Coreia do Norte adverte EUA sobre “espionagem aérea”

As autoridades norte-coreanas deram conta da passagem de uma aeronave dos Estados Unidos a cerca de 400 quilómetros da costa e ameaçam retaliar com “acções claras e contundentes” se a situação se repetir

 

A irmã de Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, advertiu segunda-feira os Estados Unidos pelas alegadas operações de “espionagem aérea” que aeronaves norte-americanas realizaram nos últimos dias sobre a costa leste daquele país asiático.

Kim Yo-jong sublinhou que “um avião de reconhecimento estratégico da Força Aérea dos EUA realizou novamente o reconhecimento aéreo da parte oriental da RPDC [República Popular Democrática da Coreia, o nome oficial da Coreia do Norte] ao entrar nos céus da Zona Económica Especial (ZEE) acima da Linha de Demarcação Militar (MDL)”, de acordo com um comunicado divulgado pela agência de notícias estatal KCNA.

As Nações Unidas (ONU) definem ZEE como as águas que se estendem até 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilómetros) das costas de um país, que tem o direito de explorá-las, enquanto o espaço aéreo costuma estar associado às águas territoriais, que atingem até a 12 milhas náuticas (cerca de 22 quilómetros) da costa.

De acordo com Kim, o avião, que “se retirou antes da chegada da Força Aérea do Exército do Povo Coreano”, cruzou novamente a MDL – que divide a península coreana e as suas águas circundantes – rumo ao norte por volta das 8:50.

O dispositivo, acrescentou, “executou uma grave provocação militar ao realizar o reconhecimento aéreo” sobre as águas da ZEE norte-coreana, chegando a estar a cerca de 400 quilómetros da costa sudeste do país.

 

Outras violações

A mensagem de Kim Yo-jong surge horas depois do regime norte-coreano ter acusado Washington, numa outra declaração, de violar o seu espaço aéreo com um avião de reconhecimento estratégico.

Kim insistiu que as acções dos EUA são “claramente uma grave violação da soberania e segurança norte-coreana”.

A irmã do líder, que é vice-directora de propaganda do regime, alertou que Pyongyang responderá com “acções claras e contundentes” se um avião dos EUA sobrevoar as suas águas da ZEE novamente.

Em 1969, o regime abateu, matando todos os 31 ocupantes, um avião de reconhecimento norte-americano EC-121 que alegadamente sobrevoou a ZEE.

Após o fracasso das negociações de desnuclearização de 2019, as tensões aumentaram novamente na península coreana.

Pyongyang rejeitou qualquer iniciativa de diálogo e realizou um número recorde de testes de mísseis, enquanto Seul e Washington retomaram os seus grandes exercícios conjuntos e mobilizaram regularmente meios estratégicos dos EUA na região.

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