Desinfecção de bagagens no aeroporto danifica bens de residentes

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Duas residentes que regressaram a Macau nos últimos dias queixam-se de terem ficado com a roupa danificada devido ao produto usado pelas autoridades para desinfectar as bagagens à chegada ao Aeroporto Internacional de Macau, que aparenta conter lixívia.

Já a realizar a quarentena obrigatória, as duas residentes não quiseram dar o nome, mas asseguram que pretendem avançar para uma queixa colectiva sobre o assunto, a apresentar junto do centro de coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus.

“Estamos a pensar apresentar uma queixa, mas onde? Falei com outras pessoas e talvez possamos enviar uma queixa para o centro de coordenação de contingência, pois as normas devem vir daí. Neste momento, estamos a tentar perceber o número de pessoas com este problema para apresentarmos uma queixa conjunta, no mesmo dia. Não se trata de um caso isolado. Sabemos de três pessoas, mas o nosso voo trazia cerca de 80 a 90 pessoas”, contou uma das residentes contactada pelo HM, que ficou com parte da roupa dos filhos com manchas brancas do que aparenta ser lixívia.

“Abrimos no quarto uma mala que tinha coisas já preparadas para a quarentena. Quando outras pessoas me disseram que tinham coisas estragadas, vi que a roupa que estava junto ao fecho ficou completamente inutilizada. A lixívia entrou pelo fecho. As malas com plástico não tinham nada estragado. No meu caso são as roupas já usadas, das crianças, mas mesmo assim… Como é que um vírus sobrevive a uma viagem destas? É um passo completamente ultrapassado”, apontou.

Roupas novas no lixo

Uma outra residente contactada pelo HM trazia na bagagem roupas completamente novas, ainda com etiqueta, que vão agora para o lixo. “A roupa que estava junto ao fecho da mala ficou estragada. Algumas peças de roupa eram novas, não muito caras, mas muitas delas usadas.”

A residente abriu a mala ainda no aeroporto e quis apresentar queixa, mas foi-lhe dito para contactar as companhias aéreas que operaram os voos até Macau.

“Um funcionário não sabia responder e um superior disse-me que eu tinha de falar com as companhias aéreas. Disse que não, porque todos nós vimos as malas a serem desinfectadas quando estávamos dentro do avião à espera. Não é uma prática que ocorra noutro local do mundo. Não me deram a indicação da entidade para onde deveria reclamar. Mas a ideia é reclamar, porque isto não pode ser.”

A residente recorda “um cheiro intenso” quando abriu a mala, semelhante ao cheiro de “uma casa de banho que é desinfectada com lixívia e na qual se entra uns minutos depois”. Além disso, a residente não deixa de criticar um passo que considera completamente obsoleto.

“Felizmente, que na mala maior não tive estragos. Não há nada que garanta que o vírus sobrevive tanto tempo numa mala despachada em Lisboa, depois de todas estas viagens. E depois a desinfecção com recurso à lixívia é obsoleto. Querem mostrar que nós é que transportamos o vírus?”, questiona.

Inúmeros estudos científicos têm demonstrado a baixíssima probabilidade de um objecto reter vestígios de covid-19 com carga viral suficiente para contaminar um ser humano. O novo tipo de coronavírus “precisa de um hospedeiro animal ou humano para se multiplicar”, indica a Organização Mundial de Saúde na sua página de internet.

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