PolíticaPeru | Xi diz que porto de Chancay é “caminho da prosperidade” Hoje Macau - 15 Nov 2024 O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu ontem que o porto de Chancay, construído pela China no Peru, vai servir como “caminho para a prosperidade”, num artigo publicado no jornal ‘El Peruano’, a propósito da inauguração da infraestrutura. Xi, está no Peru para participar na cimeira do fórum de Cooperação Económica Ásia -Pacífico (APEC), e inaugurar o porto, que foi construído e financiado pela China, no valor de 3,5 mil milhões de dólares. O Peru é, depois do Brasil, o país latino-americano onde a China investiu mais em 2023, segundo dados oficiais. Pequim e Lima vão também assinar um Acordo de Livre Comércio. Xi lembrou que com a conclusão da primeira fase do porto, a viagem marítima entre o Peru e a China poderá ser reduzida para 23 dias, cortando em mais de 20 por cento os custos com o transporte de bens. O líder chinês estimou os rendimentos anuais em 4,5 mil milhões de dólares e a criação de mais de 8000 empregos directos para o Peru. A tecnologia, uma abordagem ecológica e a ênfase na segurança caracterizam o porto, que, no entanto, também gerou críticas pela influência da China sobre uma infra-estrutura vital na região. Xi defendeu que o Peru pode “estabelecer um paradigma de ligação multidimensional, diversificado e eficiente que liga a costa e o interior do país”. “Devemos levar a bom termo a construção e a operação deste porto, para que possa ser um verdadeiro caminho para a prosperidade e promover o desenvolvimento comum entre a China e o Peru, e entre a China e a América Latina”, acrescentou. O porto está localizado 80 quilómetros a norte de Lima e é detido em 60 por cento pela empresa estatal chinesa Cosco Shiping e em 40 por cento pela empresa mineira peruana Volcan Compañía Minera, o quarto maior produtor de prata e zinco do mundo. A infra-estrutura permitirá ao Peru receber grandes navios com uma capacidade de carga de até 24.000 contentores. O objectivo é mobilizar entre 30 por cento e 40 por cento da carga nacional destinada à China e ao Sudeste Asiático nos primeiros anos de funcionamento. A infra-estrutura é também de interesse para o Brasil, que pode assim obter acesso ao Oceano Pacífico. Amizade frutífera O projecto Rotas de Integração da América do Sul, iniciativa do governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, para ligar o Brasil aos principais centros de comércio e desenvolvimento da região, inclui duas rotas com destino ao porto de Chancay. Xi Jinping recordou no artigo que o Peru foi um dos primeiros países latino-americanos a estabelecer relações diplomáticas com a China e que os laços bilaterais “têm vindo a avançar a um ritmo constante, especialmente após o estabelecimento da Parceria Estratégica Abrangente em 2013”. Xi sublinhou que a cooperação sino -peruana produziu “resultados frutíferos e benefícios tangíveis para ambos” e apelou ao Peru para “praticar o verdadeiro multilateralismo e promover um mundo multipolar igualitário e ordenado”, bem como uma “globalização económica benéfica e inclusiva”. Oficialmente, a China tem apenas um porto militar além-fronteiras, no Djibuti, no Corno de África. Mas alguns dos seus portos comerciais também são utilizados para reabastecer e carregar navios de guerra, como as instalações em Hambantota, no Sri Lanka. Na última década, o país asiático construiu de raiz ou comprou participações maioritárias numa vasta rede de portos fundamentais para o comércio mundial, desde o Pireu, na Grécia, a Gwadar, no Paquistão. Segundo o grupo de reflexão Council on Foreign Relations, as empresas estatais chinesas detêm já participações em cerca de 100 portos em 64 países, em todos os oceanos e continentes, excepto na Antártida. A própria China alberga oito dos dez maiores portos de contentores do mundo.