EUA | Blinken em Pequim para “gestão responsável” das tensões

A viagem à China do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, adiada após o episódio do balão, vai finalmente acontecer este fim-de-semana. Encontro com o Presidente Xi não está, para já, confirmado

 

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, fará uma rara visita à China no fim de semana, onde pretende iniciar uma reaproximação diplomática com Pequim e pedir uma “gestão responsável” das tensões entre as duas grandes potências.

“O secretário Blinken irá reunir-se com altos funcionários chineses e discutir a importância de manter linhas de comunicação abertas para gerir com responsabilidade o relacionamento China-Estados Unidos da América (EUA)”, disse na quarta-feira o Departamento de Estado, confirmando a tão aguardada viagem diplomática, inicialmente agendada para Fevereiro. Uma reunião com o Presidente chinês, Xi Jinping, não foi confirmada.

Auto classificando-se de “realistas”, os Estados Unidos não esperam fazer grandes “avanços”, mas pelo menos acalentam a esperança de “reduzir o risco de erros de cálculo que se podem transformar em conflito”, segundo autoridades norte-americanas.

“Não vamos a Pequim com a intenção de alcançar avanços ou transformações”, disse a jornalistas o chefe do Departamento de Estado para a Ásia, Daniel Kritenbrink.

Outro funcionário norte-americano, Kurt Campbell, enfatizou que “os esforços para moldar ou reformar a China nas últimas décadas falharam”, dizendo que espera que a China permaneça “um actor importante no cenário internacional” por muito tempo.

As relações bilaterais permanecem tensas num grande número de questões: os vínculos entre os Estados Unidos e Taiwan, a rivalidade em tecnologias e comércio, ou mesmo reivindicações territoriais chinesas no Mar da China Meridional.

“Desde o início do ano, as relações China-EUA enfrentaram novas dificuldades e desafios. Está claro de quem é a responsabilidade”, disse ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, num telefonema com Blinken, segundo Pequim.

No telefonema, o ministro “explicou a posição solene da China sobre a questão de Taiwan”, principal ponto de fricção entre as duas potências, assim como “outras preocupações essenciais” de Pequim, sublinha o comunicado de imprensa.

Mercado proibido

Esta visita de Antony Blinken surge na sequência da reunião em Novembro passado entre o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, à margem de uma cimeira do G20 na Indonésia. Os dois líderes concordaram em cooperar em certas questões.

Blinken aproveitará para colocar na mesa o problema do opioide fentanil, cujos componentes químicos são exportados da China para o México, onde, segundo Washington, a substância é fabricada.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matt Miller, enfatizou ontem que as preocupações dos EUA são “bem conhecidas” e incluem, entre outros, o comércio de fentanil e o “alinhamento” da China com a Rússia na guerra da Ucrânia.

Antony Blinken deverá viajar até Pequim e Londres entre sexta-feira e 21 de Junho, confirmou ontem o Departamento de Estado norte-americano.

Em Londres, Blinken vai participar na Conferência de Recuperação da Ucrânia, uma iniciativa criada para ajudar a mobilizar o apoio internacional público e privado para ajudar Kiev a recuperar dos ataques russos.

Ainda em Londres, o chefe da diplomacia dos EUA também reunirá com membros do Governo britânico, assim como de Governos de países aliados.

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