China / ÁsiaUcrânia | Ocidente desvaloriza plano de paz chinês e Nato afirma querer “solução militar” Hoje Macau - 27 Fev 202327 Fev 2023 Pequim marcou o primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia com a apresentação de um plano de paz para a região, em doze pontos. Contudo, os EUA, a União Europeia e a NATO desvalorizaram o esforço chinês para terminar com a mortandade. A Rússia gostou do plano e Zelensky pretende encontrar-se com Xi Como era esperado, os Estados Unidos criticaram o “plano de paz” chinês e destacaram o fracasso militar da Rússia face à resistência das forças ucranianas. O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, declarou que Washington está a observar “de perto” os movimentos de Pequim e sublinhou que o gigante asiático poderia estar a preparar-se para “entregar armas letais à Rússia”, o que foi descartado pela China como sendo uma “difamação”. Sullivan afirmou, no entanto, que a ideia de que os dois países se tornem “aliados inseparáveis” não foi comprovada, dado que a China tem mantido “cautela” em relação ao conflito e absteve-se de apoiar Moscovo no âmbito da recente votação na ONU. “Tentaram mostrar que, de alguma forma, não apoiam totalmente a Rússia em relação a esta guerra”, declarou o conselheiro norte-americano. Nato só vê fim militar para o conflito Por seu lado, a presidente da Comissão Europeia e o secretário-geral da NATO desvalorizaram o plano de paz chinês para a guerra na Ucrânia, considerando que Pequim “não tem credibilidade”, pois “tomou partido” e assinou uma “parceria ilimitada” com Moscovo. Numa conferência de imprensa conjunta em Tallin, num evento para assinalar o aniversário da independência da Estónia, mas também o primeiro aniversário da guerra lançada pela Rússia na Ucrânia, Ursula von der Leyen e Jens Stoltenberg desvalorizaram assim o plano de 12 pontos de Pequim. “Não é propriamente um plano de paz, mas antes princípios que a China partilha. E eu penso que temos de ver esses princípios contra um pano de fundo específico. E esse pano de fundo é que a China tomou partido, ao assinar por exemplo uma amizade ilimitada imediatamente antes de a invasão ter começado. Portanto, olharemos para os princípios, claro, mas vamos analisá-los tendo em conta esse pano de fundo de que a China tomou partido”, declarou a presidente da Comissão, que muitos criticam na EU pela sua postura belicista. Por seu lado, o secretário-geral da Aliança Atlântica comentou que “a China não tem muita credibilidade”, porque, segundo frisou, as autoridades chinesas “não foram capazes de condenar a invasão ilegal da Ucrânia e assinaram dias antes da invasão um acordo entre o Presidente Xi [Jinping] e o Presidente [Vladimir] Putin sobre uma parceria ilimitada com a Rússia”. Quanto a um acordo de paz, Stoltenberg disse que o mesmo, actualmente, joga-se no campo de batalha, advogando que “uma solução de paz negociada” só poderá ser garantida com superioridade ucraniana no campo de batalha, razão pela qual é fundamental que seja reforçado o apoio a Kiev. “O apoio militar é a única forma de criar as condições para fazer Putin ver que não vai ganhar no campo de batalha e que precisa de se sentar à mesa da negociação. Portanto, apoio militar hoje é a forma de assegurar um acordo de paz amanhã”, defendeu. A posição russa Já a Rússia congratulou-se com o plano de paz para a Ucrânia divulgado pela China e partilha a perspectiva de Pequim, declarou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, num comunicado. “Valorizamos fortemente a sincera aspiração dos nossos amigos chineses de oferecer o seu contributo à solução do conflito na Ucrânia por meios pacíficos”, afirmou a porta-voz. Zakharova assegurou que a Rússia “mantém o seu compromisso com os princípios da Carta da ONU, das normas do Direito Internacional, incluindo o humanitário, da indivisibilidade da segurança, com base na qual não se deve fortalecer a segurança de um país em detrimento da segurança de outro”. “À semelhança dos nossos amigos chineses, consideramos ilegítima qualquer medida restritiva não aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. São ferramentas imbuídas de competência desleal e de guerra económica”, acrescentou. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo assinalou que a Rússia “está disposta a procurar a solução dos objetivos da operação militar especial pelas vias político-diplomáticas”. “Isso implica o fim do fornecimento à Ucrânia de armamento ocidental e de mercenários, o fim de todas as acções bélicas, o regresso da Ucrânia ao estatuto de não-alinhado, o reconhecimento das novas realidades territoriais” surgidas após os referendos de anexação organizadas pela Rússia em quatro regiões ucranianas, disse a porta-voz. A responsável russa exigiu ainda “a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia, e a eliminação de todas as ameaças que partem” do território ucraniano. A representante da diplomacia russa frisou que os direitos das populações russófonas da Ucrânia devem ser respeitados, incluindo o direito de falar a sua língua, e pediu que sejam eliminadas todas as sanções contra a Rússia e todas as iniciativas judiciais internacionais. “Estamos convencidos que o avanço por este caminho conduzirá a uma paz total, justa e estável”, concluiu. Em paralelo, e durante uma conversa telefónica, os chefes da diplomacia da Bielorrússia e da China, Serguei Aleynik e Qin Gang, respetivamente, sublinharam o seu apoio à realização de negociações de paz na Ucrânia, defendendo este caminho como a única forma para solucionar o conflito entre Moscovo e Kiev. Os dois responsáveis “verificaram a coincidência das suas posições de que não existem outras alternativas para a solução do conflito na Ucrânia para além da via pacífica”, informou a diplomacia bielorrussa citada pela agência noticiosa oficial BELTA.