Ai Portugal VozesEu bem vos disse… André Namora - 7 Mai 2023 Que as polémicas na governação de Portugal não iam cessar. A passada semana foi de loucuras. De polémicas inacreditáveis. De mais “casos e casinhos”. De incompetência, ilegalidade e de mais aldrabices, desta vez com o pior ministro do governo, o das Infraestruturas, João Galamba. A polémica principal foi acerca das mentiras de Galamba. Este, tinha dito que a CEO francesa da TAP lhe tinha pedido uma reunião, quando afinal, foi Galamba que convocou a senhora para uma reunião secreta e até lhe entregou um guião sobre as respostas que a CEO da TAP haveria de pronunciar quando fosse chamada à Comissão de Inquérito da Assembleia da República sobre a TAP. E Galamba fez mais: convidou a CEO da TAP a estar presente numa outra reunião secreta com deputados socialistas para serem combinadas as perguntas e as respostas na Comissão de Inquérito. Quando parecia que as polémicas se ficavam por aí, eis que rebenta um escândalo inacreditável: Galamba que tinha ido a Singapura – ninguém sabe o que lá foi fazer – chega a Lisboa e é alertado pela sua chefe de Gabinete que decorre no interior do Ministério uma “deplorável” cena em que um assessor de larga experiência governamental, que tinha transitado da equipa do anterior ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, para a confiança total de Galamba como ministro, que era o assessor que dirigia as reuniões com a TAP, que estava por dentro de toda a reestruturação da empresa, que sabia tudo sobre aeroportos e de outras estruturas, é acusado de “ladrão” por querer levar o seu computador de trabalho para fora do Ministério. De imediato, Galamba tenta falar com o primeiro-ministro e este não lhe atende o telefone. Dá indicações à chefe de gabinete para efectuar contactos com secretários de Estado ligados a António Costa, com a ministra da Justiça, com o SIS (imagine-se, com as Secretas) e posteriormente com a Polícia Judiciária. Tudo isto, alegando-se que o computador do assessor tinha material confidencial, como se o assessor não tivesse extraído cópias de todas as matérias em segredo de Estado ou não tivesse entregado já um ficheiro com toda a confidencialidade ao seu ministro. Mais uma polémica, esta gravíssima: o SIS não tem funções policiais e alguém deu ordens para que um funcionário do SIS fosse a casa do assessor ministerial reaver o computador. Quando o assessor foi contactado pelo SIS disponibilizou-se de imediato a entregar o computador, o que veio a acontecer junto da sua porta de casa. O SIS posteriormente entregou o computador à Polícia Judiciária. A ministra da Justiça confrontada pelos jornalistas fez uma figura triste e essa sim “deplorável, não respondendo a nada. Estava instalada uma trapalhada digna de telenovela mexicana e António Costa e João Galamba, dois políticos inteligentes, logo viram que podiam ter ganho o Euromilhões, combinando um esquema maquiavélico que bradou aos céus. Costa combina com Galamba que irá ao Palácio de Belém reunir com o Presidente da República, que daria a ideia ao Presidente que demitiria Galamba, tal como toda a gente pensava que aconteceria, que, entretanto, Galamba desse uma conferência de imprensa e anunciasse a sua demissão quando já sabia que Costa não aceitaria. Costa esteve reunido duas horas com o Presidente Marcelo e deu a entender que já tinha substituto para Galamba. Terminada a reunião e quando o primeiro-ministro chega ao Palácio de S. Bento e reúne com o seu círculo duro de ministros, decide telefonar ao Presidente Marcelo para lhe transmitir que vai anunciar ao país que não aceita a demissão de Galamba. Obviamente, que o Presidente viria a sentir-se enxovalhado e traído por Costa. De seguida, Marcelo deu a conhecer ao público uma nota inédita e peculiar, onde dizia que “discordava” de Costa. O povinho, as televisões e os jornais passaram o tempo a falar numa possível dissolução da Assembleia da República. Isso, era impossível, porque o Presidente é um dos melhores constitucionalistas portugueses e sabe perfeitamente se lançasse a “bomba atómica” que a Comissão de Inquérito à TAP terminava. Ora, nessa Comissão ainda vamos saber mais escândalos sobre a TAP e o controlo que os governantes têm exercido na sua gestão, vamos ter conhecimento de mais assuntos graves que provocarão mais polémicas. A procissão ainda vai no adro. Entretanto, o primeiro-ministro deslocou-se na quinta-feira passada para Braga e Barcelos, a fim de dar um ar de normalidade governamental, quando de repente, recebe um telefonema do Presidente para se apresentar em Belém às 18.30 horas. Costa tinha apenas duas horas para se deslocar e conseguiu (não se sabe como) – se por avião ou em excesso de velocidade – chegar a Belém apenas com quatro minutos de atraso. O Presidente Marcelo apenas lhe transmitiu que iria falar aos portugueses e que o seu discurso seria arrasador para o Governo e que iria estar atento diariamente sobre a actividade governamental. E realmente, Marcelo perdeu a cabeça e afirmou que o Governo não tem “confiabilidade, credibilidade, respeitabilidade e autoridade”. A lua de mel de sete anos entre Marcelo e Costa tinha terminado. O futuro deste país poderá ser uma tragédia e tudo o que de mau Galamba faça em processos importantíssimos como a privatização infeliz da TAP, o novo aeroporto, a estrutura ferroviária e outras, serão única e exclusivamente da responsabilidade de António Costa que decidiu ficar com Galamba ao colo. Num país de polémicas, posso garantir-vos que mais aí virão…