China / ÁsiaAPN | Encerrada sessão de órgão legislativo com meta de crescimento fixada nos 5% Hoje Macau - 12 Mar 2025 A reunião, que acolheu em Pequim durante uma semana 3000 delegados de todo o país, debateu a necessidade de promover o consumo interno, de diminuir a dívida dos governos locais e de fazer frente à guerra comercial imposta pela nova administração norte-americana O órgão legislativo máximo da China encerrou ontem a sessão plenária, considerado o maior evento político anual do país. Um tema recorrente durante a reunião de uma semana da Assembleia Popular Nacional (APN), composta por cerca de 3.000 delegados, entre os quais líderes políticos, empresariais, tecnológicos, mediáticos e artísticos do país, foi a necessidade de impulsionar o investimento e o consumo interno, numa altura em que a economia entrou em deflação. A China está a enfrentar uma profunda crise no sector imobiliário, o intensificar da guerra comercial com os Estados Unidos ou o excesso de endividamento dos governos locais. O órgão legislativo estipulou a meta de crescimento económico para este ano em “cerca de 5 por cento”. Estes desafios incluem a contracção de mais empréstimos para uma série de iniciativas, tais como a concessão de 300 mil milhões de yuan em descontos para os consumidores trocarem os seus carros e electrodomésticos antigos por novos. Mas grande parte dos empréstimos será destinada a apoiar o imobiliário e as administrações locais, que estão sobrecarregadas de dívidas. “Não é claro qual será o impacto deste orçamento na procura interna subjacente e nos esforços para contrariar a deflação, apesar do aumento considerável do défice”, escreveu Jeremy Zook, analista da Fitch Ratings para a China, num relatório. O ambicioso objectivo sugere que Pequim poderá adoptar mais estímulos. No ano passado, o Governo surpreendeu os mercados com várias medidas, iniciadas em Setembro, para alcançar a meta de crescimento de 5 por cento. O ministro das Finanças, Lan Fo’an, disse que o Governo dispõe de instrumentos suficientes para fazer face às incertezas externas ou internas. O Presidente chinês, Xi Jinping, parece empenhado em revigorar o sector privado, que representa grande parte do crescimento e da criação de emprego numa economia que continua a ser dominada pelo Estado. Anos de uma campanha regulatória abalaram, porém, a confiança dos empresários e investidores. A APN analisou comentários sobre uma lei destinada a melhorar o ambiente para as empresas privadas, regulando aspectos do acesso ao mercado, financiamento, concorrência ou protecção dos direitos de propriedade. Xi pretende enviar uma “mensagem aos empresários, mas também aos governos locais e às entidades reguladoras, de que o sector privado é importante e necessário”, afirmou Neil Thomas, investigador de política chinesa no grupo de reflexão Asia Society Policy Institute, citado pela Associated Press. As empresas terão acesso a uma maior percentagem de empréstimos do que anteriormente e o financiamento obtido através da emissão de obrigações será alargado, afirmou o primeiro-ministro chinês, Li Qiang. Economias acorrentadas Muito depende de até que ponto o líder norte-americano, Donald Trump, prossegue a guerra comercial contra a China e outros países. O país asiático diversificou os mercados de exportação nos últimos anos, mas os EUA continuam a ser um parceiro comercial vital. O maior medo não são as taxas alfandegárias, mas a saúde da economia dos EUA e a procura por produtos chineses, escreveu Alicia Garcia Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico do banco de investimento Natixis. Trump aumentou as taxas sobre as importações oriundas da China por duas vezes desde que assumiu o cargo em Janeiro. “Se o lado norte-americano continuar a seguir este caminho, lutaremos até ao fim”, advertiu o ministro do Comércio, Wang Wentao, durante a sessão plenária. Questionado sobre a política “América Primeiro” de Trump, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse que a lei da selva reinaria se todos os países adoptassem a mesma abordagem. “Um grande país deve honrar as suas obrigações internacionais e cumprir as suas responsabilidades”, disse, à margem da sessão da APN. “Não deve colocar os interesses egoístas à frente dos princípios e muito menos exercer o seu poder para intimidar os fracos”, apontou.