Myanmar | Guterres quer “fim da impunidade” do governo militar

O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu ontem que “o ciclo de impunidade” em Myanmar tem de terminar, falando em Kuala Lumpur, onde participa na cimeira de líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e países aliados.

“Estou consternado com a situação deplorável na Birmânia [antigo nome de Myanmar]. O golpe militar de 2021 acumulou calamidade sobre calamidade. Aldeias bombardeadas ou incendiadas. Milhares de mortos. Milhões de deslocados. A estabilidade regional está em risco”, alertou Guterres, acrescentando que “as atrocidades e o ciclo de impunidade têm de acabar”.

Apelando ao fim imediato da violência, o líder da ONU afirmou que deve haver “um compromisso genuíno com o diálogo inclusivo” e um regresso ao governo civil, “começando pela rápida libertação de todos os que foram detidos arbitrariamente”.

A junta militar que detém o poder em Myanmar desde o golpe de Fevereiro de 2021 anunciou em Julho passado que iria realizar eleições em Dezembro, mas a falta de oposição real, com muitos políticos pró-democracia no exílio ou na prisão, incluindo a Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, faz com que grande parte da comunidade internacional considere que o escrutínio vai ser uma farsa.

Desde o golpe militar contra o Governo democraticamente eleito liderado por Aung San Suu Kyi, Myanmar está imerso em turbulência, com uma rebelião armada a tomar o controlo de grandes áreas do território. “O caminho a seguir deve conduzir à restauração das instituições democráticas ancoradas no Estado de direito e nos direitos humanos”, considerou Guterres, admitindo acreditar que “ninguém acha que estas eleições serão livres e justas”.

Paz e ASEAN

O secretário-geral das Nações Unidas apoiou um plano de paz elaborado em 2021 pela ASEAN para pôr fim às hostilidades e iniciar o diálogo, que o governo militar tem ignorado. “É tempo de abrir canais humanitários, acabar com a violência e facilitar uma solução política abrangente”, disse.

“O povo de Myanmar conta com o nosso apoio colectivo”, acrescentou. As declarações do secretário-geral da ONU foram feitas durante uma conferência de imprensa na capital da Malásia, onde começou no domingo a cimeira dos líderes da ASEAN e dos países aliados. A cimeira vai prolongar-se até terça-feira e conta com a presença, além dos líderes dos países da região, do Presidente dos EUA, Donald Trump, do primeiro-ministro brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, entre outros.

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