Exposição | Papa Osmubal e Leong Fei In na Creative Macau

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Com inauguração marcada para 7 de Outubro, a exposição Esconde-Esconde vai mostrar até 29 do mesmo mês os trabalhos em papel recortado de Leong Fei In e Papa Osmubal. Em tempos de incerteza, a guerra na Ucrânia e a ansiedade quotidiana foram os temas de partida para os artistas locais

 

Intitulada “Esconde-Esconde: trabalhos artísticos em papel recortado”, o Centro Creative Macau recebe a partir de 7 de Outubro, e até dia 29 do mesmo mês, as obras dos artistas Papa Osmubal e Leong Fei In. Com trabalhos em papel recortado figurativo, o Centro Creative Macau apresenta uma “arte popular” que tem sido utilizada ao longo dos anos para transmitir de geração em geração histórias, lendas, fábulas e mitos.

Nos trabalhos em exposição, Papa Osmubal explora o conceito de História como uma realidade eternamente “desfeita/inacabada”, um “jogo de escondidas, um enigma” e uma “razão mendigando palavras audíveis”. A inspiração para a abordagem surgiu com a invasão da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro deste ano, e o impacto da guerra na Europa.

Através de várias figuras de papel recortado, marcadas por traços opostos, com algumas figuras mais populares, outras impopulares, célebres ou infames, pacíficas ou brutais, Papa Osmubal pretende mostrar que não é possível encontrar uma razão para explicar o que leva a humanidade, em diferentes períodos, a construir e desconstruir a sua própria História.

“A História está sempre em falta, implorando para ser completada, não interessa a grandeza dos homens, da notoriedade ou das grandes quantidades de riqueza, a História vai permanecer ‘desfeita/inacabada’”, argumenta o artista. “A História é complexa, um jogo de escondidas, um enigma, a razão mendigando palavras audíveis”, acrescenta.

Fonte catártica

Por sua vez, Leong Fei In centra o seu trabalho em papel no “desenho de linhas em grelha”. Esta foi a forma que a artista encontrou para lidar com o stress e a ansiedade de um ambiente mediático que muitas vezes foca a atenção nos eventos mais negativos.

“Intermináveis notícias negativas são actualizadas diariamente, especialmente nos anos mais recentes. Gerir a tensão e a ansiedade tornou-se a minha rotina”, confessa Leong. “Encontrei uma fórmula de redução do sentimento de mal-estar, medo, ou pânico através de uma tarefa repetitiva. Em criança contava para acalmar a minha ansiedade, hoje desenho linhas em grelha, com regras simples e potencialmente infinitas a proporcionarem-me sentimentos de calma e prazer”, justificou. “O impulso deste projecto de desenhar linhas em grelha, vem de um lugar profundamente pessoal: um lugar de mal-estar emocional e psicológico que pela repetição, teve um efeito restaurador e terapêutico”, reconhece.

As obras de Leong vão ser assim apresentadas com base em três elementos-chave: as linhas em grelha como a representação do papel, o corte do papel como o acto de destruir e criar, simultaneamente e, finalmente, a dobra do papel, que transforma a superfície de duas dimensões num objecto tridimensional.

Dois artistas, duas histórias

Papa Osmubal, cujo nome é Oscar Munoz Balajadia Jr., é um poeta-artista residente em Macau, que tem focado o seu trabalho na caligrafia ocidental e na produção de textos modernos e clássicos. Também é professor.

Em 2017, foi o vencedor do Prémio Nacional das Filipinas, na categoria de Língua, com o livro Raízes de Capapanga. Expôs individualmente pela primeira vez em 2016, num evento intitulado “Voz no Papel”, organizado pela Fundação Rui Cunha.

Mais recentemente participou nas exposições colectivas “Destrancar essa Porta” e “0 Zero and Sine Die”, no âmbito do 17.º e 19.º aniversário do Centro das Indústrias Criativas – Creative Macau. Leong Fei In nasceu em 1981 e é uma artista plástica. Licenciou-se em 2016 na Escola Superior de Artes de Camberwell e obteve um Mestrado em Artes Visuais, na especialidade Artes do Livro pela Universidade de Artes de Londres. Trabalha gravura, livro, escultura e instalação em papel.

As suas exposições individuais incluem “Cordão Isolador” (Pequim, 2020), “Yuan Belo” (Duo-Exposição, Pequim, 2019), “O Peso do Contexto” (Macau, 2018), Entre (Quioto, 2017) e “Em Condições” (Londres, 2016).

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