Meloni não prevê deteriorar de relações com China caso abdique de “Uma Faixa, Uma Rota”

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse ontem que não prevê um deteriorar das relações entre Roma e Pequim caso Itália opte por não renovar o acordo de participação na Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. “Eu não prevejo que o nosso relacionamento com a China se torne complicado”, disse Meloni, citada pelo jornal italiano Il Sole 24 Ore.

“As relações entre Roma e Pequim são antigas e existem grandes benefícios mútuos, não apenas na esfera comercial”, vincou. “Penso, por exemplo, que a China pode ser um excelente parceiro para o sector de luxo italiano”, afirmou.

Em Março de 2019, o então primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte assinou um memorando de entendimento no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, o principal programa da política externa de Pequim.

O projecto inclui a construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas, criando novas rotas comerciais entre o leste da Ásia e Europa, Médio Oriente e África. O maior relacionamento entre Pequim e os países envolvidos abarca um incremento da cooperação no âmbito do ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos financeiros, visando elevar o papel da moeda chinesa, o yuan, nas trocas comerciais.

Lançada em 2013, pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a iniciativa simboliza uma mudança na política externa da China, de um perfil discreto para uma postura mais assertiva.

Voltar atrás?

A decisão do anterior Executivo foi alvo de críticas pelo actual ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto.

“Foi um acto improvisado e atroz”, disse Crosetto, em entrevista ao jornal Corriere della Sera. “Exportamos um monte de laranjas para a China, enquanto [os chineses] triplicaram as exportações para Itália nos últimos três anos”, acrescentou.

A questão agora para Roma é como voltar atrás sem prejudicar as relações com a segunda maior economia do mundo: “A verdade é que a China é um concorrente e, ao mesmo tempo, um parceiro”, notou o ministro.

A decisão formal de Giorgia Meloni sobre a renovação ou não do acordo com Pequim por mais cinco anos deve ser anunciada no final do ano.

Desde que Pequim lançou a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, dois terços dos membros da União Europeia, principalmente países do leste, aderiram ao programa, visando aproveitar o investimento chinês e impulsionar o crescimento económico.

Em 2018, Portugal tornou-se o primeiro país da Europa Ocidental a assinar um memorando de entendimento no âmbito da iniciativa, durante a visita a Lisboa de Xi Jinping. No ano a seguir, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa participou, na capital chinesa, na 2.ª edição do Fórum Faixa e Rota para a Cooperação Internacional.

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