Manchete PolíticaTrabalho | Dois terços descansam apenas 1 ou 1,5 dias por semana João Luz e Nunu Wu - 5 Dez 2025 Um inquérito da FAOM revelou que cerca de 60 por cento dos trabalhadores não tiveram actualização salarial este ano e dois terços não tem descanso semanal de dois dias. Leong Sun Iok quer que o Governo dê orientações claras às empresas para darem prioridade à contratação de residentes e fixe uma quota mínima de locais Salários congelados, sobrecarga de trabalho, insegurança financeira e concorrência desleal com salários muito baixos de não-residentes foram as principais preocupações reveladas por cerca de 2.000 trabalhadores que responderam a um inquérito sobre condições de trabalho em 2025. O tabalho, apresentado ontem, foi realizado pela Associações dos Operários de Macau (FAOM). Para 60 por cento dos entrevistados, não houve aumentos de ordenado este ano, enquanto 10 por cento tiveram mesmo cortes salariais. Além disso, perto de dois terços dos trabalhadores queixaram-se de uma excessiva carga laboral, com o descanso semanal reduzido a um dia ou um dia e meio. Outra situação que desalinha o equilíbrio entre vida e trabalho, é o acesso tecnológico que permite transportar para os tempos livres e para casa tarefas de trabalho. Esta situação voltou a ser alvo de queixas de trabalhadores, levando os responsáveis da FAOM a pedir ao Governo que defina claramente os parâmetros do “direito a estar offline”. Para tal, é necessário que os trabalhadores tenham direito a compensação de horas extra, ou salário de trabalho por turnos. A juntar a estes problemas, foram frequentes os relatos de falta de estabilidade e de “almofada” financeira, causando sentimentos de insegurança em relação ao futuro. O bicho papão Dando eco a uma das bandeiras políticas da FAOM, os entrevistados consideram que as políticas laborais não dão prioridade eficaz aos locais no acesso ao emprego. Como tal, 63 por cento dos inquiridos revelaram falta clareza às medidas de protecção a trabalhadores residentes. Neste ponto, o deputado Leong Sun Iok, afirmou que “apesar de as actuais leis já definirem a prioridade dos residentes locais, o Governo nunca traçou exigências claras para as empresas em relação às práticas de contratação recursos humanos”. O resultado é a falta de eficácia na concretização da prioridade. Uma solução, apontado pelo deputado, seria a aplicação firme de quotas ou proporção mínima de residentes nos recursos humanos de cada empresa, como acontece com os cargos de chefia nas concessionárias do jogo. Leong Sun Iok considera que desta forma, os empregadores seriam “incentivados” a formar funcionários locais. Os salários demasiado baixos de trabalhadores não-residentes, e a decorrente concorrência desleal provocada pelo desnível dos ordenados, foi destacada por 60 por cento dos inquiridos. Leong Sun Iok defende que o Governo deveria recusar pedidos para contratação de não-residentes quando os salários propostos pelos empregadores forem demasiado baixos.