Diplomacia | Assad faz primeira visita desde o início da guerra civil síria

O Presidente da Síria, Bashar Assad, chegou ontem à China para a primeira visita ao país desde o início da guerra civil na Síria, há 12 anos, durante a qual Pequim tem sido um dos seus principais apoiantes

 

O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês informou que Assad vai participar na cerimónia de abertura dos Jogos Asiáticos, um evento desportivo internacional, que arrancou no sábado, na cidade de Hangzhou, no leste da China. Pequim está a expandir a sua influência no Médio Oriente, após ter mediado um acordo, em Março, entre a Arábia Saudita e o Irão. O país asiático continua a apoiar Assad no conflito sírio, que matou meio milhão de pessoas e deixou parte do país em ruína.

A China poderá desempenhar um papel importante, no futuro, na reconstrução da Síria, que deverá custar dezenas de milhares de milhões de dólares. O país do Médio Oriente aderiu, no ano passado, à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, um megaprojecto de infra-estruturas lançado por Pequim que visa expandir a sua influência através da construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas.

O gabinete de Assad disse anteriormente que o líder sírio foi convidado pelo homólogo chinês, Xi Jinping, para visitar a China, sendo acompanhado por uma delegação síria de alto nível.

O agravamento da crise económica na Síria levou a protestos em partes do país controladas pelo governo, principalmente na província meridional de Sweida. A Síria atribuiu a crise às sanções ocidentais e aos combatentes liderados pelos curdos, que controlam os maiores campos petrolíferos do país, no leste, perto da fronteira com o Iraque.

Quando a terra tremeu

Os contactos diplomáticos entre Damasco e outras capitais árabes intensificaram-se após o terramoto de 6 de Fevereiro que atingiu a Turquia e a Síria, matando mais de 50 mil pessoas, incluindo mais de seis mil na Síria. Assad voou para a Arábia Saudita em Maio, onde participou na cimeira da Liga Árabe, dias depois de a Síria ter sido reintegrada na organização multilateral, formada por 22 Estados árabes.

Desde que o conflito na Síria começou em Março de 2011 com protestos pró-democracia e mais tarde se transformou numa guerra civil, o Irão e a Rússia ajudaram Assad a recuperar o controlo de grande parte do país. A China usou o seu poder de veto na ONU por oito vezes para impedir resoluções contra o Governo de Assad.

A última e única visita de Assad à China foi em 2004, um ano depois da invasão do Iraque, liderada pelos Estados Unidos, e numa altura em que Washington pressionava a Síria. Nos últimos anos, Assad fez várias viagens ao estrangeiro, incluindo visitas à Rússia, Irão, Emirados Árabes Unidos e Omã.

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