GP Macau | FIA introduz medida onerosa para Taça do Mundo de GT

A Federação Internacional do Automóvel (FIA) anunciou na tarde de terça-feira uma medida técnica para os carros GT3 participantes na Taça do Mundo de GT da FIA do Grande Prémio de Macau, que terá certamente impacto numa corrida que é cabeça de cartaz do evento

 

Para aprimorar o Balance of Performance (BoP) – o método que equilibra o andamento entre todos os carros da categoria GT3 –, a FIA decidiu obrigar o uso de sensores de torque, à semelhança do que já faz noutros dos seus campeonatos, como os mundiais de Resistência (WEC) e Rally Raid ou na Fórmula E. Os sensores de torque oferecem uma precisão muito elevada na medição da potência, permitindo à FIA garantir que a potência de cada carro não excede os valores atribuídos pelo BoP e que factores externos, como as condições atmosféricas, não influenciam o desempenho.

Apesar de o SRO Motorsports Group ser co-organizador desta prova, e ter um BoP reconhecido a nível mundial, nos dois últimos anos, o BoP de Macau, foi providenciado pela própria FIA. No ano passado, o BoP da FIA valeu-lhe uma série de críticas, com as equipas e os pilotos – particularmente da Audi, da Porsche e da Lamborghini, os principais prejudicados – a manifestarem publicamente o seu natural descontentamento com a diferença de andamentos.

Estes sensores são instalados nos veios de transmissão dos carros e representam a ferramenta mais eficaz para medir a potência à roda, sendo atribuídos individualmente pelo processo de BoP a cada modelo de carro que participa na corrida de “sprint” mais prestigiada do mundo para máquinas da classe GT3. Segundo a FIA, a decisão de tornar obrigatórios os sensores de torque foi tomada após consultas com as marcas envolvidas no Grupo de Trabalho Técnico GT3.

Custos vão disparar

Para uma corrida que conta com várias equipas privadas, esta medida será dispendiosa, pois estes sensores ultrapassam o meio milhão de patacas por carro, sendo que as equipas necessitam de ter um outro sistema igual sobressalente de reserva. Isto, tendo em conta que grande parte das equipas que participam na prova da RAEM não usa sensores de torque nos seus carros em nenhuma competição, não podendo amortizar o brutal investimento.

“Pela experiência que tive no Qatar, nota-se que existe uma diferença entre vários construtores na forma como gerem esta tecnologia. É necessária uma equipa extra de apoio para monitorizar e maximizar a performance sem exceder os limites estipulados”, explicou ao HM Duarte Alves, o experiente engenheiro de pista do território que esteve com a equipa oficial da Ford na primeira prova da temporada do WEC no país árabe.

“Um bom exemplo é a dificuldade e o tempo necessários para um construtor que entra como estreante. Um caso ilustrativo é o da Mercedes-AMG, que está a enfrentar as dores do crescimento enquanto desenvolve os seus próprios sistemas”, salientou Duarte Alves. “Em circuitos mais planos, a gestão destes sistemas é mais simples. Já em locais como Macau, onde os ‘picos de torque’ serão sempre frequentes, será um verdadeiro desafio para os engenheiros destes sistemas!”

FIA confiante

Imune a tudo isto, a FIA opta por um discurso direccionado aos construtores, esquecendo que a maior parte da grelha de partida é composta por concorrentes privados.

Lutz Leif Linden, Presidente da Comissão GT da FIA, afirmou que a instituição que representa “tomou esta decisão em consulta com os construtores”, acrescentando ainda que, para a federação internacional, “isto significa ainda mais justiça e um controlo melhorado dos valores de BoP, o que é particularmente importante num evento tão prestigiado e mediático, num circuito tão exigente como o de Macau, onde as longas rectas de alta velocidade contrastam com curvas apertadas e estreitas”.

Fabrice van Ertvelde, gestor técnico da velocidade da FIA, reforçou a ideia de que “o nosso objectivo, enquanto entidade reguladora, é garantir equidade total para todos os participantes”. A implementação dos sensores de torque “é uma ferramenta extremamente eficaz para alcançar esse objectivo, permitindo-nos alinhar carros muito diferentes em parâmetros como potência pura, mas também em velocidade máxima, um factor crucial num circuito como o Circuito da Guia.”

Apesar das dificuldades que a Mercedes-AMG encontrou com este sistema no mês passado, Fabrice van Ertvelde enaltece que “os construtores que esperamos ver em Macau este ano já estão familiarizados com esta inovação, através da sua experiência na classe LMGT3 do Campeonato do Mundo de Endurance da FIA, e a decisão de adoptar os sensores de torque resultou do diálogo que mantivemos com eles.”

Esta é a segunda novidade que a FIA introduz na corrida da RAEM, depois de ter anunciado no mês passado que o segundo segmento de qualificação terá um formato de ‘Super Pole’, com cada piloto a ir para a pista individualmente para um total de duas voltas de qualificação. A oitava edição da Taça do Mundo de GT da FIA terá lugar de 13 a 16 de Novembro, como parte da 72ª edição do Grande Prémio de Macau.

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