Covid-19 | Governo estuda redução da espera para quem chega do estrangeiro

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As autoridades prometem reduzir o tempo de espera pelo resultado dos testes feitos à entrada no território exigidos a quem vem do estrangeiro. No entanto, aguardar pelo resultado no hotel de quarentena está, para já, fora de questão. A suspensão dos testes rápidos vai depender da análise de todos os resultados submetidos

 

Quem chega a Macau vindo do estrangeiro tem de esperar mais de oito horas entre o momento em que o avião aterra no aeroporto e o momento em que entra no quarto do hotel designado para cumprir quarentena. Ao longo do penoso processo, a maior delonga está relacionada com o tempo que demoram a chegar os resultados dos testes de ácido nucleico feitos à chegada, antes de o encaminhamento para o hospital ou hotel de quarentena.

Tendo em conta que nas testagens em massa, é possível verificar o resultado na aplicação do código de saúde cinco horas após a recolha da amostra, o tempo de espera à saída do aeroporto é difícil de explicar.

Neste contexto, as autoridades prometem reduzir o tempo de espera e explicam que a situação se deve aos inúmeros procedimentos a cumprir antes da entrada no hotel.

“Esta situação não é a ideal e sabemos que as pessoas fazem muitas horas de voo. Estamos a ver que etapas podem ser reduzidas e feitas antes da chegada a Macau para que se reduza o tempo de espera”, adiantou Leong Iek Hou, médica e coordenadora do centro de coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus.

As diferenças de espera foram explicadas pelas autoridades com o facto de as bagagens terem de ser desinfectadas à chegada e de o número de pessoas que chega num só voo ser elevado. Apesar de incomparável com a afluência aos testes em massa, e do risco de contágio para quem fica meio dia numa sala de espera com inevitáveis períodos em que se retira a máscara para comer e beber.

“No mesmo avião chegam muitas pessoas, é necessário muito tempo para que saiam do avião e as bagagens têm de ser desinfectadas. Estão envolvidos muitos serviços públicos e leva muito tempo.”

A possibilidade de esperar pelo resultado do teste de ácido nucleico no hotel de quarentena está posta de lado. “Têm havido muitas entradas em Macau oriundas de Singapura, e só no sábado tivemos 100 pessoas, com 11 casos positivos [ver caixa]. A proporção de pessoas infectadas vindas do exterior é mais alta, e é preocupante se levarem o vírus para o hotel. Achamos que é melhor aguardar pelo resultado [do teste] logo na entrada”, disse Leong Iek Hou.

Reclusos ainda sem visitas

A entrada plena no período de normalização vai depender dos últimos resultados dos testes rápidos. Ontem cerca de 510 mil pessoas já tinham carregado os dados no código de saúde, mas havia ainda 90 mil que não conseguiram fazê-lo, ficando com o código de saúde amarelo. “Se os testes de ácido nucleico forem todos negativos amanhã [hoje], não faremos mais testes rápidos”, frisou Leong Iek Hou.

Por outro lado, espaços como creches, lares de idosos e o Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) mantêm as mesmas restrições para evitar situações de contágio. O Instituto de Acção Social declarou ontem que está “temporariamente suspenso o funcionamento das creches subsidiadas, dos serviços de cuidados especiais diurnos para idosos e dos serviços de apoio vocacional para pessoas portadoras de deficiência”, bem como a prestação do serviço aos utentes mais necessitados. Por sua vez, nos lares de idosos, de reabilitação e de desintoxicação “mantêm-se as medidas básicas de gestão em circuito fechado e os utentes continuam a permanecer nos lares sem sair”. Estão ainda suspensas as visitas, tal como acontece no EPM.

“Não podemos ainda permitir as visitas aos reclusos, e será igual para as actividades ao ar livre. Tudo dependerá da situação epidemiológica”, adiantou Leong Iek Hou.

A tal infecção

Quanto ao caso positivo detectado em Zhuhai relativo ao trabalhador não-residente que morou no edifício Polytec Garden, as autoridades indicaram que não acarreta risco para a comunidade. “Os resultados dos testes dos colegas e pessoas que com ele coabitaram são todos negativos e o risco não é muito alto. Mas hoje, na zona das Portas do Cerco, ainda estão a ser feitos testes, por isso temos de aguardar os resultados. Só aí poderemos saber qual é o risco para Macau”, referiu Leong Iek Hou.

As autoridades estão ainda a avaliar a origem desta infecção. “Zhuhai determinou que é um caso importado de Macau, mas ainda não sabemos qual a fonte da infecção. Estamos a fazer o trabalho de controlo para ver se é possível encontrar mais casos.”

Por confirmar está também a informação de que o homem, de 26 anos de idade, se dedicava ao contrabando. “Creio que os serviços competentes vão analisar se a pessoa infringiu, ou não, outros diplomas legais”, foi acrescentado na conferência de imprensa. De frisar que o homem saiu de Macau na última quinta-feira, às 19h19, através da fronteira de Qingmao, tendo voltado a entrar no dia seguinte às 07h15, pelas Portas do Cerco. Depois de realizar vários percursos de ida e volta, voltou a entrar em Macau no sábado, às 15h57, através das Portas do Cerco, saiu às 16h19 e voltado a entrar e a sair do território através do posto de Qingmao.

Quatro profissões com testes diários

Os trabalhadores da linha da frente dos postos fronteiriços, os condutores de autocarros que fazem viagens entre Macau e Hong Kong, quem trabalha nos aviões ou no transporte de mercadorias deve realizar um teste de ácido nucleico todos os dias. Na que medida entrou ontem em vigor, os Serviços de Saúde definiram prazos diferentes conforme as profissões e o grau de risco. As despesas com os testes serão suportadas pelo Governo e empresas, sendo que apenas os testes suportados pelos empregadores servirão para passar a fronteira. Na conferência de imprensa de ontem foi dito que os trabalhadores que gozarem férias superiores a três dias “podem interromper os testes”, uma situação que deve ser fiscalizada pelas próprias empresas.

Uma entrada por dia

As autoridades de Zhuhai comunicaram ontem que quem entrar na cidade vindo de Macau só o poderá fazer uma vez por dia. “Todos os postos fronteiriços terão a passagem limitada. Num dia as pessoas podem sair e entrar uma vez, e os alunos transfronteiriços poderão ser acompanhados por uma pessoa. As pessoas com necessidades médicas ou os motoristas não têm limitações. Quem precisa de entrar e sair mais do que uma vez tem pedir ao Corpo de Polícia de Segurança Pública, Centro de Serviços da RAEM e terminal do Pac On, e a circulação deve ser feita usando o posto fronteiriço de Hengqin. As autoridades de Zhuhai irão depois tomar uma decisão”, foi ontem explicado. Os limites de circulação de pessoas entre Macau e Zhuhai prolongam-se até 9 de Setembro.

11 casos importados

No total, 11 pessoas oriundas do exterior testaram positivo à covid-19 no sábado, à chegada a Macau. De acordo com uma nota emitida ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, os pacientes, cinco homens e seis mulheres, têm entre 19 e 59 anos, negaram qualquer histórico de infecção da doença e não apresentam sintomas, tendo sido encaminhados para isolamento médico. Da totalidade dos casos registados em Macau, apenas 791 são considerados “confirmados”, dado que os pacientes apresentaram sintomas. Os restantes 1.398 infectados são considerados casos assintomáticos, não entrando para essa contabilização.

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