvolvimentos a longo prazo e diplomas legais que estão a ser produzidos”.

Sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, para esta tutela, Chan Tsz King disse que já estão a ser preparadas. “Da minha parte o principal é ajustar-me a esta área e dominar os pormenores.”

Chan Tsz King foi comissário do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), entre os anos de 2019 e 2024, mas começou a carreira na função pública na qualidade de delegado do procurador do Ministério Público em 1997. Foi depois promovido ao cargo de procurador adjunto em Março de 2000, tendo sido destacado para exercer funções no Serviço do Ministério Público junto dos Tribunais de Segunda e Última Instâncias de Janeiro de 2012 a Dezembro de 2019.

O novo secretário para a Segurança nasceu em Hong Kong em 1970 e tem formação superior feita em Portugal, nomeadamente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa de Portugal, terminado em 1989, e um curso de Direito feito na Universidade Autónoma de Lisboa de Portugal em 1995.

MP | Tong Hio Fong fala “grande responsabilidade”

Tong Hio Fong, que assumiu ontem o cargo de Procurador do Ministério Público (MP) da RAEM, no âmbito da reforma governativa, agradeceu a “confiança do Governo Central e do Chefe do Executivo” no assumir de um cargo “importante e com grande responsabilidade”. O responsável adiantou ainda que vai “contribuir para o desenvolvimento da RAEM”, descrevendo o território um exemplo bem-sucedido da prática de um país, dois sistemas, sendo que “a estabilidade e prosperidade a longo prazo são assegurados pelo Estado de Direito”. Por sua vez, Tong Hio Fong disse que o MP “é uma instituição importante para defender o Estado de Direito, sendo responsável por defender a dignidade da lei, proteger os direitos dos cidadãos e combater as actividades ilegais”. Como Procurador, prometeu focar-se “no princípio do Estado de Direito, aplicar a lei de forma rigorosa e justa e reforçar a inspecção às actividades judiciárias”, bem como “aumentar a eficiência judiciária”.

Administração | Wong Sio Chak recolhe opiniões em mercados

Ao assumir uma vasta pasta, a da Administração e Justiça, Wong Sio Chak, ex-secretário para a Segurança, prometeu que, nas próximas semanas, irá auscultar as opiniões da população no que diz respeito ao funcionamento dos mercados. “Nos próximos tempos vou visitar as comunidades, em particular os mercados. Vou continuar a fazer isto [ouvir opiniões]. Os meios para acolher as opiniões do público estão sempre desimpedidos”, disse à imprensa.

Aos jornalistas, Wong Sio Chak agradeceu o trabalho realizado pelo seu antecessor, André Cheong, garantindo que vai agora focar-se em quatro áreas que entende serem prioritárias, tal como a reforma da Administração Pública, o reforço da construção de “Um país, dois sistemas”, a maior eficiência na governação e promover a integração na Grande Baía e na Zona de Cooperação Aprofundada de Hengqin.

“Independentemente dos serviços governamentais ou dos locais, é fácil aparecer maus hábitos, como sectarismo, burocracia ou actuações isoladas. Em Macau também acontecem estas situações e precisamos mudar isso. Precisamos facilitar a comunicação horizontal [dentro da Função Pública] e elevar a eficácia da cooperação”, acrescentou ainda.

Wong Sio Chak defendeu que é necessário “aumentar a capacidade do pessoal, explorar o seu potencial e aproveitar bem os talentos, optimizando a afectação de funcionários”. Desta forma, o governante considera que “é preciso criar mais acções de formação concretas, sobretudo na capacitação dos serviços”.

Wong Sio Chak, nasceu na província de Guangdong em 1968 e é licenciado em Direito pela Universidade de Pequim. Depois de uma longa carreira na Polícia Judiciária foi indigitado, em 2014, secretário para a Segurança.

17 Out 2025

Literatura | “Na Memória” é o novo livro da editora Mandarina

Será lançado no próximo dia 25 de Outubro o novo projecto editorial da Mandarina, editora dedicada à literatura infantil. “Na Memória” integra-se na colecção “Pequenos Exploradores de Macau” que aborda os universos da memória e do património de Macau através da escrita de Catarina Mesquita

A editora Mandarina associou-se a uma série de parceiros, onde se inclui o Instituto Internacional de Macau (IIM), para lançar um novo livro para crianças que explora os universos do património e da importância da sua preservação e da memória de um território em permanente mutação.

“Na Memória”, escrito por Catarina Mesquita e com ilustrações de Fernando Chan, traz de novo as aventuras dos personagens Júlia e Pou, ela a dialogar com o pai; ele a falar com a avó. Ao HM, Catarina Mesquita desvenda as razões pela escolha do tema memória para este novo livro, o terceiro integrado na colecção “Pequenos Exploradores de Macau”, que inclui os títulos “Na Rua” e “Em Casa”.

“A dinâmica é a mesma [em relação aos livros anteriores]: trata-se de um livro com duas histórias e dois personagens, mas o fim é comum. Decidi-me pela memória não só pela importância que tem nas nossas vidas, mas para transmitir às crianças a ideia de que tudo aquilo que vivemos é muito importante e faz parte da nossa construção, sobretudo as crianças que vivem em Macau, pois vêem coisas a evoluir que devem ficar dentro delas.”

A co-edição com o IIM deve-se ao facto de se celebrar 25 anos da inscrição do centro histórico de Macau como património classificado pela UNESCO. “A memória faz parte desse património, da sua preservação. Como os nossos livros têm vindo sempre a sublinhar locais, festividades e situações de Macau, achamos que poderíamos dar continuidade à colecção e associarmo-nos a este marco tão importante.”

Três livros, seis histórias

“Na Memória” é um livro bilingue, em português e chinês tradicional, tendo também uma parte interactiva com autocolantes, com palavras nas duas línguas e em patuá, um dialecto macaense praticamente em vias de extinção. “Decidimos colocar o patuá por causa desta conexão com a memória e o património. Então o livro tem duas páginas de autocolantes em que os leitores observam o cenário e em que se dá mais importância à ilustração”, explicou Catarina Mesquita.

“A forma como retratei a memória está sempre associada à visão das crianças e às perguntas curiosas que fazem. Temos a Júlia a interagir com o pai e o Pou com a avó sobre as experiências que vão tendo ao longo de um ano, que é o período temporal da história. Eles vão fazendo perguntas e há coisas que ficam registadas na cabeça deles.”

A autora do livro descreve uma parte da história em que Júlia sobe à Torre de Macau com o pai e ele explica-lhe o futuro de Macau, construído com a nova cidade de Hengqin. Júlia é uma menina de oito anos que está a ver uma nova cidade a nascer, enquanto “a avó do Pou tem 80 anos e está em Macau há muito tempo, então tem recordações de uma Macau que o neto não conhece”.

“Há esta passagem entre o passado, presente e futuro para fazer as crianças pensar um pouco, que as coisas mudam e para que percebam que há coisas que, na vida deles em Macau, mudam mesmo, como esse caso de olhar para o lado e ver uma mega-cidade a crescer”, adiantou a fundadora da Mandarina.

Com existência há quase seis anos no pequeno mercado editorial de Macau, Catarina Mesquita fala do que ainda é preciso fazer para que seja dado maior ênfase à literatura infantil. “Sabemos o mercado que temos, que não é muito significativo. Não conseguimos chegar a todas as crianças de Macau e sentimos que há uma falta de apoio que não é só financeiro. Apesar de haver fundos [financeiros, de apoio a projectos], é preciso um apoio muito maior ao nível de valores. Nos últimos anos o Governo de Macau tem promovido a literatura infantil e a leitura, mas não existe uma situação em que os editores façam um trabalho conjunto para desenvolver a literatura infantil em Macau”, lamenta.

Catarina Mesquita entende que este tipo de literatura é ainda visto como não tendo “grande prioridade, sobretudo aquela que é feita para lazer e não a que é dada nas escolas”. “Há pouco investimento nessa leitura por prazer e tem de haver maior investimento, além de se dever olhar com seriedade para esse tipo de literatura infantil, pois é essencial para o futuro. É preciso dar às crianças esta base, para que olhem para o livro como um objecto companheiro”, rematou.

A apresentação do livro acontece no dia 25 no âmbito da “Exposição de Livros Ilustrados em Chinês e Português”, no Auditório do Carmo, na Taipa, a partir das 18h30.

16 Out 2025

Taiwan | Residentes seduziam pessoas para burlas

Foram detidos, esta segunda-feira, seis residentes suspeitos de estarem ligados a um grupo criminoso de Taiwan associado a burlas, e que terão recrutado nove residentes para extorquir dinheiro a vítimas. A investigação começou em Setembro do ano passado, sendo que a Polícia Judiciária ainda está a investigar os montantes envolvidos

 

A Polícia Judiciária deteve, esta segunda-feira, seis residentes de Macau alegadamente envolvidos com um grupo criminoso de Taiwan associado a burlas. Segundo noticiou o jornal Ou Mun, o caso começou quando a Polícia Judiciária (PJ) iniciou uma investigação após receber pedidos de ajuda de familiares de nove residentes de Macau desaparecidos.

As autoridades perceberam mais tarde que estes nove residentes tinham sido detidos pela polícia de Taiwan e condenados a penas de prisão de três a oito meses pela prática do crime de burla. O papel destes residentes foi o de receber e entregar o dinheiro extorquido às vítimas de burla, sendo que quatro destes residentes regressaram depois a Macau após cumprirem a pena. Estima-se que os nove residentes tenham recebido de milhares a dezenas de milhar de renminbis como pagamento para estas funções.

A PJ de Macau percebeu então que os nove residentes julgados em Taiwan terão sido recrutados pelos seis detidos desta segunda-feira, com promessas de salários elevados para a realização de actividades ilegais na antiga Formosa.

Montantes por calcular

A PJ percebeu também que dois dos seis detidos serão os autores principais do grupo criminoso de Taiwan, tendo recebido pagamentos ilegais de 1 a 3 por cento por cada montante de burla extorquido pelos nove residentes detidos em Taiwan. No entanto, a PJ disse precisar de investigar os montantes concretos recebidos por estes dois autores principais do crime, bem como a remuneração ilegal recebida pelos outros suspeitos. O caso foi encaminhado para o Ministério Público para posterior investigação, existindo suspeitas da prática de crime de associação criminosa.

16 Out 2025

Sam Hou Fai fala em “nova fase” do princípio um país, dois sistemas

O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, disse ontem que “Macau entrou na nova fase de aplicação do princípio um país, dois sistemas” e que se debate “com mudanças profundas e complexas do ambiente interno e externo”, além de que o mundo se encontra “num novo período de turbulências e mudanças”.

Discursando num evento de celebração dos 105 anos da Fundação da Cruz Vermelha de Macau, Sam Hou Fai lembrou que “os compatriotas necessitam de mais cuidado humanístico e conforto espiritual”, pelo que espera que a Cruz Vermelha “continue a prestar atenção e apoio ao desenvolvimento da RAEM e à acção do Governo”.

O governante defendeu que esta organização centenária deve estar atenta “aos planos governativos e exigências do desenvolvimento de alta qualidade de Macau na nova jornada”, ficando a esperança de que haja um reforço de cooperação com a Sociedade da Cruz Vermelha da China.

Longa vida

O Chefe do Executivo destacou que a Cruz Vermelha de Macau está “enraizada” no território desde 1920, sendo que, além de “servir Macau, também acompanha atentamente e apoia os serviços humanitários e actividades de interesse público no Interior da China e a nível internacional”.

O governante máximo da RAEM não esqueceu o momento da transição, quando a “Cruz Vermelha de Macau passou, oficialmente, a Delegação com alto grau de autonomia da Sociedade da Cruz Vermelha da China, sendo testemunha, participante e contribuinte para a bem-sucedida aplicação do princípio um país, dois sistemas com características de Macau”.

Ainda sobre a governação, Sam Hou Fai prometeu “construir uma Macau alicerçada no Estado de Direito, dinâmica, cultural e feliz”, continuando com o “foco no apoio às camadas mais vulneráveis” e assumindo “o reforço do sentimento de realização, felicidade e segurança de todos os residentes de Macau como ponto de partida e base da acção governativa”. Ficou também a garantia de que o Executivo “apoiará de forma plena a Cruz Vermelha de Macau no planeamento e desenvolvimento das actividades”.

16 Out 2025

Deputado Lei Chan U elogia novo diploma sobre reforma administrativa

Foi publicado esta segunda-feira um novo diploma na área da reforma administrativa, intitulado “Regime geral da criação e da estrutura orgânica dos serviços e entidades públicas”. Desta forma, foi feita a revisão de dois decretos-lei que vigoravam no território desde os anos 80.

Lei Chan U, recentemente reeleito deputado à Assembleia Legislativa (AL), emitiu um comunicado onde defende que esta alteração legislativa constitui “um marco importante na reforma da Administração pública, contribuindo para resolver problemas persistentes”, nomeadamente a “constante reorganização dos serviços, a estrutura excessivamente pesada e a falta de clareza nas responsabilidades” dos dirigentes.

O responsável declarou também que esta reformulação irá melhorar “a eficácia governativa e promover a criação de um Governo eficiente e orientado para o serviço dos cidadãos”. No mesmo comunicado, o deputado lembrou o facto de os últimos Governos terem “procurado promover a reforma da Administração pública” embora problemas como estruturas pesadas, “a sobreposição de funções e a indefinição de competências nunca tenham sido efectivamente resolvidos”.

Luz ao fundo do túnel

Desta forma, Lei Chan U entende que este novo regulamento administrativo vem definir “critérios claros para a criação de novos serviços públicos, estipulando que só será permitido criar novos departamentos quando surgirem novas funções que não possam ser exercidas com o ajustamento das estruturas existentes”.

É ainda referido que o “número de serviços públicos será reduzido de mais de 70 para 47, alcançando-se uma verdadeira ‘limpeza’ da máquina administrativa”, declarou.

Outra regra definida no regulamento administrativo, passa pela proibição, por parte dos serviços públicos, de “criar novas subunidades com nível de sector e de secção”.

Lei Chan U disse esperar que “o Governo continue a reforçar a coordenação e o planeamento” da máquina administrativa, através da promoção “da revisão de estruturas e funções dos serviços públicos de forma gradual, ordenada e baseada no princípio da objectividade”, a fim de se construir “um Governo eficiente, capaz e orientado para o serviço público”.

15 Out 2025