Ucrânia | MNE chinês diz que Pequim está empenhada em promover conversações de paz

A responsável pela diplomacia alemã esteve de visita a Pequim para participar na sétima ronda do Diálogo Estratégico China – Alemanha sobre Diplomacia e Segurança. Pequim e Berlim manifestaram a intenção de procurar soluções que ajudem a pôr fim ao conflito na Ucrânia e às disputas comerciais

 

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, garantiu ontem à sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, que a China está empenhada em “promover as conversações de paz na Ucrânia”, apelando à cooperação entre Pequim e Berlim.

Na sétima ronda do Diálogo Estratégico China – Alemanha sobre Diplomacia e Segurança, Wang disse a Baerbock que “as divergências e diferenças entre a China e a Alemanha não devem ser um obstáculo” à cooperação entre os dois países.

“A China está a responder a todas as incertezas externas com base nas suas próprias convicções”, apontou o ministro, em Pequim.

“O mundo está a enfrentar múltiplos desafios e os factores de incerteza, instabilidade e imprevisibilidade aumentaram significativamente. Quanto mais turbulento é o mundo, mais as grandes potências devem manter a sua compostura. A relação entre as grandes potências deve permanecer estável”, disse.

O diplomata acrescentou que a China e a Alemanha devem “aderir a um tom de diálogo e cooperação”, pondo de lado as “mentalidades de confronto da Guerra Fria”.

“Temos de responder conjuntamente aos desafios globais, esforçarmo-nos por promover a cooperação prática e defender o desenvolvimento multilateral. A China e a Alemanha devem mostrar a sua responsabilidade enquanto países importantes”, acrescentou.

Transparência total

De acordo com o comunicado das autoridades chinesas, Baerbock manifestou esperança de que a China, enquanto parceiro da Europa, possa “desempenhar um papel mais activo” para pôr fim à guerra na Ucrânia, embora tenha assegurado, numa conferência de imprensa posterior, que “o apoio crescente da China” à agressão militar da Rússia contra a Ucrânia “teve impacto” nas relações entre Berlim e Pequim.

“O apoio crescente da China à guerra da Rússia contra a Ucrânia tem um impacto nas nossas relações, uma vez que os interesses fundamentais de segurança da Alemanha e da Europa foram afectados”, afirmou Baerbock.

O Presidente russo, Vladimir Putin, “não só está a destruir a ordem de paz europeia com a sua guerra, como também está a deslocar-se para a Ásia através da Coreia do Norte”, afirmou.

A diplomata acrescentou que discutiu com o seu homólogo chinês Wang Yi a forma de “iniciar um processo de paz justo”, sublinhando que os membros do Conselho de Segurança da ONU têm “a responsabilidade pela paz no mundo”.

“Estamos aqui para deixar claro, com total transparência, por que razão estamos tão preocupados com a segurança da nossa própria paz na Europa”, afirmou.

Questão comercial

A chefe da diplomacia alemã apelou ainda a Pequim para que trabalhe “de forma construtiva” para “encontrar uma solução” para os atritos comerciais com a União Europeia, que impôs taxas punitivas sobre os automóveis eléctricos chineses.

“A China é o nosso segundo parceiro comercial mais importante. 5.000 empresas alemãs mantêm mais de um milhão de postos de trabalho na China. E o inverso também é verdade: a União Europeia continua a ser o mercado mais importante para a China. Temos interesses complementares”, afirmou Baerbock.

No entanto, a ministra afirmou que “existem regras comuns” que devem ser respeitadas, “especialmente numa altura em que algumas pessoas querem derrubar pontes no comércio internacional”.

“O que nos une é que nem a China nem nós, na Europa, somos a favor de uma guerra comercial”, afirmou. Wang reiterou a posição da China de que as taxas alfandegárias da UE “violam os princípios da concorrência leal e do comércio livre”.

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