Grande Baía | Académico defende um Governo único na região

Um investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais defende a criação de um Governo único, liderado por Pequim, para a região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Além disso, sugere que o renminbi seja a moeda das três regiões. O artigo foi publicado no 31 de Julho e apagado na passada quarta-feira

 

O investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Fang Hanting, defendeu o fim das regiões administrativas especiais e a implementação de um Governo único na zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, liderado pelo Governo Central.

Além disso, sugere também a adopção de uma moeda única para a zona da Grande Baía, o renminbi, o fim das fronteiras e a criação de um documento de identificação específico para a região. A ideia é corresponder ao desígnio político de maior cooperação em toda a região da Grande Baía, que inclui nove cidades da província de Guangdong, Macau e Hong Kong.

Com a abolição dos Executivos de Macau e Hong Kong, o académico acredita que se podem reduzir as desvantagens inerentes a uma liderança política tripartida, com dois chefes do executivo e a liderança chinesa nas nove cidades de Guangdong resultando em menos eficácia de coordenação em termos administrativos, elevados custos.

Fang Hanting, que foi subdirector da Academia Chinesa de Ciências e Tecnologia para o Desenvolvimento, descreveu num artigo publicado no website da instituição a sua ideia para criar um sistema económico unificado.

“Nos últimos anos, alguns países ocidentais têm pressionado frequentemente o panorama comercial, financeiro, industrial e tecnológico do país. Têm feito inclusivamente algumas dissociações, tentando afastar a China do palco económico internacional. Devemos, assim, actualizar a Grande Baía a fim de a tornar num centro económico offshore do país, formando-se uma região especial com uma super-economia articulada com o mundo”, explicou.

Assim, a moeda única da Grande Baía, aponta o académico, deveria ser o renminbi, a fim de dar estabilidade e maior conveniência às pessoas. Na visão do responsável, é desvantajoso a coexistência de dólares de Hong Kong, patacas e renminbis, encarados como obstáculos à integração. Assim, sugere a criação de um regime offshore de renminbis na Grande Baía, com um sistema cambial liberalizado.

Fronteiras abaixo

Fang Hanting defendeu também que as fronteiras entre o país e as duas regiões administrativas especiais impedem o intercâmbio mais flexível de pessoas, assuntos logísticos e comércio.

“Os sistemas transfronteiriços e de alfândega entre Guangdong e Hong Kong, e entre Guangdong e Macau, poderiam mudar-se para o norte, tornando-se fronteiras entre o Interior da China e a Grande Baía”, apontou.

Sem fronteiras, poderia ser emitido uma espécie de “Greencard”, à semelhança do modelo de residência existente nos Estados Unidos, para quem reside na região. No caso dos cidadãos chineses que visitam a zona poderia ser criado o “passe da Grande Baía”, com as mesmas funções do actual salvo-conduto para as deslocações a Macau e Hong Kong. Relativamente à circulação automóvel, Fang Hanting acredita que poderia ser criado um sistema unificado de matrícula para a Grande Baía.

Publicado a 31 de Julho no website da Academia Chinesa de Ciências Sociais, este um dos principais think-tanks do país na área das ciências sociais, o artigo foi, entretanto, retirado, podendo ainda encontrar-se apenas um resumo, embora a ligação no portal tenha deixado de funcionar.

Porém, o artigo acabou por ser notícia no jornal online HK01 e no jornal Ming Pao.

Destaque para o facto de, em Abril deste ano, o director da Administração dos Serviços Governamentais da Província de Guangdong, Liu Zhongping, ter publicado um texto com ideias semelhantes sobre a necessidade de aprofundar a integração e unificação de sistemas económicos e políticos na Grande Baía.

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