Relatório indica que Pequim acelera valorização do yuan

O banco central da China tem vindo a valorizar gradualmente o yuan desde Maio, numa estratégia que poderá reflectir tanto objectivos económicos internos como sinais políticos dirigidos a Washington, segundo um relatório do grupo de reflexão Gavekal Dragonomics.

Desde a trégua comercial com os Estados Unidos alcançada em Maio, o Banco Popular da China (banco central) tem ajustado diariamente a taxa de referência do yuan, fazendo-a subir de 7,19 para 7,13 por dólar até Agosto – uma valorização de cerca de 1 por cento. Mas na última semana de Agosto, a instituição acelerou o ritmo, fortalecendo a taxa em mais 300 pontos-base em apenas cinco sessões, para 7,10 por dólar.

“Se este ritmo se mantiver, o yuan poderá em breve romper a barreira simbólica dos 7 por dólar”, observou a Gavekal Dragonomics.

Segundo o relatório, esta mudança coincide com o discurso do presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell, em Jackson Hole, onde manifestou abertura a um corte de juros. O banco central da China começou a fixar o yuan mais forte logo na segunda-feira seguinte, embora o índice do dólar (DXY) tenha permanecido estável, sugerindo que a decisão chinesa não foi motivada diretamente pelos mercados cambiais.

O ‘think tank’ aponta várias hipóteses para esta decisão. Uma delas é que o banco central chinês espera uma tendência de enfraquecimento do dólar nos próximos meses, à medida que os mercados antecipam taxas de juro mais baixas nos Estados Unidos e possíveis pressões políticas sobre a independência da Fed, por parte da Administração do Presidente Donald Trump.

Outra possibilidade, é que a valorização do yuan sirva para “libertar pressão acumulada” e manter os mercados alinhados com os sinais do PBOC. Isto permitiria, segundo o relatório, cortar juros mais tarde este ano sem gerar desvalorizações abruptas da moeda.

O gesto poderá também ser interpretado como uma tentativa de melhorar o clima nas negociações comerciais com os EUA. “Ao mostrar que não está a desvalorizar o yuan para compensar os efeitos das tarifas norte-americanas, o PBOC ajuda a criar uma atmosfera mais propícia a um eventual acordo”, considera a Gavekal, recordando que o vice-ministro chinês do Comércio, Li Chenggang, esteve em Washington entre 27 e 29 de Agosto.

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