Efeméride | Camilo Castelo Branco lembrado hoje no IPOR

Decorre hoje uma sessão do Clube de Leitura da Associação dos Amigos do Livro que irá centrar-se não apenas na obra “Fanny Owen”, de Agustina Bessa-Luís, mas também na comemoração dos 200 anos do nascimento do escritor português Camilo Castelo Branco. A partir das 18h30 é hora de recordar a sua vida e escritos com intervenções de Pedro D’Alte, Wang Suo Ying e Shee Vá

 

Comemora-se este ano os 200 anos do nascimento do escritor português Camilo Castelo Branco, uma data que é hoje recordada no Instituto Português do Oriente (IPOR) através de uma sessão do Clube de Leitura da Associação dos Amigos do Livro, realizada na Biblioteca Camilo Pessanha, no IPOR, a partir das 18h30.

Segundo uma nota do IPOR, a sessão aborda a obra “Fanny Owen”, da escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís, sendo esse o mote para recordar Camilo Castelo Branco, um dos autores de eleição de Bessa-Luís, uma vez que a obra se inspira na vida pessoal do escritor.

Assim, a sessão de hoje “tenta compreender o escritor”, reunindo Pedro D’ Alte, que falará da sua experiência na abordagem da obra de Camilo Castelo Branco junto dos alunos chineses. Este será auxiliado por Wang Suo Ying, que traduziu para chinês algumas das obras mais conhecidas de Camilo, como “Amor de perdição” e “A queda de um Anjo”. Shee Vá, médico e autor, também participa na sessão de hoje, tentando “compreender o homem [Camilo Castelo Branco] através dos seus biógrafos e admiradores como Agustina Bessa-Luís, Manuel de Oliveira e Mário Claúdio”.

Para se perceber o gosto de Agustina Bessa-Luís pela escrita de Camilo, o IPOR cita as suas palavras: “Camilo é manipulador, a sua frivolidade não é senão tentativa de esconder as suas fragilidades”. A escritora nortenha disse também que “Camilo era um insurrecto, com lama até aos ossos e dois livros de gramática em vez de pulmões”.

Vida boémia

A escolha da obra “Fanny Owen” para esta sessão não surge por acaso, uma vez que Agustina se inspirou na história de vida de Camilo, quando este se apaixonou por Ana Plácido quando esta era casada, um caso que levou à prisão de ambos numa altura em que o adultério era considerado crime, no século XIX. Mais tarde, os dois seriam absolvidos, casando e tendo filhos.

“Fanny Owen” baseia-se, assim, nestes factos verídicos ocorridos no meio do ambiente intelectual e boémio da cidade do Porto do século XIX, em que a história de vida de Camilo Castelo Branco se entranha no percurso de um dos personagens do livro, um jovem, filho de um oficial inglês que se deixa envolver pelo amor que só lhe trará problemas e desgraças.

Segundo a nota do IPOR, Camilo Castelo Branco “é um autor maior da língua portuguesa”, com uma obra “extensa que abarca a novela, o romance, a crónica, o folhetim, a poesia, o conto e o teatro”. Além disso, “descreve como ninguém a sociedade da época usando o sarcasmo e a ironia pelo que criou inimizades, mas, também capaz de actos de grande generosidade”. Camilo Castelo Branco “viveu uma vida de romance transportando consigo frustração e enorme complexidade”, destaca o IPOR.

Camilo Castelo Branco foi, além de romancista, cronista, crítico, dramaturgo e tradutor. Recebeu do rei D. Luís o título de Visconde de Correia Botelho. Tendo ficado orfão de pais ainda criança, deixou Lisboa para viver em Vila Real com uma tia, tendo casado aos 16 anos. Estudou medicina no Porto, mas nunca chegou a acabar o curso, tendo definitivamente feito das letras a sua vida.

Depois da polémica em torno do caso amoroso com Ana Plácido, os dois ficam juntos até à morte deste, por suicídio, uma vez que a cegueira lhe impossibilitou continuar a escrever.

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