Metais | Restringida exportação de elementos essenciais para semicondutores

A medida entra em vigor em Agosto. A exportação de gálio e germânio sem autorização passa a ser considerada crime

 

O Ministério do Comércio da China anunciou na segunda-feira à noite restrições à exportação de gálio e germânio, dois metais fundamentais para o fabrico de semicondutores.

A partir de 01 de Agosto, não será possível exportar gálio ou germânio ou mais de uma dezena de derivados dos dois metais sem pedir uma autorização específica às autoridades, indicou em comunicado o Ministério do Comércio chinês.

O objectivo é “proteger a segurança e os interesses” da China e sublinhou que a exportação destes metais sem autorização poderá “constituir um crime”, acrescentou.

A China é o maior produtor mundial de ambos os elementos, com mais de 95 por cento da produção de gálio e 67 por cento da produção de germânio.

Entretanto, o Japão disse ontem estar a analisar a decisão da China, não descartando a possibilidade de tomar medidas de retaliação.

O porta-voz do Governo nipónico, Hirokazu Matsuno, disse que as autoridades estão a “analisar o potencial impacto no Japão” da medida.

“Vamos confirmar com a China as suas intenções “, declarou Matsuno, em conferência de imprensa.

“Se o Japão estiver sujeito a medidas injustificadas à luz das regras internacionais” da Organização Mundial do Comércio, o porta-voz garantiu que o país tomará “as medidas oportunas”.

As empresas japonesas importam grandes quantidades de gálio e germânio da China.

 

Dedos apontados

Em 23 de Junho, Tóquio restringiu a exportação de equipamento avançado de fabrico de semicondutores, medida que vai também afectar Pequim, mas o ministro da Economia, Comércio e Indústria japonês, Yasutoshi Nishumura, descartou que a decisão chinesa seja uma retaliação.

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês, o China Daily, defendeu, num editorial, a decisão e sublinhou que os Estados Unidos, apesar de terem os maiores depósitos de germânio do mundo, não os têm explorado, já que a extracção representa uma grande fonte de poluição ambiental.

O jornal apontou também o dedo aos Países Baixos, que impôs controlos sobre as exportações para a China de tecnologia que usa luz ultravioleta para gravar circuitos nos chips de memória mais avançados.

“São eles que colocam em risco as cadeias produtivas globais, e não podem culpar a China, que está a defender os seus interesses legais nacionais neste mundo de incertezas,” disse o China Daily.

De acordo com especialistas citados pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, a decisão serve de pressão no âmbito de negociações com os Estados Unidos e outros governos ocidentais sobre as restrições impostas à exportação para a China de chips e equipamento necessário ao fabrico de chips.

A medida foi anunciada três dias antes da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, iniciar uma visita oficial à China.

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