Covid-19 | Cuidados hospitalares reajustados para aumentar camas

Com as urgências a rebentar pelas costuras face ao volume de infecções, foram suspensos serviços médicos não urgentes ou não essenciais para dar prioridade ao tratamento de doentes com covid-19. As enfermarias do São Januário contam agora com 300 camas. Um responsável das urgências sublinha que as chances de reinfecção são muito baixas entre três a seis meses depois da recuperação

 

Com as mortes relacionadas com covid-19 a chegar às 32, ontem foram declaradas mais duas mortes, duas mulheres de 91 e 94 anos, sem vacina, e depois de na terça-feira à noite ter sido anunciado o maior número de óbitos de pessoas infectadas (sete), e com as urgências hospitalares à beira do colapso, os Serviços de Saúde anunciaram a reorganização de recursos de forma a dar prioridade ao tratamento de doentes com covid-19.

“O número de doentes com necessidade de internamento continua a aumentar, daí que os Serviços de Saúde (SSM) procederam de forma uniformizada, à mobilização dos profissionais de saúde, de modo a melhorar a assistência médica aos infectados pelo novo tipo de coronavírus”, anunciaram as autoridades, sublinhando que a optimização gradual tem como objectivo aliviar as necessidades de internamento.

No Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) foram criadas mais enfermarias de isolamento, através da junção de alguns serviços com menor taxa de ocupação de doentes internados. A medida permitiu aumentar para 300 as camas de isolamento no hospital público, e para 700 no cômputo geral.

Também foi ajustado o tempo de internamento de doentes que apresentam quadro clínico estável no hospital e o reencaminhamento para Centro de Tratamento Comunitário no Dome ou hotéis de tratamento em isolamento. Desta forma, as autoridades aumentaram o número de camas para casos mais graves. Só na terça-feira, mais de 80 doentes tiveram alta hospitalar ou foram transferidos do CHCSJ. Além disso, foi suspensa a vacinação no hospital público e o espaço de consulta externa de 24 horas foi transformado numa “área de transição dos doentes da urgência, onde estão disponíveis 40 camas provisórias”.

Mão para a obra

Em relação à afectação de pessoal e instalações, os SSM suspenderam “serviços médicos não urgentes ou não essenciais”, e alocaram “recursos médicos para dar prioridade ao salvamento de doentes com covid-19”.
Cerca de 80 médicos especialistas de diversos serviços clínicos foram organizados para coordenar enfermarias de isolamento, enquanto que perto de 60 médicos residentes e médicos dos centros de saúde foram enviados para os Serviços de Urgência e o Centro de Tratamento Comunitário.

Os SSM dão conta ainda da contratação temporária de 13 enfermeiros aposentados, 38 médicos do internato e 23 enfermeiros estagiários para prestar apoio ao Serviço de Urgência e no Centro de Tratamento Comunitário no Dome. Importa também salientar que 86 alunos do Instituto de Enfermagem Kiang Wu reforçaram o sistema de saúde local.

Recobro e prudência

Ontem, no programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, o director substituto do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Chang Tam Fei, apaziguou as preocupações de ouvintes que temiam voltar a ser infectados com covid-19. Chang Tam Fei afirmou que as probabilidades de reinfecção no período entre três e seis meses depois da recuperação são muito baixas, em especial para indivíduos com sistemas imunológicos fortes.

Porém, o responsável sublinhou que pessoas com sistemas imunológicos mais debilitados devem tomar precauções uma vez que têm mais chances de voltar a apanhar covid-19.

Luís Gomes, do Departamento do Ensino Não Superior da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) também participou no programa radiofónico e salientou o aumento dos postos de consultas externas comunitários para um total de 17. Desde o dia de Natal, cerca de 3.000 pessoas recorreram às tendas estabelecidas nos bairros da região para procurar tratamento médico e fármacos. No dia mais movimentado dos últimos três, Luís Gomes revela que mais de 3.800 pessoas recorreram aos postos comunitários, onde também se disponibiliza apoio a quem não consegue marcar uma consulta médica.

Fármacos | Associações contra corrida a medicamentos

A Associação Chinesa dos Profissionais de Medicina de Macau e a Sociedade Farmacêutica de Macau apelaram à população para que evite a corrida a marcas específicas de medicamentos antifebris. O apelo foi feito através do jornal Ou Mun, depois de se ter verificado uma elevada procura por algumas marcas como Panadol. Segundo o comunicado das associações, Paracetamol e Ibuprofen são as substâncias activas mais populares para tratar de febres, por isso, desde que sejam utilizadas nos medicamentos que se pretende comprar, o nome da marca não tem relevância. No caso de comprarem comprimidos à base de Paracetamol e Ibuprofen e ainda assim terem dúvidas, as associações sugerem aos cidadãos que consultem as opiniões de médicos ou farmacêuticos.

FSS | Pandemia prolonga prazo de pagamento

Devido ao impacto da onda de infecções de covid-19, o Fundo de Segurança Social (FSS) prolongou o prazo para o pagamento de várias obrigações para 28 de Fevereiro de 2023. Segundo a nota de imprensa do FSS, os pagamentos que podem ser atrasados implicam as contribuições dos trabalhadores permanentes do quarto trimestre de 2022, a taxa de contratação de trabalhadores não residentes, as contribuições de trabalhadores eventuais, bem como as contribuições do quarto trimestre de 2022 do regime facultativo. Face ao elevado número de casos de covid-19, o FSS deixou ainda um apelo para se reduzir a aglomeração nos serviços. “O FSS apela aos residentes para utilizarem mais os meios electrónicos para consultar, requerer e tratar dos serviços do FSS, de modo a reduzir a aglomeração de pessoas”, pode ler-se na nota de imprensa.

Autocarros | Pedida compreensão face a escassez

Wong Man Pan, Membro do Conselho Consultivo do Trânsito, pediu comprensão aos residentes face ao surto de covid-19 que afecta todo o território, e que por isso também os autocarros estão a viajar com menor frequência. Em causa, está o elevado número de infectados entre os motoristas das empresas de transportes. De acordo com o jornal do Cidadão, Wong Man Pan sugeriu ainda que as empresas de autocarros evitem algumas paragens para que se mantenham todos os percursos essenciais. Ao mesmo tempo, Wong defendeu ainda o reforço dos trabalhos de desinfecção no interior dos autocarros para garantir a saúde de motoristas e passageiros.

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